Revista Leia ABC - Agosto 2013

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Índice

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6 Entrevista 11 Editorial 14 Política 19 Economia 22 Segurança 26 Saúde 28 Cidades 30 Emprego 34 Capa 38 Meio ambiente 40 Educação 42 Esporte 44 A Leia ABC Pergunta 47 Turismo 48 Imóveis 54 Tecnologia 56 Moda&Beleza 60 Cultura 62 Gastronomia

Culinarista Ana Maria Tomazoni mostra sua paixão pela gastronomia brasileira

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Consumidores ganham Cadastro Positivo

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Emprego com carteira assinada aumenta, mas mercado de trabalho no ABC desacelera

Colunistas 18

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Marcos Cazetta

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Wallace Nunes 4

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Patricia Bono

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Thamires Barbosa

Sonia Varuzza

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Luiz Paulo Bellini Jr.

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Celso Pavani


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Detectado em estágio inicial, câncer de mama pode atingir altos índices de cura

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Como analisar a segurança das escolas

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Nova Norma de Desempenho chega para padronizar a qualidade de edifícios residenciais

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Filmes nacionais invadem São Caetano do Sul

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Peças fundamentais para passar o inverno com elegância

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Entrevista

“Nunca enjoei de cozinhar”

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ona de vários prêmios de gastronomia, a culinarista Ana Maria Tomazoni revela nesta entrevista à Leia ABC seu prazer de cozinhar e ainda mostrar para o mundo que o fastfood é um perigo para a saúde. Empresária do setor há mais 20 anos – possui, junto com o marido Hermes uma escola de gastronomia em São Bernardo e ainda se diz pronta para ensinar e ajudar no que considera ser uma arte, que é preparar pratos com sabor e qualidade.

que é uma comida perfeita para um australiano pode não ser para um asiático ou um europeu, por exemplo. O prato perfeito é aquele que lhe dá saúde e que você come com prazer, desfrutando dos benefícios dos alimentos.

Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com Livia Sousa - livia@leiaabc.com

LEIA ABC – Como especialista em gastronomia (culinarista), as pessoas lhe cobram muito para que você faça a comida perfeita. Existe isso? A.M.T. – A comida perfeita vai depender da cultura, do gosto, de muita coisa. São conceitos e conflitos completamente diferentes. O

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Fotos: Omar Matsumoto

LEIA ABC – Como você se tornou uma chef de cozinha? ANA MARIA TOMAZONI – Este é o nome bonito de hoje: uma chef de cozinha (risos). Antigamente, falávamos uma culinarista. Eu acho que ninguém se torna um chef do dia para a noite, tem uma caminhada de estudo. Faço questão de falar que sou uma pesquisadora e estudante dos alimentos.

A alimentação é tudo para o ser humano. Sem uma boa alimentação você terá sérios problemas, principalmente de saúde

LEIA ABC – Qual é a importância da alimentação para uma vida melhor? A.M.T. – A alimentação é tudo para o ser humano. Sem uma boa alimentação, você terá sérios problemas, principalmente de saúde. Se uma pessoa estiver com fome e for oferecido a ela um prato bonito, bem colorido e com vegetais cozidos a vapor, ela vai ter o prazer de ter texturas diferentes. Essa é uma boa alimentação, porque não tem remédio melhor do que o próprio alimento natural.

LEIA ABC – É possível comer bem com pouco dinheiro? A.M.T. – A desigualdade social é grande, mas acho que isso parte do princípio de educar as pessoas carentes. Hoje a maior alegria delas é colocar um refrigerante na mesa, deixar de comprar algo natural para trocar pelo industrializado. Por que não orientarmos essas pessoas a como fazer e preparar alimentos por meio da reutilização? As ramas e cascas dos legumes e das frutas de um fim de feira é o lixo mais rico do mundo, pois podem ser transformadas em alimentação saudável. Agora, é possível educar-se com pouco dinheiro? Como estamos com relação à educação? As escolas não ensinam isso às crianças. LEIA ABC – Os jovens valorizam pouco o trabalho de uma culinarista ou de um cozinheiro. Isso se deve à TV, à internet e ao videoga-


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Entrevista me, que industrializam e trazem à tona o problema da comida rápida, ou seja, do fast-food? A.M.T. – Sem dúvida. Hoje o que move tudo é o dinheiro, e o fast-food movimenta e faz a cabeça das crianças, o que, na minha opinião, é um crime. Por que não fazermos um trabalho com entidades carentes? Por que não discutirmos com os jovens e perguntarmos o que é o alimento saudável para eles? LEIA ABC – A compra do dia a dia é voltada à subsistência? É a compra pela compra, e não a compra por algo saudável? A.M.T. – Sim. Isso é uma pena e as pessoas irão se preocupar com a questão somente quando estiverem doentes, quando não dará mais tempo, porque vários órgãos estarão lesionados. Se as pessoas são educadas a se alimentarem direito, serão mais saudáveis e o gasto do dinheiro público com a área da saúde será menor.

comer; ter respeito à mesa, arrumar uma mesa bonita e desligar a TV para desfrutar daquilo que se está comendo; e conhecer a procedência dos alimentos e o seu tempo de crescimento, de safra e de preparo. LEIA ABC – Quem cozinha melhor: homens ou mulheres? A.M.T. – Homens e mulheres preparam bem o alimento, desde que gostem. Acho que a mulher cozinha mais, até pela instituição de que ela deve cozinhar para a família, mas os homens vão para a cozinha com mais prazer. É interessante como isso mudou de uns tempos para cá. LEIA ABC – Por que isso acontece? A.M.T. – Porque hoje está se valori-

LEIA ABC – Qual é a sua opinião sobre a gastronomia no Brasil? A.M.T. – Como tudo no Brasil, a gastronomia está em um desenvolvimento galopante e cada vez melhor, valorizando o que é nosso e transformando nossos produtos em grandes pratos, com diferencial de sabor e genialidade. É bonito ver que os jovens chefs valorizam os produtos brasileiros. LEIA ABC – O brasileiro sabe aproveitar as riquezas da sua culinária? A.M.T. – Não, porque ele acha melhor a culinária de outros países. Quando vem uma pessoa do exterior, o brasileiro acaba colocando o tapete vermelho e não se faz respeitar. LEIA ABC – Quais são as dicas para quem gosta de cozinhar? A.M.T. – Procurar um curso de culinária para conhecer técnicas de melhor transformar os alimentos; aprender a desenvolver seus próprios sentidos para ter o prazer de 8

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zando mais a pessoa que cozinha. Os programas de TV e as revistas dão um incentivo maior para esta parte gourmet. LEIA ABC – O que você aprecia na gastronomia atual? A.M.T. – O sabor natural dos alimentos e os alimentos brasileiros, da nossa terra, o simples. LEIA ABC – Você sabe aproveitar as riquezas da culinária brasileira, mas olha também a gastronomia internacional? A.M.T. – Sem dúvida, isso me ajuda muito. Temos de aprender e respeitar quem já fez e sermos estudiosos de todas as gastronomias para aprender. LEIA ABC – Há uma competição acirrada entre os culinaristas e que gera certa vaidade gastronômica. Você se considera uma pessoa vaidosa neste sentido? A.M.T. – Digo com muita humildade que sou uma estudante dos alimentos, pretendo morrer pesquisando e estudando. Ano passado fui para a Ásia, vi outros tipos de alimento que a natureza traz e conheci o alimento de outra forma. Voltei um grão de areia, pensando: “Eu não sei nada! Tenho que estudar e saber mais!”. LEIA ABC – Já errou em algum prato que foi servido? A.M.T. – Servido não, mas a gente erra toda hora! (risos). Somos seres que estamos aqui para aprender.

A gastronomia está em um desenvolvimento galopante e cada vez melhor, valorizando e transformando nossos produtos em grandes pratos

LEIA ABC – Quando é que a Ana Tomazoni está cansada de fogão e não quer cozinhar nem para ela? A.M.T. – Isso nunca aconteceu (risos)! Quando você faz um prato, faz para o outro. Fui a uma festa julina e as pessoas perguntavam onde é que eu estava. Eu estava lá, cuidando do pão de queijo e do vinho quente. Estamos aqui para fazer e servir, cozinhar para dar prazer ao outro.


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Fotografia

Omar Matsumoto e Shutterstock

Mídia

digital

Kawan Frias e Luiz Henrique Campanha

Colaboradores

Lívia Sousa, Thais Sabino, Marcos Cazetta, Patricia Bono, Thamires Barbosa, Sonia Varuzza, Celso Pavani, Luiz Paulo Bellini Jr. e Mohammad Waleed

Impressão Franchin

A tiragem da revista é devidamente auditada pela

Revisão

Mauro de Barros

Editoração Eletrônica

Evelyn Domingues - MTB 48.250/SP

Direitos Reservados Fica proibida a reprodução total ou parcial desta revista, sem a devida autorização por escrito do seu produtor legal.


Editorial

Onde está o plano de mobilidade urbana? Há cinco meses, os prefeitos do ABC se reuniram na sede do Consórcio Municipal para anunciar uma série de planos para melhorar a qualidade do transporte público e ainda fazer alterações no mapa urbano, a fim de melhorar a mobilidade há muito debilitada por causa do crescente número de automóveis. Obras estruturais que envolvem o sistema viário das cidades e gestão de tráfego, incluindo controle dos semáforos e uma central de monitoramento, eram as propostas que até foram encaminhadas à ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior. “Nosso desafio é preparar um grande projeto básico de mobilidade para a região em 30 dias”, afirmou à época o prefeito de São Bernardo e presidente do Consórcio Intermunicipal do ABC, Luiz Marinho. Até o momento, o que aconteceu? Apenas a redução da tarifa dos ônibus em R$ 0,20, item este que sequer estava na pauta do encontro realizado em março. Mais: todo o planejamento da tal mobilidade parece estar em stand by. Por quê? Não se sabe. É fato que o transporte público na região é deficitário e que vai demorar algum tempo para que haja melhorias nas condições de mobilidade urbana, mas é preciso fazer algo rápido para que as ações não fiquem apenas em bravatas. Também é justo dizer, por exemplo, que os prefeitos das duas maiores cidades têm feito intervenções para melhorar o tráfego, mas tudo acontece porque as administrações de seus respectivos antecessores nada fizeram. O tempo urge e é preciso que a tão almejada melhora da qualidade de vida que os prefeitos repetem em seus respectivos discursos não se torne bravata eleitoral.

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Mirante

Wallace Nunes Jornalista wallace@leiaabc.com

A oposição ao governo Carlos Grana (PT), em Santo André, não está no Legislativo, como poucos pensam. Ela mora ao lado, ou melhor, está na seccional da OAB na cidade pelas mãos de seu presidente, Fabio Picarelli. O advogado tem dito aos quatro cantos do município que com “Carlos Grana é impossível ter diálogo”. Recentemente, a entidade abriu um requerimento junto ao Ministério Público para investigar o governo do prefeito petista.

Fotos: Divulgação

Onde está o opositor? Parte 1

Carlos Grana sabe o que acontece na cidade

Onde está o opositor? Parte 2 Numa coletiva de imprensa realizada nos últimos dias de julho, o prefeito Carlos Grana e o secretário Tiago Nogueira negaram qualquer tipo de atrito com o presidente da OAB. “Não há nenhum tipo de atrito com ele (Picarelli). Ele é muito bem-vindo e conversamos com ele sempre que podemos”, disse o secretário Nogueira. Os dois ficaram surpresos com a possibilidade de o presidente da OAB deixar a casa, que ainda tem dois anos de mandato antes de disputar o pleito eleitoral do ano que vem. É claro que por um partido de oposição.

José Auricchio Jr. está de volta

Candidato, sim

Secretário de Esportes do governo Geraldo Alckmin, o ex-prefeito de São Caetano do Sul José Auricchio Jr. estava sumido do cenário político do ABC. De férias até os primeiros dias de agosto, Auricchio declarou ao governador que vai disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa. “Sou candidato”, resumiu o ex-prefeito ao presidente de uma legenda que apoia Alckmin. Tal atitude virou um problema, haja vista que Auricchio só tem base na cidade onde governou por dois mandatos e abre brecha para que o prefeito Paulo Pinheiro (PMDB) dê seu apoio a outro candidato que não seja o governador tucano.

Disputa acirrada em 2014 Empolgado com a candidatura ao Legislativo paulista, Luiz Fernando Teixeira Ferreira, presidente do São Bernardo Futebol Clube, está escolhendo seu marqueteiro para cuidar da campanha. Oliveiros Marques, dono da Sotaque Propaganda e que produziu e reproduziu a campanha do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, e Paulo Cesar Ferrari, proprietário da Octopus, que gerenciou as campanhas do prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), e Carlos Grana (PT), de Santo André, são os preferidos do pré-candidato para gerenciar a campanha. Luiz Fernando quer montar uma superestrutura para não deixar dúvidas a ninguém sobre sua candidatura.

Luiz Fernando com a esposa Cristina em Pisa(Itália)


Contratação de cabos eleitorais A empolgação de Luiz Fernando é tamanha que ele anda contratando cabos eleitorais de outros parlamentares no interior de São Paulo a “peso de ouro”. A medida está incomodando muitos parlamentares, pois o presidente do São Bernardo está “inflacionando o mercado”.

Chácara Baronesa terá investimentos Candidato à reeleição, o deputado tucano Orlando Morando tem dado seus pulos no ninho dos verdes. Ele conseguiu investimentos de R$ 4 milhões para revitalização da Chácara Baronesa até o fim do ano, notícia confirmada pelo secretário Bruno Covas. Morando, que está feliz e confiante, confidencia que terá uma boa votação no ABC para ser reeleito deputado. “Espero ter votação acima dos três dígitos, como na minha última eleição”, declarou.

A revolta da secretária Nilza de Oliveira, secretária de Planejamento e Orçamento Participativo de São Bernardo, ficou revoltada ao ler matérias sobre a sucessão de seu marido, o prefeito Luiz Marinho. “Isso é sacanagem. Nem começou direito o segundo mandato e já estão a discutir sucessão? Temos que trabalhar para melhorar a cidade, não discutir política. Falta muito tempo para esse debate.”

Ex-prefeito confiante na reeleição

Cobertor curto Para muitos tucanos, o deputado federal William Dib, que também é do PSDB, não concorrerá à reeleição para a Câmara Federal. Conversas com membros influentes no partido no estado dizem que ele fez muitos inimigos políticos, sobretudo na região do ABC, com suas articulações para o último pleito que fracassaram. Dib ainda acha que é a primeira força política na região. Por isso, diz por onde passa que é candidato e que terá votação expressiva, mas a falta de apoios ainda o deixa com o cobertor curto.

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Política

Vagas em disputa Pleito eleitoral de 2014 terá candidatos novos que vão concorrer com os tradicionais em busca de um lugar na Assembleia Legislativa Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

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Mas o que mais surpreende é a declaração do ex-prefeito João Avamileno e atual secretário de Governo. Quieto, ele

Barba: apoio dos metalúrgicos

Teixeira: classes A e B são o foco

Salles. De bate-pronto, o atual secretário de Cultura anunciou que não vai concorrer a nenhum cargo na eleição de 2014 porque, numa avaliação geral, não quer se arriscar a perder votos e quer fazer parte do que os políticos andreenses têm chamado de “reconstrução da cidade”, perdida após quatro anos de mandato de Aidan Ravin. A base de apoios para Luiz Turco é realmente sólida. Até vereadores petistas que tiveram votação expressiva, como Tiago Nogueira e Montorinho, não sairão candidatos. O primeiro foi instado a continuar à frente da Secretaria de Gabinete, mas com o adendo de que vai comandar o Departamento de Esportes e o setor ligado à Juventude. Assim, ele acumula três áreas concomitantemente. Tiago está mantido também na articulação do Executivo com a Câmara e será auxiliado pelo vereador Montorinho, que se mostra uma boa voz do prefeito na Câmara.

