Revista Leia ABC - Junho 2013

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Índice

6 Entrevista 11 Editorial 14 Política 18 Economia 22 Segurança 26 Saúde 28 Cidades 34 Capa 40 Meio Ambiente 42 Educação 44 Esporte 47 A Leiaabc Pergunta 48 Turismo 53 Tecnologia 54 Moda&Beleza 56 Cultura 62 Gastronomia

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Deputado Orlando Morando diz que nova oposição é séria e mais responsável

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A tradicional av. Portugal, região nobre de Santo André, vai se transforma numa feira aberta de móveis

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Consórcio do ABC lança programa de Mobilidade Urbana integrada

Colunistas 16

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Marcos Cazetta

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Wallace Nunes 4

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Thamires Barbosa

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Patricia Bono

Sonia Varuzza

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Fauser Gustavo

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Celso Pavani


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O comportamento do ser humano quando se relaciona

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Represa Billings está mais bem preservada, dizem especialistas

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Parque do Estoril: a nova opção de lazer e descanso

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Comer de forma saudável é irresistível

A cultura do grafite está mudando a cara das ruas e avenidas | Junho de 2013 5


Entrevista

Novo retrato da oposição “O ABC precisa ter forças contrárias sempre. Assim é a democracia e o povo precisa saber disso”

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Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com .br

m plena campanha para o seu quarto mandato à Assembleia Legislativa, o deputado Orlando Morando (PSDB) afirma ser o líder de uma oposição renovada na região. “Não há espaço para políticos com pensamentos atrasados. O mundo mudou”, explica. Ele faz um balanço de seu mandato, suas alianças, sobre os rumos do PSDB no plano nacional e estadual, e diz que Aécio Neves precisa conquistar e unir o partido e que Geraldo Alckmin é favorito para ser reeleito. Numa análise sobre a região, ele começa pela cidade natal e é enfático: “O governo do prefeito Luiz Marinho (PT) deve uma explicação à população do porquê tantos atrasos nas obras que sempre pregou ser as prioridades, tais como o Hospital de Clínicas, cujo atraso beira um ano, e o centro poliesportivo.”

LeiaABC – O senador Aécio Neves, eleito presidente nacional do partido e já declarado pré-candidato em 2014, é a melhor opção para liderar o PSDB? O.M. – O Aécio Neves é hoje o que melhor se viabiliza como candidato no pleito eleitoral do ano que vem. Com maioria na executiva nacional da legenda, ele tem musculatura adquirida pela experiência política para ser candidato a presidente. Foi governador duas vezes, deputado, foi presidente da Câmara, é senador e tem um histórico. Ele percorreu um caminho que o habilita a ser candidato nas eleições de 2014. Mas isso não significa que ele é o melhor candidato a presidente para o partido.

Orlando Morando – A Linha 18-Bronze do Metrô será o diferencial. Acho que, com as obras iniciadas, a população terá convicção que é importante de ter representante da região. A Linha 18 muda a característica, valoriza, faz com que o Grande ABC mude bastante para melhor. O êxito do mandato é ver a obra iniciada. Fui relator do projeto de lei que encaminhou recursos, já que o governo do estado precisava do crivo da Assembleia para contrair os empréstimos. 6

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Fotos: Omar Matsumoto

LEIA ABC – Qual a principal conquista o senhor considera do seu terceiro mandato?

O José Serra tem um patrimônio político de respeito e isso tem que usado em 2014

LEIA ABC – Não é? O.M. – Primeiro, ele precisa unir o partido. Se isso acontecer, ele se torna o melhor candidato. Para unir o partido é preciso buscar entendimento nas regiões em que ele não tem uma ascensão política. LEIA ABC – Onde? O.M. – Por exemplo, ninguém precisa pedir voto para o Aécio em Minas [Gerais]. Mas ele precisa ter um candidato no estado dele. Tem que ter um forte apoio nas regiões Sul e Sudeste. Tem que ter apoio formal e emocional do Paraná. É preciso fortalecer o partido no Rio Grande do Sul, bem como montar um palanque importante no Rio de Janeiro e, fundamentalmente, tem que ter o apoio do (ex-governador) José Serra. LEIA ABC – E por que deveria se o ex-governador de São Paulo saiu derrotado nas últimas duas eleições? O.M. – O Serra tem um patrimônio político ativo. Mesmo sofrendo duas derrotas consecutivas, ele perdeu as eleições em pé. Não foi esmagado. Em ambas as eleições, ele perdeu no segundo turno, com uma musculatura muito forte. Ganhar ou perder é uma consequência do momento, da conjuntura de fatos e das alianças de forças políticas. LEIA ABC – E se esses fatores forem alcançados? O.M – Se o Aécio conseguir agregar esses ingredientes, aliado ao fato de que é necessário não haver uma eleição polarizada, as chances de o senador sair vitorioso serão boas.


LEIA ABC – E por que não pode haver polarização? O.M. – Se houver um confronto entre o Aécio e a Dilma [Rousseff], ele vai perder. Ela é franca favorita. No penúltimo pleito eleitoral, o segundo turno foi provocado pela Marina [Silva]. Se a Marina não estivesse na disputa, a Dilma teria ganhado a eleição no primeiro turno. É imprescindível haver mais candidaturas com potencial e com viabilidade. E, sem dúvida, num eventual segundo turno, fazer uma nova proposta para o Brasil com uma coalizão desses partidos. LEIA ABC – Chegou o momento de fazer uma nova proposta ao povo brasileiro? O.M. – Sim. O Brasil avançou e isso é inegável. Foram conquistas importantes nos últimos anos. Foi uma sucessão de grandes feitos, mas estamos, sim, num momento de discutir mudanças. Não a mudança pela simples mudança. Nós temos que discutir o que é possível ser aprimorado, que o PT não vem aprimorando na atual conjuntura, e isso impede o crescimento. LEIA ABC – Mas o cenário internacional atual não é bom. Como se sobressair? O.M. – A conjuntura internacional atual já era plenamente prevista. Sabíamos que haveria um cenário mais do que nebuloso. Mas o governo vendia otimismo. São coisas profundamente absurdas e o Brasil perde oportunidades ímpares de se destacar no cenário internacional por ineficiência. LEIA ABC – Por exemplo? O.M. – Dou dois. Na economia, não tem agenda. A Dilma trata um paciente que está com câncer com analgésicos. Para eles, só existe a política do sobe e desce juros. Na infraestrutura, há gargalos gigantes. Por que não pegar os investimentos do trem-bala, que é um projeto multibilionário, e colocar nas capitais | Junho de 2013 7


Entrevista que hoje clamam por investimentos de mobilidade urbana? Veja a questão dos aeroportos. Só agora é que eles tiveram a coragem de fazer a privatização, fato este que defendemos há pelo menos 20 anos. LEIA ABC – Mas os investimentos nos estados não têm acontecido? O.M. – Sim, mas a conta-gotas. Em São Paulo, por exemplo, é a primeira vez que o metrô vai receber recursos da União. Nunca foi colocado um centavo no metrô de São Paulo. Não é uma crítica. É apenas um apelo para que se mude a postura, para que seja possível viabilizar o fim dos problemas. LEIA ABC – Mas o governo do estado também tem enfrentado problemas. E um deles, atualmente, é a sensação de insegurança da população. Como pôr fim a esse sentimento? O.M. – Não podemos fugir de uma realidade. Não vou desenhar um cenário positivo. A sensação de insegurança é predominante. Mas garanto que Secretaria de Segurança e as polícias trabalham muito. Agora, nós temos algumas vertentes que, infelizmente, são quase um processo de enxugar gelo.

maior, por exemplo, que a do Rio ou de Belo Horizonte. LEIA ABC – Mas São Paulo é criticado por que tem falhas? O.M. – Natural. Só não podemos achar que é normal dentistas, no exercício do seu trabalho, serem queimados por R$ 30. Ou mesmo que um jovem seja morto por causa de um aparelho celular. Há problemas na sociedade atual que beiram à banalidade. LEIA ABC – Há receita para combater de forma mais eficiente? O.M. – Nós temos um Código Penal vencido e ultrapassado. Uma pesquisa da Folha de S.Paulo mostra que 93% da população defende a redução da maioridade penal. É preciso fazer um plebiscito sobre este assunto. Como foi feito com a questão do desarmamento. À época, foram colocadas as posições favoráveis e contrárias. LEIA ABC – Mas o momento, em que os nervos da população estão à flor da pele, é bom para isso? O.M. – Concordo que o momento é

LEIA ABC – Como assim? O.M. – Há problemas sociais gigantes que não se resolvem da noite para o dia. Há um intenso tráfico de drogas no estado. As polícias prendem? Sim, mas horas depois tudo está de volta. Hoje temos mais de 200 mil presos em São Paulo, a maior população carcerária do país. Isso é resultado de uma ação pesada do estado. LEIA ABC – Mas ainda não é o suficiente. O.M. – Claro que não. São Paulo é o estado da nação que mais investe em segurança pública, do reaparelhamento da frota à contratação de profissionais, delegados e policiais. As estatísticas provam que a violência em São Paulo não é 8

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Minha relação com o prefeito Luiz Marinho é puramente institucional, nada mais

complicado. Mas é preciso debater o assunto. Hoje, o menor é recrutado pelo criminoso mais velho. E é preciso ter penas mais severas. O latrocínio [roubo seguido de morte] tem uma pena mais branda do que o homicídio. Não é lúcido um país como o Brasil ter um Código Penal de quase 50 anos. O Congresso Nacional está de costas para os anseios da sociedade por não debater isso. LEIA ABC – Talvez seja isso que tenha levado o presidente do STF, Joaquim Barbosa, a fazer duras críticas ao Congresso e aos partidos políticos? O.M. – O presidente do STF é um cidadão e tem o direito de emitir opinião sobre os partidos políticos. Não concordo com a posição dele, que tem relevância porque ele é presidente do STF. Agora, existem assuntos, como as mudanças no Código Penal, que não são debatidos pela falta de vontade política, isso é fato. LEIA ABC – Voltando ao plano estadual: durante a campanha ao governo, Geraldo Alckmin enfatizou que teria um relacionamento melhor com prefeitos criando uma secretaria específica. Andou?


uma série de obras que foram paralisadas na cidade e acho que ele deve uma resposta à sociedade do porquê tanta paralisação.

O.M. – Sim, e é uma realidade. Foi criado um projeto de lei que fez nascer o Conselho da Região Metropolitana de São Paulo. O primeiro presidente foi o [ex-prefeito Gilberto] Kassab, e hoje quem dirige é o [prefeito Fernando] Haddad. Até por conta de a capital ser a maior cidade. Todos os prefeitos da região metropolitana opinaram e tudo está num processo de formatação, e colocar medidas de desenvolvimento na prática demora. LEIA ABC – Houve algum tipo de atrito político? O.M. – Não. De forma alguma. Hoje, a civilidade, mesmo na adversidade partidária, está presente. Existem pontos que unem partidos e ideologias para o bem da sociedade e da população de São Paulo. Eu vejo uma perfeita harmonia nas relações de trabalho entre o governador e as prefeituras. LEIA ABC – Mesmo com as maiores cidades sendo administradas por prefeitos do PT? O.M. – São Bernardo é um exemplo. O prefeito [Luiz] Marinho esteve no Palácio dos Bandeirantes pedindo recursos para o Hospital Municipal e o governador prontamente atendeu ao pedido e liberou R$ 20 milhões,

e vai liberar mais dinheiro. Era uma parceria que o governo estadual não tinha obrigação, pois é um hospital municipal, mas, entendendo a necessidade de aprimorar os investimentos na saúde, veio a ajuda. LEIA ABC – Como está a sua relação com o prefeito Luiz Marinho? O.M. – Institucional. Fui à prefeitura, como fiz com todos os demais prefeitos da região, fazer uma obrigação de um parlamentar e ofertar uma emenda à cidade. Ele a recebeu de pronto, mas não passou disso. LEIA ABC – E como o senhor avalia o governo dele? O.M. – A população já julgou nas urnas. Mas, se você me pedir para analisar os últimos quatro meses, eu te digo que está muito diferente do que ele propagou. E com profundo abandono em algumas áreas. LEIA ABC – Por exemplo? O.M. – Na saúde, ele inaugura obras, mas não há enfermeiros nem médicos. O hospital, que tinha uma previsão para ser inaugurado no ano passado, já tem mais de um ano de atraso. No esporte, o centro poliesportivo do antigo clube da Volks já perdeu a perspectiva de inauguração. Tem

LEIA ABC – Nos últimos tempos, o senhor tem atuado fortemente na região para consolidar seu grupo político. Os resultados estão sendo colhidos? O.M. – Sim, claro. As boas ações prevalecem. O grupo cresceu porque estamos implementando as melhores práticas de gestão pública, o que gera eficiência. Não é o poder pelo poder, mas sim pela capacidade de realizar e transformar. Por exemplo, o prefeito Kiko fez um grande governo em Rio Grande da Serra e conseguiu eleger seu sucessor. Tenho certeza de que o prefeito Lauro Michels (PV), de Diadema, fará uma grande gestão. LEIA ABC – O crescimento do seu grupo político abre margem para uma nova alternativa ao PT na região? O.M. – Sim, mas enfatizo que não posso desmitificar um partido que venceu as eleições em três cidades importantes no ABC. Seria margear o ridículo. Possivelmente, eles conseguem seduzir a população e também ter as suas marcas. Não estou aqui para dizer que tudo que o PT faz é ruim. Isso seria um radicalismo. LEIA ABC – E como está sua relação com o deputado William Dib? O.M. – Estou totalmente distante do deputado Dib, apesar de estar no mesmo partido. Não mantenho relações de mandato com ele. LEIA ABC – Mas o senhor não espera fazer um trabalho em conjunto com ele para o ano que vem? O.M. – Não. Meu candidato a deputado federal chama-se Kiko Adler. É com ele que farei a dobrada nas eleições do próximo ano. LEIA ABC – O senhor está liderando a renovação da oposição na região? O.M. – Não vou renovar. Eu estou renovado. Sou a cara desta renovação. | Junho de 2013 9


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LEIA ABC é uma publicação mensal produzida pela Editora Sustentabilidade Editorial e Cheeses Publicidade e Editora.

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Editorial

Cuidar é necessário No mês em que se debate a questão do meio ambiente, percebemos que o ser humano ainda continua depredando o planeta. Se não rever seu modo de vida com urgência e substituir as tecnologias sujas, ultrapassadas, por tecnologias limpas, vai esgotar a capacidade que a Terra tem de se regenerar. Quando ocorrem as secas, as enchentes, os deslizamentos, os terremotos e outros fenômenos naturais, estas catástrofes nada mais são do que um alerta diante da constante destruição, acentuada nos últimos tempos. O desequilíbrio ambiental, associado à ocupação irregular dos espaços, tem causado muitas mortes, prejuízos e sofrimento. O que o poder público pode fazer? O que cada um pode fazer? Cuidar do meio ambiente é, antes de mais nada, atitude. Pequenas coisas do dia a dia que, na soma de todos, fazem a diferença. Nesta edição, retratamos não apenas o meio ambiente, mas também os relacionamentos e suas diversas formas. É nossa matéria de capa. No século XXI tudo mudou. Para melhor? Uns dizem que sim, outros dizem que não. É natural o ser humano opinar, discordar e concordar. também quer saber para se educar e aplicar as práticas corretas de A questões ambientais e também de relacionamento entre as pessoas. No nosso caso, de amizade com você leitor. Por isso, pedimos que interaja. Opine, fale conosco sobre o que acha da . Nosso email para contato é: redacao@leiaabc.com, ou visite nossa página no Facebook (www.facebbok.com/revistaleiaabc) Boa leitura! | Junho de 2013 11


Mirante

Wallace Nunes wallace@leiaabc.com

Cordão dos puxa-sacos 1 O coro para que Luiz Marinho deixe a prefeitura para ser candidato ao governo do estado não passa de correligionários exaltados com a recepção que o prefeito são-bernardense recebe por onde passa. É fato que o mandatário petista tem altos índices de aceitação entre a população e também no meio político devido à imagem de prefeito realizador e conciliador. Nada mais.

Lauro Michels, prefeito de Diadema, eleito pelo PV, dá suas cartas para além dos domínios do Executivo municipal. Suas ações agora estão voltadas para o Legislativo estadual, onde a cidade tem uma representante, a também verde Regina Gonçalves. A deputada, que é líder da bancada do partido, não deve ser a escolhida do prefeito, que aposta na dobrada Morando (estadual) e Kiko Adler (federal), ambos do PSDB.

Acabou a relutância Em São Caetano, a expectativa do diretório do PT é que o partido participe efetivamente do governo de Paulo Pinheiro no ano que vem – leia-se receber cargos importantes. A aliança com os petistas foi rechaçada pelos peemedebistas durante a eleição municipal, temendo descontentamento do eleitorado. Mas, como a campanha presidencial unirá Dilma e o vice-presidente Michel Temer, do PMDB, o panorama pode ficar favorável.

Sem espaço no PSDB?

