Revista Leia ABC - Maio 2013

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Índice

6 Entrevista 14 Imóveis 24 Economia 26 Cidades 28 Política 32 Segurança 34 Capa 42 Educação 45 6 Perguntas 46 Saúde 48 Tecnologia 52 Turismo 54 Esporte 58 Moda&Beleza 60 Cultura 62 Gastronomia

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Comando do ABC não mudará operação, diz o coronel Mauro Ricciarelli

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Mercado de imóveis cresce, mas faltam esclarecimentos

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O crack se tornou epidemia

Colunistas 13

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Marcos Gazetta

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Wallace Nunes 4

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Thamires Barbosa

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Patricia Bono

Sonia Varuzza

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Fauser Gustavo

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Celso Pavani


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Gestão do lixo Aterros sanitários estão saturados e os municípios buscam alternativas

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Bastidores já acontecem para o pleito de 2014

Moveleiros pedem ajuda

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Escola de comida de qualidade

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Animal print chegou para ficar | Maio de 2013 5


Entrevista

Um ponto em comum Há quase cinco meses no cargo, Coronel Mauro Ricciarelli garante que a população da região vai voltar a se sentir segura com a manutenção do esquema de policiamento

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Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com .br

os últimos cincos anos, seis oficiais passaram pela direção do Comando de Policiamento do ABC. Sinal de que há algo errado ou porque a região é, de fato, um território de experiência para “voos” maiores, como ocorreu com Roberval França, antecessor do coronel Mauro Cezar dos Santos Ricciarelli. A ideia de fortalecimento das parcerias com os prefeitos das sete cidades da região é uma tática que pode ter dado certo há dois anos, pois nos últimos tempos, mais precisamente desde janeiro de 2012, a escalada da violência oscila positivamente e teve seu pico em fevereiro deste ano, com alta de 37% em homicídios.

Houve, sim, uma alta de 5% em São Bernardo, mas destaco que foram de sete para oito casos. Em Diadema, de dois para seis casos. LeiaABC – Mas por que então os latrocínios estão em alta? C.M.R – Nos casos de roubo seguido de morte, pode estar sujeito a qualquer cidadão. Por causa de um gesto espontâneo e simples, como um susto, que leva o marginal a pensar que é uma reação e atirar. LeiaABC – De que forma atua o policiamento no ABC? C.M.R – São seis batalhões que respondem pelo policiamento das sete cidades. Como estrutura de trabalho, temos as radiopatrulhas,

LeiaABC – Não é um fato relevante para a região? C.M.R – Vou dar números responsáveis e reais para que se tenha uma ideia do fato. Os números de homicídios nos municípios caíram, pela ordem, em Santo André, 60%; São Caetano, 100%; e Mauá, 25%. 6

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Fotos: Giancarlo Frias

LeiaABC – Como explicar o aumento da violência? Coronel Mauro Cezar dos Santos Ricciarelli – Falar de forma geral que houve aumento da criminalidade é desprezar o que é feito de forma pontual em cada município. Ao fazer uma análise, houve sim o delito de homicídio no primeiro trimestre de 2013, se comparado com o mesmo período no ano de 2012.

O aumento da criminalidade na região não subiu assustadoramernte, como afirmam

responsáveis pelo atendimento da emergência 190. A Força Tática, tropa especializada que atua em ocorrências com reféns, distúrbios civis, esportes, escolta de presos, policiamento em horários e locais previamente selecionados. As Rocam, rondas com auxílio de motocicletas. As Rondas Escolares, que policiam as escolas, quando solicitado. Além do policiamento comunitário, por meio de bases de segurança fixas e móveis e ainda o policiamento com bicicletas. LeiaABC – O efetivo para policiamento é suficiente para coibir os delitos? C.M.R – São 3,5 mil homens e mulheres. Somam-se a isso o Corpo de Bombeiros, os policiais rodoviários e ambientais, que chegam a cinco mil na região. Entendo que o número de policiais e equipamentos é suficiente para fazer frente aos desafios da região. LeiaABC – Mas para que serve um grande efetivo se a onda de crimes continua alta? C.M.R – Planejamento operacional entendo que seja a palavra-chave para o aumento da sensação de segurança. Tenho plena capacidade para mobilizar a tropa em situações de alta periculosidade. Posso reforçar um batalhão em determinado dia e horário com contingente de outros batalhões, inclusive contando com o apoio do [Comando de Policiamento de] Choque (Rota e demais batalhões), Regimento de Cavalaria e Grupamento Aéreo, como acontece na Operação Força Total Integrada.


LeiaABC – Ações de prevenção ao crime, como pregavam os oficiais anteriores à sua gestão, deram certo? C.M.R – Sim, e lhe garanto: não haverá mudanças. LeiaABC – As parcerias com as prefeituras para melhorar a segurança também continuam? C.M.R. – Sim. Nos encontros com os prefeitos, mostrei os desafios da segurança pública em cada município, as parcerias vigentes e as que seriam possíveis de se desenvolver. Vou continuar visitando todos individualmente para melhorar a integração. LeiaABC – Atividades com as

Guardas Municipais podem melhorar? C.M.R. – Fazemos o que é possível na parceria com eles [as GCM]. A PM atua no policiamento preventivo e ostensivo e a Guarda Municipal atua na guarda de prédios públicos e na fiscalização de locais, como praças e monumentos, que são locais de grande circulação. Isso é um dos fatores que aumentam a sensação de segurança. LeiaABC – Comandantes anteriores ao senhor continuaram com a tática de sufocamento contra a criminalidade. Esse método não poderia ser permanente? C.M.R. – Essa tática foi batizada

de Operação Força Total. Nós a remodelamos e denominamos de Força Total Integrada, porque integramos os órgãos do Estado e das prefeituras. Viaturas da Polícia Militar e a tropa das Guardas Civis Municipais também fazem parte da operação. LeiaABC – Muito tem se falado na redução da maioridade penal. O senhor é a favor? C.M.R – Eu sou a favor de mudanças no Código Penal. Pena mais severa, inclusive para menores, entendo ser o caminho. Mas os poderes Legislativo e Judiciário é que estão à frente disso e, como cidadãos, temos que esperar as decisões das Casas. | Maio de 2013 7


Editorial

Onde está a oposição? Os Legislativos das sete cidades do ABC vivem uma situação estranha. Poucos são os vereadores, pessoas eleitas pelo povo, que ousam não apoiar os chefes dos Executivos municipais. Durante os quatro primeiros meses deste semestre, a equipe de repórteres esteve em sessões públicas de pelo menos três das sete Casas das Leis

da

municipais e presenciou movimentos e também comportamentos dos parlamentares, que geram certa estranheza, sobre a facilidade de não conseguirem resistir às tentações de apoiar os Executivos. Para governarem as cidades sem “problemas”, nos Legislativos os prefeitos montam uma verdadeira tropa de choque para cooptar – isso mesmo – os parlamentares para apoiar o oficialismo. Tome-se como exemplo Santo André e São Bernardo. Na primeira, nos primeiros dias do governo de Carlos Grana (PT), um grupo de parlamentares se uniu, formou uma base e começou a dizer não para várias propostas governistas enviadas para a Casa. Percebendo que teriam problemas, os secretários do prefeito se mobilizaram e partiram para cima dos vereadores. Resultado: acabou o grupo que ousou dizer não. Sabemos, sim, o porquê de ter acabado. Benesses aos vereadores, como distribuição de cargos, fazem a festa da cooptação. Em São Bernardo, um fato inusitado. Os parlamentares que apoiam o governo do prefeito Luiz Marinho reclamam da “falta de diálogo” do Executivo para com seus apoiadores. Quando questionado sobre o assunto, Marinho é categórico: “A intenção [dos partidos aliados] com as reclamações era pressionar para obter cargos no Paço. Isso não”. A política lida com valores, com conceitos, com sentimentos, com aspirações que vão além do que podem prever os códigos legais. Do que vale a existência de um parlamento se os eleitos pelo povo são incapacitados de dizer não ou que, pelo menos, não sejam tentados por cargos? É preciso refletir e, por isso, o convidamos a ler a Boa leitura! 8

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Mirante

Wallace Nunes wallace@leiaabc.com

Candidatos ao Legislativo estadual em 2014 Nos últimos dias levantei que algumas pessoas têm se inspirado no deputado Tiririca e devem ser candidatos ao Legislativo estadual no ano que vem. Em Santo André, as ex-jogadoras de basquete Janete e Marta, esta última é secretária de esportes do governo Carlos Grana. No campo político o PT aposta às fichas no novo e vai de Luiz Turco. Presidente da legenda na cidade, Turco diz que sua pré-candidatura tem o aval do prefeito. Em São Bernardo, a aposta continua a ser com a deputada Ana do Carmo. Mas agora a concorrência aumentou. Barba, membro da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos, e o vereador Zé Ferreira postulam a vaga do PT. Mais: Pery Cartola (MD – Movimento Democrático), Orlando Morando e Admir Ferro (PSDB) estarão na corrida pelo voto.

Passo maior que a perna? Alex Manente (MD) tem dito aos quatro cantos do ABC que consegue se eleger deputado federal em 2014. No pleito eleitoral do ano passado, Manente se aliou ao deputado federal William Dib (PSDB) para fazer frente ao candidato à reeleição Luiz Marinho (PT). Não deu. Foram 122 mil votos.

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Luiz Marinho tem dito por onde passa que não está disposto a deixar o cargo de chefe do Executivo municipal para se candidatar ao governo do estado. Seus apoiadores já entenderam o recado e alastram a ideia de que ele vai “descansar” após o término do mandato. Fontes com circulação ativa no governo petista garantem que essa “possibilidade (tornar-se o candidato) é realmente zero”, mesmo que Lula, seu padrinho político, o demova à questão.

Fotos: Divulgação

Não adianta insistir (Parte1)

Não adianta insistir (Parte 2) A deputada estadual Ana do Carmo (PT) fez duras críticas ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), após veto a projeto de lei de sua autoria que prevê a presença de psicólogos e assistentes sociais nas escolas da rede estadual de ensino. Segundo Ana, a decisão de Alckmin foi “totalmente equivocada e dá mostras do péssimo tratamento” que alunos recebem com a atual qualidade de ensino.

Mauá e a crise de ciúmes Ex-membros do governo Oswaldo Dias estão espantados com a correria do prefeito Donisete Braga, ambos do PT. A agenda do chefe do Executivo municipal da cidade está literalmente correndo. Reuniões em Brasília com o governo federal, no Rio de Janeiro, sede da Petrobras, e até mesmo na capital em articulações com o governador Geraldo Alckmin. “Os resultados dessas correrias são extremamente positivos.” Universidade federal na cidade, acordo para regularizar a dívida do município com a União e repasse dos dividendos da Petrobras são as boas novas que causam a ciumeira.

Regina Maura, a nova tucana do ABC Ex-candidata à prefeitura de São Caetano, Regina Maura Zetone, assinou seu pedido de desfiliação do PTB, mas não decidiu seu futuro político. O comando tucano da região dá como certo sua filiação. “Estive a pensar em me desfiliar e ficar sem partido algum tempo. Na próxima eleição quero ficar livre para poder apoiar os candidatos que escolher”, despista. Ela já integra o grupo político do deputado Orlando Morando e de Kiko Teixeira, que é secretário do verde Lauro Michels em Diadema.


São Paulo quer encerrar o contrato com a Controlar Em ofício enviado à Controlar, empresa responsável pela inspeção veicular em São Paulo, a gestão de Fernando Haddad (PT) informou que o contrato com a prefeitura está oficialmente encerrado. No documento, a Procuradoria-Geral do Município considera que o acordo está finalizado há mais de oito meses. A análise é resultado da abertura de três processos administrativos contra a empresa que Haddad já classificou como “caça-níquel e ficha-suja”. A Controlar informou que se manifestará oficialmente dentro do prazo de 15 dias, conforme estipulado pela prefeitura. Em nota, a concessionária reafirmou seu entendimento de que o contrato com o município é válido até 2018.

Morando projeta aumento do seu grupo político O deputado estadual Orlando Morando (PSDB) está certo de que seu grupo político está conciso e coeso, mas entende que pode crescer com a debandada de correligionários que apoiam outras frentes. “A oposição não está dispersa, o que entendo é que muitos dos antigos não se renovaram e isso é cíclico. Agora meu grupo está mais do que consolidado e vamos fazer um trabalho de resultados”. Segundo ele, o prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV) será a prova das grandes realizações. O deputado também afirma que seu candidato a deputado federal no ano que vem será o ex-prefeito de Kiko Adler.

Muito dinheiro O prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), divulgou os projetos do seu governo para a área de transporte. O chefe do Executivo disse que a prefeitura protocolou junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) pedido de financiamento de US$ 250 milhões, equivalentes a R$ 500 milhões. O projeto envolve a construção de 13 corredores de ônibus. Os locais serão divulgados aos vereadores da Câmara andreense. “O importante é que estamos credenciados. O BID tem um trajeto e temos uma pista para percorrer”, diz o prefeito. | Maio de 2013 11


Expediente

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Diretor de Redação

Wallace Nunes - MTB 55.803/SP

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Revisão

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Editoração Eletrônica

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Daniel Lima, Shayane Servilha, Mayara Pires, Marcos Cazetta, Patricia Bono, Thamires Barbosa, Sonia Varuzza, Celso Pavani, Fauser Gustavo, Mohammad Waleed, Gisele Simões e Thais Sabino

Impressão Ecograph

A tiragem da revista é devidamente auditada pela

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Fotografia

LEIA ABC é uma publicação mensal produzida pela Editora Sustentabilidade Editorial e Cheeses Publicidade e Editora.