O calmo Avamileno

Fotos: Divulgação

jogo de apoios políticos para a eleição de 2014 já começa a dar seus contornos a partir das intensas negociações que ocorrem nos bastidores. Ao contrário do que se imagina, esse apoio teve início na base de lançamentos de pré-candidatos ao Legislativo – estadual e federal –, e não ao governo do estado, quadro que só estará definido com a candidatura à reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Homens e também mulheres que antes figuravam na linha de frente, para o pleito que acontece em ano de Copa do Mundo, perdem espaço para o novo. Sim, no ABC, ao menos cinco pré-candidatos que nunca enfrentaram “o poder das urnas” devem experimen-

tar pela primeira vez. Luiz Turco, presidente municipal do PT de Santo André, Luiz Fernando Teixeira Ferreira, o dirigente do São Bernardo futebol clube, o sindicalista Teonílio Monteiro da Costa, mais conhecido como Barba, Fabio Picarelli, advogado e atual presidente da seccional de Santo André da OAB, são as pessoas que figuram no quadro de bola da vez no “mercado”. Em comum ao fato de que nunca terem disputado uma eleição, estas pessoas são figuras fortes nos bastidores de campanhas anteriores. A começar por Santo André, que tem dois personagens: Luiz Turco, fiel escudeiro do prefeito Carlos Grana, se mostra empolgado em sair candidato à Assembleia Legislativa pela primeira vez. “A construção do meu nome para deputado estadual se deu em torno da posição do prefeito Grana, que queria um nome de consenso dentro do PT da cidade”, explica. Bom articulador, o prefeito manobrou para que forças políticas tradicionais para além da legenda na cidade apoiassem a opção Luiz Turco rapidamente. É o caso do pedetista Raimundo

Turco: novidade em Santo André 14

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não mostrou reação ao ver seu papel dentro do governo Grana ser diminuído. Em uma mudança de pastas, o que o prefeito andreense chama de minirreforma, Avamileno perdeu o Departamento de Juventude, mas agregou à sua pasta a Diretoria de Trabalho, cuja peça orçamentária gira em torno de R$ 3 milhões. Agora, a secretaria será renomeada como Secretaria de Direitos Humanos e Cultura da Paz. A tal minirreforma foi, na opinião de Carlos Grana, a forma encontrada para diminuir os gastos, já que uma reforma administrativa acarretaria em mais aumento do custeio da máquina. Entretanto, nos bastidores, sabe-se que o negócio é mais profundo. Outro político que não deve deixar o governo Grana é o secretário de Obras, Paulinho Serra. Agora membro do partido liderado pelo ex-prefeito Gilberto Kassab, Serra disse em entrevista à Leia ABC que não pretende se aventurar no ano que vem. “Estou bem onde estou”, resume. Ele, no entanto, não apoiará Luiz Turco. “Meu candidato é Orlando Morando. Já estava definido.” O segundo nome que se movimenta a fim de disputar o pleito no ano que vem é Fabio Picarelli. Ainda sem partido, o advogado se mostra como um opositor – segundo ele, o único – e já até pediu uma pesquisa para saber a quantas anda seu nome na cidade e as reais possibilidades de ser eleito sem o apoio de forças políticas governistas ou tradicionais. “Preciso me decidir se saio can-

Na maior cidade da região, a disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa tende a ser acirrada. Os “tradicionais” Orlando Morando (PSDB), Ana do Carmo (PT) e Alex Manente (PPS) devem fazer frente aos “novatos” Luiz Fernando Teixeira e Barba. Conhecido no ABC como presidente do São Bernardo, equipe que bancou e levou para a primeira divisão do Cam-

peonato Paulista, Luiz Fernando é conhecido também por ajudar políticos, sobretudo os do PT, e um dos homens que fazem parte do círculo de articulações do prefeito Luiz Marinho. Numa conversa de reapresentação da revista Leia ABC, o presidente do Tigre disse ter sido “convocado” por Marinho para ser candidato. “Num primeiro momento, relutei. Vivo uma situação familiar e profissional ainda melhor, mas aceitei o convite”, disse. Irmão do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), a candidatura do dirigente esportivo é uma aposta do prefeito Marinho para reforçar a representação da legenda na Assembleia Legislativa. Atualmente, Ana do Carmo é a única representante petista do Grande ABC no Parlamento paulista. “Não quero entrar num processo político de forma tumultuada. Ninguém faz política sozinho.” Mas outro nome que tem o aval do prefeito é o de Barba. Literalmente comendo pelas “beiradas” na região, o sindicalista tem feito uma tour pelo interior do estado a fim de ampliar seu campo político e não ficar dependente apenas do ABC, haja vista que candidatos de outros partidos, como o tucano Orlando Morando e o pedessista Alex Manente, também vão concorrer à reeleição. Morando se diz seguro e já fala na casa dos três dígitos se reeleito. Manente, por sua vez, anda meio sem rumo. “Ele não sabe se concorrerá à reeleição ou para a Câmara Federal”, explica um correligionário próximo ao deputado.

Ana: quer o quarto mandato

Morando: espera cem mil votos

Alex Manente: ainda indeciso

Petistas pré-candidatos devem se apresentar até novembro; a disputa será acirrada com o PSDB de Orlando Morando

didato em breve, porque o tempo urge.” O advogado se diz oposição por entender que o governo Grana não mudou em quase nada na melhoria da qualidade de vida do munícipe como prega o atual governo petista. “Não vi nada de bom. Está tudo na mesma”, relata. O que ele também, entretanto, não sabe é se vai se colocar na disputa para deputado estadual ou federal.

São Bernardo

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Política

De volta à normalidade? Avaliação do governo de Dilma Rousseff volta subir no momento em que as negociações políticas se intensificam e o ex-presidente Lula aproveita o momento de “instabilidade” no ninho tucano em São Paulo para dar os primeiros passos para lançar o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, como pré-candidato ao governo do estado

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Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

subida da popularidade da presidente Dilma Rousseff, segundo pesquisa do Datafolha realizada nos primeiros dias de agosto, foi um alento aos membros do governo e ainda serviu para que se intensificassem as negociações com os partidos aliados para que não haja “desmembramentos” no caminho da reeleição. De acordo com o Datafolha, a presidente recuperou um naco do prejuízo que contabilizara nas pegadas dos protestos de junho. Evoluiu de 30% para 36%. A queda da inflação e outros fatores econômicos explicam a melhora da percepção positiva do governo, como o poder de compra dos salários e o cenário positivo do mercado de trabalho. O PMDB, principal partido da base aliada da presidente, que já queria desgarrar-se da aliança e ameaçava dar independência aos seus caciques, numa resposta aos que acham que há perigo de Dilma “sofrer” com a reeleição no pleito eleitoral de 2014-, recuou e montou uma nova estratégia de negociações. Nos bastidores, os peemedebistas entenderam que o “caminho ideal” é de fato o apoio à reeleição de Dilma. “Não tem essa de independência, somos da base aliada e estamos prontos para continuar apoiando a presidente Dilma” despistou em entrevista à Leia ABC por telefone o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

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O movimento de recuo do PMBD fez com que outras legendas tomassem o mesmo rumo e iniciassem novas conversações para que a base chegue sólida no período eleitoral e que possa enfrentar qualquer candidato da oposição unida. Na sua primeira eleição, Dilma formou a coligação “Para o Brasil seguir mudando”, que reuniu PT, PMDB, PC do B, PDT, PRB, PR, PSB, PSC, PTC e PTN. “Naquela eleição, a coligação já foi ampla; se mais partidos vierem, é positivo. O nosso trabalho agora é para manter os aliados e ampliar essa base”, afirma o deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP). Da base inicial, dois partidos recebem atenção especial pela insatisfação de alguns líderes: o PDT e o PR. Os petistas ainda mantêm a esperança de colocar no “bolo” o PSB – este principalmente pela possibilidade da candidatura de Eduardo Campos, vista como uma ameaça. Segurando estes dez partidos ao lado, o PT vê muito próxima a aliança com o PSD, de Gilberto Kassab, que tem participado das reuniões com os membros da base governista. O PPL, fundado em 2012, também é visto como novo aliado. Já o PMN e o PTB, que fizeram parte da coalisão com o PSDB em 2010, estão na base aliada do governo e podem integrar esta coalisão. Até o PV, que não tem mais Marina Silva, pode se unir ao PT. Isso culminaria em uma coligação de 15 partidos ao lado de Dilma.

Lula lança Padilha

Livre do câncer, o ex-presidente Lula voltou ao cenário de negociações políticas e, discursando para militantes petistas em Bauru, disse que o PT “não tem medo de conversar com o povo na rua”. O que o partido precisa temer, ele acrescentou, é “aqueles que começam a negar a política”. Chamou de “analfabetos” os jovens que dizem “eu não gosto de política, não gosto de nenhum partido político, não gosto de sindicato”. Aproveitou, e foi além, para confirmar o nome de Alexandre Padilha, ministro da Saúde, à disputa pelo governo de São Paulo em 2014. “O ministro estará liberado para se dedicar à campanha no ano que vem depois que aprovar no Congresso Nacional o programa Mais Médicos”, disse o ex-presidente. Os dirigentes petistas também evitaram falar diretamente na candidatura, mas fizeram discursos recheados de indiretas ao lançamento do ministro. O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e o presidente estadual do PT, Edinho Silva, falaram dos problemas do estado, comandado pelo PSDB, e disseram que “agora é a hora do PT”. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, seguiu a mesma linha. “Padilha, se muito já vale o que você fez, mais vale para nós o que virá. Cada um entenda como quiser, dentro das restrições que temos”, disse.


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Seu bolso

O que esperar da economia brasileira?

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uais suas expectativas para o futuro? A família vai crescer? Uma casa maior? Um carro mais novo? O que a atual conjuntura da economia brasileira nos mostra nas entrelinhas? Será que o cenário atual é favorável para investirmos em nossos sonhos? Esta dúvida paira sobre nossas cabeças a todo o momento. O cotidiano nos coloca em situações em que precisamos tomar decisões de investir ou não investir, comprar ou aguardar um momento mais propício. As últimas notícias sobre o cenário econômico brasileiro têm gerado grandes discussões nos mercados. Isso porque o nível de confiança das pessoas e das empresas caiu, e parece que agora o governo e o Banco Central (BC) estão preocupados com os impactos causados pela política de combate à inflação adotada até o momento. Na sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, chegando a 8,5% ao ano. No entanto, o documento ressaltou que a política do governo é expansionista, ou seja, continuará gastando com o objetivo de estimular a economia. Parece-me um pouco contraditório. Enquanto o BC tenta desacelerar o consumo da economia brasileira, o governo continua gastando e, por consequência, estimula o consumo. Em meio a toda essa confusão, ainda tem a questão do câmbio, que a cada notícia do Federal Reserve, o banco central americano, assistimos a uma desvalorização do real em relação ao dólar. Segundo o presidente do BC, Alexandre Tombini, uma desvalorização de 20% do real frente ao dólar representa um ponto percentual de aumento na inflação. E você deve estar se perguntando: o que tudo isso tem a ver com a minha vida? Tudo! O reflexo disso é o aumento nos custos no dia a dia. O aumento da taxa Selic promovido pelo BC não tem resultado imediato na redução da taxa de inflação. O intuito desse aumento é produzir uma alta nos custos de produção e no crédito. Ou seja, os financiamentos tomados pelas empresas e pelas pessoas físicas têm suas taxas reajustadas e, dessa forma, existe um repasse de custos nos preços. Com tudo mais caro, as vendas tendem a cair e com isso desacelera a atividade econômica e, por consequência, a inflação. Portanto, neste momento, vale avaliar os investimentos que pretendemos realizar. No caso de um carro novo, se a compra for à vista, é hora de chorar no desconto, pois, devido ao aumento das taxas de financiamento, as vendas devem cair e as promoções tendem a aumentar. No caso da compra da casa própria, é interessante buscar os bancos estatais, como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, pois o governo dá sinais de que manterá sua política expansionista. Sendo assim, as taxas praticadas por estes bancos devem se manter competitivas. Agora, se você não tem a necessidade de comprar nenhum desses bens imediatamente, vale a pena poupar. Neste momento de alta da taxa Selic, a remuneração paga pelos fundos de renda fixa e até mesmo a poupança aumentam, além, é claro, dos fundos de ações. Estes fundos também estão num bom momento para se iniciar uma aplicação, em face da queda do índice Bovespa. Mas este é um assunto para uma próxima discussão. Vale lembrar que manter o seu bolso saudável também é qualidade de vida! Shutterstock

Divulgação

Marcos Cazetta Economista e especialista em finanças pessoais marcoscazetta@hotmail.com

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Economia

Lívia Sousa - livia@leiaabc.com

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partir deste mês, os brasileiros poderão contar com o Cadastro Positivo, ferramenta criada pela Serasa Experian para facilitar o acesso de pessoas físicas ao crédito em todos os setores da economia e auxiliar na baixa das taxas de inadimplência. Em debate no Brasil há mais de uma década, a medida foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff em junho de 2011. O programa reúne e fornece às empresas informações detalhadas sobre a pontualidade de pagamentos dos consumidores, que ficarão no sistema por 15 anos. Os serviços com pagamento em atraso permanecerão no banco de dados por cinco anos e, em seguida, serão encaminhados ao credor. No entanto, se o pagamento das próximas contas for realizado até as datas estabelecidas, os pontos negativos das quitações em atraso podem ser recuperados. “O Cadastro Positivo é transparente por interagir com o consumidor e, como o nome diz, é positivo por mostrar que as compras feitas por ele são pagas nos prazos estabelecidos”, disse Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa Experian, em entrevista à Leia ABC. Iniciativas semelhantes já estão em vigor em países como Estados Unidos, Chile e México, que, com a adesão, registraram, entre outros benefícios, um número maior de empréstimos a mulheres e a pessoas de classes de baixa renda, além de aumento do Produto Interno Bruto (PIB). No Brasil, a expectativa é que sete milhões de consumidores sejam cadastrados até o final deste ano. “Precisamos mudar nossa cul-

Facilidade e

eficiência Omar Matsumoto

Cadastro Positivo chega para diminuir burocracia de compra e acesso ao crédito aos consumidores com pagamentos em dia

Programa beneficia quem possui pagamentos em dia tura. No exterior os consumidores inadimplentes não têm um tratamento diferenciado e acesso facilitado pelas empresas, pelos bancos e pelo comércio. Eles mudam de postura quando percebem a dificuldade em atingir esta facilidade”, explica o profissional.

Inscrição

Para se inscrever no programa, os interessados não podem ter o cadastro negativado no SPC, no Banco Central e na própria Serasa. É preciso autorizar a entrada no sistema por meio de um termo gratuito disponível na página on-line da entidade e a divulgação das informações de suas compras pelas empresas das quais realizou os serviços. De acordo com Almeida, os itens adquiridos pelos consumidores não

serão divulgados. “O programa não viola nenhum direito e privacidade do consumidor. Quem acessar o banco de informações terá acesso ao valor da compra, a forma de pagamento e a data em que foi paga, mas não saberá se o produto adquirido foi uma geladeira, por exemplo”, esclarece. Quem aderiu ao financiamento recentemente ou ainda prefere o pagamento à vista também pode fazer parte do Cadastro Positivo, que irá avaliar sua conduta financeira por meio do pagamento dos serviços de água, luz e telefone fixo. Serviço: Mais informações sobre o Cadastro Positivo na página www.cadastropositivoserasa.com.br.

