Revista Leia ABC - Fevereiro 2014

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Índice

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04 Editorial 06 Entrevista 14 Capa 20 Política 22 Economia 24 Esportes 26 Tecnologia 29 Cultura

O mundo sustentável chegou ao ABC

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Os próximos passos do empresário Carlos Carreiras, dono da rede TV+

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Restrição ao crédito pode ameaçar a alta prevista nas vendas do varejo

Com fama de vilã, usuários defendem a tecnologia e mostram porque se aliaram a ela

Colunistas 18

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Douglas Moreira

Marcos Cazetta

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Wallace Nunes

Celso Pavani

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Tamyres Barbosa Fevereiro de 2014 |

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Diretor Administrativo Giancarlo Frias giancarlo@leiaabc.com

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Por muito tempo nos questionamos

o que é ter razão

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Entrevista

“Fazer TV é fácil, difícil é ter quem banque”

U

m dos mais enigmáticos empresários da comunicação do ABC, Carlos Carreiras, dono da rede TV+, vive um momento de reestruturação da empresa, após tentativas de enveredar por outros caminhos, inclusive na capital paulista. Mesmo com uma dívida ainda alta, ele garante que está no caminho certo para novamente tornar a emissora uma potência do ABC. Para isso, pretende voltar a se dedicar mais à região, o que significa que a TV+ aprofundará ainda mais o conteúdo dedicado ao telespectador local. Carreiras é um sujeito simples, mas firme em cada posicionamento. Fazendo mea-culpa, mas sem papas na língua – especialmente quando se trata de revelar detalhes da última crise enfrentada pela empresa ou de criticar ex-parceiros –, ele falou com exclusividade para a Leia ABC. Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

Leia ABC – Você vem numa toada de vender a TV há mais de 10 anos. Nesse período você enfrentou muitos altos e baixos? Carlos Carreiras – Na verdade são 12 anos. Passei por duas crises, mas enquanto a de 2008 foi pouco sentida, a mais recente é que está mais longa. Leia ABC – Isso deu uma arrefecida em seus negócios? Carreiras – A TV+ está vivendo um período de reestruturação há dois anos, que serão completados agora em março. Estou saindo de uma fase bem difícil, que envolveu reestruturação com queda das vendas no mercado. Foi um momento muito duro. Ainda estamos reestruturando a empresa, mas está num quadro de evolução. Leia ABC – Essa reestruturação ocorreu a partir do quê? Carreiras – Eu estava com a TV+ operando em nove Estados. Tinha 14 canais de televisão, um absurdo. É 6

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uma loucura uma pessoa querer tocar um negócio como esse sozinha. Infelizmente, eu tinha um time de executivos que não acompanhou minha vontade de crescer. Hoje costumo dizer que os guerreiros, pessoas que acreditam na empresa e que ficaram comigo, estão tocando o barco. Imagine: no passado tínhamos uma empresa com 400 funcionários e hoje, apenas 130. Leia ABC – Como e quando começaram seus problemas financeiros? Carreiras – Começou com uma reportagem do jornalista Felipe Paturi, que na época era repórter da revista Veja, onde ele afirmava que eu era amigo do (ex-presidente) Lula e que minha TV estava sendo investigada pela ANATEL. Foi aí que tudo começou. Naquela época, eu não tinha qualquer problema financeiro. A TV+ não tinha restrição ou qualquer pendência até a matéria ser publicada. Leia ABC – Muitos afirmam que seus métodos centralizadores foram o

grande problema para uma queda vertiginosa da emissora. É verdade? Carreiras – Sou centralizador sim e dou margem para isso quando pergunto para tal pessoa se ela assistiu a esse ou àquele programa em determinado canal e a resposta é não. Ora, se a pessoa não assiste à televisão, como pode debater experiências de trabalho comigo? Mais, como vai querer me ensinar televisão? Sou respeitado por muitos jornalistas, especialistas em televisão, justamente por causa disso. Quando me ligam, eles sabem que tem o que conversar. Agora, como vou colocar uma pessoa por trás da TV para fazer tal programa se ela não sabe? Leia ABC – Então também tem um pouco de vaidade nisso? Carreiras – Não, não é ego. Se quer discutir televisão comigo tem de entender. Dou um exemplo: recentemente o humorista Batoré esteve aqui (na sede da emissora). É uma pessoa que conhece muito de TV e tivemos altos papos. Por quê? Porque ele trabalha em TV há mais de 20 anos e, ao conversar com ele, percebe-se o conhecimento sobre o meio. Agora, dizer que sou centralizador sem conhecer de TV, desculpe-me, mas nem dou margem. Leia ABC – Ser centralizador não gera problemas como, por exemplo, financeiros? Meus problemas financeiros são em decorrência das minhas atitudes administrativas. Eu tinha de ter uma atitude administrativa diferente. Errei


Fotos: Bia Santos

administrativamente. Fazer meu modelo de TV em Porto Alegre é apenas uma questão de resultado. A TV+ dá certo em qualquer lugar. Mas é necessário dinheiro para sustentar o tempo no ar. Eu quis fazer isso com capital próprio ou pegando dinheiro em banco. Alavanquei-me, mas veio a crise e me apertei. Não errei em nenhuma praça onde abri a TV+. Em todas percebi viabilidade do negócio. Leia ABC – Então você também errou em sua trajetória de crescimento? Carreiras – Sim, errei porque achava que existiam executivos que podiam acompanhar meus pensamentos. Sofri com a mão de obra qualificada. Repito: se essas pessoas acompanhassem minha vontade de fazer crescer – porque dinheiro para isso elas ganhavam –, com certeza eu estaria em outro patamar. Mas essa é a vida do empresário, arriscar. Eu precisei dar alguns passos para trás para poder avançar. Leia ABC – Os executivos também ajudaram a te depreciar?

Carreiras – Sim, está muito claro que isso aconteceu. Tinha executivo aqui que ganhava mensalmente um salário de R$ 25 mil. Um deles pediu para sair e começou a falar mal de mim no mercado. Foi complicado. Leia ABC – Com a reestruturação, você fechou os canais de TV e consequentemente diminuiu seu faturamento. Pode falar sobre isso? Carreiras – Na verdade eu tinha faturamento alto, mas sem operacional. Eu estava longe do meu operacional. Hoje eu faturo menos, mas tenho rentabilidade dentro dessas sete praças. São dois canais no ABC, um no litoral (Santos), além de Piracicaba, Americana e São Carlos. Hoje estou muito mais feliz, mais local e pensando mais no ABC. Reconheço que tinha de focar aqui, um mercado fantástico, que é o que faço agora. Não deveria ter feito emissoras em outros Estados. Leia ABC – No ABC você tem canais analógicos e digitais? Carreiras – Não, são dois ca-

nais no line up da NET, a única TV que tem um conteúdo focado diariamente no ABC. O resto é brincadeira. Leia ABC – Você não tem concorrentes na região? Carreiras – Eu tenho 1.440 horas de televisão focada no ABC por mês. O (apresentador) Joaquim Alessi, por exemplo, tem quatro horas. Pergunto: dá para concorrer? E em que horário passa o programa dele? De madrugada, uma vez por semana. Sem contar que o que ele faz é politicagem inconveniente. Leia ABC – É recado? Carreiras – Não, não é, mas gosto das coisas certas. O caso do Joaquim Alessi é que ele não foi ético comigo. Jornalista “jabazeiro” é complicado. Ele se curou de câncer quando estava comigo. Ele sai e me dá bola nas costas:acha que vou perdoar? Nem pensar. Leia ABC – Ele não é seu concorrente direto? Assim como a ECO TV? Carreiras – (Rindo) Ele faz um bom Fevereiro de 2014 |

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Entrevista trabalho, mas todos falam que sou concorrente mesmo é da TV Globo. Só que eu sei minha distância para ela e estou há anos-luz. Minha parcela de verba não se compara com a maior emissora do Brasil. Quando falo que estamos próximos da Globo é por causa de uma pesquisa. A ECO TV é um canal comunitário que até desenvolve seu papel, mas não pode ter comercial. É uma TV que tem de disponibilizar horários para quem pedir. Qualquer pessoa pode colocar uma programação de graça. Leia ABC – Mas não é o que está acontecendo? Carreiras – Não sei, mas o que eu vejo lá é propaganda de remédios dentro de uma TV comunitária e isso não pode. Leia ABC – E a TV pela internet, é concorrência? Carreiras – Não, esquece. Isso nem existe.

comercial, mas na TV a cabo, que não é proibido. Na TV aberta tem uma série de normas a que é preciso obedecer rigorosamente. Leia ABC – Você tinha uma emissora na capital que era uma das mais rentáveis. Por que fechou? Carreiras – Primeiro porque precisava focar no ABC. Em São Paulo, tive alguns parceiros que não investiram o necessário. Eu precisava investir e dedicar meu tempo à capital, deixando de investir no ABC, mas falei que não tomaria essa decisão. Já fiz isso no passado e errei, mas hoje não faria mais. Recentemente tivemos uma operação em São Paulo com um parceiro de nome Maria Gardênia, que era tocada por Norberto Tirelli. Tínhamos uma previsão de retorno do negócio para seis meses e, infelizmente, com três meses ele resolveu tirar (os investimentos de lá) e encerramos a operação.