Cordão dos puxa-sacos 2 Mas a pedida dos bajuladores é forte. Tão forte que faz o ex-presidente Lula, que já bateu o martelo para lançar o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para concorrer com Geraldo Alckmin, dar declarações de que Marinho está no páreo. O prefeito de São Bernardo será, sim, apenas o coordenador-chefe da campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff na região. 12

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Fotos: Divulgação

O verde ousado

Quase dois meses após a conturbada eleição no PSDB de São Bernardo, que levou Paulo Neves à presidência, as críticas ao diretório continuam. O vereador Hiroyuki Minami disse que, pelo fato de o partido ser muito grande, ele e Juarez Ginez, o Juarez Tudo Azul, não têm seu trabalho na Câmara reconhecido. Minami descartou problema com o grupo político de Admir Ferro, que comanda o diretório, tendo Paulo Neves como presidente. Porém fez uma ressalva: “O problema é que o PSDB é um partido muito grande, que comanda o governo do estado, mas não dá importância ao fato de ter dois vereadores em São Bernardo”.

Zé Ferreira, o eterno... ...vereador petista de São Bernardo, quer entrar na briga para se eleger deputado estadual em 2014. “Chegou a hora.” Quero ser. Tenho capacidade e capilaridade. Mas ainda é cedo para confirmar a candidatura.


Enquanto isso, em Mauá... ...o superintendente da empresa de Saneamento Básico de Mauá (Sama) e ex-vereador, Átila Jacomussi, assinou sua filiação ao PCdoB e garantiu o apoio das principais lideranças da legenda a sua candidatura para deputado estadual. “Estou feliz e já me sinto em casa. Estou pronto para ser mais um soldado nesse novo projeto do PCdoB”, declarou Átila na ocasião, que disse ter pleno apoio do secretário de Igualdade Racial do prefeito Fernando Haddad, Netinho de Paula.

Salles, o articulador Os vereadores do PDT de Santo André, Ivanildo Pereira Lobo e Cosmo Rodrigues Cardoso, o Cosmo do Gás, ingressaram na base aliada. Agora, o governo de Carlos Grana (PT) conta com 13 parlamentares, desmanchando de vez o G12 – grupo de oposição da Casa. A reunião contou com a presença do prefeito e do secretário de Cultura da cidade, Raimundo Salles, que está na frente das articulações da legenda junto a Carlos Grana no município. O presidente do PDT no município, Adônis Bernardes, não esteve presente.

Clovis Volpi vai para o PTB e será candidato em 2014 Clovis Volpi, ex-prefeito de Ribeirão Pires, assinou sua filiação ao PTB na presença do presidente estadual do partido, deputado Campos Machado. A filiação marca a conclusão da aproximação de Volpi com o governo do estado, após ter aceitado ser secretário-adjunto de Esportes para trabalhar ao lado do ex-prefeito de São Caetano José Auricchio Jr. (PTB), titular da pasta. “Vínhamos falando disso há muito tempo. Converso com o Campos Machado há muitos anos”, afirmou Volpi.

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Política

Sucesso S

Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

e as reuniões do Plano Plurianual (PPA) foram um termômetro para testar os resultados do governo petista em Santo André, então é possível afirmar que está aprovado. Foi um sucesso incomum. Em todos os eventos, centenas de ansiosos moradores estiveram presentes para fazer suas reivindicações. O Plano Plurianual reúne os investimentos do poder público para os próximos quatro anos. Antes a população da cidade é ouvida para apontar prioridades de investimento. As sugestões colhidas nas reuniões são analisadas por técnicos da prefeitura, que verificam a sua viabilidade dentro dos recursos de orçamento disponíveis para o município. O projeto de lei com o PPA deverá ser encaminhado à Câmara Municipal para análise dos vereadores até o mês de agosto. “Passamos quatro anos quase que mendigando melhorias para o bairro e praticamente nada aconteceu”, reclama, mas com certo ar de alívio, o morador do bairro Oriente Carlos Maurício de Arruda. Reconhecido pelo prefeito Carlos

Participação dos moradores tem sido marcante nas plenárias pela cidade 14

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Grana na frente de todos os presentes, o ex-metalúrgico Arruda, hoje aposentado, ousou dizer à reportagem da LEIA ABC que a cidade está de volta aos eixos. “Todos os governos do PT, a partir do ex-prefeito Celso Daniel, ouviam os problemas de cada bairro e faziam obras de acordo com as necessidades de cada região. Nos últimos quatro anos isso não aconteceu, e acho que isso explica a presença de muita gente”, disse o mo-

Fotos: Diego Barros/PMSA

População participa, opina e reivindica na volta das consultas do governo de Santo André sobre os destinos das verbas do município

rador do Parque Novo Oratório. O prefeito Carlos Grana explica que o programa de governo é a base do planejamento do PPA Participativo, para os anos de 2014 a 2017, e reforçou sua intenção de incluir a população nas decisões e no pacto sobre as prioridades para a cidade de São André. “Queremos buscar a perfeição da gestão, democratizar a informação sobre a cidade e partilhar o poder de decisão com os moradores,


O público participou da plenária do PPA mesmo com o tempo chuvoso porque o pacto com a cidade é muito importante para mostrar o que é possível fazer”, diz o prefeito. Durante todo o mês de maio foram realizadas 20 plenárias e no balanço de conclusão, apresentado pelo secretário de Orçamento e Planejamento, Alberto Alves de Souza, temas como habitação, saúde e segurança estiveram na pauta das principais reivindicações dos moradores. Segundo Alves de Souza, aproximadamente sete mil pessoas participaram das plenárias. Entre os 5.805 participantes credenciados, 1.305 optaram por debater demandas de habitação, seguida de saúde (1.266), segurança (706), saneamento e meio ambiente (562) e educação (398). O orçamento da cidade para este

“ A população estava anciosa para reivindicar questões pertinentes ao seu bairro”, disse o Prefeito Grana

ano é de R$ 2,4 bilhões. Os números parecem pequenos, mas praticamente toda a população de Santo André soube das reuniões do PPA pelo simples fato de que o antecessor do prefeito petista, Aidan Ravin (PTB), sequer ouvia seus correligionários. “Não havia discussões, as reuniões eram poucas e ele sempre se furtava aos debates”, lembra um ex-secretário de seu governo, que pediu à LEIA ABC para não revelar seu nome. Político, Carlos Grana evitou críticas ferozes à administração passada, mas voltou a enfatizar o retorno do diálogo com a população. A pauta foi constantemente lembrada na disputa eleitoral do ano passado contra o ex-prefeito Aidan Ravin (2009 a 2012), que interrompeu a realização do Orçamento Participativo (OP), instrumento que é marca de gestões petistas. “A população pôde conversar com prefeito e secretários, opinar e reivindicar.” O prefeito andreense afirma ainda que os munícipes entenderam a importância de construir este processo. “Foi muito positivo. A participação do povo, que estava havia quatro anos sem poder opinar, sugerir e reivindicar, foi maravilhosa”, destaca. | Junho de 2013 15


Finanças

Divulgação

Marcos Cazetta Economista e especialista em finanças pessoais

O grande vilão do orçamento familiar

E

m um simples passeio pelas ruas do ABC, é fácil notar a quantidade de veículos novos circulando pelas ruas, além, é claro, do aumento no trânsito, o que já faz parte do dia a dia. Um dos responsáveis por esta mudança foi o aumento de crédito para a compra de veículos novos e seminovos. Os incentivos concedidos pelo governo à indústria automobilística têm ajudado a manter o mercado aquecido. Porém estes incentivos, somados à vontade de consumo das famílias, podem trazer sérias consequências ao orçamento familiar, uma vez que o custo do veículo não se resume apenas ao pagamento das parcelas de seu financiamento. As concessionárias, em parceria com os bancos, oferecem parcelas atrativas ao consumidor para aquisição de veículos novos. No entanto, qual o juro embutido nessas parcelas? Será que o orçamento daquela família comporta todos os custos complementares dessa nova compra? Para ilustrar o que acontece em

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grande parte das famílias que adquirem veículos novos, observando apenas o valor das parcelas do financiamento, podemos citar como exemplo uma família com renda líquida mensal de R$ 2.800,00. Segundo a política de crédito da maioria dos bancos e financeiras, a parcela de financiamento pode representar 30% do total da renda do tomador – neste caso o valor da parcela poderia chegar ate R$ 840,00. Neste segundo caso, para o banco, a família teria condições de adquirir um veículo popular nas seguintes condições: Preço do veículo Entrada de 20% Taxa de juros Número de parcelas Valor das parcelas

R$ 30.000,00 R$ 6.000,00 1,8% a.m. 48 R$ 750,00

Se levarmos em consideração apenas o valor da parcela do financiamento, a renda líquida da família em questão passaria a ser de R$ 2.050,00. No entanto, existem mais alguns gas-

tos que devem ser considerados para se manter um veículo, como: Gastos adicionais anuais IPVA – 4% R$ 1.200,00 Seguro R$ 2.500,00 Combustível R$ 2.400,00 Manutenção R$ 2.000,00 TOTAL R$ 8.100,00 Se dividirmos o total dos gastos adicionais anuais, teremos uma parcela mensal adicional de R$ 675,00. Desta forma, a renda líquida da família passa a ser de R$ 1.375,00, ou seja a ela terá seu orçamento comprometido em 50% pelo prazo de 48 meses para manter o novo veículo adquirido. Será que é possível manter uma despesa desta ordem por um período tão longo? Isso sem contar os gastos com moradia, alimentação, etc. Por isso, antes de realizarmos o nosso sonho de consumo, vale a pena parar, pensar e fazer algumas contas. Lembre-se de ter um orçamento familiar controlado e qualidade de vida!


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Economia

Shoppings

setoriais a céu aberto

Avenida Portugal, em Santo André, torna-se polo de móveis e decorações e rivaliza com a rua Jurubatuba, em São Bernardo, que une vocação natural a ações planejadas de estímulo ao comércio André Lima - andre@leiaabc.com

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ocalizada em uma porção privilegiada de Santo André, entre o centro da cidade e bairros de público de alta renda, a avenida Portugal se transformou em polo de empresas de móveis planejados, decoração, pisos, revestimentos, colchões, equipamentos para cozinha, entre outros produtos indispensáveis à arte de morar e viver bem, a maioria de alto padrão. Basta percorrer os cerca de mil metros de extensão da avenida para observar um verdadeiro shopping setorial a céu aberto. São 36 lojas na avenida Portugal, onde a maioria é de móveis planejados. Existem cinco especializadas em colchões e quatro dedicadas à venda de mobiliário infantil. À primeira vista, a concentração de empresas de um mesmo ramo pode parecer um contrassenso à luz da lógica concorrencial, mas a realidade é diferente. “A instalação de empresas do mesmo segmento acaba atraindo mais concorrentes para o local, na expectativa de captação dos clientes. A tendência é boa para os comerciantes, que se beneficiam por fazer parte de um polo de referência, e principalmente para os clientes, que podem ter opções variadas num só lugar”, observa Carlos Eduardo Bello, especialista em mercado imobiliário. A avenida Portugal é um fenômeno parecido com o da tradicional rua Jurubatuba, em São Bernardo, que juntas se comparam com a rua Teodoro Sampaio e a alameda Gabriel Monteiro da Silva, dois endereços da capital paulista que reluzem com produtos de alto padrão em móveis e decoração. “A avenida Portugal é o endereço mais nobre de Santo André no que diz respeito à oferta de produtos e serviços elitizados. O fato de estar próxima a um grande centro de compras ‘indoor’, o Shopping ABC, e de concentrar moradores de classe média alta em bairros, tais como a Vila Bastos, Vila Assunção e o Jardim Bela Vista, acaba por atrair empresas de alto nível”, explica Carlos Eduardo Bello.

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A maioria das lojas na avernida Portugal, em Santo André, vendem móveis de alto padrão e com extrema qualidade


Residenciais de luxo

Quem também percebeu o movimento do alto poder aquisitivo dos eventuais compradores foram as construtoras. Elas aproveitam os espaços disponíveis e relativamente mais baratos, se comparado com o metro quadrado em São Paulo, e constroem edifícios de alto padrão. “Na região nasceram diversos empreendimentos imobiliários dirigidos às classes A e B. Para a alegria dos vendedores de móveis, os compradores das casas e apartamentos aproveitam e saem para comprar armários, pisos e revestimentos”, ressalta o consultor de imóveis. Com experiência de quem já cuidou da venda ou locação de inúmeros imóveis, Eduardo Bello vai longe ao analisar o perfil dos compradores. “Certamente, a avenida Portugal está em via de se tornar a rua Oscar Freire de Santo André”, projeta o especialista em imóveis, ao se referir à via de luxo na capital paulista, reconhecida por centralizar produtos de alto custo. Bello garante que a procura por parte de empreendedores do ramo continua muito aquecida, mas a oferta de espaços é reduzida na medida em que existem poucos imóveis disponíveis. “O tempo de reocupação na avenida Portugal é muito curto.” Ele cita o caso da rua das Figueiras, no Bairro Jardim, que, embora desfrute de indicadores de renda igualmente elevados, reverteu sua ordem e se converteu num polo de bares e restaurantes com vocação para o entretenimento noturno.

A rua Jurubatuba, em São Bernardo, é um grande polo de vendas e vai continuar, só que com mais um concorrente

Sinergia

O fato de a avenida Portugal ter se transformado em polo setorial de forma espontânea, não é incompatível com ações coordenadas de estímulo. O poder público poderia aproveitar a oportunidade que se apresenta para elaborar campanhas capazes de intensificar a vinda de consumidores de outras cidades e regiões a fim de gerar mais desenvolvimento com a circulação de produtos, serviços e impostos. Neste ponto, os lojistas da avenida Portugal poderiam se inspirar nos da rua Jurubatuba. Lá, os comerciantes são-bernardenses se uniram com a prefeitura para criar ações de estímulo ao desenvolvimento econômico. A parceria garantiu a realização de quatro edições da Feira de Móveis da rua Jurubatuba. A primeira foi realizada em junho de 2011 e a mais recente teve lugar em abril deste ano. Durante os eventos, que se estendem por dez dias, em média, os mais de 70 lojistas concentrados em dois quarteirões atraem o público com exposição de móveis até na calçada. Tapetes vermelhos, flores e plantas para decoração estão no passeio público. O entretenimento para atrair mais clientes não fica apenas nisso. Shows musicais, praça de alimentação e facilidade de estacionamento são os outros chamaris. O investimento médio para fazer da rua um verdadeiro centro de compras a céu aberto gira em torno de R$ 1 milhão por evento, custeado pelas duas partes envolvidas, a prefeitura e os lojistas. “Desta cifra, parte vai para a organização e parte é utilizada em promoção e propaganda, incluindo anúncios na grande mídia”, explica Youssef Hindi, proprietário do grupo Hindi e representante dos lojistas da rua Jurubatuba. O lojista garante que o investimento compensa. Embora ele não quantifique o faturamento conjunto das mais de 70 lojas, dentro ou fora do período das feiras, Hindi relata que é possível faturar o equivalente a 30 dias normais numa só edição, isto é, três vezes mais. “Durante as feiras, cerca de 60% dos visitantes vêm de fora da região do | Junho de 2013 19


Grande ABC”, explica o empresário. Na edição mais recente, foram contabilizados mais de 60 mil visitantes.

Fortalecimento do setor

As iniciativas para o fortalecimento setorial com a prefeitura de São Bernardo não param por aí. O convênio para oferta de produtos com descontos para o funcionalismo público já se tornou realidade, e existem outras ações em fase de planejamento, comenta Yossef Hindi, sem revelar detalhes. Sobre o fato de a avenida Portugal estar se tornando – a olhos vistos – um segundo polo aglutinador de empresas e consumo semelhante ao da rua Jurubatuba, Hindi releva os potenciais efeitos. “A rua Jurubatuba é reconhecida nacionalmente por sua vocação para móveis e decorações. Aqui, as lojas têm dimensões maiores e são mais diversificadas, de modo que a avenida Portugal não representa ameaça.” Ele reconhece, entretanto, que o status privilegiado resulta, historicamente,

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de uma condição que a cidade deixou de ter: a de polo nacional de fabricação de móveis. “A fabricação migrou para o Sul e outras regiões do país, mas em relação ao comércio continuamos no topo”, considera. O próprio grupo Hindi, conta o empresário, é abastecido por produtos feitos fora do estado.

Apenas dois pontos

Em São Caetano inexiste um corredor setorial como em São Bernardo

O governo de SBC estebeleceu parceria com os lojistas para ter uma semana de liquidação, que atrai milhares de compradores

e Santo André, mas algumas das mais expressivas empresas do ramo estão localizadas na avenida Goiás, de acordo com a Associação Comercial e Industrial do município. Além das lojas de rua, o Grande ABC dispõe de três shoppings temáticos: Casa Total, localizado no km 17,5 da Via Anchieta, em São Bernardo; Lar ABC, que ocupa o pavimento superior de uma unidade do supermercado Coop instalado na avenida Pereira Barreto, em Santo André; e Emporium, na avenida Dr. Rudge Ramos, em São Bernardo. Uma análise destes centros de compras mostra que nem tudo são flores no reino dos móveis e decorações. Inaugurado em 2006, o Emporium está com os dias contados. Os administradores não atenderam ao pedido de entrevista, mas a reportagem da Leia ABC esteve o local e constatou, em conversa com funcionários, que o shopping está em fase de encerramento. A maior parte dos espaços está ociosa e parte da área interna está escura e interditada.


