Revista Leia ABC - Julho 2013

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Índice

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6 Entrevista 11 Editorial 14 Política 18 Economia 22 Segurança 26 Saúde 28 Cidades 32 Comportamento 34 Capa 38 Meio ambiente 40 Educação 42 Esporte 47 A Leiaabc Pergunta 48 Turismo 53 Tecnologia 54 Moda&Beleza 60 Cultura 62 Gastronomia

Tarcísio Secoli, o homem forte de Luiz Marinho já fala de sucessão

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Quanto de imposto você paga nos produtos?

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Os protestos de junho chegaram ao ABC

Colunistas 16

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Marcos Cazetta

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Wallace Nunes 4

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Patricia Bono

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Thamires Barbosa

Sonia Varuzza

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Fauser Gustavo

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Celso Pavani


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O papel das redes sociais como agente mobilizador

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Rio Tamanduateí pede socorro e precisa ser limpo urgentemente

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O Festival de Paranapiacaba está de volta e com mais atrações

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Julho é o mês da pizza, o prato mais saboroso do Brasil

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“Limpar” e hidratar o rosto já cabe no bolso de todos

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Entrevista

Preparo para suceder Luiz Marinho em 2016

P

erderá tempo quem espera do supersecretário da Prefeitura de São Bernardo Tarcísio Secoli alguma brecha de entusiasmo público para inflar a bolsa de apostas de que será o indicado do PT à sucessão de Luiz Marinho em 2016. Tarcísio Secoli já tem percorrido universidades e instituições sociais para discorrer sobre políticas públicas. A pauta principal é a inovadora e polêmica usina de incineração de lixo projetada para ocupar a mesma área do antigo lixão do Alvarenga. Mas Tarcísio Secoli não se trai por conta das perspectivas. Age com a naturalidade de quem nem se dá conta de que é um poderoso secretário. Nesta entrevista ao jornalista Daniel Lima, Tarcísio Secoli condensa à perfeição o estilo fechado de ser. É um dirigente público de poucas palavras. Reduz as frases ao essencial. Mesmo que o essencial tenha significado indefinido como conteúdo explicativo. Tarcísio Secoli transmite a sensação de que está à beira de um precipício nas respostas que se seguem. Possivelmente com Tarcísio Secoli o melhor caminho para arrancar mais que frases curtas seria uma entrevista pessoal, cara a cara. Mas nem assim haveria garantia de que abriria os flancos. Tarcísio Secoli é mais expansivo ao falar do que ao escrever, mas esta constatação não quer dizer muita coisa. A discrição o catapulta à liderança interna como candidato petista em São Bernardo. Discrição sempre acompanhada de ponderação e reflexão. É claro que Tarcísio Secoli não fala sobre eventuais concorrentes internos que teria de bater nas instâncias deliberativas do PT, porque nem admite candidatura formalmente. Se admitisse e se resolvesse falar, provavelmente citaria o nome de Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, de onde saíram Lula da Silva para a Presidência da República e Luiz Marinho para a Prefeitura de São Bernardo. Rafael Marques também é presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, incentivado e apoiado por Luiz Marinho. Aliás, esse suporte embalaria a candidatura de Rafael Marques, segundo observadores que desaconselham favoritismo concentrado em Tarcísio Secoli. Não é bem assim: o que se pretenderia mesmo é, com a ascensão de Rafael Marques, evitar excessiva exposição de Tarcísio Secoli durante um período muito mais amplo do que o desejável. Prefere-se que se mantenha poderoso como é, mas menos visível. Até que dê uma grande arrancada com o suporte da máquina partidária e da maquinaria administrativa. Nada disso, entretanto, se extrai desta entrevista especial. Muito pelo contrário. Frustração? Não, a confirmação de um perfil pouco sujeito a escorregadelas verbais.

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Especial para Leia abc Daniel Lima

LEIA ABC – O que mais se fala em São Bernardo é que o senhor será o candidato à sucessão de Luiz Marinho em 2016, razão pela qual deixou o centro do poder político explícito, no Paço Municipal, como secretário dos secretários, e se deslocou ao centro do poder de votos, que é a Secretaria de Serviços Urbanos. Esta operação estratégica foi concebida exatamente por conta do esticamento da proposta de massificar seu nome? Tarcísio Secoli – Minha ida para a Secretaria de Serviços Urbanos se deu em outro contexto. Temos dois projetos grandes que precisavam ser tocados, os dois me atraíam demais. Um é sobre resíduos sólidos, que vai desde a varrição de ruas até a incineração do lixo, passando pelo aumento da reciclagem e recuperação do antigo lixão do Alvarenga. Além disso, temos as obras de drenagem, que de fato acabaram com as enchentes na cidade. LeiaABC –Também é natural que as pessoas comecem a especular sobre sucessão, na medida em que o prefeito não pode mais ser candidato. Tarcísio Secoli – Eu, até pela minha história e proximidade com o prefeito, tenho o nome colocado em diversas rodas. Quero deixar claro que agora é momento de trabalhar, e muito, para que o prefeito Luiz Marinho faça um segundo mandato melhor ainda que o primeiro. No momento adequado o PT e o prefeito terão a sapiência necessária para escolher o melhor candidato para sucedê-lo. LeiaABC – Até que ponto as entranhas sindicais de um município forjado


nas lides trabalhistas influencia os resultados eleitorais à Prefeitura de São Bernardo? O senhor acha possível ganhar uma eleição apenas com as ramificações sociais dos trabalhadores ou a classe média de profissionais liberais e executivos de diversos setores tem peso que precisa ser bem avaliado? Tarcísio Secoli – Para ganhar uma eleição é necessário um conjunto de forças sociais que englobem todos os que querem fazer o melhor pela cidade. Neste sentido, os sindicatos de trabalhadores são e serão bem-vindos, mas insuficientes a vitórias eleitorais de executivos. Precisaremos ter apoio de todos os setores, como o prefeito Luiz Marinho teve em 2008 e 2012.

Fotos: Omar Matsumoto

LeiaABC – O senhor é considerado um agente público muito centrado em projetos e metas, com capacidade de articulação e de convencimento em pequenos grupos de colaboradores. Por isso, o colocam sob suspeição como industrializador de votos populares, já que não é visto como alguém com empatia popular, porque é econômico em gestos e palavras. Mesmo sem levar em conta a possibilidade de concorrer, mas apenas para sentir o pulso de eventual candidatura, que tipo de avaliação o senhor produz sobre suposta distinção de personalidade? Tarcísio Secoli – De fato, meu trabalho é mais em pequenos grupos, ouvindo mais e falando menos, procurando consensos onde é possível. Não tenho interesse em sentir o pulso de eventual candidatura. Sou do jeito que sou, e acredito que assim posso ajudar nossa cidade. LeiaABC – Até que ponto o quadro macroeconômico nacional, que tem sempre relação muita próxima com o quadro macropolítico regional, interferirá nas eleições para a Prefeitura de São Bernardo em 2016? O senhor acredita em maiores riscos se eventualmente o PT não reeleger Dilma Rousseff à Presidência da República ou entende que eleições locais são | Julho de 2013 7


Entrevista uma coisa e eleições gerais outra? Tarcísio Secoli – Primeiro, não vejo condições de nossa presidenta Dilma não ser reeleita. Não existe neste momento oposição com força para isso. Óbvio que condições econômicas boas, de forma geral, ajudam o candidato à reeleição. Nas cidades ocorrem outros fenômenos interessantes. A questão econômica não e o único fenômeno. Já ganhamos eleição em cidades quando o governo FHC ia bem, e perdemos quando ele ia mal. As pessoas querem saber as propostas para terem uma vida melhor e ponto. LeiaABC – Um candidato com histórico sindicalista jamais conseguiria ser governador do Estado de São Paulo? Estaria o prefeito Luiz Marinho marcado para morrer na praia se pretender mesmo um dia concorrer ao Palácio dos Bandeirantes? Tarcísio Secoli – Não vejo nexo nesta relação. Até uns anos atrás seria possível dizer que alguém com histórico sindicalista jamais seria presidente da República. O Lula desmentiu isso. Nada impede que Luiz Marinho seja governador de São Paulo. Até porque o movimento sindical ajuda a entender muita coisa. Como negociar, por exemplo. E um bom gestor deve, acima de tudo, ser um bom negociador. LeiaABC – Qual sua avaliação sobre o contexto esportivo, social e político-partidário de um representante de São Bernardo no futebol de São Paulo, caso do São Bernardo Futebol Clube? Não lhe parece que houve politização partidária demais no gerenciamento de um projeto de fortalecimento da equipe da cidade que disputa a série A do Campeonato Paulista, quando o recomendável, levando-se em conta que futebol também é mercado consumidor, é minimizar a possível conotação petista do projeto? Tarcísio Secoli – Parece-me que você esta falando do começo do São Bernardo, em 2005, quando Orlando Morando e Admir Silvestre começaram o time. Ali vi muita politização, 8

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sim. Já com Luiz Fernando vi o contrário. Ele conseguiu fazer do time um fenômeno de público, com torcidas organizadas que encheram os estádios e levaram o time para a primeira divisão. Inclusive criando um mercado consumidor de produtos do time, como camisetas, por exemplo. LeiaABC – Se o senhor tivesse que citar três destaques temáticos dos quatro anos e meio da administração Luiz Marinho, sempre considerando aspectos que confluam em direção ao atendimento da sociedade combinado com as naturais pretensões de o partido seguir no poder, quais programas ou projetos citaria? Tarcísio Secoli – Primeiro, as mudanças na saúde: UPAs, reformas e ampliações das UBSs, construção do hospital de clínicas. Habitação, com a construção de cinco mil moradias, e urbanização de vários núcleos, com regularização fundiária de milhares de moradias. Mobilidade urbana, com metrô, construção de corredores de ônibus, fim das enchentes. Assim se melhora a vida do cidadão e credencia a con-

Em todos os lugares onde essas usinas foram montadas não houve evidências de saúde pública

tinuidade da administração. LeiaABC – A usina de incineração de lixo que está prestes a ocupar o antigo lixão do Alvarenga, sob sua coordenação, supostamente não representaria qualquer risco ao meio ambiente? O senhor garante essa segurança sem que a afirmativa pareça algo adequado a quem está no centro do poder decisório em São Bernardo e observa que a obra seria um grande chamariz de votos? Tarcísio Secoli – Precisamos olhar outras experiências de fato. Em todos os locais em que foram montadas essas usinas não há evidência alguma de problemas com a saúde pública. Vi usinas no centro de Paris, de Lisboa e nas proximidades de várias cidades. Estudos foram feitos e em nenhum caso houve variações das doenças, da população circunvizinha, com cidades que não têm usina. Por isso estamos tranquilos nesse aspecto. LeiaABC – Seria a citada usina, que poderia ser inaugurada às vésperas das eleições de 2016, o porta-estandarte impactante de sua eventual candidatura à sucessão de Luiz Marinho?


aceitar moradores de São José dos Campos para fazer aviões. LeiaABC – O senhor tem um entendimento diferenciado, a separar o lado de cidadão comum e o lado de autoridade municipal, numa análise sobre a mobilidade viária em São Bernardo e na região metropolitana de São Paulo, ou entende que não há como distinguir uma realidade da outra? E qual é, seja qual for a resposta, sua avaliação sobre o caos metropolitano que trecho sul de Rodoanel nenhum conseguiu amenizar? Tarcísio Secoli – Mobilidade urbana é problema regional sempre. Nenhuma cidade resolve isso sozinha. Transporte coletivo de qualidade deve ser sempre priorizado.

Tarcísio Secoli – A usina é mais uma obra inovadora do prefeito Luiz Marinho, dentro de várias outras obras, como o combate a enchente e a mobilidade urbana. O conjunto da obra do prefeito nos credencia a continuar no governo da cidade. LeiaABC – Qual sua avaliação sobre o eixo à composição de um secretariado municipal, seja qual for o vencedor de uma disputa eleitoral? O senhor é favorável a um grupo prevalecentemente formado por gente de São Bernardo, entende que uma maioria de fora sempre é capaz de oxigenar o ambiente estratégico de atuação, acredita que o melhor mesmo é associar os dois princípios, ou não tem dúvidas de que o que deve pesar sempre, independentemente de qualquer outro fator, inclusive de pressões políticas, é a capacidade de exercer a função? Tarcísio Secoli – Creio que São Bernardo está formando várias pessoas nestas duas gestões do prefeito Luiz Marinho. Pessoas que estarão aptas a governar tocando um conjunto de obras de continuidade. O debate do local de moradia é falso. Se alguém vem de fora e passa a

morar em São Bernardo na próxima gestão é considerado da cidade? Local de moradia não é condição de qualidade para administrar nada. Imagina a Mercedes-Benz só aceitar em sua fábrica moradores de São Bernardo, ou a Embraer só

Várias pessoas estão aptas para governar a cidade e dar continuidade ao trabalho do prefeito Marinho

LeiaABC – O senhor também entende que o mercado imobiliário é um macaco de interesses nem sempre republicanos na cristaleira de preservação da qualidade de vida, porque atua com liberdade demais, principalmente no açodamento que se cristaliza com verticalização indomável? Acha que é possível apenas com investimentos em transporte coletivo público amenizar os dramas diários de deslocamento mais que viciado em direção a determinadas regiões detentoras do maior contingente de empregos ou que é indispensável disciplinar com rigidez o uso e a ocupação do solo? Tarcísio Secoli – O prefeito Luiz Marinho enfrentou o lobby das imobiliárias, quando modificou o plano diretor da cidade, e fez alterações no sentido de acabar com a farra do boi que havia aqui. Aqui tudo se podia. Limitamos a altura dos prédios, aumentamos o IPTU de áreas vazias, especulativas, criamos Zeis com o aumento de áreas de interesse social. Agora existem situações já consolidadas com as quais é preciso conviver. Quem veio de São Paulo para cá não tem culpa de precisar voltar a São Paulo para trabalhar todos os dias, parando a Via Anchieta. Achar soluções é dever dos governantes. | Julho de 2013 9


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A tiragem da revista é devidamente auditada pela

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LEIA ABC é uma publicação mensal produzida pela Editora Sustentabilidade Editorial e Cheeses Publicidade e Editora.

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Editorial

Eu protesto, tu protestas, ele protesta e nós protestamos A de julho está quente. Estamos falando de um dos assuntos mais comentados no mês de junho, que está na mídia mundial: as impactantes manifestações em todo o Brasil. Para quem perdeu o andar da carruagem ou esteve preso no trânsito pelos últimos dias: insatisfeitas com o aumento da passagem do transporte público, diversas pessoas em São Paulo resolveram sair nas ruas para protestar e desencadearam então uma sequência de manifestações não só na maior capital do país, mas também em diversas outras regiões, inclusive no ABC. apoia o “grito do povo”, uma vez que não estamos Obviamente que a acostumados a ver nossos conterrâneos brigando por seus direitos desta forma. Mas é preciso confessar que estamos um tanto insatisfeitos com a maneira com que essa onda de protestos tomou grandes proporções. É claro que ver nosso governo temer o poder do povo e atender aos nossos pedidos, ao menos uma vez no ano, é algo impagável. No entanto, essas manifestações se expandiram de uma forma tal que as pessoas agora saem às ruas sem nem ao menos saber por que estão protestando. É tipo aquelas festas de aniversário em que você é convidado do convidado do convidado e chega ao lugar dando parabéns para o primeiro que estiver rodeado por mais de três pessoas, sabe? Aí você vai para rua, faz um cartaz com uma frase impactante como “O Brasil acordou” e grita coisas como “Fora Dilma!”, “Chega de injustiça!”, “Corrupção aqui não”, entre outras, só por gritar. Então, quando você tenta filtrar algo, para encontrar o fio da meada, escuta um pedindo a renúncia da Dilma, outro por mais conforto nos ônibus, mais um gritando pela qualidade dos hospitais públicos, a tia reclamando da sua TV com sinal ruim e por aí vai. É sério que esperam resolver todos os problemas do nosso país assim, só nos gritos? É sério que acreditam que a solução para tudo será tirar todos os que conhecem como políticos do poder (ou melhor, sair às ruas com essa ideia em mente)?