Leia ABC – Mas o mercado de internet não tem crescido? Carreiras – (Irônico) Ah, tem sim. Trinta exibições de um vídeo e isso é fantástico. A proposta de TV pela internet é outra. A audiência da televisão cresce todos os dias. Eu tenho um produto, a NET, que é instalada todos os dias na casa do telespectador. A própria TV aberta vê sua audiência aumentar todos os dias. O Ibope faz a correção da audiência diariamente. Há 20 anos um ponto de Ibope da TV Globo na Grande São Paulo equivalia a 40 mil domicílios, hoje o mesmo ponto equivale a 65 mil. Olha o absurdo. Leia ABC – O que dizem seus outros concorrentes a partir da capital sobre a TV+? Carreiras – ShopTour do (Luiz) Galebe está onde? Não está no mercado. A MegaTV é um grande concorrente, mas é difícil concorrer com eles porque eles têm um canal aberto. Agora, quero deixar claro: eles têm uma programação ilegal. A Lei da TV brasileira proíbe 24 horas de comercial e eles fazem isso. Tenho 24 horas de 8

| Novembro Dezembro de 2013

“Tinha 14 canais de televisão, um absurdo. É uma loucura uma pessoa querer tocar um negócio como esse sozinha”

Leia ABC – Você pretende voltar a ter um canal na capital? Carreiras – A marca TV+ é muito forte, mas preciso de um parceiro que siga os “polices” (políticas) de que falo. Não adianta vir aqui e fazer uma proposta para ser meu parceiro e começar a fazer a lição de casa tudo errado. Não vai funcionar, nem dar certo nunca. Você vem aqui e assume meu modelo de negócio, que é altamente rentável. Digo que vai faturar tanto em x meses, mas algumas pessoas começam a desvirtuar o modelo para você. Começam a colocar empecilhos e achar que entendem de televisão. Assim é complicado. Leia ABC – Você também entrou no meio esportivo com um canal de TV. Por que não deu certo? Carreiras – Sim, foi a TV Corinthians e foi o maior erro da minha vida. Digo com absoluta certeza que no futebol só tem bandidos. Depois de ter investido R$ 5 milhões, acertei de passar o canal para a TV Bandeirantes com o presidente do Corinthians, Mario Gobbi, e todo o seu staff com o advogado da Bandeirantes. Acertamos uma triangulação e me pediram para assinar um distrito. Depois de quatro meses enrolando a TV Bandeirantes, o Corinthians não avançou com o negócio. Aí eu fechei a TV e fiquei com uma baita de uma dívida. Volto a reiterar, nessa atual diretoria do Corinthians só tem bandidos. Os caras não cumprem o que prometem, inclusive o marketing do time. Fiquei no prejuízo. Ainda bem que ela tinha uma estrutura fantástica e a venda foi uma ótima saída. Leia ABC – Todos os dirigentes esportivos são problemas? Carreiras – Todos não. Tem um gênio aqui no ABC, o Luiz Fernando Teixeira (presidente do São Bernardo), mas ele tem de dançar conforme a música. Basta ver o caso da Portuguesa para perceber a bandidagem. Leia ABC – Você se arrepende de ter lançado uma TV para futebol? Carreiras – Demais! E não é só por cau-


sa da TV Corinthians, mas sim pela atual diretoria do clube. Vários diretores nem são remunerados, mas vivem do Corinthians. Engraçado isso, né? Qual é a fórmula para tal? Leia ABC – Quanto você perdeu em dinheiro com todos esses problemas ao longo desse tempo? Carreiras – Uns R$ 30 milhões, mas deixo claro que em relação à TV+ é um valor bem menor. É que os outros negócios em São Paulo, como a TV Corinthians, não deram certo. Leia ABC – Acredita que vai recuperar esse dinheiro? Carreiras – Primeiro tenho de pagar, pois uma coisa leva à outra, mas as coisas estão indo bem. Espero finalizar a reestruturação em quatro anos, mesmo com muita gente jogando contra. Leia ABC – Tentaram derrubá-lo porque a TV+ cresceu rápido demais? Carreiras – Creio que sim, porque a concorrência é muito grande. Estava crescendo robustamente e em evidência. Quanto botei no ar a TV Corinthians, a inveja triplicou. Tem sempre alguém que quer te ferrar, mas faz parte. Leia ABC – No começo das suas operações da TV+ no ABC, em entrevista

para outra mídia você teria dito que gostaria de ser o Silvio Santos do ABC. O que foi que deu errado? Carreiras – Eu acho que fui promovido, pois dizem até que fui o Roberto Marinho do ABC. Ocupei um espaço vazio, por isso muitos dizem que fui o inovador, o pioneiro, entre outros adjetivos. Em uma entrevista para o extinto Jornal da Tarde, eu havia dito que penso em televisão como o Silvio Santos. Entretanto, ressalto que televisão para mim é um meio e não um fim. Para a TV Globo é o fim. As pessoas que dirigem a emissora vivem dela. O Silvio Santos não vive da televisão. Para ele, a televisão sempre alavancou os outros negócios dele, banco, Telessena, cosméticos, o Baú. O SBT nunca deu lucro. Leia ABC – Carlos Carreiras vive da televisão? Carreiras – Claro! É fato que vivo um período de reestruturação onde tenho de acertar tudo, mas é uma operação rentável. Apesar de ter outros bons negócios em São Paulo, como uma agência de publicidade, há 25 anos, a televisão ainda é um bom negócio. Leia ABC – Como você vê a TV brasileira hoje? Carreiras – A TV brasileira está seguramente entre as 10 melhores do mundo. Se tivesse um ranking, com

certeza umas duas ou três estariam entre as melhores do mundo. A TV Globo está entre as primeiras, porque tem um conteúdo que agrada a todos. Leia ABC – É difícil fazer televisão no Brasil? Carreiras – Difícil não, caro. Ideia boa qualquer um tem. Se eu falar com você (repórter) por mais uma hora, com certeza tiraremos boas ideias para fazer um bom programa, mas quem paga a conta? Sempre o Carreiras? Esquece. Prefiro ser taxado de centralizador mesmo. Recentemente tive uma visita do irmão do Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho), o Guga de Oliveira. Ele conheceu minha estrutura, elogiou e falou que o que faço aqui no ABC meu irmão não consegue fazer em São José dos Campos. Tenho testemunhas. Leia ABC – Você acha que o ABC precisa ter uma emissora de TV? Carreiras – Tanto precisa que eu tenho dois canais de televisão no ABC com conteúdo local. São poucas as cidades com emissoras que apresentam conteúdo local diário e inédito como eu produzo. Você encontra as grandes emissoras, TV Globo e Bandeirantes por exemplo, fazendo esse tipo de conteúdo,


Entrevista mas muito mais para a capital e ainda por cima só passando notícia ruim. A TV+ tem outro enfoque. E nossa audiência na região é boa, só perdendo para a TV Globo. Tenho pesquisas que indicam isso. Leia ABC – Por que as TVs regionais não alavancam do ponto de vista “negócios”? Carreiras – Quem tem condições de se afiliar a uma grande emissora faz e viverá disso. O cara que está local é quem não tem condições e vende o horário para igreja, que é muito mais fácil. Quando você faz um bom trabalho local é fantástico, mas muitos não enxergam isso. Leia ABC – Já recebeu proposta de igrejas para ter conteúdo religioso? Carreiras – Sim, mas cobro muito caro. Tanto é que não tenho nada na emissora. Leia ABC – Como está o mercado de vendas pela TV nos dias atuais? Carreiras – O mercado de varejo está quase estagnado, mas apresenta um crescimento representativo no setor de alimentos. Os setores de vestuário, calçadista e moveleiro, que outrora foram muito fortes, estão em uma gangorra. Em resumo: viemos de um ano onde o primeiro semestre foi muito bom e repentinamente desandou no decorrer dele. Teve uma leve recuperação no final do ano. Leia ABC – Por que ocorreu isso? Carreiras – É perceptível a queda no nível de endividamento das empresas e a consequente diminuição da inadimplência. Posso dizer que basicamente foi um ano em que o pessoal (empresários) começou a colocar as contas em ordem. Leia ABC – É possível dizer que o próximo passo é a volta do aumento das vendas? Carreiras – Sim, nesse ano as pessoas devem começar a buscar um pouco mais de consumo. As vendas caíram tanto que no setor de comércio de automóveis, cujas vendas são o termô-

metro nacional para sentir o mercado, o crescimento foi zero. Leia ABC – A tendência da TV+, então, é trilhar no caminho da recuperação financeira? Carreiras – Lógico! Criar mais músculos ainda, porque a TV+ continua a ser muito forte no ABC. Eu estou recuperado financeiramente, embora possa dizer que nenhuma empresa hoje no Brasil está em uma condição de 100% não devedora. A GM, por exemplo, está brigando com o governo federal para demitir um monte de funcionários. É o momento onde o país não cresce do ponto de vista econômico. Vemos a China crescer 7% e o Brasil 2%, se tiver credibilidade nesses 2% – e isso é o pior. Aumentamos a grade de anúncios e estamos registrando índices que não estávamos dando. Leia ABC – Qual o prazo para uma total recuperação? Carreiras – Acredito que 2014 será um

“Vivo um período de reestruturação onde tenho de acertar tudo, mas é uma operação rentável. Televisão ainda é um bom negócio”

ano de crescimento ainda contido. Minha visão é de que o consumidor botou a casa em ordem e a partir daí vai voltar a consumir. Não dá para arriscar uma previsão de longo prazo porque meu modelo de negócio tem renda mais pulverizada. Leia ABC – Quais são seus próximos passos? Carreiras – Investir mais em conteúdo no ABC. Devo voltar com alguns programas como a Culinária+, o Esporte+ e o Revista+. Estou negociando com a Izabelle Stein e o Leo Lucas está fazendo o Esporte em debate, mas talvez ele faça o programa de esportes. Leia ABC – Com esses programas voltará a ingerência do Carreiras? Carreiras – Sim, sabe por quê? Porque eu assisto aos programas e tem gente que eu respeito, como o Darcio Arruda. Não vou querer ensinar televisão para ele. Agora, o Carlos Cavalcante – que chegou agora e é um bom repórter – ainda precisa aprender mais como apresentador. Senta aqui, conversa, discute e me ouve. Não tem como pegar um Nei Gonçalves Dias, sem dentadura, e deixá-lo no ar. É complicado isso. Tenho de mandar embora porque simplesmente assisto ao meu canal. Leia ABC – Imparcialidade na TV para você é primordial? Carreiras – Claro, política aqui não. Já fui convidado para ser candidato a prefeito, mas não me envolvo com isso. O Carlos Cavalcante é filiado a um partido, mas não falou nada até o momento porque sabe que se falar algo a respeito tá fora do ar no dia seguinte. Não tem conversa. O Gustavo Baena saiu daqui para ser político. Acha que o quero de volta? Não. Carreiras – Em política não tem essa de acordo, tem sim a questão do trabalho. Você faz um trabalho com a Secretaria de Comunicação da cidade, recebe pelo trabalho e pronto. Nada mais.