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Mario Cortivo, Fabiano Ibidi Omar Matsumoto e Shutterstock

Mídia digital

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Economia

Investimento: a melhor Marcos Cazetta Economista e especialista em finanças pessoais

opção diante do novo cenário

Juros baixos propiciam lucros menores. Por isso, é preciso diversificar os investimentos para manter a rentabilidade

Shutterstock

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pós alguns anos sustentando o primeiro lugar de país com a taxa de juros mais alta do mundo, o cenário brasileiro hoje se encontra um pouco diferente. Claro que a queda da taxa de juros é muito importante para o desenvolvimento da atividade econômica no país. No entanto, para os aplicadores em fundos de renda fixa, isso representa uma queda nos ganhos de suas aplicações. E, a partir da queda dos ganhos com a baixa da taxa de juros, a pergunta de muitos e-mails que tenho recebido é: qual a melhor alternativa para manter os ganhos de anos anteriores sem os riscos do mercado de renda variável? Os mais comuns são: ações, fundos de renda variável (fundo de ação, multimercado e outros), quotas ou quinhões de capital, commodities (ouro, moeda e outros) e os derivativos (contratos negociados nas bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas). O mercado de ações, por exemplo, já não proporciona taxas tão atraentes de retorno como em um passado recente. Apesar do aumento do número de pessoas físicas aplicando diretamente na bolsa de valores, as incertezas da crise econômica mundial trouxeram consequências. Com taxas de juros menores e riscos ainda altos,

os pequenos aplicadores passaram a procurar alternativas mais seguras para obter ganhos. A poupança, rendimento fixo, que proporcionava ganhos líquidos acima de 6% ao ano, também sofreu alteração. A nova regra, que passou a vigorar em agosto de 2012, estabelece que, enquanto a taxa Selic estiver igual ou acima de 8,5% ao ano, a remuneração da poupança se mantém no patamar já existente, ou seja, 0,5% mais TR (Taxa Referencial). Quando a Selic estiver abaixo de 8,5% ao ano, como acontece neste momento em que ela se encontra em 7,5% ao ano, a remuneração é de 70% da taxa Selic + TR (Taxa Referencial). Diante destas condições, os bancos foram obrigados a criar alternativas para manter o investimento em renda fixa, uma das alternativas

apresentadas são as LCI (Letras de Crédito Imobiliário). Ou seja, os bancos que concedem financiamento imobiliário no mercado podem captar investimentos com lastro nestas operações. Isso proporciona a nós como pessoa física o aumento de rendimento nestas aplicações, além do que nestas operações pessoas físicas são isentas da cobrança de Imposto de Renda. Apesar das LCIs proporcionarem ganhos acima da poupança, antes de migrar suas aplicações para este fundo de investimento vale observar as taxas de administração cobradas pela instituição – elas podem variar de 1% a 5% ao ano. As LCIs podem ser encontradas nas principais instituições financeiras brasileiras e, dependendo da instituição, há um valor mínimo de aplicação. | Maio de 2013 13


Imóveis

Propostas para humanizar o predatório mercado imobiliário O mercado de imóveis no ABC vive momentos de decisão. O sinal amarelo acendeu e é preciso que a Acigabc faça algo de grande relevância Especial para Leia abc Daniel Lima

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presentamos o que chamaria de Agenda para o Desenvolvimento Sustentável do Mercado Imobiliário. Tomei essa providência, entre outros motivos, porque é preciso atingir o fígado da irresponsabilidade social que marca a atuação da Associação dos Construtores do Grande ABC (Acigabc), comandada há mais de duas décadas pelo empresário Milton Bigucci. É um chute certeiro no vácuo de comprometimento de uma instituição que trata diretamente com um produto da cesta básica de cidadania. O que os leitores vão encontrar na sequência é uma exposição breve, espécie de vitrine. O detalhamento implicaria aprofundamentos que tornariam o agendamento do mercado imobiliário porta aberta à dispersão. Optamos pela síntese na expectativa de que, quem sabe, algumas almas bondosas resolvam comprar a ideia. No fundo, no fundo, não é possível acreditar nisso. Pelo menos enquanto prevalecer no mercado imobiliário a ideologia mercadista que ignora completamente a sociedade. Sempre com o aval de uma quase totalidade da imprensa sujeita demais a pressões de investimentos publicitários. É possível insistir na afirmativa de que o que se segue é apenas uma amostra breve que demandaria aprofundamentos. Não há qualquer inconsistência à execução dessas medidas. Basta arregaçarem as mangas. Infelizmente, este é o grande nó nas questões que envolvem essa importante atividade econômica: poucos se propõem

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ao menos a acreditar que há uma correlação estreitíssima de origem e efeito entre uma nova e invasora torre de apartamentos que se constrói numa avenida já entupida e a consulta médica agendada para investigar aquela dorzinha que insiste em incomodar a região torácica. A humanização da sociedade, principalmente em regiões metropolitanas já tão degradadas pela ganância imobiliária e pela leniência dos gestores públicos, haverá um dia de ganhar formas que não sejam de reverência ao concreto armado e às fachadas suntuosas que desumanizam as relações sociais.

O IPTU deve ser escarafunchado de tal modo que se tenha completa radiografia dos valores médios por áreas geográficas de cada município. Só assim será possível captar prováveis distorções que beneficiariam grandes proprietários em detrimento de outros, ou mesmo de disparidade em situações semelhantes. Parte dos recursos amealhados pelas prefeituras poderia ser destinada à vinculação do desenvolvimento econômico e social dos respectivos bairros, num processo de personalização do tributo, tornando-o mais visível aos contribuintes no sentido de retorno da intervenção pública.

Mapeamento do IPTU residencial, comercial, serviços e industrial Explicação – Não basta contar com números orçamentários genéricos de arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Este é um modelo defasado, antiquado e insolvente adotado pelos administradores públicos.

Composição de conselho de ética contando com representantes da sociedade civil O organograma da Associação dos Construtores não pode prescindir de instância que exerça severa vigilância ética sobre a gestão de uma atividade com forte imbricamento social. Um conselho de ética formado por instâncias da sociedade, entre as quais a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Procon, dinamitaria práticas corporativistas que sequestram valores de cidadania.

“O IPTU deve ser escarafunchado de tal modo que se tenha completa radiografia das áreas geográficas de cada município

Políticas proativas para disciplinar a contratação de agentes de distribuição de material ropagandístico em vias públicas A gravidade de situação já detectada e muito além do que se apresenta oficialmente é suficiente para que a medida seja tomada imediatamente. Manter menores de 16 anos nas ruas


No ABC, há um limite de altura para construção de arranha-céus

como frágeis braços de aluguel na distribuição de panfletos de promoção do mercado imobiliário é um convite às emboscadas da criminalidade, como alertam especialistas. Lugar de criança e adolescente é na escola.

Omar Matsumoto

Mapeamento completo de áreas industriais disponíveis Faltam estatísticas que identifiquem a realidade do estoque de áreas industriais que possam ser catalogadas à atração de novos investimentos. Um banco de dados com informações e características desses espaços é o primeiro passo a empreitadas de várias tonalidades econômicas, entre as quais o encaixe de valores por metro quadrado. O reino da especulação viceja onde há escuridão de informações. Gradualismo na utilização da mecânica de aplicação de outorgas onerosas A introdução do anteparo de outorgas onerosas para atenuar impactos ambientais e viários de edificações excessivamente verticalizadas ainda está longe do ponto ideal. O adicional financeiro exigido para elevar o índice de construção com consequente investimento dos valores em serviços públicos, não é de todo resolução amenizadora dos impactos dos grandes empreendimentos imobiliários. Está certo que a redução dos limites de construção em relação à área física de determinado terreno significa avanço nas relações do poder público e o mercado imobiliário, mas é possível melhorar. O gradualismo sugerido é simples: o peso financeiro das outorgas onerosas seria menor na medida em que os endereços pretendidos pelos investidores imobiliários se afastassem de uma lista previamente definida de corredores viários mais intensamente disputados. Ou seja: contrapartidas financeiras seriam abrandadas quanto mais os empreendimentos imobiliários se afastarem das áreas comercialmente mais nobres. | Maio de 2013 15


Imóveis Completa transparência administrativa, incluindo-se atividades empresariais dos dirigentes da entidade Os dirigentes da Associação dos Construtores são agentes sociais, por conta do envolvimento público do setor. Por isso, suas atividades empresariais não podem dissociar-se de base ética que os iniba, quando não os impeça, do acesso a privilégios que a interlocução com o setor público possibilita em tratativas institucionais de uso implicitamente particular. Comitê misto de avaliação das relações entre agentes econômicos e mutuários de imóveis Explicação – Há elevado número de problemas que envolvem o mercado imobiliário, denunciado aos agentes de proteção dos consumidores de produtos e serviços. O mercado imobiliário é um dos maiores destinatários de queixas de mutuários. Por isso, tratativas de resoluções que envolvam os dois lados dessa mesa de permanentes embates precisam ganhar foro específico de representantes dos dois segmentos. Tudo, entre outras razões, para racionalizar medidas profiláticas, eliminando efeitos de dispersão e baixa resolutivamente que decisões entre as partes beligerantes procuram solucionar nem sempre com a força do argumento e dos direitos previstos. Organização estatística do valor do metro quadrado na venda de imóveis novos e usados Os anúncios de compra e venda de imóveis novos e usados colocam no mesmo saco produtos completamente diferentes. Características físicas e localização são praticamente ignoradas na formulação de preços. Tratam o mercado imobiliário de cada município como tecido homogêneo. Na realidade são pontos muitas vezes complemente distintos. Um banco municipal do valor do metro quadrado para venda de imó16

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veis usados e novos que leve em conta, entre outros pontos, a localização geográfica poderia permitir, entre outros benefícios, maior velocidade de venda e drástica queda do grau de especulação que a barafunda patrocinada pelos agentes imobiliários fomenta. Se alguém convencer um potencial comprador que dois imóveis semelhantes em características físicas podem ser avaliados no mesmo patamar financeiro, embora estejam em bairros completamente distintos, o primeiro de classe média tradicional e o segundo de classe média emergente, o banco de dados não teria sentido algum. Organização estatística do valor do metro quadrado na locação de imóveis novos e usados Os mesmos princípios que regeriam o mercado de venda de imóveis novos e usados poderiam ser introduzidos no banco de dados de imóveis à locação. É preciso especificar as diferenças para estabelecer valores distintos. E isso só é possível com o suporte de agentes imobiliários de campo, os corretores. Ninguém melhor do que eles para acompanhar em tempo real o andar da carruagem do mercado imobiliário. Pesquisa anual para aferir o manancial de questões que movimentam o mercado imobiliário Explicação – A produção de questionário detalhado que seria aplicado principalmente pelas imobiliárias poderia detectar, anualmente, tendências microeconômicas do mercado imobiliário de cada um dos municípios da província do Grande ABC. É possível antecipar alguns movimentos de construtoras e incorporadoras a partir dos radares informativos dos corretores que atuam no front, longe portanto dos gabinetes refrigerados. Muitas demandas saltariam às pranchetas dos pesquisadores. Projetos para a ocupação harmoniosa

dos principais corredores viários e seus entornos A febre do mercado imobiliário longe está de apresentar sintomas de loucura. Muito pelo contrário: os investimentos são planejadamente executados para obterem o maior índice possível de retorno financeiro. Os principais corredores viários são o centro dos ataques, intensificando-se medidas de elevação do preço do metro quadrado como mecanismo retroalimentador de novos empreendimentos. A participação do conselho de ética no aprofundamento de análises de especialistas que seriam recrutados para mergulhar nas entranhas dos investimentos correria na mesma raia de responsabilidade na aprovação de cada projeto nas instâncias públicas. Os impactos sociais e ambientais de cada lançamento imobiliário nos eixos viários mais suscetíveis à demanda veicular seriam detalhadamente medidos de modo a não se incorrer no agravamento do quadro de desastre


Os edifícios com 2 dormitórios foram os que mais cresceram na região nos últimos três anos

Omar Matsumoto

civil participante ativa do mercado imobiliário, poderia ser importante ponte à multiplicação de medidas que, finalmente, colocariam um pouco de ordem na bagunça generalizada de ocupação daquele território.

associado à massificação de veículos. Plano estratégico para dar completa transparência à aprovação de empreendimentos Não se pode desprezar o potencial predatório na província do Grande ABC, na qual muitas áreas durante largos períodos de efervescência industrial foram utilizadas sem preocupação ambiental. As forças econômicas, mais organizadas e preparadas para contornar flácidas restrições de organismos públicos voltados à avaliação do solo, não podem jogar sozinhas o jogo do mercado imobiliário, sob pena de se repetirem novos casos do Condomínio Barão de Mauá, o mais emblemático reduto de prevaricação, e também do Residencial Ventura, em Santo André. Uma lista completa de áreas suscetíveis a investigações permanentes e igualmente sujeitas à inspeção cuidadosa para aprovação de projetos de ocupação é o ponto de

partida para obstar a supremacia de interesses mercantis em detrimento da cidadania. Plano estratégico à organização dos mananciais Deixar que áreas dos mananciais continuem entregues ao aparato decisório público, que se mostrou deficiente e comprometedor ao longo de décadas, é convite à aniquilação desse importante pedaço da geografia regional. Na verdade, muito mais que pedaço, porque envolve mais da metade do território da província do Grande ABC. Entre as possibilidades que se descortinam, surgem medidas vinculadas à aplicação de parte da contrapartida financeira da aprovação de outorgas onerosas. Um fundo de recursos oriundos desse dispositivo, gerenciado multilateralmente pelo poder público, Associação dos Construtores e a sociedade

Mapeamento completo e divulgação permanente de áreas públicas que constam da lista de licitações O universo de áreas públicas levadas a leilões é uma seara desconhecida pela quase totalidade dos contribuintes. Raramente se dá a devida publicidade à disponibilização de terrenos públicos a empresas privadas e pessoas físicas em forma de licitação. Quem conhece o mercado imobiliário jura por todos os juros que são cartas marcadas. Há deliberada performance de discrição dos estamentos burocráticos públicos que garantem a legalidade de operações. Quem mais se aproxima do poder público acaba se dando bem porque compra geralmente a preço de banana, sempre protegido pelo valor venal, terrenos de destinação bastante vantajosa. Somente com transparência será possível democratizar tanto a lista de terrenos quanto as disputas dos interessados. Formação de diretorias específicas das áreas de incorporadoras, construtoras e imobiliárias Embora integrem a mesma cadeia econômica, incorporadoras, construtoras e imobiliárias trafegam por interesses específicos nem sempre conciliáveis. Ao manter sob o mesmo guarda-chuva a representação dessas atividades, a Associação dos Construtores peca pela generalidade de medidas. A descentralização departamental, com foco nas três áreas, não seria sinônimo de divisionismo, porque teria o contraponto da centralização conceitual. Tanto as questões corporativas de cada segmento como as institucionais, direcionadas ao conjunto da sociedade, seriam mais bem apuradas, planejadas e executadas. | Maio de 2013 17


Imóveis

Prestação de contas anual em assembleia geral A Associação dos Construtores não pode ser uma torre de marfim protegida contra tudo e contra todos. O que se passa com o solo urbano é responsabilidade geral. Mais que isso: hierarquizar o grau de comprometimento da sociedade no uso e ocupação do solo implica destinar ao mercado imobiliário uma porção muito acima da média geral, juntamente com o poder público. Exatamente por isso, a entidade deve manter as portas abertas à participação social. Compartilhar decisões que afetem a sociedade é imprescindível. Desenvolvimento de políticas para aumentar a formalização do mercado de trabalho O imbricamento social do setor imobiliário e a influência que exerce nos 18

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Mão de obra da construção civil não cresceu na medida em que aumentaram as construções

Omar Matsumoto

Conselho permanente de acompanhamento e reforço de organismos responsáveis pela condução de políticas públicas de operação do sistema viário Juntamente com o setor automotivo, o mercado imobiliário é o principal agente da barafunda no sistema viário das grandes metrópoles. Como integrante da Grande São Paulo, de 20 milhões de habitantes, a província do Grande ABC vive a cada dia mais e mais complicações de trânsito. Os congestionamentos avolumam-se, inclusive, além dos horários habituais de começo de manhã e fim de tarde. Essa conta de qualidade de vida jamais vai fechar ou regredir sem sacrificar ainda mais os recursos públicos. Exceto se a sociedade como um todo, incluindo-se representantes do setor imobiliário, se juntar para, em conjunto, tomar iniciativas fundamentadas no dia a dia. Lavar as mãos é uma prática comodista que só encontra eco entre os simplistas que acreditam que torres de apartamentos signifiquem desenvolvimento econômico.

indicadores de desenvolvimento econômico do país, porque movimenta atividades que se entrelaçam, dispensariam explicações à implementação de políticas de formalização de emprego no setor. Os números da informalidade entre trabalhadores da construção civil são impressionantes e precisam ser abatidos. O distanciamento da Associação dos Construtores é espécie de atestado de mutismo e surdez que favorece empreendimentos desatrelados de procedimentos previstos na Constituição Federal. Conselho para analisar criticamente todos os entraves burocráticos ao desenvolvimento do setor, estabelecendo-se medidas em comum para toda a região O emaranhado da legislação tor-

na o empreendedorismo imobiliário campo minado, principalmente para quem não tem proximidade com o poder público. Nesse ponto, a disputa é desigual ao opor quem tem privilégios e quem é simplesmente um número na massa de negócios do setor. Um conselho de desburocratização, com a participação de representantes de todos os segmentos do mercado imobiliário e também da sociedade civil, possibilitaria muito mais que o cruzamento de informações e dados que poderiam ser sistematizados para dar celeridade às decisões. O organismo também poderia colaborar para enquadramentos legislativos que iriam muito além da quebra de barreiras, mas também forneceria munição à implementação de medidas que o dia a dia da atividade recomenda.