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Mirante

n COLUNA

Wallace Nunes Jornalista wallace@leiaabc.com

O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, está decidido. Quer apoiar os três mais fortes candidatos a deputado estadual pela cidade. Acontece que há quatro nomes que querem disputar a vaga para a Assembleia: o vereador José Ferreira; o sindicalista Teonílio Monteiro da Costa (Barba); a deputada estadual Ana do Carmo (que concorre à reeleição); e o presidente do São Bernardo Futebol Clube, Luiz Fernando Teixeira, que ainda não é filiado ao partido.

Fotos: Divulgação

Três não é demais?

Concorrência forte Enquanto isso, Alex Manente (PPS), um dos deputados estaduais que concorrem à reeleição, diz estar temerário sobre sua candidatura. O motivo: concorrência. “Tem muito candidato em São Bernardo, e isso acirra a disputa”.

O irmão mais velho... ...do prefeito de São Bernardo, Braz Marinho, será o próximo presidente do PT da cidade. Segundo fontes do Paço da cidade, não há outro candidato para concorrer com Braz, que está decidido a sair dos bastidores.

As críticas continuam Distantes após o período eleitoral, o ex-chefe do Executivo de São Caetano e hoje secretário paulista de Esporte, Lazer e Juventude, José Auricchio Júnior (PTB), e a ex-prefeiturável governista Regina Maura Zetone (com um pé no PV) concordam, pelo menos, nas críticas ao desempenho da administração Paulo Pinheiro (PMDB). Para a dupla, as ações do peemedebista frente ao Palácio da Cerâmica ainda são insatisfatórias e o secretariado – composto por remanescentes da gestão passada – ainda não engrenaram.

Para fugir do aluguel O prefeito de Mauá, Donisete Braga (PT), afirmou que pretende construir novo prédio para o Paço Municipal. A intenção é tirar do aluguel diversas secretarias. Segundo o chefe do Executivo, o gasto da cidade com locais locados chega a R$ 8 milhões por ano. “A prefeitura paga muito aluguel, a intenção é concentrar as principais secretarias aqui”, diz o prefeito. O novo prédio deverá ser construído atrás da atual sede do governo.

Negociações após seis meses O prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), anunciou dois nomes que vão compor o primeiro escalão de seu governo. A tendência é que o presidente do PR na cidade, José Carlos Gonçalves, assuma a Secretaria de Transportes, enquanto o nome que deverá comandar a pasta de Segurança Alimentar é guardado a sete chaves.


O prefeito de Ribeirão Pires, Saulo Benevides (PMDB), conseguiu quitar R$ 19,9 milhões da dívida que “herdou da gestão de Clóvis Volpi (PTB) e Dedé da Folha (PPS)”. O valor equivale a 40% dos restos a pagar, que totalizavam R$ 41 milhões. Segundo o chefe do Executivo, o montante de pendências quitadas, referentes a 2012, chega a R$ 7,3 milhões.

A dívida que sobrou para o atual (parte 2) Por meio de sua página em uma rede social, Saulo disse que, mesmo enfrentando muitas dificuldades financeiras no primeiro quadrimestre de 2013, conseguiu manter os investimentos em serviços essenciais para a população.

É o momento dele

Diego Barros

A dívida que sobrou para o atual (parte 1)

Carlos Grana, prefeito de Santo André (PT), é um homem famoso. Em qualquer lugar da cidade aonde vai é prontamente reconhecido pelos moradores. Sinal de que tem feito um bom trabalho? Pode ser, mas ainda é realmente cedo para avaliar por que a cidade está passando por muitas mudanças no papel. A realidade para os moradores chega aos poucos.

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Política

Não... vai valer para 2014 Redação - redacao@leiaabc.com

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governo desistiu de tentar aprovar no Congresso uma legislação de reforma política a tempo de vigorar nas eleições do ano que vem. O anúncio foi feito na primeira semana de julho, pelo vice-presidente da República, Michel Temer, após reunião com líderes da base aliada na Câmara. Para que as regras fossem aplicadas em 2014, o plebiscito sobre a reforma e a aprovação de legislação para alterar as regras políticas e eleitorais teriam de ser concluídos antes de 5 de outubro deste ano. De acordo com o chamado “princípio da anualidade”, previsto na Constituição, as regras de uma eleição só têm validade se aprovadas pelo menos um ano antes do pleito, prazo considerado inviável pela maioria dos partidos políticos da Câmara. “Não há mais condições de fazer qualquer consulta antes de outubro, e, não havendo condições temporais de fazer essa consulta, qualquer reforma que venha só se aplicará para as próximas eleições e não para esta”, disse Temer. De acordo com o vice-presidente, a maioria da base aliada na Câmara defende fazer o plebiscito simultaneamente ao segundo turno das elei-

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ções de 2014. “Devo registrar que a maioria daqueles que discutiram aqui estão optando pelo plebiscito junto com as eleições de 2014, no segundo turno das eleições do ano que vem. Mas não há nenhuma dúvida em relação à tese da consulta popular”, declarou Temer. O líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO), que participou da reunião, na residência oficial do vice-presidente, afirmou que a decisão foi “sábia” e “importante”. “Foi inviabilizado pelo tempo jurídico. Não podemos fazer a reforma açodadamente porque corremos o risco de fazer um monstrengo”, disse.

Tese “consolidada”

Temer negou que o governo saia

Divulgação

Governo desiste de tentar fazer reforma política para eleição 2014 ao afirmar que não há mais “condições temporais”

perdendo com a impossibilidade de aplicar a reforma política em 2014. Durante reunião ministerial, a presidente Dilma Rousseff afirmou que “gostaria” que as novas regras valessem já para as próximas eleições. “O governo propôs o plebiscito, propôs a reforma política, mas sabendo que isso é uma tese que deve ser levada adiante pelo Congresso. Se ela virá agora ou mais tarde, a vitória da tese está consolidada”, argumentou o vice-presidente. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e vice-presidente da República, logo depois da reunião no Palácio do Jaburu (residência oficial do vice-presidente da República), disseram que o prazo de 70 dias que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou ser necessário para organizar


o plebiscito inviabiliza a aplicação da nova legislação em 2014. É o TSE que organiza, na prática, o plebiscito, formula as perguntas e faz campanhas de esclarecimento no rádio e na TV sobre as questões formuladas. “A esta altura, embora fosse desejável, temporalmente é impossível. O Tribunal Superior Eleitoral, muito adequadamente, fixou o prazo de 70 dias a partir dos temas apresentados ao TSE. O que é inexorável tem que ser aceito”, afirmou Temer. O vice-presidente chegou a dizer que, se o Congresso conseguisse elaborar um projeto de reforma política, o plebiscito poderia ser dispensado. Ele destacou, contudo, que essa “tese” está descartada “no momento”. “É muito provável até – nós chegamos a discutir isso – que o Congresso possa vir a formatar um projeto de reforma política. Tanto é que a força motora de todo esse movimento é a ideia da reforma política. Como viabilizá-la? Pelo meio da consulta popular. Mas se o Congresso realizar a reforma política e ela for adequada às aspirações populares, quem sabe até nem se pense em plebiscito? Mas essa é uma tese inteiramente descartada no momento porque os líderes concordaram com a ideia de plebiscito”, disse.

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Plebiscito é “consenso”

Conforme declarou o ministro da Justiça, houve “consenso” entre os partidos da base aliada na Câmara em relação a apoiar a consulta sobre a reforma política por meio de plebiscito. “O ponto fundamental a ser ressaltado é que houve um consenso, no sentido de que o povo tem que ser consultado e essa consulta tem que ser feita por plebiscito. Isso é uma posição unânime na base”, afirmou. Cardozo e Temer disseram que líderes da base aliada no Senado também serão convidados a participar de uma reunião na residência oficial da vice-presidência, para consolidar a posição sobre a forma de elaboração da reforma política. “Subsequentemente vamos fazer uma reunião com líderes da base no Senado. Havendo o mesmo apoio à tese, a base na Câmara e no Senado formalizarão um projeto de decreto legislativo fixando a data e os temas a serem estabelecidos no plebiscito”, explicou Temer. Ao deixar a reunião, o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), foi indagado se seria uma “saída honrosa” para a presidente Dilma Rousseff – autora da proposta de plebiscito – a hipótese de se fazer o plebiscito junto com o segundo turno da eleição de 2014. “Vamos construir um entendimento entre Câmara e Senado. Não é uma saída honrosa para a Dilma, é o melhor caminho para o país que estamos construindo”, afirmou. O ministro da Justiça também negou que Dilma saia de alguma forma derrotada com a decisão de fazer o plebiscito apenas em outubro do ano que vem. “Houve uma proposta muito clara de plebiscito, uma proposta que colocou na pauta a reforma política. Não se pode falar em equívoco quando a presidente coloca um ponto e a base sai unida em torno da proposta.”

A presidente Dilma Rousseff, o vice presidente Michel Temer e a ministra Ideli Salvatti presidiram a reunião | Julho de 2013 15


Finanças

E agora, como sair do VERMELHO?

Divulgação

Marcos Cazetta Economista e especialista em finanças pessoais

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os últimos anos, cresceu o número de endividados em todo o país. E na região do ABC a situação não é diferente, pois a alta foi significativa. No momento em que vemos nossas contas no vermelho, nenhuma alternativa de crédito e a luz no fim do túnel se apagando, a pergunta é: existe saída? Com certeza sim! Você vai precisar de muito planejamento e disciplina, além de um pouco mais de sacrifício para reverter esta situação. Existem algumas etapas a serem percorridas para que essa caminhada não seja tão difícil quanto parece. A primeira delas é acreditar, pois, se não acreditarmos que manter nossa saúde financeira equilibrada faz parte de nossa qualidade de vida, o problema vai parecer muito maior do que ele realmente é! Caso você já tenha passado por esta etapa, parabéns. Agora é o momento de sentar e recolher os cacos espalhados e fazer uma planilha de todas as suas dívidas e seus gastos mensais. Veja bem, todos temos que tomar o cuidado de não deixar nenhum gasto de fora, até mesmo a pizza do fim de semana não pode deixar de ser excluída das suas contas. Feito isso, já é possível partir para a segunda etapa: enumerar prioridades para sua recuperação, como qual é o custo de cada uma de suas dívidas? Normalmente, dívidas com cartão de crédito e cheque especial são as grandes vilãs do orçamento. Isso porque, se você observar a fatura do cartão de crédito, os encargos por pagamento parcial, em torno de 10,5% ao mês, representam uma taxa de 231,4% ao ano. Por isso, uma etapa fundamental é dar prioridade para negociar em primeiro lugar dívidas que tenham os custos mais elevados, pois isso vai lhe ajudar a não deixar que a dívida aumente. É importante saber que, no momento da negociação com seus credores, é preciso levar em conta os seguintes pontos: 1) a parcela desta negociação caberá no seu novo orçamento?; 2) o prazo desta negociação é muito longo?; e 3) no caso de pagamento à vista, a empresa lhe dará algum desconto sobre o saldo devedor?. Em alguns casos, é mais vantajoso guardar o valor desta parcela por um período bem menor e quitar a dívida à vista. Depois de concluído o processo de negociação com cada credor, chegamos à etapa final. Agora que você já tem em mãos todos os números do seu novo orçamento, é possível então saber de cabeça os valores destinados para cada despesa. Nesta etapa você precisará de muita disciplina para manter o planejamento realizado e vale sempre lembrar tudo o que você passou para chegar aonde está hoje. Sempre que houver um momento de fraqueza ou de dúvida, pense que todo este sacrifício é por algo maior: qualidade de vida! Uma dica final Verifique em sua fatura do cartão de crédito qual o encargo para pagamento parcial. Na pior das hipóteses, caso você passe o ano todo realizando o pagamento mínimo estabelecido pelo cartão sem realizar sequer uma compra, no fim do período de um ano você já terá pago o valor total de sua dívida acrescido de 30% de juros, além do que o seu saldo devedor será correspondente a quase 50% do valor inicial. Mario Cortivo

n ARTIGO


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Economia

Imposto Shutterstock

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O Brasil é um dos países com maior carga tributária, mas poucas pessoas sabem quanto pagam e como os tributos são repassados e investidos Especial para Leia abc Mohamed Waleed

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gora vai ficar mais fácil para o consumidor acompanhar de perto o quanto se paga de imposto em cada produto. Isso depois que a Lei nº 12.741/12 entrou em vigor no mês de junho, obrigando o comerciante a informar a carga tributária dos produtos e serviços nos cupons e notas fiscais ao consumidor. De acordo com Ricardo Balistiero, coordenador do curso de administração de empresas do Instituto de Tecnologia Mauá, os valores referentes aos tributos são repassados ao governo e distribuídos para custear melhorias no serviço público como educação, saúde, transporte e segurança. “O Brasil é o país que tem uma das cargas tributárias mais altas e tudo que nós pagamos tem impostos embutidos, que são chamados de tributos indiretos, ou seja, nós pagamos e não sabemos quais, nem quanto e que imposto é aquele”, explica Balistiero. De acordo com o presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), João Eloi Olenike, o brasileiro ainda não vê esse repasse de tributos em forma de serviços de qualidade prestados à população. “Em 2013, o contribuinte brasileiro estará destinando 41,08% do seu rendimento bruto para pagar tributos sobre os rendimentos, consumo, patrimônio e outros, o que tem aumentado a cada ano. Em 2012, comprometeu 40,98% do seu ganho para este fim e, em 2011, 40,82%. Apesar de contribuir cada vez mais com a crescente arrecadação tributária do país, que em 2012 chegou a R$1,57 trilhão, o brasileiro conti-

nua não vendo a adequada aplicação destes recursos em serviços públicos de qualidade, principalmente nos setores de educação, saúde, segurança e outros fundamentais para que a sociedade se desenvolva.” Conforme levantamento feito em 2012 pela UHY International em relação a 22 países, o Brasil ocupa o segundo lugar do pódio dos maiores cobradores de impostos sobre consumo. Esse sobrepreço transita em um espectro amplo e, de acordo com o IBPT, onera em até 40% a vida das famílias, com impostos pagos de modo indireto. Analisando produtos individualmente, o IBPT aponta casos como o do vinho importado, que supera 80% de carga tributária. O protetor solar responde por 41,74%, sendo um produto considerado indispensável, principalmente em dias quentes. A ração para cachorro tem 41,26% de tributos. Nem o adoçante para o tradicional cafezinho escapou de ser tributado – rende 37,19% aos cofres públicos. Segundo um estudo recente feito pelo IBT, em 2013 o brasileiro vai trabalhar 150 dias, ou quase cinco meses do ano, somente para pagar impostos, taxas e contribuições aos cofres públicos. No ano passado, o contribuinte também trabalhou 150 dias em função dos impostos, mas, em razão de o ano de 2012 ter sido bissexto, cumpriu suas obrigações tributárias com o fisco um dia mais cedo, ou seja, no dia 29 de maio