Seu bolso

Ano-novo, contas altas Marcos Cazetta Economista e especialista em finanças pessoais marcoscazetta@hotmail.com

A

gora que já passamos janeiro, as férias praticamente acabaram e quase todas as contas de início de ano já chegaram. É hora de analisar os impactos que os aumentos no custo de vida provocarão em seu orçamento ao longo do ano de 2014. O Banco Central divulgou no mês de janeiro o resultado do índice de inflação (IPCA) referente ao ano de 2013. O número ficou em 5,91%, bem próximo ao teto estabelecido para a meta de inflação do ano, que é de 6,50%. Em outras palavras, isso representa a média de reajuste dos preços praticados no país durante o ano. Claro que não foram todos os preços que sofreram exatamente o mesmo aumento. Também segundo o Banco Central, os principais segmentos que puxaram esse aumento foram os setores de alimentos e bebidas, com uma alta próxima a 8,50% no ano, ou seja, para o ano de 2014 ficou mais caro comer e beber no Brasil, principalmente as refeições fora de casa. Outro item de grande importância em nosso dia a dia é a gasolina, que já em janeiro teve seu preço reajustado em 4%. Segundo os postos de gasolina, esse aumento não proporcionará ganhos maiores a eles – o que ocorreu foi apenas um repasse do reajuste realizado pelas refinarias. Sendo assim, podemos concluir que, para quem possui automóvel, ficou mais caro se locomover no Brasil em 2014. No caso do IPTU, os reajustes para o ano de 2014 não foram tão altos quanto

estavam previstos. A maior parte das cidades que compõem a região do Grande ABC corrigiu o imposto baseado apenas na taxa de inflação do ano de 2013. Além do reajuste de menor valor, as Prefeituras da região também ofereceram programas para renegociação de débitos anteriores ao ano de 2013 para quem estava inadimplente com o município. As Prefeituras chegaram a oferecer isenção total de juros e de multa, além de parcelamentos com prazos de até 60 meses. Caso esse seja seu caso, vale procurar a Secretaria de Finanças do seu município para verificar se ainda existe alguma condição especial vigente. Além desses, vale reavaliar todos os gastos que compõem seu orçamento, pois outros itens importantes, como material escolar, sofreram reajustes iguais ou superiores à taxa de inflação apresentada. Essa nova análise de suas contas é importante para observar se o reajuste de sua renda ou salário foi proporcional ao aumento de suas despesas. Caso a resposta seja sim, ótimo! Você continua ganhando o suficiente para cobrir seus gastos. Se a resposta for não, você tem um problema a ser resolvido. Observe quais foram os principais aumentos que impactaram seu orçamento e quais itens podem ser cortados dele, pelo menos nesse momento, para evitar o desencaixe de suas contas. Lembre-se: é importante manter seu orçamento equilibrado. Isso lhe trará ainda mais qualidade de vida e tranquilidade para aproveitá-la!

Com muitos reajustes acontecendo, é preciso avaliar quais itens poderão ser cortados para manter o equilíbrio do orçamento


Mirante

Wallace Nunes Jornalista wallace@leiaabc.com

Luiz Marinho tem mais uma “peça no tabuleiro” da sucessão municipal, que ocorrerá em 2016. Chama-se Arthur Chioro, novo ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff. O médico, que foi secretário por quase seis anos, junta-se ao pré-candidato a deputado estadual Luiz Fernando Teixeira e ao secretário de Obras Tarcisio Sécoli, prováveis sucessores de seu governo. Entretanto, há quem diga que Sécoli, que está sendo preparado para suceder Marinho, já é o escolhido.

Fotos: Divulgação

O pós-Marinho não para

Fiel escudeiro: Primeiro da lista

E por falar em Tarcísio... Tarcísio Secoli, secretário de Obras de SBC e fiel escudeiro do prefeito Luiz Marinho têm seu nome muito comentado nas rodas de apoiadores e também na oposição ao governo. “Falam dele em todas as circunstâncias. Dá até raiva”, disse um político que pede anonimato. Na certa, todos sabem que o “piloto” Luiz Marinho pode vir a passar o “comando do avião” para seu copiloto no próximo pleito municipal.

Alexandre Padilha e sua caravana O ex-ministro da Saúde e pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes Alexandre Padilha iniciou pelo interior de São Paulo uma caravana para se tornar conhecido. Com uma média de visitas de seis a sete cidades por região, ele quer se fazer conhecido rapidamente para chegar com peso na disputa à cadeira maior do Executivo paulista. Entretanto, na região do ABC ainda não há nada programado.

Caravana não chegará no ABC

Geraldo Alckmin no reduto petista O governador Geraldo Alckmin tem visitado a região muito mais nos últimos seis meses. Já foram cinco visitas para entregar e anunciar benefícios para as sete cidades; está investindo pesado no ABC não apenas por ser um reduto petista, mas porque sabe que seu provável adversário Gilberto Kassab (PSD), que possui muitos amigos por aqui, já trabalha nos bastidores para levantar mais votos que os outros candidatos. Alckmin está tendo o auxílio de dois nomes de peso, Alex Manente e Aidan Ravin, ambos candidatos a deputado federal.

Mauá nas mãos de um empresário - 1

Um grande abacaxi nas mãos

Ouvi de pessoas próximas ao prefeito Donisete Braga que ele está refém de uma empresa de ônibus na cidade, a Suzantur. Esse tal contrato emergencial complicou ainda mais a popularidade do prefeito junto aos moradores da cidade. Tudo porque os mauaenses não param de reclamar dos serviços de transportes. De acordo com os passageiros do sistema municipal, a Leblon Transporte – que foi descredenciada – prestava serviços melhores que a companhia Suzantur chamada pelo poder público municipal.


Mauá nas mãos de um empresário - 2 Os moradores da cidade reclamam da falta de pontualidade, das condições dos ônibus (que vieram usados de outras cidades), da ausência de equipamentos de acessibilidade e da qualificação dos motoristas e cobradores da empresa, a qual, desde o dia 29 de dezembro, opera com exclusividade o lote 02. Além disso, os manifestantes dizem que faltou transparência nas ações do prefeito e do secretário de Transportes Paulo Eugênio Pereira para o descredenciamento da empresa Leblon.

Meu nome é trabalho Lauro Michels (PV) está contente. Sua agenda, que acontece quando o Sol raia e só termina muito depois que ele se põe, está fazendo o prefeito perder até peso. Fontes do seu governo dizem que ele perdeu uns quatro quilos em duas semanas em razão das tantas reuniões e das inaugurações que tem feito.

Entrevista com Paulo Pinheiro na edição de março

Lauro: Meu nome é trabalho sempre

Na edição de março farei uma entrevista com o prefeito de São Caetano Paulo Pinheiro (PMDB). Se você, leitor, tiver alguma pergunta para que seja feita a ele, por favor envie-a para meu e-mail: wallace@leiaabc.com.

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Capa

Preservar sem meias Meio ambiente volta a ser pauta nas discussões entre a população, o Poder Público, as ONGs e as empresas

“C

Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

urar o mundo para ter um dia melhor” é um refrão de uma música de Michael Jackson que ficará marcada para sempre, pois do ponto de vista ambiental, discute-se cada vez mais soluções de preservação porque, cedo ou tarde, o ser humano será atingido pelos impactos negativos das mudanças climáticas que estão ocorrendo no mundo. O Brasil, por sua extensão territorial continental, com grandes áreas de vegetação, é visto por organismos internacionais e outros países como a nação que merece maiores cuidados. Reciclar, conservar, utilizar produtos biodegradáveis ou ecologicamente corretos e sustentáveis talvez sejam as palavras mais utilizadas nas últimas duas décadas e muito mais nesse início de século XXI. É preciso, sim, lutar para construir uma consciência ecológica em nosso país. E isso passa, por exemplo, por repensarmos no modelo de mobilidade urbana nas cidades, em especial nas grandes cidades e nas regiões metropolitanas. “A intensificação do processo de urbanização nos municípios brasileiros produz profundas transformações no meio ambiente urbano que atingem, principalmente, os setores político-econômico, sociocultural e espacial”, diz Priscila Alves, doutorando no assunto meio ambiente pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Falar ou mesmo escrever sobre a situação é fácil. Difícil é levar a cabo a ideia de que devemos nos preocupar 14

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em preservar o meio ambiente para as futuras gerações.

Possibilidades

Atualmente, todos procuram fazer sua parte: as donas de casa, reorganizando e separando lixo; o Poder Público, com ações mobilizadoras e construção de soluções práticas; e as empresas, que criam produtos para a melhoria do ecossistema. É praticamente impossível não deixar de pensar sobre a questão do transporte, onde montadoras de veículos investem em novas tecnologias não apenas para oferecerem conforto aos motoristas, mas para facilitarem a mobilidade sustentável nos centros urbanos. Automóveis elétricos, movidos à célula de combustível de hidrogênio, biodiesel e com tecnologias flexíveis, protótipos construídos com fibras renováveis, além do único automóvel no mundo que funciona com até quatro combustíveis, são exemplos de que as empresas entraram nessa década dispostas a mudar o conceito de agentes poluidores. “Esse comportamento se refletirá na demanda do mercado. Sem dúvida”, diz Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam). Em maio, as quatro maiores montadoras com fábricas instaladas no Brasil – Fiat, Ford, General Motors e Volkswagen – formalizaram uma parceria com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) para a distribuição de cartilhas do etanol nos carros flex comercializados desde maio de 2009. As quatro montadoras, que juntas representam cerca de 80% do mercado automobilístico brasileiro, distribuíram cerca de dois milhões de cartilhas explicativas. “O etanol representa um futuro energético mais seguro para o mundo e o Brasil detém essa tecnologia e a aplica com sucesso, contribuindo de forma significa-

tiva para a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa. A qualidade do produto brasileiro vem sendo atestada por estudos independentes de várias entidades internacionais e figura como a melhor opção comercial aos combustíveis não renováveis”, enfatiza o presidente da Unica por meio de Elizabeth Farina, da assessoria de imprensa. A preocupação com o meio ambiente se intensifica na sociedade e diversos segmentos se despertam para a consciência de que possuem grande responsabilidade na emissão de poluentes. A preocupação é latente, mas a atitude de preservação se restringe apenas a alguns poucos. Um exemplo claro é o numero irrisório de pessoas que não utilizam seu automóvel no “dia mundial sem carro”, que é comemorado em 22 de setembro de cada ano. Em 2013, no Brasil, foram quase 200 mil da frota de mais de oito milhões de veículos. As empresas de transportes públicos também se mexem e estudam a adoção de combustíveis feitos de biodiesel ou de etanol (álcool hidratado).