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Economia

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vanços, comemorações e desafios acompanham os 20 anos do Procon de Diadema. A cidade foi a primeira a instituir o serviço, em 1993, durante a primeira gestão do então prefeito José de Filippi Júnior. Nos primeiros seis meses do ano, o órgão realizou mais de oito mil atendimentos. Deste total, 90,1% dos casos foram solucionados. Não por acaso, pesquisa de satisfação revelou que 83% dos consumidores classificam o serviço como ótimo ou bom. O ranking de reclamações em Diadema foi liderado, no primeiro semestre, pelos setores de bancos, operadoras de cartão de crédito e financeiras, com 23,9%, e de telefonia, com 21,7%. Quanto à modalidade de reclamação, a mais recorrente é a de cobrança indevida e abusiva, com 49,1% do total. Graças ao aumento do poder de consumo da população, o comércio de Diadema experimentou verdadeiro boom na última década, expresso na chegada de dezenas de redes de varejo e na abertura do Shopping Praça da Moça, que em maio completou quatro anos de operação. Este movimento tem ajudado a fixar em Diadema o consumidor que migrava para cidades vizinhas e, naturalmente, tende a elevar a demanda pelos serviços do Procon local. “Como sua presença no mundo do consumo é recente, a nova classe C ainda está tomando conhecimento de seus direitos como consumidora”, afirma o diretor do Procon de Diadema, André Ruiz, destacando que o acesso à informação é especialmente importante entre os jovens. Diante deste cenário, o Procon de Diadema tem focado suas ações na conscientização. No primeiro semestre, o órgão realizou várias ações junto ao comércio local, com o objetivo de orientar lojistas e clientes sobre os direitos do consumidor e prevenir práticas abusivas. Outra medida foi a 20

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Vinte anos

de atividade Procon de Diadema faz aniversário com pesquisa de satisfação que mostra que a população da cidade está contente com o trabalho realizado pela unidade

Divulgação

Especial para Leia abc Mohamed Waleed

Procon promove ações para conscientizar consumidor e comerciante implementação, em abril passado, do atendimento com hora marcada. “O agendamento do atendimento evita a espera e otimiza os serviços oferecidos”, comenta Ruiz.

Aumento da renda

Desde 2001, o aumento do emprego e da renda “engordou” a classe C de Diadema em 50 mil pessoas, segundo o estudo IPC Maps, da IPC Marketing Editora. Tão importante quanto permitir o acesso desse ávido contingente ao mundo do consumo é esclarecê-lo sobre seus direitos, o que se configura no principal desafio do

Procon de Diadema, que completa 20 anos neste mês. De acordo com a secretária executiva do órgão, Rosângela Tavares, o Código de Defesa do Consumidor contribuiu muito para o avanço da cidadania em todo o país. “Ele estabelece que nos conflitos originados da relação de consumo não importa o valor do produto ou do serviço. Agindo dentro da lei, com serenidade e energia, é importante que, antes de qualquer coisa, a pessoa humana seja respeitada, independentemente do valor do bem ou serviço”, destaca.


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Segurança

Primeiro semestre

problemático Número de homicídios diminuiu no Estado de São Paulo em junho, mas manteve alta no acumulado do semestre em relação a igual período em 2012, reflexo da criminalidade nos primeiros meses do ano Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

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o que diz respeito ao ABC, os indicadores de violência aumentaram no primeiro semestre deste ano. Os sete municípios registraram mais crimes nos primeiros seis meses de 2013, quando comparado com o mesmo período em 2012. Por exemplo, o latrocínio, roubo seguido de morte, teve a maior alta nas estatísticas, 212%, ou 25 ocorrências até julho, ante oito no mesmo período do ano passado. Nessa prática, teve um caso na região que ganhou comoção nacional: a morte da dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, que no dia 25 de abril morreu queimada após um assalto a seu consultório na cidade. Três criminosos invadiram o consultório dela, na rua Copacabana, e anunciaram o assalto. Como eles não encontraram dinheiro, a dentista entregou o cartão do banco e a senha. Os criminosos voltaram, atearam fogo na vítima e fugiram em um carro.

Queda

Ao todo, as mortes deste segmento na cidade de São Bernardo somaram 27 no primeiro semestre deste ano. Apesar de o número estar na casa dos dois dígitos, houve, segundo a Secretaria de Segurança Pública, uma queda de 30%. Diadema é o município da região que mostra mais oscilação entre 2013 e 2012. Foram nove 22

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vítimas ante uma no mesmo período do ano passado e outras quatro em 2011. O número de homicídios dolosos (quando há a intenção de matar) no ABC registrou queda de 17,98% na comparação dos três últimos meses de 2012 (outubro, novembro e dezembro) com os três primeiros meses deste ano (janeiro, fevereiro e março). Foram 89 casos registrados em 2012 ante 73 em 2013.

Homicídios e roubos

Vítimas de homicídio doloso chegam à marca de 136 casos, 12% a mais do registrado no ano passado. São Caetano não registrou nenhuma vítima. A leve queda de roubos e furtos de veículos em Santo André e a considerável redução em São Caetano e Ribeirão Pires não foram suficientes para baixar o índice na região e garantir a tranquilidade dos motoristas, com aumento de 12%. Os roubos em Diadema aumentaram 41%, enquanto os furtos em Mauá e Ribeirão Pires cresceram, respectivamente, 40% e 65%. Neste ano, já foram mais 11 mil subtrações de veículos. Os únicos indicadores que representaram quedas significativas na região foram de roubo de cargas. Houve variação negativa de 17% e ocorreu nas cidades de Santo André e São Bernardo, dois municípios com maior número de empresas na região. Nas outras cidades, com exceção de Rio Grande da Serra, os números subiram. No estado, a queda foi de 4,6%. Lesões corporais dolosas, culposas e de

acidentes de trânsito tiveram uma leve queda de 4%. Roubo e furto em geral aumentaram, respectivamente, 40% e 7% em um ano. O município, que já ficou estigmatizado nacionalmente por conta da violência, teve 41 ocorrências de tentativa de homicídio, ante 20 no ano passado e 16 casos em 2011. O índice só é menor que em São Bernardo, com 70 casos. Em coletiva à imprensa, o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, anunciou a criação de uma Câmara Técnica para análise dos dados apresentados. “O objetivo da câmara é melhorar a qualidade e o uso das inShutterstock


formações que obtemos com as estatísticas. É uma inovação que permitirá o controle social sob os dados produzidos e ainda fará com que a sociedade civil e os especialistas sugiram uma formulação de novas políticas a partir dos dados e informações coletados”, disse na ocasião. O grupo misto de análise de dados será coordenado pela Fundação Seade e terá participação da sociedade civil, ONGs como o Instituto Sou da Paz e das polícias. O trabalho deve começar já no próximo mês.

Violência sexual

O índice de mulheres estupradas na região aumentou mais de 13%. Neste ano já são 283 casos – 33 a mais que o número registrado no primeiro semestre do ano passado. São Bernardo (107), Diadema (52), Santo André (52) e Mauá (41) seguem no topo da lista. Houve redução de casos em São Caetano, de 15 para 13, Ribeirão Pires, antes com 17 ocorrências e agora com 13, e Rio Grande da Serra, que registrou 12 casos no primeiro semestre de 2012 e atualmente conta com cinco. O aumento foi de 10% em São Paulo, com a

Os crimes de latrocínio foram os mais cometidos no período; já o roubo de cargas registrou queda nas sete cidades ocorrência de 1.621 estupros. Pelo terceiro mês consecutivo, houve uma queda de homicídios no estado. Em junho foram 355 casos, ante 396, quando comparado com igual período do ano passado. Este é o terceiro mês consecutivo de queda de homicídio no estado, com redução de 396 casos, na comparação de junho deste ano com igual mês em 2012. Em São Paulo, a diminuição foi de 12,3%. Em compensação, no semestre as altas foram de 4,9% na capital e 2,3% no estado. O levantamento revelou que nos seis primeiros meses de 2013 houve um aumento das vítimas fatais de homicídios dolosos, que passaram de 2.311 para 2.383, de tentativas de homicídio (de

2.899 para 2.914), de lesões corporais (de 2.305 para 2.503), de estupros (de 6.215 para 6.529), de tráfico de entorpecentes (de 20.546 para 23.551), de roubos (de 122.851 para 124.497), de roubos de veículos (de 44.944 para 46.626), de roubos a banco (de 99 para 119), de furtos (de 268.884 para 277.007), de furtos de veículos (de 54.646 para 57.136) e de latrocínios (de 178 para 203). As estatísticas positivas foram comemoradas pelo secretário da Segurança Pública, que fez uma apresentação na entrevista coletiva sem destacar as pioras nos índices do mês, como roubos e furtos de veículos. Em junho, esses crimes aumentaram 21,3% e 30,7% na capital, respectivamente. No semestre, no interior e na capital, houve alta de vários crimes violentos – um dos maiores foi o roubo seguido de morte, que cresceu 37,5% no município. “O latrocínio constitui-se na nossa principal preocupação”, disse o secretário. Na capital, com nove casos em junho, esse tipo de crime ficou estável no mês. “A sensação de segurança e indicadores são coisas diferentes. Nós temos essa tendência de queda. A sensação de segurança que temos em São Paulo não é condizente, comparado com outros estados”, disse o secretário Grella. Houve redução de ocorrências nos seguintes itens: homicídios dolosos por acidente de trânsito, vítimas de homicídios dolosos e culposos em acidente de trânsito, homicídio culposo (outros), lesão corporal dolosa, lesão corporal culposa por acidente de trânsito e roubos de carga. Já no comparativo de junho passado com o mesmo mês de 2012, houve queda no número de homicídios, de 396 para 355 ocorrências. No entanto, as vítimas de homicídios dolosos no trânsito subiram de seis para 16. Lesões corporais, tráfico de entorpecentes, latrocínios, roubo de veículos e a bancos também aumentaram, além dos furtos em geral e os de veículos.

Uma Câmara Técnica composta por ONGs e civis será criada para analisar os dados da violência no estado e deve entrar em vigor em setembro | Agosto de 2013 23


Em forma

Como combater o inchaço

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ocê tenta colocar aquela roupa e percebe que está mais difícil de entrar, observa sua barriga um pouco mais saliente que no dia anterior ou sente dores incômodas nas pernas? O problema pode estar na sua alimentação. Isso mesmo: existe alimentos que favorecem a retenção de líquidos e causam inchaço, porém nem tudo está perdido. Também existem os alimentos que fazem exatamente o contrário, ajudam na eliminação do líquido corpóreo, os famosos diuréticos e ricos em potássio. Antes de acatar as dicas que serão dadas neste artigo, é importante verificar a frequência com que este fenômeno ocorre. Se o inchaço permanece por um período prolongado, ele pode não ser devido à alimentação, e sim a uma doença, seja ela mau funcionamento dos rins, na circulação ou pressão alta. Caso o problema esteja realmente no tipo de alimento ingerido, a solução é fácil. O excesso de líquidos no organismo causa o inchaço. Isso pode ser verificado caso a pele esteja com um aspecto brilhante ou ao pressionarmos o dedo sobre a pele, pois deixa uma marca temporária. Os vilões nesse caso são os alimentos ricos em sódio (sal), pois esse mineral é o responsável por carregar a água para dentro dos vasos. Quando consumido em excesso, o organismo fica sobrecarregado de líquidos e o rim, órgão responsável por eliminar o líquido acumulado, não consegue cumprir sua tarefa, causando o edema. Para não ser uma vítima do inchaço, evite o consumo excessivo de alguns alimentos ricos em sódio como os embutidos (mortadela, salame, presunto), queijos amarelos, alimentos enlatados, preparações temperadas excessivamente com sal, temperos prontos, alimentos industrializados, molhos prontos e conservas. A dica é: sempre preparar seu alimento, evite comprar alimentos prontos, pois para maior tempo de prateleira são adicionados aos alimentos muitos conservantes e sódio. Fique atento ao rótulo nutricional. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) recomenda a ingestão de 2.400 mg/dia de sódio, o que representa no máximo 6 gramas de sal por dia. Um grama de sal contém 400 mg de sódio. Nos rótulos dos alimentos, ao lado da menção sobre a quantidade de sódio presente, aparece o quanto aquele alimento acrescenta ao valor total diário, no formato VD%. Para exemplificar, um pacote de macarrão instantâneo com tempero apresenta entre 1.300 e 1.500 mg de sódio, o que representa quase o total que se deve consumir em um dia em um único alimento, ou seja, contribuiria com 62,5% (VD%). Alimentos como este devem ser evitados. Por outro lado, existem os alimentos que ajudam a eliminar esse mal. São os alimentos diuréticos e ricos em potássio. Entre eles podemos citar algumas frutas (melancia, melão, abacaxi, morango, ameixa), verduras (alface, agrião), legumes (salsão, cenoura, vagem, abobrinha, pepino), sal light (composto por 50% de potássio e 50% de sódio) e os chás. Todos esses alimentos, aliados a uma hidratação adequada (cerca de dois litros de água por dia) e atividade física, ajudam a eliminar o inchaço presente ou a prevenir seu aparecimento, além de terem o bônus de auxiliar seu intestino a funcionar com regularidade. Shutterstock

Thamires Barbosa Nutricionista tatatri@gmail.com


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Saúde

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á mais de 40 anos pesquisadores japoneses determinaram que dez mil passos por dia trazem benefícios à saúde. A descoberta contribuiu para o Japão ter a maior expectativa de vida do mundo – 83 anos, segundo informes da Organização das Nações Unidas (ONU) – e uma das populações mais magras e saudáveis do planeta. A atividade já é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e foi reforçada em estudo feito pelo Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (Celafiscs) como mínima para não ter uma vida sedentária. O órgão privado de São Caetano, que faz parceria com a prefeitura, considera que abaixo de cinco mil passos diários a condição de saúde do indivíduo é de alto risco. “Adultos devem acumular, pelo menos, 30 minutos de exercícios, cinco dias por semana”, diz o diretor do Celafiscs, o professor Luís Carlos Oliveira. A quantidade de passos, de acordo com o Centro, varia com base na idade. Jovens e crianças devem atingir o mínimo de 12,5 mil. Idosos são considerados saudáveis com a partir de 8,5 mil passos diários. No Brasil, o Instituto Perfect Crowd realizou uma pesquisa recente e descobriu que mostrou que as mulheres a partir dos 22 anos caminham diariamente apenas 20% do que é recomendado para se ter uma vida saudável.

