Feliz Natal!! by Revista Descla

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desporto cultura lazer Dezembro 2018

Feliz Natal !

ficha técnica Propriedade, edição e distribuição: Gomes & Canoso,lda. Rua São João, nº.39, Repeses 3500-727 Viseu Telefone: 232 407 544

Telemóvel: 969 474 853 Directora: Olinda Martins Redacção: Ana Margarida Gomes e Lino Ramos

Colaboradores: Mariana Rodrigues Paginação: Filipa Pinto, João Barbosa e Tiago Canoso Publicidade e Marketing: Joaquim Gomes e Tiago Canoso

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Caros leitores, Este ano a edição de Natal volta a ser dedicada às festas e tradições que assinalam a quadra e acontecem um pouco por todo o país. Escolhemos dez eventos que nos parecem representativos da diversidade cultural portuguesa, embora essa lista possa ser questionada pelos que vivem em cada localidade, que é quem conhece melhor os seus costumes, bem como o simbolismo e a importância dos mesmos.

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Nesta viagem, apenas por Portugal continental, vamos à descoberta da cidade de Chaves e da sua pista de gelo, andamos em carrosséis e insufláveis e entramos na Casa do Pai Natal. Ainda bem que os romanos se foram, pois no tempo deles não havia nada disto. Bem longe está a bela vila de Monsaraz, onde as quase 50 figuras que encontramos pelas ruas que dão acesso ao castelo parecem mesmo pessoas. Na incontornável Óbidos,

uma das grandes atracções deste ano são os presépios feitos por famílias da Terra Santa, Penamacor tem o maior madeiro do país e Penela um enorme presépio animado com 370 figuras, muitas das quais em movimento. Perlim, em Santa Maria da Feira, talvez seja a melhor sugestão para as crianças, pois é uma aldeia mágica habitada por seres fantasiosos. Priscos é uma pequena localidade de Braga mas tem o maior presépio vivo da Europa.

Em Santa Marta de Penaguião vimos uma árvore de Natal no mínimo original, feita de pipas de vinho iluminadas, numa homenagem à cultura e tradição locais, e em Tabuaço descobrimos uma terra bela por natureza, ainda mais nesta altura. Viseu, por fim, tem um enorme presente interactivo na sua mais famosa praça, o Rossio, provando que o Natal quando chega é para todos.

Boas leituras!

Um presente para todos Concertos, tradição, muitas luzes e diversão para as crianças marcam o programa de Natal em Viseu. Por Lino Ramos Fotografia: Tiago Canoso

O Natal, quando chega, é para todos. Assim deveria ser o slogan desta época festiva, que bem sabemos nem sempre ser de alegria para toda

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a gente. Mas ao passarem pela Praça do Rossio, em Viseu, podemos ao menos ter essa ilusão, quando vemos aquele presente gigante que

pode ser aberto por todos, ricos ou pobres, doentes ou não. O embrulho interactivo é a grande atracção natalícia deste ano na cidade de Viriato, sucede à bola gigante e ao Castelo de Fantasia dos anos anteriores e torna-se no centro de um Natal muito colorido, com mais de 500 mil luzes e milhares de peças decorativas iluminadas, espalhadas por diversas ruas, praças,

jardins, adros, rotundas e edifícios, nos quais ouvimos os inconfundíveis sons da quadra. O Mercado 2 de Maio, um dos principais pontos no centro da cidade, transforma-se na “Aldeia dos Sonhos”, uma tenda gigante com inúmeras oficinas pedagógicas e criativas, espectáculos, actividades artísticas, “horas do conto” e diversos jogos, a pensar nos mais pequenos.