Direito

Reconhecimento Patricia Bono Advogada e Mestre em Direito

E

m tempos de câmeras digitais baratas e viciados em smatphones, as redes sociais foram entupidas de fotografias de boa e má qualidade. O conceito autoral da fotografia foi deixado de lado, para que fôssemos atolados com fotos de cada instante da vida de pessoas que lançam mão desse tipo de tecnologia sem muito pensar nas consequências de sua exposição. Todavia, esta mesma tecnologia na fotografia foi o que possibilitou que projetos fotográficos (coletivos ou individuais) produzidos por fotógrafos amadores e profissionais fossem expostos a mais pessoas. Um projeto fotográfico está ligado à realização de uma série de fotos que estão ligadas por um determinado conceito ou tema. Com o surgimento das redes sociais, era muito comum se encontrarem “projetos 365”, que consistem em fazer uma foto por dia sobre determinado tema. Nos últimos cinco anos também surgiram os “projetos 52 semanas”, onde o compromisso da foto semanal parece ser mais leve. E esses projetos também po-

dem ser feitos de forma coletiva. Mas a pergunta é: o que leva uma pessoa a participar de um projeto desses? Um grupo de fotógrafos se uniu, inspirados num projeto estrangeiro1 e criaram o Projeto 365 Razões para Agradecer2. Assim, além de estarem todos congregados pela fotografia, a série fotográfica representará a gratidão de cada um dos participantes por pessoas, coisas ou eventos de seu cotidiano. Pessoas ligadas pelo ato de agradecer, não só como uma representação fotográfica, mas como uma forma de reconhecer algo que lhes trouxe uma benesse e tornar isso público. É um exercício que poderíamos levar para nossa vida, independentemente de sermos ou não fotógrafos. O ato de reconhecer e agradecer por algo quase nos passa despercebido. A rotina extenuante a que nos submetemos não deixa muito espaço ou forças suficientes para agradecer detalhes ou grandes histórias. Acaba virando tudo um amontoado de coisas “para se fazer depois”. O desenvolvimento da gratidão e a expressão dela faz com que olhemos o

mundo de um modo diferente, mais parcimoniosamente. Dá o tempo que precisamos para observar particularidades que seriam esquecidas ou não registradas na nossa memória. Agradecer, por si só, já é um ato de coragem no mundo em que nos acostumamos a viver. É reconhecer uma coisa que aconteceu em nossa vida e que resultou em algo bom, que produziu sentimentos firmes de felicidade. A gratidão é, assim, uma forma de reconhecimento. Mas também é a oportunidade de reconhecermos nos outros – e em nós mesmos – o quanto somos humanos e frágeis. O quanto precisamos e merecemos o outro para viver e conviver. E, nesta toada, temos a oportunidade de encher nossa memória e nosso coração de sentimentos bons, de sorrisos fáceis, de ternura... Hoje você vai agradecer pelo quê? A quem? 1

http://365grateful.com/

https://www.facebook.com/events/-519245071444234/?fref=ts

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Segurança

Câmeras voltadas para as calçadas e vigias patrulhando os arredores beneficiam vizinhança

I

Especial para Leia abc Mohammad Waleed - redacao@leiaabc.com

A sensação de

segurança cresce

Câmeras na região

Diadema opera desde 2006 com 64 câmeras. A Prefeitura enviou projeto ao Ministério da Justiça para conseguir, a partir do próximo ano, mais 20 filmadoras. De acordo com a administração, o Centro Integrado de Videomonitoramento grava e arquiva as imagens. Em São Bernardo, neste ano foram instaladas oito câmeras e a central de videomonitoramento. Sete estão em escolas municipais na região do Alvarenga. A central também grava e arquiva as filmagens. O investimento foi de R$ 1 milhão em recurso federal. Em Santo André, 19 câmeras são utilizadas pela Secretaria de Segurança Pública Urbana e Trânsito (SSPUT). Outras 21 são pleiteadas ao Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça, para o próximo ano. Para conseguir as imagens gravadas, de acordo com a prefeitu22

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Divulgação

nvestir em segurança, especialmente em soluções de videovigilância que identificam e até intimidam a ação dos criminosos, tornou-se fundamental nos grandes centros urbanos. Desde 2001, o mercado de vigilância eletrônica cresce em média 13% ao ano no Brasil. No primeiro trimestre deste ano, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, foram registrados mais de 300 mil casos de crime ao patrimônio em todo estado. Estes números apontam para um fato alarmante: as propriedades em São Paulo estão sob o constante alvo de uma população criminosa ascendente. Uma pesquisa similar, também feita pela Secretaria de Segurança Pública, indica que câmeras e equipamentos de vigilância servem para afugentar esses criminosos, que consideram residências sem tais tecnologias presas mais fáceis.

Big brother: mercado está em alta

ra, é necessário requerimento por escrito. Em Ribeirão Pires, a instalação de câmeras está em fase de estudo. A mesma situação se encontra em Mauá. “Investir em sistemas de monitoramento que possibilitam a prevenção de roubos aumenta a confiança do cidadão, fazendo com que ele se sinta mais seguro para realizar suas atividades na rua”, afirma Gustavo Rizzo, representante da NUUO no Brasil, empresa especializada em sistemas de videovigilância. Por isso, a procura por sistemas de segurança patrimonial vem crescendo de maneira significativa. A alta se mostra em números. Somente no primeiro semestre deste ano, foram movimentados R$ 170 milhões em negócios que envolvem a compra de sistemas de monitoramento, segundo dados da Associação Brasileira de Segurança Eletrônica (Abese). A entidade mostra ainda que em 2012 as empresas que vendem esse tipo de equipamento tiveram um faturamento superior a US$ 1,96 bilhão, com crescimento de 9% em relação ao ano anterior.

Vantagens Seja para particulares ou para prefeituras, o sistema de monitoramento caiu no gosto do brasileiro. Somar forças, trabalhar em parceria e oferecer o melhor plano de segurança pública são as vantagens iniciais de uma cidade com câmeras de monitoramento. No cenário atual, desde pequenos estabelecimentos até grandes corporações precisam de soluções de monitoramento eletrônico que impeçam ações criminosas. “Um sistema inteligente, bem montado e de qualidade, possibilita a segurança e garante a continuidade dos serviços prestados por qualquer tipo de estabelecimento, seja ele de pequeno ou de grande porte”, explica Paulo Sena, consultor de segurança e tecnologia. Em 2012, o número de flagrantes aumentou quase 60%, tudo com a ajuda das câmeras de segurança, que fazem das ruas de cada cidade do ABC um “big brother” contra o crime. Paulo Sena diz que as imagens comprovam a execução do crime e, por isso, a Justiça tem utilizado com frequência essas imagens para processar os criminosos. O comandante do Policiamento da Área Metropolitana 6, coronel Mauro Ricciarelli, explica que nos próximos meses vai propor a todos os municípios da região que ao menos um policial participe das centrais de monitoramento. Ele diz que a medida não é obrigatória, mas melhora a qualificação do equipamento. “Atualmente, a PM trabalha com as centrais através de radioescuta, o que facilita o trabalho dos dois lados”, salienta o coronel.


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Saúde

Thamires Barbosa Nutricionista - tatatri@gmail.com

Comer exageradamente não ajuda

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Shutterstock

T

empos atrás, a doença nutricional com maior relevância no Brasil era a desnutrição. Tudo acontecia pela falta de alimentos que ocasionava carências de nutrientes. Porém, com o passar do tempo, ocorreu um fenômeno denominado transição nutricional, em que a desnutrição foi substituída pelo sobrepeso/obesidade. O fato pode ser explicado por avanços tecnológicos (substituição do trabalho braçal por máquinas), pela modernização, em que alimentos que antes eram consumidos in natura, frescos, agora são semiprontos, congelados, industrializados, e pela falta de atividade física. Esse déficit nutricional, que tem como causa a ingestão de alimentos industrializados, é perigoso. Grande parte desses alimentos é calórica, com alta quantidade de gorduras saturada e trans, sódio e ainda baixa quantidade de fibras. O pior é que muitos comem exageradamente, principalmente os alimentos que oferecem muitos riscos à saúde. Quanto mais se come, mais energia se ingere. E, se essa energia não é gasta, acumula-se, e isso não é benéfico à saúde. Comer muito não significa comer bem. Além do excesso de peso, que não é segredo para ninguém, também há chances de desenvolvimento de doenças como pressão alta, aumento do colesterol, diabetes e complicações cardíacas. Cada doença dessas que você desenvolve pode causar o surgimento de outra. Por exemplo, é comum pessoas obesas desenvolver diabetes, ou pessoas com problemas no coração desenvolver pressão alta. Também há a possibilidade de uma pessoa que não controla a alimentação desenvolver todas essas doenças citadas.

O problema está também no tratamento. Algumas dessas doenças, como diabetes e pressão alta, por exemplo, não têm cura, apenas se consegue controlá-las. Logo, conclui-se que é melhor prevenir do que remediar. Para prevenir o aparecimento dessas doenças é necessário manter um estilo de vida saudável. É recomendado saber quantas calorias você precisa ingerir por dia e controlar sua alimentação. Não consumir mais calorias do que é necessário. É importante também conhecer os alimentos, ler os rótulos dos produtos, consumir alimentos frescos, evitar a repetição excessiva e não aumentar a quantidade, mesmo que o alimento seja light. E alie à alimentação equilibrada atividades físicas. Faça da feira sua farmácia, do alimento seu medicamento.


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Saúde

A beleza sob risco

Farmacêuticos da Unicamp fazem pesquisa com lápis de olhos, batons e esmaltes e constatam falhas em suas fórmulas

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Mayara Pires- mayara@leiaabc.com

ma pesquisa realizada recentemente por pesquisadores da Universidade da Califórnia, na Escola de Saúde Pública de Berkeley, testaram 32 tipos de batom e gloss labial vendidos em farmácias e lojas especializadas em beleza nos Estados Unidos. O resultado é assustador: foram detectados chumbo, cromo, alumínio e outros cinco metais – em alguns produtos, com níveis que podem aumentar o risco à saúde. Por terras brasileiras, um grupo de pesquisadores do Laboratório Innovare de Biomarcadores, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), realizaram um estudo semelhante, em que o resultado foi um sinal de alerta para a qualidade de alguns produtos do mercado de cosméticos. Por questão de ética, as marcas não foram reveladas. Segundo os estudiosos da Unicamp, a indústria de cosméticos é um dos ramos mais promissores da área farmacêutica, com potencial de vendas cada vez maior em todo o mundo. Atualmente, o Brasil ocupa a terceira colocação no ranking dos maiores mercados consumidores de cosméticos do mundo. Com uma posição tão importante, a qualidade e a segurança de seus produtos devem ser observadas de perto e protocolos de fabricação devem ser seguidos à risca. O teste foi realizado em amostra de batons, esmaltes e lápis de olho comprados em lojas normais do mercado. Nove amostras de esmaltes de seis fabricantes diferentes foram adquiridas para a pesquisa.

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Esmaltes

Entre as descobertas feitas pelos pesquisadores, a constatação mais preocupante veio na análise dos esmaltes. Três das nove marcas investigadas apresentaram em sua composição o Sudam III, substância considerada potencialmente cancerígena. Os riscos à saúde estão associados com o hábito de ingestão acidental ao roer as unhas ou em atividades domésticas comuns como cozinhar. O Sudam III está presente em sua maioria nas colorações azuis e marrons. “O Sudam III é um corante bastante difundido, que foi identificado com um potencial cancerígeno por agências regulatórias internacionais. No entanto, ainda não há estudos conclusivos que comprovem a quantidade mínima necessária para oferecer risco à saúde e, por isso, não há restrições quanto a seu uso e nem mesmo uma quantidade que possa ser segura ou não para ingestão ou uso tópico”, explica Diogo Noin de Oliveira, farmacêutico responsável pela pesquisa.

Batons

Para os batons utilizados pela pesquisa, as amostras foram divididas em novos, usados e vencidos de cinco marcas compradas em diferentes farmácias e em lojas de cosméticos. As amostras em

Qualidade e segurança dos produtos devem ser observadas em todas as ocasiões

uso ou com o prazo de validade vencido foram adquiridas com a colaboração de mães, namoradas e pesquisadoras que trabalham no laboratório. Os batons analisados tinham em sua composição cera de carnaúba, óleo de rícino, lanolina, cera de abelha e outros compostos que proporcionam espessura, cremosidade e hidratação ao produto. No entanto, em um deles os pesquisadores observaram que não havia em sua composição produtos descritos na embalagem como a ceramidas, responsável pela hidratação labial. No caso dos batons usados, os componentes oxidaram, ou seja, perderam sua função antes do prazo de validade estipulado pelo próprio fabricante. “A oxidação em batons pode ser ocasionada principalmente por má conservação. Muitas mulheres, por exemplo, esquecem o produto em suas bolsas ou até mesmo no carro. A grande variação de temperatura, umidade e, muitas vezes, de luz acaba por causar danos nas moléculas hidratantes do batom. A matriz principal de composição desse produto são essencialmente ceras e óleos. Essa classe de moléculas é bastante susceptível a estas variações mencionadas, podendo oxidar e, assim, perder as características desejáveis de hidratação do produto. Isso pode causar alergias e irritações nos lábios, algo completamente indesejável e, consequentemente, perigoso”, alerta o pesquisador.

Lápis de olho

A pesquisa com os lápis de olho seguiu o mesmo critério estabelecido com os batons: novo, usado e vencido. Foram analisadas três amostras. O produto vencido mostrou substâncias que, além de irritações e alergias, po-


Pesquisadores testam cada produto durante meses antes da aprovação final que autoriza a venda ao mercado dem tornar o ambiente ocular propício para a proliferação de microrganismos causadores de infecções na região. “No caso do lápis de olho, a má conservação do produto pode levá-lo à oxidação de seus componentes químicos. Eles também derivam de matérias-primas oleosas e, portanto, estão sujeitos ao mesmo comportamento dos batons. Nesse caso, o agravante é que eles geralmente são produtos que duram bastante tempo, podendo levar anos até serem completamente con-

sumidos. Com o passar do tempo, é natural que essa oxidação/degradação ocorra. A aplicação de um produto impróprio em uma região com alta sensibilidade como os olhos pode, além da irritação e potencial à alergia, criar um local onde bactérias possam livremente proliferar-se”, detalha o farmacêutico Diogo.

Qualidade

Segundo o pesquisador, não há resultados que comprovem que a baixa

qualidade das matérias-primas utilizadas na fabricação dos produtos esteja relacionada com os resultados negativos de determinados fornecedores. “Não podemos inferir com certeza. Entretanto, nunca podemos descartar essa possibilidade. O conselho que podemos dar ao consumidor é de sempre procurar cosméticos de marcas nas quais eles confiem ou sintam-se seguros para utilizá-los. Na dúvida, gaste um pouco mais e garanta a qualidade”, recomenda. | Junho de 2013 27


Cidades

Foto: Mรกrio Cortivo

De olho na

bomba 28

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“Não basta ter um veículo, é preciso cuidar para não ter problemas”, Henry Ford, 1923 Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

O

brasileiro é apaixonado por carros. Isso é fato. Com o sobe e desce da economia e a consequente melhora da qualidade de vida, mais pessoas estão comprando automóveis por causa da facilidade do financiamento. Mas não basta comprar, é preciso cuidar. Checagem periódica das condições do motor, a troca de óleo regularmente e cuidados ao abastecer são questões essenciais que devem sempre ter a atenção do proprietário. A garantia, entretanto, deve ser redobrada quando o assunto é encher o tanque. Nos últimos anos, cresceu o número de automóveis e motos com avarias no motor por causa da adulteração de combustível. Mas agora o que está na moda é a adulteração da própria bomba do posto. Nesses casos, a máquina é alterada por controle remoto por uma pessoa da confiança do dono do posto. Geralmente, a medida maliciosa é feita pelo gerente ou pelo frentista, a bomba de combustível reduz vazão apesar de contabilizar no painel a quantidade que o cliente imagina que entrou no tanque do automóvel. Com esse apoio tecnológico, fica quase impossível descobrir a alteração da bomba pelos meios normais. O crime é moderno, pois se vale de tecnologia para burlar eventuais fiscalizações dos órgãos reguladores. Muitos donos dos postos que cometem a adulteração sabem que, sempre que há algum tipo de fiscalização, ou algum cliente desconfiado, pede para que a bomba seja aferida na sua presença. Quando ocorre isso, o mecanismo é acionado remotamente e passa a funcionar adequadamente. Em São Paulo, a equipe de fiscais do Procon chegou a encontrar postos que, a cada 20 litros indicados

na bomba, eram colocados na verdade 16,5 litros. “Além da qualidade, existe a questão da quantidade. A defasagem chega a ser de 18% a menos de combustível”, alerta o diretor de fiscalização do Procon de São Paulo, Paulo Goes. Neste caso o consumidor fica numa situação difícil, pois não tem como identificar esse tipo de fraude facilmente. “Ainda assim, recomenda-se que o motorista saia do carro e confira se a bomba está zerada antes de abastecer

Preço baixo, desconfie “Nos dias atuais, os preços corretos são: álcool a R$ 1,79 o litro e gasolina a R$ 2,69, o litro. Trinta centavos abaixo desses valores, não abasteça, porque tem algum problema”, explica o presidente do Regran , José Antonio Gonzalez Garcia. Para ele, há muita falcatrua de donos de postos que não são filiados ao sindicato. Mas, para a surpresa, mesmo alguns filiados cometem adulterações. “Quando menos imaginamos, percebemos irregularidades com algum posto”, continua. O presidente do Regran destaca ainda que a fiscalização deveria aumentar, mas sabe que, pela falta de material humano, não pode haver mais fechamentos de postos com combustível adulterado. “É um problema crônico, sendo que a maioria dos proprietários de veículos não entende e acaba generalizando os donos de postos de combustíveis. Não pode ser assim”, explica Garcia. Pedir para que os funcionários do posto faça o teste da proveta, que analisa a quantidade de álcool que foi adicionado à gasolina é importante, se houver tempo para tal. É obrigação dos postos ter o kit para fazer o teste, e um direito do consumidor pedi-lo, informa Paulo Goes, o diretor do Procon. “Evite abastecer o carro em postos sem bandeira. Não que eles necessariamente ofereçam gasolina adulterada, mas durante a operação de caça à adulteração, a maioria dos postos autuados não tinha bandeira. O site da Secretaria da Fazenda (www.fazenda. sp.gov.br) disponibiliza a lista de postos autuados na operação “De Olho na Bomba”. Vale a pena conferir se o lugar onde você abastece o carro é um posto tão confiável quanto se imagina.

o tanque, evitando pagar pela gasolina que não vai ser colocada no automóvel. Outra dica importante é estabelecer uma relação de fidelidade com o posto em que você abastece”, indica o presidente do Sindicato do Comercio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMRR (Regran), José Antonio Gonzalez Garcia.