Combate à preguiça

Mas algumas ações mostram que o cenário pode mudar em breve. Para combater o sedentarismo, uma empresa de Salvador, Bahia, entrou para um desafio global, do qual participam 90 companhias. A fim de estimular seus funcionários a cumprir o número ideal de passos, cada participante recebeu um pedômetro – aparelho digital pequeno e portátil que monitora regularmente distâncias e passos – para contabilizar o quanto se caminhou ao final 26

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Para evitar o sedentarismo Caminhar pelo menos 10 mil passos por dia é, segundo especialistas, condição essencial para ter uma vida saudável. Qualquer pessoa deve percorrer cerca de sete quilômetros diariamente para o corpo sentir os benefícios

Fotos: Divulgação

Especial para Leia abc Thais Sabino

Seiti: antes de correr, ande

Patrícia: caminhar na dificuldade

Como atingir a marca dos 10 mil n Suba andares pelas escadas n Tire os pratos da mesa em várias viagens n Enquanto espera o voo no aeroporto, esqueça o banco e caminhe pelos corredores n Em vez de enviar e-mail ao colega de trabalho, vá à mesa dele n Ande pela casa enquanto fala ao telefone n Escolha vagas de estacionamento longe da entrada da loja n Passeie com o cão n Vá ao comércio do bairro sempre a pé n Faça compras pequenas no supermercado para ter que ir mais vezes n Matricule as crianças em escolas no bairro e leve-as a pé n Compre o jornal na banca n Desça do ônibus um ou dois pontos antes do destino n No horário do almoço, caminhe após as refeições


Veja: Altura 1,50 (passo médio de 60 cm) 1,60 (passo médio de 65 cm) 1,70 (passo médio de 70 cm) 1,80 (passo médio de 75 cm) 1,90 (passo médio de 80 cm)

Quilômetros 6,0 km 6,5 km 7,0 km 7,5 km 8,0 km

do dia. Os primeiros resultados mostraram que a perda de peso foi evidente entre os participantes. A caminhada não precisa ser em uma esteira ou num parque, segundo o diretor do Celafiscs. Cada passo dado, por exemplo, ao buscar um café no meio do expediente ou no trajeto até o ponto de ônibus já contribui para uma vida mais saudável.

Tamanho é documento

O tamanho da passada de cada pessoa varia, mas para completar os dez mil é necessário percorrer entre sete e nove quilômetros. Caminhar por uma hora ajuda a eliminar cerca de 220 calorias, além de diminuir riscos de problemas cardíacos, de diabetes, controlar o peso, melhorar os relacionamentos sociais e dar mais disposição, segundo Oliveira. Começar é a parte mais árdua, segundo o coordenador administrativo Seiti Breno Nagabuchi, 27 anos, mas fica mais fácil com o tempo. “Tinha dificuldade para completar cinco quilômetros, hoje não consigo treinar menos do que isso”, conta.

Os primeiros passos

A atividade física transformou a vida do coordenador administrativo. “Estava mal de saúde, sedentário, e acabei parando em um blog de corrida. Um dos depoimentos descrevia justamente a minha situação e a melhora com a corrida. Resolvi colocar em prática e nunca mais parei”, diz ele, que recuperou o bom humor nas manhãs e o “sono de criança” à noite. Em forma, Nagabuchi está treinando para uma corrida de dez quilôme-

Tempo 1h00 (velocidade 6km/h) 1h08 (velocidade 6km/h) 1h16 (velocidade 6km/h) 1h25 (velocidade 6km/h) 1h33 (velocidade 6km/h)

tros: “São, em média, dez mil passos, parece bastante, mas correndo o tempo vai embora rápido”. A engenheira civil Patrícia Carone, 30 anos, é outra pessoa desde 2007, quando incluiu a corrida de dez quilômetros na rotina diária. “Passei a me alimentar melhor, dormir bem e ter mais energia para enfrentar a correria do dia a dia”, conta. Mas a mudança mais evidente aconteceu aos finais de semana. Ela costumava acordar tarde e quase não aproveitava o dia: “Hoje, às 8 horas, já estou no parque, corro por uma hora e tenho o fim de semana todo pela frente”, diz. O preparo físico deu à engenheira a oportunidade de participar de uma corrida de cem quilômetros pelos Andes, de três dias.

Qualidade de vida

Uma das razões que fez Patrícia escolher a corrida como atividade física foi ter o horário flexível. E com a caminhada não é diferente, além de não ter hora fixa, pode ajudar a otimizar o tempo. “Durante a semana, treino depois do expediente e evito ficar duas horas parado no trânsito”, relata o supervisor de atendimento Jair dos Santos, de 34 anos. Menos estressado, aos finais de semana ele ainda tem disposição para correr cerca de dez quilômetros com os amigos pela manhã. O diretor do Celafiscs faz um alerta sobre a importância de vestir “roupas confortáveis que não comprometam os movimentos e tênis com solado macio” para a prática de qualquer exercício. Além disso, ele ressalta que é essencial a hidratação durante a caminhada.

Jair alerta para a importância de roupas confortáveis

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Cidades

Contenção de gastos

para continuar em dia Prefeitos do ABC realizam mudanças estruturais, mas não conseguem fazer reforma administrativa, pois implicaria substanciais aumentos dos gastos públicos Divulgação

Grana (centro), Michels (ao lado) e Luiz Marinho (frente) procuraram fazer movimentos nas secretarias

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Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

rês prefeitos do ABCD realizaram, no final do mês passado, pequenas mudanças em seus respectivos secretariados para promover o enxugamento dos gastos. Há seis meses, período em vigência do governo Paulo Pinheiro (PMDB) em São Caetano, as receitas não superam as despesas e para equilibrar os dispêndios o jeito foi iniciar um meio de conter os gastos com uma reforma administrativa. A medida vai ocorrer com fusão de secretarias e corte de funcionários comissionados. “Vamos aplicar a medida a partir de agosto. Setores serão agregados e unificados. O objetivo é cortar os gas-

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tos, pois a arrecadação é menor do que as despesas”, explica o prefeito. O Orçamento da cidade para 2013 tem previsão de R$ 1,035 bilhão, mas o prefeito da cidade disse que o valor foi superestimado e que não vai chegar aos R$ 800 milhões. Quando iniciada, a reforma administrativa vai desonerar a folha de pagamento, mas não se sabe quanto. O número de funcionários comissionados atualmente é de 430 pessoas.

mais agilidade”, explica o prefeito de Santo André. O secretário de gabinete, Tiago Nogueira, é o que vai acumular mais pastas. Juventude, Esportes, articulação política na Câmara e licitações. A Secretaria de Governo de João Avamileno foi renomeada para Direitos Humanos, Cultura e da Paz. A pasta também vai acumular as diretorias de Emprego, Trabalho e Renda e ainda Trânsito.

Santo André

O petista Luiz Marinho (PT), prefeito de São Bernardo em seu segundo mandato, tinha a intenção de realizar uma reforma administrativa no primeiro semestre, mas até o momento não o fez.

Na cidade administrada pelo petista Carlos Grana também houve mudanças, mas singelas. “Fiz com o intuito de aperfeiçoar a máquina para atender às demandas da cidade com

São Bernardo


São Caetano figura pela terceira vez como o município de melhor qualidade de vida do país

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Especial para Leia abc Mohamed Waleed

m uma escala de 0 a 1 no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), sendo maior o número melhor, a qualidade de vida, São Caetano do Sul marcou 0,862. O IDHM médio das cidades brasileiras é de 0,727. O ranking está no Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil, elaborado com dados do Censo de 2010 e divulgado no antepenúltimo dia de julho pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Na prática, o que isso significa? A reposta é: qualidade de vida. Com uma área de 15 quilômetros quadrados e população de 150 mil habitantes, São Caetano do Sul é considerada por muitos o melhor município do ABC para viver. A renda média per capita no município é de R$ 2.043,74 mensais, a expectativa de vida ao nascer é de 78,2 anos e 76% da população adulta tem pelo menos o ensino médio completo. As matrizes empresariais que dão sustentação econômica à cidade são a General Motors e a Casas Bahia, mas há uma centena de pequenas empresas que

A melhor pela terceira vez dão sustentação à pujança do município. Segundo a prefeitura, há 100% de pavimentação nas ruas, 100% de esgoto tratado, 100% de crianças nas escolas e quase nenhum analfabetismo. Mas o provincianismo aflora mesmo quando o morador típico enche o peito para falar que a cidade não tem favelas – nem poderia ter, por absoluta falta de espaço. A quantidade de “superlativos” impressiona mesmo quem gosta de morar na megalópole vizinha, São Paulo. São títulos e mais títulos concedidos por entidades como Organização das Nações Unidas (ONU), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e diversos organismos multilaterais. São Caetano foi apontada como o quinto melhor município brasileiro para trabalhar, de acordo com a pesquisa “As 100 Melhores Cidades para Fazer Carreira”, coordenada pelo professor Moisés Balassiano, da Fundação Getulio Vargas-RJ. Em 2009, o Índice Firjan de Desen-

volvimento Municipal apontou a cidade como a mais desenvolvida do país – ela conquistou a nota 0,9524, em uma escala em que 1 é o maior índice possível. Isso significa que São Caetano é a melhor cidade para viver entre os mais de 5.500 municípios brasileiros. Na saúde, são 38 estabelecimentos ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS), sendo cinco deles hospitais de bom nível. Também em 2009, São Caetano do Sul foi apontada como a cidade com menor mortalidade infantil no Estado de São Paulo. No município, a média é de 4,1 óbitos de crianças menores de um ano para cada mil bebês nascidos vivos, índice comparado ao de países desenvolvidos como Alemanha, Áustria, Bélgica e Dinamarca e menor do que o dos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, segundo o relatório Situação Mundial da Infância de 2009 da Unicef – o índice médio do Brasil é de 19,3 e no Estado de São Paulo, 12,5 mortes para cada mil nascidos.

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Emprego

Sinal amarelo Emprego com carteira assinada cresce no primeiro semestre, mas maio e junho mostram claro desaquecimento da economia na região

Especial para Leia abc Mohamed Waleed

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ABC, berço de vários setores de base e que serve de termômetro nacional, registrou no primeiro semestre deste ano um aumento de empregos com carteira assinada, segundo dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Entretanto, o fechamento de vagas em maio e junho acende o sinal amarelo no mercado de trabalho regional, que tem refletido o desempenho errático da economia. No primeiro semestre deste ano, os sete municípios criaram 8.679 vagas celetistas, total 49,4% superior às 5.810 geradas no mesmo período do ano passado. Mas o crescimento expressivo esconde base de comparação demasiadamente fraca, já que o mercado de trabalho do ABC registrou, em 2012, o pior desempenho em quatro anos. Os dados, tanto de junho quanto do primeiro semestre, frustraram quem esperava a aceleração do mercado de trabalho em 2013, puxada pela reação da atividade econômica, que parece não ter vindo – ao menos no ritmo previsto pelo governo. Em junho, as empresas do ABC fecharam 599 vagas, como resultado de 28.543 contratações e 29.142 desligamentos. É o segundo saldo mensal negativo consecutivo – em abril, o ABC já havia perdido 303 empregos formais. A exemplo de anos anteriores, a criação de vagas no primeiro semestre de 2013 se deve, principalmente, ao setor de serviços (5,3 mil na primeira metade deste ano, ante 5,5 mil em igual período de 2012). A “novidade” em 2013 é a recuperação da indústria, que abriu 2,6 mil postos no acumulado janeiro-junho, ante o fechamento de 4,7 mil no mesmo período de 2012. Depois de passar por forte ajuste no emprego em 2012, a indústria do ABC ainda sofre com a retração do consumo interno e a concorrência com itens importados. Porém o novo “patamar cambial” (o dólar tem fechado entre R$ 2,20 e R$ 2,30, ante média de R$ 2,04 em junho de 2012 e R$ 1,58 no mesmo mês de 2011) parece ter devolvido parte da competitividade ao setor fabril, que também tem sido impulsionado pelo bom desempenho das montadoras, que registraram recordes sucessivos de produção e vendas de veículos no primeiro semestre. No sentido contrário, a construção civil encerrou o semestre com o fechamento de 320 vagas, diante da criação de 3,2 mil vagas no mesmo período de 2012. O desempenho ruim pode ser explicado pela queda na produção imobiliária detectada pela Associação de Construtores, Imobiliárias e Administradoras do ABC (Acigabc) no primeiro trimestre.

Municípios

No corte por municípios, o melhor desempenho de junho é o de Santo André, com a criação de 349 vagas (avanço de 0,18% no estoque de vagas sobre maio). Também é da cidade o ação lg u melhor saldo do primeiro semestre: abertura de 3,5 mil postos de Div trabalho celetistas (alta de 1,84%), ante 3.060 de São Bernardo (+1,07%) e 928 de São Caetano (+0,79%). Em nota, o economista Sandro Maskio, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Trabalho de Santo André, atribuiu o resultado da cidade à “evolução da indústria e força no setor de serviços”. 30

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Ponto Justo

Cadê nossos heróis?

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Shutterstock

ara um desavisado, as manifestações que se espalharam pelo Brasil nos últimos dois meses podem parecer démodé. O orgulho na participação parece estar em decadência. Mas Patricia Bono ainda nos perguntamos o porquê de tudo isso. Paulo Caruso, cartunista do Roda Viva, Advogada, mestre em direitos no programa que recebeu o imortal Fernando Henrique Cardoso apresentou seu trabadifusos e coletivos, articulista e conferencista. lho onde se lia: “Abaixo o Acima”, o que, agora, passada a primeira fase de tormentas que as bono@uol.com.br manifestações causaram aos políticos, faz todo o sentido. Acabou o medinho. Já está passando o desconforto inicial que as casas políticas sentiam e o botox da presidente Dilma parece já ter voltado ao lugar. Já sabemos que a insatisfação é patente, mas em episódios sem organização e sem líderes que revelem a intenção efetiva dos protestos é muito difícil separar a corrupção do trigo. Sim, sabemos que precisamos de mudanças, mas quais delas são prioritárias? Por onde começar? Quem tem a receita do bolo? Nós nos acostumamos com o fato de o Brasil não ser um país beligerante, mas isso está muito distante da mudez popular que as manifestações só fizeram por referendar. Se de um lado nos faltam mitos, de outro também nos faltam organização e critério (e em alguns casos respeito) para delinear o que precisa e o que deve ser mudado. De nada adianta sair às ruas vociferando, se não há atuação para extirpar os políticos que recebem com braços abertos seus pares condenados judicialmente, mas que caminham pelas esferas do poder de modo absolutamente impune. Em outras palavras: o sistema deve ser mudado ou bastam a gritaria e o quebra-quebra nas ruas? A areia movediça em que nos encontramos e a inabilidade para eleger homens de pulso faz nossa democracia ser refém dos projetos de marketing de quem pretende se perpetuar no governo apoiado em campanhas assistencialistas e distribuição de vendas que continuam a cegar aquele que não possui alternativa porque não conhece outra vertente de escolha. A mídia se transformou, na mão de políticos de caráter duvidoso, em uma nova forma de cabresto que, articulada com um coeficiente restrito de educação, traz ao poder profissionais especializados, inclusive, em nunca ter um trabalho. O Brasil não tem direita nem esquerda. Somos um país de políticas pardas e convenientes, dependendo de para onde o vento sopra, ou de quem o faz soprar. Poucos heróis nos restaram. Nas ruas, a voz que grita não consegue compreender o que diz. Futebol, papa, mais futebol, Jogos Olímpicos e as mesmas macas nos corredores dos hospitais. A mesma demora nas decisões judiciais e a falta de cumprimento delas. E, ainda, a inflação que cavalga em nossa direção. Não adianta tapar o sol com a peneira: nós vivemos, sim, em uma guerra civil velada. Reconheçamos nosso temor diário ao sair de casa. E, então, qual a alternativa para mudar isso tudo? Certamente colocando no poder políticos que tenham como missão o bem da população. Só que isso depende de escolha, e para escolher devemos conhecer plataformas oferecidas pelos candidatos e compreendê-las. Mas para compreendê-las precisamos estar preparados para avaliar suas direções. Com a educação que tem sido oferecida não conseguiremos chegar a isso (até porque um povo ignorante é matéria de primeira necessidade aos políticos corruptos). Salários baixos, transportes absolutamente ineficientes e infraestrutura em plena decadência fazem com que o povo acredite que as coisas são assim mesmo. Faz com que esta rotina triste e sem luz no fim do túnel se torne o normal. O Brasil costumava ser o país do futuro. Pois bem, o futuro chegou. E agora? Eu tenho medo de verdades fabricadas. Tenho medo de heróis fabricados. E não gosto de teatro de marionetes na vida real. | Agosto de 2013 33


