Revista Leia ABC - Março 2014

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Índice

05 Editorial 06 Entrevista 14 Saúde 18 Política 20 Capa 24 Comportamento 28 Economia 30 Moda&Beleza 34 Gastronomia

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Classe C se consolida e trás novos desafios para empresas brasileiras

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Os benefícios e os mitos dos tratamentos e das terapias alternativas

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Tendência que ganha força entre famílias brasileiras e estrangeiras, troca de casa nas férias gera economia e bagagem cultural

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Comida de boteco ganha incremento, passa a status de gourmet e conquista o público

Colunistas 10

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Marcos Cazetta

Tamyres Barbosa

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Wallace Nunes

38

Kelly Boscarioli


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Diretor Administrativo Giancarlo Frias giancarlo@leiaabc.com

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Wallace Nunes Diretor de Redação

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Entrevista

“Fazer o bem sem olhar a quem” F

oi com esta frase que o prefeito de São Caetano, Paulo Pinheiro (PMDB) iniciou a entrevista para a reportagem de LEIA ABC. Simples, que reflete até em seu gabinete, e objetivo, o médico que foi vereador na cidade por quatro mandatos consecutivos disse não foi eleito para quebrar hegemonias. “Fui eleito para melhorar ainda mais a qualidade de vida da população da cidade”. Ele diz que em seu primeiro ano de mandato encontrou a cidade num verdadeiro caos, mas ressaltou que neste ano vai impor seu estivo de governo com mais força. Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

Leia ABC – Muitos dos seus críticos dizem que Paulo Pinheiro ainda não começou a governar. Qual é a resposta que o senhor tem a dar para essas pessoas? Paulo Pinheiro (P.P .) – São pessoas que estavam na administração, perderam a eleição e agora estão querendo agitar e dizer que a atual gestão não está fazendo nada. Não é verdade. Nós temos grandes realizações, não no que diz respeito à construção, doque a população vê diariamente, mas o importante é a qualidade dos serviços apresentados, que são um benefício claro para todos os moradores da cidade. Leia ABC – Por exemplo? P.P. – Quando assumi a prefeitura encontrei pastas em situações de verdadeiro caos financeiro. A política do alarde, do “quanto pior, melhor no meu governo”, de dizer que não comecei a governar não faz sentido. A administração Paulo Pinheiro é fazer o bem sem olhar a quem. Não farei alarde visual, como construções faraônicas para que a população veja e se lembre 6

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do gestor. Farei construções, de maneira objetiva e que atenda às necessidades do município. Leia ABC – O Sr. disse que encontrou problemas em diversas pastas. Quais foram? P.P. – A Saúde estava quase aniquilada financeiramente. A educação estava igualmente problemática. Ruim mesmo. Melhorei muito neste ano que passou. Na cultura fiz melhorias substanciais. Meus críticos dizem que não estou fazendo nada? Pois lhes digo agora o que estou realizando e muito para deixar a cidade em ordem. Repito: se precisar de escolas, nós vamos fazer, se precisar construir hospitais, nós vamos construir. Mas, tudo, claro, depende da necessidade da população.Mas a infraestrutura da cidade pode estar sendo prejudicada por isso. Então, aos poucos nós vamos fazer construções, mas objetivamente, dentro das necessidades do município porque meu governo é dinâmico e estamos ouvindo a população. Nada que não sirva para nada e que não beneficie a ninguém.

Leia ABC – Quando o senhor fala que vamos fazer dentro das nossas necessidades, significa o que? P.P. –Vamos governar de acordo com as expectativas da arrecadação de recursos para o município. Nós queremos é sempre estar nas ruas para ouvir os reclames da população. Com os reclames da população vamos procurar fazer aquilo que é de melhor e que nossa condição permite. Leia ABC – O Sr. acha que foi esse o erro do seu antecessor que deixou a cidade com problemas financeiros? P.P. – Não posso falar do meu antecessor. Mas o que posso lhe dizer é que ele tinha um jeito de ser que não é o meu. O meu estilo é estar nas ruas. Ouvir os anseios e desejos da população. O estilo dele era mais de gabinete. Cada um tem seu critério, sua maneira de administrar, seu jeito de ser, mas eu não quero falar do passado. Eu sinto que agora meu estilo de governar a cidade, que é o deouvir as reclamações nas ruas é o mais salutar. Eu trago essas questões para prefeitura e dou as ordens para meu secretariado para que as reivindicações sejam ouvidas. Leia ABC – O Sr. herdou uma dívida de quase R$ 300 milhões, valor este que praticamente criou um caos financeiro no primeiro ano do seu mandato. O Sr. está conseguindo pagar essa dívida? P.P. – Eu tenho que pagar. Foi um


Fotos: Wallace Nunes

serviço realizado e as empresas não têm culpa. Somente no ano passado eu paguei mais de R$ 80 milhões de restos a pagar. Neste ano vou continuar a pagar, mas não posso pagar tudo de uma vez, caso contrário, eu não governo. Leia ABC – Se pagar de uma vez? P.P. – Esses mais de R$ 80 milhões que foram pagos eu poderia gastar em outras áreas para beneficiar a população, claro. Poderia atender várias demandas, mas fico impossibilitado, pois sou obrigado a pagar valores de uma gestão que eu não participei. Tudo isso é necessário mostrar para população porque às vezes não realizar algumas coisas que a população reivindica é porque estou com as mãos atadas sem poder fazer tudo o que estamos fazendo. Não posso realizar o que gostaria pela falta de dinheiro. Leia ABC –Mas não é possível re-

alizar nada? P.P. –- Sim, é, mas não como gostaria. Por exemplo, as escolas da cidade precisam de reformas. Ano passado fizemos todo projeto de revitalização, fizemos a licitação e, no momento desejado, o tribunal de contas do município não aprovou. Porque havia pessoas aqui da gestão anterior que iam ao Tribunal de Contas prejudicar o andamentodos trabalhos apenas com intuito de explorar os problemas da cidade. Leia ABC – Ou seja, o senhor ainda sofreu com represálias dentro do seu próprio governo? P.P. – Ainda estou sofrendo. Essas represálias são de pessoas que trabalharam na administração passada e estão prejudicando a administração atual. Mas quem sofre é a população como consequência. Se ele entra no ministério para poder brecar uma licitação, ele não está querendo prejudicar meu governo,

ele não está querendo é beneficiar a população. Essas provocações nóss estamos sentindo. O povo está sentindo, coisas que nós queremos fazer. Elesficam amarrando e retardando os benefícios para população e o que nos queremos é acabar com essas provocações. Leia ABC – Talvez seja por isso que o senhor fez diversas trocas no secretariado? P.P. – Não. Foi para melhorar a gestão e também pela necessidade de fazer adequações. A maioria das mudanças realizadas foi para realocação de pessoal. Claro, algumas pessoas realmente deixaram o governo. Tudo aconteceu porque entendo que com outra pessoa a pasta pode ser agilizada de uma maneira mais rápida e ágil. Leia ABC – A partir daí, é possível o Sr. fazer um balanço do seu governo? Março de 2014 |

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Entrevista P.P. – É um balanço de um governo que está sendo positivo porque temos elaborado muitos programas e colocando em prática. São programas que só a população que vem sendo beneficiada está vendo as melhorias. O exemplo mais contundente é a área da educação. Fiz muitos investimentos nesta área e tem uma aprovação. Investimentos para melhorar a Saúde, embora seja uma pasta bem complexa é preciso fazer, mas sempre. Mas, garanto que melhorei muito depois daquilo que encontrei do meu antecessor. A cultura melhorou bastante. Na segurança é preciso fazer muito, mas já melhorei em relação ao que encontrei. Então, para essas benfeitorias, a população já sente o reflexo das mudanças.Estou procurando melhorar ainda mais pois precisa ser melhorado, principalmente a segurança e a saúde. São preocupações constantes. Leia ABC – São Caetano é uma cidade rica, mas como todas, ela tem problemas. Entre eles a educação, pois grande parte dos alunos do Ensino Médio deixoua escola. O Sr. sabe informar o porquê? P.P. – Não sei. Quem dirige o Ensino Médio é o Estado. Mas garanto que não há ninguém fora da escola, seja no municipal ou no estadual. Para as crianças não temos problemas de evasão, de qualidade do ensino ou de falta de vagas. Leia ABC – O Sr. planeja intensificar as ações de trabalho em todas as pastas nos próximos meses? P.P. – Sim, por exemplo, na área de segurança, estou fazendo o possível para melhorar a infraestrutura de trabalho. Vamos comprar viaturas para aumentar o contingente. Na educação vou aumentar o número de escolas de ensino integral, para que os alunos sejam beneficiados. Por isso, estamos pleiteando um novo espaço para que toda a demanda de matrículas seja atendida. Vamos realizar um senso da educação e da saúde que vai mapear 8

| Novembro Dezembro de 2013

as necessidades e fazer o planejamento futuro. Leia ABC – São Caetano figura há 30 anos na primeira posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Manter essa posição com problemas nas finanças é uma tarefa árdua? P.P. – Claro. Porque a população se acostumou com qualidade dos serviços apresentados. Nossa preocupação é melhorar ainda mais sempre, em todas as áreas. Nós priorizamos áreas onde o indicador é avaliado, a renda da cidade, a qualidade da educação e a longevidade dos moradores, e vamos continuar firme com esse propósito de melhorar não apenas nesses índices, mas em todas as áreas para continuarmos a figurar no topo do ranking do IDH. Queremos estar também daqui a dez anos. Leia ABC – O Sr. é um peemedebista

nato.Tanto que será o coordenador de campanha do pré-candidato Paulo Skaf na região, não é isso? P.P. – Sim. Se ele for o candidato a governador eu é que vou coordenar a campanha dele. Ele é do PMDB e eu estou no partido e vou ajudá-lo. Leia ABC – O Sr. acha que o seu partido deve ter um candidato? P.P. – Com certeza. Com um candidato majoritário, o partido cresce e se consolida. Dou como exemplo São Caetano, que nunca tem um candidato a prefeito, pois ele sempre se aliava com outra legendas e seguia a orientação do prefeito eleito. A nova política do PMDB é fazer candidatos em cidades com mais de 50 mil habitantes para fazer o partido ter robustez. Nessa, fui eu o candidato do partido na eleição passada. Leia ABC – O Sr. tem um problema que se chama Lúcia Dal’Mas, sua vice-prefeita que disse ter rompido com o senhor. É verdade? P.P. – Sim, ela rompeu, não posso negar. Mas é problema dela. Que ela siga o caminho dela. Leia ABC – Não há chance de reaproximação? P.P. – Ela quem quis deixar o governo e se é a vontade dela que tenha sorte em sua vida própria. Leia ABC – O Sr. considera a escolha da vice um erro? P.P. – Acertos são alegrias. Com os erros, ficamos com as tristezas. Quantos aos erros, prefiro não comentar.