Segundo o IBT, o brasileiro ainda não vê o repasse de tributos em forma de serviços de qualidade prestados à população

As empresas têm um ano para se adaptarem à exigência de discriminar nas notas e cupons fiscais o valor dos impostos pagos pelo consumidor. As que não cumprirem com a nova determinação só serão multadas daqui a um ano. No total, são sete taxas que deverão ser especificadas no documento fiscal. Todas estão embutidas no preço dos produtos. São elas: Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), PIS/Pasesp (Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), Imposto Sobre Serviços (ISS) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Conscientização

Segundo Balistiero, depois que a lei entrou em vigor, tanto consumidores quanto os lojistas vão poder usufruir dessa nova medida. “Como moramos num país que já é popularmente conhecido pela alta quantidade de impostos, muitos lojistas colocam os preços muito altos e usam da desculpa dos tributos como justificativa do valor cobrado. Entretanto, os lojistas também têm a taxa de lucro daquele determinado produto e muitas vezes também é abusiva. Agora, com tudo detalhado, o consumidor vai poder acompanhar a quantidade de impostos e analisar se a margem de lucro daquele comerciante não está muito elevada. Já o lojista, por sua vez, vai poder se eximir da culpa dos produtos serem mais caros e poder se justificar. Acho que vai ficar muito mais transparente”, declara. Para os lojistas que ainda têm dúvidas, o IBPT disponibiliza gratuitamente no seu site (http://www.ibpt. com.br) um manual para auxiliar na implantação do sistema. Por meio de cadastro, é possível baixar tabela com toda a carga tributária para cada tipo de produto, sendo que o manual auxilia na instalação da tabela no sistema que vai emitir a nota fiscal. | Julho de 2013 19


Economia

Observatório

econômico

Divulgação

Entidade funcionará na sede do Consórcio ABC e está prevista para entrar em operação já no ano que vem

Rafael Marques (esquerda) e Armando Franco (direita) discutem com outros dois interessados rumos da agência Especial para Leia abc Mohamed Waleed

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afael Marques, presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC e dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, entende que a região necessita de um mecanismo que mostre às prefeituras o que se passa nas empresas. Saber o real número de empresas, seus empregados, o que fazem, como agem, bem como sua movimentação econômica, é importante para uma região onde quase todas as cidades têm companhias fortes e que movimentam o expressivo PIB das sete cidades. A ideia é ter uma base de dados que acompanhe e sistematize os indicadores econômicos e sociais, além de atender às demandas de levantamentos específicos solicitados pelas sete prefeituras da região. “Obter dados que sistematizam o mercado é muito importante para trabalhar as políticas 20

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públicas da região. Um exemplo são os indicadores sobre a capacidade de formação profissional na região e a demanda das empresas”, diz Marques. A criação de um observatório econômico foi discutida pelo economista da Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal do ABC (UFABC), Armando Franco. Segundo ele, o banco de dados também trabalhará informações nacionais e de interesse da universidade. “Os passos para um convênio com a Agência de Desenvolvimento Econômico possibilitará a criação de um banco de dados que fique à disposição de todos”, afirma o economista.

Santo André

A ideia da criação do observatório econômico não é nova. Santo André já possui, desde os tempos do ex-prefeito Celso Daniel, um órgão de levantamento de dados, mas somente relativo à cidade. Para obter uma análise mais profunda da região é preciso esperar a divulgação dos levantamentos realiza-

dos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Compasso de espera?

O ABC vive um processo de recuperação da atividade industrial, depois de chegar ao fundo do poço no final da década passada. A forte expansão do PIB dos sete municípios e o crescimento no emprego industrial desde 2012 ilustram esta reação. Dados do IBGE apontam que, entre 2008 e 2012, houve expansão de 53,48% na economia regional, puxada pela indústria. A evolução foi acompanhada por aumento de postos de trabalho na atividade produtiva: de 2008 até julho do ano passado, houve crescimento de 18% (mais de 17 mil empregos gerados) no setor metal-mecânico. Segundo o economista Armando Franco, uma agência de desenvolvimento econômico daria mais força para levantar dados mais aprofundados. “Se acontecer, vai ser benéfico para todos na região”, resume.



Segurança

Não deixe

levarem seu carro O mercado de recursos contra a ação dos ladrões de automóveis oferece soluções cada vez mais sofisticadas (e caras), mas pequenos cuidados também podem ser muito úteis para evitar esse prejuízo

Como evitar assaltos Proteção visível - Segundo a polícia, travas podem fazer o ladrão perder o interesse por um carro

Especial para Leia abc Mohammad Waleed

Chamariz perigoso - Bolsas, pastas e objetos mexem com a fantasia dos criminosos e aumentam seu interesse por um veículo

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Atração fatal - Os ocupantes do carro não deveriam ostentar sinais de riqueza. É outro conselho da polícia Abordagem fácil - Delegado especializado recomenda não comprar nada de ambulantes no trânsito Programa arriscado - Ficar namorando ou demorar muito para sair do automóvel pode facilitar a ação de assaltantes Esquinas suspeitas - Outra sugestão da polícia: não parar nos semáforos depois da meia-noite Carro fechado - Seguradoras recomendam circular só com os vidros erguidos e as portas travadas Aproximação atenta - Cuidado com a movimentação de estranhos ao chegar em casa; se preciso, dê voltas antes de entrar Shutterstock

o ABC, dezenas de câmeras de segurança flagram uma série de assaltos em vários pontos de todas as sete cidades. Só no ano passado, segundo dados a Secretaria de Segurança Pública, mais de 30 mil veículos foram levados pelos bandidos na região. Em ruas e avenidas movimentadas, ou não, de São Bernardo, Santo André, São Caetano ou Diadema, a rotina dos assaltos é a mesma. A mais comum é quando o carro para de repente, por causa do semáforo, ou por causa de qualquer imprevisto, bandidos aparecem do nada apontando armas. O motorista é forçado a sair do veículo. Em seguida, o bando tira um bebê do banco de trás. A vítima corre para ajudar outra criança a sair. Os ladrões levam o carro. E assim gira o cotidiano dos assaltos a automóveis. Na capital, ladrões levaram 86 mil veículos das ruas. Parte dos carros roubados é levada para desmanches, onde as peças são retiradas para serem vendidas. Depois, os bandidos costumam jogar as carcaças dos veículos nos rios da capital e da região. Furtos e roubos alimentam um comércio tão rentável quanto a venda legal de veículos. Ou seja, é o segundo setor que mais cresce no comércio varejista de automóveis. Na sua esteira expandem-se

o mercado dos recursos contra furto e o das seguradoras. O principal temor dos motoristas nem chega a ser em relação ao furto, mas ao roubo. Desde que as quadrilhas de traficantes tomaram conta desse mercado, a violência tem apavorado os donos de carro. Já não se discute mais o valor do bem furtado, mas o valor da vida.

Sem resistência - 40% dos roubos são à mão armada: entregue o carro sem argumentar ou movimentos bruscos Locais visados - Evite estacionar em ruas desertas, mal iluminadas, próximas a escolas, hospitais e teatros Ação ligeira - Ladrão arrependido sugere que se usem só travas de acionamento rápido e alarmes acionados a distância Vítima vulnerável - Ao tirar peças do carro, e depois ter de recolocá-las, o motorista fica muito tempo exposto


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Saúde

Problemas de saúde que interferem na perda de peso Thamires Barbosa Nutricionista tatatri@gmail.com

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limentar-se adequadamente e praticar atividades físicas é o melhor método para perder os quilos extras de forma saudável. No entanto, quando a pessoa faz tudo de maneira correta e não nota nenhuma redução de peso, pode ser um sinal de alerta. Algum sistema em seu organismo pode estar funcionando de maneira irregular e interferindo no emagrecimento. Algumas desordens no organismo podem interferir no ganho e perda de peso, como, por exemplo, distúrbios hormonais, problemas emocionais e doenças metabólicas. Estes fatores, além de não favorecer o emagrecimento, comprometem a saúde. Entre algumas complicações relacionadas à dificuldade de perder peso está o hipotireoidismo – produção e liberação insuficiente dos hormônios da tireoide T3 e T4, o que faz todo o corpo trabalhar em ritmo lento e preguiçoso. O metabolismo desacelera, dificultando o emagrecimento, além de favorecer o ganho de peso. Para reverter esse quadro, basta procurar um profissional endocrinologista, ser avaliado e realizar a reposição hormonal. Outro fator que pode dificultar alcançar o peso desejado é o uso de anticoncepcional. Isso ocorre porque o hormônio estrógeno, presente em alguns desses medicamentos, pode levar à retenção de líquido, deixando a mulher inchada e, consequentemente, quilos a mais na balança. Para driblar o problema, a solução é trocar a pílula por uma que tenha uma dosagem menor de estrógeno ou por uma que possua um hormônio diurético e não causa retenção hídrica. O melhor profissional para indicar a pílula correta para o seu caso é o médico ginecologista. Ainda citando hormônios, há quem sofra com doenças que alteram a produção hormonal, como a síndrome dos ovários policísticos. Esta doença desregula os hormônios e interfere no funcionamento do pâncreas, que produz uma quantidade maior de insulina e, consequentemente, há maior sensação de fome. Porém o maior rival na luta contra os ponteiros na balança é o estresse. O estresse regular altera o metabolismo, deixando-o mais lento, o que dificulta o gasto energético. A fuga do estresse é quase sempre encontrada na alimentação como uma medida para satisfazer a tensão. Além disso, o estresse produz substâncias como cortisol, adrenalina e noradrenalina, que influenciam no acúmulo de gordura corporal. Investir em atividades físicas é uma ótima alternativa, pois os exercícios estimulam a liberação de substâncias que melhoram o humor e o bem-estar, mesmas substâncias liberadas quando ingerimos chocolates e doces. A dica está na hora que der aquela vontade extrema de comer doce, faça exercícios físicos. Funciona. Como saber se você sofre com algum desses problemas citados? Faça uma avaliação endocrinológica, ginecológica e exames de sangue. Tais exames vão identificar alterações que podem ser controladas e tratadas, auxiliando a perda de peso. Procure um médico e peça tais exames.

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n ARTIGO


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Saúde

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Doação nas férias Devido ao período de recesso escolar, somado à chegada do inverno, o número de bolsas de sangue diminui em até 20% na região

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Mayara Pires- mayara@leiaabc.com

ocalizado em São Bernardo do Campo, o Hemocentro do Grande ABC é responsável por abastecer oito hospitais da região, além de dois na Baixada Santista. A entidade convoca doadores para contribuírem durante o período de férias, época considerada crítica e de queda no estoque de sangue. “Não há um motivo certo, mas creio que as pessoas mudam o foco devido às férias e ao período de frio, o que leva à diminuição de doadores. A queda de doações nesta época chega a ser no mínimo de 20%. O certo seria evitar essa redução, já que não há período de pico e queda para as transfusões”, explica o doutor Teobaldo Antônio de Carvalho, hematologista e gerente regional no ABC da Associação Beneficente de Coleta de Sangue (Colsan). De acordo com o doutor Teobaldo, no momento a situação do estoque não é a ideal e, por isso, como nesta fase do ano o movimento é considerado baixo, há um trabalho forte feito através de campanhas para atrair mais doadores. A principal dificuldade é estocar sangue tipo O negativo, conhecido como doador universal, que serve para qualquer paciente. “Nos hospitais municipais é muito comum chegar emergência e não há tempo hábil para fazer análise de sangue. Muitas vezes o pa-

ciente precisa receber naquele instante e, por isso, a emergência é necessária para esse tipo sanguíneo”, explica o hematologista. Além das campanhas de incentivo à doação, a Colsan conta com as captadoras de doadores, que trabalham fortemente em busca de novos ou antigos doadores. Trata-se de funcionárias que, através do cadastro mantido pela associação, ligam para os que já participam dessa rotina convidando-os a colaborar novamente para reforçar o estoque de sangue, sempre respeitando o intervalo de tempo necessário entre uma doação e outra. No caso das mulheres, de três em três meses e, dos homens, de dois em dois. O Hemocentro de São Bernardo do Campo tem capacidade para dois mil doadores e recebe em média 1.300 a 1.400 bolsas de sangue por mês, que são distribuídas aos hospitais atendidos pela regional. Em Santo André: Centro Hospitalar da cidade, Hospital da Mulher e Hospital Mario Covas. Em São Bernardo do Campo, o HMU de São Bernardo, o PS Central e o Hospital Anchieta são atendidos pelo Hemocentro. Já em São Caetano, são atendidos o Hospital Marcia e Maria Braido e o Hospital Municipal de Emergências Albert Sabin. Além desses hospitais no ABC, o Hemocentro de São Bernardo também abastece dois hospitais na Baixada Santista: o Hospital Irmã Dulce, na Praia Grande, e o Hospital Regional de Itanhaém.

Em São Paulo Em São Paulo, a Fundação Pró-Sangue, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, convoca a população para doar sangue. Responsável pelo abastecimento de mais de cem hospitais da rede pública da região metropolitana de São Paulo, a Fundação Pró-Sangue registra um nível 95% aquém do ideal para o estoque do sangue tipo O positivo. Além disso, a instituição está em estado crítico e também precisa de doações de sangue dos fatores A positivo, O negativo, A negativo e B negativo, que também se encontram em situação crítica de abastecimento. Quem pode doar? Para doar sangue basta estar em boas condições de saúde, dormir muito bem no dia anterior e estar alimentado. É importante evitar a ingestão de comida gordurosa nas quatro horas que antecedam a doação e bebidas alcoólicas 12 horas antes da coleta. Serviço: Para informações de coleta de sangue no ABC: 4332-3900 Para informações de coleta de sangue em São Paulo: 0800 55 0300

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Cidades

Chiadeira

Manisfestantes de São Caetano reclamam do péssimo serviço de transporte na cidade

sem sentido? A avenida Goiás, em São Caetano, ficou totalmente bloqueada no início da noite de uma segunda-feira

Fotos: Omar Matsumoto

Jovens estudantes protestam na sede da Prefeitura de São Bernardo, na avenida Goiás, em São Caetano, e em Santo André, por causa do alto custo da passagens na região, mas não sabiam que o prefeito Luiz Marinho, que é presidente do Consórcio Intermunicipal do ABC, já havia determinado a redução em 0,10 para quatro das sete cidades

Redação - redacao@leiaabc.com

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de junho de 2013. Uma data para não ser esquecida. É a primeira vez em anos que jovens estudantes do ABC estão protestando por uma causa – a redução da tarifas dos ônibus que havia sido resolvida – aparentemente fora de pauta. “Meia dúzia”, ou melhor, cerca de 300 pessoas organizaram e convocaram as manifestações pelas redes sociais, que terminaram como as anteriores: confrontos de grupos radicais com a Polícia Militar e a Guarda Civil Municipal. Sete pessoas foram detidas e um guarda-civil ficou ferido após levar pedrada. A manifestação começou pacífica e os protestantes seguiram pela avenida Lucas Nogueira Garcez até o km 18 da rodovia Anchieta, por onde caminharam durante uma hora, interditando a via. De lá, foram para a avenida Lions, retornando pela avenida Senador Vergueiro até o Paço. O trânsito nas ruas centrais da 28

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cidade, que já estava congestionado por conta dos protestos realizados por caminhoneiros ao longo do dia, ficou intransitável. Passageiros desceram dos ônibus e tiveram que voltar a pé para casa depois de um dia inteiro de trabalho. Na rua Marechal Deodoro, adolescentes aproveitaram a situação para assaltar pedestres. Houve tumulto e muitos entraram em desespero, pedindo, em vão, abrigo nos comércios que baixavam as portas. Enquanto isso, a passeata cumpria cerca de nove quilômetros percorridos. Durante o trajeto, muros foram pichados com mensagens contra a polícia e pedidos de passe livre na cidade. Além disso, dois incidentes foram registrados. O primeiro ocorreu logo na saída, quando manifestantes ligados a partidos políticos e os recrutados pela internet se desentenderam. Na Anchieta, houve princípio de tumulto, após grupos mais exaltados tentarem fechar a pista sentido litoral. Quando o protesto já havia retor-

nado ao Paço, a situação fugiu do controle. Cerca de dez jovens tentaram invadir a prefeitura, obrigando as forças de segurança a reagir com bombas de efeito moral. A depredação foi grande. Vidros da fachada do Paço e da agência bancária local foram atingidos. Placas de trânsito foram destruídas e uma concessionária de veículos na avenida Pereira Barreto também foi alvo de vândalos, com a fachada apedrejada e equipamentos furtados. “Foi o dia mais difícil”, disse o secretário de Segurança Urbana de São Bernardo, Benedito Mariano. Ele afirmou que realizará reuniões com a PM para avaliar outras formas de atuação. “Precisamos melhorar a ação preventiva. Descobrimos pelas redes sociais e também pelos próprios manifestantes que pessoas com intenções criminosas estavam infiltradas no movimento.” Para Mariano, os atos de vandalismo são premeditados. “Esse grupo não tem liderança nem reivindicações. Eles chegam para destruir.”