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Economia

Patricia Bono Advogada e Mestre em Direito

Nossa crise de anonimato

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enho certeza de que você vai concordar comigo: o cantor Roberto Carlos, de alguma forma, faz parte da sua vida (e da minha). Não importa se você pensa que ele “é o cara”, ou se lembra de sua infância cantando O Calhambeque, ou se, na juventude, você ficou À Beira do Caminho por causa da Namoradinha de um Amigo Meu. Ele – ou o que ele representa – está na nossa vida. Em 2007, entretanto, o “rei” disse aceitar participar de nossas vidas, mas deixou claro que não pretende que participemos da dele, ao fazer um acordo com a Editora Planeta1 e retirar os exemplares de sua biografia não autorizada de circulação. Num tempo de redes sociais em que muita gente posta o próprio enfrentamento de uma dor de barriga como se o mundo quisesse dela saber, é estranho pensar que a privacidade de uma figura pública possa mesmo ser alargada. Os bônus da trajetória pessoal, artística ou profissional de um personagem considerado público ou ainda daqueles que estão abarcados em acontecimentos de interesse da coletividade – felizmente para uns e infelizmente para outros – também vêm acompanhados de ônus, entre os quais a dilatação da participação ou da curiosidade do “resto do mundo” sobre tudo o que envolva sua vida, inclusive a parte que poderia ser privada. Numa audiência, por exemplo, o juiz ouve as partes e as testemunhas sobre um mesmo evento. E isto não tem muito a ver com justiça, mas sim com o fato de que existem várias versões sobre o mesmo tema. Em outras palavras: existem várias verdades que coexistem. Verdades que podem caminhar juntas ou não, e que vão, em determinado momento, formar a opinião de terceiro que não par-

ticipou do evento. A delicada questão é: a quem pertence a minha história? Para figuras mortais como eu e você, a resposta é fácil, mas quando a pergunta recai sobre uma pessoa pública a coisa parece ter outro viés. Muito temos falado a respeito da chamada Lei das Biografias, que ainda é um projeto de lei encampado pelo deputado federal Newton Lima Neto2, que tem como mote a ampliação da “liberdade de expressão, informação e acesso à cultura”, quando pretende que o gênero biográfico, independentemente da linguagem (literária, audiovisual ou cênica) que utilize, não dependa mais de autorização dos biografados e, especialmente, de seus herdeiros. Ora, o biógrafo é um escritor como

outro qualquer. Se ele for contratado pelo biografado, deve seguir os termos que pactuaram, mas se seu trabalho for de livre iniciativa, sua liberdade deve ser inquebrantável. Se, por acaso, seu trabalho causar danos à imagem do biografado, este tem meios legais para se defender e até se ressarcir. E é com base nisso que tenho certeza de que quem escreve a história é o dono da verdade que conta. Não consigo pensar, por exemplo, na possibilidade de não conhecer (em razão de uma proibição legal) um pouco mais sobre O Anjo Pornográfico3 depois de ter me apaixonado por cada linha escrita por Nelson Rodrigues e Susana Flag4. Como seria minha vida sem Mário Quintana e Fernando Pessoa? Sem as cores densas de Maria Callas ou do Furação Elis5? Restringir o modo de biografar pessoas públicas é um modo de também restringir o meu direito de saber sobre minha própria verdade, já que ela foi formada e pautada não somente, mas também, pela atuação desses personagens com os quais estabelecemos vínculos de amor (e, às vezes, ódio). E sua história? A quem pertence? http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2013/04/noticias/cultura/1427653-projeto-de-lei-poe-fim-a-censura-ao-genero-biografico.html 2 http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid= AB476AF7C81462A0FF6743D544E3E036. node2?codteor=840265&filename=PL+ 393/2011 3 “O Anjo Pornográfico — A Vida de Nelson Rodrigues” (Companhia das Letras, 457 páginas), do jornalista e escritor Ruy Castro. 4 Pseudônimo adotado por Nelson em quatro romances que circularam, sob a forma de folhetim, entre os anos de 1944 a 1947 5 Biografia da cantora Elis Regina, assinada por Regina Echeverria 1


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Economia

Facilidade ao crédito e gastos com cartões são inimigos dos inadimplentes

A inadimplência do consumidor registrou alta no primeiro trimestre do ano, período considerado propício ao aumento dos empréstimos, segundo especialistas

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Especial para Leia abc Mayara Pires

Mario Cortivo

expansão do crédito tornou o consumo mais acessível, porém não menos perigoso. De acordo com a pesquisa divulgada em abril pela Serasa Experian, o número de inadimplentes registrou alta de 3,6% em março, na comparação com o mês de fevereiro. No mesmo trimestre do ano passado, o índice apresentou alta de 10,5%. No entanto, na relação anual – março deste ano comparado ao mesmo mês do ano anterior –, a inadimplência foi de 8,7%. A projeção para os próximos meses, segundo especialistas, é que o índice diminua com o passar dos meses, mas nada muito expressivo. “No início do ano, há uma sazonalidade propícia ao aumento dos empréstimos para atender às necessidades extras de recursos dos orçamentos familiares, já que nesse período existe uma maior incidência de gastos com educação e impostos, além de reajuste de preços e tarifas. Passado esse período e mantida a expectativa de uma moderação do ritmo de crescimento do consumo das famílias, é esperada também uma diminuição do endividamento e da inadim-

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Dívidas ainda assustam muitos brasileiros. Nos últimos anos, cresceu o número de inadimplentes no ABC


plência”, esclarece a economista Marianne Hanson da CNC (divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). Para Bianca Fiori, educadora financeira da Associação Brasileira dos Educadores Financeiros (Abefin), o forte trabalho de marketing por parte dos bancos sobre a redução das taxas de juros gerou uma facilidade ao crédito e, consequentemente, os empréstimos ficaram mais acessíveis. Por um lado, a notícia pode ser digna de comemoração, já que houve uma democratização ao crédito. Porém lança-se um questionamento com aquele que quer colocar as finanças em dia. O alerta da educadora parece não ser novidade, mas é difícil encontrar quem o siga. Hoje em dia, os brasileiros de todas as classes sociais estão mais ansiosos para comprar e, raramente, encontra-se quem faça um planejamento mensal das despesas do lar. Por isso, ela aconselha a não colocar de lado a dica de anotar todos os gastos do mês num caderno e guardar todos os comprovantes dos cartões de crédito e débito, além de anotar os saques em caixa eletrônicos. Ao somar tudo, Bianca garante que muita gente vai se surpreender, já que 25% dos gastos da receita são com coisas supérfluas, segundo estudos. Gastar sem sentir Com tantos atrativos oferecidos pelas operadoras de cartões de crédito, como acúmulo de milhas para viagem, possibilidade de parcelamento a perder de vista e sucessivos sorteios, além da facilidade de uso, o cartão de crédito, hoje em dia, é o maior vilão dos endividados e inadimplentes. “Geralmente, o consumidor vai passando o cartão e não sente que gasta, mas quando chega a fatura o valor é maior que a receita”, diz Bianca. Comprar no cartão de crédito para pagar só no mês seguinte é uma facilidade que só pode ser usada se o consumidor realmente tiver o dinheiro para quitar a fatura. Caso contrário, pagar o valor mínimo é cair numa cilada na certa. Os bancos podem cobrar juros abusivos de até 18% ao mês sobre a fatura atrasada. Por isso, o alerta da educadora é evitar fazer parcelamentos a longo prazo. De parcela em parcela, o orçamento vai sendo consumido

pelo cartão, e isso sem contar que o limite de crédito deixa de ser usado apenas para uma emergência. Gasto consciente Ainda segundo Bianca, para não errar e fechar o mês no azul, procure ter foco na hora de comprar e sempre se faça perguntas como: “Eu preciso disso?”, “Eu quero?”. Se a resposta for sim, veja se há receita para isso, faça as contas e encaixe o que comprou em seu orçamento. Tudo em alta De acordo com a pesquisa da Serasa Experian, todas as modalidades da inadimplência do consumidor apresentaram alta em março deste ano. Os ultrapassados cheques sem fundos foram protagonistas deste crescimento de 26,4%, com contribuição de 2,1 pontos percentuais. Dívidas com outros gastos classificados como não bancários, como financeiras, lojas em geral, prestadoras de serviço como telefonia, água e luz subiram para 2,5%. O valor médio da inadimplência dessa categoria apresentou queda de 14,6% no primeiro trimestre de 2013, na comparação do mesmo período do ano anterior. No trimestre, e o Estado com o maior percentual de cheques sem fundos foi Roraima (13%). Na outra ponta do ranking está São Paulo, com 1,50%. Otimismo para as dívidas Segundo pesquisa realizada pela Peic em abril, mesmo com o aumento das famílias endividadas, a percepção em relação a dívidas e capacidade de pagamento é positiva. “As famílias com contas em atraso também estão otimistas em relação à capacidade de quitação dos seus débitos, já que há uma proporção menor de famílias que não têm condições de pagar essas contas e que continuariam inadimplentes”, alega Marianne. Este otimismo pode ser explicado por dois fatores: o primeiro está relacionado com as condições favoráveis do mercado de trabalho, com taxas de desemprego em baixa e o aumento de salários acima da inflação. O segundo aspecto diz respeito à melhora na qualidade do crédito, já que houve um processo de redução dos spreads bancários. | Maio de 2013 25


Cidades

ruas do ABC 26

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O crack nas


Usuários da droga aumentam na região ao mesmo tempo que o governador Alckmin lança plano de ajuda financeira para famílias de dependentes. Dinheiro poderá ser sacado apenas para tratamento em clínica particular

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Especial para Leia abc Mohammad Waleed - redacao@leiaabc.com

a capital existe a cracolândia – localizada na região central –, já no ABC dezenas de pessoas usuárias dessa droga, que está se tornando uma epidemia, está espalhada em bairros de quatro cidades. Nas imediações da Vila São Pedro, em São Bernardo; na região da favela da Tamarutaca, na Vila Guiomar, em Santo André; no bairro Serraria, em Diadema; e nas proximidades do Jardim Zaírano, no município de Mauá, é possível ver pessoas – homens e mulheres – em estado deplorável e, muitas vezes, brigando para consumir a pedra que vicia facilmente. Mais presente em Santo André, os moradores ficaram preocupados com a crescente concentração de usuários de drogas nas imediações da avenida Dom Jorge Marcos de Oliveira e fazem denúncias ao 190 da Polícia Militar. Segundo os denunciantes, o local se tornou uma cracolândia, onde muitos usuários em estado de transe circulam entre os carros, pedem dinheiro, correm riscos de atropelamento e reviram os lixos das casas atrás de algo de valor ou alimento a qualquer hora do dia. A PM, que patrulha a avenida para coibir a venda e o consumo, informa que na região há dez pontos críticos de “craqueiros”. Eles são presos, mas, sem provas, a polícia os soltam, e esses usuários voltam a consumir a droga na região. “Eles estão próximos das bocas de fumo, pois assim fica mais fácil o consumo”, explica um soldado da PM que patrulha as ruas e avenidas da região.

Origem Esta droga surgiu na cidade de São Paulo em meados dos anos 90 e, de forma lenta, se espalhou para a região metropolitana e para o interior do estado num período de três anos. O crack é originado da cocaína, concentra os mesmos princípios ativos, mas gera efeitos distintos. É uma droga em forma de “pedra” branca ou amarela e que provoca efeitos mais rápidos e intensos do que a cocaína em pó, porque atinge o sistema nervoso central em poucos segundos. Fumar crack é a maneira mais rápida de fazer com que a droga chegue ao cérebro e, provavelmente, esta é a razão para a rápida progressão para a dependência. O efeito de euforia é mais forte do que o da cocaína quando o crack é fumado. Após o uso a droga leva o usuário à depressão, o que o fará usar novamente para compensar o mal-estar, provocando intensa dependência. Não raro, o usuário tem alucinações e paranoia (ilusões de perseguição). Além dos sintomas na pessoa, o uso desta devastadora droga traz uma série de problemas, em especial a violência. Em todas as cidades onde o crack apareceu, há relatos de aumento de vários tipos de crime. A primeira vítima é a família. É muito comum os viciados começarem a roubar objetos diversos de suas casas, de eletrodomésticos a botijões de gás, para venderem e sustentarem o consumo. Esgotada essa fonte, partem para crimes aquisitivos, como roubo de carros, assaltos, etc.

O poder de vício desta droga, que já se tornou epidemia, é tamanho que bastam apenas oito segundos de consumo para que o usuário experimente mais e mais

Tratamento Preocupado com o que muitos consideram como uma epidemia, o governo estadual está tomando atitudes para amenizar a situação. Prisões para tratamento à força, após medida judicial, e uma bolsa para internação em clínicas particulares são as medidas utilizadas pelo governo estadual. Chamado “Cartão Recomeço”, o programa foi lançado com previsão de repasses de R$ 1.350 por mês para cada família de usuário da droga. No ABC, o tratamento é iniciado por meio do Sistema de Saúde Menta, com assessoria dos Centros de Apoio Psicossocial Álcool e Drogas, os Caps-AD. No total, são atendidos 4.251 dependentes de álcool e drogas na região. Em Santo André, são 700 pacientes ativos, ou seja, que realmente participam das atividades e estão em tratamento, sendo que 80 deles são usuários de crack. Em Diadema, dos 200 cadastrados, 150 são ativos. Em Ribeirão Pires, o Cap-AD tem 1.325 cadastrados, mas apenas 700 estão efetivamente em tratamento. Em São Bernardo, atualmente 1.857 usuários recebem ajuda, e a estimativa da prefeitura é de que haja 300 dependentes químicos nas ruas da cidade. Em Mauá, 169 pessoas frequentam o Caps-AD. São Caetano não informou o número de usuários e Rio Grande da Serra não respondeu. A maioria dos 310 leitos de internação psiquiátrica por meio do SUS está em São Bernardo, que conta com 241 unidades. Em seguida vêm Santo André (31), Diadema (28), Mauá (8) e São Caetano (2). As demais cidades não possuem leitos e utilizam o Hospital Municipal Dr. Radamés Nardini, em Mauá, ou os estaduais Serraria, em Diadema, e Mário Covas, em Santo André. Os números não refletem, porém, a quantidade de usuários de droga na região, já que são poucos os que buscam ajuda voluntariamente, conforme especialistas. Por isso, os consultórios de rua são importantes, pois auxiliam no processo de convencimento dos dependentes. | Maio de 2013 27


Política

2014:

a campanha da exposição já começou

I

Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

ntensificar as agendas dos prováveis candidatos ao governo do estado em 2014 tem sido a rotina para o ex-presidente Lula quando está em São Paulo. O plano é expor o quanto for possível os escolhidos para sentir o que a população vê da chamada nova face do PT para 2014. No plano da exposição orquestrado por Lula estão Alexandre Padilha, ministro da Saúde, e o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho. Aloizio Mercadante, senador eleito e atual ministro da Educação, era outro contado, mas tem dito que vai permanecer no cargo. Os ministros José Eduardo Martins Cardoso (Justiça) e Guido Mantega (Economia) também figuram na lista, mas os dois primeiros nomes ganharam força. No final da primeira quinzena de maio, em uma de muitas coletivas informais para jornalistas, o ex-presidente havia dito que o momento para conquistar o governo de São Paulo é agora. “Estou convencido de que nunca esteve tão próximo de o PT ganhar

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o governo do Estado de São Paulo.” O partido da presidente Dilma Rousseff pretende divulgar o candidato que vai concorrer com Geraldo Alckmin (PSDB) até agosto. Ainda não é uma briga pela escolha, mas os postulantes têm dado singelos passos para se tornarem o escolhido. Segundo o cientista político Gaudêncio Torquato, São Paulo é o estado-chave para continuar governando o Brasil. “Por isso, a escolha de um candidato que tenha fôlego é essencial”.

Os passos dos postulantes Para concorrer com Geraldo Alckmin os petistas estão afunilando a lista. Médico, formado pela Universidade de Campinas (Unicamp), 42 anos, Alexandre Padilha figura entre os primeiros da lista de especulações e é um desses nomes em que o PT quer apresentar como “cara nova” no estado, como ocorreu no ano passado com o então candidato à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad.