Misturas

A prática antiga, a adição de substâncias estranhas à composição básica da gasolina, do álcool ou do diesel, ainda não caiu em desuso. Alguns proprietários de postos no ABC têm feito essas misturas que podem desgastar ou mesmo danificar motores muito mais rapidamente. “Por alguns meses abasteci meu carro flex com etanol no mesmo posto a um valor, R$ 1,64 o litro, que considerava ideal. Me enganei e tomei um grande prejuízo”, conta o comerciante Aurélio Marcos Pereira, que mora em Mauá, mas sempre abastecia seu veículo em Santo André. Revoltado com a situação por ter gasto R$ 3 mil para refazer o motor, o comerciante pretende processar o posto no qual abastecia. “Confiei e paguei o preço por querer abastecer com combustível barato. Já sinto que meu carro com dois anos de uso não é a mesma coisa”, comenta. O uso de combustível adulterado provoca danos aos motores e faz com que os consumidores gastem, por ano, em consertos, algo em torno de R$ 170 milhões, segundo dados do Sincopetro, o sindicato dos donos de postos de combustíveis de São Paulo.

Qualidade

É fácil perceber quando o combustível está fora das normas, porque o motor “reage” a uma gasolina ruim. O rendimento cai, há falhas no funcionamento e o consumo aumenta. Ao queimar gasolina ou álcool adulterado, o motor cria resíduos que aderem às sedes das válvulas de admissão e à parede da câmara de combustão. Isso causa um desgaste prematuro dos componentes internos | Junho de 2013 29


do motor e carburador, aumentando a emissão de poluentes. Na teoria, toda gasolina deve obedecer a padrões mínimos de qualidade estabelecidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Atualmente, a ANP permite que a gasolina tenha 25% de álcool em sua composição. “Nas operações, encontramos postos que continham até 75% de álcool em sua gasolina. Na verdade, em vez de ser álcool na gasolina, era gasolina no álcool.”, conta o diretor-geral da ANP, José Gutman. Outro método de adulteração do combustível é acrescentar solvente à gasolina. Foi o que aconteceu com Alcides Alves Soares, técnico administrativo. Pouco antes de fazer uma viagem de 450 quilômetros, o funcionário abasteceu seu veículo VW Gol num posto de bandeira desconhecida no ABCD. “Percebi que o desempenho do carro piorou e passei a viagem inteira sentindo um cheiro muito forte de solvente no carro”, conta. Infelizmente, pessoas inescrupulosas buscam o lucro fácil com práticas que podem avariar os veículos e a saúde das pessoas, já que a adulteração pode aumentar a emissão de poluentes. Segundo Francisco Nigro, professor da Escola Politécnica e diretortécnico do IPT, a gasolina que contém sujeiras pode estragar o catalisador, corroer a parte metálica, prejudicar a bomba de combustível, entre outros prejuízos. “É bom ficar atento porque alguns problemas no automóvel podem indicar gasolina ruim. Em carros mais velhos, o excesso de álcool na gasolina faz o carro falhar e, no caso de solvente, pode atrapalhar na hora da partida do automóvel”, observa.

Problema crônico

A adulteração do combustível é algo que não nasceu “da noite para o dia”. Tudo começou com a desregulamentação do setor há pouco mais de nove anos. Antes, existiam apenas 11 distribuidoras. O mercado expandiu e o número de distribuidoras alcançou 424, no ano de 2007. Hoje existem 250. Este 30

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Mário Cortivo

Cidades

Muitos não conferem a bomba processo de “desregularização” provocou três ondas: sonegação, adulteração e, agora, a da clonagem de marcas ou de bandeiras ou de bandeira branca. No ABCD, a fiscalização contra postos de combustíveis suspeitos de adulterar combustível esta sendo rigorosa, porque nos últimos anos todas as sete cidades têm algum caso comprovado de empresários que querem ganhar dinheiro fácil praticando a adulteração. No mês de maio, a Secretaria da Fazenda de São Paulo, por meio da

Segundo dados do Regran, a região tem muitos donos de postos que deixaram de adulterar combustíveis

Delegacia Regional Tributária do ABC, cassou a inscrição estadual de três postos de combustíveis. Mas o problema não se resume a apenas três postos. Nos últimos dez anos, segundo o órgão regulador por meio do programa “De olho na Bomba”, mais de 50 estabelecimentos tiveram a inscrição cassada pela DRT por apresentarem produtos fora dos padrões estabelecidos pela ANP. Segundo o chefe da Diretoria Executiva da Administração Tributária (Deat), que responde por todas as DRT do estado, José Clovis Cabrera, as fraudes continuam, mas a intensificação da fiscalização e do rigor da nova legislação vai diminuir. “A Lei 11.929, de 12 de abril de 2005, pune de maneira única. A licença é cassada e proprietários não podem atuar no ramo durante cinco anos”, explica. No entanto, a rigidez contra os adulteradores deve aumentar. Está em tramitação na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 517/11, que torna mais rígida a punição para postos de gasolina que adulterarem combustíveis. A lei atual determina pena de um a cinco anos de detenção para quem compra, vende ou revende derivados de petróleo ou gás em desacordo com as normas legais. Se aprovada, a nova medida vai punir o adulterador com pena de reclusão de dois a seis anos, além de multa. “O projeto vai desestimular uma prática grave que prejudica principalmente a camada mais pobre da população, que não tem como arcar com os danos causados aos automóveis”, diz o autor, deputado Aloizio Santos(PV-RJ). O prejuízo diário causado com a adulteração de combustíveis no país chega a valores em torno de R$ 1 bilhão, sendo que a sonegação, no mesmo mercado, chega a mais de R$ 1 bilhão. Somados esses valores a outras fraudes menores (R$ 600 milhões), chega-se à bagatela de R$ 2,6 bilhões por dia, em todo o Brasil. Os dados são da Agencia Nacional do Petróleo.


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Cidades

Mobilidade urbana

integrada

Consórcio Intermunicipal do ABC apresenta Plano de Investimentos em Mobilidade Urbana integrado na região do Grande ABC. Para a ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, a liberação das verbas, que totalizam R$ 8 bilhões, faz parte do conjunto de obras do PAC e deve ser aprovada por Dilma Rousseff

bras estruturais que envolvem o sistema viário das sete cidades da região do ABC e a gestão de tráfego, que inclui controle semafórico e uma central de monitoramento, fazem parte da proposta apresentada pelo Consórcio Intermunicipal do ABC para que haja uma unificação dos serviços que contemplam a mobilidade urbana na região. A mobilidade urbana tem por objetivo promover a articulação das políticas de transporte, trânsito e acessibilidade para proporcionar o acesso ao espaço devido de forma segura, socialmente inclusiva e sustentável. A medida também prioriza a implementação de sistemas de transporte coletivo, dos meios não motorizados (pedestres e ciclistas), da integração entre diversas modalidades de transporte, bem como a implementação de conceito acessibilidade universal para garantir a mobilidade de idosos, pessoas com deficiências ou restrição de mobilidade. Ao todo foram criadas 163 demandas de obras em todo o ABC, compostas por intervenções locais, municipais ou regionais apontadas pelas prefeituras como necessárias. O plano integrado de mobilidade urbana terá 16 eixos construtores principais e o valor total do projeto está orçado em R$ 8 bilhões, mas na fase inicial serão gastos R$ 2,7 milhões para implantação de estudos e detalhamento de projetos. O documento foi discutido em mar32

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ço e colocado no papel no mês passado para ser apresentado à ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, cujo papel será o de avalizar e disponibilizar o dinheiro na empreitada. De acordo com a coordenadora do Grupo de Trabalho Mobilidade do Consórcio, Andrea Brisida, os municípios

também pretendem solicitar ao governo o adiantamento de R$ 147 milhões (embutidos no orçamento de R$ 8 bilhões) para a elaboração de todo o Plano de Investimentos em Mobilidade. Nas sete cidades, a maioria das obras de mobilidade previstas no projeto deverá se concentrar nas principais cidades, devido à sua importância de desenvolvimento regional e também pela prioridade para amenizar, por exemplo, questões do tráfego.

Obras urgentes

Fotos: Divulgação

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Especial para Leia abc Mohammad Waleed - redacao@leiaabc.com

Professor Crésio Peixoto diz que a solução a curto prazo é unificar os planos para que não haja caos, por exemplo, no transporte

Nas obras de urgência estão seis eixos: Corredor Sudeste (com dois trechos que ligam São Caetano a Santo André; e Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra); Corredor Piraporinha/Lucas Nogueira Garcez e Pereira Barreto; Corredor Ligação Leste-Oeste (que cruza Diadema, São Bernardo e Santo André); Corredor Guido Aliberti/Lauro Gomes e Taioca; Corredor Alvarenga/Robert Kennedy e Ribeirão dos Couros e Corredor Santo André Norte. Em cada um deles há uma série de intervenções previstas. Por exemplo, no Corredor Sudeste o projeto especifica a realização de obras de construção de um viaduto de acesso à General Motors (GM), a construção de uma ponte para acesso à avenida Guido Aliberti e a duplicação da avenida Industrial. Ainda de acordo com a coordenadora do consórcio para o assunto, Andrea Brisida, não há estimativas em relação ao tempo para que as obras sejam concluídas. “Isso dependerá dos tipos de inter-


Ciclofaixas

Congestionamentos nas ruas e avenidas são diários e só crescem venções necessárias, mas a ideia é iniciar a primeira obra já neste ano com a liberação dos recursos por parte da União”, explica. Creso de Franco Peixoto, engenheiro civil, mestre em transportes e professor do curso de engenharia civil da FEI, afirma que um projeto como este chega num bom momento, pois todas as cidades do ABC têm uma deficiência do ponto de vista metropolitano. “Por exemplo, São Bernardo, no passado, foi chamada de ‘jogo da velha’, por ter rodovias que cortam o município de ponta a ponta e que se cruzam em alguns momentos. Junto com o Rodoanel, esse aspecto auxilia em um tráfego um pouco melhor.” Ele diz que São Caetano é outro exemplo. “É uma cidade que não tem mais zonal rural e tem um índice altíssimo de motorização, mais de um veículo por habitante. Apesar de ser muito bem desenvolvida em vários aspectos, é uma cidade que tem prenúncios de que terá ainda mais dificuldade de trânsito”, completa.

O projeto também contempla a criação de rotas de ciclofaixas nas sete cidades. No total, serão construídos 52,2 quilômetros de vias em toda a região – atualmente existem cinco quilômetros. A estimativa de custo de implantação do projeto gira em torno de R$ 3,6 milhões (gasto médio de R$ 69,86 por metro de ciclofaixa). Os custos totais de operação somam R$ 784.566,00 por mês, sendo que as prefeituras deverão arcar com R$ 290.754,00, enquanto as empresas terceirizadas despenderão R$ 493.812,00. Em Santo André, o percurso ligará o Parque Celso Daniel, no bairro Jardim, ao Parque Central, na Vila Assunção, totalizando sete quilômetros. Segundo Andrea Brisida, o secretário andreense de Obras e Serviços Públicos, Paulinho Serra, sugeriu a extensão da faixa até a avenida Industrial. Já em São Bernardo, 13 quilômetros estão previstos com as rotas fixadas nas avenidas Robert Kennedy (ligando a avenida João Firmino à avenida Piraporinha) e Aldino Pinotti até a avenida Lauro Gomes. No município administrado por Paulo Pinheiro (PMDB), estão previstos 13 quilômetros de ciclofaixas de lazer. Serão duas rotas: da avenida Goiás até a rua Alegre e na avenida Guido Aliberti. A estimativa em Diadema é de que as rotas de ciclofaixas totalizem 9,5 quilômetros. A cidade já possui a ciclofaixa na avenida Luis Carlos Prestes, próxima ao bairro Taboão. O consórcio projeta a montagem de uma segunda via na avenida Ulisses Guimarães. Em Mauá, cerca de 5 quilômetros de faixa foram projetados na avenida Portugal e na rua Antonio R. Fioravanti, no entorno do shopping da região do Jardim Rosina. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra somam 2,7 quilômetros e 2 quilômetros de faixas, respectivamente, sendo que, na primeira cidade, já existe a rota da avenida Brasil. . Os projetos Travessia Segura e o aluguel de bicicletas não foram discutidos nesta assembleia. O consórcio também realizou a entrega simbólica de 12 pluviômetros às cidades de Mauá, São Bernardo e Diadema. | Junho de 2013 33


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O inegável avanço do relacionamento Homens e mulheres se beneficiaram com o tempo. Nos dias atuais a liberdade e o individualismo predominam Mayara Pires e Shayane Servilha - redacao@leiaabc.com

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elacionar-se significa basicamente conviver com pessoas com as quais mantemos relação ou intimidade, e representa o elemento nutriente das relações humanas. O ser humano é constituído, em sua estrutura emocional, para relacionar-se com o outro, a fim de ampliar seu conhecimento, interagir, viver em dupla e multiplicar-se sobre a face da Terra. Segundo especialistas em comportamento, um dos propósitos da vida é o de relacionar-se. São três as formas de relacionamento humano. O íntimo, no qual as pessoas expõem-se entre si em suas intimidades recíprocas; o distante, em que as pessoas intencionalmente evitam maiores aproximações que permitam a invasão de suas intimidades; e o formal, em que as pessoas cumprem papéis impostos pelo momento ou por sua função que, sem ser distante, não chega a ser íntimo. “Como o próprio nome diz, é o relacionamento que mostra ao outro o que ele quer a longo prazo. É o amor que tem o afeto, companheirismo, a alegria de estar junto e é um processo mais natural. Apesar de parecer simples, é o amor mais difícil de ser encontrado nas relações de hoje ”, diz a psicóloga Madalena Redher. Observa-se, como o mais comum, 34

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o terceiro tipo, já que este não inclui comprometimento e facilmente é possível se libertar, quando incomodados. “É um amor para conhecer o outro. Eles sabem que querem apenas ficar e vai renovando sempre com diferentes pessoas. Mas é um relacionamento em que é necessário ter maturidade para não sofrer. O contrato dessa relação é necessário através de muito diálogo”, aconselha a psicóloga.

Outros tipos de relacionamento

Além destes, há vários tipos de relacionamentos, tais como: o profissional, o familiar, o comercial, o eclesiástico, o conjugal, o sexual, o fraternal, entre outros. Podemos ter um ou mais tipos de relacionamento durante nossas vidas; pelo menos três tipos deve-se procurar ter, para que se mantenha uma vida emocionalmente saudável. Segundo a antropóloga e professora da Unip Sonia Kemp, devemos essa condição aos nossos ancestrais, que há milhões de anos desenvolveram a capacidade de se adaptar a novos ambientes para vencer predadores mais fortes e velozes com armas sociais que os fizeram imbatíveis: a comunicação, a cooperação, a capacidade de estabelecer regras de convívio coletivo. “Tudo isso só foi possível uma vez que o comportamento humano, diferentemente de outras espécies que vivem coletivamente, foi orientado pela cultura, em vez do instinto.” A antropóloga explica ainda que nenhum de nossos padrões de comportamento coletivo é herdado geneticamente, eles são adquiridos. “E, para isso, dependemos do convívio com o meio

social. Quando nascemos, não temos tendências naturais em relação à crença, bem como a qualquer tipo de alimentação. Tudo em nossa vida coletiva, desde a língua com a qual nos comunicamos, os hábitos rotineiros de alimentação e vestuário, nossa noção de moral, enfim, tudo o que compartilhamos ao viver em sociedade e que podemos observar que se repete na maioria dos indivíduos de nosso grupo, é resultado de um processo de aprendizagem da cultura.

