Revista Leia ABC - Novembro 2013

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Seu bolso

Os reflexos do PIB e da Selic no dia a dia

Divulgação

Marcos Cazetta Economista e especialista em finanças pessoais marcoscazetta@hotmail.com

N

o início de outubro, o Comitê de Política Monetária (Copom) realizou mais uma reunião com o objetivo de promover a manutenção da meta de inflação. A ferramenta utilizada pelo Copom para isso é a taxa Selic, ou taxa básica de juros, que é utilizada como referência para as operações em toda a economia. A lógica desta ferramenta é: o Banco Central brasileiro tem estabelecido uma meta para a taxa de inflação, que hoje é de 4,5% ao ano. No entanto, existe uma faixa de tolerância de dois pontos percentuais tanto para cima quanto para baixo da meta, ou seja, a taxa de inflação no Brasil pode variar de 2,5% a 6,5% ao ano. Quando a taxa de inflação está pressionada por uma demanda excessiva, como ocorreu nos últimos meses, o Banco Central entra em ação elevando a taxa básica de juros. Desta forma, a tendência é que o crédito fique mais caro, reduzindo (em tese) o consumo e, por consequência, a pressão existente sobre a inflação. Vale ressaltar que esta política tem efeitos colaterais. Uma vez que a elevação da taxa básica de juros tem o objetivo de reduzir o consumo na economia, o reflexo imediato é a redução do Produto Interno Bruto (PIB), que representa o quanto a economia do país produz. Diante destes fatos e teorias, nos perguntamos: meta de inflação, PIB, taxa Selic... o que o meu bolso tem a ver com isso? Mais uma vez, seu bolso tem tudo a ver com isso! Nos últimos meses, temos assistido a uma taxa de inflação pressionando o teto da meta. Por consequência, o Banco Central brasileiro vem elevando a taxa básica de juros com o objetivo de contê-la. Meu objetivo com este texto não é julgar as ações tomadas pelo governo ou pelo Banco Central brasileiro, mas sim alertar quais ações podem ser tomadas em momentos como este. Para quem está com o orçamento apertado e depende de crédito para comprar, este momento não é o mais apropriado, uma vez que, com o crédito mais caro, a tendência é pagar a mais por um determinado produto.

Por isso, a dica neste momento é frear o consumo, refazer seu orçamento e poupar parte do seu salário, pois da mesma forma que o custo do crédito ficou mais caro, a remuneração dos investimentos também subiu – claro que não na mesma proporção. Porém, para quem possui uma folga no orçamento mensal e poupa esta parte que sobra, é hora de avaliar seus investimentos. A poupança, que teve sua remuneração alterada no passado, hoje já voltou aos patamares normais, ou seja, 0,5% mais TR ao mês. Este investimento é um dos mais simples, como também um dos mais procurados, pois não tem incidência de Imposto de Renda sobre seus rendimentos, além da segurança que proporciona. No entanto, para quem busca algo mais rentável e ainda assim seguro, uma opção é o Tesouro Direto. Através de uma conta simples na corretora de seu banco, você pode aplicar neste investimento valores a partir de R$ 100,00. O Tesouro Direto são títulos emitidos pelo governo federal e, por isso, são tão seguros quanto a poupança. São divididos por letras de crédito, sendo que cada letra tem uma forma de remuneração. Algumas delas têm juros pré-fixados, ou seja, você já sabe o quanto irá ganhar com seu investimento. Outras têm juros pós-fixados, o que significa que sua remuneração será conforme a variação do mercado. Vale ressaltar que algumas letras de crédito são vinculadas ao índice de inflação, proporcionando ganhos acima da inflação e mantendo assim o valor do seu investimento no tempo. Saiba mais sobre estes investimentos no site www.tesourodireto.gov.br. Diante das dicas citadas, podemos observar que em momentos como este, quando os juros sobem para conter a inflação, a tendência é que os agentes econômicos (pessoas físicas ou jurídicas) tendem a poupar mais do que consumir. Por consequência, o crescimento econômico também é freado, motivo que leva economistas de todo o mundo a criticar o baixo crescimento da economia brasileira.


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