Wilson Magão\PMSBC

O prefeito Luiz Marinho e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, largam na frente, após “empurrão” do expresidente Lula, de outros pré-candidatos do PT ao governo do Estado

Tarcísio Secoli entrou na disputa para o pleito municipal de 2016


Wilson Magão\PMSBC

Luiz Marinho (segundo da esq. para a dir.) e Alexandre Padilha (centro) são os principais indicados de Lula milhões, do montante de R$ 1,7 bilhão previsto para todo o país, para as cidades que aderirem ao programa nacional de melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica de saúde.

Paulo de Souza

Como ação para se tornar conhecido e justificar sua presença no estado, o ministro da Saúde anunciou um pacote de bondades para 90% dos municípios do estado. São Paulo receberá um quarto, R$ 442

Rafael Marques também está na lista de indicados do PT

Outro postulante que ganha força é Luiz Marinho. Com governo bem avaliado em São Bernardo, o prefeito praticamente governa a cidade sem oposição no Legislativo e isso lhe permite espaço para movimentações políticas dentro e fora do ABC. Dois exemplos de que suas articulações têm peso foram os trabalhos de bastidores nas eleições passadas em São Caetano e em Mauá. Aliado do PMDB no plano nacional, o petista são-bernardense costurou um apoio para que Paulo Pinheiro saísse candidato e posteriormente eleito prefeito em São Caetano do Sul. Em Mauá, apaziguou os ânimos dos companheiros de legenda e influenciou para que Donisete Braga fosse candidato. Ele também trabalhou para que a petista Maria Inês fosse candidata no município de Rio Grande da Serra. “Infelizmente ela não venceu, mas valeu pela corrida”, diz uma fonte da cidade que pede anonimato. Na cidade de Diadema seu candidato Mario Reali, que concorria à reeleição, não venceu, mas rapidamente, Marinho costurou um acordo com o eleito Lauro Michels (PV) para que as parcerias com o antecessor fossem mantidas. | Maio de 2013 29


Silêncio Até segunda ordem, Padilha e Marinho desconversam sobre o assunto eleição 2014. A reportagem da LEIA ABC questionou o ministro, mas ele evitou falar sobre sua eventual candidatura em 2014 e disse estar focado no ministério. Luiz Marinho, por sua vez, tem dito há meses por onde passa que não será candidato. Entretanto, numa das muitas inaugurações do mês em São Bernardo, o ex-presidente Lula disse que Marinho tem que repensar a respeito de 2014. “Ainda é cedo para definir o candidato ao governo de São Paulo. Temos o companheiro Padilha, mas não sabemos se a presidente Dilma vai liberá-lo. O nome do Marinho é sempre bem falado [entre os prováveis candidatos]. Mas ele tem que pensar a respeito. Penso que ele tem que concluir a obra que ele está fazendo aqui”, afirmou Lula em entrevista para a Rádio ABC. “Terminar o mandato é por everas interessante para Luiz Marinho porque vai se consolidar como político não apenas como benfeitor para São Bernardo, mas sim para toda a região. “É desta maneira que se constrói a imagem de líder nacional soberba e coesa. Isso faz parte da nova imagem do PT e com certeza ele está inserido nessa nova narrativa”, explica o cientista político Gaudêncio Torquato. O fim do mandato municipal termina em três anos, mas as movimentações políticas são intensas. Membros do partido do PT e das legendas aliadas planejam ter vida pós-Marinho e já se cacifam para sentar na cadeira maior do Paço são-bernardense. O natural seria o vice, Frank Aguiar, partir para o voo solo. Mas a movimentação do ex-presidente Lula, faz com que forrozeiro pense com força na investida à Câmara Federal em 2014. Restam assim poucos nomes para disputa em 2017. Dois deles mostram que estão no páreo. O primeiro é o atual secretário de Serviços Urbanos, Tarcísio Secoli. Conhecedor dos problemas da cidade e também 30

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Arquivo PMDB

Política

Campos Machado e Frank Aguiar tinham muita afinidade dos bastidores – foi secretário de governo no primeiro mandato de Marinho –, o economista e ex-trabalhador da Mercedes é o escudeiro fiel. Com seus quase dois metros de altura, ele intimida, mas é de fino trato com todos que recebe em seu gabinete. Quando perguntado se é candidato em 2017, ele disfarça: “Vocês jornalistas são assim sempre com perguntas fora do tempo. Deixa o homem (Marinho) terminar o mandato. Vejam as ações do governo dele”, resume. Outro que figura na lista de candidatáveis é o atual presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Rafael Marques. Recém-chegado ao cenário

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT) tem agenda intensa em SP desde fevereiro

político da cidade, Marques também preside a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC. Também da confiança de Marinho, Marques dá mostras de que sabe fazer política. Mas, por enquanto, nega suas pretensões futuras. O adeus de Frank Aguiar ao PTB Vice-prefeito de São Bernardo, Frank Aguiar deve oficializar nos próximos dias sua saída do PTB. O motivo é o conflitante cenário político em que o partido se encontra, pois está na base do PT na cidade e vai apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB), no ano que vem. O forrozeiro disse que começou a conversar com integrantes do PMDB e sentiu grande receptividade. Frank Aguiar reuniu-se com o presidente do PMDB paulista e deputado estadual Baleia Rossi. Antes, o vice-prefeito já havia trocado figurinhas com integrantes do partido no município. “Conversei com o Tunico (Vieira, secretário de Relações Internacionais) e com o Gilberto França (vereador). Queria saber se seria bem-vindo no partido e senti receptividade”, diz.


emedebistas, o vice-prefeito também consultou o prefeito Luiz Marinho (PT) sobre a decisão e ressaltou que tem boa relação com o petista.

Arquivo PMDB

Além de ingressar em um partido que vai apoiar o PT nas próximas eleições, Frank quer que a nova “morada” que lhe dê oportunidade de ser candidato a deputado federal. No PTB, as condições não eram as mais favoráveis. Anteriormente, o músico conversou com integrantes do PR, mas retirou o partido da lista de possíveis destinos quando questionou sobre a posição dos republicanos em 2014. “Quando perguntei sobre se iriam apoiar o PT, disseram que, no plano federal, era certeza, mas no Estado ainda estavam em duvida. Como havia essa indecisão, preferi não aceitar”, explicou. A única certeza de Frank Aguiar, por enquanto, é que não há pressa para se filiar a um novo partido, pois o prazo para quem pretende se candidatar em 2014 é setembro. “Até lá tenho tempo. Política é complicada. Estamos resolvendo com tranquilidade”, afirmou o por enquanto petebista. Além dos pe-

PMDB do vice-presidente, Michel Temer, ainda negocia alianças para 2014, mas quer ter candidato próprio

Gratidão Durante a entrevista ao Diá­rio Regional, Frank Aguiar demonstrou gratidão ao PTB. “Foi o partido que me projetou no cenário político, que me deu a oportunidade de ser deputado federal. Eu amo o PTB.” O vice-prefeito deixou claro que não está saindo brigado com os petebistas, incluindo Campos Machado, presidente estadual do partido. “Não há briga. Há acordos (políticos), maturidade. Agradeço ao Campos Machado pela oportunidade. É meu padrinho (político) e meu amigo.” Frank enfatizou que a relação de Marinho e Campos continua tranquila. “Marinho também tem uma boa relação com o Campus e isso não vai mudar”, disse.

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Segurança

Wallace Nunes

Aqui...

Portas fechadas: sofá queimado já está do lado de fora do consultório fechado pelos familiares da vítima

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Especial para Leia abc Mohammad Waleed - redacao@leiaabc.com

neste endereço da rua Copacabana aconteceu um crime com atos de barbárie. Mais uma vez, se abriu mais um capítulo a respeito de uma reforma no Código Penal. No entanto, dentro desta questão, o que mais a sociedade organizada tem discutido é a redução da maioridade penal. A onda dos são a favor de ver um menor que cometeu um crime, seja roubo ou latrocínio, respondendo como maior de idade é tamanha no ABC que os debates são realizados em qualquer lugar. “É um absurdo. Esse moleque deveria pegar pena de morte. Não é porque é menor que não tem que pagar”, diz um mora32

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dor da rua onde a dentista Cintra Magali Murtinho de Souza morreu queimada na última semana do mês de abril. Mais: assassinatos e estupros cometidos por menores são os outros exemplos por quem defende a maioridade penal. Mas, emoções à parte, a grita da sociedade que quer ver um menor tendo uma pena mais severa na região é mais forte, porque é grande o número de jovens presos por terem cometido delitos. Numerologia dos fatos Dados da Secretaria de Segurança Pública divulgados no início do mês revelam que os principais municípios do ABC registraram um aumento de mais de 260% no número de vítimas de latrocínio no primeiro trimestre de 2013, compara-

do com o mesmo período de 2012. As vítimas aumentaram de três para 11 nas quatro principais cidades da região. O maior aumento ocorreu em Diadema. O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Maurício Blazeck, que esteve em São Bernardo do Campo, avaliou o aumento da violência. “É um momento crítico, um momento difícil, em que os roubos, até em razão das reações das vítimas, têm provocado efetivamente esses resultados. Estamos trabalhando no fato, tanto a Polícia Civil como a Polícia Militar. Vamos dar um decréscimo a estes números com a apuração dos fatos, desde que se possa intensificar a apuração dos fatos, a prisão dos elementos. No tocante à Polícia Militar [com] policiamento


preventivo e ostensivo, e nós [Polícia Civil] com os atos de polícia judiciária, com a identificação dos criminosos e a prisão deles”, afirmou. De acordo com os dados da Secretaria de Segurança Pública, São Bernardo registrou três vítimas de latrocínio nos três primeiros meses de 2013, ante duas no ano passado. Em Diadema, elas saltaram de nenhuma no primeiro trimestre de 2012 para seis em 2013. Santo André teve um aumento de uma para duas vítimas do crime. Em São Caetano do Sul, não houve nenhum registro de latrocínio nos primeiros meses dos dois anos. Justiça ou vingança? O objetivo da redução da maioridade penal é fazer com que o direito penal seja aplicado aos que hoje estão sob a tutela do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O Brasil adota o critério biológico que fixa uma idade para excluir a culpabilidade do agente. A discussão é qual a idade a ser adotada. Segundo a advogada Camilla Valle,

Cintya Moutinho de Souza, a jovem dentista, fará falta no Jardim Hollywood, segundo moradores e pacientes

especialista em direito penal, um argumento comum pela defesa da redução da maioridade penal é que aos 16 anos (ou antes mesmo) já se tem a noção exata do que é certo e errado e, a partir daí, já é possível responsabilizar o autor. “O Estatuto da Criança e do Adolescente reforça a responsabilidade social, estatal e da família. Ao reconhecer que são indivíduos em formação, reconhece também a influência externa na construção do sujeito. Submeter crianças e

adolescentes ao ECA é reconhecer, antes de tudo, que há mais responsáveis em torno do fato realizado. Não se isola no indivíduo a sua responsabilidade – outros agentes, e também o Estado, são chamados a pensar a situação”, explica a jurista. Para o desembargador Antonio Carlos Malheiros, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), essa não é a solução para o problema. Ele defende um debate sobre medidas que possam dar maior amparo aos jovens, em vez de puni-los. Malheiros alega que a lógica apresentada para pedir a redução da maioridade penal levaria à punição até de bebês. “Os projetos falam em redução para 16 anos. Usa-se o jovem de 15 anos para cometer o crime com isso. Então, vamos reduzir para 14? Vai ter outro menino com 13 anos, também trabalhando com o traficante, sendo aviãozinho, e até sendo gatilho do traficante, sendo soldado. Então, vamos reduzir para 12? E assim vamos indo até chegar à maternidade dos pobres, e vamos começar a apreender os nossos bebês. Não é por aí.”

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Destino certo Mais da metade da população do país não conta com coleta seletiva em suas residências. O ABC recicla apenas 2% das quase 900 toneladas de lixo coletadas Gisele Simões - gisele@leiaabc.com Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

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Fotos: Shutterstock

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ão há como não produzir lixo, mas podemos diminuir essa produção. Como? Reduzindo o desperdício, reutilizando sempre que possível e separando os materiais recicláveis para a coleta seletiva.” O lixo é um dos maiores problemas da sociedade moderna. No Brasil, calcula-se que 30% dele está literalmente espalhado pelas ruas e avenidas nas grandes cidades. No ABC não é diferente, mas por estar próximo de uma represa – a Billings –, que abastece boa parte da população da região, muitos têm tomado cuidado com o manejo. Entretanto, a consciência ambiental ainda está longe de tornar a região um exemplo de qualidade de vida para o restante do país. A maioria da população esquece disso após deixar o saco plástico com o lixo na calçada ou nos cestos de rua à espera do caminhão coletor. A partir daí é que muitas pessoas desconhecem a cadeia processadora, pois no saco de lixo há diversos tipos de material de descarte que poderiam resultar em economia de dinheiro.


Omar Matsumoto

to para o lixo A maior parte do lixo produzido pela população da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) é depositada em cerca de dez aterros sanitários, que hoje já estão operando além da capacidade máxima como depósitos de detritos. Dados da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) mostram que a data-limite para fechamento para ao menos dez aterros expirou no ano passado. Seis das sete cidades da região do ABC e dois municípios da Baixada Santista depositam os resíduos no aterro sanitário Lara em Mauá. A exceção é Santo André, que possui área própria acoplada a uma usina de lixo. Na cidade não há mais espaços na região para depósitos de lixo. O aterro é um espaço particular, que também está no limite de capacidade, e a empresa que o administra quer ampliá-lo para absorver mais detritos. A proposta da companhia administradora é conseguir prorrogação por mais de 30 anos para o local. Para tanto, é preciso de espaço maior. Mas parte do terreno previsto para a ampliação do projeto é de propriedade da AES Eletropaulo. Sem a área da concessionária de energia, a Lara teria 280 mil metros quadrados de terreno livre que garantiria uma sobrevida de mais 15 anos para o aterro. O terreno em questão e em negociação entre as duas companhias está localizado entre a divisa do Parque Pedroso, em Santo André, e o trecho sul do Rodoanel, em Mauá. No total, a área tem 880 mil metros quadrados, dos quais 180 mil metros quadrados não podem ser ocupados por se tratar de Área de Proteção de

Mananciais, protegida por leis ambientais. Os 700 mil metros quadrados restantes estão divididos entre a propriedade da Lara (280 mil metros quadrados) e da AES Eletropaulo (420 mil metros quadrados). O projeto para ampliar o lixão está sendo analisado pela Cetesb desde 2005 e já passou por várias mudanças e reformulações do projeto original. A última alteração ocorreu em novembro de 2012. Até o momento, a empresa possui apenas a licença ambiental prévia. Ainda são necessárias as licenças de instalação e de operação. Numerologia dos fatos O aumento da área para depósito é justificado porque a produção de resíduos sólidos urbanos das sete cidades atingiu a histórica marca de 2,5 mil toneladas por dia em 2012, para uma população que passou dos 2,6 milhões de habitantes. Entre os maiores produtores estão São Bernardo e Santo André, com média de 273,7 mil e 332,4 mil toneladas, respectivamente. “É por isso que os órgãos públicos, juntamente com a sociedade, devem encontrar novas formas de tratar os resíduos”, explica o técnico ambiental do Consórcio Intermunicipal do ABC. Mas, da cadeia do lixo, outro grande problema é o preço da coleta. Segundo o consultor de limpeza urbana e meio ambiente Enio Noronha Raffin, as prefeituras pagam cerca de R$ 60 milhões por ano para recolher o lixo de cada dia. “São valores exorbitantes, e quem acaba pagando é a população através dos impostos”, destaca o especialista. Além do custo da coleta, os muni| Maio de 2013 35


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Reciclar para evitar chorume Mas a coleta e o armazenamento estão com os dias contados não apenas por causa dos preços empreendidos no negócio. O problema de saúde também é levado em conta. Os lixões começam com um enorme buraco totalmente impermeabilizado para que o chorume –substância líquida resultante do processo do apodrecimento de matérias orgânicas – não possa contaminar o lençol freático, represas, rios e córregos. Os chefes dos Executivos municipais e técnicos em operações em resíduos do ABCD destacam a importância de estimular a mudança de hábito da população e ressaltam que a reciclagem é o melhor caminho para diminuir os depósitos de lixos e, consequentemente, seus custos. “Desafio é fazer com que as pessoas separem o lixo dentro de suas casas, antes de entregá-lo aos caminhões”, explica o consultor Ribeiro. Lixo rico Mas a reciclagem ainda não caiu no gosto dos moradores, segundo informações da Cetesb. Os números mostram que apenas 2% dos resíduos sólidos urbanos gerados por dia sejam reciclados. No ABC, o dado cai para 1%. Os dois maiores municípios da região, Santo André e São Bernardo, reciclam, respectivamente, 360 e 200 toneladas mensais de lixo. São Bernardo, que produz 700 toneladas de lixo diariamente, vai tomar medidas para diminuir os caminhões de detritos da cidade para 36

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Mario Cortivo

cípios têm de arcar com o transporte. No ABC, o preço para levar o lixo até o aterro de Mauá é estimado em R$ 150 a tonelada. “O preço pago para depositar o lixo nos aterros poderia ser investido em outros benefícios para a população, como creches, escolas e hospitais. Por isso, é preciso criar novos métodos de armazenamento do lixo e estimular a população a reciclar”, alerta o consultor nas áreas ambiental e empresarial Sérgio Pessoa Ribeiro.