Pressão

Os relacionamentos nos dias atuais estão sob extrema pressão, entraram em crise e ninguém mais consegue esconder suas frustrações e decepções, sejam homens ou mulheres, diante de tamanho desamor, falta de respeito, egoísmo, ausência de diálogo e cumplicidade, descaso e indiferença entre seus parceiros. Talvez seja porque hoje em dia a grande maioria das pessoas esteja se aproximando umas das outras pela necessidade de se ter alguém que possa preencher o espaço vazio que existe em suas vidas, e não para compartilharem experiências através do crescimento individual. É incrível como o ser humano perde a capacidade de se expressar e de se comunicar. “A dificuldade é tanta que o que deveria ser algo natural está ficando cada vez mais ausente em cada um de nós, chegando ao ponto de as pessoas se privarem de conviver com outros indivíduos”, ressalta a psicóloga Sonia Kemp. Ela continua: “O que parece é que estamos mais confusos e com dificuldade em manter um relacionamento mais profundo, com bases sólidas e verdadeiras”.


Amor em um click Fernando Cauê Silva, 24 anos, e Rafaella Derraik, 20 anos História

Juntos há seis anos, desde os tempos de colégio, o casal tem um gosto em comum: a fotografia. “Nós começamos na profissão ao mesmo tempo. Trabalhávamos em bufê de festas, até que ela conseguiu um emprego num estúdio de fotografia com edição de vídeos e tratamento de imagens. Através dela, trabalhei lá também por um tempo como freelance”, conta Fernando. Depois de algum tempo trabalhando como funcionários, o casal decidiu apostar numa nova empreitada e montar o próprio estúdio. “A ideia foi nossa. Como trabalhávamos em outros estúdios, tínhamos o sonho de ganhar dinheiro com o que gostamos. Hoje, ela cobre eventos para uma empresa, e nos fins de semana trabalhamos juntos. Às vezes, acabamos brigando, porque temos pontos de vista diferentes, mas nada de grave ou que atrapalhe nosso serviço. Sabemos separar as coisas”, explica Fernando. A paixão por fotografia é tanta que os dois tatuaram uma câmera fotográfica no corpo. “Sem dúvida, a fotografia é uma paixão que temos em comum e que não podemos esquecer que nos uniu. Graças à fotografia e ao nosso amor, estamos juntos até hoje. Somos compreensivos um com o outro e, por isso, nos entendemos tão bem. Pretendemos casar em breve, isso já está nos nossos planos há tempos. E continuar nossa carreira com o que protagonizou nossa união ficará registrado para sempre: a fotografia”, conclui.

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Amor desbravador

Fernanda Guarnieri e João Yabuki, ambos com 25 anos História

Foi pelo jeito princesa de andar que a bailarina clássica e agente de reservas Fernanda conquistou o coração do namorado João. “Conheci a Fernanda nessa empresa de companhia área em que trabalhamos. Quando fomos contratados, fizemos o treinamento do sistema juntos, e ela me despertou pelo jeito princesinha de andar e pelos olhos bonitos que ela tem”, conta João. Quando o relacionamento deixou de ser paquera e virou namoro, o assunto ficou mais sério e preocupante. Na época, os dois eram novos e não sabiam como encarar essa situação perante os chefes e demais gestores do setor numa empresa que sempre priorizou manter as tradições conservadoras em um ambiente de trabalho e negócios. “No começo foi bem complicado, porque nós já sabíamos que a empresa tinha certas restrições quanto ao relacionamento de funcionários. Hoje, por exemplo, eu sei que não posso assumir cargo de chefia, desde que ela esteja na mesma equipe que eu e vice-versa. No entanto, não

vemos isso como um empecilho para tentar plano de carreira. Muito pelo contrário, sempre deixamos bem claro em todos os processos seletivos internos pelos quais passamos que lá dentro não somos namorados, somos apenas colegas de trabalho como qualquer outro funcionário”, esclarece Yabuki. Por trabalharem em companhia área, os dois estão acostumados a viajar muito e, por isso, estão sempre prontos para qualquer roteiro de viagem, desde o mais simples como um bate e volta à praia até um mochilão pela Europa. “Adoramos viajar. Temos isso em comum. Gostamos de conhecer lugares, gastronomia e culturas diferentes. A qualidade que eu mais gosto na Fernanda é que ela topa tudo. Ela topa qualquer aventura, pode ser uma viagem a pé até a China, eu sei que ela vai comigo. Ela sabe mais do que ninguém de como sofremos para conciliar quinze dias de férias e, por isso, aproveitamos até o último segundo. Minhas viagens não são mais as mesmas sem ela”, conta o namorado.

Amor vapt vupt

Douglas Custódio, 27 anos, e Marcia Rae, 26 anos

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Douglas Custódio é brasileiro, bacharel em ciências da computação, e a americana Marcia Rae é assistente de reabilitações para pessoas que sofreram algum tipo de trauma físico. Apesar de as profissões não serem nada parecidas, uma coisa eles têm em comum: são rápidos e diretos. Ao se conhecer, o casal economizou tempo entre o processo de namorar, casar e ter filhos. No caso deles, demorou apenas três anos para tudo isso acontecer, mas engana-se quem pensa que não foi planejado. Muito pelo contrário. Tudo começou quando o brasileiro, que é da religião mórmon (de origem americana, mórmon é um apelido dado às pessoas que são membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias – são consideradas mórmons por seguirem “O Livro de Mórmons”, baseado na escritura de um profeta que morreu em 400 d.C.), foi passar o Natal na casa de um amigo em Moberly, Missouri, nos Estados Unidos. “Lembro como se fosse hoje, ela foi para a casa desse amigo da minha igreja levar um presente para ele. Começamos a conversar, trocamos telefones, até que ela veio ao Brasil e ficou três meses. Depois dessa visita, decidimos que não queríamos ficar longe um do outro por muito tempo. Casamos logo depois em Salt Lake City, Utah, nos Estados Unidos, sede da nossa igreja”, relembra Douglas. Já como marido e mulher, os dois decidiram começar a vida a dois por terras americanas e depois de um ano veio o primeiro filho. “Decidimos morar e ter nosso filho aqui pela qualidade de vida. No Brasil, a Márcia não podia trabalhar porque não dominava o idioma. Nessa época, eu trabalhava o dia inteiro e estudava à noite. Chegava em casa bem cansado. Aqui nos Estados Unidos, trabalho meio período. Eles fazem


Amor com fé Andressa Cunha, 18 anos, e André Gomes, 19

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Foi na missa que Andressa e André se viram pela primeira vez. Depois de sete meses realizando projetos sociais pela igreja que frequentam, o casal decidiu começar o namoro. Antes mesmo do compromisso, os dois enfrentaram obstáculos para iniciar o relacionamento. “Nossos pais são bem conservadores e nossa idade não ajudava muito. Eles conversaram bastante com a gente, mas deixamos claro que eles são exemplos de união para nós”, diz André. Ao contrário de jovens que preferem baladas e bebidas, os dois mantêm um relacionamento seguindo as regras da Bíblia e programas mais caseiros. “Vamos à missa três vezes por semana, mas também saímos com os amigos para o cinema, boliche e parque. Gostamos de programas mais simples. O amor entre a gente é o mais importante”, afirma Andressa. Crítico, André acredita que os relacionamentos estão banalizados porque os jovens não seguem as leis religiosas. “O amor baseado nas leis do Senhor só tende a dar certo. Os casais que querem ser completos têm que encontrar na fé a união verdadeira que existe entre o homem e a mulher”, diz André. Há dois anos juntos, eles garantem que a religião é a base do relacionamento e o segredo para felicidade a dois. “A igreja nos auxilia em diversas questões, como o papel do homem e da mulher, sexo e fidelidade. Queremos constituir uma família e as leis de Deus nos guiam para que nosso sonho seja concretizado”, conta Andressa. Mesmo jovens, os dois pretendem subir ao altar em dois anos e constituir uma família. “É um amor que tem a bênção do Senhor e o que ele une nada pode separar”, acredita Andressa. “Nosso amor é um destino que Deus nos presenteou”, completa André. Ambos creem que o segredo de qualquer relacionamento é o respeito. “É fundamental em qualquer situação respeitar o limite do outro, os pensamentos divergentes e as atitudes. Ninguém e nada é perfeito, só o amor de Deus”, finaliza Andressa.

minha escala de trabalho de acordo com minhas aulas. Além de incentivos do governo, como bolsa e empréstimo educativo, eu ainda tenho auxílio para cobrir todas as despesas com alimentação, transporte e outros gastos enquanto for aluno da universidade”, detalha o brasileiro. Apesar de o processo ter sido muito rápido, Douglas conta que não se arrepende e que foi tudo muito bem planejado. “Acho que hoje em dia as pessoas não pensam muito em compromisso sério, é muito fácil não ter responsabilidades com outra pessoa. Muitas não pensam em casar. Outras apenas vão morar juntas, porque, se não der certo, cada um segue seu caminho sem precisar correr atrás de divórcio. Estou muito feliz aqui com a minha família e não penso em voltar”, finaliza. | Junho de 2013 37


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Amor sem tabus

Fernando Abreu, 29 anos, e Rodrigo Alves, 25 anos História

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Há dois anos juntos, o casal gay se conheceu através da rede social, pelo Facebook. “Não sabemos como e o porquê, mas o Rodrigo viu meu perfil. Começamos a manter contato, eu morando em São Bernardo e ele no interior. Em resumo, com três semanas de papo na internet, nos conhecemos pessoalmente e estamos morando juntos até hoje”, conta Fernando Abreu,

Amor radical Diana Pinho, 33 anos, e Alan Moreira, 35 anos Foi no meio de aventuras e esportes radicais que o casal Diana e Alan se conheceu. Morando juntos há cinco anos, mas sem formalidades de casamento, tudo começou em uma corrida de aventura, em 2008, o Brasil Wild. “Ele competia por uma equipe e eu trabalhava como repórter na cobertura do evento. Começamos a nos falar quando fui escrever uma matéria sobre corrida de aventura e precisei entrevistar alguns atletas novamente e, depois disso, mantivemos contato”, explica a jornalista. Não demorou muito para a jornalista entrar num ritmo de aventura imposto pelo namorado apaixonado por esportes. “Um mês depois que começamos a namorar, comprei uma bicicleta melhor para acompanhá-lo. Naquela época eu via como ‘passeio’, e não como treino. Mas aos poucos os passeios começaram a virar treinos e no ano seguinte já entrei na equipe de corrida de aventura em que ele fazia parte, a Gantuá. Quando o conheci, ele já havia sido várias vezes campeão baiano e depois tive a oportunidade de também ganhar títulos e provas ao lado dele. Nós treinamos juntos e devo meu desenvolvimento no esporte a ele, pois tive a oportunidade de treinar desde o início com alguém experiente e que é considerado um dos melhores corredores de aventura da Bahia. O Alan sempre foi muito forte e me ensinou a sofrer nos treinos. Ele me motiva a treinar e é meu parceiro em tudo. É também quem cuida da minha bicicleta. Apesar de já pedalar competitivamente há quase cinco anos, mal sei trocar um pneu de bike – é uma vergonha, eu sei. Ele também revisa a minha bike, lava e vê as peças que preciso trocar”, confidencia Diana. Aos fins de semana, não tem moleza na vida do casal. O dia começa puxado com treino de cinco horas, além das competições da modalidade em que eles também competem juntos. “Acho que isso é uma oportunidade que poucos casais atletas têm, pois geralmente os esportes não permitem que homens e mulheres disputem uma mesma prova. E na corrida de aventura as equipes precisam ter ao menos uma mulher no quarteto. Todos competem juntos. Eu e Alan também passamos a disputar provas de mountain bike em dupla”, finaliza Diana. 38

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História


Omar Matsumoto

que é business consultant estate. Apaixonados por animais – eles têm quatro cachorros –, os dois levam uma vida rotineira, mas que aos fins de semana recorrem ao sossego do interior para encontrar amigos de longa dada e colocar a conversa em dia. Com muito bom humor, os dois dizem nunca ter sofrido preconceito e encaram este assunto com absoluta tranquilidade. “Nunca sofremos preconceitos quanto a nossa relação e condição sexual, pelo menos não que tenhamos identificado. Mas te digo que as pessoas são mais machistas do que preconceituosas. A sociedade sempre apontará o ‘diferente’ como a inicial para discordância, por que somos todos diferentes sim. No entanto, cabe a cada um assumir sua ‘diferença’ com uma postura de respeito mútuo. Aprendi na vida que respeito é uma via de mão dupla: o que vai, volta. A maneira com que você trata, justamente será a maneira que lhe tratará. Procuramos agir dessa maneira, sempre”, desabafa Fernando. Unidos há três anos, o casal pretende juntar as camisetas num futuro não tão distante e defende veementemente a união homoafetiva como um caminho próspero para quebrar paradigmas ultrapassados da sociedade. “Essa ideia conservadora das pessoas tem que mudar. Afinal, se dois homens ou duas mulheres que se amam desejam ficar juntos, se respeitando, sendo cidadãos do bem, pagando seus impostos, vivendo com respeito mútuo e constituírem família, por que não? O que impede? Quanto a nós, sim, pretendemos nos casar, mas não por agora. De certa forma, já vivemos juntos, somos casados em plenitude, mas ainda não no papel, até porque isso não faz falta. Mas casaremos, sim, e em breve”, conta Fernando.

Amor sem fronteiras

Carolina Lie Carvalho e Matheus Yamauthi, ambos com 18 anos História

Depois de meses se encontrando com os amigos que tinham em comum, Carolina e Matheus começaram a namorar. Há um ano e três meses juntos, recentemente se separaram fisicamente devido a uma viagem a trabalho de Carolina. Mesmo com previsão para morar dois anos no Japão, em nenhum momento eles pensaram na hipótese de romper o relacionamento. Há três meses separados, o casal acredita que esta fase faz parte do processo de amadurecimento da relação. “A distância só é boa para aumentar a saudade, mas isso uma hora entristece. Sabemos que isso contribui para aumentar o nosso amor. A pior parte é não poder mais vê-lo e ficarmos juntos”, conta Carolina. Para Matheus, o relacionamento a distância é a maior prova de amor. “Continuar o relacionamento é uma prova que o amor verdadeiro supera tudo. É a maior demonstração que poderíamos dar um ao outro”, emociona-se. O casal conta que para manter um relacionamento a distância são necessários cuidados extras. “Até longe a gente teve algumas briguinhas devido a ciúmes. Não podemos deixar de lado coisas simples, como uma mensagem na madrugada ou um telefonema no meio do dia. Essas coisinhas deixam o relacionamento mais forte”, diz Carolina. E se engana quem pensa que a união a distância não dá certo, o segredo é simples: muito diálogo. “Tudo fica

mais complicado, mas a relação acaba se tornando mais forte se existe a reciprocidade do sentimento. Por isso, nesse momento é hora de saber mais, perguntar e questionar. A conversa mantém o relacionamento mais saudável”, diz Carolina. “Nesses três meses, conhecemos detalhes um do outro que nunca imaginamos. Quando se tem diálogo, tudo fica mais fácil. Agora estamos na fase de conhecimento um do outro”, finaliza Matheus. Mas, para minimizar a saudade, as famílias dos jovens estão planejando uma viagem de Matheus no fim do ano. “Nossos pais estão nos ajudando bastante. O apoio da família dá uma força enorme no nosso namoro. No fim do ano ele vai passar um mês comigo. A viagem será como uma lua de mel antecipada”, brinca. | Junho de 2013 39


Meio ambiente

Billings e Mata Atlântica estão bem preservadas No mês do meio ambiente, uma constatação: o tratamento de esgoto na represa melhorou e a Mata Atlântica está sendo respeitada

Brasil está empenhado na conservação da sua biodiversidade. Governo e sociedade se articulam para enfrentar juntos um dos maiores desafios da humanidade neste século: garantir o meio ambiente saudável para as futuras gerações dentro de uma lógica de desenvolvimento sustentável. Mas trabalhar o tema meio ambiente tem sido aparentemente uma missão fácil, já que no país a questão vem ganhando cada vez mais espaço. No entanto, só faz sentido abordá-lo se houver a intenção de se criar a consciência de conservação. Com população de 2,6 milhões de habitantes, distribuída em território de 827 quilômetros quadrados, o ABC concilia a presença de importantes complexos industriais, elevado grau de urbanização e ainda espaços e reservas naturais destinados à preservação ambiental, cuja produção de água é parte importante do sistema de abastecimento metropolitano. Com aproximadamente 50% da sua extensão territorial em área de reserva de manancial, é um dos principais reservatórios hídricos e de reserva natural do Estado de São Paulo. Esses aspectos, que são determinantes para uma boa qualidade de vida, também se constituem em potencial econômico quando consideramos a utilização racional da represa Billings e da Mata Atlântica. No caso da represa, que aos quase 90 anos de vida garante água para dois terços da população, segundo estudos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), as prefeituras fizeram sua parte e conseguiram melhorar a qualidade da água, graças à ampliação do tratamento de esgoto. Mas ainda há dejetos produzidos na região que vão parar no reservatório e estão sem tratamento. Dos pontos, sete no total, fiscalizados pelo órgão estatal, apenas um foi avaliado como ruim, o da prainha da estação de tratamento de esgoto em São Bernardo, cujo trabalho é gerenciado pela Sabesp. Nos últimos anos, a empresa realizou ações para elevar os índices de coleta, afastamento e tratamento de esgoto no entorno da Billings, região em que moram atualmente cerca de um milhão de habitantes, melhorando as condições da represa e a qualidade de vida. 40

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Mario Cortivo

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Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

ONGs contestam

Mas nem tudo são flores, sobretudo paras as Organizações Não Governamentais (ONGs) que tratam do assunto Billings. Segundo o presidente do Movimento em Defesa da Vida, Virgílio Alcides de Farias, a represa continua a receber esgoto em excesso. “A Lei da Billings, de 2010, que tinha que trazer benefícios à represa não avançou. Não houve remoções e muitos irregulares ainda estão por lá.” Ele conta ainda que há projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que não saíram do papel. O presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam),


Carlos Bocuhy, diz que é preciso avaliar mais que a qualidade da água. “É necessário observar o ecossistema, quanto se produz de água, a densidade populacional no entorno da represa, além da capacidade do reservatório.” Para Bocuhy, falta plano de sustentabilidade para a Billings a longo prazo, que produza políticas integradas capazes de salvar a represa. Está ao alcance de todos ajudar a Billings a continuar viva. Segundo o ambientalista Virgílio Alcides de Farias, o artigo 5º da Constituição Federal, inciso 73, estabelece que qualquer cidadão pode propor ação popular ambiental sem custo judicial contra quem degrada o meio ambiente. Este tipo de recurso deve ser pro-

posto contra pessoas públicas ou privadas, autoridades, funcionários ou administradores que tiverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado ato que degrada e polua o meio ambiente, ou contra quem se omitir do dever legal de proteger a natureza.