Transporte individual

Dados divulgados pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) mostram que o Estado de São Paulo tem 14 áreas (metade delas na capital) com índice de poluição avaliado como saturado e com grau severo, o mais alto. Os transportes individual e coletivo são responsáveis por 80% da poluição do ar na região metropolitana de São Paulo. Dessa poluição, o óleo diesel responde por quase 70%. No Brasil, o óleo diesel produzido tem alto teor de enxofre, são 2 mil partículas por milhão (ppm). Nas regiões metropolitanas, o diesel utilizado tem 500 ppm, na Europa 10 ppm e no Japão e EUA 15 ppm. “Conscientizar a população a respeito do uso do transporte coletivo público ou pri-


Fotos: Arquivo Leia ABC

meias palavras vado como forma de preservar o meio ambiente é preciso e rápido”, resume Silvio Tamelini, presidente da Federação das Empresas de Fretamento do Estado de São Paulo (Fresp) e do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros e para Turismo de São Paulo (Transfretur). Ele defende que para melhorar a relação entre transportes e meio ambiente são necessários investimentos no transporte coletivo, o uso de energia limpa e de equipamentos de melhor tecnologia, como motores eletrônicos e a utilização de bicombustíveis. A Universidade de São Paulo (USP), por meio do Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio), do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE), colocou em circulação um ônibus movido a etanol, em São Paulo, para percorrer o trajeto circular Jabaquara – São Matheus, com parada em nove terminais e atendimento a quatro municípios: São Paulo, Diadema, São Bernardo do Campo e Santo André. Mais, na mesma linha estreou dias atrás o ônibus totalmente elétrico. A Eletra – empresa brasileira especializada em veículos de transporte urbano com tração elétrica –, a Mitsubishi Heavy Industries e a Mitsubishi Corporation lançaram juntas o E-Bus, primeiro ônibus elétrico brasileiro movido 100% a baterias. O veículo tem autonomia operacional de 200 km, considerando recargas rápidas, e estará em testes no corredor ABD, na Grande São Paulo, administrado pela concessionária Metra. Inicialmente, o E-Bus operará no trecho Diadema – Brooklin e as baterias poderão ser recarregadas no terminal, de acordo com a necessidade da operação. A ideia tem o propósito de sensibilizar o Brasil sobre a importância do uso do etanol e também da eletricidade no transporte público. Entretanto, as ideias Fevereiro de 2014 |

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Capa ainda são embrionárias, apesar de estarem circulando 10 ônibus. Os estudos dos técnicos da USP mostraram até o momento que o desempenho do ônibus movido a etanol foi comparado ao ônibus a diesel e a grande diferença se concentrou no preço do combustível. Outra alternativa, eficaz e rápida, que evita o aumento da poluição pelo transporte de massa é a conscientização do meio empresarial. Há três anos, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) lançou o Programa Ambiental do Transporte (Despoluir). O projeto tem o objetivo de mover empresários do setor, dos transportadores, dos caminhoneiros autônomos e dos taxistas para que atuem na formação de um meio ambiente sustentável. O programa reduz a emissão de poluentes através de aferição veicular. Unidades móveis são verificadas com opacímetros (ferramenta que mede a quantidade de “fumaça preta” de veículos a diesel). A medição, oferecida a empresas e caminhoneiros autônomos gratuitamente, é calculada com base nos padrões estabelecidos pelo Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), criado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).

O Estado e seu papel

O Poder Público, por sua vez, está cada vez mais ligado a políticas de preservação ambiental. Na região do ABCD, por exemplo, o cuidado maior é com a diminuição dos detritos na octogenária Billings. Cinco municípios das sete cidades são banhados pela represa. Mas no cartão postal da região, o qual possui maciços de Mata Atlântica e trilhas que levam a cachoeiras, a riachos límpidos, a aldeias indígenas, bem como a monumentos históricos, também pode ser encontrados lixões a céu aberto, moradias sem infraestrutura mínima, condomínios de alto padrão e vielas que desembocam em córregos poluídos. “Estamos assistindo ao desaparecimento do reservatório. A tendência é de que o assoreamento desapareça. Nos últimos 15 anos, 400 mil metros quadrados de margens desapareceram da Billings. Ela (a represa) está muito rasa”, diz Carlos 16

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Bocuhy. A solução desses problemas passa pela união de todos os governantes da região. Ambientalistas dizem que o assunto é discutido nas reuniões mensais do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, mas apenas um governante tem se debruçado em sua mesa para melhorar a vida da represa. São Bernardo deu a largada ao iniciar estudos para construção de miniestações de tratamento de esgoto e bloqueou as invasões na região. “As miniestações revelam-se como uma alternativa de baixo custo e de engajamento das comunidades locais. Somente dessa maneira é que poderíamos colocar um fim no déficit de saneamento existente nas regiões de mananciais da Grande São Paulo”, ressalta o prefeito Luiz Marinho.

Estímulo à reciclagem

Região com aproximadamente 2,6 milhões de habitantes, o ABCD ainda não é uma ilha de excelência quando se refere à preservação ambiental. No entanto, o estímulo à reciclagem de lixo é uma das vertentes que mais ganhou adeptos. Juntas, as populações das sete cidades produzem mais de duas mil toneladas de lixo diariamente. Coletar, transportar e separar custam aos municípios mais de R$ 60 milhões por ano, segundo informa Enio Noronha Raffin, consultor de limpeza urbana e meio ambiente. Os prefeitos e técnicos em operações em resíduos do ABCD destacam que estimular a mudança desse hábito na população é o melhor caminho para diminuir os depósitos de lixo e consequentemente os custos. “Ainda existe o desafio de fazer que as pessoas separem o lixo dentro de suas casas, antes de entregá-los aos caminhões”, explica Marcelo Liochi, técnico ambiental do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. Dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) mostram que no máximo 2% dos resíduos sólidos urbanos gerados são reciclados em São Paulo. No ABCD, esse número é de 1%. Santo André e São Bernardo, os dois maiores municípios da região, reciclam respectivamente 450 e 160 toneladas mensais de lixo. As outras cidades da região também

fazem reciclagem, mas seus números ainda não alcançam os dois dígitos. Se o estímulo à reciclagem não for aumentado, a região não terá aterros sanitários para depósito de lixo. A Cetesb informa que esse depósito de lixo tem vida útil de no máximo 30 anos e muitos já enfrentam sua capacidade máxima de armazenamento de detritos. O governo de Santo André também tem feito esforços para aumentar a reciclagem. A cidade mantém 11 estações de coleta e 550 Pontos de Entregas Voluntárias (PEVs) espalhados em postos de gasolina, condomínios e prédios públicos. Na Usina de Triagem e Reciclagem de Papel de Santo André, instalada dentro da Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André (Craisa), adolescentes carentes trabalham na separação de materiais, realizam a reciclagem em si e fabricam produtos a partir dos recicláveis. Segundo os pesquisadores, todo o dinheiro da venda dos produtos é revertido em pagamento de bolsa-auxílio para os trabalhadores. “Costumo dizer que a questão ambiental é cultural, de educa-


Aglomerado urbano nas margens da represa Billings atrapalha

ção. Se não começar a ser discutida na sala de aula, enquanto o cidadão é criança, não vai adiantar, porque depois dos 12 anos ele já tem um caráter antiambiental formado”, diz ambientalista Virgilio Alcides de Faria. A destinação do lixo é um problema constante em quase todos os municípios, apesar de ser mais “visível” nas grandes cidades. Os municípios se defrontam com a escassez de recursos para investimento na coleta e no processamento e disposição final do lixo. Os lixões continuam sendo o destino da maior parte dos resíduos urbanos produzidos não apenas no ABCD, mas no Brasil, com graves prejuízos ao meio ambiente, à saúde e à qualidade de vida da população. Em Santo André e Mauá, cidades que implantaram aterros sanitários, o rápido esgotamento de sua vida útil mantém evidente o problema do destino do lixo urbano. A situação exige soluções para a destinação final do lixo no sentido de reduzir seu volume. Ou seja: no destino final, é preciso ter menos lixo, reciclar e pesquisar a utilização das energias verdes.

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Meio Ambiente

2014 e os velhos desafios ambientais Douglas Moreira Biólogo e Gestor Ambiental

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ano de 2014 chega trazendo consigo coexistir de forma intacta e indelével. No entanto, velhos desafios a um tema que in- o que se vê é a falta de consenso para se conservar siste em se impor à sociedade que, as últimas áreas florestais e oceânicas do planeta. consciente e inconscientemente, tem Vive-se atualmente uma espantosa e rápida preferido postergar sempre que possível: a sus- evolução tecnológica, sempre cheia de grandes tentabilidade ambiental. Quando colocado em novidades, ao passo que se vislumbra uma crise prática, esse conceito é considerado o caminho ambiental cada vez maior, cheia de velhas novimais valoroso para a conquista da tão proclamada dades. Tudo o que aqui for citado são temas já há qualidade ambiental. Todavia, a consideração não muito tempo debatidos entre chefes de Estados, tem sido colocada como prioridade nas agendas governos locais, grupos empresariais e organizagovernamentais, empresariais e sociais, salvo as ções da sociedade civil, muitos deles com resultaexceções. Na maioria dos casos, quando acon- dos incompletos ou insatisfatórios. tecem, as ações são para remediar ou inverter os As discussões entre nações vão desde as forproblemas já deflagrados, ou seja, despoluir o mas de produção e acesso à água, fontes renovário que recebeu toneladas de efluentes químicos veis e não renováveis de energia, conservação dos e, por consequência, provocou a mortandade de ecossistemas marinhos e florestais, conservação milhares de peixes; limpar o mar que padeceu da biodiversidade, avanço da fronteira agrícola com um derramamento de óleo, condenando toda ao tão aclamado e temido aquecimento global e a sua biota e todos que dela dependem; autuar e as ações necessárias para controlar a emissão dos multar as serralherias que constantemente devas- gases de efeito estufa (GEE). Em nível local, os tam a Amazônia; e assim por diante. debates versam sobre o uso racional de água, efiAfirmo isso porque acompanho todos os noti- ciência energética, despoluição de rios e córregos, ciários, sejam eles técnico-científicos ou da mídia combate às enchentes, gestão de resíduos sólidos, em geral, analisando e comentando os interminá- mobilidade urbana, mecanismo de desenvolviveis problemas ambientais e socioambientais das mento mais limpo, moradia, conurbação, uso e mais variadas formas, de diferentes dimensões ocupação do solo e arborização urbana. De fato, são as forças políticas e econômicas e em diversos lugares. Por outro lado, pouco se ouve falar sobre ações preventivas que coíbam os que prementemente alavancam o rol dos aspectos problemas antes que eles aconteçam. E mesmo ambientais e espera-se delas as ações para coibir, a mensagem de alerta que essas notícias trazem reverter ou compensar os problemas deflagrados pouco efeito tem surtido no âmago da sociedade, por anos a fio. Entretanto, não posso excluir a respois sempre se acredita que a responsabilidade de ponsabilidade da sociedade como um todo, pois eles (problemas) ocorrerem nunca são dela (so- ela também é coautora, direta e indiretamente, de grande parte das questões ora citadas; portanto, ciedade), e sim dos governos ou das empresas. Confesso que às vezes tenho a impressão de dela também se aguarda o empenho na resolução que os problemas ambientais sempre assombra- dos problemas ou na propositura das soluções. A conscientização é o primeirão a humanidade, pois ro passo e as ações vêm em sendo o mundo regido seguida; por isso, é imporpor um sistema econôA sociedade ainda tante que se saiba cada vez mico de produção e conmais sobre sustentabilidasumo que tem como lascredita que os problemas de para se ter uma atitude tro os recursos naturais ambientais são de pró-ativa a partir de agora resguardados nos mais e não deixar mais para devariados ecossistemas e responsabilidade de pois. A defesa da qualidasendo ainda depositário governos e empresas, de ambiental não é só um de todo tipo de poluição, direito, mas também um seria ingenuidade pensar e não dela dever de todos. que a Natureza pudesse