“São Caetano não tem problema de evasão escolar ou de falta de vagas”

Leia ABC – Como o Sr. vê a volta a hegemonia do PT em cidades como São Bernardo e Santo André? P.P. – Nós temos uma relação muito boa com todos os prefeitos da região através do Consórcio Intermunicipal do ABC. O órgão está tendo destaque, visibilidade e dá uma condição muito boa para todos os prefeitos. O presidente e prefeito Luiz Marinho (PT) tem tido um desempenho fundamental nisso. A partir do mandato dele, os prefeitos


entenderam que não é preciso ver sigla ou ideologia partidária, mas sim trabalhar em benefício da região. Todos estão empenhados em querer melhorar as condições da região com trabalhos em conjunto. Leia ABC – Quais setores o Consórcio está mais empenhado para melhorar a condição de vida da população do ABC? P.P. – Seguramente o de mobilidade urbana. Nos já temos grandes projetos em andamento e também estamos pleiteando recursos por meio do governo do Estado e do governo federal. São verbas já aprovadas. Leia ABC – Então o Sr. vê um Consórcio mais dinâmico? P.P. – Bem mais. Fui vereador por quatro mandatos. Acompanhei sempre os trabalhos do Consórcio. Nunca o vi tão ativo como agora. Tudo é realizado de maneira uniforme. Mas existem algumas demandas, como por exemplo, as enchentes em muitos municípios, em especial na divisas de São Caetano, que nunca são solucionadas. Leia ABC – Mas não é preciso mais? P.P. – Sim. Temos agilidade, mas não temos o retorno. Estamos fazendo inúmeros pedidos para obter mais recursos a fim de solucionar o problema das enchentes na cidade.

Reconheço que são um problema. Estamos pedindo a construção de mais piscinões, mais condições de melhoria de drenagem da água, nas duas esferas, estadual e federal.Mas por ser obrigação do estado, pedimos mais ao governador. Principalmente para São Caetano, cidade que recebe as águas de São Bernardo, de Santo André, Diadema, de Mauá. Tudo desemboca na cidade. Os rios que dão vazão a essas águas estão no limite e não tem capacidade para conter as enchentes.

Leia ABC – E seus próximos passos? P.P. – O primeiro ano foi complicado. Além da dívida que vou continuar pagando. O primeiro ano de governo sempre é de expectativas. A tendência que a partir deste ano, é melhorar a administração porque no passado não pode ser feito. Vou começar a implantar a minha marca. Pensar em dar o que a população almeja.

Leia ABC – Sozinha, São Caetano não aguenta bancar esse investimento? P.P. – Não. Precisamos de investimentos do estado porque, repito, a água que vem dos outros municípios sobrecarrega nossos sistemas de drenagem e também nossas galerias que são suficientes apenas para conter os problemas da cidade. Nossa tentativa é ampliar as galerias para conter as inundações.

Leia ABC – O Sr. quer frear novos entrantes na cidade? P.P. – Na gestão foi autorizada a entrada de muitos empreendimentos e para quem estava na cidade piorou a qualidade de vida. O morador novo para cidade é prejuízo, pelo que se gasta em serviços e pelo que o morador novo paga , que é o IPTU. Quero frear o ímpeto imobiliário.

Leia ABC – O orçamento da cidade para este ano está estimado em R$ 1 bilhão. Quais são as áreas prioritárias? P.P. – Esse valor é no consolidado. De verbas próprias são R$ 845 milhões, o restante é do DAE que é uma autarquia e o dinheiro não

Leia ABC – Então está próximo um novo plano diretor? P.P. – Sim,vamos fazer. A necessidade permite um novo zoneamento da cidade. Sobretudo com a chegada do metro na cidade. A CPTM está fazendo uma nova estação ferroviária e da linha do Metrô.

pode vir para cá. Da parte que é da prefeitura vamos investir em todas as áreas.


Seu bolso

Marcos Cazetta Economista e especialista em finanças pessoais marcoscazetta@hotmail.com

Copa x Inflação, o que fica mais caro com a chegada do evento ao Brasil

A

menos de noventa dias para o iní- todos os períodos, o reflexo poderá ser nocio da tão sonhada Copa do Mun- tado de várias formas, setores de serviços e do no Brasil, o que podemos notar alimentação, principalmente. de diferente em nosso dia-a-dia Dessa forma, durante ao período devido ao evento, quais os efeitos destas da Copa vale observar que os preços estamudanças em nosso bolso? rão mais caros nos setores mais demanda Apesar da última ata divulgada dos, por exemplo, comer fora de casa deve pelo COPOM (Comitê de Política Mone- ficar ainda mais caro. No ano de 2013 este tária) apresentar preocupações sobre a ma- item foi um dos que mais sofreram aumennutenção do índice de inflação para o ano to e durante a Copa não deve ser diferende 2014, em nenhum momento é apontado te, isso porque, conforme falamos acima, algum tipo de preocupação com as alte- este é um dos itens que terá aumento em rações que sofrerão os preços no período sua demanda, com o aumento de pessoas do evento. Isso pode ter ocorrido porque circulando nas ruas ocorrerá o aumento da o aumento que os preços sofrerão não tem demanda por refeições fora de casa. base que se sustente, trata-se apenas de um Outros itens que deverão sofrer aumento de preços devido ao aumento de forte alteração: são os itens relacionados a demanda por determinados bens e serviços, viagens, desde passagens aéreas, hospedaou seja, durante o período da Copa have- gem e demais itens desta cadeia. Sendo asrá um aumento maior por bens e serviços sim, quem pretende participar da Copa do como: estadia, alimentação, transporte en- Mundo no Brasil ou quem pretende fugir tre outros. No entanto, após o termino do do evento para um lugar mais calmo deverá evento, a demanda deve voltar a níveis nor- pagar um preço mais caro do que em qualmais o que deverá fazer com que os preços quer outro período do ano. retomem patamares normais. Para nós moradores do Grande Para análise e tomada de decisões ABCD, os impactos não deverão ser tão do Banco Central Brasileiro esta oscilação grandes, já que não receberemos nenhunos preços não irá provocar fatores relevan- ma seleção, algumas seleções devem ficar tes no índice de inflação, isso porque nos em regiões vizinhas como Santos, Guarujá meses de junho e julho, quando acontece o e Mogi das Cruzes. No entanto, vale resevento, o índice de insaltar que para quem flação deve aumentar, pretende passear duno entanto nos meses rantes os dias de folga A Copa do Mundo subsequentes ele deve do evento, cuidado! O apresentar queda na passeio pode ficar mais no Brasil já encareceu mesma proporção ou caro! os preços dos alimentos, com pouca variação. Do mais, lembre Já para nós -se: mantenha uma restaurantes e que participamos da vida financeira sauhotéis onde serão parte real da econodável. Isso também é mia, ou seja, comprasinônimo de qualidade realizados os jogos mos e vendemos em de vida!



Mirante

Wallace Nunes Jornalista wallace@leiaabc.com

Tião Mateus, presidente da Câmara de São Bernardo, sofreu um enfarto um antes de fecharmos a edição de março. Ágil, o vereador de São Bernardo se recuperou assustadoramente rápido - tanto que já queria trabalhar nos mesmo dia em que deixou o hospital, mas foi impedido pelo assessor de imprensa da Câmara, Léo Junior e outros correligionários. “Fui um dos que não deixou.. Em primeiro lugar a saúde depois vem o restante”, comentou o assessor.

Fotos: Divulgação

Sufoco, mas tudo bem

Correndo para ajudar o povo

Mudança de rota Políticos da região afirmam que o ex-prefeito Aidan Ravin (PSB) deve dar o “pulo do gato” no último momento de decisão eleitoral e sair candidato a deputado estadual. Ele tem dito que sairá candidato ao Congresso Nacional e que não tem a pretensão de concorrer à Assembleia Legislativa. Entretanto, muitos políticos da região dão como certa a troca. “A base dele só é em Santo André. Se for candidato a estadual, com certeza ele estaria eleito. Não acredito que faria essa loucura de ser candidato a federal sem base”, disse um experiente político da região.

O político zen? Impressionou-me a calma e a serenidade apresentada pelo deputado estadual Alex Manente (PPS) durante uma conversa política que tive com ele dias atrás. Ele, que se prepara para disputar uma vaga no Congresso Nacional, disse estar pronto para enfrentar uma nova batalha. “É um desafio, mas estou pronto, aliás sempre estive”, resumiu

Novidade: Manente quer surpreender

Atila, o Uno, quer ser, mas... O superintendente da autarquia, Sama, Atila Jacomussi que é filiado ao PCdoB, não deve ser candidato a deputado estadual. Segundo fontes no governo de Mauá, Jacomussi se expos muito à frente da direção da Sama e tem sido duramente criticado pelo prefeito Donisete Braga (PT). Ainda os dois terão uma conversa na última semana de março a respeito da candidatura e de seus trabalhos a frente do órgão municipal que cuida das águas de Mauá. Jacomussi quer ser candidato, tanto que vinha negociando com uma assessoria de comunicação. Mas entre querer e ser tem a decisão - que não é dele - a ser tomada pelo prefeito mauaense.

No mês as mulher... ...Dá para contar nos dedos o número de mulheres na política na região. A única cidade que não tem uma mulher no Legislativo é São Bernardo do Campo. Entretanto, para muitos, a falta delas nesse Poder se compensa com a presença da primeira dama da cidade, Nilza de Oliveira. Mulher do prefeito Luiz Marinho, ela comanda com altivez a pasta Orçamento e Planejamento Participativo. Muitos correligionários sempre acharam que a primeira dama poderia substituir naturalmente seu marido na cadeira mais importante da cidade, mas ela não pensa nisso de maneira alguma.


Cidade limpa de verdade O secretário de Serviços Urbanos, Tarcisio Sécoli, inaugurou o 6º ecoponto da cidade. O espaço do bairro Divinéia, instalado na rua Matilde Ferrari Maçon, 272, poderá receber entulho de obras e resíduos volumosos, além de materiais recicláveis. A cidade já conta com ecopontos no Rudge Ramos, Parque dos Pássaros, Dos Casa, Montanhão e Batistini. Esses espaços são utilizados pela população para o descarte de até um metro cúbico de entulho por obra (cerca de 1,4 tonelada), resíduos volumosos (madeiras, armários, sofás e utensílios), além de materiais recicláveis, como papel, plástico, vidro e metal. Tarcisio Sécoli informou que serão instalados, ao todo, 30 ecopontos na cidade. “Instalamos os equipamentos onde a população precisa.