Mata Atlântica preservada

Estudos recentes realizados pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais destacam que o ABC tem intactos 33,6% de Mata Atlântica. Nos últimos cinco anos, o desflorestamento na região se manteve estável. Os remanescentes florestais na região somam 28 mil hectares, o que equivale a 28 mil campos de futebol.

A cidade que ainda conserva maior área de floresta nativa é São Bernardo, com 42,6% de verde. Na sequência vêm Rio Grande da Serra (37,8%), Santo André (35,4%), Ribeirão Pires (23,2%), Mauá (7%) e Diadema (1,8%). São Caetano já não tem mais nenhum hectare de Mata Atlântica. Diretor de políticas públicas do SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani explica que o ABC deve sofrer com a especulação imobiliária nos próximos anos, e este será o seu desafio. “O Código Florestal, que foi recentemente aprovado, não será empecilho. Muitas empresas vão burlar as leis para vender terras para as empresas que querem estar na região”, garante. | Junho de 2013 41


Educação

Estudar a partir do meio de ano Além da baixa concorrência, provas para o segundo semestre têm características diferentes das do fim de ano. Grau de dificuldade é maior devido a melhor preparação com exames passados uem não passou nos vestibulares no fim do ano passado pode tentar novamente agora no meio do ano. Algumas faculdades no ABC e em São Paulo já estão com as inscrições abertas para alguns cursos. Mas, assim como para a prova do fim de ano, para a do segundo semestre é também necessário estudar, e muito. De acordo com Cláudio Ferreira, professor e coordenador do Singular, em Santo André, muitas pessoas se enganam ao pensar que, pela concorrência ser menor agora, seja mais fácil. Na verdade, o aluno que se candidata agora ou é treineiro ou não foi aprovado numa prova passada e tenta pela segunda vez. Ou seja, tem qualidade superior e está com mais preparo em relação aos outros. “Nesta época do ano é normal o aluno não passar e se sentir incapaz. Mas é importante não se desestimular e saber que a qualidade no meio do ano é melhor”, explica o professor. Nessas horas é importante avaliar como se estudou e mudar o método pode ser uma boa saída. Este trabalho é interessante se for feito em família. O papel dos pais é determinante e chega a ser o diferencial, segundo Angélica Capilari, professora do curso de psicologia da Universidade Metodista.

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Shutterstock

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Mayara Pires - mayara@leiaabc.com

Escolha da carreira

Escolher uma profissão para a vida inteira na adolescência parece uma missão quase impossível. A questão da escolha profissional representa um desafio ao jovem. Ela envolve fatores como a expectativa da família, se a faculdade a ser escolhida será pública ou particular, o local onde se vai estudar, a duração do curso – lembre-se de que a média de tempo da graduação é de no mínimo quatro anos –, as oportunidades no mercado de trabalho e se as características do vestibulando se encaixam com a da profissão escolhida. Para os marinheiros de primeira viagem, a dica do professor é procurar fazer sempre o que se gosta, conciliar

a escolha com seus sonhos e habilidades. Por exemplo, se tem afinidade com animais, a tendência é seguir para medicina veterinária, zootecnia e áreas afins. Mas pesquisar detalhes da profissão, como mercado de trabalho e remuneração, é essencial. Já os que estão decididos, mas ainda não viram o nome na lista de aprovados para a tão sonhada vaga, não desanimem. “Às vezes, o aluno não passa depois de anos de cursinho e o cansaço e a frustração falam mais alto. Por esse motivo, decide mudar de carreira. Isso é um assunto muito delicado que varia de pessoa para pessoa. Alguns alunos se encontram numa outra profissão, outros não têm a mesma sorte. Por isso, é sempre bom pensar com calma. Em alguns casos, por exemplo, existe aquela tradição da família ter feito uma faculdade pública e há exigência que o filho siga esse caminho nada fácil. Nesta situação, a família tem que se reunir, fazer as contas e ver se depois de alguns anos de cursinho não existe a possibilidade de fazer particular. A desistência é em último caso”, pondera o professor e coordenador do Singular.

Apoio da família

“O sentimento de frustração pode refletir pela vida toda desde um simples namoro até uma entrevista de emprego”, alerta a psicóloga. Segundo a especialista, amigos e familiares podem colaborar nessa etapa da vida. Para Angélica, os pais têm que acompanhar seus filhos, se envolver na vida deles e dialogar com eles, o que é muito raro de se encontrar hoje em dia. Aos 17 ou 18 anos, faixa etária de um vestibulando, a reprovação é uma das primeiras depressões vivenciadas por muitos jovens. Superar este episódio exige muita maturidade e apoio das pessoas próximas.


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Esporte

O primeiro teste Começa a Copa das Confederações, e o que se espera? Resultados, claro, dentro de campo e fora dele

is que no próximo dia 15 de junho irá se iniciar a Copa das Confederações, evento que sempre antecede em um ano a Copa do Mundo e funciona como um evento teste de estádios e estruturas. Participam desta competição os campeões continentais, o país sede e o atual campeão do mundo. Como a Espanha detém tanto o título mundial como o europeu, a Itália, vice-campeã europeia, também participará. Ainda teremos a insólita presença do Taiti, o surpreendente campeão da Oceania e que tem um time formado todo por amadores, à exceção de um único jogador. O objetivo principal, além de gerar lucros para a Fifa, é funcionar como uma espécie de evento teste para a Copa do Mundo. Testar os estádios, os sistemas de transporte, as engrenagens do evento e os voluntários. Normalmente, para as equipes, é um indicador da preparação para a Copa, mas vencer a Copa das Confederações não é garantia de sucesso – o Brasil foi o vencedor das edições da Alemanha e da África do Sul e foi o que se viu na Copa. Foram selecionados seis estádios para a edição brasileira da competição: Maracanã (sede da final), Brasília (abertura), Belo Horizonte, Recife, Salvador e Fortaleza. São Paulo e a região Sul acabaram ficando de fora devido aos atrasos dos estádios, algo

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Divulgação

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Redação - redação@leiaabc.com

Estádio da Fonte Nova, em Salvador, se assemelha com o Old Traffod comum nesta preparação para a Copa. Desta forma, algumas das futuras sedes da Copa do Mundo de 2014 poderão ser avaliadas, gerando padrões de comparação para todas as futuras sedes.

Turistas

O governo brasileiro espera mais de 3,6 milhões de turistas durante a realização da Copa das Confederações. Com um investimento próximo de US$ 16,5 bilhões em infraestrutura, o Brasil se prepara para receber 600 mil turistas internacionais e três milhões de turistas locais. Este dado foi anunciado pelo Comitê da Copa 2014, sediado na capital paulista. “O governo brasileiro prevê investimentos próximos de US$ 16,5 bilhões em infraestrutura e serviços entre a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de 2014, nos quais esperamos receber mais de 3,6 milhões de turistas nacionais e estrangeiros”, diz o ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

Cerca de 70% da capacidade dos hotéis nas cidades brasileiras onde acontecerão os jogos já conta com reservas confirmadas. A Associação Brasileira dos Hotéis (ABIH) acredita nos turistas de última hora. Uma pesquisa feita pela entidade mostrou que apenas 56% de reservas estavam confirmadas para o período da competição. A maior demanda está concentrada para a final, que será no Maracanã. Segundo o presidente da ABIH, Alfredo Lopes, a expectativa é chegar aos 70% de ocupação nos hotéis por conta do evento. A rede hoteleira do Rio de Janeiro, por exemplo, segundo a ABIH-RJ, conta com 126 mil leitos. Com 48 mil leitos disponíveis para turistas em Belo Horizonte, a ABIH-MG estima a ocupação de 70,47% do total. Mas, segundo a entidade, ainda existe número alto de bloqueios sem confirmação. A ABIH-MG diz que houve aumento da procura de estrangeiros por hotel para o período, mas “nada fora do comum”.


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A Leiaabc pergunta

Achei no ABC

de TI capaz de construir um projeto como um motor de busca acionado a partir de palavras-chave. O projeto começou a sair da prancheta em meados de 2006.

Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

Carlos Alberto é um dos responsáveis pela criação do portal Achei no ABC, ferramenta de busca e rodada de negócios focada na divulgação de produtos e/ou serviços na região. Ele detalha o projeto que, nos dias atuais, deixou de ser apenas uma oportunidade virtual de negócios para se transformar num caminho de oportunidades através de eventos empresariais destinados às micro e pequenas empresas da região.

Como atrair clientes? Nos primeiros dias saí com a pasta para visitar algumas empresas, tentando comercializar anúncios. Foi um desastre. “Achei no ABC? O que é isso?”, era a pergunta mais frequente. Mas como avançar num ambiente hostil? Naquele momento a tendência era desistir, pois os prognósticos eram totalmente desfavoráveis. Mas cheguei à seguinte conclusão: o portal está pronto e já investimos mais do que podíamos. Vamos divulgar alguma promoção.

O que é o Achei no ABC? É um portal surgido em 2004 que faz rodadas de negócios entre empresários da região. As rodadas de negócios do Achei no ABC são eventos de curta duração desenvolvidos através de reuniões entre empresários que demandam e ofertam produtos e serviços, acontecendo em locais determinados (rodadas físicas), ambos em horários predeterminados.

Mas os anúncios chegaram como? Direto ao assunto. Anuncie grátis sua empresa no portal Achei no ABC! Através de centenas de faixas promocionais estrategicamente instaladas nos principais corredores comerciais das cidades de São Bernardo e Santo André, o portal Achei no ABC começou a chamar a atenção de alguns empreendedores da região.

O início? Difícil. Muito mais até do que eu imaginava. À época, o primeiro grande obstáculo foi encontrar uma empresa

Divulgação

Como funciona? São três eventos com data e lugar definidos, onde juntamos empresários dispostos a fazer negócios. Cada mesa, com sete ou mais empresários, tem um presidente e os demais se revezam e interagem a cada dois minutos num salão de negócios com a previsão média de 400 participantes/ visitantes, 54 empresas expositoras e várias rodadas de negócios.

Por quanto tempo? Esta campanha durou aproximadamente três anos e acumulou mais de 13 mil cadastros. Foi determinante para aumentar nossa relevância. Oferecemos conteúdo de qualidade e, principalmente, link da empresa cadastrada ao olhos do Google.

A satisfação dos empresários nestes encontros é o que me agrada | Junho de 2013 47


Turismo

Por terra, céu e represa Em obras, mas com muitas atrações disponíveis, o Parque Estoril tem opções para divertir diversos públicos

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Shayane Servilha - shayane@leiaabc.com

onsiderado o mais completo da região, o Parque Municipal Estoril Virgílio Simionato, em São Bernardo, é o lugar perfeito para quem quer se divertir e, ao mesmo tempo, estar em contato com a natureza. Inaugurado em 1955, o parque possui 373 mil metros quadrados, sendo 220 mil metros quadrados de área verde, para praticar esportes e relaxar em vias terrestres, aéreas e aquáticas. Um dia no parque é pouco para aproveitar todas as atrações oferecidas. “Aqui até parece o paraíso”, sintetiza a paulistana Fernanda Murtosa, que adora visitar o local em dias de sol. Um dos destaques do parque é o zoológico, cuja visitação já está incluída no preço da entrada. Inaugurado em 1985, o zoo conta com 140 animais e 55 espécies de répteis, aves e mamíferos. Entre eles, espécies em risco de extinção, como o papagaio-de-peito-roxo, arara azul, jacaré-do-papo-amarelo e cachorro-vinagre. Há ainda um museu para visitas monitoradas, biblioteca para uso interno e ambulatório. Além da visitação, o lugar também faz estudos, reprodução de animais selvagens e educação ambiental. “O trabalho que realizamos aqui consegue mostrar a importância dos animais na nossa fauna. As crianças, principalmente, têm que aprender desde cedo a preservar o meio ambiente”, diz o veterinário do parque, Marcelo da Silva Gomes. Outra atração imperdível é o teleférico. Com 800 metros de extensão, o

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equipamento circula por todo o parque em um percurso de ida e volta que dura cerca de 20 minutos. Instalado na década de 1970, o teleférico atrai pessoas até de outros estados, mesmo depois de ter ficado 15 anos desativado. Mas, para desfrutar da visão panorâmica, é necessário desembolsar R$ 7. A diversão é para todos. Uma opção para os casais é o pedalinho, que custa R$15. A família também pode se divertir no pedalão, que comporta até quatro pessoas e custa R$30. Uma volta de escuna é a opção certa para grupos de amigos, pelo preço de R$15 por pessoa. A canoagem é muito procurada pelos visitantes e até por esportistas profissionais – custa R$ 10 por pessoa. Na “prainha” do parque também são permitidos a pesca e o

banho, sob orientação de bombeiro e salva-vidas. Aos atletas de plantão, o parque tem três academias de ginástica ao ar livre, especialmente criadas para crianças, terceira idade e deficientes. Maria Menezes, de 73 anos, vai ao parque todo final de semana para poder usufruir dos equipamentos. “É bem mais prazeroso cuidar da saúde e bem-estar em volta da natureza. Não tem desculpa para escapar da ginástica”, brinca a aposentada. No local é permitida a entrada de alimentos – por isso piquenique por entre as árvores é normal. Mas, para quem não quer se preocupar em preparar comes e bebes, nos restaurantes e bares do parque há diversos pratos de peixe e petiscos. Questão importante e sempre orientada pelos funcionários é a preservação


ambiental. “Não jogar lixo e não vandalizar equipamentos e áreas são coisas básicas. Pedimos aos visitantes que tenham cuidado com o parque, para deixá-lo o mais intacto possível”, diz a funcionária Dirce Sobreira.

Reforma

Atualmente, o parque está na segunda etapa do projeto de revitalização realizado pela prefeitura. Com previsão para ser concluída em 2012, estão sendo reformados os prédios administrativos, sanitários e estacionamento. O projeto ainda contempla a construção do bicicletário, ciclovia, novos restaurantes, um

centro de eventos, área exclusiva para churrascos, novos píeres, deques para embarcações, centro de eventos e palco aberto para shows ao ar livre. Outras opções, que atualmente também estão em reforma, são o arvorismo (R$ 5), tirolesa (R$ 8) e escalada (R$ 5), com duração de até 30 minutos. A gerente operacional do Parque Estoril, Marlucia Carneiro dos Santos, acredita que as melhorias trarão mais turistas para a região do ABC. “São etapas importantes que o parque está passando para valorizar mais o passeio. Hoje, podemos dizer que aqui tem tudo para um dia de lazer com amigos e familiares.”

Serviço: O parque fica na rua Portugal, 1.100, bairro Estoril, Riacho Grande. O telefone é 4354-9087. Aberto de quarta-feira a domingo, das 9h às 17h. Moradores da cidade com a carteirinha de munícipe e crianças de até 7 anos não pagam entrada. Já os visitantes pagam R$ 5. O estacionamento custa R$ 16 para carro, R$ 14 para moto, R$ 300 para ônibus e R$ 50 para micro-ônibus. Com a carteirinha de munícipe, esses valores caem pela metade.