Capa

Prevenir e nã Omar Matsumoto

Doença que está entre as mais comuns no mundo, o câncer de mama atinge um número cada vez maior de mulheres, inclusive as mais jovens, no Brasil Lívia Sousa - livia@leiaabc.com

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onsiderada uma das mulheres mais belas do mundo, a atriz norte-americana Angelina Jolie surpreendeu a todos ao anunciar, em maio deste ano, que havia se submetido a uma dupla mastectomia. Em artigo escrito no jornal The New York Times, ela disse que a decisão de retirar os seios foi tomada após seus médicos constatarem que as chances de ela ter um câncer de mama chegavam a 87%. Realizado o processo, o percentual caiu para 5%. “A minha mãe lutou contra o câncer durante quase uma década e morreu aos 56 anos”, escreveu Jolie, que recentemente também perdeu uma tia com o mesmo problema. Além do fator hereditário, outro ponto que contribuiu para a decisão, segundo a atriz, foi ser portadora do BRCA1, um gene defeituoso que eleva o risco de se desenvolver tanto o câncer na mama quanto do ovário. O câncer de mama é uma doença que merece atenção ainda maior e durante o ano tem até um mês, agosto, em que se dá a importância para as mulheres se conscientizarem. Uma pesquisa bienal (última edição em 2012) realizada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimou que o tumor mamário – segundo tipo de câncer mais frequente no mundo, atrás somente

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do câncer de pulmão – atingiria um número maior de pessoas ao longo do ano. A estimativa era de que 52,6 mil novos casos surgissem na época, sendo a maioria deles nos estados de São Paulo (15,6 mil), Rio de Janeiro (8,1 mil) e Minas Gerais (4,7mil). Paulo Roberto Pirozzi, membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e professor de mastologia da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), afirma, em entrevista à Leia ABC, que o maior alvo do câncer de mama são as mulheres acima dos 50 anos. “É nesta fase que o corpo envelhece, ganha mais peso e fica mais suscetível não só ao câncer, mas também a outras doenças.” Ele frisa que não se pode esquecer de que, nos dias atuais, as mulheres mais jovens também apresentam o problema com mais frequência. Apesar de não haver um motivo específico para o surgimento do tumor, o especialista salienta que o histórico familiar também pode aumentar as chances de manifestação do câncer mamário. “A filha de uma pessoa que teve câncer de mama aos 65 anos, mas que não teve nenhum outro parente de primeiro grau com o mesmo problema, por exemplo, terá um risco pequeno de desenvolver a mesma doença em suas três décadas de vida. Porém, se o registro familiar apresentar mais de um caso com parentes de primeiro grau, a probabilidade pode atingir níveis mais altos”, explica o médico Pirozzi.

Esperança

Maria Denise de Almeida Cano conhece bem todas as angústias provocadas por um câncer na mama. Com histórico familiar, ela foi diagnosticada com a doença por três vezes. Em 1991 a primeira


ão remediar notícia. À época com 33 anos, a funcionária pública sentiu o baque. “Naquele tempo não havia notícias sobre o autoexame da mama e também não me preocupava. Um dia, durante o banho, notei um nódulo no seio esquerdo. Pensei que fosse algo semelhante ao nódulo de gordura, que havia removido do braço. Fui ao clínico geral, que fez uma biópsia e percebeu que a amostra tinha um aspecto diferente da que retirei anteriormente. Quando chegou o resultado, me apavorei. Logo pensei que iria morrer.”

Nódulo, ou caroço, no seio pode significar várias versões do câncer de mama

Fotos: Shutterstock

Tratamento

Apesar de estar entre os cinco tipos de câncer que mais registram óbitos no mundo, o tumor mamário não significa ser um “fim da linha” a quem acabou de receber o diagnóstico. “Todo paciente diagnosticado com câncer de mama encara a notícia de uma forma extremamente negativa. É uma fase de negação, de luto”, afirma Guerino Barbalaco, mastologista do Hospital da Mulher Maria José dos Santos Stein, em Santo André. “Se o câncer de mama for detectado logo no início em uma pessoa sem antecedência familiar, as chances de sobrevida ficam entre 90% e 95%. Depois que passar por todos os estágios do tratamento, ela deve ser acompanhada frequentemente nos próximos cinco anos e, se neste período não houver mais indícios do tumor, essa periodicidade fica mais curta, chegando a uma só vez ao ano durante toda a vida”, explica o professor Paulo Roberto Pirozzi. Já quando o estágio do câncer está avançado – nível em que se encontra a maioria dos casos quando diagnosticados –, Pirozzi destaca que não há como estabelecer uma porcentagem fixa de sobrevida. “Nestes casos, o desaparecimento | Agosto de 2013 35


Capa

O passo a passo do autoexame Observe as simetrias das mamas e a uniformidade na pele delas, assim como irregularidades nas regiões da aréola e do mamilo. Mantenha a coluna reta, os braços atrás da nuca e, com a ponta dos dedos, apalpe firme – mas delicadamente – as mamas em movimentos circulares, começando da parte externa superior até o mamilo. Pressione os mamilos delicadamente e fique atenta às suas secreções ou lesões, assim como nas aréolas. Faça movimentos circulares, começando nas mamas com sentido às axilas, órgão que também faz parte do tecido mamário. Deite-se, com uma toalha ou um travesseiro como apoio a um dos ombros, coloque a mão atrás da cabeça e faça movimentos circulares por toda a região da mama.

da doença irá depender de fatores variados como, por exemplo, se o tumor está localizado somente na mama ou se o seu estado passou para uma metástase que se espalha por outros órgãos.” Para auxiliar na batalha contra a doença, o Hospital da Mulher atende pacientes já diagnosticadas e também aquelas com alterações suspeitas e que necessitam de um processo cirúrgico. No espaço, as mulheres com histórico clínico voltado a fatores de risco têm direito a análise de exames físicos e procedimentos para esclarecimentos da patologia, como biópsia dirigida e ultrassonografia e mamografia complementar no ato da consulta. A paciente também recebe apoio psicológico, assistência social e avaliação por nutricionistas, fisioterapeutas, cardiologistas, enfermagem e voluntárias.

Não deixe a prevenção de lado

A fim de evitar que ainda mais pessoas descubram a doença tardiamente, vários especialistas insistem na importância da realização dos exames preventivos. Para quem já presenciou algum caso na família, o indicado é começar a prevenção pelo menos dez anos antes da idade da qual o parente descobriu a doença. Cuidar da alimentação e praticar exercícios físicos regularmente também são fortes aliados para manter-se 36

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distante dos fatores que podem levar ao tumor mamário.

Sem se abater

Mesmo com o choque emocional, a funcionária pública Maria Denise de Almeida Cano não se escondeu. Parentes, amigos, colegas de trabalho e sua única filha, à época com 9 anos, até então souberam o que estava acontecendo. “Minha filha era uma criança. Falei do problema, que era uma doença grave, e sabia que ela tinha consciência de entender o quão grave é isso. Posso dizer que nunca escondi nada.” Encaminhada ao mastologista, que fez questão de destacar que o tumor poderia ser erradicado, Maria Denise deu início às sessões de quimioterapia, um processo que interfere diretamente na autoestima da mulher. “Comecei a perder os cabelos e chorei muito por causa disso. Além do emocional, também tem a questão da saúde física. No começo fiquei frágil e passava mal”, conta. Em seguida veio a radioterapia, mais um obstáculo rumo à superação. Apesar da fase difícil e desgastante, o marido não deixava de acompanhar a esposa em cada etapa. O segundo diagnóstico de Maria veio em outubro de 1996, mas somente a quimioterapia não era suficiente para o tratamento, necessitando também da realização de um quadrante (processo em que se retira apenas a área prejudicada do órgão. “Fiquei

livre da radioterapia, porque já tinha feito isso há pouco tempo.” Passados quatro meses, a dúvida aparecia novamente: mais uma vez, durante o banho, a presença de um nódulo foi notada. A paciente foi ao médico, que pediu uma biópsia e tentou tranquilizá-la, mas, segundo ela, já sabia que o nódulo era um câncer. “Depois que veio o resultado, decidi passar pela mastectomia para viver a vida. Só em 2003 decidi fazer a reconstrução das duas mamas”, diz. Falar de doença para alguém é um assunto que, quando colocado em xeque, costuma trazer medo imediato. Para quem luta contra a enfermidade, a apreensão traz uma série de dúvidas, sendo as principais delas o risco de morte e as mudanças que o diagnóstico irá ocasionar na vida de quem muitas vezes, em um primeiro momento, se revolta e pensa que está sozinho. Para o professor Pirozzi, até o momento, o tabagismo – considerado uma porta de entrada para o tumor mamário e outros tipos de tumor – não teve nenhum estudo divulgado relacionando um fato direto com o cigarro e que comprove a afirmação. Já o uso de altas doses de hormônios, outro fator listado nas possíveis causas da doença, dificilmente apresenta riscos quando utilizado por até cinco anos consecutivos. “Acima deste período, o risco de a doença se manifestar no futuro fica mais suscetível. O primeiro caso de câncer de


mama relacionado ao uso de hormônios foi registrado fora do Brasil, com uma pessoa que utilizou substâncias por oito anos”, explica.

Sintomas

Fique de olho se durante o autoexame notar o surgimento de nódulos em qualquer parte das mamas (para saber como verificar possíveis alterações, ver boxe), mas tenha em mente que os chamados caroços não são a característica principal deste tipo de câncer. Segundo Pirozzi, os indícios de que algo pode estar errado vão além e podem ser detectados por meio de secreções transparentes ou sanguíneas expelidas espontaneamente pelos mamilos, o que, na maior parte dos casos, é constatado como um tumor benigno. A descamação amarelada também pode ser um sinal, mas muitas vezes é negligenciada por ser automaticamente relacionada como algo comum e tratado com pomadas dermatológicas. “Em casos como este, dificilmente as pacientes procuram um mastologista justamente por pensar que não é nada grave. É importante frisar que o médico da mama é o mastologista. Este conceito ainda é novo e inclusive estamos tentando convencer os próprios médicos disso, porque muitos assuntos relacionados às mamas ainda são tratados por ginecologistas e oncologistas”, argumenta. Se qualquer uma das características citadas for prontamente notada, o primeiro passo a ser dado é contatar o profissional que, por meio de um triplo diagnóstico (exame clínico, ultrassonografia e biópsia) terá condições de avaliar e informar se, de fato, os resultados finais levam ao tumor mamário. Caso o veredicto seja positivo, o mastologista se encarrega de fornecer os próximos caminhos que deverão ser tomados pela paciente.

Sinônimo de rejeição

No Brasil, a prevenção ainda não é feita por uma parcela significativa de mulheres com idade avançada por causa da vergonha de mostrar os seios ou mesmo falar sobre os sintomas que, internamente, as deixam angustiadas. “Abrir mão de se prevenir por vergonha é um dos pontos que justificam por que a maioria dos

Estimativas para o ano de 2012 de número de casos novos de câncer, por Estado* Estados

Próstata

Acre 110 Amapá 60 Amazonas 510 Pará 930 Rondônia 300 Roraima 80 Tocantins 400 Alagoas 440 Bahia 2.930 Ceará 2.110 Maranhão 900 Paraíba 940 Pernambuco 2.310 Piauí 690 Rio Grande do Norte 740 Sergipe 490 Distrito Federal 900 Goiás 2.090 Mato Grosso 1.130 Mato Grosso do Sul 1.230 Espírito Santo 1.310 Minas Gerais 6.820 Rio de Janeiro 7.580 São Paulo 15.690 Paraná 3.550 Rio Grande do Sul 4.270 Santa Catarina 1.670 Brasil 60.180

Mama Feminina 40 30 340 740 180 40 160 440 2.110 1.770 460 640 2.190 410 580 370 880 1.320 530 740 900 4.700 8.140 15.620 3.110 4.610 1.630 52.680

Colo do Traqueia, Cólon e Estômago Útero Brônquio e Reto Pulmão 40 60 600 810 110 60 180 280 1.030 850 780 320 970 370 230 220 330 750 510 430 340 1.360 2.030 2.880 770 850 380 17.540

30 30 280 430 130 30 100 180 850 840 280 240 840 220 280 160 320 800 350 390 460 2.210 3.090 6.960 2.180 4.180 1.460 27.320

20 10 190 340 60 10 60 110 930 590 200 200 710 170 240 130 510 840 270 460 570 2.730 4.440 10.980 1.840 2.680 850 30.140

40 60 320 680 110 30 60 120 880 1.050 300 340 700 150 290 110 300 570 280 330 480 1.960 2.010 5.510 1.410 1.230 770 20.090

*Números arredondados para 10 ou múltiplos de 10

casos nacionais é detectada quando já se está em nível avançado. Atualmente, os meios para detectar o câncer de mama estão mais rápidos e eficazes: tivemos o primeiro grande avanço com a quimioterapia, depois com a revolução das mamografias e ultrassonografias e, agora, com a reconstrução mamária, que inclusive foi sancionada como lei recentemente”, afirma o profissional. Apesar dos avanços medicinais e tecnológicos dos últimos anos, Pirozzi acredita que a grande dimensão continental do Brasil é outro motivo que leva ao atraso do diagnóstico e impede o crescimento do índice de sobrevida. Na percepção do especialista, é difícil se realizar um programa de rastreamento em solo brasileiro, já que nem todos os pacientes têm acesso ao exame de mamografia. “A quantidade de mamógrafos não é suficiente para atender a todas as pessoas. De quatro mil mamógrafos, 10% ou 20% deles estão quebrados, fora que faltam

também bons técnicos para operar este equipamento.”

Mastectomia preventiva: fazer ou não fazer?

A atitude da atriz Angelina Jolie abriu espaço ao debate: nos casos em que os índices de se ter um câncer forem altíssimos, a remoção total das mamas é realmente aconselhável? “A meu ver, a decisão é totalmente individual. Há profissionais que falam que isso não é necessário e que um exame rigoroso a cada seis meses pode evitar a doença, mas também há aqueles que apoiam a prática. Mesmo que o mastologista seja contra a opinião da paciente, ele deve respeitar a decisão, pois no seu consultório está um ser angustiado, que muitas vezes nem consegue dormir de tão preocupado e que prefere não correr riscos por já ter acompanhado todo o processo da doença por meio de um familiar”, explica o professor Pirozzi. | Agosto de 2013 37


Meio ambiente

Brasil tem uma das florestas mais ameaçadas do mundo Estudo listou as dez florestas do planeta que já perderam cerca de 90% das características originais. A Mata Atlântica está em quinto lugar no ranking Especial para Leia abc Thais Sabino

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desmatamento já é uma preocupação constante dos ambientalistas e lideranças governamentais de todo o mundo há anos. Mesmo assim, a situação se agrava cada vez mais. Um estudo feito pela organização Conservação Internacional avaliou as dez áreas florestais mais ameaçadas do mundo e classificou a Mata Atlântica na quinta posição: restam apenas 8% da vegetação original no território brasileiro. Os principais problemas estão associados à urbanização de São Paulo e do Rio de Janeiro. 38

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As florestas citadas na lista já perderam, pelo menos, 90% da vegetação natural, e essas áreas abrigam pelo menos 1.500 espécies de plantas que só existem ali. Segundo o levantamento, as florestas cobrem apenas 30% do planeta, fornecem alimentos para 1,6 bilhão de pessoas, possuem três quartos da água potável do planeta e cuidam do equilíbrio do ecossistema. Além da Mata Atlântica, florestas na Nova Zelândia, China, África Oriental e em Madagascar mostram devastações alarmantes.