Trecho Leste do Rodoanel (Parte 1)

Trecho Leste do Rodoanel (Parte 2)

O deputado estadual Orlando Morando (PSDB) convocou a diretora geral da Agência Reguladora de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), Karla Bertocco Trindade, para prestar esclarecimentos sobre o cronograma das obras do trecho leste do Rodoanel Mário Covas. Morando perguntou sobre as justificativas da concessionária SPMar em relação ao atraso na entrega da obra e também questionou sobre a fiscalização e aplicação das multas.

A diretora afirmou que a conclusão da obra até o trevo da Rodovia Ayrton Senna está prevista para maio e que o trecho leste completo, até a Rodovia Presidente Dutra, estará pronto até junho. Além do cronograma das obras do trecho leste, Karla Bertocco prestou esclarecimentos sobre as medidas compensatórias implementadas pela Artesp em função da suspensão do último reajuste dos pedágios, entre outras dúvidas da comissão.

Estreitando os laços Lauro Michels (PV), prefeito de Diadema, se reuniu com os vereadores da cidade para fazer um balanço de seu governo. A medida foi mais uma tentativa de aproximação com os homens do Legislativo do que qualquer outra atitude, haja vista que o balanço apresentado não continha novidades. Mas o prefeito, que tem um estilo mais de “colocar a mão na massa”, do que ficar atrás dos papéis em seu gabinete.

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Saúde

Com a expansão do conceito de qualidade de vida, aumenta a procura por novas terapias e tratamentos alternativos, opções para fugir de problemas deixados pela rotina agitada, como dores e estresse Lívia Sousa - livia@leiaabc.com

A

vida moderna tornou-se uma verdadeira maratona contra o tempo, dando a impressão de que as 24 horas tornaram-se insuficientes para dar conta da família, do trabalho e dos desejos pessoais. O saldo da correria aparece no final do dia ou até mesmo ao longo dele quando, sem pedir licença, deixa nosso corpo pesado, a mente desgastada e parece não querer ir mais embora. Mesmo assim, muitas vezes as pessoas deixam de lado aquela sensação de

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Com tudo

Fotos: Bia Santos

Lilian manuseando a Mesa Lira, um dos instrumentos utilizados na musicoterapia.

no lugar que a bateria está quase acabando. Elas se esquecem de cuidar de si mesmas, mas também não lembram que ignorar uma dor de cabeça ou as tensões musculares abre caminhos para sérios problemas de saúde no futuro. Para se ter ideia do quão grave pode se prolongar tais sensações, além de consequências físicas, o psicológico também corre o risco de ser afetado com a ansiedade e, em casos extremos, com a depressão. Na tentativa de dar um “chega para lá” no cansaço permanente, os brasileiros começaram a procurar as terapias e os tratamentos alternativos, os quais, ao

contrário da medicina convencional, não fazem o uso de qualquer tipo de remédio. Pouco usual há alguns anos, a prática se destacou quando o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a oferecer serviços como Acupuntura e Homeopatia em 2006; e hoje esses itens fazem parte da lista de quem busca bem-estar e qualidade de vida. Embora continuem ganhando espaço, os próprios especialistas afirmam que os tratamentos e as terapias alternativas não substituem os tratamentos médicos convencionais, servindo como complemento para a medicina tradicional. “O


fato é que podem realmente trazer benefícios aos pacientes”, garantem.

Massagem com pedras quentes ajuda a tratar dores musculares, insônia, ansiedade e cólicas menstruais

Musicoterapia

Som, ritmo, melodia e harmonia trabalham em conjunto na musicoterapia, que deu seus primeiros sinais em 1500 a. C. Naquela época, médicos egípcios afirmavam que a música poderia ajudar na fertilização da mulher. Mas foi quando os sons começaram a serem utilizados nos hospitais para aliviar o sofrimento dos soldados feridos, durante a Segunda Guerra Mundial, que o método passou a ser tratado de fato como uma terapia alternativa. Mais de meio século depois, a musicoterapia se expandiu e hoje também é utilizada para outros fins. “Para as gestantes, por exemplo, a musicoterapia ajuda na comunicação não verbal da mãe com o feto”, explica Lilian Engelmann Coelho, musicoterapeuta da Clínica Renann Wellness & Beauty, em São Caetano do Sul, e presidente da Associação de Musicoterapia do Estado de São Paulo (APEMESP). Crianças com atraso no desenvolvimento global, síndromes neurológicas e autismo também podem aderir à musicoterapia em busca de capacidades sensório-motora, perceptiva e comunicativa. Na maioria das vezes, o contato do público infantil com o som ocorre por meio de instrumentos musicais espalhados pelo consultório, mas pode ainda ser feito com a Mesa Lira, que possui 42 cordas e é bastante procurada por adultos que desejam relaxar e se redescobrir. O paciente deita e, quando tocadas pelo profissional, as cordas reproduzem sons harmônicos, transmitindo, assim, a vibração para o corpo. “Com a correria do dia a dia nos esquecemos do próprio corpo, do próprio ritmo. É uma sensação de um oceano sonoro que, quando envolve o corpo em uma escuta integrada, traz autoconhecimento pela atenção em si mesmo”, explica Lilian. O contador Manoel Rodrigues, de 65 anos, é um dos pacientes de Lilian e diz que antes de aderir à musicoterapia, há um ano e meio, passou por terapias convencionais com quatro profissionais diferentes. “Buscava crescimento pes-

soal e autoconhecimento. Depois foi por causa de problemas pessoais”, revela. O processo durou dois anos e meio e trouxe alguns benefícios, mas, segundo ele, foi a musicoterapia que trouxe os resultados mais rápidos. “Também tem aquela questão de que na terapia tradicional você acaba falando o que sua cabeça pede. Na musicoterapia você fala, mas pouco. Ela se aprofunda e busca dentro de mim aquilo que eu não conheço.” Ainda podem ser tratadas com o método a recuperação de funções comprometidas, como expressões corporais em pacientes com quadros neurológicos e perda de memória entre os idosos – nesse último é trabalhada a memória musical do indivíduo, a qual, segundo a especialista, é a primeira a se formar e a última a se perder. São resgatadas músicas que

marcaram momentos significativos na vida do paciente com o objetivo de “puxar” sua memória afetiva e a comunicação com familiares. Todo ser humano tem um sistema musical inato, que no contexto neurológico aparece por meio das funções neuromusicais. Presentes na fase gestacional, essas funções vão se transformando durante todas as etapas do ciclo de vida; por isso, pessoas de qualquer idade podem recorrer à musicoterapia. Apesar dos benefícios, o método tem suas contraindicações e não é aconselhado em casos de amusia (incapacidade de percepção melódica, rítmica ou timbrística) e epilepsia musicogênica (quadro raro no qual crises epilépticas são desencadeadas por estímulos musicais). O tempo de tratamento varia conDezembro Março de 2014 2013 |

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Saúde forme as necessidades de cada paciente, mas em média dura de três a quatro sessões (em grupo ou individuais), com uma hora de duração cada. E Lilian adverte: “Aquele ditado de que a música sempre faz bem não é verdade. Ela altera estados de humor e intensidades de emoção, faz com que fiquemos mais tristes ou mais alegres e, por isso, pode influenciar em estados depressivos e de euforia. Por esse motivo, é importante o critério de alta nos tratamentos de musicoterapia visando à autonomia do paciente”.

Quiropraxia

Apesar de não ser qualificada como uma terapia ou um tratamento alternativo, a quiropraxia tem sido bastante procurada por quem se queixa de problemas na coluna, peso nos ombros e não sabe que o método na verdade é um tratamento medicinal. Ainda causando confusão por ser frequentemente relacionada com dores nas costas, Daniel Duenhas, quiropraxista e professor do curso de quiropraxia da Universidade Anhembi Morumbi, esclarece que o método não é indicado apenas para um mal específico. “A quiropraxia é um cuidado da saúde e indicada

para todas as pessoas que querem expressar o melhor de si, seja física ou emocionalmente”, afirma. O que acontece é que, por meio de ajustamentos na coluna, a quiropraxia devolve ao corpo a capacidade de expressar 100% do seu potencial. Isso é possível porque o sistema nervoso (cérebro, medula espinal e nervos) é o principal responsável por controlar cada célula da máquina humana. Uma vértebra desalinhada (o que é denominado como complexo de Subluxação Vertebral) já é suficiente para causar uma interferência e fazer que o corpo perca a capacidade de se manter totalmente saudável. “O quiropraxista faz o que ninguém mais consegue: diagnosticar e ajustar a subluxação. Somente um quiropraxista formado tem conhecimento técnico para diagnosticar isso”, frisa o profissional. Assim como na musicoterapia, na quiropraxia a idade dos pacientes é va-

Sinônimo de relaxamento, a massagem também pode ganhar incrementos e auxiliar no combate de algumas doenças. Associada a óleos e essências, por exemplo, serve como tratamento e terapia à síndrome do pânico, depressão e ansiedade. Mas o que está em evidência atualmente é a versão com pedras quentes, que é feita em todo o corpo (exceto na face, em que são usadas pedras frias) com as pedras em uma temperatura média de 37º a 38º. “Essa massagem tem o poder de alcançar a musculatura mais profunda e tratar dores musculares, estresse, insônia, ansiedade, cólicas menstruais, problemas circulatórios, entre outros quesitos. Colocadas em pontos estratégicos, o calor das pedras consegue atingir a musculatura mais rápido”, explica Luisa Vilas Boas, proprietária, terapeu-

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Bia Santos

Massagem com Pedras Quentes

Luisa: sessão com uma hora de duração

ta, aromaterapeuta e esteticista da Aroma Campestre Spa Urbano, em Santo André. Cada sessão conta com uma hora de duração, tempo que Luisa afirma não ser suficiente para um relaxamento completo. Segundo ela, para se atingir esse objetivo o ideal seria, no mínimo, cinco sessões. No entanto, a assistente social Sueli Belizario Silva afirma ter sentido os benefícios de imediato. “Já

riada. Atendendo em um consultório no centro de São Bernardo do Campo, Duenhas declara que já teve como paciente mais nova uma criança com poucos meses de vida e a mais velha, com 87 anos de idade. Por outro lado, um estudo recente mostrou que a média de idade das pessoas que recebem o primeiro ajuste na coluna é de 47 anos, o que ele classifica como um dado grave. “Imagine uma pessoa que nunca escovou os dentes e resolve ver um dentista pela primeira vez aos 47 anos. Qual será a situação dos dentes dela? Com a coluna vertebral não é diferente. O ideal é que o paciente procure um quiropraxista para que sua coluna seja analisada e, se necessário for, ajustada o mais rápido possível. De preferência, ainda na infância.” Alívio das dores, melhor qualidade do sono, mais energia e vitalidade e melhor qualidade de vida são os benefícios mais citados pelos adeptos da quiropraxia. Todas essas características podem ser notadas assim que as interferências corporais são eliminadas, mas o tempo de reorganização e cicatrização vai depender do quão crônico é o problema.

fiz fisioterapia, acupuntura e massagem relaxante para amenizar as dores que sentia na coluna e queria experimentar uma nova técnica de massagem. Ganhei um Day SPA de presente das minhas filhas, fiz a massagem com pedras quentes e gostei do resultado. Senti alívio nas dores e me senti relaxada logo na primeira sessão”, diz a andreense, que é cliente do local. Todos os sexos e faixas etárias passam pelo spa em busca do método, mas são as mulheres que trabalham fora e dentro de casa, além dos adolescentes em época de prova, que aparecem com mais frequência. Apesar do público diversificado, Luisa diz que esse tipo de massagem não é recomendado a gestantes, epiléticos e pessoas em situação pós-cirurgia, frisando ainda para que seja feita uma avaliação de cada cliente antes de dar início a qualquer tipo de massagem.