Aterro sanitário Lara de Mauá está com a capacidade máxima atingida

o lixão de Mauá, segundo o secretário municipal de Serviços Urbanos, Tarcísio Secoli. Em entrevista para a Leia abc, ele destaca que a solução seria a instalação de um incinerador que produza energia a partir da queima dos resíduos. “Nossa proposta em torno da diminuição dos detritos é a instalação de um sistema de processamento e aproveitamento de resíduos e, consequentemente, a criação de uma unidade de recuperação de energia.” Segundo o secretário, a usina seria instalada na região do antigo lixão

Alvarenga e pontos de coleta de materiais recicláveis seriam espalhados pela cidade. “O restante do lixo, sem condições de ser separado juntamente com os resíduos úmidos, servirá de matéria-prima para a geração de energia elétrica a partir da usina de incineração que será construída.” Ele estima que a usina esteja em funcionamento em meados de 2016. Este processo de incineração é novo, não emite gases nem gera chorume. O novo processo transforma os resíduos infectantes em resíduos comuns, para depois serem depositados no aterro


como lixo domiciliar. Reciclar é preciso Em todos os lugares do Brasil, e no ABC não é diferente, antes de o caminhão de lixo passar tem sempre um catador que chega à frente em busca de materiais recicláveis, como papelões, latas de alumínio, garrafas PET e tudo mais que for reaproveitável. Os sete municípios têm cooperativas de trabalhadores que prestam grande serviço à natureza reduzindo o volume do lixo que vai para o aterro sanitário. Em 2011, o ABCD gerou 828 mil

toneladas de resíduos e menos de 2% deste total foi reciclado. “Se forem implantadas coletas racionais, integradas ao sistema de logística reversa (reciclagem), em duas gestões administrativas (oito anos) é possível reverter o atual quadro”, estima o consultor e professor da Metodista Carlos Henrique Oliveira. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), os municípios brasileiros têm menos de dois anos para terminar com os lixões e implementar a coleta seletiva em todo o seu território, mas pesquisa divulgada

recentemente aponta que a meta está longe de ser cumprida. De acordo com o estudo Consumo Sustentável, feito pelo Ibope a pedido da WWF-Brasil, 64% dos brasileiros ainda não possuem acesso à coleta seletiva em suas residências. A notícia não é boa, principalmente porque a vontade da população de cuidar de seus resíduos corretamente é grande: 85% das pessoas que não contam com o serviço estão dispostas a separar o lixo em casa, desde que tenham um lugar para depositá-lo. A situação ainda piora. De acor| Maio de 2013 37


Omar Matsumoto

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do com a pesquisa, os brasileiros que já possuem acesso à coleta seletiva não são atendidos 100% pela prefeitura. Em metade dos casos, o serviço ainda é feito de forma informal, por catadores de rua, cooperativas, associações ou pontos de entrega voluntários, o que prova que os governos municipais ainda têm muito trabalho pela frente, se quiserem cumprir as determinações da PNRS no prazo.

Divulgação

Resíduos sólidos podem servir de energia para uma usina verde. Projeto que custa US$ 15 milhões tem retorno financeiro rápido e equilibrado

Usina verde de São Bernardo será construída na região do Alvarenga 38

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Falta conhecimento Além da ausência do serviço de coleta seletiva, o brasileiro também está carente de informação. Uma em cada três pessoas entrevistadas pelo Ibope não faz ideia do destino do lixo que é produzido em sua casa, depois que ele é colocado para fora. E mais: muitos não sabem quais são os resíduos que precisam ser descartados de forma especial, por apresentarem algum risco ao meio ambiente e à saúde das pessoas. Apenas 19% da população sabe como descartar embalagens de aerossóis corretamente, por exemplo, enquanto 78% e 73%, respectivamente, não fazem ideia de como jogar fora remédios e óleo de fritura.


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Educação

Enem ou vestibular: as escolhas para o momento certo Após tantas mudanças no processo para ingressar na faculdade, a dúvida surge por qual sistema optar

pós escolher qual carreira seguir e qual instituição de ensino se encaixa em suas expectativas e condições, os estudantes precisam se preparar para o ingresso no ensino superior. A universidade escolhida utiliza qual critério? É preciso fazer o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)? Há distribuição de bolsas? Para responder a todas estas questões, os vestibulandos devem ficar atentos aos sites das instituições e pesquisar as opções de entrada. Uma boa dica é consultar provas de outros anos. “O aluno deve saber bem qual é o critério utilizado pela faculdade na qual ele deseja entrar e ir ao site para pesquisar exames anteriores”, afirma Paulo Motta, professor de psicologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Assis e especialista em orientação vocacional. Andrea Godinho de Carvalho Lauro, orientadora profissional do Colégio Vértice, concorda e lembra que existem diversas formas de processos seletivos, principalmente nas universidades privadas. “Pode haver um vestibular continuado ou então o tradicional. Isso varia de faculdade para faculdade.” Vestibular agendado Nesse modo de entrada, o candidato preenche um cadastro e agenda um dia para ir até a instituição de ensino

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para fazer uma prova. Em função do desempenho e se houver vaga, o estudante já pode fazer a matrícula. Vestibular tradicional Grande parte das instituições de ensino adere a um processo seletivo próprio, em que os candidatos que fizeram as maiores pontuações são selecionados. Cada faculdade define os seus critérios, mas é possível que haja uma primeira fase, em que há testes de múltipla escolha, e uma segunda, com exame discursivo que cobra conhecimento sobre os conteúdos propostos no manual do candidato. Vestibular continuado ou seriado Este critério de seleção analisa os estudantes durante o ensino médio por meio de provas que são aplicadas ao final de cada um dos três anos, abordando conteúdos previstos. “Nele, o estudante deve fazer provas nos primeiro, segundo e terceiro anos e, ao final, o conjunto dessas notas compõe uma nota de seleção”, diz Andrea Godinho, do Colégio Vértice.

Crise de qualidade? Enem passou por testes de segurança para não deixar cair a credibilidade

Shutterstock

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Da Redação redacao@leiaabc.com

Enem O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi criado em 1998 com o objetivo de diagnosticar a qualidade do ensino médio no país. Em 2009, o exame ganhou uma nova função: selecionar ingressantes nos cursos superiores de faculdades e universidades federais. O exame pode ser utilizado como único critério de seleção ou ainda como parte da nota final da primeira fase do vestibular de algumas instituições e para preencher vagas remanescentes.


no qual instituições públicas de ensino superior oferecem vagas para candidatos participantes do Enem. “As faculdades públicas, em sua maioria, têm um vestibular tradicional, com data marcada. Mas existem aquelas que usam somente o Enem. Então, você deve se inscrever no Sisu, geralmente no mês de janeiro, e irá concorrer às vagas disponíveis”, afirma Andrea Godinho. O Sisu é realizado duas vezes por ano, sempre no início do semestre letivo. A inscrição é gratuita, em uma única etapa, e é feita pela internet.

Sem música na hora de estudar A música na hora dos estudos atrapalha e contribui para a desatenção. “É muito importante que, ao estudar, o aluno reproduza e simule o momento e ambiente das avaliações. E, como os locais dos exames são silenciosos, é importante ter a concentração em mente”, afirma a orientadora do Colégio Vertice. “Ele é mais voltado para as questões práticas e foi muito bem aceito pelos estudiosos”, afirma Paulo Motta, da Unesp. Outra modificação foi a criação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu),

Vestibulares ainda são as alternativas de muitos estudantes universitários na região das sete cidades

Bolsas Após a entrada no ensino superior, os estudantes podem ainda ser beneficiados por bolsas de estudo. “Existem muitas instituições que dão bolsas de 100% para os primeiros colocados no vestibular”, conta Andrea Godinho, do Colégio Vértice. Entre as opções, existe o Programa Universidade para Todos (Prouni), que tem como finalidade a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior. O programa também seleciona os candidatos com base na pontuação obtida pelo Enem: é necessário ter feito mais de 450 pontos na prova e não ter tirado nota zero na redação. Os estudantes devem ter cursado todo o ensino médio em escola pública ou em instituição particular sendo bolsistas. Já para obter bolsa integral, é necessário ter renda bruta familiar por pessoa de até 1,5 salário mínimo. Para parciais, a renda deve ser de três salários mínimos. Há ainda a opção pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que financia a graduação na educação superior de estudantes matriculados em instituições particulares. Podem recorrer ao financiamento os estudantes matriculados em cursos superiores que tenham avaliação positiva nas avaliações do Ministério da Educação (MEC). | Maio de 2013 43


Saúde

Dietas da moda: Thamires Barbosa Nutricionista

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benéficas ou prejudiciais?

erca oito quilos em 20 dias. Faça a dieta das atrizes e perca três quilos em uma semana.” Dietas da proteína, da Lua, da linhaça, do tipo sanguíneo e tantas outras, existentes para reduzir medidas que resultam em promessa de corpo perfeito em pouco tempo com o mínimo esforço, não são recomendadas. Primeiro porque é praticamente impossível seguir algo tão rígido por muito tempo. Ninguém consegue, por exemplo, comer diariamente ração humana e não enjoar, viver à base de sopa ou cortar totalmente o carboidrato. Restringir calorias por muito tempo é, de fato, perigoso. O organismo do ser humano foi programado para garantir a sobrevivência a partir da ingestão de alimentos. Então, logo que seu sistema fisiológico percebe certa diminuição de energia, ele entra em alerta e vai suprir com as vitaminas ingeridas por outros alimentos que nem sempre são eficientes. Quando a energia 44

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volta a ser consumida com o fim da dieta, o organismo o estoca em forma de reserva as chamadas gordurinhas. Resultado: volta do peso perdido em pouco tempo. Como os alimentos consumidos habitualmente voltam a ser ingeridos na alimentação, o peso perdido é recuperado e mais: quilos extras são os novos moradores de seu corpo. O desejo de perder peso e conquistar um corpo esbelto é algo latente entre as pessoas com sobrepeso. O problema é que, normalmente, quem prefere seguir dietas da moda não está psicologicamente preparado para o emagrecimento. Seguir um cardápio totalmente desequilibrado que promete resultados rápidos é mais atrativo do que uma proposta de reeducação alimentar. É preciso ter prazer com a alimentação. Quilos a mais não são os fatores mais graves nas dietas da moda. O problema maior é que as tais dietas geralmente restringem algum nutriente essencial ao organismo. Por exem-

plo, a dieta que restringe ou é baixa em carboidratos (pães, massas, arroz, etc.) ou prejudica o sistema nervoso, pois os carboidratos são a única fonte de energia para o cérebro e logo a pessoa que não o consome fica irritada, nervosa, sonolenta. Não é preciso privar-se de nada, mas apenas buscar equilíbrio. Quem está realmente disposto a reaprender hábitos alimentares e adotar uma rotina saudável certamente conquistará resultados eficientes e duradouros. Outro fator negativo é que as dietas da moda estimulam as pessoas a se sentirem fracassadas. Quando os primeiros quilos vão embora, eles sedem espaço para a sensação de bem-estar e para a autoestima. Porém, em poucas semanas, quando a balança volta a denunciar os quilos extras, a sensação é de derrota. Afinal, as pessoas percebem-se vítimas do efeito sanfona. O organismo necessita de uma gama complexa de nutrientes para manter-se saudável. Mesmo quando se quer emagrecer (ou principalmente por isso), é imprescindível respeitar as necessidades do corpo. Uma boa variedade de alimentos (nas devidas proporções, é claro) ajuda a acelerar o processo de perda de peso. E dietas à base apenas de carboidratos, proteínas ou fibras pecam pela falta de equilíbrio nutricional. O saldo final é fácil de prever: indisposição, tonturas, desaceleração do metabolismo, entre outras coisas. O importante é a conscientização de que o emagrecimento saudável envolve mudança de comportamento, mudança de hábitos alimentares e acompanhamento nutricional. Somente absorvendo estes modos é que perder peso resultará em sucesso e alegria de viver.


6 Perguntas

Socorro!

pequenas marcenarias na região que sequer lançam notas para pagar os impostos devidos. Por isso, proponho uma ação conjunta com o poder público para fiscalizar e coibir essa prática predatória.

Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

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ario Strufaldi, secretário do Sindicato das Indústrias de Móveis do ABC, afirma que os fabricantes de móveis da região vivem momento difícil. “A mão de obra qualificada está sumindo. Muitos marceneiros, nossos principais funcionários, deixam as empresas para operar na ilegalidade. Eles abrem as chamadas pequenas marcenarias para produzir o mesmo material sem os custos dos impostos e sem nenhuma estrutura. Isso claramente compromete a qualidade do móvel produzido na região. Tudo isso para suprir as demandas do mercado.”

A alta demanda também não seria um dos fatores que estimulam a criação dessas empresas ilegais? M.S. – Não. Temos condições de suprir a demanda. Os problemas são, repito, a concorrência desleal entre a empresa legalizada que gera bons empregos e bons salários e o marceneiro que atua ilegalmente. Sem fiscalização, há um comprometimento da qualidade do produto, que muitos compradores não conseguem discernir um do outro.

A tradicional indústria de móveis do ABC está acabando? Mario Strufaldi – Não, mas está sofrendo uma ação predatória por causa da alta demanda. Muitos marceneiros estão literalmente criando empresas em fundos de quintais, sem custos e auxiliados por ajudantes que ganham salários pelo metro do corte da madeira. Este fato faz com que a mão de obra desapareça e quem sofre somos nós.

E a mão de obra qualificada não dá condições para uma empresa se manter? M.S. – Não. É justamente essa mão de obra qualificada que está fazendo com que muitas indústrias encerrem as atividades. Marceneiros e montadores vão para ilegalidade meses após começarem na profissão. Aí, por exemplo, quando se abre um curso de marceneiro no Senai, não há alunos porque todos pensam que a indústria do setor se resume apenas na montagem do móvel, e não é isso.

Como dar um fim a esse problema? M.S. – Legalizando. Temos mais de mil filiados devidamente regularizados, mas há pelo menos o dobro de

Wallace Nunes

Há quanto tempo isso está ocorrendo? M.S. – Há pelo menos cinco anos. Mas, no último ano, a coisa cresceu assustadoramente.

Mas o mercado de móveis não é rentável? M.S. – É para quem atua no comércio. Para quem fabrica está ruim. Primeiro, porque não sabemos a realidade dos preços. Segundo, porque a carga de impostos é alta.