Confira: Regiões da Indo-Birmânia (Ásia-Pacífico): Possui rios e pântanos essenciais para a preservação da vida animal. Os rios, porém, foram prejudicados pela instalação de usinas hidrelétricas e mangues foram absorvidos por interesses econômicos. A região conserva apenas 5% da vegetação natural. Nova Zelândia (Oceania): Ambiente de mamíferos, anfíbios e répteis que só podem ser encontrados na região, a caça e desmatamento colocam as espécies ameaçadas de extinção. A região tem apenas 5% do bioma local. Sunda (Indonésia, Malásia e Brunei – Ásia-Pacífico): As florestas que compõem as 17 mil ilhas equatoriais estão sendo destruídas para produção de borracha, óleo de dendê e celulose. Atualmente, resta somente 7% da vegetação original. Filipinas (Ásia-Pacífico): A região, considerada a mais rica em biodiversidade do planeta, sofre com devastações por conta das atividades madeireiras e de agricultura. Do total, 93% do território foi desmatado por interesses comerciais. Mata Atlântica (América do Sul): A urbanização de São Paulo e do Rio de Janeiro é a principal causa da devastação da Mata Atlântica em quase toda a costa brasileira, que hoje se resume a apenas 8%. A floresta foi prejudicada pelo cultivo de cana de açúcar, principalmente. Montanhas do Centro-Sul da China (Ásia): A região tem o maior número de plantas que só podem ser encontradas naquela área e é responsável por quantidade expressiva dos hídricos asiáticos. A construção de barragens para produção de energia elétrica devastou 92% da vegetação. Província Florística da Califórnia (América do Norte): Região das sequoias gigantes é também onde acontece a reprodução de aves dos Estados Unidos. A urbanização é o principal problema para o desmatamento. A vegetação se resume a 10% da quantidade original. Florestas Costeiras da África Oriental (África): Localizada em países como Quênia e Tanzânia, a vegetação sofre com o solo pobre e o crescimento demográfico, mas ainda possui grande diversidade de plantas endêmicas.

Fotos: Tatit Brandão

Madagascar e ilhas do Oceano Índico (África): Animais raros na região são comuns, porém somente 10% do habitat original resistiu ao crescimento populacional, à mineração e à extração de madeira. Florestas Afromontane (África Oriental): A agricultura é a principal ameaça na região, que conserva apenas 11% da vegetação original. As florestas possuem flora única e abrigam um dos lagos mais belos do planeta.

Mata Atlântica devastada seria o problema para cidades como São Paulo e os municípios do Grande ABC

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Educação

Questão de segu Na volta às aulas, uma preocupação: a segurança da escola é a mesma que foi apresentada no início do ano letivo?

Especial para Leia abc Mohamed Waleed

Empresas são contratadas e já trazem a infraestrutura de serviços, como profissionais treinados para combater e reagir a qualquer momento 40

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Shutterstock

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uais são os fatores que determinam a escolha de uma instituição de ensino para a educação de nossos filhos? São inúmeros, entre os quais estão: o projeto pedagógico, a formação e qualificação dos professores, a tradição, a qualidade das instalações físicas e de atividades complementares, a localização, o preço das mensalidades e, com certeza, a segurança e a infraestrutura oferecidas às pessoas que participam do processo educacional. É preciso saber qual é o critério de contratação de professores e colaboradores, qual o número de alunos por sala, se existem laboratório de informática, quadra de esporte e biblioteca, se a cantina oferece alimentos saudáveis, se a escola segue as leis de acessibilidade e como é feita a segurança patrimonial, do trabalho, das informações, de prevenção e combate a incêndios e a segurança dos alunos.

Área de segurança escolar Atualmente, na cidade de São Paulo, está em vigor a Lei nº 14.492 da Área Escolar de Segurança, que obriga a prefeitura a realizar um conjunto de ações preventivas em parceria com a comunidade escolar, para melhorar a segurança das escolas. A Polícia Militar do Estado de São Paulo possui os Programas de Ronda Escolar e Proerd e a GCM tem patrulhamento eficiente para as escolas municipais. A segurança escolar é assunto importante que deve ser tratado com professores, pais, alunos e especialistas em educação e segurança, tendo em vista reduzir o número de ocorrências, a violência e o crime em São Paulo e região. Outro aspecto importante a constatar é o denominado escudo escolar: veja o estado dos portões da escola, se existem alarmes, verifique se há câmeras de vigilância e monitoramento nos locais adequados. E é muito importante verificar se os equipamentos de prevenção e combate a incêndios foram inspecionados pelos bombeiros e se a prevenção de acidentes é uma cultura da escola, fale com o técnico de segurança da instituição. Muitos acidentes ocorrem na região de quadras, piscinas e laboratórios de física e química e estes locais devem ter normas específicas de funcionamento.


rança

Verificar é sempre bom Verifique como é contratado o transporte escolar, se está regularizado e se a documentação dos condutores e do veículo está em dia. Alguns colégios de São Paulo possuem veículos rastreados por satélite e equipes especializadas neste serviço. Estes pequenos lembretes podem fazer com que seu início de semestre letivo de 2013 seja mais tranquilo, pois nossa atenção e dos professores deve estar voltada à melhor maneira de educar os filhos. A parceria com a escola é uma aliança para que a educação escolar complemente a educação familiar.

Não existe escola perfeita, mas no início do segundo semestre, quando a reportagem de Leia ABC visitou diversos colégios nas sete cidades, ficamos atentos para a estrutura proporcionada pela escola que garanta a segurança física e pessoal dos alunos. “É preciso saber quem é o responsável pela segurança da escola e saber de sua formação e capacitação, se há um projeto de segurança, plano de segurança, plano de emergência e análise de riscos”, afirma Marcos Silva Mattos, especialista em segurança para escolas.

As escolas possuem cartilhas antifurto e radiocomunicadores para chamadas emergenciais?

Outras questões mencionadas pelo especialista dizem respeito a componentes da segurança escolar e disciplina. As pessoas estão devidamente treinadas para as suas funções de segurança amigável? Como elas se comunicam entre si, há radiocomunicação, celulares? Os pais são fundamentais no processo de efetivação de um bom modelo de segurança educacional, a fiscalização de todos determinará a diminuição de perigos e dos riscos envolvidos. Ao chegar à escola é possível verificar como é o sistema de controle de acesso e identificação e se a região onde a escola está localizada é violenta ou não. Muitas vezes, os crimes e delitos são diários e o trânsito traz riscos aos seus filhos. Verifique a quantidade de bares e lanchonetes no entorno e a presença de ambulantes.

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Esportes

Blade Runner

nascido no Brasil Paraense radicado em São Caetano, Alan Fonteles, o atleta paralímpico, quer ser a principal estrela do atletismo nas Olimpíadas de 2016

Divulgação

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Fonteles pretende disputar a Olimpíada de 2016 com próteses 42

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Redação - redacao@leiaabc.com

velocista paralímpico Alan Fonteles, que voltou do Mundial de Lyon, na França, trazendo três medalhas de ouro – nos 100 metros, 200 metros (com recorde mundial, 20s66) e 400 metros. Treinando no Centro de Treinamento do Clube de Atletismo BM&FBovespa, em São Caetano do Sul, Alan Fonteles é um dos integrantes da seleção brasileira paralímpica que utilizam a estrutura do CT do maior clube de atletismo do Brasil. “Não desistam dos seus sonhos, não fiquem em casa se lamentando, dizendo: ‘Eu não consigo, não acredito...’ E se espelhem em mim, não só em mim, mas nos outros atletas paralímpicos também”, diz Alan Fonteles, que agora vai tirar 20 dias de férias antes de retomar a preparação no atletismo. “No ano que vem, não temos muita coisa. Temos Mundial em 2015 e Olimpíada em 2016”, comenta. Alan diz que tem muitos amigos no atletismo convencional e revela um desejo: disputar o Troféu Brasil de Atletismo. “É um sonho de criança. E aqui mesmo, nos meus treinos na BM&F, onde convivo com o pessoal do atletismo, já disse que gostaria de correr um Troféu Brasil com eles”, confirma. Questionado sobre as vantagens que a prótese oferece em termos de impulsão na pista, na corrida, Alan Fonteles observa que “é um conjunto que determina o resultado, como num carro de Fórmula 1”. “Eu treino muito. Passo seis horas por dia aqui nesse centro do Clube BM&FBovespa treinando, trabalhando a saída, a corrida, todos os detalhes técnicos. A prótese sozinha não faria isso... Não é só tecnologia. É, sim, mas aliada a muito treinamento. É um conjunto”, acentua Alan Fonteles.


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A Leia ABC pergunta

Combater a fome

é prioridade Especial para Leia abc Mohamed Waleed

de governo, reduzimos o número de famílias abaixo da linha de pobreza, por intermédio dos benefícios repassados pelas políticas de assistência social aplicadas pela secretaria.

Fátima Grana, a primeira dama de Santo André, não está preocupada com títulos, mas sim em saciar a vontade de comer de muitos que não têm condições. Para tanto, o governo de seu marido está reestruturando, sob o comando da mulher, o programa de combate à fome criado em 2000.

Santo André está pronta para ajudar mais pessoas no Banco Alimentar Contra a Fome? Nosso objetivo não é quantitativo. No momento, temos a preocupação de atender às instituições cadastradas com mais qualidade, ou seja, suprindo suas necessidades e correspondendo as suas expectativas.

O que é o Banco Alimentar Contra a Fome de Santo André? Qual o objetivo principal do Banco Alimentar? Fátima Grana – O nome correto é Banco de Alimentos de Santo André. Ele foi inaugurado em novembro de 2000. A missão principal é distribuir alimentos perecíveis e não perecíveis para instituições cadastradas. O programa está em fase de reestruturação, para aperfeiçoar e ampliar os trabalhos que vinham sendo realizados nos últimos anos. Na atual gestão, o Banco está vinculado à Secretaria de Inclusão Social, que contabiliza 158 organizações cadastradas e beneficiadas com o programa. O Banco de Alimentos atende mensalmente cerca de 33 mil pessoas e instituições que produzem mais de 11 mil refeições diárias.

Divulgação

Como aceitar a destruição de alimentos quando, na mesma sociedade onde eles são produzidos, milhares de pessoas se encontram subalimentadas? Não aceitamos desperdícios. Por isso, temos na inclusão um equipamento voltado à distribuição de alimentos e utensílios de limpeza e higiene. Na cidade, também lançamos o Programa Santo André sem Miséria e, em seis meses

Como criar um Banco Alimentar? Sobre esta questão, é melhor visitar o site do Ministério de Desenvolvimento Social, que fornece as orientações necessárias. Como suportam os Bancos Alimentares as despesas de funcionamento corrente? O Banco de Alimentos de Santo André, que é o que a gente coordena, mantém convênio com o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar do Governo Federal, ligado ao Ministério de Desenvolvimento Social. Ele significa o complemento de alimentos de reposição nutricional adequada. Fora isso, temos parceiros diários e pontuais. Os diários são os sacolões e supermercados da região que repassam os produtos que não são próprios para a venda, mas adequados ao consumo. Os pontuais, seguindo a legislação, precisam escoar os produtos com aproximação do vencimento da data de validade.

A missão principal é distribuir alimentos perecíveis ou não 44

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Turismo Destino dos paulistas quando o termômetro começa a registrar baixas temperaturas, a cidade teve a melhor nota no quesito entretenimento/ vida noturna iajar a dois no frio já tem destino certo: Gramado. A cidade do Rio Grande do Sul, eleita como o lugar mais romântico do Brasil, é para lá que casais querem ir durante o inverno. O que mais chama atenção na cidade é a arquitetura, a gastronomia e o clima, sempre frio, bom para namorar. A pesquisa foi feita pelo site brasileiro ParPerfeito, rede social para solteiros deixarem de ser solteiros. Outros destinos também foram apontados pela pesquisa. Teresópolis e Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, além de cidades como Campos do Jordão, no interior de São Paulo, e Monte Verde, em Minas Gerais, também aparecem no ranking das cidades mais românticas e procuradas por casais no Brasil. Gramado é conhecida como a cidade do chocolate e do fondue e conquistou o título que pode elevar o nú-

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Especial para Leia abc Mohamed Waleed

Gramado: a cidade para namorar

Cachoeira na região sul da cidade é uma das atrações turísticas

mero de turistas apaixonadas para lá nesta época fria do ano. Ela recebeu 51% dos votos de viajantes, que preferem a cidade para namorar durante o inverno. Depois dela, Campos do Jordão, em segundo, teve 22% dos votos. Em terceiro lugar, vem Teresópolis, que ficou com 12% das escolhas. Petrópolis teve 9% das participações, enquanto Monte Verde, em Minas Gerais, recebeu 6% das menções.

Mesmo tendo a cidade como principal desejo para viajar a dois durante o inverno, a maioria dos participantes (47%) disse que o programa mais cobiçado é ficar no hotel, aproveitando o aconchego da hospedagem. Conhecer pontos turísticos e aproveitar o destino é prioridade para 23%. Os demais visitantes preferem mesmo sair do hotel, curtir os bons ares fazendo atividades ao ar livre, conhecendo lugares à noite e indo a restaurantes.

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Imóveis

Norma de desempenho Documento fixa níveis mínimos de qualidade para habitações em diversos quesitos, como acústico, térmico e de iluminação

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Dezenas de prédios novos nascem mensalmente na Grande São Paulo 48

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Redação - redacao@leiaabc.com

norma técnica ABNT NBR 15.575 – Desempenho de Edificações Habitacionais, mais conhecida como Norma de Desempenho, passou a ser exigida nacionalmente nos projetos de edifícios residenciais. O documento foi publicado há 150 dias e o intervalo entre publicação e exigibilidade serviu para adaptação do mercado. Seis partes compõem a NBR 15.575, que estabelece padrões mínimos de qualidade em estrutura, pisos internos, fachadas, paredes internas, coberturas e sistemas hidrossanitários. “Trata-se de um divisor de águas para o mercado imobiliário”, afirma Carlos Borges, vice-presidente de tecnologia e qualidade do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) e um dos coordenadores da comissão da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que deu origem ao documento há mais de dez anos. “A Norma de Desempenho procura traduzir as necessidades humanas em requisitos técnicos, como estabilidade estrutural, segurança contra incêndio, desempenho térmico, acústico, lumínico, conforto tátil e antropodinâmico, entre outros. O mais importante dela é a questão da vida útil e da qualidade no longo prazo. As responsabilidades são mais claras e rastreáveis”, destaca. Segundo o dirigente do Secovi-SP, a Norma de Desempenho define os resultados a serem atingidos pelo empreendimento durante seu uso e cria uma linguagem padrão entre todos os agentes da cadeia imobiliária: projetistas, fabricantes, arquitetos, engenheiros, construtoras, incorporadoras e consumidores. “Todos os envolvidos na cadeia produtiva têm sua cota de responsabilidade, desde a fase de con-


Se não cumpridas, exigências podem ser questionadas

cepção do projeto, sua construção e, finalmente, manutenção.” Espera-se, também, que a NBR 15.575 estimule o desenvolvimento tecnológico e a inovação na produção de novas moradias. A própria adoção da Norma de Desempenho é um dos grandes desafios do setor, de acordo com Borges. “Há uma cultura estabelecida de descumprimento e desconhecimento de normas. Isso é uma barreira que precisa ser rompida. Como a cadeia é muito pulverizada, existem muitas empresas que ainda não atentam para isso”, diz. “Terá de haver um grande trabalho dos líderes e das empresas que já são referência. O Secovi-SP e outras entidades já estão cumprindo seu papel ao divulgar a Norma de Desempenho por meio de seminários e palestras”, informa. É importante ressaltar que as normas técnicas, embora não sejam leis, têm força de lei e, portanto, o seu não cumprimento pode ser questionado judicialmente. “O Código de Defesa do Consumidor é muito claro neste aspecto e estabelece que todos os produtos comercializados no país devem atender às normas técnicas vigentes”, adiciona o vice-presidente do Secovi-SP.