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Oito ilustrações guiam os visitantes até lá – são figuras criadas pelos viseenses Luís Belo e Ana Seia de Matos com base nos contos de Natal de Aquilino Ribeiro. A aldeia fica no piso superior, no inferior decorre o habitual “Mercado de Natal”, com o melhor da doçaria, padaria, chocolataria, cestaria, artesanato e vários produtos tradicionais da região. Gisela João é a grande figura da quadra festiva em Viseu. Na noite de 23 de Dezembro, às 21:30, a fadista vai subir ao palco do Pavilhão Multiusos para interpretar grandes clássicos de Natal na companhia da Orquestra Filarmónica das Beiras e do Trio Jazz. Para os mais novos, no

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mesmo sítio vai realizar-se o espectáculo musical “Grande Festa de Natal”, protagonizado por algumas das mais conhecidas personagens do Canal Panda como as Winx, os Três Porquinhos e a Estefânia. A receita dos bilhetes reverte para a associação AVISPT 21 – Associação de Viseu de Portadores de Trissomia 21. “Apresentamos um mix de propostas que querem conquistar a comunidade para viver intensamente esta quadra, mas também visitantes e turistas de todo o país e da vizinha Espanha”, sublinhou o presidente da Câmara Municipal de Viseu, Almeida Henriques, na apresentação do programa de Natal.

Festa chega às freguesias A magia estende-se para fora da cidade, com a segunda edição da “Rota dos Presépios de Viseu”, que vai expor construções feitas pelas comunidades locais, em cada uma das 25 freguesias, elegendo o trabalho mais criativo, e o projecto “Cantando o Natal”, com espectáculos de grupos corais em 28 espaços das freguesias, aos fins-de-semana. Também os museus municipais e a Biblioteca D. Miguel da Silva se associam à festa, com diversas iniciativas, entre contos tradicionais de Natal, oficinas artísticas, actividades ao ar-livre e de culinária. “Viseu realiza este ano o sonho de uma verdadeira cidade-luz, com uma programação cultural e de animação de grande fôlego e distintiva, para todos os públicos e num roteiro descentralizado”, referiu o vereador da Cultura do município de Viseu, Jorge Sobrado. Depois da quadra natalícia, a cidade começa a preparar a despedida deste ano e a entrada no novo. O epicentro do réveillon vai ser o Campo de Viriato, com um concerto dos Resistência e de Blaya, além de um espec-

táculo de fogo-de-artifício. A entrada é livre e o Bairro da Restauração da Feira de São Mateus vai estar de portas abertas para servir os visitantes. Segue-se, a 4 de Janeiro, o “Concerto de Ano Novo e Reis”, no Teatro Viriato, com a fadista Cristina Branco. As receitas destinam-se à associação à SURDISOL – União de Apoio ao Surdo e Populações Especiais de Viseu.

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Natal é vinho e tradição

Em Santa Marta de Penaguião a árvore de Natal é feita de pipas de vinho, numa homenagem à cultura e tradição locais. Por Lino Ramos Fotografia: Município de Santa Marta de Penaguião

Primeiro estranha-se, depois entranha-se. Há-de ser isto que sente quem vê o “Pipopinheiro” de Santa Marta de Penaguião: mais de 60 pipas que, devidamente acomodadas em forma de pirâmide, criam uma árvore de Natal, iluminada no seu interior. É uma das grandes atracções natalícias da vila situada na região do Douro, que por

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estes dias ganha outra magia e se transforma num espaço de diversão para os mais pequenos. A engenhosa criação serve para homenagear a viticultura, o motor da economia local, e todos aqueles que nela trabalham e trabalharam ao longo de séculos. O Homem moldou a montanha de xisto em socalcos sem

fim, transformando-a num enorme anfiteatro natural que a Unesco classificou como património da humanidade. Estamos na mais antiga região demarcada do mundo, famosa, sobretudo, pelo emblemático vinho do Porto. Só a paisagem bastaria para visitarmos Santa Marta de Penaguião, mas nesta época do ano tudo tem mais encanto. A Vila Natal, como lhe chamam, é especialmente pensada para as crianças: há luzes, brinquedos, e cenários que despertam os sonhos. O comércio local anima-se com as compras, gasta-se um pou-