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Tecnologia

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Fauser Gustavo Russo Neves fauser@rfpartner.com.br

O adorável mundo dos SSDs

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uito tem se falado sobre os ultrabooks – notebooks que devem atingir um mínimo rigoroso de desempenho para que ganhem este título – e com eles vêm um conceito não muito difundido: os SSDs. Para conhecer melhor os SSDs, devemos entender superficialmente como a memória de um computador funciona. Um computador possui três tipos diferentes de memória. A primeira é a memória cache, que funciona na mesma velocidade do processador e não pode ser mudada por ser uma memória interna. A segunda é a memória intermediária, chamada de memória RAM, que armazena os dados que não cabem na cache e estão esperando o momento de serem utilizados. Por fim, a terceira memória é o HD, onde se armazenam os dados que devem ser enviados à RAM: programas, fotos e vídeos. O HD é uma memória chamada de não volátil, porque quando se desliga o computador seus dados não são apagados; já a memória cache e a RAM, assim que se desliga a energia, seu conteúdo se perde. Por isso não se deve desligar um computador direto da tomada antes de desligá-lo corretamente. Com relação à velocidade, a memória cache é a mais rápida, estando sempre na velocidade do próprio processador, já a memória RAM é da ordem de cinco a dez vezes mais lenta que a memória ca50

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che, e o HD tem uma velocidade muito baixa da ordem de mil vezes mais lenta que a memória RAM. Vemos então que a velocidade de um computador é proporcional à distribuição destas memórias e que um computador ideal teria apenas uma memória cache muito grande. Pode-se notar, ainda, que o gargalo existente nas memórias de hoje em dia reside no HD, que é o sistema mais lento. Um HD baseia-se em um sistema mecânico com discos e cabeças de leitura (podemos fazer uma analogia aos antigos discos de vinil em um toca-discos). Sendo assim, muitos dados podem ser armazenados com baixo custo, mas com velocidade lenta. O nome SSD é uma sigla para o nome em inglês – solid state drive – ou seja, drive de estado sólido, sistemas que não utilizam partes mecânicas, mas, sim, um conjunto de memórias do tipo flash (a mesma dos cartões de memória SDs de alta velocidade). Estas memórias, bem mais lentas que as memórias RAMs, possuem a vantagem de que, mesmo retirando sua energia, os dados não são perdidos. A velocidade de um SSD é da ordem de, no mínimo, dez vezes mais rápida que a do HD convencional e não contém partes mecânicas. Uma das vantagens dos SSDs é que possuem a mesma interface de um HD

A flexibilidade no uso dos SSDs permite a instalação em computadores antigos

comum, o que permite que sejam instalados em qualquer computador. Infelizmente, hoje em dia, os SSDs estão ainda limitados a drives que chegam, no máximo, a 1TBytes, sendo ainda bem menores que os HDs comuns, sem contar que, por ser uma tecnologia ainda recente, são mais caros que um HD. Percebe-se, então, que o ganho de velocidade gerado na utilização de um SSD não deve ser ignorado, pois garante uma adição considerável ao desempenho de um computador, seja um ultrabook, seja um desktop. Hoje os fabricantes de computadores de alto desempenho têm adotado uma solução mista, utilizando um SSD de tamanho médio (algo em torno de 120GBytes), onde se instalam os programas e o próprio sistema operacional, e um HD convencional de alta capacidade (na ordem de 1 a 2 TBytes), onde se guardam os dados menos utilizados como fotos e vídeos. A flexibilidade no uso dos SSDs permite ainda que possam ser instalados em computadores não tão antigos (até dois ou três anos), gerando uma performance extra sem a necessidade de um upgrade total do sistema. Fica claro, portanto, que os SSDs são o futuro, que vieram para ficar e que seu desempenho tende a aumentar consideravelmente, assim como sua capacidade, enquanto que seu custo tende a cair com sua popularização. Para se informar mais sobre SSDs, estes são alguns links de fabricantes: http://www.corsair.com/us/ssd.html http://www.intel.com/content/www/us/en/solid-state-drives/solid-state-drives-ssd.html e para tabelas comparativas de velocidades de HDs e SSDs : http://www.tomshardware.com/charts/hard-drives-and-ssds,3.html


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Tecnologia

Smartphones ou tablets? Com tanta tecnologia disponível no mercado de telefonia móvel, fica difícil identificar qual a diferença de um para o outro, além de eleger qual é o melhor para o seu estilo de vida e bolso Mayara Pires - mayara@leiaabc.com

Instituto Maua de Tecnologia

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o meio de tanto arsenal tecnológico e em época de smartphones e tablets, fica difícil acompanhar os inúmeros modelos que chegam todo ano nas lojas. Mas qual é o melhor tablet ou smartphone? O smartphone é conhecido como celular inteligente que se subdivide em duas categorias: com sistema operacional Android, do Google, e o iPhone, da Apple. Mas tanto com um como com o outro é possível acessar internet, ver vídeos e checar os e-mails – funções também oferecidas por um tablet, minicomputador portátil sensível ao toque na tela. De acordo com estudo realizado pela consultoria IDC Brasil, o tablet é o dispositivo que apresenta maior taxa de crescimento no mercado brasileiro. Em 2012, foram vendidos 3,1 milhões de tablets, ou seja, 171% mais do que em 2011, quando havia sido comercializado um total de 1,1 milhão de unidades do equipamento no país. Comparado com o mercado de computadores, o que se constata é a venda, em 2012, de um tablet para cada cinco computadores. Em 2011, esta relação era de um tablet para cada 14 computadores. Nos Estados Unidos, vendeu-se, em 2012, praticamente um tablet para cada notebook. No ranking mundial do mercado de tablets, o Brasil ocupa a décima posição. Já na categoria de celulares, os smartphones estão mesmo entre os

Mudança é radical, diz professor

APPLE X SAMSUNG De acordo com o último balanço divulgado pela Apple, as vendas de computadores Mac caíram de 5,2 milhões de unidades no ano passado para 4,1 milhões no primeiro trimestre de 2013. Os iPods viram as vendas despencarem de 15,4 milhões para 12,7 milhões no mesmo período. Atualmente, a batalha no mercado de telefonia móvel é travada por apenas duas marcas, Samsung e Apple, que lideram o topo do mercado de dispositivos móveis conectados. A justificativa fica por conta da diferença no preço de mercado de cada fabricante. “O símbolo da maçã representa status para algumas pessoas ou até porque estão acostumadas a usar Apple. Outras têm preferência pelo sistema Android que é utilizado pela Samsung”, detalha o professor José Carlos. A Apple atua claramente com a venda de produtos premium, tanto que os preços médios de seus produtos são US$ 310 maiores do que os da Samsung.

bens mais adquiridos pelos brasileiros. Somente em 2012 foram vendidos 16 milhões de celulares inteligentes no país, segundo o estudo feito pela IDC. Durante o ano de 2012 foram vendidos 59,5 milhões de aparelhos celulares. “Para se ter uma ideia, no ano passado, a cada minuto foram vendidos cerca de 30 smartphones. E a tendência é de crescimento”, declara Leonardo Munin, analista da IDC Brasil. No primeiro trimestre de 2012, segundo dados da IDC, o iPhone e o Android representaram 92,3% de todas as vendas de smartphones em todo o mundo. De acordo com a consultoria, o Android é a plataforma líder de mercado, com 75% do total de unidades vendidas, enquanto o iPhone, da Apple, fica em segundo lugar, com 17,3%. “Hoje em dia, os celulares não são mais para fazer apenas ligações. Tem muita gente que usa o celular para pagar conta, como GPS e até para comprar em e-commerce. Daí a justificativa de as telas serem cada vez maiores, o que facilita a visualização do produto. Muitas empresas de comércio eletrônico trabalham e investem nessa ideia: a venda através dos celulares é um meio bastante lucrativo”, afirma José Carlos L.Fernandes, professor de engenharia da computação do Instituto Mauá.

O que escolher

Hoje em dia, muito se pergunta a diferença funcional de um tablet para um smartphone e em qual vale a pena investir. Segundo o professor, quando os computadores portáteis surgiram, a capacidade de memória era maior do que a dos celulares inteligentes e alguns disponibilizavam o recurso de TV. No entanto, com o avanço da tecnologia, novos modelos surgem no mercado de telefonia móvel com capacidade para armazenamento igual ou superior à dos tablets. | Junho de 2013 53


Moda&Beleza

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Shayane Servilha - shayane@leiaabc.com

depilação a laser é relativamente nova no Brasil, mas já tem feito sucesso entre mulheres e homens que querem eliminar os pelos indesejados sem dor. Com resultado duradouro e procedimento indolor, essa depilação tem atraído clientes que não querem sentir dor na hora de tirar os pelos. Após três anos, a secretária Mariana Gonçalo aprova a eficácia do tratamento. “O resultado me surpreendeu. Hoje não tenho que demorar horas na depiladora. Quando fiz, não imaginava que nunca mais teria que me preocupar com os pelos. As mulheres que tiverem condições de fazer vão amar. Não dói e o custo-benefício a longo prazo é incrível”, afirma. Muito confundida com fotodepilação, a depilação a laser se difere pela intensidade das ondas de luz do feixe e durabilidade pós-tratamento. “O laser tem uma luz de feixe reto. A intensidade de sua onda atinge as células germinativas na raiz dos pelos, tornando-o mais eficaz e impossibilitando que o pelo nasça e cresça, enquanto a fotodepilação trabalha com luz pulsada de baixa intensidade, que apenas enfraquece o pelo e seu bulbo, por isso a manutenção é maior do que com o laser.” Ao contrário do que muitos pensam, nenhum laser proporciona depilação definitiva, porque existem folículos imaturos que podem se desenvolver no futuro, mas no fim do tratamento 90% dos pelos não irão mais crescer. “A depilação a laser elimina a maior parte dos pelos, porque a sua energia, em forma de luz, é atraída e captada pela melanina, pigmento presente na haste do fio e responsável pela sua coloração. Essa energia destrói ou retarda a capacidade de o folículo produzir um novo fio. Às vezes é necessária uma manutenção anual para esses pelos 54

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Tirando

o mal pela raiz

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Cada vez mais futurista, a depilação a laser trata os pelos sem causar danos à pele nem deixar sequelas

imaturos. E esses pelos são uma espécie de pelugem, que não incomoda. Mas, depois das sessões, nunca nascem na mesma proporção que antes”, diz a fisioterapeuta Renata Marchesi. O tratamento dura em média oito sessões, mesmo para aquelas pessoas que possuem poucos pelos, com intervalo de 45 a 60 dias. “O pelo só é destruído durante a fase de crescimento. Mesmo em uma área com poucos fios, parte estará crescendo, parte em repouso. As sessões são realizadas com esse intervalo justamente para que o laser atinja os pelos nas duas fases. Para um tratamento mais eficaz, os pelos devem ser bem grossos e escuros. Os grisalhos, brancos, loiros e ruivos são mais resistentes à depilação.” Grávidas, portadores de marca-passo cardíaco, carcinoma, tumores benignos com tendência a progredirem, tumores

malignos e irritação cutânea não são indicados para realizar o tratamento. Além disso, é preciso tomar cuidado com o sol. “A exposição ao sol deve ter atenção redobrada. Antes de iniciar as sessões, recomenda-se ficar três semanas sem tomar banho de sol e uma semana depois da aplicação. E sempre usar protetor solar indicado para a pele. Mas aquelas pessoas que querem aderir ao procedimento não podem realizar nenhuma depilação que retire o pelo pela raiz antes e durante o tratamento a laser. “O uso de lâminas e cremes depilatórios pode ser utilizado porque esses procedimentos preservam a estrutura do pelo, mantendo sua haste intacta no folículo. Já a depilação com cera quente ou fria, pinça ou eletrólise deve ser evitada, senão o tratamento não terá resultado”, diz Renata.


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Cultura

Expressão, concreto e arte Por meio de desenhos poéticos, a técnica ganha influência e novos seguidores e quebra a barreira de pichação para ganhar título de movimento artístico

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Mayara Pires - mayara@leiaabc.com

uitas pessoas veem o graffiti como um amontoado de letras rabiscadas, sem nexo e como um ato de vandalismo contra o patrimônio público. Mas não é bem assim. “É importante identificar até aonde vai o graffiti e até aonde vai a pichação. O graffiti é um movimento artístico, uma forma de expressão e arte que valoriza a cidade. Já a pichação é uma maneira de protesto ofensivo que, normalmente, é feita sem autorização do dono do lugar”, explica a urbanista Sueli Bissoli de Oliveira, professora do curso de engenharia civil do Instituto Mauá de Tecnologia. O grafiteiro do ABC Bruno Artieri Rímole, que assina sua arte como Mazola, explica que o graffiti é uma das vertentes da cultura do hip-hop que nasceu nos guetos americanos e tem o rap (música mais ritmo e poesia), o break (dança robotizada), graffiti (arte plástica do movimento cultural) e MC (mestre de cerimônias) como movimento. Naquela época, os jovens faziam protestos e demonstravam as suas insatisfações nas ruas dos Estados Unidos. Os muros

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Graffiti como profissão No Grande ABC, o movimento do graffiti é muito forte. Em Diadema, por exemplo, a Casa do Hip Hop é famosa por oferecer diversas oficinas gratuitas para jovens da cidade, sendo o graffiti uma delas. Segundo o produtor cultural Renato de Souza, são diversas as atividades oferecidas. “Nós temos várias oficinas, que vão desde curso de DJ para adultos até oficina de bonecos para as crianças, e todas são gratuitas. Já nas aulas de graffiti, o jovem intercala as técnicas de desenho no papel com as do muro. Para participar tem que ter entre 10 e 16 anos. É bem interessante, porque para quem gosta de desenho ajuda a desenvolver a criatividade e aperfeiçoar os traços”, explica. Em São Paulo, a Agência Quixote Spray Arte, do Projeto Quixote, com sede na Vila Mariana, ajuda o jovem a obter renda através de produtos e prestação de serviços relacionados ao graffiti. Além disso, promove cursos e workshops que servem para inserir no mercado de trabalho os jovens que buscam o graffiti como futuro profissional. O coordenador das oficinas de graffiti do Projeto Quixote, Roberto Madalena, explica que os alunos aprendem técnicas de desenho e pintura nas oficinas e são encaminhados para trabalhar como aprendizes nos serviços da agência, mas sempre sob orientação de um profissional. E ambos são remunerados. Os cursos são gratuitos, com aulas até três vezes por semana, e o aluno precisa ter até 17 anos e 11 meses para se inscrever. Jovens de qualquer parte da cidade São Paulo podem participar e não há custos com transporte. Fotos: Mazola Rímoli


Da rua para as casas A arte de rua é uma expressão cuja sensação de satisfação não tem limites para a imaginação

Com o trabalho da mídia e a legalização da arte, o graffiti migrou do contexto urbano para dentro de casa, para fazer parte da decoração de muitas residências e inovar o ambiente com um ar moderno e original. No escritório da arquiteta Graziela Alencar, em Santo André, alguns clientes pensam no graffiti como decoração e usam dessa ideia para fugir do clássico. “Antes o graffiti era predominante em casas noturnas, galerias e restaurantes. Hoje em dia, alguns clientes já escolhem o graffiti como decoração de interiores. Com o graffiti podemos decorar fachadas, garagens, e muita gente também gosta de usar na área de lazer da casa. É uma tendência interessante, pois, no lugar de uma obra de arte, o graffiti consegue retratar algo único e exclusivo dos moradores daquela residência. Acho uma proposta muito rica para os meus projetos”, conta.

passaram a ser um cenário perfeito para divulgarem seus sentimentos através da arte. “Grafitar é uma maneira genuína de expressão de pigmentos e texturas. Hoje o graffiti é mais aceito, pois ganhou um pouco de apoio e virou arte decorativa, além de abrir portas de muitas das galerias para exposição desse tipo de arte”, conta Mazola. Para a professora Sueli, o graffiti espalhado pelas ruas valoriza a cidade, quebra a imensidão cinza dos prédios da cidade e dá um tom de alegria. Para ela, esse movimento deveria receber mais apoio por parte de poder público. Em São Paulo, por exemplo, Gabriel Pinheiro e Victor Garcia, dois entusiastas da arte de rua, criaram um site com uma ideia bem simples: pelo site do projeto (www. colorpluscity.com.br) empresários e moradores interessados em ter seus muros ou casas pintados se cadastram e oferecem o lugar. Artistas e grafiteiros cadastrados escolhem o lugar que acharam mais interessante para pintar. O dono do muro seleciona o artista que mais chamou sua atenção e, juntos, decidem qual desenho será feito. Segundo Mazola, esta iniciativa é muito importante porque facilita a comunicação com o dono e o grafiteiro e evita problemas maiores com a polícia, uma vez que o trabalho só é feito mediante autorização e a pedido dos proprietários. “Nunca fiz nada escondido. Sempre pedi autorização para pintar, mas já aconteceu de o dono autorizar e ele mesmo chamar a polícia para mim. Foi uma situação muito chata, mas no fim tudo se resolveu e não aconteceu nada de ruim para os dois”, confidencia o artista do ABC. | Junho de 2013 57


Cultura

Sonia Varuzza sonia@diversaoearteproducoes.com.br

A questão da governabilidade

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rabalhar com cultura no Brasil significa, literalmente, lidar com funcionários públicos. Alguns de carreira, outros comissionados. Os concursados não podem ser demitidos, mas podem perder poder, o cargo, ou sofrer diminuição de salário, mas... Nunca poderão deixar o emprego. Prefeitos vão e vêm, mas os funcionários públicos vivem a experiência de serem, ou não, aceitos pelas administrações que se sucedem. Esta aceitação não está diretamente ligada à sua competência e, muitas vezes, nem a seu caráter. É só uma questão de estar ou não no partido que comanda o governo. Por outro lado, temos os chamados “comissionados”, que ocupam os tais “cargos de confiança” dos prefeitos e dos secretários. Se os administradores públicos forem administradores, colocarão assessores que entendem do “riscado”. Se forem apenas políticos, circundar-se-ão de cabos eleitorais, em detrimento de profissionais capacitados.