É preciso fiscalizar urgentemente os marceneiros ilegais | Maio de 2013 45


Saúde

Começa a temporada de cirurgias plásticas A tarefa popularmente conhecida como “projeto verão” inicia-se durante os meses de outono e inverno, mas passa longe da rotina das academias e muitos encontram a solução no bisturi. O tempo ameno e férias escolares propiciam para os hospitais ficarem lotados

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Especial para Leia abc Mayara Pires

oi dada a largada para a temporada de cirurgias plásticas. Os corpos esculpidos que desfilam no verão passaram longe das academias e foram resultado de um árduo processo de recuperação entre outono e inverno. Esse período já é sinônimo de muita correria e aumento de trabalho em quase todas as clínicas de cirurgias plásticas do país e a maioria dos pacientes busca pela lipoaspiração, implante de silicone, rinoplastia, conserto de face e abdominoplastia. De acordo com Fábio Xerfan Nahas, cirurgião plástico e professor afiliado livre-docente da Unifesp, os hospitais estão lotados, o movimento é quatro vezes maior e a carga horária dos profissionais está no limite. No ABC a realidade não é muito diferente. Segundo a assessoria de imprensa do hospital Cristovão da Gama, em Santo André, no ano passado foram contabilizadas aproximadamente mil cirurgias plásticas. “Numa semana normal, eu opero uma ou duas pessoas, mas com a chegada do inverno esse número pula para quatro pacientes no mesmo período”, diz o cirurgião plástico Giancarlo Dall’ Olio. Segundo dados mais recentes divulgados pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética em parceria com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica de São Paulo, entre 2008 e 2011 o número de cirurgias plásticas

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teve um crescimento de 43,9%, passando de 629 mil para 905 mil. Esse levantamento coloca o Brasil em segundo lugar no ranking – a primeira posição é dos Estados Unidos. Contudo, o Brasil obteve um índice mais alto proporcionalmente a sua população. Aqui, foram realizados 4,6 procedimentos por mil habitantes, o que nos coloca em terceiro lugar, perdendo apenas para Itália, com 5,2, e Coreia do Sul, com 5,1. Os Estados Unidos ficaram em quarto lugar, com 3,5. Os índices mais recentes apon-

Homens também fazem plástica Na clínica do Dr. Giancarlo Dall’Olio, em Santo André, a procura de homens por cirurgia plástica aumentou nos últimos anos e a tendência é cada vez mais eles procurarem o bisturi para correções no corpo. “Tenho percebido que os homens estão à procura do corpo perfeito e que isso deixou de ser apenas uma vaidade feminina. Muitos deles optam por procedimentos como lipo, correção de face, cirurgia nos olhos e no nariz. Com base nesse cenário, acredito que isso aumente com o passar do tempo e o preconceito caia”, afirma.

tam que a lipoaspiração voltou a ser o procedimento mais procurado, com crescimento de 130% no período da pesquisa. A demanda passou de 91 mil para 211 mil. Em segundo lugar está a prótese de silicone, com crescimento de 54,5%. A preferência pelos meses de inverno e verão se justifica por razões práticas e médicas. “Não existe nenhum dado científico que comprove que operar no calor ou no frio seja melhor. Na verdade, o aumento de operações no inverno coincide com o período de férias escolares ou da faculdade, que é quando as mães que levam seus filhos na escola e as universitárias conseguem seguir melhor as recomendações médicas para a recuperação. E também porque, quando chega o verão, a paciente já está recuperada”, afirma o Dr. Luis Henrique Ishida, diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica da Regional São Paulo. Além disso, o período de frio em São Paulo, entre os meses de maio e agosto, é suficiente para os pacientes evitarem exposição excessiva ao sol e conseguir esconder melhor as cicatrizes. As férias também podem ser uma saída para disfarçar as mudanças bruscas do corpo. Ao se ausentarem um tempo da vida social ou profissional, os pacientes conseguem disfarçar mais o inchaço. “No caso da lipo, por exemplo, a paciente tem que ficar com uma cinta que cobre o corpo por inteiro, o que é mais confortável no frio e também mais fácil para cobrir melhor do que no calor”, explica o cirurgião Nahas. Lipo sem medo Atualmente, a lipoaspiração é um dos procedimentos mais procurados


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nas clinicas, tanto por homens quanto por mulheres. Em 2003, o Conselho Federal de Medicina (CFM), apoiado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), elaborarou uma resolução com poder de lei para estabelecer parâmetros de segurança que devem ser observados nas cirurgias. Com o avanço da medicina e para diminuir o número de óbitos, essa resolução visa impor limites e critérios aos profissionais. “Há uma quantidade mínima e máxima que se pode retirar durante um procedimento de lipoaspiração, por exemplo, além da necessidade de um treinamento específico para essa prática”, conta o cirurgião Nahas. Plástica com segurança Todo procedimento cirúrgico envolve algum tipo de risco. Na verdade, o grau de risco é estabelecido de acordo com o tempo que o paciente passa na mesa de cirurgia. No entanto, esses riscos podem diminuir quando tomados alguns cuidados essenciais. Os dados mais recentes do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) mostram que em dez anos aumentou em 202% a quantidade de processos ético-profissionais em andamento a partir de denúncias contra

médicos no Cremesp, relacionados à má prática, erro médico ou infrações ao Código de Ética Médica. Segundo estes dados, o número de processos passou de 1.022 em 2001 para 3.089 em 2011. No mesmo período, foram cassados os registros de 164 médicos e outros 218 médicos receberam suspensão do exercício. De acordo com o Dr. Ishida, cirurgia plástica não é necessariamente um procedimento perigoso, mas depende da qualificação do profissional com quem se faz este procedimento. “A lipoaspiração é, potencialmente, a cirurgia plástica mais perigosa, apesar de ser a mais feita no país. Por isso, é sempre importante checar se há denúncias

no Cremesp contra o cirurgião e verificar se ele tem título de especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Além desses cuidados, procure conhecer com antecedência a clínica onde vai operar”, aconselha. Além disso, o ambiente precisa ser adequado e com suporte de atendimento de emergência para qualquer imprevisto e o procedimento deve ser acompanhado por um anestesiologista. É importante que o paciente relate ao seu médico as medicações que faz uso. “Para ser um cirurgião plástico é necessária experiência de cinco anos de cirurgia, sendo dois de cirurgia geral e três de plástica”, exemplifica o Dr.Nahas.

Lipoaspiração ultrapassa silicone Pesquisa inédita da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica revela que a lipoaspiração ultrapassa os implantes mamários de silicone em 2011. Veja: Nome Lipoaspiração Aumento das mamas Abdominoplastia

Cirurgias em 2011 211.108 148.962 95.004

Crescimento 129,97% 54,54% 38%

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Tecnologia

Acesso à internet

O principal problema das operadoras Anatel divulgou novo relatório de acompanhamento: taxa de acesso em janeiro era de cerca de 95% e meta, de 98% Da Redação redacao@leiaabc.com

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acesso à rede de dados (internet) se manteve como principal problema da telefonia móvel no país entre os meses de novembro e janeiro, aponta o novo relatório de monitoramento divulgado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). De acordo com o documento, a taxa média de sucesso no acesso à rede de dados móvel no país, entre novembro de 2012 e janeiro 2013, foi de 95%, abaixo da meta de 98% estipulada pela Anatel às operadoras. Portanto, assim como no trimestre anterior (agosto a outubro de 2012), alvo do primeiro relatório da Anatel de acompanhamento do setor, nenhuma das quatro grandes empresas de telefonia celular do país – Oi, Vivo, TIM e Claro –, conseguiu cumprir a meta de sucesso no acesso à rede de internet móvel. O pior resultado foi apresentado pela Vivo, com taxa média de acesso de cerca de 92% – as outras três tiveram resultado de cerca de 95% ou mais. O descumprimento da meta evidencia que a rede das empresas não suportava, pelo menos até janeiro, a demanda dos clientes por acesso à rede de internet móvel. Como no relatório anterior, a Anatel avaliou outros três indicadores de qualidade dos serviços prestados pelas quatro empresas: acesso à rede de voz (sucesso nas tentativas de fazer chamadas), queda de chamadas e queda de conexões de internet móvel. Nestes três quesitos, as quatro operadores estão dentro das metas.

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TIM campeã de reclamações O relatório da Anatel mostra ainda que a TIM continua sendo a empresa campeã de reclamações na central de atendimento da agência, por conta de problemas relacionados a completamento de chamadas e reparos. Entretanto, o número de queixas contra a operadora, que estava na faixa de 4,2 mil em agosto de 2012, caiu para cerca de 3 mil em janeiro de 2013. Ainda de acordo com o documento, depois de registrarem queda no final do ano passado, as reclamações contra Claro, Vivo e Oi na Anatel voltaram a aumentar a partir de dezembro de 2012 e, em janeiro deste ano, chegaram a cerca de 1,7 mil, 1,2 mil e 1,3 mil, respectivamente. Relatório Os resultados apresentados pela Anatel são do segundo relatório de acompanhamento da qualidade dos serviços prestados pelas quatro maio-

res operadoras de telefonia e banda larga móvel do país. O primeiro relatório foi divulgado em fevereiro e trouxe indicadores apurados entre os meses de agosto e outubro de 2012. A Anatel passou a acompanhar o índice de qualidade do serviço das operadoras de telefonia celular no ano passado, devido ao aumento das reclamações de clientes dessas empresas. Em julho de 2012, a agência chegou a suspender a venda de chips da Claro, Oi e TIM nos estados em que cada empresa era campeã de queixas. As vendas só foram autorizadas depois que elas se comprometeram a realizar investimento na melhoria de suas redes e no atendimento dos usuários. O objetivo do acompanhamento, que vai durar dois anos e terá relatórios trimestrais para acompanhamento da população, é verificar os problemas apresentados pelo setor e exigir das empresas solução para eles.


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Tecnologia

Fauser Gustavo Russo Neves pfauser@rfpartner.com.br

A 4G chegou, mas e aí?

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tualmente, no mundo dos celulares, só se fala que a geração 4 chegou. Operadoras, fabricantes e consumidores, todos a postos, à espera. Mas do que se trata a tal da 4G? Por que 4G? O que é o tal do G? Ganharei algo com 4G? Realmente são inúmeras interrogações. A digitalização do mundo e o crescimento dos computadores, que de supérfluos se tornaram necessários, fizeram com que a forma de se comunicar mudasse de apenas voz para voz mais dados. Dessa forma os celulares também tiveram que evoluir. As gerações de celulares são uma forma de representar essas evoluções, que surgem a cada dez anos, aproximadamente, revolucionando a comunicação celular. 1G Primeira Geração Era simplesmente de comunicação de voz e feita de forma analógica, tinha baixa segurança. 2G Segunda Geração – O modo analógico é caro, seja por assinante ou pelo uso de baterias. Criou-se, então, o modo digital, porém era incompatível com o analógico. O avanço para o sistema digital melhorou o desempenho da comunicação e logo percebeu-se que era possível o transporte de dados em conjunto com a voz digitalizada. Surgiu então o GPRS. Como o GPRS apenas acrescentava algo à já existente tecnologia 2G, acabou batizado como 2,5G. Nesse momento notou-se que definições um pouco mais precisas sobre as gerações eram necessárias, e especificações de características dos serviços foram então definidas. 3G Terceira Geração Foi caracterizada pela velocidade dos dados, o mínimo tinha de ser de 200Kbps (quatro vezes mais rápida que os antigos

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modens discados) e chegando a alguns Mbps (milhões de bits por segundo). 4G Quarta Geração O frenesi do momento é a menina dos olhos das operadoras, só que não ou seria só que sim? Bom, a Quarta Geração tem como especificações ser totalmente voltada a dados, com velocidades de 1Gbps (isso mesmo bilhões de bits por segundo) para modens fixos (os USBs para computadores) e 100Mbps para os terminais móveis (celulares). Apenas uma tecnologia suporta essas taxas que é a LTE Advanced, porém (sempre há um porém) hoje os pacotes fornecidos pelas operadoras como 4G baseiam-se na tecnologia LTE apenas, que permite acessos com velocidades de 100Mbps, no máximo, sendo o LTE classificado por muitos como um sistema de 3,9G. A grande discussão está em que o LTE é uma evolução do 3G, mas não totalmente compatível, pois as chamadas de voz sumiram – sim, sumiram –, hoje toda a comunicação é por dados, por pacotes IP, assim como a sua internet, a rede de sua casa ou de uma empresa, mas ao mesmo tempo não supre todas as especificações para uma tecnologia 4G.

O sistema digital melhorou o desempenho da comunicação e consequentemente o transporte de dados

Se as chamadas de voz sumiram, como farei uma ligação? Simples, ela utiliza uma tecnologia de voz sobre IP da mesma forma que o Skype, só que é transparente para o usuário que ele esteja utilizando a voz sobre IP. Com essa ambiguidade na definição e mesmo não suportando toda a especificação previamente estabelecida para a 4G, diversos fabricantes e até mesmo os órgãos definidores já estão assumindo o LTE como a entrada da 4G e aceitando essa tecnologia (LTE no lugar da LTE Advanced) como 4G. Por que meu iPhone 5 não funciona em 4G no Brasil? Simplesmente porque a banda de frequência escolhida no Brasil (banda de frequência é como o canal de TV que você escolhe para assistir) e em vários outros países é a de 2,5GHz, e o iPhone utiliza as frequência de 700 e 2100 MHz, que no Brasil é utilizada pelas redes de TV. Pelo menos, por enquanto, um iPhone comprado fora do país não funcionará em 4G no Brasil. De qualquer maneira, a 4G, que não atinge a especificação de 4G, mas é aceita por muitos como sendo 4G, é uma evolução considerável, pois permite um ganho de velocidade que pode chegar a dez vezes, dependendo da operadora, fazendo com que muitos dos usuários ávidos por velocidade e conteúdo migrem da rede 3G para a 4G, aliviando a já congestionada rede 3G. Por se tratar de uma nova faixa de frequência, que antes não era utilizada, a adoção da 4G vai permitir um grande acréscimo de capacidade de comunicação para as operadoras. A única dúvida que resta é: quando teremos uma cobertura decente para esta tecnologia?. Sem a devida cobertura, a 4G será apenas mais uma sigla mercadológica para confundir ainda mais os usuários.