co mais nesta altura, por uma boa causa, dizem. O governo municipal percorre as freguesias e localidades do concelho para entregar postais de Natal e desejar boas festas aos habitantes, dos quais ouve sugestões e críticas, pequenos ou grandes problemas – lâmpadas fundidas, escoamento das águas da chuva, torneiras avariadas, entre outros –, que os políticos vão apontando e prometendo resolver. Ao mesmo tempo identificam-se os idosos que vivem isolados, para que nenhum passe o Natal sozinho.

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Foram-se

os romanos, veio o Natal A magia natalícia invade a cidade de Chaves, a antiga Aquea Flaviae romana, até ao dia 6 de Janeiro

Por Lino Ramos Fotografias: Câmara Municipal de Chaves

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Quando os romanos andaram por Chaves, no início do primeiro milénio, ainda não havia Natal. Não viram, por isso, as luzes, as decorações, a pista de gelo, o carrossel, os insufláveis, nem a casa do senhor das barbas brancas. Nessa altura, chamaram Aquae Flaviae a esta terra, em homenagem ao imperador Tito Flávio Vespasiano, construíram a famosa ponte de Trajano, ainda hoje o símbolo maior da cidade, e exploraram as águas termais, os minérios e outros recursos. Também se divertiram, mas de outra forma. Os banhos quentes eram momentos de convívio e havia lutas de gladiadores, como prova uma lápide exposta no Museu da Região Flaviense. O centro histórico é o palco principal da animação natalícia, especialmente dirigida aos mais novos: é

lá que encontramos a grande tenda, com uma pista de gelo natural e a Casa do Pai Natal, onde as crianças podem escrever e deixar cartas, além de aventuras divertidas e de um mercado com chocolates e doces da época. A entrada no espaço, aberto até 6 de Janeiro, custa 5 euros, mas há bilhete promocional a metade do preço. A árvore de Natal gigante, no Largo do Arrabalde, faz-nos sonhar com os seus milhares de luzes, que se expandem pelos principais edifícios do centro da cidade. É aqui, e na Praça da República, que descobrimos o carrossel infantil e os insufláveis, tão ao gosto dos mais pequenos. No mesmo largo decorre todos os sábados a Feira das Varandas Sabores de Chaves, onde podemos degustar os melhores sabores flavienses.

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Animação constante Se estes dias do “Chaves Natal” são, por si só, mágicos, alguns vão ser ainda mais: a 16, 21, 22 e 23 de Dezembro a animação de rua vai dar ainda mais vida às ruas do centro histórico da cidade, assim como as Melodias de Natal, a 14, 15, 21, 22 e 24, que também vão encantar os visitantes da tenda. Duas peças de teatro, o Encontro de Coros de Natal (dia 22, na Igreja Matriz de Chaves) e a visita do Pai Natal ao Teatro Experimental de Chaves (TEF), a 23, são outros momentos altos do programa. A festa continua depois do nascimento do menino Jesus, com o concerto “Já os Anjos Cantavam” no dia 29 de Dezembro, às 21:15, na Igreja Matriz de Chaves, e com a Passagem de Ano animada pelo grupo Ukapa, na Praça de Camões, seguida do tradicional espectáculo de fogo-de-artifício.