Em forma

Com a cor do verão Tamyres Barbosa Nutricionista tatatri@gmail.com

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nfim, chegou o verão e é hora de pegar aquele bronzeado, expondo-se aos raios solares. Porém, geralmente o efeito que ocorre logo a seguir é desanimador. A “cor do verão” começa a desaparecer ou descascar. Será que existem alimentos que podem prolongar o bronzeado? Existem, sim. Uma alimentação composta por alimentos ricos em betacaroteno tem esse poder. Isso acontece porque o betacaroteno auxilia na formação de melanina, pigmento que fornece coloração para a pele, além de proteger e prolongar o bronzeado. O betacaroteno, ou pró-vitamina A, é um pigmento fundamental para a manutenção dos tecidos. Sua ação é proteger a pele contra o Sol e diversas infecções. A exposição aos raios UVA e UVB exige cuidados, principalmente com a alimentação. Não pense que cuidados como beber bastante água e manter uma alimentação balanceada devem ser descartados logo após o verão. Tais hábitos também podem ajudar a prolongar o efeito do bronzeado. A alimentação é o primeiro passo para quem deseja permanecer com a pele bronzeada. Os alimentos indicados para esse objetivo são os legumes, as frutas e as verduras de cor alaranjada ou verde-escuro, como os descritos a seguir: - Legumes e verduras: abóbora, batata-doce, beterraba, cenoura, agrião, brócolis,

couve, espinafre, pimentão e repolho. - Frutas: mamão, manga e caqui. Sucos naturais adicionados de cenoura, espinafre, laranja e hortelã são uma ótima opção para aproveitar os benefícios do betacaroteno. O ideal seria começar a ingerir esses alimentos 20 dias antes da exposição solar. A quantidade a ser ingerida é de 15 a 25 mg/dia, o equivalente a mais ou menos duas cenouras e um mamão. Além de prolongar o efeito do bronzeado, a maioria desses alimentos é antioxidante, proporcionando uma proteção aos danos celulares que a radiação solar provoca e prevenindo o envelhecimento da pele pela exposição ao Sol. Alguns desses alimentos são as frutas cítricas (como laranja, limão, morango e acerola), as quais são excelentes fontes de vitamina C. Tais alimentos estabilizam a estrutura do colágeno, pois têm função de estruturar a pele. Além disso, são fotoprotetores, ou seja, protegem a pele dos raios UVA e UVB. Porém, lembre-se de que tudo em excesso é prejudicial. Consumir alimentos ricos em betacaroteno excessivamente também pode conferir um aspecto alaranjado para a pele. Para saber se você está ingerindo a substância em excesso, basta um olhar mais atento para as palmas das mãos. Se estiverem amareladas, é sinal de acúmulo.

Receita com betacaroteno – Protetor cutâneo oral Ingredientes: 2 rodelas de pepino 1/4 de maçã 1/2 beterraba 1/2 cenoura 200 ml de água Modo de preparo: bata tudo no liquidificador e tome ao se deitar.

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Política

Começou Reforma política do governo de Dilma Rousseff dá o tom sobre o que pode acontecer entre as alianças no pleito eleitoral de 2014; movimentação dos partidos pequenos é o que mais acontece nesse ano de Copa do Mundo

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Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

a Casa Civil saiu a paranaense Gleisi Hoffman para entrar o paulista Aloisio Mercadante. Na saúde saiu o paulista/paraense Alexandre Padilha para entrar o médico e ex-secretário de São Bernardo Arthur Chioro. Essas são as principais movimentações do plano estadual, cuja presidente já se prepara para disputar o pleito eleitoral desse ano, que promete ser no mínimo curioso. No plano estadual a disputa pela vaga à cadeira mais importante de São Paulo já começou com o fim das articulações entre as legendas e os postulantes: Geraldo Alckmin (PSDB), Alexandre Padilha (PT), Gilberto Kassab (PSD) e Paulo Skaf (PMDB) já vivem – ainda que indiretamente – seus movimentos de campanha. O governador, candidato à reeleição, tem feito movimentos discretos, mas precisos. Favorito para vencer a eleição e assegurar a sexta gestão seguida do PSDB no Estado mais rico da Nação, Alckmin tem visitado redutos petistas, a Região Metropolitana – ABC e Osasco por exemplo, locais onde no último pleito seu partido teve poucos votos para se consolidar (como é votado em todos os cantos do Estado). Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde e pré-candidato petista, já faz caravanas para se tornar conhecido e também porque recebeu sinal verde do líder máximo da sigla, o ex-presidente Lula, para atacar o governador e tentar travar um embate direto. “A caravana não é do PT, mas de

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todos aqueles que não aguentam mais esperar que as obras ocorram em velocidade maior, daqueles que percebem que, pela falta de planejamento e investimento, até falta de água está acontecendo em São Paulo. Esse racionamento tem um impacto decisivo na produção da agricultura, da indústria e até na saúde e educação”, disse o ex-ministro. As críticas de Padilha aumentaram e ele usou de artifício até a onda de calor sufocante que tem provocado problemas como a queda dos níveis de água nos reservatórios. “Os baixos níveis de água nos reservatórios paulistas resultam da falta de planejamento e investimento do governo tucano.” Outro bombardeio de críticas veio do ex-aliado Gilberto Kassab, que lançou sua candidatura focando no “calcanhar de Aquiles” do tucano, a segurança. “Os policiais, assim como todos os outros servidores, precisam ser mais valorizados, receber melhores salários. O Estado precisa investir em equipamentos, a Polícia Civil precisa recuperar poder de investigação e a Polícia Militar, sua autoestima”, disse. Há dois anos, uma onda de violência – choques entre a polícia e o PCC, o comando que tomou conta das cadeias – tomou conta do Estado e os índices de popularidade do governador Alckmin caíram significativamente. Mas um novo tipo de protesto, o dos black blocs, toma conta da capital e deixa o governador de cabelos ainda mais brancos. É fato que grande parte da população não apoia esse movimento radical, mas criticam Alckmin por ser muito “light” com os jovens esquerdistas e anarquistas.

A fim de apaziguar os ânimos da população na área e minar o poder de fogo dos adversários, o governador tucano fez ações para diminuir a onda de violência ao dar bônus salarial – de até R$ 2 mil – para os policiais à medida que coibirem os índices de criminalidade. À época do lançamento do programa, as entidades de classe criticaram efusivamente o plano.

Paulo Skaf, o incontrolável

Outro pré-candidato que está na disputa é o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. Candidato pelo PMDB, que tem uma estrutura consolidada justamente nos municípios menores que votam nos candidatos tucanos, ele conta ainda com os vultosos investimentos em propaganda institucional da Fiesp, Sesi e Senai, um total recorde de R$ 32 milhões para 2014, mesmo montante do ano passado. Na maioria das peças publicitárias, Skaf foi o protagonista, o que lhe pode render bons percentuais em pesquisas que estão para ser divulgadas. Entretanto, o


O queridinho do Ex-presidente Lula, Padilha já dispara contra o governador Geraldo Alckmin

TRE paulista está de olho nas propagandas do presidente da Fiesp. O órgão já recebeu informações de outros partidos sobre propaganda antecipada e pode ser punido.

Divulgação

Caso Alstom

Mas até o momento não é apenas a segurança pública que é o problema do governador. Recentemente a mídia tem dado mais ênfase na divulgação do esquema de propinas e superfaturamento na questão da compra dos trens que pode chegar a R$ 1 bilhão. Além da corrupção que pode ter perpassado vários governos tucanos, tendo origem na gestão de Mario Covas, o sistema de transporte público como um todo, mote principal das Jornadas de Junho, é outro pedaço do telhado de vidro do governador.