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Imóveis

Até 7,0%...

...é quanto subiu o valor do metro quadrado na região do ABC. Segundo dados da pesquisa realizada pela Fipe, a alta é maior do que a inflação do mesmo período Especial para Leia abc Mohamed Waleed

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alorizou. Sim, o preço dos imóveis no ABC teve uma alta significativa. Um levantamento realizado mensalmente pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em parceira com um portal de imóveis da capital, informa que o preço médio do metro quadrado de imóveis residenciais prontos subiu de 4,5% a 6,3% no ABC de janeiro a julho deste ano. Em igual período, a inflação acumulada e medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que apura a inflação oficial do país, atingiu 3,2%. A pesquisa foi 50

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realizada com base nos anúncios de imóveis de 16 cidades no site, entre as quais três na região (Santo André, São Bernardo e São Caetano). Nestas cidades, a alta média das moradias foi de 7,3%. No acumulado dos últimos 12 meses, segundo a pesquisa, os imóveis ficaram 9,3% mais caros em São Caetano e subiram 10,5% em São Bernardo e Santo André. As principais altas no período foram verificadas em Curitiba (19,6%), no Rio de Janeiro (15,4%) e em Niterói (14,0%). Ainda segundo o levantamento, São Caetano teve, em julho, o metro quadrado mais caro da região: R$ 4.940, valor 1% superior ao do mês anterior. É a sétima mais cara entre

as 16 cidades pesquisadas. Assim, um imóvel de 70 metros quadrados no município mais valorizado do ABC supera R$ 345 mil. Em Santo André, o metro quadrado custava R$ 4.347 (aumento de 1,3% sobre junho) e em São Bernardo, R$ 4.116 (alta de 0,6% na comparação mensal). O crescimento acima da inflação no valor das moradias ocorre porque o mercado imobiliário foi contaminado pelo cenário adverso da economia brasileira, marcado por inflação alta, taxa básica de juros (Selic) em ascensão e baixo desempenho do Produto Interno Bruto (PIB). “O mercado de trabalho ainda mantém boas condições, com oferta de vagas para pessoas jovens e com


Mercado do ABC está recebendo novas construtoras

Omar Matsumoto

bom nível de escolaridade. Além disso, o crédito imobiliário segue farto e os juros, reduzidos, a despeito do recente aumento da taxa Selic”, afirma Priscila Fernandes Ribeiro, pesquisadora da Fipe. Localmente, a elevada renda per capita da população, superior à media nacional, a proximidade com a capital e os bons indicadores de qualidade de vida também contribuem para ele-

Mão de obra escassa ainda é um problema para as companhias que têm pressa na entrega

var a procura por imóveis no ABC e, com isso, pressionar os preços. “No período em que houve o anúncio de que São Caetano manteve a primeira posição no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), isso, naturalmente, atrai consumidores da capital, principalmente de bairros onde o metro quadrado é mais caro e as condições de acesso e segurança já não são tão favoráveis”, diz Priscila.

piora

A pesquisadora destaca, porém, que a expectativa é de piora no mercado de trabalho nos próximos meses, mas é difícil saber como o novo cenário vai refletir sobre o mercado imobiliário, já que não há sinalização de retenção no crédito e a inflação deve convergir para a meta do governo nos próximos meses. “Este cenário de deterioração do emprego, mas de crédito ainda farto, vai se refletir sobre a demanda e sobre o preço dos imóveis, mas é difícil prever”, afirma.

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Tech

Ciberespionagem, um mercado em ascensão Luiz Paulo Bellini Junior* bellini@awdigital.com.br

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Divulgação

ão, o título acima não é uma apologia à ciberespionagem. Não é um incentivo para que programadores se tornem hackers e atuem nesse nicho. É apenas uma realidade. É a velha prática de espionar que foi incorporada ao mundo digital. Espionar, segundo o dicionário Aurélio, é “vigiar sorrateiramente as ações, as palavras de alguém, para relatá-las a outrem ou em proveito próprio. Recolher informações e transmiti-las”. Em outras palavras, é a maneira pela qual uma pessoa obtém informações confidenciais, sem autorização daqueles espionados, organizações privadas ou governos, para alcançar certa vantagem. Tal vantagem pode ser de cunho militar, político, econômico, tecnológico, social, ou de qualquer outra natureza não autorizada. A prática de espionar é antiga. Historiadores a retratam de forma desorganizada desde a Antiguidade – tempos bíblicos. Mas o responsável pelo primeiro registro de espionagem organizada foi sir Francis Walsingham, durante o reinado da rainha Elizabeth I, no século XVI. Para quem quer saber mais sobre o assunto, vale a pena conferir A História da Espionagem, de Ernest Volkman. O período de ouro da espionagem ocorreu durante a Guerra Fria (1945 a 1991). Ocidente versus Oriente, ou melhor, CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) contra a KGB (Comitê de Segurança do Estado da antiga União Soviética). Foi nesse período que a União Soviética obteve tecnologia para desenvolver armas nucleares. O casal Rosenberg foi acusado e condenado à morte em 1953 nos EUA por transmitir à URSS os segredos para a produção da bomba atômica. Nessa época surgiu o mais famoso espião do serviço secreto britânico, MI-6, conhecido mundialmente por 007. James Bond foi criado por Ian Fleming, em 1953, primeiramente em livros de bolso. O personagem obteve tanto sucesso que é hoje a franquia mais duradoura e bem-sucedida. Para os curiosos, vale a pena visitar o International Spy Museum – que explora o ofício, a prática, a história e o papel contemporâneo da espionagem –, localizado em Washington, DC. Em Langley (Virgínia, EUA), a CIA mantém um museu sobre “o mundo da inteligência”, mas só pode ser visitado virtualmente. Não é só na relação entre nações que a espionagem é realizada de forma organizada. A cada ano empresas entram em disputas judiciais milionárias, umas contra as outras, por acusações de obtenção de informações secretas e espionagem industrial. Em 2011, a Renault demitiu três diretores por vazamento de informações sobre o projeto de carro elétrico. Em 2010, a MGA Entertainment acusou funcionários da Mattel de terem usado crachás de identificação falsos para acessar suas fábricas. Em 2009, a rede de hotéis Starwood acusou o grupo Hilton de roubar informações. Em 2008, a Petrobras enfrentou uma situação envolvendo roubo de notebooks e discos rígidos a respeito das descobertas do pré-sal. Outros casos envolvendo empresas como LG Eletronics, Philips, HP, Procter & Gamble, Unilever, Huawei e Motorola são publicamente conhecidos. Mais recentemente, Apple, Facebook, Google e Microsoft passaram a fazer parte desta lista, mas de uma maneira diferente. O caso ganhou a mídia internacional por se tratar do método mais atual de espionagem. Como foi amplamente divulgado, Edward Snowden, ex-funcionário da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA), revelou o programa de ciberespionagem americano, que monitorou informações dos usuários dos serviços das empresas supracitadas. Como esta descoberta pode ser somente a ponta de um iceberg, algumas seguradoras estão transformando a crise em oportunidade. A Allianz, maior seguradora da Europa, divulgou nota esperando lucrar com a alta demanda corporativa por seguros contra hackers e invasões pela internet. Conhecido como produtos de seguros cibernéticos, este nicho gera prêmios em torno de US$ 1,3 bilhão nos Estados Unidos. Dado o atual cenário internacional, especialistas dizem que este é um mercado com taxas de crescimento de dois dígitos. Até o espião sexagenário não resistiu. A ciberespionagem é tema central do mais recente filme de James Bond, 007, Operação Skyfall.

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Tecnologia

Fim da TV analógica está perto Governo federal antecipa para 2015 o encerramento do sistema que durou quase um século. Dilma flexibilizou desligamento que vai deixar apenas sistema digital ativo

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Redação LEIA ABC com Agência Brasil

presidente Dilma Rousseff e o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, discutiram detalhes do decreto presidencial que vai oficializar a alteração no calendário para desligamento do sinal analógico de televisão. A expectativa do ministro é que a presidente assine o decreto em breve e, com isso, o desligamento seja antecipado de 2016 para 2015. “Encontrei a presidente para fazer os ajustes finais e ver se o decreto será assinado na primeira semana de agosto. Em vez de fazer o apagão da TV analógica em uma única data, em 2016, vamos fazer escalonado, a partir de 2015, gradativamente”, disse o ministro. O desligamento vai começar em março de 2015 e vai até o final de 2018. A primeira cidade onde o desligamento será feito é Brasília, em março de 2015; seguida por São Paulo, em abril; e pelo Rio, em maio. Antes, o desligamento aconteceria de uma só vez, em junho de 2016. “Se fizer tudo em uma data só, é difícil de administrar, a demanda por aparelhos será muito grande e aumenta o risco de termos problemas”, disse o ministro. 54

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Aparelhos de televisão digital foram os eletrodomésticos mais vendidos nos últimos dois anos

Paulo Bernardo afirmou que também conversou com a presidente sobre a possibilidade de destinar algum tipo de subsídio para a população de baixa renda ter acesso a televisores digitais. “É uma possibilidade que estamos defendendo. A presidente em princípio concorda, mas mandou que discutíssemos com os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio para verificar os impactos da medida”, afirmou.

Outra possibilidade é incluir a compra de aparelhos de TV digital na linha de crédito “Caixa Móveis”, do Programa Minha Casa, Minha Vida, disse o secretário de Comunicação Eletrônica, Genildo Lins. Uma TV de 32 polegadas com um custo de R$ 800, exemplificou, financiada em 48 meses e com taxa de juros de 1% ao mês, ficaria com uma prestação entre R$ 24 e R$ 26. Genildo Lins disse que existem atualmente cerca de 30 milhões a 40 milhões de aparelhos de televisão digitais no país, mas não se pode dizer que o mesmo número de domicílios conta com TVs digitais, porque muitos deles têm mais de uma TV. Segundo dados da indústria, até meados do próximo ano serão comercializados 12 milhões de televisores, porque as vendas serão impulsionadas pela Copa do Mundo As estimativas dos técnicos são de que até 2015, o país contará com 40 milhões de domicílios com TV digital. Por isso, na conta do Ministério das Comunicações, seria necessário


Anatel pretende cobrar empresas por sinal de melhor qualidade subsidiar cerca de 8 milhões de domicílios para a compra de TV digital. Para o presidente da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV (Abert), Daniel Slaviero, a decisão do governo de flexibilizar o calendário de desligamento da TV analógica vai beneficiar a todos. “Esta diluição do prazo faz todo o sentido e conta com o nosso apoio”, afirma.

Shutterstock

Telefonia móvel

Paulo Bernardo comentou também os resultados do terceiro ciclo de avaliação dos planos de melhoria da telefonia móvel, divulgado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). De acordo com o documento, todas as prestadoras de telefonia atingiram o patamar de referência do indicador de acesso à rede de terceira

geração (3G), mas apenas uma – a Claro – atingiu esse parâmetro na segunda geração (2G). “A Anatel vai continuar cobrando das empresas, porque existe um parâmetro de qualidade que tem de ser cumprido, e as empresas têm de estar de acordo com esse parâmetro”, afirmou o ministro. Paulo Bernardo disse considerar natural que as operadoras estejam usando a infraestrutura destinada ao 2G para atingir as metas do 3G, mas criticou o fato de isso ter comprometido o serviço para os usuários da segunda geração. “A estrutura tem de ser usada mesmo. Se tem antena para 2G, não se vai pôr outra ao lado para 3G. Mas tem de funcionar as duas coisas. Não podemos aceitar que façam uma e a outra não. Elas (as operadoras que não atingiram o patamar de referência na 2G) vão ser responsabilizadas por aquilo que fizerem errado”, acrescentou o ministro.

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Moda&Beleza

Elegância sem passar frio Vista-se da cabeça aos pés com as tendências do inverno

última quinzena de julho foi marcada por temperaturas baixíssimas. Nesses dias os termômetros registravam em média 8,7°C, cujas tardes foram consideradas as mais frias em 52 anos, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Por causa do frio, sair da cama em dias assim se torna uma árdua tarefa. Para satisfazer o desejo de se manter aquecido com roupas “pesadas”, casacos, cachecol e touca para cobrir a cabeça são itens básicos para o dia a dia. Mas manter a beleza e escolher as peças certas para compor um look elegante é sempre bom. Para muitos, a primeira parte do corpo a se preocupar com o frio são os pés. É uma das mais sensíveis às sensações externas recebidas pela pele. Esqueça as sapatilhas e sandálias. Uma boa dica é optar por uma bota de cano alto, como coturno de couro ou ankle boot. Botas de cano longo, até o joelho, voltaram a ser tendência e se tornam uma boa pedida para mulheres com pernas grossas ou para as altas de pernas longas. As botas podem ser combinadas tanto com saias curtas – prefira as de tecidos grossos e cores fechadas – como com calças legging e skinny. Para as pernas não congelarem, meia calça térmica é fundamental. Já os homens podem optar por coturno ou sapato de couro e meião preto térmico. Se o trabalho exigir 56

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Fotos: Divulgação

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Especial para Leia abc Thais Sabino


Por cima, é possível usar camisa leve e, claro, casaco, que dá o tom elegante do frio. Blazers com recortes marcados nos ombros e cintura ajudam a moldar a silhueta. Os sobretudos também podem sair do guarda-roupa e são tendência para homens e mulheres. Para o público feminino, o casaco não pode cobrir totalmente a saia, a não ser que seja usado fechado, como se fosse um vestido de inverno.

traje social, os ternos de lã fria são os mais indicados. Usar diversos casacos para suportar o frio, além de causar uma aparência inflada, atrapalha consideravelmente os movimentos. Optar por blusa térmica fina de mangas compridas por baixo do look é uma boa opção. Existem modelos mais leves usados por corredores e outros de soft especiais para temperaturas negativas.

Acessórios Colares e anéis dão espaço a outros itens que agregam o visual no frio. Assim como os pés, as mãos são sensíveis às baixas temperaturas, por isso luvas esquentam e complementam visual no inverno. Prefira os modelos de couro com forro, pois se adéquam melhor ao formato das mãos e são mais elegantes. No pescoço, troque o colar por cachecol de lã ou flanela. Segundo a empresária andreense Mariah Rodrigues, “o cachecol é um acessório unissex e o que muda é o tamanho e a estampa”. Uma das peças de destaque da marca especializada em acessórios manufaturados e de outras grifes para a estação é a gola de lã, que pode ser abotoada ao redor do pescoço e tem a mesma função que um cachecol. Para este inverno, Mariah trouxe uma peça produzida no Canadá: uma touca com barba. Segundo ela, o acessório aquece cabeça e o rosto, já que tem uma barba de lã removível acoplada à touca. “Os homens acabam curtindo mais, porém a touca de barba é uma maneira irreverente de se manter aquecido no frio”, diz a designer. As boinas e gorros de tecido leve podem ser usados até com roupa social sem quebrar a elegância, completa ela.