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Cidades

Para o fundo do poço Vendas de imóveis na região caem 28% e aumenta a disparidade de preços entre a capital e as sete cidades do ABC

epois de uma fase de aquecimento, o mercado imobiliário paulistano mostra sinais de desaceleração. No primeiro semestre deste ano, as vendas de imóveis novos em São Paulo caíram 31,3%. Já no Grande ABC, a queda foi de 28%. Apesar disso, o preço do metro quadrado em imóveis novos em São Paulo subiu 8,6% em média. Assim, as cidades do ABC ainda são uma boa oportunidade para quem pretende comprar a casa própria, já que os imóveis na região custam em média 40% abaixo que na capital. Enquanto em São Paulo o metro quadrado está entre R$ 2.466 e R$ 8.519, na região do ABC este valor varia entre R$ 2.100 e R$ 4.500. Além de vantajoso para a pessoa física, a região aflora como estratégica para investimentos, diante do pleno desenvolvimento econômico que as sete cidades estão atravessando.

Consumidor

Os números revelados pela MZM Construtora mostram que o perfil do consumidor da Grande São Paulo tem sido transportado para a região. “Um dos diferenciais do ABC é, sem dúvida, a qualidade de vida. As cidades da região oferecem alta qualidade de serviços públicos, como saúde e educação, e conseguem reverter casos negativos como o de Diadema. A cidade, antes vista como violenta, conseguiu mudar sua imagem e tem atraído cada vez mais investimentos, 30

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Omar Matsumoto

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Especial para Leia abc Mohamed Waleed

Maioria dos novos compradores é de diversas regiões da capital que devem aumentar graças ao trecho sul do Rodoanel e aos recursos do pré-sal”, afirma Francisco Diogo Magnani, presidente e fundador da MZM Construtora.

Ponto estratégico

Entre os destaques positivos da região, Milton Bigucci, presidente da Mbigucci e da Associação de Construtoras do Grande ABC (Acigabc), ressalta o caso de Diadema. “Perto de duas grandes rodovias, com uma força política de olho na qualidade de vida e a proximidade com São Paulo, Diadema é um dos mercados que mais crescem na região”, afirma o empresário. De acordo com Bigucci, São Bernardo ainda lidera as vendas da região, com 1982 unidades vendidas e R$ 666 milhões movimentados, mas estes números ainda serão mais balanceados. “Há uma tendência de equilíbrio de potencial da região, que cresce junta”, argumenta. Entre os principais players do mercado imobiliário da região, estão nomes como PDG, MZM, Even, Ezetec e Gafisa. “As construtoras já perceberam que o ABC se caracteriza como um bom lugar para se construir.” E exemplifica: “Há mais ofertas de terrenos, prefeituras interessadas em novos negócios e muito

potencial de crescimento”. O único gargalo encontrado nas cidades do ABC, de acordo com o Bigussi, ainda é a mão de obra qualificada. “Mas isso não é um problema do ABC especificamente. É um desafio em qualquer região em que a construção civil esteja ganhando força”, diz.

Cenário

Para Rogério Merselles, professor de economia da Universidade Paulista (Unip), o momento de alta nos imóveis paulistanos é uma oportunidade também para a economia local. “As prefeituras deveriam incentivar ainda mais a construção, e não apenas de imóveis básicos, mas para todas as classes, já que há demanda de compradores afugentados dos altos preços da cidade de São Paulo”, explica. O professor lembra ainda que são necessárias mais obras de infraestrutura na região: “Para acompanhar esse crescimento será necessário que as prefeituras ampliem aportes em obras viárias, além de saneamento básico”. E completa: “O varejo já está acompanhando essa demanda de apartamentos, abrindo lojas no ABC e ampliando os aportes na região, o que é um sinal de potencial”.


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Comportamento

Os animais sonham?

A resposta é sim. Segundo pesquisadores, os pets quase sempre sonham com as aventuras diárias, atividades e, claro, comida

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Mayara Pires - mayara@leiaabc.com

rovavelmente, os donos já devem ter visto seus bichinhos rosnando, mexendo as patinhas e até fazendo sons estranhos quando estão dormindo. O motivo? Estão sonhando. De acordo com estudos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), a noite do bichinho pode variar de um sonho tranquilo a agitado. O ato de sonhar pode ter relação direta com o ambiente em que ele vive. Por exemplo, se o animal vive em um local barulhento, sem atenção, isso pode torná-lo um bicho estressado e solitário, que, consequentemente, dorme pouco. Já os animais que moram em um lar aconchegante e calmo, com o amor necessário, estes dormem melhor. 32

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Depois de quatro anos de estudo, os cientistas usaram camundongos acordados e adormecidos para acompanhar as atividades neurológicas por monitores cerebrais quatro horas por dia, metade enquanto dormiam e a outra metade quando desenvolviam alguma atividade rotineira como correr num labirinto ou comer suas rações, por exemplo. Com isso, conseguiram uma base fundamental para analisar diferentes padrões de sono. Os pesquisadores norte-americanos verificaram que determinadas partes do cérebro repetiam reações idênticas e com a mesma intensidade, nos dois períodos. Para os cientistas, isso pode ser um sinal de que o rato está sonhando com a ação vivida durante o dia. “Para ter 100% de certeza, só perguntando à cobaia mesmo”, brinca o pesquisador Kenway Louie, um dos autores do trabalho do Departamento de Cérebro e Ciências Cognitivas do MIT. Também não se sabe se o resultado vale para outros animais. “Não posso afirmar, mas é quase certo que sim, porque o cérebro deles é mais complexo do

que o do rato. No entanto, o mecanismo do sono opera da mesma forma”, afirma o biólogo Matthew Wilson, orientador do estudo. O que se descobriu nas pesquisas é que, assim como os ratos sonham com atividades rotineiras ou com comida, os animais classificados como sangue quente (aves e mamíferos) não ficam de fora dessa novidade científica. Para os cientistas, a descoberta é um passo importante para a ciência, principalmente porque o mecanismo que faz com que determinados eventos sejam “selecionados” e repetidos durante o sono pode permitir, no futuro, uma espécie de “sono de resultados”, ou seja, induzir o cérebro do dorminhoco a desenvolver outras atividades mentais, além do simples sonho. “Já se passou um século desde que Freud mostrou que os sonhos são um instrumento para compreender a natureza da cognição e do comportamento humano. Agora, aprendemos a mergulhar nos sonhos dos animais, o que nos permitirá aprender mais”, finaliza Wilson.


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Capa

O agente ca Papel das redes sociais como ferramenta de mobilização foi essencial para desencadear novos rumos dos protestos no Brasil Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

gens curtas, muitas vezes –, que podem lembrar bastante o slogan “diga o que você está pensando” –, sim, do Twitter. O fato é que o mundo está conectado. De alguma forma as pessoas buscam sempre compartilhar os seus interesses com pessoas do mesmo ambiente. A sociedade em rede é um dos grandes “saltos” da comunicação, ou seja, a internet

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o centro nervoso de todas as manifestações que ocorreram pelo Brasil no mês de junho estão as redes sociais. Desde o início de atividades da internet, é a mais poderosa ferramenta de arregimentação de pessoas em diferentes lugares. Tudo começou como no papel. Nos idos dos anos 1980, a transmissão dos recados funcionava através do caderno de perguntas e respostas, utilizado em salas de aula. À época, as meninas adoravam escrever o nome dos meninos e criavam uma categorização dos príncipes – que, no caso, eram os mais bonitos – e dos ogros – para os feios. Esse caderno rodava a sala inteira e normalmente era “proibido” para os meninos, e podemos dizer que era praticamente um “bullying 1.0”. Ao avaliar essa brincadeira, a reportagem de LEIA ABC entende que é possível comparar o caderno com algumas ferramentas e plataformas do meio digital como o blog – afinal o caderno continha diversos comentários e também emoticons, estrelas para favoritos e até sinais de +, o que provavelmente gerou os botões do Google +1 ou a palavra curtir do Facebook. Outro exemplo pode ser visto nas portas de banheiros de empresas, dos aeroportos e de rodoviárias com diversas citações – mensa34

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Nos dias atuais, estar conectado deixou de ser um luxo e acabou sendo parte da cesta de contas mensais

propiciou e propicia a esses modos uma presença e percepção jamais conhecida, pois conectam pessoas de diferentes lugares, regiões e ideologias, que passam a entender melhor as diferenças existentes. É por isso que as grandes empresas utilizam esses ambientes na busca de novos consumidores e “evangelistas” para sua marca. O mundo caminha cada vez mais para o virtual. Os smartphones, também, estão a todo vapor juntamente com os tablets e as tevês inteligentes, que estão aos poucos chegando aos lares das famílias – encurtam a distância e aproximam mais pessoas que estavam distantes. Vivenciar o poder das pessoas no uso desses instrumentos, a tecnologia viabiliza cada vez mais o relacionamento através das redes sociais, que têm poder de penetração eficaz. Ao mesmo tempo, é fundamental compreender e entender a sua utilização. “Não adianta ter presença se você não interage, não adianta pegar o texto do seu site e colocar no Twitter um link. É preciso engajar, criar relacionamento”, explica o professor Vinicius Dias, que é especialista em comunicação e mídia. Ele diz que até hoje escuta muitas críticas por parte de muitas pessoas que apostaram nas redes sociais e tiveram uma enorme decepção, que não entenderam realmente o sentido de mobilização e como utilizar as redes sociais a favor. A crença de que tudo que é publicado na internet pode ser visto pelo mundo sustenta, há muito tempo, a hipótese de que a democratização da comunicação se consolidou, pois todo indivíduo tem a possibilidade de ser ouvido. Com o surgimento da Web 2.0, isso se potencializou.


causador Omar Matsumoto

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Capa Multiplicação

O acesso à informação, com produção de conteúdo informativo ou não, multiplicou exponencialmente as opções de fontes. As redes sociais criaram novas possibilidades, que vão além das simples conexões sociais. Elas têm se mostrado como poderosas ferramentas de organizações políticas da sociedade. Mais: o poder das redes sociais é notado a todo instante. Muitas articulações acontecem fora da rede e depois ganham grandes proporções. A Primavera Árabe, ainda que não seja o primeiro, mas se tonou emblemática. A partir de um modelo de mobilização se manifestou na Tunísia e foi replicado em quase todo o mundo árabe. Milhares se uniram e decidiram

Jovens estudantes se juntaram aos movimentos sociais para protestarem

Baderneiros se escondem atrás de máscaras para não ser identificados utilizar as redes a seu favor. Ditaduras ruíram ou estão para ruir e o status quo de toda a região se transformou. No Brasil, algo que seria impensável tempos atrás – uma oposição organizada – surgiu espontaneamente através das redes sociais. Sem uma posição política ou ideológica definida, os ciberguerreiros, como ficam conhecidos os manifestantes, conseguiram o sentimento latente da insatisfação da sociedade depois de um caso isolado – distúrbios na capital por causa do aumento de R$ 0,20 na passagem de ônibus foram o estopim para o levante. Em pouco tempo, o que parecia ser uma manifestação se transformou numa onda de protestos em todo o país e os resultados ainda não foram definidos. O que foi de fato constatado é que os agen36

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tes públicos baixaram as tarifas ou congelaram os aumentos dos transportes. A atitude da população assustou políticos, deixou atônitas sociedades organizadas e sem rumo muitos que tinham uma bandeira partidária. A internet trouxe novas formas de comunicação, os comunicadores instantâneos como o MSN, o telefone pela internet como o Skype, o email, as redes sociais como o Orkut, entre outros, são ferramentas baseadas na internet, que possibilitou uma verdadeira revolução na forma como comunicamos com outras pessoas. Este é um ponto muito positivo, pois

GCM , mesmo reforçada, não conseguiu impedir depredações no Paço


não só barateou o custo da comunicação como tornou as pessoas mais próximas. Mas há um lado negativo que é a exclusão digital, ou seja, muitas pessoas estão sem acesso à internet e do ponto de vista tecnológico estão excluídas digitalmente.

Twitter e Facebook

O uso massivo das redes sociais, notadamente Twitter e Facebook, foi fundamental para arregimentar adeptos da revolta por causa do aumento da tarifa de ônibus, ou seja, pelo R$ 0,20 de alta. Elas não apenas organizam as manifestações, como também informam os desdobramentos. Mais, tornam-se fonte para mídia e também para o mundo em plena Copa das Confederações. Em tempo real, fotos, textos e vídeos eram postados nos servidores do Twitter, Facebook e YouTube, o que possibilitou ao mundo acesso aos acontecimentos e conhecer a dimensão das manifestações. “As redes sociais assumirão o real papel de garantidores da liberdade de informação e de expressão”, diz o professor de comunicação Vitor Iório, da Univer-

sidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Mobilização social

Não há novidade alguma no fato de as pessoas se reunirem para reivindicar algo, lutar por uma causa ou defender uma bandeira. Os descontentes com o estado natural dos fatos sabem da lógica “unidos somos mais fortes”. Então, o que há de novo nas mobilizações atuais? “A novidade é a forma como isso tem acontecido. Se antes a praça era o espaço público onde surgiam os grandes clamores sociais, hoje basta um computador para que se inicie uma revolução”, expli-

As redes sociais fazem o papel de agente multiplicador; milhares apoioam diversos movimentos diariamente

ca Vinícius Dias, especialista em comunicação e mídia. A internet mudou completamente a forma como a sociedade se organiza – e as redes sociais potencializaram ao extremo as possibilidades de mobilização social. O conceito de interatividade ficou esvaziado diante da horizontalizarão do processo de constituição da mídia, que, ao contrário da chamada mídia de massa, distribuiu a mensagem de uma maneira e gerou poder. Hoje há participação, interatividade e envolvimento. Conectado, o Movimento Passe Livre, o agente causador que desencadeou os protestos, reivindicou apenas a diminuição do R$ 0,20 na tarifa de ônibus em São Paulo, mas há uma insatisfação geral contra os desmandos do poder público.