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Fotos: Bia Santos

Economia

De volta às Vendas no varejo aumentam em 2013 e expectativas dos varejistas é de alta ainda maior nesse ano, mas restrição ao crédito pode indicar um cenário não tão positivo

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Wallace Nunes – wallace@leiaabc.com

ívidas, o brasileiro está voltando a consumir. Entidades e indicadores que mostram o desempenho da economia nacional demonstram que há uma tendência de retomada do consumo varejista em 2014. O primeiro dado vem da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a qual prevê um incremento de 4% nas vendas de 2014. O número deve ser puxado pelo comércio de alimentos, bebidas, compras em supermercado e produtos eletrônicos, especialmente televisores, que devem se beneficiar ainda mais em virtude da realização da Copa do Mundo. Já o IAV-IDV (Índice Antecedente de Vendas), cujo estudo é realizado men-

salmente com os associados do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), destacou que as vendas de dezembro de 2013 registraram aumento de 4,2%, em comparação com o mesmo mês do ano anterior, fechando 2013 com crescimento anual de 4%. O indicador é um dos termômetros para os lojistas, os quais esperam que o ano seja mais positivo em termos de consumo quando comparado com o ano passado. Os associados indicam aumento no ritmo de crescimento, com alta de 6,4% em relação a janeiro de 2013, 9,7% em fevereiro e 6,9% em março. Flavio Rocha, presidente do IDV, afirma que um dos fatores que contribuiu para a queda de ritmo de crescimento em dezembro do ano passado foi a postergação de compras para o primeiro mês de 2014, em razão das grandes promoções e liquidações do varejo que já se tornaram tradição e que também impactaram as previsões para esse mês. “Sempre que há uma mudança no ritmo da inflação o consumidor tende a ter uma postura mais conservadora em suas compras”, analisa. Na região do ABC, outrora termômetro da economia nacional e recém- -autointitulada “as sete cidades dos servi-

ços”, a tendência é de que as vendas se mantenham em níveis moderados, como tem ocorrido nos últimos dois anos. Segundo Valter Moura, presidente da Associação Comercial de São Bernardo do Campo (ACISBEC), tudo caminha para que 2014 seja um ano “interessante” para o varejo. “O ABC sempre foi uma região pioneira em termos de vendas no comércio, mas nos últimos dois anos os números mostram que estamos seguindo a média nacional. Tem muita gente pagando contas do passado e, consequentemente, comprando menos”, explica o dirigente. Um dos fatores que ajudam no crescimento das vendas é, sem dúvidas, o carnaval. Não apenas pela compra dos objetos para folia, mas também porque quem fica em casa geralmente quer assistir aos desfiles das escolas de samba ou a um filme em TV de alta qualidade, o que pode catapultar as vendas do aparelho.

Ainda a classe C

Nesse ano de muitos eventos esportivos e políticos, a opinião é unânime no comércio como um todo de que quem irá às compras será a classe C. Na região das sete cidades, é ela (pelas estatísticas,


compras? corresponde a mais da metade da população dos 2,7 milhões de habitantes) que está com dinheiro no bolso e ávida para consumir. “A classe C sempre foi compradora. Agora a D e a E também estão comprando – e muito. É visível”, destaca Moura. Entretanto, os sinais do mercado são contraditórios do ponto de vista da alavancagem do crédito, já que, para manter a economia girando, demonstram que fazer compras no crediário pode vir a ser uma luta entre David e Golias. Números divulgados no mês de janeiro mostram que a restrição ao crédito continua a ser o maior impeditivo para o consumidor. A Fecomercio/SP divulgou um documento onde aponta que o paulista iniciou o ano com menor ânimo para comprar produtos e contratar serviços, resultando na baixa anual de 8,7% no Índice de Consumo das Famílias (ICF) e recuo mensal de 0,4%, registrando 124,8 pontos. O índice vai de zero a 200 pontos: abaixo de 100 pontos é considerado insatisfatório e acima de 100 é satisfatório. A maior pressão veio da queda anual de 32% e baixa mensal de 15,2% no item “Momento para Duráveis”, revelando cautela das famílias paulistanas.

Para a entidade com sede na capital, o resultado foi provocado pelo movimento inflacionário, encarecimento do crédito e aumento das taxas do IPI para determinados produtos, além da desvalorização do real frente ao dólar. O cenário desfavorável impactou também o acesso ao crédito, que caiu 15,7% em relação a janeiro de 2013, apesar da elevação mensal de 3,3%. No mesmo movimento oposto nos comparativos mensal e anual estão a perspectiva profissional, que melhorou 1,9% ante dezembro, mas caiu 7% diante do mesmo período do ano passado. A renda atual elevou 3,1% em relação a dezembro, mas recuou 3,4% no comparativo anual. Além disso, o Nível de Consumo Atual subiu 2,7% diante de dezembro e baixou 5,1% diante de janeiro de 2013. Outro indicador, dessa vez o que demonstra o acesso aos financiamentos, fechou janeiro em 136,86 pontos, com queda de 15,7% em relação a janeiro de 2013, mas um pouco melhor do que o obtido em dezembro (alta de 3,3%). “Há uma conjunção de fatores desfavoráveis ao crédito destinado aos bens de consumo”, afirma Altamiro Carvalho, assessor econômico da Fecomercio/SP.

Aumento da seletividade por parte dos bancos na hora de dar sinal verde a novos empréstimos, elevação dos juros ao consumidor por causa da alta da taxa básica, a Selic, e menor propensão do cidadão paulista de buscar novos financiamentos são alguns deles. A cautela do consumidor, por sua vez, foi provocada pela alta da inflação e pelas despesas extras de início de ano, as quais deixaram o orçamento das famílias apertado. Outro fator que assusta os comerciantes e afugenta os compradores são os tais “rolezinhos”. Fenômenos das redes sociais, os passeios dos jovens das classes C, D e E nos shoppings centers e por quase todos os centros de compras fechados de São Paulo assustam todos, contribuindo para a derrubada dos indicadores de vendas. “A cada fechada de porta por causa desses ‘rolezinhos’ são vendas não realizadas”, explica Valter Moura, presidente da ACISBEC. Apesar da maior dificuldade por parte do consumidor na hora de conseguir a aprovação de um financiamento para compra de uma geladeira, fogão ou lavadora, a oferta e a demanda por crédito para compra da casa própria seguem em ritmo acelerado.


Fotos: Divulgação

Esportes

Equipe do São Bernando de vôlei mescla jovens e experientes

Romão: dificuldades sempre

Mais investimentos

para crescer Polo formador de atletas, as equipes feminina e masculina do vôlei do ABC, segundo esporte mais amado do Brasil, lutam para manterem seus times na SuperLiga

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Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

o país da monocultura esportiva, cuja base é o futebol, o atletismo volta a ganhar espaço em grandes centros econômicos. No ABC, o novo passo para fazer a modalidade crescer é a inauguração de uma pista de nível internacional em São Bernardo do Campo. A O vôlei do Brasil nunca viveu um momento financeiro de tamanha grandeza. Muitas empresas correm para patrocinar os times e, com isso, o custo médio para manutenção do time no topo subiu consideravelmente nos 24

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últimos quatro ou cinco anos. “Há pouco tempo o valor para se manter uma equipe de vôlei era de R$ 4 milhões para uma equipe masculina e metade para um time de mulheres. Hoje não se gasta menos de R$ 10 milhões para os dois”, destaca José Alexandre Pena Devessa, secretário de Esportes de São Bernardo, o qual, até 2013, era técnico da equipe feminina do São Bernardo. Por causa disso, a disparidade de investimentos provocou um abismo financeiro entre as equipes, sejam elas de homens ou de mulheres. No vôlei brasileiro a existência dos clubes depende essencialmente do

investimento das empresas. É um modelo de negócios implementado pela CBV e copiado pelos grandes clubes que tem dado certo há algum tempo e pode ser a solução para que uma equipe seja competitiva. No entanto, o sistema se mostra como um péssimo negócio para a modalidade. Raramente há uma preocupação dos clubes de viverem do relacionamento com seus torcedores. Sendo assim, o clube depende do interesse que a empresa tem em investir no esporte. Quando esse interesse acaba, ela geralmente fecha as portas. O problema é que isso faz que o número de equipes com reais chances de


Ainda sem perspectivas de classificação, equipe de SCS mostra garra e o treinador pede mais recursos

disputa da SuperLiga se restrinja a, no máximo, três ou quatro times no masculino e, quase sempre, dois no feminino. Num intervalo de uma semana, a reportagem da LEIA ABC conversou com dois técnicos e também com as duas capitãs da equipe feminina do São Bernardo Vôlei e também do São Cristóvão/São Caetano e ouviu uma reclamação: falta de estímulo da Confederação Brasileira para colocar fim ao abismo financeiro existente entre as equipes do país. Cerca de 90% dos jogadores – homens e mulheres – bem rankeados passaram pelas equipes do ABC, mas os times são meros coadjuvantes nos campeonatos porque não conseguem convencer seus patrocinadores a aumentar seus investimentos e, consequentemente, obter um retorno melhor de seus nomes na TV onde os jogos são transmitidos. “A receita do nosso time chega a R$ 1 milhão. A do Molico/Osasco ou do Unilever/RJ é de R$ 15 milhões. Essa disparidade faz que sempre lutemos por uma condição intermediária e eles pelo topo, não tem jeito”, admite Marcelo Romão, técnico do São Bernardo Vôlei. Para ele, o abismo desestimula, mas ressalta que é necessário continuar lutando. “Estamos na batalha porque sabemos que é possível vencer com pouco, mas

entendo que é chegado o momento de a CBV iniciar mudanças”, diz. Para driblar o baixo investimento na equipe feminina é necessária uma mescla de jogadoras experientes de boa qualidade com as jovens formadas na base da cidade. “Temos atletas que já passaram por equipes grandes e elas passam a sabedoria para as mais novas”, destaca Romão. O técnico destaca as jogadoras que fazem a diferença na equipe: as líberos Leda Pereira e Killara (ex-Amil/Campinas), mas também há gente nova como as levantadoras Sabrina Carioca (exSão Caetano) e Kátia Andrea. Entretanto, ele faz um alerta para a falta de investimentos nas equipes de base para a formação de atletas. “São Bernardo do Campo já foi celeiro. Aqui saíram muitos atletas, mas

“A Superliga tem dois ou três times que se destacam os outros apenas competem para disputar o campeonato”

agora, com a baixa nos investimentos, é natural que poucos talentos possam nascer”, diz Marcelo Romão. A luta continua, mas dessa vez na cidade vizinha, São Caetano. Patrocinado pela seguradora de saúde São Cristóvão, o outro “primo pobre” da SuperLiga conta as moedas para a árdua tarefa de se manter entre os tops do país. Assim como o São Bernardo Vôlei, a equipe de mulheres é mesclada entre jogadoras novas e experientes, o que, segundo o técnico da equipe Hairton Cabral, é a chave para um bom desempenho. “Fazemos jogos equilibrados com todas as equipes. As meninas são guerreiras e sabem do potencial que possuem”, explica o treinador.

Contente? Não, é claro...