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Turismo

Fotos: Thaís Sabino

Rafael Mitsuo Komesu inovou com as bebidas exóticas

O melhor drinque

é de Santo André Uma competição entre 11 bartenders com o objetivo de produzir o melhor drinque em cinco minutos. Conheça os vencedores e aprenda a preparar as bebidas Especial para Leia abc Thais Sabino

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Arena Brazuka Sports Bar, em Santo André, foi palco do 1º Concurso de Coquetelaria do ABC – A Arte em Drinques e promoveu uma disputa entre 11 bartenders em busca do drinque mais charmoso, saboroso e aromático elaborado com a cachaça nacional Busca Vida, produzida em Bragança Paulista. Ao contrário da rotina abarrotada de pedidos, o que obriga uma “produção em massa” nos bares, os candidatos tiveram que estudar minuciosamente cada ingrediente para compor um coquetel em cinco minutos. “Eu tinha pouco contato com 52

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Os 11 participantes mostraram suas habilidades com gostos exóticos


David Camargo Chedid drinques com bebidas sem álcool também estão presentes no cardápio

Maria Lúcia Oliveira preferiu fazer bebidas à base de cachaça

Vida noturna no ABC De acordo com a porta-voz da empresa produtora do concurso, Etc&Tal Eventos, Daniela Ortiz, a competição terá continuidade, com o objetivo de trazer “glamour e visibilidade, assim como os concursos de coquetelaria projetam em outros países, além de se tornar exemplo para outras regiões”. Ex-proprietária de um bar no bairro Jardim, zona nobre de Santo André, Daniela levantou o problema da migração dos moradores do ABC para São Paulo, quando o assunto é vida noturna. “Eles costumam ir para a capital paulista em busca de novidade”, conta. Ela diz que o alvo do evento é inverter o processo: não só conquistar a população da região, como também atrair público das cidades vizinhas, até mesmo os paulistanos.

esta cachaça, então, a primeira coisa que fiz foi experimentar a bebida para conhecer o verdadeiro sabor. Depois, comecei a pesquisar como e por quem ela foi criada e, então, fui juntando as peças”, conta o campeão Rafael Mitsuo Komesu, bartender da casa noturna BallRoom. Para a “contextualização” do drinque intitulado Busca Oriundi, Komesu usou o licor italiano Amaretto, baseado na informação de que a família criadora da Busca Vida tem raízes no país europeu. O trabalho do vencedor do concurso teve fundamento cultural e econômico. Os demais ingredientes da receita foram selecionados com a preocupação na disponibilidade dos itens no Brasil e em outros países. Komesu usou polpa de maracujá e suco de grapefruit, este último, se-

gundo ele, realçou a característica cítrica do drinque. Foi o conjunto de detalhes que agradou ao grupo de avaliadores, de acordo com o jurado Jairo Gama, presidente da Associação Brasileira de Bartenders (ABB). “Komesu conseguiu ter a plateia na mão e ain-

Nos critérios de avaliação entraram sabor, aroma, performance, aparência do drinque, técnica de apresentação e higiene

da fazer um coquetel maravilhoso. Ele teve a nota maior e, no conjunto, foi o que errou menos. Espero que a gente continue com este evento no ABC”, comenta. Além de trazer reconhecimento à região como polo na criação de coquetéis gourmets, o bartender terá a receita criada integrada ao cardápio de bebidas da casa noturna Galpão Busca Vida, em Bragança Paulista; ganhou um prêmio no valor de R$ 500 e um final de semana na Hospedaria Rural Busca Vida, com direito a acompanhante. Em segundo lugar, ficou David Camargo Chedid, representante do bar Só Santo, com o coquetel Vida Longa. Maria Lúcia Oliveira, da Books e Bartenders Company, ganhou a terceira posição com o drinque Chá da Terra. Eles receberam como prêmio R$ 200 e R$ 100, respectivamente. Além de Jairo Gama, fizeram parte do corpo de jurados o produtor cultural e chef, com experiência na Itália, Carlos de Oliveira e o ex- coordenador de bares nos navios Pullmantur Empress e Zenith, barista há dez anos, Roberto Soares Mota Santos. Nos critérios de avaliação, entraram sabor, aroma, performance, aparência do drinque, técnica de preparação, apresentação pessoal e higiene. | Maio de 2013 53


Esporte

Acabou a chiadeira Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

repercussão do atleta olímpico Arthur Zannetti, que ameaçou deixar de competir pelo país caso não tivesse estrutura para ao menos treinar, foi tamanha que rapidamente conseguiu-se uma solução. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) transferiu novos aparelhos de ginástica e uma sala de musculação ao Clube Santa Maria, de São Caetano. No começo do ano, o ginasta reclamou da falta de boas condições para treinar na Associação de Ginástica di Thiene, em São Caetano, e disse que poderia abandonar a seleção brasileira caso seu técnico, Marcos Goto, não tivesse renovado o contrato com a Confederação Brasileira de Ginástica. Mais: o local de treino apresentava pouca ventilação e faltava um colchão oficial. Zanetti havia revelado que, sem estrutura e sem apoio para treinar, pensava na possibilidade de representar outro país. “Se algum outro país me der uma condição melhor, paciência. Eu vou com o coração partido, mas preciso pensar no meu futuro”, declarou. O pai do único medalhista olímpico na ginástica na história do Brasil, Arquimedes, entrou no circuito e disse que nações como Itália, Espanha e Inglaterra haviam feito propostas para Zanetti. Dias após suas polêmicas declarações, o COB entregou os novos equipamentos – conjuntos de colchões, tablados para a prova de solo, trampolins, cavalos, barras paralelas e 54

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Fotos: Assessoria de Imprensa

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Equipamentos novos faz Arthur Zannetti voltar o foco nos treinos e abdicar de competir por outro país

Secretário de SCS e o técnico do atleta mostram entrosamento pistas de salto. Foram mais de 70, espalhados por Santa Maria, Pinheiros-SP, Grêmio Náutico União-RS, AABB-SP, Minas Tênis-MG e Qualivida/ Três Rios-RJ. Os equipamentos pertenciam ao

Ginasta ameaçou competir por outro país caso não tivesse condições adequadas de treinamento

centro de treinamento de ginástica do COB, que ficava localizado no Velódromo do Rio de Janeiro e foi desativado recentemente para a demolição da arena. “Isso me deixou muito feliz. Meu objetivo sempre foi permanecer no Brasil. Agora posso dizer que vou ficar aqui com certeza”, disse o animado ginasta. “Já havia conversado com o COB desde o começo deste ano para trazer esses equipamentos. Foi o pontapé inicial. É a ajuda que estávamos precisando neste início de ciclo olímpico”, disse o treinador Marcos Goto.


Azulão

inicia disputa na série B com esperança Equipe sabe que é possível voltar à Série A do Brasileirão se fizer um campeonato equilibrado. Reforços vindos do interior podem surpreender

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Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

esde que caiu para a segunda divisão do Campeonato Paulista, o São Caetano já contratou dez reforços para a disputa da Série B. E é nesses jogadores, somados àqueles que permaneceram do Estadual, que o técnico Marcelo Veiga aposta para se destacar no torneio nacional. “Estou muito confiante com o que temos no elenco. Os jogadores que estão chegando correspondem à nossa expectativa e vamos com tudo para fazermos uma boa competição”, garantiu. O último atleta contratado pelo Azulão foi o volante Wagner Carioca, vindo do Mogi Mirim recentemente. O goleiro Rafael Santos, os zagueiros Luiz Eduardo e Douglas Grolli, os volantes Dudu e Matheus, os meias Danilo Bueno e Renato Ribeiro e os atacantes Paulo Henrique e Cassiano Bodini completam a lista de reforços. Para a disputa da Série B, jogadores e comissão técnica se concentraram em Itu. Na abertura da competição o Azulão enfrentará o Ceará.

Atletas confirmam índices para o mundial de atletismo

Dezesseis atletas têm índice exigido pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) para a disputa do Campeonato Mundial de Moscou (RUS), em agosto

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Da Redação redacao@leiaabc.com

lém das provas individuais, os brasileiros asseguraram as participações nos revezamentos 4x100 metros feminino e 4x400 metros, masculino. A próxima competição, em agosto, na Rússia, mais atletas vão tentar atingir os índices para o mundial. A velocista cearense Ana Cláudia Lemos, que já tinha obtido índice nos 100 metros, conseguiu se classificar também nos 200 metros. Augusto Dutra, no salto com vara, Duda da Silva, no salto em distância, Bruno Lins, nos 200 metros, e Ronald Julião, no lançamento de disco, atingiram a marca mínima exigida pela CBAt. Solonei Rocha da Silva e Paulo Roberto de Almeida Paula, da maratona, são os únicos entre todos os qualificados que já foram convocados oficialmente pela CBAt para a disputa do Mundial de Moscou. O prazo para obtenção de índices na prova terminou no dia 5 de maio. Já o paulista Fábio Gomes da Silva, do salto com vara, está fora da Seleção Brasileira, mesmo depois de conquistar o índice, já que ele foi operado na última sexta-feira por causa da ruptura do tendão calcâneo. O atleta só voltará a treinar no final do ano. Ao contrário da maratona masculina e feminina e dos 50 km marcha, os atletas das outras provas ainda podem conseguir índice para o mundial, que será disputado de 10 a 18 de agosto. O prazo para obtenção de índices se encerra no dia 14 de julho.

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Moda&Beleza

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Estampas de animais reinam em mais um inverno e prometem n達o sair de cena t達o cedo. Saiba como usar, sem errar

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situações que exigem menos formalidade. Por isso, para não errar e não fazer feio, escolha peças lisas com tons neutros e que se aproximem da cor da estampa. Além de deixar a composição mais elegante, cria-se uma unidade visual que alonga e afina a silhueta.

Especial para Leia abc Mayara Pires

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Quem pode usar? Não há restrição. As estampas de animais podem ser usadas por qualquer pessoa. Porém deve-se levar em conta como utilizá-la. “Para uma imagem mais elegante e discreta, aposte nos detalhes com a estampa, como bolsas e sapatos. Peças menores como lenços, cintos, pulseiras e até a armação de óculos dão um toque animal charmoso sem carregar a produção”, afirma Renata. As estampas de animais são frequentemente associadas ao maximalismo, à exuberância e, por vezes, a um certo exagero. Por isso, é sempre bom ter cuidado. Quanto menos, melhor. Num ambiente corporativo, por exemplo, é preciso redobrar a atenção. De acordo com a consultora, em empresas tradicionais, como bancos ou escritórios de advocacia, o ideal é não utilizá-las em peças grandes. Um lenço de seda com estampa de onça no pescoço pode ficar extremamente elegante com uma camisa social, mas tudo depende do tipo de empresa e da função exercida. É sempre bom lembrar disso.

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á pelo menos quatro temporadas, as animal print – famosas estampas inspiradas em animais – não saem de cena e, mais do que na moda, atingem conceitos de peças clássicas e aparecem com frequência repaginadas a cada estação. E, pelo que tudo indica, devem permanecer forte nos próximos anos depois que ganharam holofotes e apareceram em peso nos desfiles de grifes internacionais como Burberry, Versace, Saint Laurent Paris, Giambattista Valli, DKNY e Just Cavalli, na semana de moda de Londres. “Com certeza, aposte em animal prints no próximo inverno e, considerando sua popularidade por tanto tempo, acredito em sua permanência como tendência por muitos anos ainda”, diz Renata Falcão, consultora de imagem do ABC. Segundo Renata, a onda animal print, assim como as estampas em geral, tem o poder de atrair o olhar e chamar a atenção. “Se deseja disfarçar pernas grossas, por exemplo, evite usar calças estampadas. Para um look mais discreto e com efeito visual emagrecedor, o ideal é escolher estampas. Portanto, o alerta da consultora é de que, quanto mais cores e estampas usar no mesmo visual, mais casual ele ficará. Se você é discreta, mas também não abandona a tão querida estampa de oncinha, por exemplo, evite combinar peça com cores chamativas. Caso opte por usar cores mais vivas, o efeito pode até ser interessante e ousado. Contudo, será adequado para

Curiosidades No período pré-histórico, as peles de animais, além de proteger do frio, já eram utilizadas como forma de expressar o poder do caçador e sua posição na sociedade. Além disso, também foram utilizadas pela aristocracia, inclusive na decoração, como símbolo de status social, uma vez que as peles eram caras e difíceis de adquirir. Felizmente, hoje já não é necessário usar a pele do animal, mas as estampas de leopardo, zebra, onça e cobra já podem ser encontradas em todos os tipos de material e de tecido, dos naturais aos sintéticos.

Arrisque com outras tendências Uma outra tendência interessante para este inverno será o mix de padronagens e materiais. Segundo a consultora de imagem, usar estampas diferentes e juntas, como xadrez, listras, pied-de-poule ou florais traz dinamismo e modernidade às composições. Para não errar, procure misturar até duas peças estampadas e escolher as que tenham o mesmo tom ou que possuam uma ou mais cores em comum. A mistura de materiais também fica muito interessante, seja na mesma peça, como, por exemplo, calças que misturam brim e couro ou em peças diferentes, como combinar uma saia de renda e uma blusa de seda. | Maio de 2013 59


Cultura

SP Escola de Teatro: uma Torre de Babel contemporânea Praça Roosevelt, número 210, Centro da cidade de São Paulo, região sudeste do Brasil, o maior país da América do Sul e uma dias maiores economias do mundo

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Da Redação redacao@leiaabc.com

esviando o olhar do mapa, pode-se ver o formato dos outros continentes e os traços que revelam a divisão política dos países. Voltando ao local inicial dessa viagem pelo atlas: há, ali, um prédio em cujos corredores e salas transitam, diariamente, profissionais vindos de todos os continentes, falando, portanto, os mais diversos idiomas. Todos eles conectados por uma razão maior e em comum: o teatro, em toda sua complexidade e riqueza. Esta verdadeira Torre de Babel contemporânea é a Sede Roosevelt da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. A razão para tal comparação é o constante e persistente diálogo travado entre a instituição e diversas escolas e artistas de todo o mundo. Em busca de uma formação globalizada e seguindo o pensamento do geógrafo Milton Santos, que escreveu no livro Pobreza Urbana (1978), que não existe cidadania em um mundo dividido, a escola segue concretizando intercâmbios e parcerias com importantes nomes do teatro contemporâneo e tem até alguns estrangeiros em seu quadro de colaboradores. Começando por esses, existem, por exemplo, o português Óscar Silva (assistente da diretoria executiva) e a uruguaia Grissel Piguillem, formadora do Curso Regular de Iluminação. Nos cursos de extensão cultural, só neste ano, estão, como

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professores, os suecos Sara Erlingsdotter e Claes Peter Hellwig, da Academia de Artes Dramáticas de Estocolomo (Sada), que orientam o workshop “Devising e Site Specific para Artistas Cênicos”; o dramaturgo e diretor mexicano Alberto Villarreal, que vai ministrar “Fenomenologia da Dramaturgia Contemporânea”. Com a Sada, a propósito, a escola mantém uma parceria desde o ano passado, firmada após reuniões que aconteciam desde 2009, entre o diretor executivo, Ivam Cabral, e os representantes da instituição sueca, Simon Norrthon (chefe do departamento) e Ulrika Malmgren (professora de interpretação). “Nosso primeiro encontro, em 2009, reuniu o pessoal de Estocolmo, eu e o Alberto Guzik (então coordenador pedagógico da SP Escola, que morreu em 2010). Eu acredito que o que chamou mais atenção dos profissionais da Sada foram, principalmente, o conceito e o sistema pedagógico da escola, que são renovados e retrabalhados o tempo todo”, diz Ivam. A parceria, até agora, rendeu diversos contatos entre as instituições e a troca de experiências, além de possibilitar a vinda de profissionais como Sara, Hellwig e Aleksandra Czarnecki, que ministra um workshop de expressão corporal aos aprendizes. E a miscelânea de nacionalidades e idiomas não para na Europa e América do Sul. A escola está promovendo o Palco SP – Encontro Internacional Sobre o Ensino da Cenografia, que re-

É uma infinidade de sotaques que circulam no palco do teatro. É uma miscigenação e diversidade

úne profissionais dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Nigéria, Japão, Suécia, Nova Zelândia, além, claro, do Brasil, em rodas de conversa, mesas de discussão e palestras. Neste evento, os representantes da América do Norte são Eric Fielding, dos Estados Unidos, e o canadense Peter Mckinnon, que deram palestras. Do Velho Continente, o inglês Ian Herbert. Da África, veio o nigeriano Osita Okagbue, que ministra palestra. Vinda do continente asiático, a figurinista e cenógrafa japonesa Kazue Hatano ministrou um workshop aos aprendizes, que resultou numa performance. E, finalmente, nem a isolada Oceania ficou de fora: Sam Trubridge, da Nova Zelândia, foi convidado para falar sobre a cenografia no seu continente de origem. Voltando às parcerias, a SP escola de Teatro também mantém estreitos laços com a Escuela Nacional de Teatro (ENT), que fica em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. No ano passado, por meio de um intercâmbio, dois aprendizes da Escola, Erik Moura e Nadia Verdun, foram ao país, e o boliviano Antonio Peredo veio estudar por aqui durante três meses. Em uma oportunidade, o coordenador pedagógico Joaquim Gama e o coordenador do curso de Atuação, Francisco Medeiros, viajaram ao país para conhecer a ENT. “A SP Escola de Teatro nasceu com a vocação de ser uma ‘cidadã do mundo’. Afinal, a troca de cultura e conhecimento é o que move a arte e seu desenvolvimento”, observa Ivam Cabral. Português, inglês, sueco, espanhol, japonês. Estes são os idiomas que podem ser ouvidos atualmente pelos ambientes da escola, em uma infinidade de sotaques e entonações diferentes. Isto, acima de tudo, é Brasil. É miscigenação e diversidade. E é nesse escambo cultural que a SP Escola de Teatro acredita e aposta.