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Política

O jogo não está nem na metade Definições de candidaturas ao governo do estado mais rico da nação ainda não está de todo definido. Surpresas ainda podem ocorrer. O fiel da balança tem nome; Gilberto Kassab O ditado diz que em política “elefantes voam”. Isso quer dizer que o que pode estar acordado num dia no outro de nada vale até um candidato estabelecer conversas com possíveis aliados ou adversários. A história se repete desde a era Vargas. Na corrida para comandar o estado mais rico da Federação, os postulantes negociam o quanto podem para chegar fortes no dia da votação. Eles se valem das conversas entre os membros de seus respectivos partidos para depois entrarem em cena. No ano passado, falava-se que cinco candidaturas estavam certas. Agora, com o fim do primeiro bimestre, as conversas afunilaram e o número de candidaturas pode se resumir a apenas três. Alexandre Padilha, petista paulistano, mas que viveu por anos no Pará, o empresário - que não tem empresas Paulo Skaf e está filiado ao PMDB e o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. Fiel da balança em pleitos eleitorais decisivos, ele mostra-se agora como a bola oito do jogo político. Articulador, daqueles que ficam horas em conversas pessoais, Kassab se lançou no jogo da sucessão estadual ao dizer para todos que ele seria o candidato ao governo. Rapidamente, petistas se alegraram e os tucanos ficaram ressabiados. Ambas as siglas sabem que, por sua capacidade de interlocução, Kassab pode decidir uma eleição . Certo mesmo apenas dois candidatos.

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Divulgação

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Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

Fiel da balança: Kassab, o articulador, sabe que pode ser decisivo


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Fotos: Shutterstock

Capa

As Aspirações e conqu A nova Classe Média traduz seu consumo às conquistas, o que lhes confere autoestima. Investir nesse mercado que representa 54% da população do Brasil é uma alternativa à mudança do mercado

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Especial para Leia abc Fabiana Lima - redacao@leiaabc.com

crescimento e a consolidação da classe média no País tem sido assunto de muitos estudos dos acadêmicos e analistas de mercado nos últimos anos. A nova formatação desse segmento, que aglomerou um maior número de consumidores, também demonstra interesse na compra de uma gama maior de produtos, além daqueles de subsistência. Se a classe C brasileira fosse um país, seria o 12º mais populoso do mundo e o

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18º em consumo. Viagens, eletrônicos e móveis para a casa estão no topo da lista de desejos deste grupo. Os números são grandiosos: Formada por 108 milhões de pessoas que gastaram R$ 1,17 trilhão e movimentaram 58% do crédito no Brasil no ano passado, a classe C brasileira representa hoje 54% da população do País e em 2023 a estimativa é de que essa fatia suba para 58%, chegando a 125 milhões de pessoas. Em 2013, esse grupo representava 38%. No final do mês passado, a Serasa Experian, juntamente com a Data Popular divulgou um estudo onde analisa o perfil desse seguimento. Batizado de Faces da Classe Média, o informe revelou dados essenciais sobre a voraz classe C consumidora para aumentar as assertivas do setor privado e do setor público. A pesquisa apontou que a classe C já corresponde a 54% do total de habitantes no País, isso equivale a 108 milhões de pessoas. O estudo considera classe média a família com renda mensal per capita de

R$ 320,01 a R$ 1.120 e apresenta quatro perfis do consumidor: os “batalhadores” formam o maior grupo e são os que mais consumiram em 2013: R$ 388,9 bilhões. Os idosos “experientes” da classe C gastaram R$ 274 bilhões, mais que os jovens “promissores”, que consumiram R$ 230,8 bilhões. Os “empreendedores” são a menor fatia, mas têm maior renda per capita e gastaram R$ 276 bilhões. Mais cerca de 30 milhões de pessoas entraram no universo do consumo e passaram a integrar a chamada nova classe média brasileira. Embora não seja novidade, o crescimento da classe C se consolidou e ganhou destaque em 2013, influenciado pelo desempenho relativamente favorável da economia diante dos reflexos da crise financeira. Mais de 30 milhões de pessoas se enquadram na categoria dos “batalhadores” e representam 39% da classe C. A média de idade é de 40,4 anos. A maioria é solteira (72%) e quase a metade tem carteira assinada (49%) e ensino fundamental


uistas da Classe Média completo (48%). O emprego é visto por eles como o caminho para a estabilidade e o estudo como oportunidade de ascensão social dos filhos.

Retrato em novela

O sucesso desta classe virou, há pouco tempo atrás até tema de novela global para explicar esse fenômeno, que hoje é um dos principais alvos do mercado consumidor. E tudo se refletiu em números, mais precisamente no PIB do Brasil ao crescer 2,3%, segundo dados do IBGE, calculados no quarto trimestre de 2013. Em entrevista concedida à LEIA ABC, o gerente de produtos da Serasa/ Experian, Marcelo Pincherle, disse que o informe teve como objetivo mostrar que essa classe média não pode ser tratada como coisa única e homogenia. “Trata-se de 108 milhões de pessoas, portanto têm comportamentos distintos, idade e estilo diversos”. No o estudo, também foi possível observar que o varejo tradicional se mos-

trou robusto após anos de baixo desempenho, apresentando um crescimento de 17% em volume, nove itens levados por viagem e um tíquete médio de R$ 21,12. Já os atacadistas tiveram um aumento de 10% em volume, tíquete médio de R$ 65,45 e registraram cerca de 28 itens por ida ao estabelecimento. É um mercado em potencial para o consumo, como 43% concentrado só na região Sudeste do País. O documento revelou ainda que dividir essa parcela em subgrupos facilita a criação de novos empreendimentos e traz os possíveis clientes para próximo das empresas. A pesquisa divide-os em quatro: promissores, batalhadores, experientes, empreendedores. Cada grupo com características singulares. Segundo Pincherle, os jovens, que compõem o grupo dos promissores, são pessoas que estão aprendendo a lidar com o crédito. Criar uma linha de crédito que o possibilite sempre ser um consumidor, é mais importante que fazer dele um consumidor compulsivo.

A faixa etária desses jovens é de 22,2 anos, 72% deles têm acesso à internet. Costumam consumir produtos da Tecnologia da Informação. Na região do ABC é possível sentir muito de perto o crescimento da classe C nas ruas de comércio como a Marechal Deodoro, em São Bernardo e na Oliveira Lima, na cidade de Santo André. E os números estatísticos não são os únicos que contam a história. Entre os retratados no informe da Serasa/Experian está o dos batalhadores. Na região, a hoje professora da rede pública de ensino, Maria Lavor, 41 anos, moradora de Santo André, pode sim ser inserida neste contexto, pois sua experiência tem um repertório de superação. Esclarecida, ela sabia que estudar era o caminho para sair da extrema pobreza e o bairro, Jardim Santo André, cuja violência e a falta de políticas públicas são gritantes. “Sonhar em ter um lugar pra chamar de seu vai bem além da questão material. Eu tinha o direito de conquistar, de querer alguma coisa.” Março de 2014 |

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Maria Lavor se formou em pedagogia, iniciou a carreira como professora e não pretende parar. Pensa em terminar sua pós-graduação como psicopedagoga. Ela sabe bem o que é batalhar por um sonho. Um deles, a conquista da casa própria veio em 2010. O marido, Paulo Cérgio Dematos, foi a parceria certa que a ajudou nessa conquista. Juntos, os dois somam uma renda mensal de R$ 4 mil. Ano passado ele trabalhava em dois turnos, mas se desgastava muito. Com as finanças equilibradas, abriu mão do esforço e decidiu diminuir a carga horária por uma melhor qualidade de vida. Conseguir fiador para pessoas cuja renda é conseguida através do mercado informal é uma barreira. Ser funcionária pública, com uma carreira estável, fez toda diferença, usar linhas de créditos alternativas também foi a solução, pegar empréstimo com o patrão, por exemplo. Tudo valia para sair da casa onde morou por treze anos de favor. Maria projeta conquistas ainda maiores. Espera que seus filhos conquistem muito mais do que ela e não passem pelo que ela passou. Há dez anos ela jamais poderia imaginar em investir em imóvel. “Hoje isso faz parte dos sonhos que eu posso tocar.”

Prazer imediato

Consumir um produto gera um prazer imediato, uma sensação de pertencimento. Isso demonstra que o consumo não necessariamente está ligado a posse de algo, mas se refere a valores. “A pessoa batalhou para obter este bem”. Ressalta Pincherle ao exemplificar o perfil do batalhador, que corresponde 39% da classe média ou 30,3 milhões de pessoas.”. Para ele, a pesquisa ajuda o mercado a compreender essa parte da população brasileira, que é mais que a metade. Saber o que pensam, como desejam, o que são seus sonhos é um processo de incluí-las de forma efetiva no mercado. “Se a gente ignorar essa parcela, metade do consumo encolhe”.