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Bastidores

Para que serve o Ecad?

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polêmica sobre o Ecad; muita gente se pergunta o que, afinal, vem a ser essa organização que sempre promoveu discussões tão acaloradas. Bem, vamos tentar explicar o que é este órgão. O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) é um órgão brasileiro responsável pela arrecadação e distribuição dos direitos autorais das músicas executadas nas rádios, redes de televisão, shows, enfim... Todo lugar público de seus autores. Em tese, o dinheiro arrecadado seria repassado para os artistas/compositores. Justo? Sim, claro. O problema é que, em primeiro lugar, a maior parte dos artistas não recebe esse dinheiro. Mais, o artista não pode simplesmente deixar de pagar, pois, pela obviedade do fato, não irá receber. O Ecad tem poder de polícia e consegue impedir que um show aconteça, caso o produtor não tenha firmado um acordo com o órgão. Como tudo que é ruim pode ficar ainda pior. O Ecad também cobra dos bares, das padarias, de qualquer estabelecimento que resolva

Sonia Varuzza sonia@diversaoearteproducoes.com.br

deixar a vida de seus frequentadores mais agradável. Ano passado comecei a receber boleto do Ecad todos os meses. Sempre a mesma quantia: R$ 600,00. Liguei para o órgão e perguntei o que significava esse boleto. A resposta: “Aí não é uma produtora? Então... deve ter música tocando”. Após quatro telefonemas e cinco “piripaques”, consegui que retirassem a cobrança. Minha amiga, dona da melhor padaria de Guarulhos, deixou de exibir clipes divertidos porque o Ecad queria cobrar por isso. Recentemente, organizei shows com o Almir Sater em Paulínia. Como não tem agência do Ecad na cidade, precisei me entender com a filial de Campinas. Ligaram-me no dia do show exigindo que eu me apresentasse na cidade. Pedi para que o agente viesse ao show, já que esse é o trabalho dele. Minha atitude foi considerada desacato. Quando paguei os 10%, descobri que o Ecad queria 15% por conta da minha “malcriação”. Mandei o povo lamber sabão, mas, até resolver essa pendenga, artistas para os quais organizo shows e espetáculos não se apresentam na região. E aí eu pergunto: O Ecad protege quem?

Outra história

Recentemente, organizei a apresentação do espetáculo Universo Casuo em Jundiaí. Os membros do Ecad ligaram pedindo a tal da taxa. Casuo respondeu: “Olha, o cara que compôs as músicas mora na Europa e está esperando há cinco anos o primeiro pagamento. Assim que ele receber a gente paga.”. O ECAD ficou quieto. Parou de ligar, mas... “Por conta disso, foi com alegria que nós, profissionais de cultura, recebemos a notícia da multa impingida ao Ecad por, entre outras acusações, “formação de cartel”. E olha que esse órgão no Brasil é de fazer inveja a qualquer máfia internacional, porque não há escapatória para quem quer trabalhar. Tem que pagar e sempre. Mesmo quando o artista só canta suas próprias músicas. Recentemente, um compositor propôs cantar somente composições próprias. O Ecad interveio: “Mas e a gravadora? E a editora da música?”. Enfim, a papelada para liberação era tamanha que não dava tempo de recolher tudo. Pagamos. E o artista espera até hoje a devolução desse dinheiro.


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Cultura

Parceria de imagem e som São Caetano faz parceria com museu da capital para exibir obras do cinema nacional

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Redação - redacao@leiaabc.com

partir de agosto, o município será o mais novo integrante do projeto Pontos MIS, um programa do Museu da Imagem e do Som (MIS), em parceria com a Secretaria Estadual de Cultura, de circulação e difusão de filmes que visa promover a formação de público e a circulação de obras do cinema nacional e internacional. A oficialização da participação da cidade no projeto aconteceu na primeira semana de agosto, quando o prefeito Paulo Pinheiro assinou o contrato de parceria no próprio museu. O MIS entra com a programação e

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o material de divulgação e a cidade com a infraestrutura necessária (espaço adequado para as exibições, equipamentos, equipe e divulgação local). Em São Caetano, as exibições acontecerão no auditório do Cecape (rua Tapajós, 300, bairro Barcelona). Mensalmente, o MIS envia um programa de filmes diferentes para serem exibidos, na maior parte das vezes composto por um curta e um longa-metragem, acompanhado de uma atividade complementar, que pode ser um bate-papo com o diretor do filme ou uma oficina audiovisual. “Estamos muito felizes pela conquista. Conseguiremos oferecer sessões de filmes gratuitas para munícipes

e para moradores de outras cidades da nossa região e também teremos a oportunidade de promover capacitações para os profissionais do audiovisual”, afirma o secretário de Cultura de São Caetano, Jander Lira. Em agosto, serão exibidos os filmes Françoise, Vips, O Sanduíche e Dirigindo no Escuro, uma das obras mais comentadas do premiado cineasta Woody Allen (confira na página seguinte a programação completa). A parceria com o Museu da Imagem e do Som faz parte do Projeto Cine São Caetano, que visa à difusão e veiculação gratuita de filmes em diferentes pontos da cidade.


Dia 18 (domingo) Sessão 18h: Programa 1 Sessão 20h: Programa 2 Dia 25 (domingo) Sessão 18h: Programa 2 Sessão 20h: Programa 1 Dia 31 (sábado) Sessão 18h: Programa 1 Sessão 20h: Programa 2 Programa 1 Françoise - 1998, 22 min Direção: Rafael Conde Elenco: Débora Falabella e Fernando Ernesto Classificação livre Uma garota chamada Françoise. Um viajante esperando a partida. Dois solitários numa estação rodoviária. VIPs - Brasil, 2010, 95 min Direção: Toniko Melo Elenco: Wagner Moura, Arieta Corrêa, Gisele Fróes, Juliano Cazarré, Norival Rizzo, Roger Gobeth, João Francisco Tottene, Amaury Júnior e Jorge DElía

Programa 2 O Sanduíche - 2000, 12 min Direção: Jorge Furtado Elenco: Felippe Monnaco, Janaína Kramer Morra, Milene Zardo e Nelson Diniz Classificação 12 anos Os últimos momentos de um casal, a hora da separação. O fim de alguma coisa pode ser o começo de outra. Outro casal, os primeiros momentos, a hora da descoberta. Encontros, separações e um sanduíche. No cinema o sabor está nos olhos de quem vê. Dirigindo no Escuro Direção: Woody Allen, EUA, 2002, 112 min Elenco: Woody Allen, George Hamilton, Téa Leoni, Debra Messing, Mark Rydell, Treat Williams e Tiffani Thiessen Classificação 14 anos Val Waxman é um genial cineasta vencedor de dois Oscar, mas que não faz sucesso há anos. Ellie, sua ex-mulher, é a namorada do poderoso produtor de um grande filme, que indica Val para dirigi-lo. Pouco antes de começar as filmagens, ansioso com a oportunidade de voltar aos grandes dias, ele adquire uma estranha cegueira psicológica. Ajudado por um intérprete chinês e sem saber o que está fazendo, Val inicia as filmagens e engraçadas confusões começam a acontecer.

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Classificação 16 anos Marcelo não consegue conviver com sua própria identidade, o que faz com que assuma a dos outros. Assim passa a ter diversos nomes, nos mais variados meios, onde aplica seguidos golpes. Um dos mais conhecidos é quando finge ser Henrique Constantino, filho do dono de uma empresa de aviação, durante um carnaval em Recife. Na mesma ocasião, chega a ser entrevistado

no programa do apresentador Amaury Jr., que caiu na conversa do golpista. Marcelo circulou pelas altas rodas da sociedade. Foi preso diversas vezes e escapou outras tantas.

Os filmes serão exibidos ao público no auditório do Cecape

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Gastronomia

Harmonizar para entreter Vinho e comida são, há séculos, o par perfeito para reuniões e encontros

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Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

ugar aconchegante com comida e bebida que beiram à perfeição. Assim é possível entender por que o vinho caiu no gosto do brasileiro, em especial do morador do ABC. Não há estatísticas, mas sabe-se – pelos vendedores deste líquido muito consumido no inverno – que quando a coisa é boa muitos compram e não olham o preço. O negócio, a compra do vinho, vai além quando se reúne com uma boa cozinheira que prepara pratos vistosos e, sobretudo, saborosos. “O vinho Zuccardi série A branco e também tinto caiu muito bem com a fruta da região, o cambuci. Por isso, preparamos pratos que geraram uma expectativa e trouxeram o gosto da fruta em tudo que foi apresentado”, diz o restauranteur Celso Pavane, dono do Empório Divino em Santo André. A casa, um bistrô superaconchegante localizado próximo ao Paço Municipal de Santo André, não perde para nenhum lugar em nível de atendimento e, principalmente, qualidade dos pratos e ainda uma boa carta de vinhos. No evento em que a reportagem da Leia ABC compareceu, houve uma sessão de degustação com harmonização de pratos e sobremesas que literalmente deu água na boca. De entrada foi um Zuccardi série A Torrentes. E o restauranteur fala de sua experiência: “É um vinho que possui uma boa estrutura e acidez, bem como é superaromático”. Após os primeiros goles, chegou o risoto de cambuci com camarão flambado na cachaça que leva o nome da fruta. “Estava muito benfeito”, resume a funcionária pública Samantha Dean. Depois do risoto, a massa. Tortelloni de cacau recheado com vitela ao molho limão siciliano com o vinho Santa Julia Magna com os cortes de cabernet. “A elegância e estrutura com acidez equilibrada encorpado mostram a qualidade do produtor”, diz Celso Pavani. Não contente com os dois pratos, as sobremesas: creme de cambuci com licor e o cheese cake de cambuci. Tudo isso com um vinho fortificado branco da uva ziognier malamado. Celso Pavani conta que eventos como este devem acontecer ao longo do segundo semestre. “Temos uma abertura para fazer degustações de excelentes vinhos e ainda de safra maravilhosas. Vamos pensar numa nova data e mostrar para os apreciadores desta bebida que é possível conhecer e também amar o vinho.”


anĂşncio

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Harmonizar

O universo das harmonizações Celso Pavani celsopavani@ig.com.br

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partir deste mês minha coluna passa a se chamar Universo das harmonizações. Ela já fala sobre vinhos de forma descomplicada, interage, informa e dá orientações e dicas. Convido você, leitor, a ampliar seus horizontes do universo de aromas e sabores, tão ricos e presentes em nossa cultura culinária. A ideia é levar informação sobre harmonizações de vinhos, cervejas e cachaças, entre outros temas que também poderão ser sugeridos, levando os apaixonados e amantes da gastronomia a descobrir, juntos, opções que possam valorizar as bebidas ou mesmo os pratos. Esta coluna partiu de um trabalho que já realizo no meu bistrô Empório Divino, onde estou, juntamente com minha mulher Shirley, sempre harmonizando as pastas e molhos artesanais com o portfólio de mais de 500 rótulos de vinhos e de cervejas artesanais e especiais. As novas experiências e descobertas, para promover degustações e feiras e criar, em torno de cada evento, uma nova expectativa, com muitos exemplos. A Cerveja de Cambuci, Cambuça, com nosso ravióli de cacau recheado com gorgonzola e pera seca, no molho de limão siciliano e presunto Parma. Esta cerveja produzida pela primeira cervejaria artesanal de Santo André, a Summer Brews* (Suméria), uma Fruit Bier em estilo Ale. Ela manteve as características principais da fruta, como sua cor, tanicidade e acidez, que ficaram perfeitas com rústico e leve amargor do cacau e o ácido do limão siciliano. Ao falarmos de inverno na edição anterior, quando abordamos o assunto da estação mais charmosa do ano, que pede vinhos mais tânicos e alcoólicos, que promovem uma sensação de bem-estar e relaxamento, sugiro vários casamentos, e com base neste assunto inicio uma busca de uma harmonização inversa, partindo do vinho para a pasta e o molho. Até para elaborar um prato com o objetivo de suportar, e não gerar conflitos, com vinhos mais tânicos e com passagem em tonéis de carvalho. Vinhos estes que são geralmente encorpados, amadeirados e mais complexos. Com isso, nasceu o Tortelloni de cacau recheado com vitela, no molho de limão siciliano. Saboreado e aprovado em almoço com o gerente da vinícola e representante do importador, foi harmonizado com Vem Maypo Syrah Limited Edition 2008. Foi um fato inédito no ABC. Os outros exemplos foram as harmonizações de nossos pratos sazonais criados para o 10° Festival do Cambuci, risoto e creme de Cambuci (este com licor de cassis), em evento no último dia 26 de julho, também em almoço com o manager da Vinícola Zuccardi e representante da importadora, que ficou perfeito com Serie A Torrontes e Malamado Viogner, respectivamente. Novamente nosso Tortelloni de cacau, com Q Zuccardi Cabernet Sauvignon 2008 (**confira post do assunto no blog Falando sobre vinhos, Vanessa Sobral), entre tantas outras que já foram realizadas. Convido você a prestigiar minha coluna. Você vai se apaixonar pelos aromas e sabores presentes neste universo infinito de harmonização e possibilidades que os alimentos e bebidas poderão nos proporcionar. Até a edição de setembro. *http://www.youtube.com/watch?v=FE2xKjc6bFQ&feature=play er_embedded **http://falandosobrevinhos.com.br/2013/07/29/dica-da-semana-tortellini-de-cacau-no-emporio-dvino/


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Onde retirar um exemplar MAUÁ Vadão Restaurante Banca P. Itália MG Pães e Doces:

Jd. Pílar Praça Itália Jd.Haydee

Avenida Portugual, 576 R. São Silvestre na Praça Itália Av. Dom José Gaspar, 490

DIADEMA Acapulco Doceria & Buffet Churrascaria Boiadero Clube Chácara 3 irmãos Padaria Joal Santos Padaria Sabor do Pão SANTO ANDRÉ

Centro Piraporinha Centro Centro Centro

Avenida Alda, 244 Av. Piraporinha, 100 Av. Sete de Setembro, 531 Rua Manoel da Nobrega, 1222 Av. Ver. Juarez Rios de Vasconcelos, 140

Banca Benedetti Café Época CI Santo André CI Colégio Empório D’ivino Fran´s Café Fran´s Café Padaria Lider do Campestre Restaurante Garoupa Restaurante La Mazurca Super Banca

Santa Tereza Vila Assunção Campestre Vila Guiomar Vila Bastos Campestre Jardim Campestre Campestre Vila Pires Vila Bastos

Av. Dr. Alberto Benedetti, 282 Av. João Ramalho, 390 Av. D. Pedro II, 3049 Rua Silveiras, 70 Rua Dr. Messuti, 329 Av. Portugal, 1126 Rua das Figueias, 181 Rua das Figueias, 21.958 Alameda Campestre, 459 Av. Dom Pedro I, 594 Av. Lino Jardim, 1168

SÃO CAETANO DO SUL CI São Caetano Santa Paula Empório São Germano Centro Espaço Vomero Cafeteria Santa Paula Farma 100 Barcelona Fran´s Café Mauá Padaria Nova Portuense Santo Antonio Revistaria Casinha das Letras Centro Samara Pães e Doces Santa Maria São Bernardo do Campo

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