Plebiscito

Agora está nas mãos do Executivo o próximo passo para pôr fim ao descontentamento geral. O governo propõe um plebiscito (leia em política) para tentar aplacar a situação.

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Meio ambiente

O rio, quase morto, pede socorro O Tamanduateí, que passa por três cidades importantes da região, vive há anos na agonia, como depósito de esgoto, e ainda está sem previsão de ser “reavivado”

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ambiental do rio teve início de maneira sutil na década de 1920. O processo de degradação do rio por poluição industrial e esgotos domésticos no trecho das três cidades por onde passa tem origem principalmente no processo de industrialização e de expansão urbana desordenada ocorrido nas décadas de 1940 a 1970, acompanhado pelo aumento populacional ocorrido no período, em que o município evoluiu de uma população de dois milhões de habitantes.

O Tamanduateí ficou mais conhecido pelos problemas ambientais, especialmente o trecho que banha a capital

Divulgação

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Tamanduateí é um rio que nasce dentro do Parque Ecológico Gruta de Santa Luzia, em Mauá, quase próximo à serra do Mar, e deságua no Tietê em São Paulo, em frente ao Complexo do Anhembi. Com uma bacia hidrográfica de 320 quilômetros quadrados e extensão de 35 quilômetros, o Tamanduateí, que em tupi-guarani significa “rio de muitas curvas” ou “dos tamanduás”, está muito sujo. À primeira vista, parece apenas ser um córrego fétido, que serve de depósito de detritos de quatro cidades por onde passa – Mauá, Santo André, São Caetano do Sul e São Paulo –, mas não é. É um rio que tem história, entretanto, no momento, vai continuar a ser um dos mais poluídos de São Paulo. Embora seja um dos rios mais importantes economicamente para o Estado de São Paulo, o rio Tamanduateí ficou mais conhecido pelos seus problemas ambientais, especialmente no trecho em que banha a cidade de São Paulo. Não faz muito tempo que o Tamanduateí se tornou poluído. Ainda na década de 1960, o rio tinha até peixes. Mas a degradação

Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

Depósito de esgoto: quatro municípios despejam toneladas de agentes tóxicos no Tamanduateí

Degradação

Esse processo de degradação a partir da década de 1940 também afetou outros afluentes, como o rio Aricanduva. O Tamanduateí traz da região do ABC os esgotos industriais das grandes fábricas. A política de permitir uma grande expansão do parque industrial de São Paulo sem contrapartidas ambientais acabou por inviabilizar rapidamente o uso do rio para o abastecimento da cidade e inclusive para o lazer. Há um projeto do governo do estado para despoluir o rio, mas até o momento ainda não saiu do papel. A partir das décadas de 1960 e 1970, a falta de vontade política dos então governantes, além de uma certa falta de consciência e educação ambiental da população (agravada pela ditadura militar), anulou qualquer iniciativa em gastar recursos em sua recuperação. Isso, aliado à crescente demanda (fruto da expansão econômica e populacional da cidade), degradou o rio a níveis muito intoleráveis na década de 1980.


Beleza do passado

Fonte de desenvolvimento para a cidade de Mauá, no passado as águas do Tamanduateí foram utilizadas de diversas formas pelas indústrias de pedra, de louça, de cerâmica e de tratamento de couro da cidade. As fábricas fazem parte também da história de Mauá e alguns de seus vestígios são tombados pelo Patrimônio Histórico, como a chaminé remanescente da fábrica de couro Cortume. Enquanto esperam os investimentos do estado para despoluir o rio, as prefeituras tentam fazer o que podem para tirar o mau cheio e eliminar as toxinas. A cidade de Mauá eliminou há pouco mais de um ano e meio 12 pontos de lançamento de esgoto nos córregos para começar a despoluição da nascente. Cerca de 20 mil pessoas foram beneficiadas com essas intervenções. Mauá tem como meta para 2015 chegar a 100% do esgoto do município coletado e tratado. Para isso está sendo construída no bairro do Capuava a estação de tratamento de esgoto.

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Educação

O melhor momento

para estudar fora Passar uma temporada de estudos no exterior é o sonho dourado de muitos brasileiros. Independentemente da faixa etária e das aspirações envolvidas

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Redação - redacao@leiaabc.com

ais acalentam proporcionar aos filhos adolescentes a oportunidade de cursar parte do ensino médio fora, vivenciando outra cultura e afiando uma segunda língua para o cada vez mais concorrido mercado de trabalho. Jovens recém-chegados à maioridade mergulham em testes, formulários e seleções disputadíssimas para obter a chance de se sentar nos bancos de universidades centenárias. Profissionais estabelecidos dão uma pausa na rotina para aprimorar o currículo em pós-graduações ou MBAs. E pessoas de todas as idades se deliciam com o cardápio de cursos livres que salpicam pelo mundo, numa democracia de datas, durações e temas. Os anseios são muitos, mas, até há pouco tempo, só alguns privilegiados conseguiam realizá-los. Pois bem, isso mudou. Estudar no exterior deixou o terreno da fantasia distante e passou a ser a doce realidade de muitas pessoas, graças ao real fortalecido em relação às outras moedas, principalmente ao dólar.

Novos horizontes

“A moeda forte amplia os horizontes de quem busca o intercâmbio”, diz Samir Zaveri, coordenador da Feira de Intercâmbio e Cursos no Exterior. Hoje em dia, por exemplo, é comum uma família 40

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gastar mais para manter um filho estudando numa escola de primeiro time no Brasil do que no exterior – especialmente se o curso for high school, equivalente ao ensino médio nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo que se investe alto aqui em escolas particulares, transporte, material didático e demais despesas, quem faz high school na América só paga passagem aérea e infraestrutura, pois escritórios especializados encontram colégio e casa para o estrangeiro e assumem a responsabilidade pela papelada necessária. Um ano nos Estados Unidos sai por US$ 7,5 mil, pouco mais de R$ 12,5 mil, fora o transporte aéreo. Tal cenário fez o número de brasileiros que vão estudar fora subir 15% em um ano. Segundo dados da Feira de Intercâmbio e Cursos no Exterior, em 2012 foram 190 mil. E, em 2013, devemos romper a barreira dos 200 mil. O principal destino continua sendo os Estados Unidos, por conta da rele-

vância do inglês e do número de parcerias firmadas entre instituições nacionais e americanas. De acordo com o relatório anual “Open Doors 2012”, 8.786 brasileiros estão matriculados lá em escolas de ensino superior, cursando graduação, pós ou inglês. O segundo principal destino é a França. O país europeu mantém 631 convênios com universidades brasileiras e recebeu 2,9 mil alunos nos níveis de graduação e pós só no ano passado.

Levantamento

A LEIAABC fez um levantamento de tudo o que é necessário saber para aproveitar esse bom momento e programar uma temporada de estudos no exterior – quanto custa, quando ir, melhores cursos e instituições e a alternativa das bolsas de estudo, entre outras orientações. O caminho é trabalhoso e cansativo, mas profundamente recompensador. Que o diga o matemático de Santo André Vic-

5 motivos para você estudar no exterior 1. Esteja entre as melhores: de acordo com o principal ranking universitário internacional, o Times Higher Education (THE), publicado em Londres, 44 das 100 melhores universidades do mundo ficam nos Estados Unidos. Outras 31 ficam na Europa. 2. Prepare-se para o futuro: viajar e conhecer novos lugares e culturas irá expandir a sua visão de mundo e deixá-lo mais apto para se adaptar a ambientes diferentes. 3. Melhore sua comunicação e liderança: segundo a pesquisa Working Beyond Borders, realizada pela IBM com mais de 700 executivos de recursos humanos do mundo todo, a liderança criativa foi apontada como a demanda mais importante para as organizações nos próximos anos. 4. Desenvolva–se como empreendedor: cabeça de dono! Esta é uma das principais características que se veem nas descrições de vagas hoje em dia. Ter um perfil empreendedor significa resolver problemas com senso de propriedade, fazendo acontecer. 5. Tenha um Inglês fluente: Segundo a empresa Michael Page, referência na América Latina em recrutamento especializado de executivos, na maioria dos casos os profissionais que têm um bom inglês crescem mais rapidamente dentro das organizações.


Realidade absoluta

Por mais que o real esteja valorizado, estudar no exterior continua sendo um alto investimento. Por isso, é fundamental escolher muito bem o que fazer e para onde ir. O paulistano Henrique Flory, 42 anos, que faz mestrado em administração pública em Harvard, tem uma tese interessante. Para ele, na hora de decidir por um curso e por uma instituição é preciso avaliar os três “Cs”. Ou seja, quanto a experiência lhe trará em conhecimento, contatos e credibilidade. “Harvard oferece os três “Cs” em profusão”, diz ele, entre uma aula e outra, no campus da universidade, em Cambridge, onde divide a mesma sala de aula com personagens relevantes do cenário mundial como Vasil Sikharulidze, ex-ministro da Defesa da Geórgia, e Violet Gonda, considerada a voz da resistência contra o ditador do Zimbábue, Robert Mugabe. O aluno que viaja para o exterior para fazer um curso superior deve, no entanto, estar atento para a revalidação de seu diploma internacional. No caso específico do ensino médio (high ­school), ela é bu-

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tor Bicalho, 27 anos. Ao terminar o ensino médio, ele deixou de lado os livros do vestibular para se candidatar a uma vaga em uma universidade americana, inspirado pelo pai médico, estudante de pós-graduação nos Estados Unidos, e pela lembrança de um curso livre de inglês que fez durante a adolescência na Inglaterra. Excelente aluno, determinado, não só conseguiu uma vaga em uma faculdade americana, como também alcançou o olimpo: entrou na lendária Harvard, uma das mais conceituadas instituições de ensino do mundo, onde permaneceu de 2002 a 2006. Hoje, formado em economia e matemática aplicada e trabalhando em um escritório de investimentos imobiliários em São Paulo, Bicalho tem a sensação de que a estada em terras estrangeiras o fez crescer como nunca. “Harvard é uma efervescência, lá as coisas acontecem”, diz o mineiro, que presenciou, por exemplo, o nascimento da rede de relacionamentos Facebook, pelas mãos do colega Mark Zuckerberg, em 2004.

Aproximadamente 200 mil pessoas foram estudar fora do país em 2012 rocrática, porém garantida. Por essas e outras, fazer high school continua sendo uma excelente oportunidade para aprender outra língua e experimentar outra cultura. O paulistano Leonardo Pedro Perrelli Faria, 17 anos, escolheu a Inglaterra e passou dez meses do ano passado na cidade britânica de Worthing. Além do inglês impecável, conquistou autoconfiança e muitas amizades. “Nos feriados e nas férias, eu aproveitava para viajar”, diz ele, que visitou a França, Dinamarca, Suécia, Holanda, Bélgica, Alemanha, Escócia e as Ilhas Canárias. Quando voltou para o Brasil, Faria constatou que tinha melhorado muito em matérias que antes pouco lhe interessavam. “Em história, por exemplo, comecei a tirar nota oito e nove, coisa que nunca tinha acontecido”, diz. Segundo ele, o enfoque e o rigor britânico com a disciplina foram fundamentais para a mudança. “Pretendo cursar parte da faculdade de administração que vou fazer em uma instituição inglesa”, planeja o estudante, confirmando uma tendência apontada por especialistas: quem vai para o Exterior no ensino médio costuma voltar na época do ensino superior. São histórias assim que empolgam outros brasileiros a arrumar as malas. A paulistana Letícia Gerola, 16 anos, está ansiosa para passar seis meses na Belleville High School, em Toronto, no Canadá. O embarque está previsto para o final de julho e ela deve começar os estudos já em agosto, início do ano letivo no hemisfério Norte. A jovem será a primeira dos três irmãos da família Gerola a fazer intercâmbio. “Quero ganhar fluência no inglês e ter mais independência”, diz ela, que ficará em uma casa de família canadense. Os pais se dividem entre a felicidade de poder mandar a primogênita para uma experiência tão rica e a antecipação da saudade. “Se o dólar estivesse alto, não poderíamos bancar a viagem”, reconhece a fisioterapeuta Aparecida de Oliveira, que nunca passou mais de 15 dias distante da filha. Nos últimos cinco anos, o Canadá tem atraído cada vez mais estudantes do ensino médio porque, ao contrário dos EUA, permite que os intercambistas escolham em qual escola estudar e com qual família morar. | Julho de 2013 41


Esportes

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Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com

o atletismo, o único momento de ajuda coletiva são as provas de revezamento 4x100 e 4x400. Nas demais modalidades, é puro individualismo. As pessoas que competem entre si mostram que a individualidade está mais do que presente. Entretanto, cai por terra aquele sentimento de que, após a prova realizada, o vencedor e o vencido nunca estarão juntos. Dezenas de atletas e ex-atletas acabam se ajudando mutuamente em várias questões. É um empréstimo de uma par de tênis para treinar, um dardo para lançar, ou uma vara para saltar. Tudo mostra que a solidariedade se faz presente em momentos tensos da vida. Talvez seja esta a explicação para que muitos atletas, depois do término das competições, ou mesmo após ter encerrado a carreira, façam dos concorrentes das pistas um verdadeiro amigo. Em São Paulo, ex-atletas de várias modalidades criaram Os “melhores do atletismo”. Sem alusão pejorativa, o grupo reúne ex-atletas de diversas modalidades que competiram no Brasil e também fora e têm objetivo de trocar experiências de trabalho depois que deixaram o atletismo como profissão. “A intenção era reunir os ex-atletas, através das redes sociais, apenas para fazer um reencontro. A surpresa foi que tudo tomou uma proporção tão grande que gente de todo o Brasil e outros que firmaram suas vidas no exterior foram aderindo ao grupo de maneira espontânea”, explica a hoje corretora de seguros Cintia Camossato e que no passado, não tão distante, foi arremessadora de peso. “Competi com a Elizangela Adriano, entre outras atletas da minha modalidade. Simplesmente digo que hoje somos amigas fiéis, assim como muitos outros do 42

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Da competição

à amizade fiel

Cintia Camosatto

Ex-atletas se encontram, formam círculo de amizade e mostram que o esporte também ajuda a criar pessoas que se ajudam

Ex-atletas hoje são profissionais liberais, empresários e empreendedores grupo se tornaram amigos, compadres, foram testemunhas de casamentos, entre outras situações que sequer imaginávamos no passado”, explica Cintia, que é a mentora intelectual do grupo. O primeiro encontro do grupo foi no ano passado. De maneira inusitada, os ex-atletas foram assistir ao Troféu Brasil de Atletismo e, constatando que muitos não se viam há tempos, os dirigentes paulistanos da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAT) apoiaram a iniciativa e tornaram o encontro oficial. Os anos se passaram e hoje esses ex-atletas, na sua maioria, seguem de acordo com o que optaram para o “pós-atletismo”. São empresários, profissionais liberais e funcionários públicos, jornalistas, que enfim seguem suas profissões.

