Diário do Comércio - 01 e 02/05/2014

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DIÁRIO DO COMÉRCIO

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quinta-feira e sexta-feira, 1 e 2 de maio de 2014

O ponto alto do encontro nacional do PT será a sagração da candidatura da presidente Dilma. José Márcio Mendonça

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É PRECISO

SER DE CIRCO PT desconfia que "oposição e mídia" podem reduzir estrategicamente, e logo, o peso do bombardeio de seus canhões contra Dilma Rousseff, temendo que a presidente perca mais pontos nas pesquisas de intenção de voto, o que pode servir de pretexto para fortalecer o movimento que faz de Lula o candidato do partido ao Palácio do Planalto, nas eleições de outubro. Os últimos Ibope, Datafolha e Vox-Populi indicam que Dilma venceria a eleição no 1º turno, apesar de ter perdido até seis pontos em relação às pesquisas anteriores. Mas, a pesquisa da CNT/MDA divulgada anteontem revela que a presidente voltou a cair e que não se reelegeria mais no 1º turno, se as eleições fossem hoje.

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FANTASMAS

movimento "Volta, Lula" não pretende correr risco e admite que Dilma pode perder a eleição no 2º turno, enquanto que a probabilidade do expresidente se eleger já no 1º turno é grande. Embora Lula tenha reafirmado que Dilma Rousseff é candidata à reeleição, os petistas querem "refrescar a memória" de tucanos e socialistas, lembrando que a legislação permite a substituição de candidatos no prazo de até 20 dias antes das eleições. Outra lembrança dos petistas é que as pesquisas mostraram que a maioria de 70% dos eleitores querem mudanças no País, mas sem Dilma, sem Aécio e sem Eduardo Campos. Preferem mudar com Lula.

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À SOLTA

presidente Dilma Rousseff estará hoje em São Paulo para o evento de abertura do Encontro Nacional do PT. Naturalmente, outra figura chave será o ex-presidente Lula –, padrinho e afilhada juntos em público num momento político delicado para os dois e para o partido que os abriga. O fantasma é a ameaça à reeleição da presidente e, em consequência, para o próprio PT. O campo está minado. O PT, ainda não refeito totalmente do revés do julgamento do Mensalão e da condenação de alguns de seus expoentes – como o ex-ministro e ex-presidente da legenda, José Dirceu, de outro seu ex-presidente, José Genoino, de tesoureiro da primeira campanha vitoriosa de Lula, Delúbio Soares, e de uma estrela ascendente então, João Paulo Cunha, levado à estratégica presidência de Câmara – se vê agora assombrado por outras denúncias de malfeitos na Petrobras (mais de um), no Ministério da Saúde, que já arrastaram para o pelourinho o deputado André Vargas e podem respingar nas candidaturas de Alexandre Padilha, em São Paulo, e Gleisi Hoffman, no Paraná.

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das estatais, cujos resultados – como as dificuldades da Petrobras – estão aí para não deixar ninguém mentir. Justiça, pelo menos em parte, se faça: Dilma agiu na Petrobras para conter esta sanha, porém já era tarde. Não se faça justiça total porque ela assistiu a tudo como ministra das Minas e Energia, como chefe da Casa Civil e, de ambos os postos, presidindo também o Conselho de Administração da empresa. ilma, por seu lado, administra atualmente um inferno como talvez não esperasse enfrentar. Há toda esta herança que ela não pode tirar das costas em lealdade ao seu criador. E vive um instante de perda de confiança em seu governo, o qual vem se acentuando, conforme comprovou mais uma pesquisa de opinião, a divulgada pelo instituto MDA, e por encomenda da Confederação Nacional dos Transportes. De acordo com o levantamento, por exemplo, somente 32,9% dos consultados aprovam hoje a sua administração e apenas 22,3% a consideram uma boa gerente – marca com a qual Lula a vendeu ao eleitorado em 2010.