Cultura

Sonia Varuzza sonia@diversaoearteproducoes.com.br

Bom dia com o chapéu dos outros

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ias atrás produzimos um show numa cidade do interior. Surpresas? Sim. A primeira é que não havíamos percebido que no contrato tinha uma cláusula que garantia meia-entrada para todo morador do município. Aí perguntamos: “E a outra metade, quem paga?”. Cara feia de alguns foi à resposta que recebemos e percebemos que havia duas alternativas: desistir da cidade ou cobrar um ingresso mais alto numa próxima vez. Mais atenta a essa questão da meia-entrada, li um artigo de Juca de Oliveira, uns desses bons atores brasileiros, em que ele discute esse problema. Num dos parágrafos a frase que me chamou a atenção: “alguém paga só a metade do valor de uma cerveja ou de uma roupa porque é estudante, tem mais de 60 ou é morador dessa ou daquela cidade?”. Essa questão da meia-entrada é uma lei relativamente nova e, portanto, pergunto aos que votaram pela criação dessa legislação até quando vocês po-

líticos farão suas campanhas calçados no ganha-pão dos artistas? Tempos atrás, quando trabalhei com Raul Cortez, recebi um telefonema de um vereador com as seguintes prerrogativas: “Aqui é do gabinete do vereador tal, que pediu para a senhora encaminhar cinco cortesias para o espetáculo que está em cartaz”. Perguntei: “E por que faria isso?”. A resposta: “Porque os outros vereadores pegaram todas as cortesias que a prefeitura mandou”. Minha nova resposta: “Bem, me deixa entender”... O vereador virá aqui martelar o cenário? Vai hospedar a trupe na casa dele? Vai pagar almoço ou jantar para todo mundo? NÃO? Então como é que ele tem a cara de pau de pedir ingresso gratuito? Do outro lado da linha o silêncio: “…”. Continuei: “Mais uma coisa, soletra o nome do vereador e diz de que partido ele é”. A assessora, reticente, quis saber o motivo da pergunta.

“É para eu não correr o risco de votar em quem não prestigia cultura.” O diálogo aconteceu há muito tempo – nosso grande Raul Cortez ainda estava por aqui –, mas o pedido de cortesias continua e, a cada dia que passa, os poderosos de plantão criam uma nova lei para a meia-entrada. O pior é que a classe artística sempre criou mecanismos para oferecer descontos, atitude que faz parte da preocupação em fomentar novas plateias, mas essa oferta partia do “dono” do negócio e não de um demagogo qualquer. Imagine a cena: Sr. Fulano, foi decretada uma lei que reza que, a partir de hoje, metade do seu salário será descontado em prol dos estudantes, dos idosos, dos pobres (em São Paulo tinha uma lei que obrigava as companhias teatrais a conceder uma parte dos ingressos para pobres (?) que chegavam em carros importados. Mas a verdade é que essas deliberações só ocorrem porque uma grande massa de ignorantes ainda acredita que artista não trabalha, se diverte. | Maio de 2013 61


Gastronomia

Gastronomia

de qualidade no ABC Com excelente oferta gastronômica e o mercado em ascensão, há grandes possibilidades na região de se profissionalizar e fazer carreira como chef Especial para Leia abc Mayara Pires

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á quatro anos no Brasil e tendo em vista a promissora cozinha brasileira, o Instituto Gastronômico (IGA) investiu nessa ideia e hoje conta com filiais espalhadas em Porto Alegre, Florianópolis, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Goiânia, além de marcar presença também em países da América Latina como Uruguai, Paraguai, Bolívia, Venezuela, Panamá e Argentina – este último onde tudo começou. De acordo com Karen Morais, coordenadora da unidade de Santo André, a escola disponibiliza vários cursos de capacitação com longa e curta duração e que já estão com matrículas abertas para o segundo semestre do ano. O cenário atual da gastronomia é competitivo e faltam profissionais qualificados para atender à demanda, que é cada vez mais exigente e tende a crescer com o passar do tempo. “Hoje há uma conscientização da necessidade de mão de obra qualificada na cozinha. Esta é a maior preocupação dos donos de restaurantes, confeitarias e padarias e, por isso, eles entram em contato conosco para encaminharmos

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Mudança radical

Luciano Lucci, 27 anos, estudante do IGA no curso de Alta Cozinha, viu na gastronomia e no ABC uma oportunidade de recomeçar a carreira. Atual cozinheiro no Bar Gourmet Seu Figa, em Santo André, o ex-supervisor de Call Center de uma companhia aérea decidiu mudar de profissão para sair da rotina e fazer o que gosta: cozinhar, dom que veio de casa desde cedo. Confira a conversa com o futuro chef. Por que você decidiu mudar de profissão? Tenho como formação acadêmica o curso de tradução e interpretação em inglês, mas nunca trabalhei com isso. Entrei em companhia aérea parar trabalhar com atendimento a clientes no exterior. O maior problema era fazer a mesma coisa todos os dias, sentar na mesma cadeira, ver as mesmas pessoas. O desespero da rotina me fez desistir da profissão e procurar fazer o que eu gosto O que você viu para cursar gastronomia? Minha mãe é uma grande cozinheira e também já fez alguns cursos. Temos nosso caderno de receitas em casa, que é como uma bíblia. Quando ela ia pra cozinha para grandes almoços, era garantida a explosão de sabores e texturas. Aprendi muito com ela, fazíamos jantares em casa com noites temáticas e, por isso, decidi querer estudar gastronomia. Foi então que comecei a fazer alguns cursos separados. Fiz panificação e confeitaria, cozinha asiática e chef express (um curso de three course meal – entrada, principal e sobremesa por aula). Após seis meses, decidi entrar para o curso de alta gastronomia na mesma instituição. Qual a sua visão da gastronomia no ABC? Creio que a gastronomia no ABC está em ritmo de ascensão. O fato de termos o restaurante week por aqui traz muita gente de São Paulo para experimentar os pratos da nossa cozinha. Antigamente, tínhamos mais bares com porções, lanches, e hoje o ABC tem um cenário incrível para gastronomia e profissionais maravilhosos nessa área. Cada dia cresce mais o número de bares gourmet e restaurantes sofisticados, com pratos que combinam comida caseira com gastronomia molecular com um valor mais acessível do que em São Paulo. O problema é que no ABC, assim como em São Paulo, as pessoas enjoam muito rápido dos cardápios. Então, precisa haver uma manutenção mais frequente de troca de pratos, inserção de cardápio de acordo com cada estação, e também precisamos que os próprios moradores do ABC frequentem mais a sua região e aceitem o fato de que é possível ter uma refeição incrível sem ir muito longe. Você acha que a gastronomia é um mercado promissor? Por quê? Não só promissor, mas também exigente. Assim como na moda, onde tudo se reinventa, a gastronomia é a mesma coisa. Temos pratos incríveis que eram feitos pelas nossas avós e hoje são reinventados com ingredientes mais modernos. Eventos importantes como as feiras gastronômicas fazem com que o público também fique exigente, o que é muito bom, porque só faz com que os restaurantes queiram crescer sempre. Já fui para fora e isso não existe muito por lá. Restaurante caro é para rico e restaurante barato é para pobre. O bom daqui são esses eventos que fazem com que todos tenham acesso. A gastronomia vai crescer cada vez mais no Brasil. Temos o sexto melhor restaurante do mundo em São Paulo, e isso sem falar que uma das pessoas mais influentes do mundo é o chef brasileiro Alex Atala, que só faz a cena gastronômica brasileira ter mais visibilidade. O que você acha do IGA? O IGA é uma ótima opção para quem quer estudar gastronomia no ABC. Os horários e os professores são ótimos. Ainda temos um diferencial como francês e inglês instrumentais voltados à gastronomia. Aulas de administração e higiene e segurança. Aprendemos todas as técnicas da alta gastronomia e o valor é completamente acessível. Minha melhor opção por aqui.


alunos já formados”, esclarece Karen. Atualmente, comandar uma cozinha vai além de ser um trabalho árduo. Exige muita prática, dinâmica, talento e também há a preocupação de sempre degustar novos sabores devido às constantes novidades da área. A gastronomia ultrapassa o conceito engessado do luxo, cozinha, mesa e vira um universo amplo. Segundo Karen, podem-se levar anos para reconhecer o perfil ideal de um chef , que consiste em três aptidões básicas consideradas essenciais para esse mercado de mudanças: “conhecimento, experiência e, o mais importante, amor pelo que faz. Ninguém se converte num chef de cozinha de um dia para outro. É uma formação complexa que vem no dia a dia e precisa de um constante estudo, atualização, conhecimento das novas tendências e de uma visão global da gastronomia”, detalha a coordenadora do IGA.

Fabiano Ibidi

Gastronomia no ABC A chegada do evento Restaurant Week foi o pontapé para gastronomia da região entrar num processo de ascensão que, aliado a eventos importantes como a Copa do Mundo, gerou um aumento pela procura de cursos de capacitação. “A região do ABC tem uma excelente oferta gastronômica que está em expansão e precisa de profissionais capacitados para continuar com esse crescimento”, explica Karen.

Aprendiz de chefe, aluno mostra habilidade na elaboração do prato

Investimento A Prefeitura de Santo André, em parceria com o Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC (Sehal), vai promover entre os dias 30 de setembro e 30 de outubro o 1º Festival Gastronômico, com o objetivo de divulgar a qualidade da gastronomia na cidade. A expectativa é também promover a melhoria dos serviços. Para isso, serão realizados cursos, palestras e workshops, com fomento ao empreendedorismo. O lançamento oficial do festival será dia 28 de setembro, em workshop com a chef Carla Pernambuco. | Maio de 2013 63


Vinhos

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Misturas que dão certo

chegada da sazonalidade do consumo de vinho passa a escrever sobre um movimento que tenho observado: o gosto do brasileiro pelos vinhos chilenos e argentinos. Com maior frequência, o consumidor tem encontrado no mercado vinhos varietais, Bi ou Tri, cujas etiquetas trazem o nome de duas ou até três uvas que fazem parte de sua composição (Cabernet/ Shiraz ou Grenache/Shiraz/Mourvèdre). Esses bi ou tri também podem ser chamados de vinhos de assemblage ou, para usar um jargão dos enólogos de língua portuguesa, de vinhos de corte (blend). De acordo com a legislação de cada país, os vinhos varietais, embora declarem apenas o nome de sua uva principal, também podem conter uma pequena porção de outras cepas, pontos de referência no mundo do vinho, na maioria dos casos nunca mais do que 25% do blend,

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Celso Pavani celsopavani@ig.com.br

quase sempre bem menos do que isso. A legislação também permite que seja misturado em pequena quantidade de vinhos de outras safras que não a declarada no rótulo. Ou seja, muitas vezes a oposição entre vinhos varietais e vinhos de corte é falsa e artificial, ocorrendo mais por razões mercadológicas (fator preço). É difícil precisar, mas uma quantidade não desprezível dos vinhos vendidos e percebidos pelo mercado como varietais ou elaborados apenas com uma uva são, a rigor, também um blend. Mas qual seria a lógica de misturar nos vinhos uvas diferentes? Para muitos enólogos é importante obter uma bebida de melhor qualidade, mais equilibrada e, se possível, mais complexa. No todo, o vinho final, deve apresentar melhor resultado do que em partes. Uma uva tenta suprir as limitações e os pontos fracos da outra que entrou no blend. Caso contrário, não faria sentido

adotar tal procedimento. Dentro dessa lógica, os produtores lançam mão de um número quase infinito de possibilidades. A família Moscato, por exemplo, faz uso das uvas aromáticas e mistura para perfumar um vinho branco, ou domar, às vezes, os ferozes taninos da uva Tannat com um pouco de Merlot. Ou trabalhar como fazem os uruguaios, que misturam a Sauvignon Blanc à robusta Sémillon para acrescentar frescor e vivacidade. A predileção por vinhos de corte também reduz os riscos do vitivinicultor e o ajuda na difícil tarefa de manter um vinho com uma qualidade média mais ou menos constante. Mas é preciso ficar atento, pois misturar, de forma ilegal, vinhos provenientes de uvas, safras ou regiões de menor prestígio (cujo valor no mercado é mais baixo) é uma das fraudes mais antigas que existem. Mas isso é assunto para outra hora. Um brinde!


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Onde retirar um exemplar DIADEMA Acapulco Doceria & Buffet Centro Churrascaria Boiadero Piraporinha Clube Chácara 3 irmãos Centro Padaria Joal Santos Centro Padaria Sabor do Pão Centro SANTO ANDRÉ

Avenida Alda, 244 Av. Piraporinha, 100 Av. Sete de Setembro, 531 Rua Manoel da Nobrega, 1222 Av. Ver. Juarez Rios de Vasconcelos, 140

Banca Benedetti Santa Tereza Café Época Vila Assunção Fran´s Café Campestre Fran´s Café Jardim Padaria Lider do Campestre Campestre Restaurante Garoupa Campestre Restaurante La Mazurca Vila Pires Super Banca Vila Basto SÃO CAETANO DO SUL

Av. Dr. Alberto Benedetti, 282 Av. João Ramalho, 390 Av. Portugal, 1126 Rua das Figueias, 181 Rua das Figueias, 21.958 Alameda Campestre, 459 Av. Dom Pedro I, 594 Av. Lino Jardim, 1168

Empório São Germano Centro Espaço Vomero Cafeteria Santa Paula Farma 100 Barcelona Fran´s Café Mauá Padaria Nova Portuense Santo Antonio Revistaria Casinha das Letras Centro Samara Pães e Doces Santa Maria São Bernardo do Campo

Rua Monte Alegre, 83 Av. Presidente Kennedy, 1725 Rua Maceió, 703 Av. Guido Aliberti, 4811 - loja 22 Rua Amazonas, 1352 Rua Monte Alegre, 83 - Esq. c/ a Rua Manoel Coelho Alameda São Caetano, 2463 - Santa Maria

Francisco Gastronomia & Cultura Centro Consulado do Pão Jardim do Mar Costela & Cia Vila Caminho do Mar Doce Recanto Rudge Ramos Drograria Farmais Independência Fornaria dos Pães Vila Armando Bondioli Fran´s Café Vila Margarida Ki Jóia Restaurante e Lanchonete Rudge Ramos Padaria Area Verde Assunção Padaria Brasileira Centro Padaria e Confeitaria Kennedy Jardim do Mar Padaria Filiana Vila Paulicéia Padaria Imigrantes Assunção Padaria Nova Miami Nova Petrópolis Padaria Nova Royal II Vila Euclides Padaria Paraty Vila Brasilândia Padaria Pastor Jardim Vera Cruz Padaria Terra Nova Demarchi Demarchi Restaurante Fratelli D´Itália Centro Restaurante São Francisco Demarchi Revistaria Nova Petrópolis Nova Petrópolis Shopping Casa Total Móveis Alvinópolis

Rua Dr. Fláquer, 571 Av. Senador Vergueiro, 1045 Av. Winston Churchill, 480 Av. Dr. Rudge Ramos, 294 Av. Moinho Fabrini, 460 Av. Dom Jaime de B. Cãmara, 584 Rua Continental, 357 Rua Reginatta Ducca, 90 Estrada dos Alvarengas, 20 Rua Dr. Fláquer, 639 Av. Robert Kennedy, 535 Rua MMDC, 552 Rua Cristiano Angeli, 35 Av. Francisco Prestes Maia, 1192 Av. Redenção, 400 Rua Viña del Mal, 698 Av. Robert Kennedy, 830 Av. Maria Servidei Demarchi, 1887 Rua Dr. Fláquer, 515 Av. Maria Servidei Demarchi, 1911 Av. Francisco Prestes Maia, 571 Rodovia Anchieta, 17,5 km

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