“O esporte foi fundamental na vida de todos, porque foi na convivência diária de treinos e determinação que aprenderam duas grandes virtudes do ser humano: a paciência e ser tolerante”, explica Cintia. Segundo ela, o que se observou nos encontros dos ex-atletas em São Paulo é que várias gerações do atletismo estavam reunidas e a harmonia é algo outrora inimaginável. O tempo não apagou a união e a cumplicidade e ainda fez o bem, porque recordar o passado entre treinos e competições é algo que só faz bem. Foi um tempo de muito aprendizado, alegrias e tristezas. É fato que o esporte faz a diferença na vida de qualquer pessoa, a formação que é dada ao atleta como disciplina, ser perseverante e respeito ao próximo.


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Cidade que rertomar à primeira colocação perdida para São Bernardo em 2012 com novos atletas

São Caetano participa da 57ª edição dos Jogos Regionais Delegação chega a Barueri com aproximadamente 400 pessoas, entre atletas, técnicos e dirigentes

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Mayara Pires - mayara@leiaabc.com

cidade de São Caetano participará dos Jogos Regionais entre os dias 17 e 26 de julho, em Barueri, com outras oito regiões esportivas representadas por mais de 600 municípios do Estado de São Paulo. A competição reúne modalidades como atletismo, basquete, biribol, bocha, boxe, capoeira, dama, futebol, futsal, ginástica artística, ginástica rítmica, handebol, judô, karatê, kickboxing, luta olímpica, malha, natação, taekwondo, tênis, tênis de mesa, voleibol, vôlei de praia e xadrez. A cidade de São Caetano do Sul participará desta edição com um time de aproximadamente 400 pessoas, en-

tre atletas, técnicos e dirigentes. A expectativa é de que a cidade fique entre as três primeiras colocações na disputa do título de campeão geral. Vale a pena lembrar que São Caetano coleciona em seu currículo 14 títulos nas últimas 16 edições do evento. Quem comandará a delegação será o professor Marcos Siarvi, servidor de carreira da Secretaria de Esporte e Turismo há 25 anos. Desenvolvido pelo governo do Estado de São Paulo, através da sua Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude, os Jogos Regionais são disputas classificatórias para os Jogos Abertos do Interior, maior competição poliesportiva da América Latina e que reúne cerca de 15 mil atletas.

História

Em 2012, São Caetano do Sul conquistou o titulo dos Jogos Abertos do Interior disputados em Bauru. A cidade terminou a competição com 295 pontos, seguida por São José dos Campos,

com 286 pontos, e Piracicaba, com 262 pontos. São Bernardo ficou em quarto lugar, com apenas um ponto a menos que a delegação de Piracicaba. Com o primeiro lugar conquistado nesses Jogos Abertos, São Caetano retoma a hegemonia na competição. A cidade venceu 14 competições dos últimos 16 Jogos Abertos. Em 2011, a cidade vencedora foi São Bernardo. No quadro de medalhas dos Jogos Abertos disputados em Bauru, a campeã São Caetano conquistou um total de 224 medalhas, sendo 125 de ouro, 72 de prata e 47 de bronze. São Bernardo terminou com 98 medalhas, sendo 38 de ouro, 35 de prata e 25 de bronze. Na segunda divisão do torneio, Santo André conquistou 39 medalhas, sendo nove de ouro, dez de prata e 16 de bronze. Mauá ficou com nove medalhas, sendo quatro de ouro, três de prata e duas de bronze. O quadro de medalhas não caracteriza a classificação por pontuação. | Julho de 2013 43


Direito

O ato médico e a “cura gay”

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lém das manifestações que se espalharam pelo país no mês de junho, outros assuntos têm sido pauta da mídia, como, por exemplo, a chamada “cura gay”. Este projeto de lei que num primeiro momento recebeu aprovação na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados no último dia 18 de junho, mas depois foi arquivado no plenário da Câmara, previa a revogação dos artigos 3º e 4º da resolução do Conselho Federal de Psicologia que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão do tratamento de pessoas que têm orientação sexual diversa da maioria. A citada resolução impedia que o psicólogo tomasse qualquer medida para diagnosticar e tratar pessoas que tivessem conduta homossexual. O projeto de lei anularia o impedimento para o psicólogo diagnosticar e tratar condutas homossexuais. A chamada “cura gay” caminhava para a aprovação em paralelo à questão do Ato Médico, aprovado pelo plenário do Senado em 18 de junho de 2013, que trata de restringir aos médicos, segundo a Associação Médica Brasileira, “o reconhecimento da importância”. (http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=881210&filename=PDC+234/2011 2 Resolução nº 1/99, de 23 de março de 1999) A primeira proposta sobre o tema, PLS 25/2002, foi apresentada pelo então senador Geraldo Althoff (PFL-SC). Em seguida, o senador Benício Sampaio (PFL-PI) apresentou o PL 268, que também tratava de regulamentação. A convergência do tema permitiu que as duas propostas fossem apensadas e tramitassem juntas. O projeto já saiu do Senado, em 2006, na forma de substitutivo da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), relatora na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), baseado no PL 268. Enviado à Câmara, foi modificado novamente e voltou ao Senado como novo substitutivo (PLS268/2002), em outubro de 2009. E, como sabemos, a psicologia não é uma área ou uma especialidade da medicina. Então, teremos, com a virtual aprovação do Ato Médico, dois pesos e duas medidas? Restarão as dúvidas a serem sanadas como tarefa ao Judiciário? De outro lado, devemos lembrar que, em 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou o homossexualismo da lista internacional de doenças. E, se não é doença, por que precisa de diagnóstico e tratamento? Aliás, que tratamento seria este? No final, a falta de sintonia de nossas Casas Legislativas acabará por colocar em litígio os Conselhos Federais de Medicina e de Psicologia. Horas de debates, muito papel e muito tempo na mídia serão gastos antes que nossos políticos possam entender o anseio popular e trabalhar para que o cuidado com o cidadão esteja em consonância com sua qualidade de vida e seus valores, em vez de estabelecerem regras que mais parecem de cunho ou recalque pessoal. (http://www.ufrgs.br/e-psico/etica/temas_atuais/ato-medico-pls25-02.html)

Patricia Bono Advogada, mestre em direitos difusos e coletivos, articulista e conferencista.

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n ARTIGO


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A Leiaabc pergunta

O mundo do balé

a partir de São Caetano Mayara Pires - mayara@leiaabc.com

Quando você começou no balé? Aos 5 anos, com a minha mãe me levando para uma escola de bairro. Aos 7 anos, uma professora sugeriu que eu fizesse um teste para a Escola de Bailado de São Caetano do Sul. Passei e fiquei dançando lá por oito anos.

Ela era uma criança quando sua mãe a matriculou numa pequena escola de bairro. Na inocência da infância, Elisangela Ferreira não sabia que, ali, começava sua carreira de bailarina e seria o pontapé para a dança como profissão. A professora, e bailarina profissional, iniciou suas atividades na Fundação das Artes de São Caetano do Sul, ganhou prêmios com espetáculos e brilhou em palcos do Brasil e no mundo.

E seus trabalhos na Fundação das Artes de São Caetano do Sul? Realizei um teste para estudar balé na Fundação das Artes e, devido ao meu bom desempenho nas aulas, fui convidada para participar do grupo de dança da escola que era dirigida, na época, pela atual coordenadora de dança Caren Polido Ferreira. As coreografias da Fundação tinham uma linguagem clássica e nós, meninas do grupo, desejávamos algo diferente. A partir daí, a Caren propôs convidar coreógrafos que tivessem um estilo mais contemporâneo. Nesta época, conheci vários coreógrafos como Miriam Druwe, Luiz Ferron e Ivonice Satie.

O que o balé representa na sua vida? É difícil conseguir descrever. Acho que é normal em todas as carreiras passar perguntas pela nossa cabeça como: “Será que tem que ser assim?, Por que é tão difícil?, Eu mereço isso?”. São dificuldades normais e rotineiras que passamos em qualquer meio profissional. No meu caso, é a dança. Nunca pensei em desistir porque a dança representa tudo na minha vida e nunca me vi fazendo nada além disso. Faço a dança com muito amor e sou feliz por poder viver e trabalhar com o que eu tenho paixão em fazer.

Omar Matsumoto

Como é conseguir driblar os problemas de viver da arte no Brasil? Realmente, é muito difícil viver da arte. Mas acho que melhorou um pouco nos dias atuais. Também vejo que falta muito incentivo do poder público para apoiar e divulgar a produção artística e cultural no Brasil. Às vezes, há belos espetáculos com preços acessíveis, mas ficam à margem por falta de divulgação. Em outros países faz parte da rotina e da cultura do povo frequentar teatros, assistir a espetáculos. No Brasil essa cultura é muito fraca.

Foi o balé que te proporcionou tudo isso? Em 1999 a Fundação criou a Stacatto Cia. de Dança de São Caetano do Sul, que me deu um passo rumo à profissionalização. Ao trabalhar com a Ivonice Satie na coreografia Yin, recebi dela o convite para trabalhar na Companhia de Dança do Amazonas, onde tive a honra de interpretar importantes coreógrafos, como Henrique Rodovalho, Sandro Borelli, Anselmo Zolla e o alemão Olaf Schimidt. Sua experiência internacional? Morei na Alemanha por quatro anos. Também estive na França com a coreografia chamada Grito Verde, de Ivonice Satie.

É difícil viver da arte no Brasil. Melhorou, mas pouco | Julho de 2013 47


Turismo

Um festival de inverno para valer Paranapiacaba inicia a segunda quinzena de julho com a décima terceira edição do festival que pretende chamar a atenção de São Paulo

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Especial para Leia abc Mohamed Waleed

oa música para todos os ouvidos e gastronomia de qualidade. São dois argumentos para experimentar a edição 2013 do Festival de Inverno de Paranapiacaba. O evento começa na segunda quinzena de julho, com alguns dos principais representantes da música popular brasileira e instrumental, e prossegue nos dias 20, 21, 27 e 28 de julho. O festival vem para somar com uma série de ações de revitalização e retomada do projeto de turismo na Vila de Paranapiacaba. Para Carlos Grana, prefeito de Santo André, este primeiro festival de sua gestão é uma preparação para o ano que vem. “Vamos nos empenhar para realizar as manutenções necessárias na Vila, pois 2014 é ano de Copa do Mundo e devemos atrair muito mais turistas para Paranapiacaba”, afirma. Segundo os organizadores do festival, os novos locais das apresentações facilitam o acesso e a circulação do público pela parte baixa da Vila. Outra novidade é a instalação de serviços nos prédios já existentes, o que dispensará, por exemplo, a instalação de barracas, como as da praça de alimentação, no meio das ruas. “Transformaram o festival em quermesse, e esta não é a intenção. Vamos retomar a essência deste evento na Vila”, diz Ricardo Di Gior48

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Estilo inglês das casas da vila chama a atenção dos frequentadores

Prefeito Carlos Grana apresentou o festival que está cheio de inovações


Roteiro turístico

Casarão onde acontecem as peças de teatro e também shows foi reformado para garantir segurança

Além do melhor da música brasileira e instrumental, o público que visitar a Vila de Paranapiacaba durante o festival terá como atração o Roteiro Turístico dos Sentidos, que pretende despertar memórias ligadas aos cinco sentidos. “Pensamos neste roteiro de forma a utilizar os espaços da Vila para trabalhar cada um dos sentidos e estações do ano. Estes espaços serão organizados a partir da inserção de instituições parceiras na composição da exposição”, afirma a diretora de Turismo de Santo André, Silvia Costa.

Cronograma As principais atrações do festival, no palco do antigo mercado, serão Ana Cañas e Arnaldo Antunes, Pedro Mariano, Guilherme Arantes, Zeca Baleiro, Ivan Lins e o espetáculo de tributo ao Beatles All you need is Love. As apresentações serão sempre às 15 horas. O palco do Sesc, no Clube ULS, receberá os shows de Mirianês Zabot e David Kerr e Canastra Trio, Nhocuné Soul e Hammond Grooves Trio, Trio Camará e Sara Chrétien Sexteto, Ieda Cruz e Marcel Powell e Havana Brasil, Paulo Neto e Verônica Ferriani e Itamara Koorax, e Vânia Bastos e Bodes e Elefantes. Outros palcos funcionarão na rua Direita, na Casa Fox, no Viradouro e na área das antigas oficinas. O festival de 2013 volta a abrir espaço para os novos talentos da região. Entre outros, o público poderá conferir shows de Magdiel, da banda Erick Von Zipper. A programação terá ainda apresentação do mágico Dimy e de Marionetes.

Pedro Mariano é uma das atrações do festival neste ano gio, secretário de Gestão dos Recursos Naturais de Paranapiacaba e Parque Andreense. De acordo com o secretário, está prevista a circulação de 10 mil a 20 mil pessoas por dia de festival. “Esta quantidade é o dobro dos anos passados devido ao cancelamento do Festival do Chocolate de Ribeirão Pires”, afirma Giorgio. Todas as atrações são gratuitas e não há necessidade de retirar ingressos antecipados, exceto para os shows realizados no palco do Sesc. Nos dias do festival, as atividades têm início ao meio-dia.

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Tecnologia

Segurança na URNA ELETRÔNICA n ARTIGO

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m tempos de protestos, tempos em que se discute a conduta política no país, e, como todos sabem, tendo como maior arma do povo o voto, uma aliada ou vilã está sempre sendo lembrada: a urna eletrônica. A urna eletrônica é a responsável pelo depósito e contabilização de nossos votos, é a interface e a guardiã de nossos votos e, desta forma, o temor por sua segurança é justificável. Diversos ataques à reputação da segurança da urna eletrônica têm sido efetuados nos últimos tempos, com casos de fraude sendo levantados e outros até veiculados em vídeo. A urna eletrônica é um sistema computacional (computador) dedicado, ou seja, foi concebida para um fim específico que é a votação. Dentro da urna temos o sistema operacional Linux, considerado um dos mais seguros existentes, mas que por utilizá-lo a urna brasileira não pode ser utilizada nos Estados Unidos, pois suas leis impedem que o sistema de votação seja dependente de um software. No processo de votação alguns procedimentos são sempre seguidos: • Lacre da urna para garantir que ela não tenha sido adulterada. • Impressão da zerézima minutos antes da votação para garantir que a urna está sem nenhum voto. • Ao fim da votação a impressão de três a cinco papeletas com a lista de candidatos e cada voto recebido. As papeletas com os votos são distribuídas de forma que uma delas é levada para o TRE para auditoria, uma é fixada na porta da seção eleitoral, e as outras são distribuídas aos fiscais dos partidos que chegarem primeiro à seção. Vale lembrar que, até o momento da apuração, a urna não possui nenhum tipo de conexão com o mundo externo. Na apuração, os dados são retirados das urnas e contabilizados em um sistema central. Como procedimento, para teste de segurança, de tempo em tempo, é oferecido um desafio com premiação para qualquer pessoa que queira tentar quebrar a segurança da urna e, caso alguma falha ocorra, ela é imediatamente corrigida. Então, mesmo assim, é possível uma fraqueza na urna? Bem, todo o sistema computacional possui fraquezas e algumas das quais foram levantadas na mídia. • Mudança do programa interno da urna: para isso o lacre teria de ser rompido ou substituído, mas, em ambos os casos, é detectável tanto pelo lacre quanto pelo próprio programa que não é igual ao original. • Alteração dos dados na contabilização dos votos: sim, uma invasão é possível, mas improvável e totalmente detectável. Afinal, além de não ter nada a ver com a urna, os partidos já possuem os votos que seus fiscais anotaram das papeletas fixadas nas portas das seções. Ora, se os partidos possuem os dados, possuem fiscais que verificam as urnas e, ainda, há o TRE que executa as auditorias, pergunta-se: ainda assim é possível uma fraude? Sim, ela é possível, mas com a conivência de quem perdeu, ou seja, ninguém perde uma eleição por ser trapaceado, mas sim porque participou da trapaça, haja vista as ínfimas denúncias existentes. Como conclusão eu digo: a urna é segura, o sistema não, pois ele pode ser fraudado, já que, em minha opinião, o voto proporcional, no qual não sabemos exatamente para quem vai nosso voto, é uma espécie de “fraude lícita”.