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ula, detentor de alta avaliação popular, vai driblando olimpicamente esses fatos que mancharam seu partido e que ocorreram, todos eles, em sua gestão: a aventura dos mensaleiros, a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, o projeto, em parceria com a Venezuela, da refinaria Abreu e Lima em Pernambuco, a ocupação política e o uso político

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JOSÉ MÁRCIO MENDONÇA

sse evento em São Paulo, assim, está preparado, bem ao modo petista de fazer festas e tentar fazer limonada de um limão bem azedo, para contaminar o partido de um entusiasmo que ele parece ter perdido diante de tantas agruras. Os petistas serão apresentados às linhas gerais do programa de campanha de Dilma e às linhas gerais da propaganda e às palavras de ordem que deverão levar para as ruas. É uma preparação para a Convenção Nacional que oficializará a chapa para as urnas presidenciais de outubro. Mas o ponto alto do evento será a sagração da candidatura da presidente Dilma. Ela vem a São Paulo para ouvir de Lula, de viva voz, sem intermediários e sem subterfúgios, sem condicionantes e sem ressalvas, que ela é a candidata do partido e que o movimen-

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Por causa das ambiguidades do ex-presidente e por todas as dificuldades que Dilma vive, o coro do retorno do ex-presidente não arrefece. E está contaminando os aliados.

to "Volta, Lula" é uma excrescência. Por causa das ambiguidades do ex-presidente e por todas as dificuldades que Dilma vive, o coro do retorno do ex-presidente não arrefece. E está contaminando os aliados, que, como não têm tantos compromissos com os petistas, ameaçam debandar aqui e ali. É conter a sangria interna e salvar a face petista. o lado de fora, do público, o que há apenas é uma insatisfação generalizada. A eleição presidencial não está no horizonte imediato de 70% dos brasileiros ainda. Lula, o retorno, como observou o jornalista Vinicius Torres Freire, em sua coluna na Folha de S. Paulo de quarta-feira, numa constatação tão óbvia que está escapando se não a todos à maioria dos analistas nacionais, não está nas considerações das pessoas comuns. É coisa de alguns grupos específicos e do PT descontente com Dilma – em parte até por algumas virtudes da presidente. É fato mensurável: na pesquisa da CNT, na escolha espontânea (o pesquisado é instado a lembrar o nome do candidato, não lhe é apresentada uma lista) Lula aparece agora com menos intenções de voto tanto de Dilma quanto de Aécio: ela tem mais de 20%, Aécio mais de 9% e Lula um pouco mais de 6%. Dados como este explicam talvez certas reticências de Lula. Muita água ainda vai rolar até o eleitor agarrar-se à eleição e chegar às urnas.

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m grupo mais exigente de petistas que integra o movimento que pede a volta de Lula faz figuração usando uma imagem futebolística, recordando que nos bons tempos, a torcida do Santos não admitia que o técnico deixasse Pelé no banco de reserva, principalmente quando o time jogava contra o São Paulo, Palmeiras e, sobretudo, o freguês da época, o Corintians. E pergunta à cúpula se o partido "quer ganhar com Lula ou perder com Dilma". O grupo não aceita Lula fora do jogo sucessório. Além da preocupação de que seu candidato pode vir a enfrentar Lula

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JOSÉ MÁRCIO MENDONÇA É JORNALISTA E ANALISTA POLÍTICO

EYMAR MASCARO

O movimento "Volta, Lula" não pretende correr riscos e acredita que Dilma pode perder a eleição no segundo turno.

e não Dilma, o tucanato está inquieto com a notícia de que Marina Silva tem poder de transferir mais votos para Eduardo Campos do que Fernando Henrique para Aécio Neves. e essa ameaça se tornar realidade, o PSDB pode ficar fora do 2º turno, caso a eleição não acabe no 1º turno. Seria uma surpresa jogar por terra uma tradição de 20 anos nas eleições presidenciais no Brasil, a de que o presidente eleito pertence ao PT ou ao PSDB. Aécio Neves e Eduardo Campos decidiram fixar residência provisória na capital paulista. Com 32 milhões de votos, o Estado de São Paulo é o

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maior colégio eleitoral do País, seguido de Minas, com 15 milhões e do Rio, com 10 milhões. As três regiões somadas ao 4º estado do Sudeste, Espírito Santo, contabilizam cerca de 60 milhões de votos, quase a metade do total do eleitorado brasileiro, que é de 132 milhões de votantes. e a eleição for para o 2º turno, os dois finalistas vão brigar por 100 milhões que sobram de votos válidos, sendo eleito aquele que obter nas urnas pelo menos 50 milhões de votos. Em 2010, por exemplo, Dilma se elegeu com 56 milhões de votos, no 2º turno, contra 44 milhões do perdedor José Serra.

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EYMAR MASCARO É JORNALISTA E COMENTARISTA POLÍTICO

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