Viajantes

Faces da Classe Média indica que a estimativa é consumir 8,5 milhões de 22

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viagens nacionais esse ano. “O mercado tem interesse, acontece que é uma coisa nova, mas o mercado está cada vez mais se adequando. Um exemplo são os pacotes promocionais que agências turísticas oferecem. A língua pode ser uma barreira para os brasileiros que vão para outro país, mas os pacotes são criados pensando em sanar até mesmo esse tipo de dificuldade. O objetivo é diminuir a distância, criar ferramentas facilitadoras, entendê-los, saber quais são seus anseios”, diz Marcelo Pincherle. Nádia Ignácio Baptista, 28 anos, Coordenadora Comercial de uma Franquia de cosméticos, moradora de São Bernardo do Campo, tem como um dos seus maiores prazeres viajar. Antigamente, o que ela entendia por viajar era apenas ir para o litoral paulista. Quando começou a trabalhar ouvia suas colegas contarem das viagens. Imaginava que só conseguiria isso quando tivesse um alto cargo, de gerência, por exemplo. Mas se surpreendeu quando fez a primeira viagem para fora do país em 2011, num cruzeiro para Bueno Aires com parada também em Uruguai e Santa Cantarina. No ano seguinte, 2012, foi para Foz do Iguaçú, no Paraná, meses depois foi para Florianópolis em Santa Catarina e Búzios no Rio de Janeiro. Em 2013 voltou para o Rio, só que dessa vez o destino foi a Capital, mais precisamente para o bairro de Copacabana. Sua descoberta foi compreender que era bem mais fácil do que imaginava que era possível, e que existiam valores acessíveis com pagamentos de forma facilitada. O fato de achar ser muito caro, nem a motivava a procurar saber. Ela diz que o que faltava era informação. O acesso à internet facilitou na pesquisa de preços, assim notou a facilidade de créditos e que os valores cabiam nos seu orçamento. Desde então, não parou mais, fechou pacotes promocionais com parcelas a perder de vista. Hoje em dia também utiliza muitos sites de compra, que informam promoções relâmpagos de restaurante, marcas etc. Para as agências que investirem significa crescimento, para clientes como Nádia, significa a recompensa do trabalho. Só não programou sua viagem esse ano por conta do filho que é ainda muito

Fotos: Arquivo Pessoal

Capa

Marcelo: Classe C não é única nem homogênea pequeno, mas já começou a pesquisar na internet ofertas de preços. Ela, que tem como exemplo pais batalhadores, mas que se privaram do lazer, pois tinham como prioridade o bem estar da família, garantido as necessidades básicas, segue e mesma trilha, porém, difere deles num aspecto ao não abrir mão do lazer. O executivo da Serasa Experian enfatiza que o fator comunicação é fundamental e a internet contribui bastante com esse perfil, do grupo empreendedor. Já para os que pertencem ao grupo dos mais experientes, não fazem tanto uso da internet e compram serviços diretamente das lojas, é viável criar plataformas de comunicação exclusivas. A pesquisa procura chamar atenção também para essas sutilezas, a fim de não excluir ninguém.

Promissores

Outro exemplo retratado no estudo da entidade privada com sede em São Paulo, está o dos promissores. O grupo é o mais jovem e o mais conectado, o qual representa 19% da classe C, com idade média de 22,2 anos. Do total de 14,7 milhões, 95% são solteiros, 72% acessam


Maria diz ter histórico de superação e é batalhadora

Para Nadia viajar é o melhor a fazer para aproveitar a vida

a internet e a maioria tem ensino médio completo (59%) e emprego com carteira assinada (57%). Eles veem no crédito a oportunidade de melhorar de vida, mas 51% admitem já ter pedido o controle das contas. Um destes, está o jovem Henrique Maceda, morador do bairro Vila Rica, em Santo André. Ele é um dos 14,7 milhões que formam o grupo. Aos 20 anos, planeja se aplicar nos estudos, ter uma profissão “para crescer na vida”. Mas ainda está em dúvida entre ingressar num curso técnico de mecânica ou logística. Parte da renda do seu trabalho, que adquire como profissional em artífice de manutenção, vai para o lazer. Um deles é gasto em algumas horas na internet acessado a partir do seu smartphone. Os “empreendedores” formam o menor grupo, mas têm mais escolaridade e maior renda per capita. Representam 16% do total, com 11,6 milhões de pessoas e idade média de 43 anos. Mais da metade (60%) acessa a internet, 43% têm carteira assinada e 19% concluíram o ensino superior.

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Comportamento

Férias tr Com a possibilidade de viagens para diversos lugares do mundo, o intercâmbio de casas mostra-se como uma boa opção para quem quer eliminar o custo de hospedagem

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Nani Soares - nani@leiaabc.com

s férias são um dos momentos mais prazerosos e aguardados do ano, embora também sejam costumeiramente um dos que mais se gasta. Viajar sem ter de pagar a hospedagem certamente faz diferença no bolso e ainda pode ser uma excelente alternativa para fazer amizade com pessoas de outros países. Para isso, o caminho tem sido o intercâmbio de casas, sistema que permite que pessoas do mundo todo troquem de casas, excluindo as dispendiosas despesas com hotéis e pousadas. A prática foi ilustrada no filme “O amor não tira férias”, com Cameron Diaz e Kate Winslet, que mostra de forma divertida os prós e contras do intercâmbio de casas (ver box). Segundo as empresas

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que intermedeiam a troca, uma das principais vantagens é a economia feita em relação à hospedagem e a possibilidade de permanecer em um lugar como um morador comum e não como turista. Na prática, o intercâmbio de casas não tem segredo. Os interessados devem se inscrever em um dos sites intermediadores e, embora existam vários, os mais conhecidos e que atuam no país são o Home Exchange – que no Brasil e em outros países lusófonos chama-se TrocaCasa – e o Intervac, ambos com versões em português. Em qualquer um dos sites, é preciso filiar-se e, para isso, basta preencher o formulário de registro e escolher o tipo de filiação adequada. No Home Exchange o custo anual é de 35,40 euros e o trimestral, 17,85 euros. No Intervac a fi-

liação anual custa 50 euros. Filiação realizada, é preciso fazer, então, um cadastro do imóvel, com informações pertinentes como localização, número de cômodos, se há animais de estimação ou se aceita fumantes. Convém também colocar fotos, de preferência que ressaltem as qualidades da casa. Até o pagamento da taxa de filiação, sua página ficará visível para todos os membros, mas não ficará ativo o contato para qualquer interação. A etapa seguinte é a escolha do destino. Em ambos, o processo de contato é praticamente o mesmo. Depois de escolhido o destino, é preciso enviar um e-mail demonstrando o interesse e é nesse ponto que o intercâmbio de casas torna-se ainda mais interessante. Em geral, cada membro recebe pedidos de trocas de casa de várias partes do


ocadas mundo. A decisão é pessoal e, a partir da etapa, o contato é estabelecido entre os membros. O ideal é que ocorra o maior contato possível, por meio de e-mails, fotos e até Skype. Com uma rede de sites em 16 idiomas, cerca de 50 mil imóveis inscritos e um serviço de chat 24 horas por dia, o TrocaCasa conta com duas modalidades para o intercâmbio: Troca de Casa e Troca de Hospitalidade. Os que optam por trocar de casa escolhem em conjunto as datas mais convenientes às duas partes, mas também há outras opções de alojamentos (certa vez, um membro trocou sua casa por um iate de 12 metros). A Troca de Hospitalidade consiste em receber o associado de troca em sua casa, em data fixada por ambos. Você pode receber as pessoas como hóspedes e depois elas o recebem, por exemplo. “Nesse tipo de troca há um aspecto social que algumas pessoas apreciam em especial, pois

dessa forma podem dispor de um guia de turismo a sua medida para descobrir a região”, explica Antonio Batista, administrador do site TrocaCasa.com para os países lusófonos. Ele explica que as trocas são combinadas entre os membros e o site oferece apenas ferramentas para tornar isso possível, bem como apoio e esclarecimento de dúvidas. Uma vez cadastrado, não há mais nenhum valor a ser pago, independentemente de quantas trocas sejam feitas. E caso nenhuma troca seja feita durante o período filiado, o segundo ano é gratuito. No Intervac, a maior parte dos membros é das classes A e B, com condições de viajar com mais frequência. Carlos Gerent, representante do Intervac no Brasil, diz que elas também têm um perfil mais adulto, sendo maduras e responsáveis. Por conta disso, conseguem reconhecer melhor as vantagens do intercâmbio de casas.

As opções para isso também são muitas. É possível fazer a troca simultânea (uma pessoa vai para a casa do outro no mesmo período) em momentos distintos, ficar na casa da pessoa enquanto ela sair de férias para outro local, ou simplesmente como hóspede. O próprio Gerent ficou hospedado uma vez em uma casa no Brooklin (EUA). “As vantagens do intercâmbio são muitas. Em primeiro lugar, a economia. Em segundo, a comodidade do local. Ter seu quarto, sala, cozinha, chave da casa para entrar e sair a hora que quiser. Depois, tem a experiência local, ou com a família. Você vivencia muito mais a cultura e a região estando em uma residência. Por último, você pode explorar regiões fora dos lugares comuns. Por exemplo, não precisa ficar em Paris, mas pode ficar na residência de alguém em uma região próxima a Paris ou no interior da França”, diz. Março de 2014 |

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Amizade internacional

Membro do Intervac, a arquiteta carioca Carmen Schieber Severo, de 68 anos, já fez a troca de casa cerca de 30 vezes, o que possibilitou conhecer lugares como Amsterdam (Holanda), Paris e Saint-Galmier (na França), Nova York e São Francisco (Estados Unidos), Firenze e Roma (Itália), Barcelona e Catalunha (Espanha), entre muitos outros. A primeira viagem foi para Londres, em 1992, e a troca foi feita com um casal de professores, dos quais se tornou amiga. O imóvel era um flat espaçoso e situado no elegante bairro residencial Bloomsbury. “Melhor do que ele só o palácio da minha amiga rainha Elizabeth”, brinca. Na volta para o Rio, ainda encontrou-se com o casal e os levou a alguns pontos que normalmente ficam de fora da rota dos turistas. Além de trocar de casa, Carmen também já recebeu e foi recebida em outras casas. Segundo ela, os estrangeiros são fascinados pelo Rio de Janeiro, especialmente por Copacabana. Com um apartamento no centro do conceituado bairro, há sempre alguém interessado. “Se não tomasse cuidado, eu viajaria o ano todo”, explica. Apesar disso, conta que já emprestou o apartamento várias vezes, mesmo sabendo que em alguns casos não conseguiria visitar os amigos hospedados. O último foi um casal argentino, que esteve na casa da arquiteta em novembro. Ela, por sua vez, ficará um mês no apartamento do casal, até o dia 20 de março. O imóvel fica em Mar Del Plata, com localização privilegiada na Recoleta, bairro nobre da capital e famoso pelas construções no estilo belle époque. Em julho, Carmen embarcará para Madrid e Amsterdam, depois Escandinávia e Praga, locais que ela ainda não conhece. Apesar dos privilégios de viajar pelo mundo todo, a família torceu o nariz. “A reação de parentes e amigos sempre foi de muito espanto, o que jamais me demoveu. Sou muito livre, independente e tenho a mente aberta. Ao longo dos anos eles conheceram uma série de amigos meus forasteiros. Enfim, agora já se acostumaram com a ideia”, diz. A oportunidade de conhecer outras 26