Fauser Gustavo R. Neves fauser@rfpartner.com.br


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Tecnologia

Ainda falta inclusão digital Segundo dados do IBGE, cerca de 10% das cidades não têm plano de inclusão digital

erca de 10% das cidades brasileiras ainda não desenvolviam, em 2012, qualquer plano de inclusão digital, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao todo, 90,5% dos municípios, o equivalente a 5.034 cidades, têm alguma política nesse sentido. Em 2006, o número de cidades que se enquadravam nessa característica era bem menor. Apenas 2.944 cidades, o que representava 52,9% do total, tinham algum tipo de plano de inclusão digital. Entre as cidades com mais de 500 mil habitantes, 97,4% desenvolviam algum planejamento para ampliar o acesso dos moradores a tecnologias ligadas à informática. Nas cidades com essa característica populacional, 56,8% das ações foram tomadas por iniciativa da própria prefeitura. Das 5.034 cidades com alguma política de inclusão digital, 23,2% não tinham computadores na rede pública municipal de ensino. Em 2006, essa proporção não passava de 61,8%. Nas cidades com mais de 100 mil habitantes, chegava a 89,2%. O IBGE verificou ainda que 76,2% das cidades com política de inclusão digital instalaram telecentros, projetos que visam o uso intensivo da tecnologia da informação. Em 2006, 45,7% dos municípios tinham esse tipo de suporte. Dos 5.565 municípios brasileiros, 95% disponibilizavam algum tipo de atendimento a distância. Em 2009, essa proporção chegava a 94,2%. Entre os que ofereciam esse serviço,

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Redação - redacao@leiaabc.com

Programas governamentais estimulam jovens a se conectarem

Lan houses estão presentes em 81,7% das cidades A disseminação da internet em todo o país fez com que 81,7% das cidades contassem no ano passado com, ao menos, uma lan house, de acordo com dados divulgados pelo IBGE. As informações mostram ainda que 57,4% dos municípios têm serviços de provedores de rede. Em 1999, essa proporção não passava de 16,4%. Apenas 14,3% das prefeituras do país garantiam, em 2012, acesso à internet por rede Wi-Fi. Eram 795 municípios que possibilitavam conexão à internet sem fio, dos quais 263 estavam na região Sudeste, 190 no Nordeste e 180 cidades na região Sul. Entre essas cidades, 744 tinham internet sem fio de forma gratuita. Mas em apenas 91 delas a área atendida cobria todo o município. Já em 382 delas, alguns bairros da área urbana eram cobertos; em 181, parte da área urbana e rural era atendida; a internet via Wi-Fi disponibilizada pela prefeitura atendia toda a área urbana em 141 cidades. Em São Paulo, 143 prefeituras proveram algum tipo de acesso à rede mundial de computadores via Wi-Fi.

88,7% utilizavam a internet para isso. Na região Norte, 87,3% dos municípios ofereciam atendimento a distância. Em relação a 2009, houve avanço significativo, já que 77,7% das cidades ofereciam serviço a distância, naquela época. Foi constatado ainda que 25,5%

das prefeituras do país não têm página na internet. Em 2009, essa proporção ficava em 60%, acima dos 48,1% observados em 2006. Nos municípios com população variando entre 100 mil e 500 mil habitantes, 99,6% das prefeituras declararam ter site na rede mundial de computadores. | Julho de 2013 53


Moda&Beleza

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Garanta sua pele de boneca no inverno

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Com a chegada do frio e a baixa intensidade de raios solares, muitos pacientes à procura de um rosto mais jovem e livre de manchas recorrem aos dermatologistas em busca do peeling

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Mayara Pires - mayara@leiaabc.com

esmo com os constantes avanços da cosmetologia e da grande variedade de cremes à disposição no mercado, o peeling ainda é um dos tratamentos mais procurados em consultórios de dematologistas. Este procedimento químico é utilizado para peles cansadas, com manchas, rugas e cicatrizes e costuma provocar vermelhidão e descamação da pele, mas por outro lado promove a renovação celular e produção de colágeno e elastina. Como sol e peeling não combinam, o recomendável é fazê-lo agora, no inverno. “A melhor época de fazer o peeling é no inverno, porque nesta época do ano o médico dermatologista tem a garantia que o paciente não vai à praia, clube e nem ficará exposto horas e horas ao sol, o que seria catastrófico e levaria o paciente a uma complicação bastante temida pós-peeling, que é a pigmentação (escurecimento da pele). Em contrapartida, existem peelings de verão que são muito superficiais e devem ser aplicados por profissionais habilitados e dependendo da patologia e tipo de pele a ser tratada”, alerta o doutor Domingos Jordão Neto, dermatologista do Hospital e Maternidade Dr. Christóvão da Gama, em Santo André. Além disso, como a incidência de raios solares é menor no inverno, a procura por este tratamento aumenta com a chegada do frio. “Tenho experiência em diferentes tipos de serviço, no serviço público, em clí-

nica particular e no Hospital e Maternidade Dr. Christóvão da Gama, e posso garantir que a procura aumenta 100% nesta época”, esclarece o dermatologista. Apesar de diferentes ativos utilizados como ácido salicílico, tricloroacético ou fenol, não são todos os pacientes que podem usufruir dos benefícios proporcionados pelo tratamento. O alerta é da doutora Marisa Homem de Mello Maciel, auxiliar de ensino da Faculdade de Medicina da Fundação ABC e mestre em dermatologia pela Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Existe o risco de hipersensibilidade da pele em relação aos ácidos utilizados, assim como profissionais não qualificados que executam o tratamento invadindo camadas da pele que teriam que ser preservadas, causando, consequentemente, manchas ou cicatrizes”, explica. Segundo a doutora Marisa, a indicação de cada tipo de peeling vai de acordo com o grau de renovação celular que o paciente deseja. Ou seja, quanto mais profundo, maior a renovação e, consequentemente, maiores

Cuidados essenciais Segundo o doutor Domingos, os pacientes de pele clara têm a recuperação mais rápida e segura. Dificilmente a pele pigmentada fica com cicatriz. Para quem tem pele morena, o cuidado é redobrado. Por isso, cada caso deve ser estudado e analisado separadamente por profissionais qualificados com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Médicos dermatologistas devem ser responsáveis para cuidar de pacientes que fazem peeling, pois as complicações são frequentes e muitas vezes nós, profissionais e especialistas, somos abordados para tratar as complicações devido à má indicação, erro de técnica e mesmo de substâncias químicas usadas inadvertidamente por mãos não hábeis”, alerta o médico.

os riscos. Portanto, cada caso deve ser avaliado de forma individual, conforme a necessidade de cada pele. De acordo com os médicos entrevistados, os peelings se dividem em basicamente três categorias. Conheça:

Peeling superficial

Segundo o doutor Domingos, os peelings superficiais são aqueles que não ultrapassam a epiderme e, por isso, apenas aceleram a multiplicação celular. São indicados para manchas superficiais e, devido a sua superficialidade, devem ser feitos repetidamente. Isto é, necessitam de várias sessões durante o tratamento. Podem ser realizados por profissionais da área estética sob supervisão de um especialista. É o peeling mais seguro, desde que bem indicado e bem acompanhado dos cuidados pós-peeling.

Peeling de média profundidade

Trata manchas solares, cloasma (manchas na pele), fotoenvelhecimento, rugas e estrias e estimula a produção de colágeno. O ideal para minimizar as complicações é preparar a pele com produtos clareadores, dependendo de cada fototipo de pele. Assim, a pele “aprende” a se recompor com maior rapidez, evitando pigmentações e cicatrizes indesejáveis. “Na minha opinião, é o peeling mais eficaz, devido a sua segurança. Também, quando bem indicado, pode ser usado em qualquer tipo de pele”, esclarece o doutor Domingos.

Pelling profundo

O tratamento é indicado para peles muito envelhecidas, ou seja, com rugas profundas. Dependendo da intensidade do procedimento, o paciente precisa ser anestesiado e ter a frequência cardíaca monitorada. “Muitas vezes, o paciente precisa sair com o rosto totalmente coberto do hospital e o tempo de recuperação pode chegar até três meses, além de ter que ficar na escuridão até a pele se recompor por completo”, explica o doutor Domingos. | Julho de 2013 55


Moda&Beleza

As cores da estação Eternizado pela francesa Chanel, a combinação em preto e branco volta à moda com padronagens modernas, charmosas e elegantes

Fotos: Divulgação

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Mayara Pires - mayara@leiaabc.com

or mais que não seja um entendedor de moda ou que não acompanhe o assunto, mas no mínimo já deve ter reparado que as cores que predominaram no outono e seguem forte no inverno são o preto e o branco. Além disso, com certeza já deve ter visto alguma mulher usando calça com listras pretas e brancas em diferentes modelagens, certo? Neste ano, a moda feminina na cidade ganhou tons mais minimalistas, mas nem por isso deixou de ser menos elegante ou charmosa. Na verdade, esta tendência com as cores preta e branca volta à moda depois de ser praticamente eternizada pela marca francesa Chanel. Neste ano, o preto e branco teve presença nos desfiles de primavera/verão de grifes como Marc Jacobs, Moschino e Elie Saab. Por terras brasileiras, durante a apresentação das coleções verão 2014 no SPFW, as marcas Animale, Tufi Duek, Amapô, Acquastudio, Ronaldo Fraga e Alexandre Herchcovitch também combinaram as cores das mais variadas formas. “Para a próxima temporada, acredito que o preto e o branco permaneçam, mas com padronagens e propostas diferentes”, conta a consultora de estilo e imagem do ABC Renata Falcão. Em evidência, o preto e o branco ressurgem com propostas diferentes e com formato em listras finas ou mais grossas e outros traços geométricos, florais e folhagens, poás ou mesmo produções lisas. Seja qual for a forma em que aparecem, uma coisa é fato: já fizeram a cabeça das mulheres. No entanto, a mulher que quiser aderir a essa nova mania tem que ficar atenta com algumas dicas essenciais para não fazer feio e perder o charme e a elegância. “É sempre bom analisar o corpo antes de usar. Por exemplo, as linhas verticais têm o poder de alongar e afinar o corpo, sem deixar de evidenciar as curvas. Por isso, para quem é mais gordinha, evite escolher listras largas, por que engordam. Mas já para quem quiser afinar o corpo e ter uma silhueta mais esguia tem a opção das listras mais estreitas”, alerta Renata.

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Como usar o branco e o preto sem errar Toda mulher sonha em ter uma silhueta fininha. As estampas de fundo escuro são ideais para esse resultado. Por isso, a sugestão é aplicar o preto em regiões do corpo a serem deixadas em menos evidência. Já o branco é ideal para destacar. Ou seja, para quem tem seios fartos ou ombros largos, opte pelo preto, assim como quadris estreitos pelo branco e vice-versa. Para quem quer aderir à tendência, mas fugir da mesmice nas combinações, é possível criar looks sóbrios, divertidos e vibrantes quando acompanhados de outras cores ou estampas. “O preto e o branco são cores básicas e aceitam combinação com outros tons como, por exemplo, vermelho, rosa e azul. Ou até mesmo quem gosta de arriscar e inventar pode usar com estampas também. Não precisa ser necessariamente peças lisas”, explica a consultora.

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Cultura

Sem açúcar, com afeto... n ARTIGO

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Sonia Varuzza sonia@diversaoearteproducoes.com.br

Simples, Almir Sater quase não faz exigências antes de entrar no palco

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e todos os artistas com quem trabalho, o que menos gosta de rapapés é Almir Sater. O cantor é um artista que sempre fica na dele, faz shows quase todos os dias da semana e, mesmo assim, leva horas passando o som, antes de cada apresentação. Depois dos espetáculos, nunca sai para jantar, come alguma coisa no camarim e pronto. Dia 19 de junho, teve um show dele no Teatro Municipal de Santo André. Almir adora nosso teatro, fica feliz com a acústica. Na saída sempre fala: “Não se esqueça de marcar uma volta no ano que vem, Soninha”. Ano passado, tivemos dois apoiadores para o lanche do camarim: Palácio do Pão e Vero Verde. O violeiro chegou e foi logo dizendo: “A gente não precisa de tanto luxo, não. Estamos trabalhando”. E aí não pude deixar de pensar nos artistas cheios de exigências. Já tive que correr para encontrar três tipos diferentes de vinho para o mesmo evento; já me desdobrei para encontrar, muitas vezes em cima da hora, champanhe acompanhada de copos apropriados, tapete branco, frutas para oferecer aos Orixás (cláusula exigida em contrato), água de coco... Teve um artista que viu a enormidade de opções do camarim e disse: “Quero pão com a manteiga Aviação”. Outro artista disse: “Tudo lindo, mas eu quero sopa, se possível de abóbora”. Nesses 23 anos de profissão, já sofri com tantos estrelismos que, quando chega a hora de produzir Almir Sater, é, apesar da trabalheira de qualquer produção benfeita, um presente. Na última produção que fiz aqui no ABC, falei que a equipe técnica achava estranho ele entrar no palco sem fazer delongas. Pediram para eu apresentar: “E agora, com vocês... Almir Sater”. Ele não achou boa a ideia. “Precisa apresentar, não, Soninha. Fala para o povo que a gente é assim mesmo.”


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Cultura

Confira a programação de férias em Santo André! Durante todo o mês de julho, a Prefeitura de Santo André oferece atrações gratuitas como teatro, circo e filme para as crianças. Veja abaixo!

Filmes O Auditório Heleny Guariba, no Teatro Municipal de Santo André, terá uma programação especial durante o mês de julho com o programa Cineclubinho – Especial Férias, que apresentará sete filmes infantis por todo o período de férias escolares, sempre às 11 horas, com entrada franca.