Hairton Cabral também fala da disparidade financeira entre os clubes da SuperLiga e que isso não pode existir. “Não tem o que dizer. É preciso mudar sobre a questão dos investimentos nas equipes e essa mudança deve partir da CBV”, resume. Para ele, todos os treinadores estão cientes da mudança; caso contrário, daqui a pouco tempo existirão apenas quatro equipes no campeonato e não valerá a pena competir. Fevereiro de 2014 |

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Tecnologia

Mais tecnológico e melhor

Contrariando os discursos sobre os malefícios da internet e os excessos de artefatos tecnológicos, usuários mostram que os avanços na tecnologia tornaram-se a “mão amiga” da sociedade

Lívia Sousa - livia@leiaabc.com

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onsiderado como uma das principais invenções da humanidade, o celular ganhou o coração dos brasileiros quando ainda era um simples aparelho para conversar remotamente. Causou a aposentadoria precoce do pager (também chamado de BIP), principalmente quando possibilitou o envio de torpedos SMS. Pouco depois, foi a vez de o Brasil encarar o boom tecnológico e a popularização da internet, que apresentava o mundo ao alcance de um clique. Com o tempo, a internet não só avançou nos celulares – que estão mais modernos, compactos e funcionais a cada dia –, como ganhou uma série de outras ferramentas, como tablets, smartphones, tocadores de música, computadores e notebooks. Vinte anos se passaram e o mercado continua trazendo uma enxurrada de novidades, mas a euforia generalizada parece perder o fôlego. Alguns dos antigos entusiastas passaram a defender os malefícios dessas ferramentas e os motivos alegados são os mais variados. Quase sempre a justificativa é de que a tecnologia fez o ser humano

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perder a privacidade e se tornar um dependente virtual. Enquanto casos de fraudes, pedofilia virtual e até internações em clínicas de reabilitação para viciados em internet são discutidos fervorosamente a cada dia, muita gente deixa de perceber o quanto a tecnologia ajuda no próprio cotidiano. “Nos tempos de colégio fazia em média quatro viagens semanais à biblioteca, pegava entre seis e sete livros e chegava a ficar até quatro horas lá dentro. Escrevia os textos em um papel e, quando chegava a casa, reescrevia na folha que seria entregue ao professor”, lembra Bruna Virginio, analista de mídias sociais. Tomando um tempo considerável dos alunos (os quais, para realizar pesquisas escolares, tinham como única alternativa passar tardes inteiras folheando livros), o processo só começou a mudar em 1994, quando o primeiro buscador on-line (WebCrawler) chegou ao mercado. Mas foi o Lycos, lançado no mesmo ano, que abriu espaço para que Larry Page e Sergey Brin criassem o Google, conquistando de vez os internautas. Hoje, o Google lidera o ranking dos 10 buscadores on-line mais utilizados no Brasil. Não demorou muito e a ferramenta passou a ser considerada pelos estudantes como a “salvação” das pesquisas acadêmicas. Bruna, por exemplo, garante hoje acessar livros, pesquisas e estudos a qualquer hora e local e desenvolver um bom trabalho em menor tempo. Mesmo tendo à disposição todas as informações sem sair de casa, a moradora do bairro dos Casa, em São Bernardo do Campo, chama a atenção para que os internautas “filtrem” o conteúdo antes de utilizá-lo.

“Para que não se tenha nenhuma informação errada, o cuidado fica em ver se as fontes que cedem as informações são fidedignas. É preciso ter atenção ao que se encontra na internet, pois muitos escrevem opiniões ao invés de fatos comprovados”, diz, acrescentando que na própria internet é possível encontrar contraprovas e determinar se o que uma fonte escreve é ou não equivocada.

Driblando a distância

A videochamada também pode ser uma aliada do cotidiano, principalmente para quem tem metade da família morando no outro lado do mundo. Aparecida Noriko Hirosse Andrade, de 46 anos, passa por essa experiência. Ela e a filha mais nova, Viviane, moram em São Bernardo há quatro anos; enquanto o marido Arion e o filho mais velho, Guilherme, permanecem em Hiroshima, no Japão. Essa não é a primeira vez que a separação acontece. Em 1995, três anos após trabalhar em terras orientais e antes mesmo de Viviane nascer, a família retornou ao Brasil em busca de um tratamento de bronquite asmática para Guilherme. “Resolvemos trazê-lo, deixando-o sob os cuidados da minha irmã mais velha e voltamos para o Japão”, comenta Noriko,


Por Skype, Noriko conversa com o marido e o filho que moram no Japão que ligava toda semana para falar com o filho. “Toda vez que conversávamos, a saudade era muito grande. A ligação saía cara, mas eu precisava saber como ele estava”, diz. Apesar das notícias, o casal só voltou a ver o filho um ano e meio depois, quando Arion e Noriko, grávida de Viviane, voltaram ao país. Desde então, as idas e vindas se repetiram outras vezes, sendo uma em 2007, quando Arion ficou no

“Como toda invenção, o uso que daremos é o que ditará se será melhor ou pior”, diz o professor Anibal Matias Jr.

Fotos: Bia Santos

Brasil e o restante da família, no Japão. E se até então a comunicação ficava restrita ao telefone, com a tecnologia tomou rumos diferentes e eles passaram a conversar pelo computador. Para continuarem mantendo contato, Noriko, o marido e os filhos utilizam o Skype, um software gratuito que, de acordo com a empresa especializada em consultoria para internet ComScore, conta com 17,6 milhões de usuários brasileiros. As conversas acontecem todos os dias pela manhã, mas segundo a são-bernardense, duram poucas horas por conta do fuso horário – os japoneses estão 12 horas adiantados. “O Skype ajuda muito a matar a saudade deles, porque mesmo virtualmente você vê que a pessoa está bem”, assegura.

domínio dos aplicativos

As facilidades da web ultrapassaram os computadores de mesa (PCs) e, com os smartphones, também cabem na palma da mão. Ao contrário do que se pensa, no entanto, os celulares inteligentes não chegaram há pouco tempo: o primeiro foi lançado em 1994 pela IBM Simon, que mesmo sem ser classificado como um smartphone na época, já demonstrava traços semelhantes aos aparelhos atuais, com tela sensível ao toque (touchscreen), bloco de notas e acesso ao e-mail. No entanto, o produto não fez sucesso na época. Agora populares, os aparelhos se jun-

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Tecnologia taram aos tablets e deram início a uma dupla que se espalha cada vez mais pelo país. Dados divulgados pela consultoria IDC mostram que no ano passado as vendas de tablets e celulares inteligentes no Brasil aumentaram 142% e 122%, respectivamente; e a estimativa é de que o número cresça 23% em 2014. Com isso, o mercado de aplicativos também cresce e já é possível encontrar programas para controle de finanças, compras e bem-estar. Outras duas categorias ganharam força nos últimos meses. A primeira delas é a paquera, na qual se destaca o aplicativo Tinder. O programa analisa a localização e o perfil de cada usuário e indica outros usuários próximos com perfis semelhantes, possibilitando o contato somente quando houver interesse das duas partes. Isso significa que se você não está disposto a sair de casa para encontrar a cara-metade, pode fazer isso do conforto de casa. Os números dão ideia do sucesso que a ferramenta faz entre os brasileiros: desde que chegou por aqui, em agosto de 2013, o programa atrai cerca de 20 mil pessoas por dia e, segundo o próprio Tinder, o Brasil já ocupa a lista dos cinco países que mais o utilizam. Já a segunda é direcionada à consulta ao trânsito. Funcionando como uma espécie de rede social do tráfego, o aplicativo Waze vai além do simples GPS e abre espaço para que motoristas se aju-

ANTES E DEPOIS Já imaginou como seria sua vida se... • ao invés de enviar um torpedo SMS, você tivesse de ligar para uma central e falar o conteúdo da mensagem para a atendente enviar ao destinatário? Era assim, com a privacidade zero, que o pager funcionava. E olha que, dependendo do teor do recado, as mensagens nem saíam de lá... • você ficasse anos longe dos seus pais, irmãos e amigos e a única maneira de conversar com todos eles fosse por cartas e telefone, sem nenhuma imagem em tempo real para matar a saudade? As videochamadas chega-

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o tráfego é mais intenso. “Ele me auxilia muito com as informações de trânsito da região”, conclui.

Via de mão dupla

Antes dos sites de busca, Bruna passava horas na biblioteca fazendo trabalhos escolares dem e relatem em tempo real qualquer problema nas ruas, avenidas, estradas e rodovias. Seis milhões de brasileiros já aderiram à ferramenta, entre eles Flavio de Sousa Ferreira, de 40 anos. “Sempre utilizei o Google Maps e às vezes um aparelho GPS, mas passei a usar o Waze por indicação”, declara o analista programador, morador do bairro Assunção, em São Bernardo. Ferreira garante que teve uma ótima impressão da ferramenta desde o primeiro momento e que o dinamismo, a instantaneidade das informações e a interação entre os usuários foram responsáveis pela empatia imediata. Hoje, dois anos depois de conhecer o aplicativo, o Waze se tornou seu acompanhante fiel nos horários de pico e nos locais em que

ram para encurtar distâncias e nos deixar mais próximos uns dos outros. • se você fosse convocado às pressas para uma reunião de negócios em um local desconhecido e, no lugar do GPS, tivesse pouco tempo para consultar aquele mapa da agenda telefônica? A chance de se perder no meio do caminho seria grande. • se você estivesse na rua e algum problema acontecesse? Era preciso “caçar” um orelhão e ligar para alguém. Pior ainda se não tivesse ficha telefônica ou se o único lugar que vendesse fosse há quatro quadras de onde você estava. Hoje, tudo isso pode ser facilmente resolvido.