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culturas sem a “contaminação de guias” é a maior vantagAnonioem do intercâmbio de casas, associada à eliminação da despesa com hotel, “geralmente usado apenas para tomar banho e dormir”, diz. O fato de manter os hábitos e viver como uma habitante local (fazendo compras, indo a museus, teatros, restaurantes etc.) também a ajudou a estender o círculo de amigos além dos parceiros de troca, com os amigos deles a recebendo para almoços, jantares e festas. O curioso é que na maior parte das vezes os vizinhos (avisados previamente de sua chegada) ficam curiosos por conhecer uma brasileira, esperando uma mulher exótica e geralmente se espantando ao recebê-la. Tecendo elogios para Intervac, a mais antiga associação de troca de casa do mundo e a quem ela classifica como “filosofia de vida”, a arquiteta garante que o mais importante ao ingressar no sistema

Troca de casa no cinema O filme “The Holiday” ou, no Brasil, “O amor não tira férias” é uma comédia romântica que tem como pano de fundo o intercâmbio de casas. Iris Simpkins (Kate Winslet) e Amanda Woods (Cameron Diaz) são duas mulheres que passam por um momento de turbulência na vida. A primeira é colunista de casamentos em um jornal, na Inglaterra, e é apaixonada por um homem que está prestes a se casar com outra. Já a segunda é a descolada dona de uma agência de publicidade, especializada em trailer de filmes, e que também acaba de descobrir que seu namorado a traiu. Dispostas a mudar de ambiente e, se possível, até de vida, ambas se inscrevem num site especializado em troca de casas. A partir daí, a vida delas toma um rumo completamente inesperado, especialmente pelo que encontram: Iris conhece Miles (Jack Black), um compositor de cinema, e Amanda se apaixona pelo irmão de Iris, Graham (Jude Law). Como toda comédia romântica, estão lá os clichês do gênero, mas isso não torna o filme enfadonho, pelo contrário: é tudo muito leve e nenhum personagem é caricato. A troca das casas acaba sendo um dos aspectos mais divertidos da trama, já que mostra como cada uma adapta-se à realidade da outra e aprende a fazer daquele seu próprio lar.

Fotos: Divulgação

Comportamento

Batista: hospitalidade é tudo, sobretudo neste mercado é ter em mente que o primordial é cuidar da casa como se fosse sua. No mais, apenas alguns cuidados básicos. “Entre para um clube bem considerado, seja sincero nas informações do seu anúncio e, ao trocar, leve uma lembrança para seus novos amigos. O fato de ainda não conhecê-los não é desculpa, pois há numerosos itens unissex de muito bom gosto que darão o tom da sua elegância e gentileza. Seja amiga e receba-os como gostaria de ser recebida: com uma cesta de frutas tropicais, com um doce regional, com flores e alegria. Convide-os para conhecer amigos e familiares, talvez para alguma festa; enfim, facilite a vida deles. Não se esqueça: faça-os sentirem que são bem-vindos e, se possível, vá pegá-los no aeroporto”, orienta.

Desapegar sem medo

Associada do TrocaCasa, a professora Ani Torres, de 34 anos e moradora do Butantã, em São Paulo, fez o intercâmbio de casas em 2012 com o marido e o filho pequeno. Os parceiros de troca foram um casal de franceses que moravam em Evora (Portugal), única cidade portuguesa a integrar a rede de cidades mais antigas do mundo. Também professores, o casal foi o primeiro a demonstrar interesse pelo apartamento de Ani, em virtude de um congresso que participariam na Universidade de São Paulo (USP), no mesmo bairro onde ela mora. O imóvel de ambos tem três quartos, mas Ani conta que a casa em Portugal era bem maior, o que acabou surpre-


Gerent, do Intervac: experiência própria, quando foi para os EUA

Ani torres fez intercâmbio em 2012 e sentiu muito bem

endendo o marido e ela. Além de mais espaço, benefícios para o filho: como o casal também tinha um filho da mesma idade, 18 meses, havia vários brinquedos na casa, bem como um portão de proteção e cadeirinhas no carro (que foi incluído na troca). O único porém – que não chegou a ser exatamente um problema – eram as ruas minúsculas da cidade, “difíceis para um brasileiro pouco habituado a dirigir”, afirma Ani. “O principal receio era o de a casa não existir, não estar em boas condições ou mesmo de o lugar ser ruim. Era uma localidade afastada, mas o fato de os termos recebido no Brasil antes de irmos foi muito bom para checarmos detalhes e conhecê-los melhor”, diz.

Mesmo assim, o casal foi alertado por amigos e parentes, que consideravam a experiência uma loucura. Como deu tudo certo, no mesmo ano o casal fez nova troca, dessa vez para Itapema, em Santa Catarina. Embora não tenha sido simultâneo, foi novamente bem-sucedida, o que levou o casal a elaborar planos para fazer outro em breve. “Com crianças pequenas como no meu caso, é muito melhor você poder cozinhar e ter espaço para descansar com eles quando a viagem estiver muito pesada. O fato de trocar também de carro é ótimo e vantajoso. Os receios são em relação à quilometragem rodada, multas e riscos, mas isso é fácil de combinar, então não tivemos grandes problemas”,

revela. Na outra ponta foi o marido que ficou receoso, especialmente de ocorrer algum problema (como riscos) na geladeira, “xodó dele”, diz Ani. Por contas de todas as dúvidas e medos que envolve, o intercâmbio de casas está muito baseado no perfil das pessoas que se dispõe a fazer isso, geralmente mais desapegado. Não é todo o mundo que está disposto a fazer, “especialmente se for alguém muito apegado às coisas e objetos da própria casa”, ressalta ela. Por isso, é importante buscar pessoas com um perfil mais parecido com o seu possível, que tenha preocupações parecidas. Para minimizar os riscos, vale conversar com as pessoas antes da troca, trocar fotos e referências, como farmácias, padarias, pontos turísticos. Além de designar alguém (um parente ou vizinho) para dar apoio ou ajudar em caso de problemas. No caso dela, o irmão foi escalado para auxiliar os convidados, além de uma empregada, que ia até o apartamento uma vez por semana para limpar e checar se precisavam de algo. “É preciso estar disposto a assumir riscos. Cheque referências, veja no mapa onde é a casa, converse com as pessoas. Deixe algum vizinho ou parente ajudar a olhar a casa se for preciso e assistir os visitantes se precisarem de ajuda. De preferência, deixe objetos de valor, como documentos, fora da casa e comunique a portaria sobre os visitantes”, alerta.

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Economia

Rigidez sem fim

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ão pagou um mês, a ação de despejo é acionada imediatamente. Simples. A nova Lei do Inquilinato (12.112/10) completou seis anos. Se por um lado, as alterações protegem o locador, visto que ficou mais fácil a ação de despejo por falta de pagamento, por outro, especialistas acreditam que as mudanças beneficiaram aqueles inquilinos “bons pagadores”. Os especialistas destacam que o principal indicador de eficácia da lei é a redução da prática do despejo. “Ainda existem ações de despejo. Isso demonstra que os inquilinos continuam inadimplentes, mas a redução das demandas judiciais prova que a lei tem cumprido o seu papel”, explica o advogado Douglas Teles dos Santos, especialista em direito imobiliário. De acordo com a regra, quem atrasar o pagamento tem 15 dias, depois de notificado, para quitar a dívida. Se não fizer o pagamento e o juiz aceitar a ação de despejo, tem um mês para deixar o imóvel. Antes, esse processo durava, em média, 14 meses. Segundo o vice-presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Hubert Gebara, os ajustes na lei “foram extremamente positivos”. Para ele, o grande beneficiado foi o bom pagador. “O inquilino ficou mais consciente de que caso não pague, as ações ocorrem de forma muito mais rápida.” Na opinião dele, as mudanças não influenciaram negativamente o bolso do 28

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inquilino. “Essa medida traz muito mais segurança para o mercado. Com isso, as pessoas voltaram a investir no mercado imobiliário, o que traz mais oferta e até redução de preços”, disse. Do lado do inquilino, o proprietário não tem o direito de pedir o imóvel de volta quando quiser, salvo em casos de atraso de pagamento ou infração das obrigações previstas no contrato de locação. Se o documento for registrado no cartório de imóveis, mesmo em caso de venda da propriedade, o período de contrato deverá ser respeitado.

Arquivo Pessoal

Especial para Leia abc Fabiana Lima - redacao@leiaabc.com

“Ainda existem ações de despejo. Isso demonstra que os inquilinos continuam inadimplentes, mas a redução das demandas judiciais prova que a lei tem cumprido o seu papel”, diz Douglas

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Mudanças na Lei do Inquilinato completa seis anos e ajudou a equilibrar a relação entre locadores e inquilinos

Como os locadores ganharam agilidade em retomar o imóvel, em caso de inadimplência, a lei propõe beneficiar os bons pagadores e exigir menos garantias locatícias (fiador, seguro-fiança, depósito adiantado etc). No entanto, as exigências continuam. Bom para ambas as partes? Talvez. Porque mesmo com a mudança e o consequente equilíbrio das regras, muitos locatários reclamam da rigidez da legislação, bem como das dificuldades de pagar o aluguel em dia. “Estou desempregado há meses e tenho que me virar para poder pagar em dia”, explica o vendedor Alexandre Dias Rabelo. Para ele, já que a lei mostra um equilíbrio entre as duas partes poderia também haver um mecanismo para quem está sem remuneração para pagar o aluguel.

Baixa inadimplência

Ana Claudia Frias, agente especialista em locação de imóveis explica que a inadimplência dos aluguéis residenciais é relativamente baixa depois do advento da Lei. “Gira em torno de 4%. Agora, a situ-


Vendas de casas subiram ainda mais com a alta dos imóveis

ação já complica um pouco mais quando verificamos os aluguéis comerciais, que praticamente dobra”. Alugar um imóvel requer atenção e bom acordo entre as partes antes de selarem o contrato. O candidato a um aluguel tem como optar por alguma das garantias exigidas. O Secovi-SP acredita que a tendência é que os preços baixem, pois o locador pode despejar aquele inquilino mau pagador no dia seguinte ao atraso do aluguel. Segundo dados levantados pela entidade, de janeiro a novembro de 2013, as ações por falta de pagamento caíram 16,8% em comparação com mesmo período de 2012. Como agora os processos são mais ágeis, esclarece o advogado Douglas Teles dos Santos, os inadimplentes se deram conta de que é melhor fazer acordo com os locadores a correr o risco de ser despejado em pouco tempo.