Resultado Profissionais da cultura ficam à mercê dessa ciranda perversa. Este fenômeno ocorre, infelizmente, em muitas cidades; mais precisamente nas pastas de Cultura, em que, aparentemente, não é necessária formação específica em coisa alguma. Dessa forma, uma cidade que tem uma boa programação cultural, pode interromper o trabalho de anos por conta da visão eclipsada de um grupo. A boa notícia é que o inverso também ocorre e, às vezes, temos a grata surpresa de ver uma cidade renascer das cinzas. Ocorreu isso na primeira gestão do governo Celso Daniel, em Santo André. Nas outras gestões dele também, mas a primeira foi, seguramente, a mais revolucionária. Nesta, foi possível ver funcionários concursados em grata harmonia com os comissionados. Naquela gestão, víamos que os recursos eram devidamente empregados. Hoje, vemos que o dinheiro é empregado na criação e na reforma de equipamentos que serão desprezados após quatro anos, que é o tempo de mandato de cada prefeito. Mais: vemos salários pagos para pessoas que não foram contratadas para trabalhar pela cidade, mas sim para eleger mais um político entre “tantos, tantos e tantos”. Dessa forma, temos apenas duas opções: aceitar as condições impostas ou brigar, denunciar e ver-se deletado das administrações até sabe Deus quando.

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Cultura

Cirque du Soleil: a vida de um casal no mundo do circo Artistas atuais geralmente abandonam a carreira de atletas para se dedicar à sétima arte com a certeza de felicidade

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Especial para Leia abc Thais Sabino

s oito minutos mais surpreendentes de uma apresentação de cerca de duas horas, uma performance artística e acrobática de marejar os olhos e um final para a trama de romance mais do que esperado: um beijo do casal. As manobras do ucraniano Dmytro Turkeiev e da uzbeque Botakoz Bayatanova pendurados por duas cordas, mesmo após contorcionismos em lustres giratórios, saltos de trapezistas e números que desafiam a lei da gravidade, arrancam suspiros do público no espetáculo Corteo, do Cique du Soleil. No Brasil desde março, Dmytro e Botakoz contaram, em entrevista exclusiva à revista LeiaABC, dificuldades do número artístico, desafios na carreira, relação com a moda e gostinhos brasileiros. A apresentação tem movimentos tão difíceis quanto a pronúncia dos nomes do casal. Ao som da música Prendersi per Mano, criada pelo próprio Cirque, Dmytro se enrola em duas cordas, gira junto a Botakoz, enquanto ela faz espacates e contorções. “Precisamos saber exatamente o que fazer, não pode ter improvisos”, comenta o artista. Junto há 12 anos – há seis no Cirque du Soleil –, o casal já consegue se comunicar apenas por olhares durante a apresentação. Segundo Botakoz, a relação da dupla é muito importante para que os movimentos saiam sincronizados e em sintonia. “Fazemos um número difícil, mas precisamos fazer tudo de forma natural, como se fosse fácil, para surpreender o público. Temos oito minutos para 60

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Do “bullying” de palhaço ao amor pelo circo Se para Botakoz entrar no circo aconteceu de forma natural, já que mantinha amizade com várias pessoas ligadas à arte circense, para Dmytro a história foi bem diferente. Ele sempre gostou de esportes, mas na adolescência optou por abrir um negócio próprio e não pensava em seguir carreira ligada a atividades físicas. “Minha mãe chegou dizendo que eu podia me matricular em uma escola de arte e circo. Eu detestei a ideia”, lembra. “Você, então, será um palhaço?”, conta sobre o que ouvia entre os deboches dos amigos. Com a pressão da mãe, porém, ele fez a matrícula e começou a frequentar as aulas. “Me apaixonei, larguei meus negócios e passei a me dedicar só para o circo. É a minha história”, conta. Subir ao palco sob centenas de olhares atentos e estar em várias partes do mundo ao longo do ano se tornaram modo de vida. O que significa o Cirque? Uma “família”.

mostrar a nossa história”, conta Dmytro. O número retrata um romance, com conquista, união, separação e reconciliação. Não só a música auxilia a passar a mensagem ao público, como também o movimento corporal e interpretação dos artistas. Transmitir o sentimento é a parte mais desafiadora, segundo Dmytro. “É o mais difícil, pois temos que passar emoção e amor no palco, além de executar toda a coreografia”, conta. Para isso, eles treinam todos os dias o que já deixou de ser trabalho para virar uma paixão.

O LADO B DA VIDA CIRCENSE

Diferente do look usual despojado dos colegas de trabalho, Botakoz e Dmytro adoram moda e são verdadei-

ros fashionistas. “Gostamos de estar bem vestidos. Os artistas costumam aparentar diferente das outras pessoas, mas a moda é muito importante para a gente”, conta Dmytro. As viagens só ajudam a equipar o guarda-roupa, segundo Botakoz. As únicas exigências são “beleza e conforto”. “Na segunda, eu posso me vestir como um cantor de hip hop, no dia seguinte, como um cantor de rock. Gosto muito de mudar o estilo, não só de roupa, mas de corte de cabelo também”, conta ele. A moda brasileira chamou a atenção de Botakoz, principalmente pelos sapatos de salto alto. “As brasileiras se vestem muito bem”, elogia. Os modelos de biquíni brasi-

leiro, sucesso no mundo inteiro, também foram aprovados pelos artistas. “As brasileiras têm o corpo tão bonito, tão em forma, por que não mostrar?”, comenta Dmytro. Com os ensaios diários sobra pouco tempo para o lazer, mas Dmytro e Botakoz conseguiram conhecer um pouco da cultura brasileira. “Adorei a caipirinha”, diz ele. Já Botakoz gostou mesmo foi do churrasco: “É delicioso”. Eles também visitaram parques em São Paulo e se surpreenderam com a quantidade de pessoas praticando exercícios. No último mês de apresentação – o Corteo fica em cartaz até 14 de julho – eles dizem que o Brasil vai deixar saudades. Serviço: Cirque du Soleil Parque Villa-Lobos, avenida Queiroz Filho, s/n, Pinheiros, São Paulo. Terça a sexta-feira, às 21h (sessões às 17h em algumas datas durante a semana); sábados, às 17h e 21h; e domingos, às 16h e 20h. Duração do espetáculo: 150 minutos (com intervalo de 30 minutos). Os ingressos podem ser comprados na bilheteria do circo, no Parque Villa-Lobos, ou pelo site do Tricker For Fun

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Gastronomia

Arte, cultura e Quiosque vegano em São Caetano oferece happy hour cultural

ncontrar um restaurante vegetariano na região do ABC não é tarefa fácil. Mais complicado ainda são as opções veganas, de alimentos sem nenhuma origem animal. Mesmo com poucas opções, a demanda por esses alimentos é grande. E foi por isso que Walter Siqueira Júnior, o Radsi, resolveu montar o quiosque Cheiro di Mato. “Além de hamburgueria, trouxe a ideia de um centro cultural. Na quinta-feira tem happy hour de jazz, na sexta-feira tem rock e no domingo MPB. Todos os lanches trazem o nome de parceiros que se apresentam. O conceito é ter cultura e alimentação saudável”, diz Walter. Ao contrário de lugares que reproduzem produtos na forma vegetariana, Walter optou por assumir o prato na forma natural. “Tem restaurantes vegetarianos que fazem um pastel que imita o recheio de calabresa, por exemplo, para enganar o cérebro. A gente optou por admitir que esse prato é feito de soja e de alimentos naturais. Trouxemos sabores diferentes e queremos que as pessoas tenham a experiência de saborear esses alimentos”, enfatiza o proprietário. Entre as opções do cardápio, ele cita o Mix Palito, com cenoura e pepino japonês crus cortados como batata, que podem ser acompanhados pelos molhos de mostarda de rum com me-

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Shayane Servilha - shayane@leiaabc.com

lado de cana ou iogurte com hortelã. “O sabor dos produtos surpreende os clientes. As pessoas que diminuem o consumo de carne têm um paladar mais aguçado e difícil de agradar. Por isso, é preciso inovar e trazer misturas que impressionem o paladar”, diz. Outras delícias são o Cheeseburguer do Nelson, que é feito de hambúrguer de soja, queijo prato, maionese de cenoura, alface, tomate e pão com gergelim. Outro lanche que sai bastante é o do Nando Guto, que é composto por hambúrguer de soja, champignon,

molho barbecue e pão com gergelim. Ambos por R$ 10. E para sobremesa os doces veganos, como bolo de fubá, chocolate e torta de banana. O espaço também impressiona. Para saborear os lanches, o cliente pode escolher o espaço interno e se acomodar em cadeiras de papelão e se deliciar pelas páginas dos mais de cem livros e revistas disponíveis. Ou aproveitar a parte exterior debaixo das árvores e, se quiser, conectado ao notebook, já que o espaço foi adaptado para novas tecnologias.

Serviço: Quiosque Cheiro di Mato: avenida Presidente Kennedy, 1895, Santa Maria, São Caetano. O estabelecimento abre de segunda a sexta-feira, das 16 às 22h, e aos sábados e domingos, das 10h às 22h.


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Vinhos

Celso Pavani celsopavani@ig.com.br

Vinhos e gastronomia

F

alar de vinhos sem comentar de gastronomia é quase impossível. Quando pensamos no vinho, de bate pronto nos vem à mente o prato para ser harmonizado. Hoje, percebemos o crescente número de escolas e cursos de gastronomia que, cada vez mais, suas cadeiras e bancadas são ocupadas por amantes da cozinha. Mas também, em grande número, apreciadores de vinhos. E como não relacioná-los? Na cozinha, as pessoas não buscam aperfeiçoamento profissional, pois em muitos casos já ascenderam em suas carreiras e têm o fogão como hobby. Elas voltam às salas de aulas das faculdades ou passam a frequentar cursos de gastronomia para se aprimorarem com o objetivo de desenvolverem pratos para familiares e para os amigos. Outras vão mais além e pensam de forma empreendedora ao quererem montar seu próprio negócio. Com determinação alcançam o sucesso. Mas o que o vinho tem a ver com tudo isto? Os franceses, os portugueses e os italianos são os mais importantes povos que produzem vinhos gastronômicos, ou seja, elaboram seus vinhos pensando nos componentes principais de sua culinária local. No Brasil, a cultura de se tomar vinhos começa a crescer e, em paralelo, a necessidade de entendermos como harmonizar, sejam nacionais ou importados, inserindo a bebida em nossa cultura gastronômica com toda a sua diversidade. Na faculdade ou nos cursos de longa duração, harmonização é uma matéria que dá noções técnicas, mas isso não é possível com os cursos de curta duração. Frequentemente, vejo feiras e degustações de vinhos serem promovidas, porém poucos eventos de harmonização são relacionados com a gastronomia na região do ABCDMRR. Nos restaurantes que contam com sommelier, ou em restaurantes com profissionais treinados, recebemos apoio, e isso reduz em muito as chances de errar na combinação de pratos. Porém, quando enfrentamos situações em que temos que tomar a decisão, como escolher? Recentemente, participei de uma degustação com pratos elaborados com o fruto do cambuci típico da Mata Atlântica, a fruta símbolo da cidade de Santo André, harmonizado com vinhos. Confesso, foi uma grande e grata surpresa. Entender a combinação de pratos com a acidez e a tanicidade características da fruta foi uma excelente experiência. De fato, quando participamos de uma degustação, automaticamente guardamos em nossa memória o resultado desta experiência. Portanto, dentro de pouco tempo, teremos uma referência para outros casos. Por isso, peço para que se perca a oportunidade de ousar com consciência, é claro, para não errar.

Arquivo Pessoal

Minhas dicas

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Será realizada uma feira enogastronômica com a participação de quatro grandes importadoras, Mistral, Ravin, Cantu e Tahaa, onde serão degustados três rótulos de cada expositor, harmonizados nas aulas-show que serão ministradas por chefs de restaurantes locais e culinaristas que farão suas receitas que referenciam em suas casas ou pratos que frequentam suas mesas desde crianças, já feitos por seus pais ou avós. Uma oportunidade na região. Mais informações pelo site www. emporiodvino.com.br ou por e-mail emporiodvino@emporiodvino.com.br, Facebook: Empório Divino vinhos. Aproveitem e boa aula!


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Onde retirar um exemplar DIADEMA Acapulco Doceria & Buffet Churrascaria Boiadero Clube Chácara 3 irmãos Padaria Joal Santos Padaria Sabor do Pão SANTO ANDRÉ

Centro Piraporinha Centro Centro Centro

Avenida Alda, 244 Av. Piraporinha, 100 Av. Sete de Setembro, 531 Rua Manoel da Nobrega, 1222 Av. Ver. Juarez Rios de Vasconcelos, 140

Banca Benedetti Café Época CI Santo André CI Colégio Empório D’ivino Fran´s Café Fran´s Café Padaria Lider do Campestre Restaurante Garoupa Restaurante La Mazurca Super Banca

Santa Tereza Vila Assunção Campestre Vila Guiomar Vila Bastos Campestre Jardim Campestre Campestre Vila Pires Vila Bastos

Av. Dr. Alberto Benedetti, 282 Av. João Ramalho, 390 Av. D. Pedro II, 3049 Rua Silveiras, 70 Rua Dr. Messuti, 329 Av. Portugal, 1126 Rua das Figueias, 181 Rua das Figueias, 21.958 Alameda Campestre, 459 Av. Dom Pedro I, 594 Av. Lino Jardim, 1168

SÃO CAETANO DO SUL CI São Caetano Santa Paula Empório São Germano Centro Espaço Vomero Cafeteria Santa Paula Farma 100 Barcelona Fran´s Café Mauá Padaria Nova Portuense Santo Antonio Revistaria Casinha das Letras Centro Samara Pães e Doces Santa Maria São Bernardo do Campo

Av. Goiás, 1256 Rua Monte Alegre, 83 Av. Presidente Kennedy, 1725 Rua Maceió, 703 Av. Guido Aliberti, 4811 - loja 22 Rua Amazonas, 1352 Rua Monte Alegre, 83 - Esq. c/ a Rua Manoel Coelho Alameda São Caetano, 2463 - Santa Maria

Francisco Gastronomia & Cultura CI São Bernardo Consulado do Pão Costela & Cia Doce Recanto Drograria Farmais Fornaria dos Pães Fran´s Café Ki Jóia Restaurante e Lanchonete Padaria Area Verde Padaria Brasileira Padaria e Confeitaria Kennedy Padaria Filiana Padaria Imigrantes Padaria Nova Miami Padaria Nova Royal II Padaria Paraty Padaria Pastor Padaria Terra Nova Demarchi Restaurante Fratelli D´Itália Restaurante São Francisco Revistaria Nova Petrópolis Shopping Casa Total Móveis

Rua Dr. Fláquer, 571 Rua Artico, 300 Av. Senador Vergueiro, 1045 Av. Winston Churchill, 480 Av. Dr. Rudge Ramos, 294 Av. Moinho Fabrini, 460 Av. Dom Jaime de B. Cãmara, 584 Rua Continental, 357 Rua Reginatta Ducca, 90 Estrada dos Alvarengas, 20 Rua Dr. Fláquer, 639 Av. Robert Kennedy, 535 Rua MMDC, 552 Rua Cristiano Angeli, 35 Av. Francisco Prestes Maia, 1192 Av. Redenção, 400 Rua Viña del Mal, 698 Av. Robert Kennedy, 830 Av. Maria Servidei Demarchi, 1887 Rua Dr. Fláquer, 515 Av. Maria Servidei Demarchi, 1911 Av. Francisco Prestes Maia, 571 Rodovia Anchieta, 17,5 km

Centro Centro Jardim do Mar Vila Caminho do Mar Rudge Ramos Independência Vila Armando Bondioli Vila Margarida Rudge Ramos Assunção Centro Jardim do Mar Vila Paulicéia Assunção Nova Petrópolis Vila Euclides Vila Brasilândia Jardim Vera Cruz Demarchi Centro Demarchi Nova Petrópolis Alvinópolis

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