Mesmo com tantos lançamentos, a inovação tecnológica não para e atinge níveis até então vistos como inalcançáveis. Especialistas garantem que, em alguns anos, todos os celulares poderão seguir a linha do Iphone, da Apple, e serão utilizados também como dispositivos de pagamento, eliminando, assim, o uso de cartões de crédito e débito. A ideia será digitar a senha do cartão no próprio aparelho, ação relativamente mais segura. O que também está na mira dos profissionais tecnológicos é o controle de dispositivos a distância, também por meio do celular. Os trabalhos para que se abra a porta a um visitante ou ligue a cafeteira mesmo longe de casa, por exemplo, já estão sendo estudados e inclusive realizados em alguns países. No quesito internet, nunca se teve tanta informação à disposição para quem quer aprender e conhecer. Por outro lado, nem todas as pessoas aproveitam essas informações da maneira correta, o que, segundo Anibal Matias Jr., professor de Sistemas para Internet do Instituto Brasileiro de Tecnologia Avançada (IBTA), acarreta as consequências tão alardeadas atualmente. “Como toda invenção, o uso que daremos é o que ditará se será melhor ou pior. O famoso ‘copia e cola’ é um exemplo do mau uso da web. Já o e-learning (ensino eletrônico em português) é uma excelente ideia e permite chegar a lugares inacessíveis, facilitar o acesso de treinamento e educação a regiões remotas, flexibilizar horários, entre outras tantas vantagens”, explica. Se bem utilizada, Matias garante que a conectividade expande os horizontes de crianças e de adultos, quebrando, assim, o estigma do malefício generalizado. Embora o grande salto, o professor acredita que o Brasil pode melhorar ainda mais nesse quesito. “De fato estamos evoluindo, mas ainda falta bastante. O país tem competência para mudar, mas nos falta direção, honestidade e vontade e, primeiro, precisamos resolver os problemas dos analfabetos funcionais”, frisa o professor.


Fotos: Divulgação

Dicas Cinema

DVD

Robocop Em sua estreia no cinema hollywoodiano, José Padilha, diretor de filmes premiados como Ônibus 174 e Tropa de Elite, lançará no mês de fevereiro o tão esperado filme Robocop, remake do filme da década de 1990. Trata-se de um filme de ação/ficção científica, onde drones muito utilizados no mundo militar agora são desejados para combater o crime em grandes cidades. Os Estados Unidos resistem a essa iniciativa e é quando Raymond Sellars (Michael Keaton), querendo conquistar o povo americano, cria um robô com características humanas, a fim de aproximá-lo da população. Quando o policial Alex Murphy (Joel Kinnaman) sofre um atentado, Raymond Sellars vê a oportunidade surgir em sua frente pois, com o policial entre a vida e a morte, ele é a situação perfeita para sua experiência. Lançamento: 21/02/2014 (1h57m)

Andre Rieu & Friends Conhecido mundialmente, o maestro e violinista holandês Andre Rieu, de 60 anos, é um grande showman da música mundial. Já se apresentou em várias partes do mundo, inclusive em São Paulo, onde levou ao delírio o público paulistano. No DVD Andre Rieu & Friends está um dos espetáculos apresentado todos os anos por Andre e sua orquestra, o qual ocorre em sua cidade natal, Maastricht. Dessa vez o maestro convidou alguns amigos muito talentosos para participar dessa noite especial, a qual resultou em um DVD que inclui 33 faixas e é puro show. Preço Médio: R$ 36,90

A Menina que Roubava Livros A menina que roubava livros é uma adaptação do livro cujo filme tem o mesmo nome. É um drama dirigido por Brian Percival, famoso pela direção do seriado Downton Abbey, série muito premiada e elogiada na televisão britânica. Sobrevivente à Segunda Guerra Mundial, Liesel Meminger (Sophie Nélisse) tem uma história comovente. Vive com uma família adotiva e seu irmão, que também seria adotado, vem a falecer no trajeto da casa da família e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. Esse livro é o primeiro de muitos que Liesel “rouba” ao longo de vários anos. Com a ajuda do seu pai adotivo (Geoffrey Rush), Liesel aprende a ler e, assim, toma gosto pela leitura. Além do apreço, no decorrer do filme é revelado outro motivo para o hábito de Liesel. Filme tenso, que mostra o sofrimento das pessoas que vivenciaram uma guerra que veio a mudar o mundo. Lançamento: 31/01/2014 (2h11min)

Carta de Amor Maria Bethânia, brasileira, baiana, cantora de MPB e amada pelo povo brasileiro. Dona de uma das vozes mais bonitas da nossa música, já lançou mais de 50 álbuns em 47 anos de carreira e está entre os 10 artistas que mais venderam discos no Brasil. É com esse histórico que ela lança seu DVD Carta de Amor, onde canta sucessos de sua carreira, músicas do novo CD (que deu origem ao DVD) e algumas canções inéditas em sua voz. Entre as músicas interpretadas por ela estão Carta de Amor, que dá o nome ao DVD, e uma cujo compositor é seu também famoso irmão Caetano Veloso. Maria Bethânia conta que o show vem de uma mudança sonora que fez com vários músicos e que canta o amor em todas as suas formas e derivações. Preço Médio: R$ 39,90

Livros

Teatro Reta final de Tim Maia Vale Tudo, musical de Nelson Motta que mostra a história de um dos grandes ídolos da música brasileira, dirigido por João Fonseca e já visto por mais de 100 mil pessoas desde sua estreia, em agosto de 2011, no Rio de Janeiro. O espetáculo conta com três blocos temáticos e narra a infância pobre do cantor no bairro da Tijuca, como conheceu grandes nomes da música brasileira e como cada música foi escrita e para quem. O renomado teatro Procópio Ferreira, que hoje é considerado um dos principais pontos culturais da cidade de São Paulo, recebe o espetáculo até 09/03/2014, com sessões que serão exibidas às sextas (21h30), sábados (17h e 21h) e domingos (18h). Preço: de R$ 50,00 a R$ 120,00

Terra sem Lei Do escritor John Sandford, conta a história do detetive Virgil Flowers, que está em seu período de férias em um lugar paradisíaco, mas é interrompido por uma ligação do seu chefe. Virgil deve voltar ao trabalho para investigar a morte de Erica, presidente de uma famosa agência de publicidade. O crime ocorre em uma pousada que hospeda apenas mulheres que estão lá para relaxar e aproveitar a Natureza. A vítima foi baleada enquanto passeava pela manhã e evidências apontam um crime passional ou por dinheiro. Erica não é a primeira vítima da região e circunstâncias levam a crer que uma cantora de uma famosa banda country feminina está diretamente ligada a esses crimes. Virgil não descansará enquanto não resolver esse caso. Uma história intrigante com boa dose de suspense que envolverá o leitor a cada página lida. Preço Médio: R$ 29,90

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Harmonizar

Em harmonia com o verão Celso Pavani celsopavani@ig.com.br

F

im de férias, volta às aulas e retorno originárias da mesma região quase sempre das atividades profissionais; enfim, funcionam bem juntas. Prove um bom pedaço hora de voltar às nossas rotinas diárias. de joelho de porco com uma legítima cerveja Temos experimentado dias de calor artesanal tcheca, por exemplo. A mesma regra quase sufocantes e, para harmonizar, somen- que comprova como nosso queijo de coalho te a refrescante água mineral. Mesmo ela, no assado fica tão bom com uma Pilsen geladientanto, é classificada em leve e pesada, por nha, a preferência nacional. possuir diversas características, mas sobre Harmonizar comida com cerveja, porisso falaremos em outra oportunidade. Para tanto, pode ser mais fácil do que se imagina curtir o restante do verão e as folias de Carna- – e potencialmente mais prazeroso. Não é val vale algumas dicas. preciosismo. Tente tomar um vinho muito Cervejas leves acompanham comidas le- tânico com um bacalhau salgado e vai ver ves, enquanto cervejas mais fortes, intensas que um indesejado sabor metálico surge na e encorpadas se harmonizam melhor com co- boca. Ou junte um copo de cerveja Pilsen, midas mais pesadas e gordurosas. Se forem levinha, a um prato muito pesado e verá que comparadas aos vinhos, as cervejas Ales se- o sabor da cerveja desaparece ou vira água riam como o vinho tinto e as Lagers como o na boca. Enfim, a harmonização existe para vinho branco. Como as Ales são fermentadas melhorar e potencializar o prazer de cada em temperaturas mais altas, possuem aromas alimento ou bebida. e sabores mais complexos. Já as Lagers norUma sugestão gastronômica deliciosa malmente são mais leves, com notas e sabores e simples de preparar, a Caprese, é uma samais suaves por serem fermentadas em tem- lada típica da tradição mediterrânica. Muito peraturas baixas. Outro comparativo válido é saborosa e apreciada pelos italianos, é espepensar em cervejas de alto amargor, “classifi- cialmente adequada no verão, por ser um alicadas pelo IBU” como se fossem vinhos bem mento leve e fresco. O nome Caprese vem da ácidos ou com bastante tanino. ilha de Capri, situada no golfo de Nápoles, às Quanto mais escura a cerveja, mais escura margens do mar Tirreno, bem próxima ao condeve ser a comida da harmonização. Cervejas tinente, onde são produzidos os produtos mais escuras recebem essa cor dos maltes escuros, saborosos e frescos para a preparação desse que normalmente têm um sabor mais tostado delicioso prato. e algumas vezes adocicado, e combinam bem Outra dica são peixes como o salmão, peicom os mesmos sabores das comidas bem as- xe de carne alaranjada que vive em águas frias sadas ou grelhadas e até mesmo defumadas. do Canadá, Reino Unido, Noruega e Chile, asQuanto mais picante for a comida, mais lupu- sim como a truta. Sua carne tem maior teor de lada e amarga deve ser a cerveja. gordura que outros peixes como o linguado e a O lúpulo consegue cortar bem o efeito das pescada; entretanto, é rica em ácidos graxos e pimentas, permitindo que você consiga sentir ômega-3, um protetor do coração. Embora a culmelhor os sabores tanto do prato quanto da cer- tura do salmão tenha se espalhado pelo mundo veja. A dica para foliões que devem aventurar- inteiro, os japoneses são seus maiores aprecia-se em diversas regiões dores, servindo-o cru na do país no Carnaval é forma de sashimi, sushi e experimentar os pratos outras iguarias. tradicionais de cada luApaixonado por riBebidas podem ser suaves ou gar. Algumas têm prasotos, minha sugestão encorpadas, harmonizando tos com mais sustância como guarnição é o risopara que se consiga suto de salmão, que poderá perfeitamente com o prato portar a maratona festiser degustado com uma certo. Fique atento às va, outras mais leves. O cerveja artesanal Lund importante é deixar que Witbier da cervejaria combinações, mesmo na folia a região seja seu guia. Lund, de Ribeirão Preto, Cervejas e comidas interior de São Paulo.




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