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Moda&Beleza

Fotos: Bia Santos

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Confira as dicas de especialistas para manter a maquiagem mesmo em dias mais quentes, apenas usando os produtos adequados Nani Soares – nani@leiaabc.com

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pesar de ser uma das estações mais aguardadas, o verão também é uma das mais problemáticas quando o assunto é cuidados com o corpo e a pele. Ano após ano, somos agraciados com a incômoda sensação de que o verão ficou mais quente e, consequentemente, mais difícil de ser tolerado. Para o público feminino, manter a aparência nos dias que a temperatura facilmente ultrapassa os 30°C é uma tarefa ainda mais complexa. Para impedir os efeitos dos raios UVA e UVB, muito filtro solar; porém, ir trabalhar de cara “lavada” e com aparência de quem ainda está dormindo está fora de questão. Por outro lado, carregar na maquiagem e descobrir no meio do dia que ela derreteu e que você se tornou uma versão mal-acabada do Coringa, do filme “Batman, o Cavaleiro das Trevas”, também não funciona. O que fazer, então? Segundo os especialistas, saiba que é possível manter a maquiagem durante todo o verão apenas usando os produtos certos e preparando a pele. Em geral, a brasileira tem a pele oleosa ou mista em virtude da miscigenação de raças que originou nosso povo; por isso, deve tomar ainda mais cuidado. Na nécessaire não podem faltar os itens tradicionais de maquiagem, como máscara de cílios, pó compacto e um batom ou gloss, mas outros produtos também são fundamentais nessa época. O protetor solar é o item número um da lista, especialmente nesse verão, considerado um dos mais quentes já registrados. Sabonete líquido com pH neutro para limpeza diária, demaquilante para retirar a maquiagem e esfoliante para ser usado ao menos uma vez por semana também não podem faltar. Para uma maquiagem mais duradoura, vale apostar em produtos do

tipo oil free (livres de óleo) e anti-shine (antibrilho). O mercado ainda oferece maquiagens não comedogênicas (que não causam acne) e com propriedade matificante (que absorvem o excesso de oleosidade). Águas termais e fixadores também são ótimos aliados. O primeiro passo, no entanto, é preparar bem a pele antes da “sessão beleza”, o que significa higienizá-la corretamente para receber os demais produtos. “Lave bem o rosto com água fria e, em seguida, use uma loção tônica, que equilibra o pH. Caso não a tenha, pode usar soro fisiológico gelado (ele ajuda a fechar os poros, fazendo a maquiagem durar). Depois, use um protetor solar e, se tiver um primer, espalhe na região T do rosto (testa, nariz e queixo), dando leve batidinhas”, indica Vanessa Lemos, maquiadora e proprietária do salão Healthy Hair, em São Caetano do Sul. Para a sombra durar, é importante usar um primer específico, mas se quiser acentuar ainda mais a cor, umedeça um pouquinho o pincel antes de espalhar a sombra. Segundo ela, os produtos mais indicados para serem usados no verão são aqueles com feito opaco ou mate. Como a oleosidade tende a aumentar e corre-se o risco de suar mais, maquiagem à prova d’água, como máscara de cílios e lápis de olhos, são boas pedidas, pois permitem que a make não borre. “É importante adquirir bons produtos não só de marcas conhecidas, mas que sejam adequados para sua pele”, alerta Vanessa. O problema é que as mulheres ainda tendem a va-

Patrícia Iabrudi, do Senac: principais novidades são as propriedades antioxidantes e revitalizantes dos produtos

lorizar mais os produtos importados, associando- -os à qualidade e esquecendo que eles são desenvolvidos para peles muito diferentes das brasileiras. “Algumas vezes eles podem até agravar os problemas na pele oleosa, fechando ainda mais os poros”, diz. Patrícia Iabrudi, professora da área de saúde e bem-estar do Senac Largo Treze, ressalta que há muitas novidades em cosméticos de tratamento, mas considera que a maior inovação foram os ativos com propriedades antioxidantes e revitalizantes, presentes em formato de sérum, os nanosferizados (com aumento de potencial de permeabilidade) e os neurocosméticos. Como tendência, continuam os produtos mais fluidos e mate, sendo que os principais lançamentos foram os BB Cream, os CC Cream, as sombras e o batom em cores cítricas. Os principais “pecados” cometidos pelas brasileiras em relação à pele são a exposição solar sem proteção adequada (que pode ocasionar envelhecimento, manchas e câncer de

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Moda&Beleza

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senvolvidas com microesponjas que absorvem o excesso de oleosidade da pele, e os corretivos faciais têm formulação não oleosa. As maquiagens também apresentam algum fator de proteção, variando conforme cada item. “As brasileiras estão se preocupando mais com a pele e sabem que os raios solares não apenas mancham, como também podem causar o câncer; então, elas procuram opções que ajudem no processo de proteção solar”, avalia.

Glaucia Rotta, da Pierre Alexander garante: brasileira está mais cuidadosa, mas ainda compra errado

Fotos: Bia Santos

pele), bem como a falta de higienização correta e a utilização de maquiagem inapropriada, causando ou agravando casos de acne e espessamento da pele. Além disso, há muita escolha errada de produtos. “Os produtos atendem ao nosso perfil. O que ocorre normalmente é a aquisição de produtos inadequados por falta de orientação de um profissional”, afirma ela, aproveitando para dar dicas preciosas para manter a make e a pele em ordem. “Evite a exposição ao Sol em horários de maior radiação. Aplique e reaplique a cada duas horas fotoprotetor facial (que é mais fluido que o corporal) e faça a higienização correta. Evite maquiagens pesadas no calor e sempre retire a maquiagem antes de dormir. Procure orientação de profissionais habilitados, os quais podem ajudá-la em um bom tratamento da pele, como técnicos em estética e maquiadores profissionais.” Glaucia Rotta, gerente de Marketing da empresa de cosméticos Pierre Alexander, em Diadema, diz que antes de classificar em qual grupo a pele se enquadra é preciso considerar, além do clima tropical, os fatores genéticos e até os hábitos de cada pessoa, como fumar ou tomar muito Sol. “O bom é procurar um dermatologista para ele poder avaliar várias questões antes.” Até mesmo na escolha de produtos para o ritual diário de preparação, limpeza e hidratação da pele esses aspectos devem ser considerados. A limpeza, por exemplo, exige um sabonete específico para cada estilo de pele. Ela conta que, por conta da grande mistura de etnias e variações de tipos de pele, desenvolver produtos para as brasileiras é um grande desafio, especialmente quando a proposta é levar ao mercado um produto que seja adequado a todos os tipos de pele. Como a oleosidade aumenta no verão, os produtos oil free são os mais indicados e o conceito norteia uma boa gama de produtos da Pierre Alexander. As bases da marca são de-


Em forma

Os perigos das dietas radicais Tamyres Barbosa Nutricionista tatatri@gmail.com

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ães, arroz, biscoitos, massas... Os Carboidratos são permitidos sim em carboidratos são sempre os vilões qualquer horário do dia, porém eles deda dieta. Quando ocorre a decisão vem ser consumidos com inteligência. No de iniciar uma dieta ou reeducação período noturno evite exageros, uma vez alimentar eles são os primeiros a serem que os excessos causarão um desconforto abolidos dos hábitos alimentares. Será que abdominal, dificultando a digestão, atraessa é uma decisão correta? palhando o sono. Prefira carboidratos do A resposta é NÃO. Quando há a diges- bem: complexo, integral. São exemplos: tão de carboidratos temos como resultado arroz integral, pão integral, macarrão intefinal a glicose. A glicose é essencial para o gral, aveia entre outros. organismo. É nossa moeda corrente, nosso Qualquer refeição deve ser realizada combustível que permite que tudo funcio- cerca de três ou quatro horas antes de se ne, inclusive, queimar gordura, sendo úni- deitar para dormir. Pois nesse período o orca fonte de energia para o cérebro. ganismo tem tempo de realizar a digestão, Quando os carboidratos são retirados fazendo com que o estômago não fique tão da alimentação colocamos nosso corpo em pesado a ponto de atrapalhar o sono. uma situação emergencial e, dessa maneiDevemos ingerir carboidratos em tora, ele encontra outras vias para a produ- das as nossas refeições principalmente nas ção de energia, sendo a segunda fonte da grandes refeições (café da manhã, almoço energia a massa magra, isto é, os múscu- e jantar), junto com os demais grupos alilos. Esse ciclo ocorre em qualquer horário mentares. Opte por fontes de carboidratos do dia, manhã, tarde ou noite. de baixo índice glicêmico, os que são riA retirada de carboidratos da alimenta- cos em fibras aumentam a saciedade. Inção mesmo sendo apenas no período no- clua verduras, legumes, cereais integrais e turno além de usar os seus músculos como frutas. fonte de energia, deixa de usar a gordura As refeições realizadas à noite podem e seu metabolismo diminui. Sem falar em conter todos os macronutrientes (carboisintomas como dor de cabeça, fraqueza, drato, proteína e gordura), mas em pequecompulsão alimentar – especialmente por na quantidade, uma vez que nosso orgadoces entre outras coisas. nismo necessita de menos calorias nesse Por esses motivos, CARBOIDRATOS horário. são permitidos SIM em qualquer horário A quantidade a ser consumida dependo dia. de de suas atividades realizadas durante Não faz diferença o horário em que o dia principalmente no período noturno. você come carboidratos. Em um grama Depende também do seu metabolismo, ou de carboidratos temos quatro calorias e o seja, do seu gasto energético diário. Esse mesmo valor enconvalor pode ser estimatramos em um grama do ao realizar exames de proteína, portancomo o de bioimpeto o aumento de peso dância. Visite um nuMesmo à noite, refeições pode vir de outros alitricionista, descubra devem incluir todos mentos também, tudo como funciona seu vai depender do quanmetabolismo e assim os macronutrientes: to você come. tenha sucesso na buscarboidrato, proteína Fato: o importanca de seu objetivo, te não é quando você seja ele perda, manue gordura come, mas o que come tenção ou ganho de e o quanto come. peso. Março de 2014 |

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Gastronomia

Boteco

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Fotos: Bia Santos

Bares do ABC investem na nova gastronomia de botequim, que mantém a tradição do sabor, mas apresenta opções mais elaboradas

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Heriton Borghi, da Cachaçaria Central: curso de gastronomia para elevar o padrão