Apresentações

O primeiro filme é Pinocchio, que estará em cartaz do dia 1º ao dia 4. O filme conta a história de um boneco de madeira que deseja se tornar gente. Uma fada, então, dá vida a Pinocchio e a partir daí ele segue uma grande aventura com seu amigo Grilo Falante. Entre os dias 6 a 11, o filme é As Aventuras de Tintim (Vol. 1), que conta a história do jovem jornalista que percorre o mundo ao lado do seu fiel cão de guarda. Nos dias 13, 14 e 15, o público poderá ver o Vol. 2 de As Aventuras de Tintim. Nos dias 18, 19 e 22, a história da vez é A Branca de Neve e os Sete Anões. Uma rainha, com medo de não ser a mais bela do reino, ordena que matem sua enteada, Branca de Neve, mas o carrasco deixa a garota fugir. É nesse momento que ela encontra os simpáticos anões, que a ajudam a voltar ao castelo. Chapeuzinho Vermelho é a atração seguinte, entre os dias 23 a 25. A menina Chapeuzinho vai visitar sua avó, mas o problema é que um lobo mau chega à casa da vovó antes para comer as duas. Chapeuzinho vai precisar da ajuda dos seus novos amigos da floresta para deter o lobo. O Gato Felix chega nos dias 26, 27 e 28 com várias aventuras. Cheio de charme e astúcia, ele tenta se livrar de um terrível professor e seu assistente. Para fechar o mês, nos dias 29, 30 e 31, a criançada vai ver Os Três Porquinhos, que decidem construir uma nova casa. O problema é que, enquanto um trabalha, os outros dois só pensam em brincar e se divertir. Mais informações pelo telefone 4497-1167.

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Cinema


Teatro

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Durante todo o mês de julho, o Teatro Municipal de Santo André receberá uma programação especial de férias para todas as idades. O projeto Férias no Teatro apresentará, de graça, peças infantis todos os dias do mês às 15 horas. Ao todo, são esperadas 15 mil crianças. As peças que estão em cartaz são: O Pinóquio, Os Três Porquinhos, Os Saltimbancos, A Cigarra e a Formiga, Rapunzel e Chapeuzinho Vermelho. Para assistir basta retirar o convite com uma hora de antecedência do espetáculo.

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As apresentações começaram no primeiro dia de julho com O Pinóquio. Baseada no conto original de Carlo Colodi, é a história do boneco de madeira, esculpido pelo bondoso velho Gepeto, que, ajudado por uma boa fada, consegue dar vida e transformá-lo num menino de verdade. Entre os dias 6 e 10 é a vez de Os Três Porquinhos. Cansados de viver em aventuras, resolvem construir suas casinhas. Heitor e Cicinho, mais acomodados, preferem fazer a casa sem muito trabalho, e Prático parte para a construção mais forte, de tijolos. São atrapalhados pelo Lobo, e, em meio a muitas brincadeiras, tentam driblá-lo. Este, por sua vez, derruba as casinhas de Heitor e Cícero. Os porquinhos fogem para o abrigo de tijolos que o Lobo não consegue derrubar. Na tentativa de capturar os sapecas, o atrapalhado vilão tenta destruir a tal casinha, assoprando-a até desmaiar de cansaço. A história de Os Saltimbancos começa no dia 11. Nesta montagem, há a presença de um Arlequim, que interage com os quatro animais do conto, o Jumento, Cachorro, Galinha e Gata, para compor esta linda história, na qual os simpáticos bichinhos se tornam cantores, para conduzir este texto que entretém e encanta a todas as idades. Do dia 16 a 20, o público apreciará a história de A Cigarra e a Formiga. Esta adaptação da fábula de La Fontaine traz um terceiro personagem, um homem, tido como um gigante pelos bichinhos por ser perigoso e ameaçador para suas espécies. Entre os dias 21 e 25, será apresenada Rapunzel. A peça conta a narrativa de uma menina que é criada por uma bruxa má, numa torre construída para mantê-la prisioneira do mundo. O cabelo dela é conservado pela bruxa como uma gigantesca trança que nunca é cortada. Um dia, um príncipe, passando pelo local, decide salvar Rapunzel das garras da bruxa. Para encerrar o mês, a partir do dia 26, é a vez de Chapeuzinho Vermelho. A montagem mostra Chapeuzinho de maneira simples e objetiva, com um toque de muito humor e aventura, que sai para visitar a avó doente e se depara com os perigos do temível Lobo Mau. Após serem enganadas por ele, as duas vão parar na barriga do vilão, sendo resgatadas, graças à interferência de um bondoso e corajoso lenhador. Mais informações pelo telefone 4433-0765.

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Apresentações

Circo

Em todo o mês de julho, às 14h30, o Saguão do Teatro Municipal de Santo André recebe performances circenses. Neste período, os presentes poderão assistir a números acrobáticos, malabares e equilíbrio. As apresentações são criações dos artistas Fábio Santos, Hélio Costa e Alex Bingó. Mais informações pelo telefone 4433-0789 | Julho de 2013 61


Gastronomia

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Pense pizza

Redonda ou quadrada, caseira ou industrial, a pizza se tornou o alimento mais preferido dos brasileiros. Tanto que até ganhou um dia

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Especial para Leia abc Mohamed Waleed

os fins de semana, a entrega funciona mais. Mas muitos gostam também de frequentar uma pizzaria para saborear o que há de melhor naquela com muitos condimentos, que na maioria das vezes leva o queijo mussarela como cobertura para todos os recheios. A pizza é um alimento que se tornou brasileiro pelo tempero e pelos condimentos cujo sabor causa frisson em muitos. A mais pedida também tem o seu dia. Sim, a pizza, segundo pesquisa recém-divulgada, é o alimento mais pedido para entrega nas casas dos clientes. No ABC centenas de pizzarias vendem todos os dias milhares de “redondas” ao gosto do cliente. No início de sua existência, somente as ervas regionais e o azeite de oliva eram os ingredientes típicos da pizza, comuns no cotidiano da Itália. Os italianos foram os que acrescentaram o tomate, descoberto na América e levado à Europa pelos conquistadores espanhóis. Porém, nessa época, a pizza ainda não tinha a sua forma característica, redonda, como se conhece hoje. Era dobrada ao meio, feito um sanduíche ou um calzone. 62

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No passado, a pizza era um alimento de pessoas humildes do sul da Itália. Era um disco de massa assada com ingredientes por cima. Servida com ingredientes baratos, por ambulantes, a receita tinha como objetivo “matar a fome”, principalmente da parte mais pobre da população. Normalmente a massa de pão recebia como sua cobertura toucinho, peixes fritos e queijo. A fama da receita correu o mundo e fez surgir a primeira pizzaria que se tem notícia, a Port’Alba, ponto de encontro de artistas famosos da época, tais como Alexandre Dumas. Chegou ao Brasil da mesma forma, por meio dos imigrantes italianos, e hoje pode ser encontrada facilmente na maioria das cidades brasileiras. Até os anos 1950, era muito mais comum ser encontrada em meio à colônia italiana, tornando-se logo em seguida parte da cultura deste país. Desde 1985, comemora-se o Dia da Pizza em 10 de julho. Mas caiu mesmo no gosto dos brasileiros foi a dupla “meio mussarela, meio calabresa”. Na região do ABC, o consumo de pizzas é grande, sofisticado e o ato de se reunir numa pizzaria é frequente, significando celebração e acordo. Deste costume surgiu a expressão, comumente usada no país, associando um processo que envolva ações de ética ou legalidade duvidosa a esta celebração. Quando apenas alguns dos envolvidos de menor importância são penalizados ou exista um movimento de acomodação, terminando em mesa de negociação, ou “terminando em pizza”, como se as partes envolvidas, acusados e acusadores, se sentassem numa pizzaria e, apreciando a saborosa iguaria, celebrassem o acordo durante uma “rodada de pizza”.


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Vinhos

Vinho é sempre uma boa pedida, ainda mais no inverno n ARTIGO

Celso Pavani celsopavani@ig.com.br

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om a chegada do inverno, a estação mais charmosa do ano, a pedida é por vinhos com maior teor alcoólico. Os tintos possuem em torno de 13% de volume de álcool (vol.alc) e podem chegar a 19% vol.alc em caso como os vinhos da região do Porto, em Portugal. Para que se entenda, quanto maior o volume, maior a sensação de relaxamento e calor. Mas, para quem está iniciando no mundo do vinho, o ideal é buscar os mais frutados, como os taninos mais sedosos. Dou exemplos: Valdivieso (Winemaker Reserva), Carménère (Chile), Crios 50% Syrah 50% Bonarda (Argentina), Terra de Lobos* (Portugal). Em momentos de descontração, onde petiscos – queijo e embutidos, fondue, caldos, sopas e pratos mais pesados e gordurosos – acompanham bem e se tornam dicas simples podem ajudar na hora de escolher os vinhos. Existem ainda regras que facilitam as escolhas dos queijos e dos vinhos. Se me aprofundar, teria assunto para um livro, portanto vou dar dicas simples para não errar. A primeira é para os queijos de massa mole ou firme, mas não os curados ou com pouca cura (Brie, Camembert, Emmental, Gouda, Cheddar), que combinam melhor com os vinhos brancos mais elaborados, como o Chardonnay. Mas é possível também surpreender com um rose é (alguns com até 14% de volume de álcool – uma dica: CRIOS Rose de Malbec), tintos leves ou de corpo médio como os Chianti, Merlot, Pinnot Noir. Como sugestão, alguns vinhos nacionais como os brancos Moscato secos e tintos Merlot Jovem. Os espumantes também combinam bem com queijos dessa faixa. Mas cuidado: para queijos mais curados e embutidos a regra recomendada são vinhos brancos mais encorpados e de preferência que estagiam em barricas de carvalho. Evite vinhos frescos aromáticos, pois esses possuem acidez. Vou arriscar: gorgonzola com um fio de mel acompanhado com um Moscato D’Asti é, por exemplo, uma boa pedida para a reunião a dois. Para os fondue de queijos, pode-se seguir as mesmas regras; para os de carne, procure vinhos com boa acidez e estrutura. Prefira Cabernet Sauvignon, Syrah, Malbec ou vinhos com mais de uma uva, os chamados Blend’s. Para as sopas e cremes, é sempre um desafio a escolha do vinho. Devido às inúmeras receitas e possibilidades de combinações de ingredientes, picantes, leves ou encorpadas, o mais importante, nesses casos, é prestar atenção no elemento principal da sopa ou do creme, que no inverno ganham mais espaços em todas as mesas. Ainda assim, dou mais dicas para suas harmonizações. O caldo verde é um creme de couve com batatas que acompanha linguiça. Se ele não é muito encorpado e de sabor levemente herbáceo, prefira vinhos tintos de corpo leve a médio: Chianti, Valpolicella, Rosso di Montalcino. Já para uma sopa de capelete com sabor leve e delicado de noz-moscada, o vinho ideal para este tipo de caldo (brodo) é o de sabor levemente ácido e frutado, sem marca do carvalho, Bardolino ou vinhos da região do Côtes Du Rhône. Experimente adicionar um gole do vinho ao caldo. Para caldos mais encorpados, como o clássico caldinho de feijão com sua cremosidade e picante, com ou sem bacon torrado por cima. Considerar a textura do prato, o sabor picante e a nota salgada, elementos que devem ser considerados para uma harmonização. Para resolver de forma eficiente o picante do alho torrado e da pimenta de cheiro, é preciso um vinho de boa acidez, mas de sabor discreto. Chianti, Valpolicella ou um Cabernet Sauvignon mais jovem de boa estrutura mandam bem. Pratos com mais texturas, que levam pedaços de carne e de legumes cozidos, precisam de um vinho com bons taninos e alguma fruta; a untuosidade tem que ser equilibrada pela acidez do vinho. Neste caso o ideal são os Cabernet Sauvignon, Malbec ou mais sofisticados como os vinhos da Sicília ou da Campânia, que também poderão acompanhar cremes com textura mais grossa e de sabor pronunciado. Vinhos tintos frutados e encorpados darão conta da textura e do sabor deste creme. Aproveite seu inverno e um brinde! *Terra de Lobos: vinho regional do Tejo, corte 50%, Castelão 30%, Trincadeira e 20% Cabernet Sauvignon (Importadora TAHAA)


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Onde retirar um exemplar DIADEMA Acapulco Doceria & Buffet Churrascaria Boiadero Clube Chácara 3 irmãos Padaria Joal Santos Padaria Sabor do Pão SANTO ANDRÉ

Centro Piraporinha Centro Centro Centro

Avenida Alda, 244 Av. Piraporinha, 100 Av. Sete de Setembro, 531 Rua Manoel da Nobrega, 1222 Av. Ver. Juarez Rios de Vasconcelos, 140

Banca Benedetti Café Época CI Santo André CI Colégio Empório D’ivino Fran´s Café Fran´s Café Padaria Lider do Campestre Restaurante Garoupa Restaurante La Mazurca Super Banca

Santa Tereza Vila Assunção Campestre Vila Guiomar Vila Bastos Campestre Jardim Campestre Campestre Vila Pires Vila Bastos

Av. Dr. Alberto Benedetti, 282 Av. João Ramalho, 390 Av. D. Pedro II, 3049 Rua Silveiras, 70 Rua Dr. Messuti, 329 Av. Portugal, 1126 Rua das Figueias, 181 Rua das Figueias, 21.958 Alameda Campestre, 459 Av. Dom Pedro I, 594 Av. Lino Jardim, 1168

SÃO CAETANO DO SUL CI São Caetano Santa Paula Empório São Germano Centro Espaço Vomero Cafeteria Santa Paula Farma 100 Barcelona Fran´s Café Mauá Padaria Nova Portuense Santo Antonio Revistaria Casinha das Letras Centro Samara Pães e Doces Santa Maria São Bernardo do Campo

Av. Goiás, 1256 Rua Monte Alegre, 83 Av. Presidente Kennedy, 1725 Rua Maceió, 703 Av. Guido Aliberti, 4811 - loja 22 Rua Amazonas, 1352 Rua Monte Alegre, 83 - Esq. c/ a Rua Manoel Coelho Alameda São Caetano, 2463 - Santa Maria

Francisco Gastronomia & Cultura CI São Bernardo Consulado do Pão Costela & Cia Doce Recanto Drograria Farmais Fornaria dos Pães Fran´s Café Ki Jóia Restaurante e Lanchonete Padaria Area Verde Padaria Brasileira Padaria e Confeitaria Kennedy Padaria Filiana Padaria Imigrantes Padaria Nova Miami Padaria Nova Royal II Padaria Paraty Padaria Pastor Padaria Terra Nova Demarchi Restaurante Fratelli D´Itália Restaurante São Francisco Revistaria Nova Petrópolis Shopping Casa Total Móveis

Rua Dr. Fláquer, 571 Rua Artico, 300 Av. Senador Vergueiro, 1045 Av. Winston Churchill, 480 Av. Dr. Rudge Ramos, 294 Av. Moinho Fabrini, 460 Av. Dom Jaime de B. Cãmara, 584 Rua Continental, 357 Rua Reginatta Ducca, 90 Estrada dos Alvarengas, 20 Rua Dr. Fláquer, 639 Av. Robert Kennedy, 535 Rua MMDC, 552 Rua Cristiano Angeli, 35 Av. Francisco Prestes Maia, 1192 Av. Redenção, 400 Rua Viña del Mal, 698 Av. Robert Kennedy, 830 Av. Maria Servidei Demarchi, 1887 Rua Dr. Fláquer, 515 Av. Maria Servidei Demarchi, 1911 Av. Francisco Prestes Maia, 571 Rodovia Anchieta, 17,5 km

Centro Centro Jardim do Mar Vila Caminho do Mar Rudge Ramos Independência Vila Armando Bondioli Vila Margarida Rudge Ramos Assunção Centro Jardim do Mar Vila Paulicéia Assunção Nova Petrópolis Vila Euclides Vila Brasilândia Jardim Vera Cruz Demarchi Centro Demarchi Nova Petrópolis Alvinópolis

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