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Nani Soares – nani@leiaabc.com

im, o brasileiro está comendo mais fora e adotando hábitos como cozinhar para os amigos, mas a efervescência gastronômica que sacode o país está sendo coroada mesmo é pela comida de boteco. Alçada a status de gourmet, os pratos e porções servidos em bares do ABC e outros recantos brasileiros nem de longe lembram os singelos bolinhos gordurosos e ovinhos de codorna sem graça. Atualmente, há opções como o escondidinho e cortes nobres (como a picanha) servidos no réchaud. Na Cachaçaria Central, em Santo André, os pratos são elaborados pelo chef Heriton Borghi, dono do negócio e que buscou especialização justamente para fugir do trivial. Foi ele quem desenvolveu o delicioso torresmo ao forno (R$ 18,00), feito a partir de panceta assada durante oito horas e levemente pururucado. A polenta com ragu de rabada, feita com vinho tinto, é outra invenção, que nada mais é do que uma desconstrução da tradicional rabada com polenta. Essa versão mais sofisticada é acompanhada por um leve, mas saboroso, creme azedo. Ambos os pratos servem duas pessoas. Mas não são só as versões elaboradas que têm destaque na casa. A porção cachaçaria (R$ 62,00), uma boa alternativa para happy hour, é um menu degustação de carne-seca: minipastéis e bolinhos de carne-seca, mandioca frita e cebola no shoyu, acompanhada de um suculento miniescondidinho. Entre as bebidas, destaque para a espanhola de açaí e a caipirinha batizada de “divino encontro”, à base de abacaxi, lima-da-pérsia e pimenta dedo-de-moça. “Apesar de toda a evolução, a comida de boteco ainda é baseada na simplicidade. É o tipo de comida boa e bem feita, características que o consumidor preza”, garante Borghi, que começou em 1996 vendendo água mineral e só quatro anos depois transformou o espaço em um bar. Atualmente, a Cachaçaria Central recebe cerca de quatro mil pessoas por mês.

Fábio Gomes, do Adoniran: comida de primeira, ambiente nostálgico e shows ao vivo

Samba e rock

Aberto há pouco mais de dois anos na badalada avenida Kennedy, em São Bernardo do Campo, o Boteco Adoniran já conquistou uma legião de frequentadores fiéis. A maior parte é atraída pelo ambiente nostálgico com referências diretas ao compositor Adoniran Barbosa, com garçons usando chapéu e pinturas que remetem ao universo do artista e sua “saudosa maloca”. O nome, em homenagem ao rei dos botequins com samba e cerveja, não podia ser mais apropriado, mas apesar do

ambiente charmoso, a principal atração são mesmo os pratos. Na lista dos mais pedidos do Adoniran estão o mix de bolinhos artesanais (R$ 42,90), que inclui bolinho de arroz com calabresa e dadinho de queijo coalho com mandioca, a costelinha suína com mandioca frita (R$ 59,80), o Crocante de tilápia (R$ 34,90) e o inusitado Parmegiana no palito (R$ 58,00). Em média, o Adoniran serve até 20 porções desses pratos a cada dia e as receitas são um mix de criações novas, receitas de família do proprietário Fábio Gomes e da chef Maria Antonia. Março de 2014 |

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Bia Santos

Gastronomia

Popular na região, o Liverpool atrai apaixonados por rock e pubs Gomes explica que a comida de botequim pegou carona na cultura de boteco, popularizada principalmente depois que a Rede Globo exibiu o concurso que revelou diversos bares do gênero. No entanto, o grande mérito é mesmo dos próprios bares, os quais há algum tempo iniciaram um resgate da raiz desses estabelecimentos, que inclui a gastronomia típica. Essa, por sinal, seria uma mistura de culinária caipira e de raiz, onde são valorizadas partes menos nobres das carnes e temperos regionais. O movimento de renovação das comidas de botequim ainda trouxe de volta receitas mais antigas e não encontradas muito facilmente durante um período, mas que agora estão acessíveis e repaginadas. “O resgate desses produtos antigos, utilizando técnicas modernas como a espuma, é a grande novidade nos bares”, pontua. Mesmo com a popularização da comida de boteco e o surgimento de novos estabelecimentos especializados, Gomes 36

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diz não se incomodar com a concorrência. “Com o aumento da presença da comida de boteco, consequentemente aumentou também sua procura, gerando uma concorrência saudável com maior valorização e divulgação desse tipo de cozinha”, garante. De fato, o Adoniran caiu nas graças dos moradores do ABC. O clima de botequim antigo e o ar nostálgico por vezes atraem pessoas mais velhas, mas quem reina mesmo é o pessoal jovem, que lota a casa principalmente nas noites de sexta, e aos sábados e domingos à tarde. Em média, 2.500 pessoas circulam mensalmente pelo bar. Segundo Gomes, é comum clientes jovens elogiarem a casa e dizerem que voltarão com pais, avós e outros familiares, e que a ideia é de sempre promover experiências únicas, como o encontro de gerações. Outro destaque em São Bernardo é o Liverpool, bar inspirado nos pubs londrinos e que, como define o gerente Paulo

Paschoalini, é uma mistura de boteco, pub e restaurante. O cardápio é diversificado, mas as principais saídas são os bolinhos de carne (R$ 26,90), o Crostini (rodelas de pão italiano, tomate-seco e mussarela de búfala gratinada, por R$ 25,40), as Cheese fries (batatas fritas crocantes, com bacon e três tipos de queijo gratinados, por R$ 29,90) e a picanha na chapa, acompanhada por farofa, chimichurri, repolho e vinagrete, mais cesto de pães (R$ 64,00). O espírito inglês não poderia ficar de fora e os britânicos Fish and Chips e Pie de Guiness, tradicionais pratos da casa, também integram a lista dos mais vendidos. Para acompanhar, várias opções de drink frozen e caipirinhas. “Nossas receitas são desenvolvidas pelo chefe de cozinha, mediante pedido da diretoria. Basicamente, seguimos o que o mercado pede ao mesmo tempo em que procuramos manter também o padrão de bar inglês, com a mistura da comida de boteco”, explica Paschoalini. Para ele, a típica comida de boteco nada mais é que uma combinação de delícias como frituras, conservas e frios e queijos, tudo bem feito e temperado. “É o que permite oferecer versões incrementadas de sanduíches comuns, como o bauru, além das carnes servidas nas chapas”, garante ele. Enquadrado nos chamados “restaubar”, categoria de bares que, além dos petiscos e porções, oferece pratos mais elaborados, no inverno o Liverpool ainda oferece foundes, sopas, cremes e caldos quentes, bem como drinks de inverno à base de bayleis, chocolate, vanila, amarula e cafés. Paschoalini assegura não temer a concorrência e diz que os bares no estilo boteco sempre estiveram em evidência, com a diferença de que agora há mais opções, o que não ocorria há alguns anos. “Agora prendemos nosso clientes aqui, sem que eles tenham de se deslocar para São Paulo para comer bem.” Inaugurado em 1992, o Liverpool recebe entre seis e sete mil pessoas por mês, com fluxo maior às sextas e sábados. Terça-feira também lota, em virtude da “terça em dobro” (a cada bebida, o cliente recebe uma segunda).


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Harmonizar

Cerveja e comida em harmonia Kelly Boscarioli kelly@kbcomunicacao.com.br

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uando se pensa em cerveja para acompanhar uma refeição, a primeira ideia que nos surge são os petiscos do happy hour, o churrasco ou então comidas muito condimentadas como as mexicanas ou tailandesas. E se você é do tipo que não tira da lista dos preferidos a ideia de que a harmonização de um prato é tarefa do vinho, mais um motivo para ir até o fim nesta leitura. Com um cardápio extenso e cheio de variedades fica difícil identificar os ingredientes presentes na receita e as características base da cerveja, combinando-os de forma a que nenhum se sobreponha ao outro. Então, a não ser que você seja um mestre em harmonização, basta saber que cervejas suaves acompanham comidas leves, enquanto cervejas mais fortes, intensas e encorpadas harmonizam-se melhor com comidas mais pesadas e gordurosas. A harmonização existe para melhorar e potencializar o prazer que cada alimento ou bebida pode nos dar. Não é exagero: tente juntar um copo de cerveja pilsen, levinha, a um prato muito pesado e verá que a cerveja desaparece em sabor. Na boca, vira água. Para quem é mais entendido, a dica é ficar atento ao tipo de malte, que influencia na intensidade do sabor; a quantidade de lúpulo, que é o ingrediente responsável pelo sabor amargo à cerveja; e a gradação alcoólica, que equilibra o teor de gordura do prato. Boa ideia é recorrer a uma cerveja de acidez e frescor elevados para cortar a gordura de um prato pesado como feijoada ou cassoulet. A cor também é um indicativo: quanto mais escura a cerveja, na mesma proporção deve ser a comida da harmonização, que normalmente tem um sabor mais tostado e algumas vezes mais adocicado, combinando com os mesmos sabores das comidas bem assadas ou grelhadas. E para a harmonização com pratos picantes, mais lupulada e amarga deve ser a cerveja. O lúpulo consegue cortar bem o efeito das pimentas, permitindo que você consiga sentir melhor os sabores tanto do prato quanto da cerveja. Se o assunto é cerveja, nossa paixão nacional, vale experimentar diferentes combinações e descobrir, pessoalmente, quais comidas combinam melhor para cada tipo de cerveja no seu paladar.

Aposte nas dicas dos mestres cervejeiros: Peixes e frutos do mar: Camarão, lula e mariscos (se bem apimentados) combinam com India Pale Ale, Amber Ale, Hefeweize. Sushis e sashimis pedem uma Kölsh ou uma Cream Ale. Aves: A harmonização vai depender muito do tipo de preparo, mas basicamente são cervejas mais leves. Se fritos, clamam por uma mais amarga/ alcoólica e os defumados se encaixam com as mais intensas. Carne vermelha: Diferentemente das aves, a carne vermelha exige cervejas com mais intensidade. Na prática: rosbife combina com Old ou Strong Ale, além da Dark Lager. Bifes, bistecas e steaks com Dry Stout, Bock ou Dark Lager. Já as carnes assadas são ótimas com uma Dunkel ou Shwazbier. Queijos: O segredo é harmonizar o sabor do queijo com a intensidade do lúpulo. Um queijo fresco vai bem com uma Pilsen, uma Amber Lager. Um gorgonzola combina com uma India Pale Ale, Weizenbock. Os queijos duros, como o parmesão, interagem bem com uma Stout ou uma Dunkel. Já os defumados são ideais para uma Porter, e assim por diante. Sobremesas: Acreditem, cervejas podem harmonizar até com os doces. No caso das sobremesas de chocolate, elas pedem uma cerveja tipo stout. As bocks também pode entrar nessa seara.




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