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Tabuaço, a magia de uma pequena terra

No Alto Douro Vinhateiro descobrimos o belo concelho de Tabuaço, que ganha outra magia nesta época de Natal. Por Lino Ramos Fotografia: Tiago Canoso

A vila de Tabuaço não é das mais conhecidas do país, pouco aparece nas notícias e não tem um grande evento de Natal. No entanto, é uma das mais bonitas, assim como todo o concelho que a envolve, um desses recantos mágicos do interior que vale a pena descobrir, ainda mais por fazer parte do Alto Douro Vinhateiro, classificado pela Unesco como património da humanidade. Nesta época do ano a vila enche-se de fantasia, com as luzes e decorações de Natal, o comércio ganha mo-

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vimento, nota-se um brilho especial no olhar das crianças. A pensar nelas, a autarquia local promoveu uma campanha de recolha de brinquedos, novos ou usados, para entregar às mais desfavorecidas, referenciadas pelas instituições de solidariedade social. “Doar um brinquedo é contribuir para um natal diferente e se na sua casa aquele brinquedo já cumpriu o seu propósito, poderá ganhar, com a sua acção, uma nova função: fazer sorrir uma criança”, sublinha a câmara municipal. Para ajudar os comerciantes e a

economia local, a autarquia lançou a campanha “Este Natal compre no Comércio Local”. Os munícipes que fizerem compras nos estabelecimentos aderentes entre 1 de Dezembro de 2018 e 5 de Janeiro de 2019 recebem uma senha por cada 10€ gastos, ficando habilitados a ganhar vales de compras, de 25€ a 250€, que vão ser sorteados no dia 10 de Janeiro. De pequenos gestos fazem-se grandes coisas. Tabuaço capta o visitante, atrai-o ao primeiro contacto. As aldeias típicas e vinhateiras, as quintas do Douro, os solares e as casas senhoriais, as igrejas do românico, as lendas e as tradições dão a esta terra um encanto especial. É como que uma varanda entre serras, rios e vales

onde predominam os tons de verde e amarelo da vinha, o azul cristalino da água e do céu. Perdemos de vista as encostas de socalcos, resultado do labor de inúmeros homens curtidos pelo sol, e imaginamos como será na Primavera, quando as amendoeiras deitarem a flor.

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De volta aos anos 80 A magia dos anos 80, uma viagem na Roda Gigante e um conjunto de presépios feitos por famílias da Terra Santa são algumas das atracções do Óbidos Vila Natal, que decorre até 6 de Janeiro.

Por Lino Ramos Fotografia: Município de Óbidos

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Anos 80…Bolas de espelhos brilham ao som da música. Há cores vibrantes, lantejoulas e purpurinas que reluzem, laços gigantes e néons que sobressarem no escuro. A magia desse tempo é recordada este ano no Óbidos Vila Natal, um dos principais eventos da quadra festiva, com concertos, espectáculos de dança, magia, circo comédia, teatro, marionetas, ateliers, exposições e, claro, muita animação dentro do recinto. A magia sente-se logo ao entrar a Porta da Vila medieval, com uma árvore de Natal cheia de luzes e um trilho mágico que ilumina a muralha e a rua Direita até à entrada do recinto. Ainda cá fora, podemos viajar na Roda Gigante, uma das novidades desta edição, antes de nos deixar-

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mos levar pela magia. Além das incontornáveis pista e rampa de gelo, encontramos o túnel da ilusão, muitos jogos de Natal, uma discoteca, um atelier de bolas de sabão e um presépio tradicional português, carrossel, trampolins, comboio, os simuladores de realidade virtual e, claro, a Casa do Pai Natal. “Natal será então o tempo de abrir a arca das recordações, de viajar no tempo e de ser de novo criança, de viver em família e relembrar os bons velhos tempos, enquanto desenhamos novos sonhos na companhia dos que são mais queridos”, revela o município de Óbidos. O Óbidos Vila Natal, que decorre até 6 de Janeiro, inclui também espectáculos de magia, circo, comédia,

teatro e marionetas, no palco bolas de sabão e no palco bolas de Natal. O bilhete de entrada geral tem o valor de 5€ para as crianças e 7€ para os adultos, existindo descontos para grupos e o bilhete Plus, que inclui também a Roda Gigante.

Presépios da Terra Santa Um dos destaques desta edição é o espectáculo de magia e humor do jovem ilusionista David Martin, onde os protagonistas são os pequenos espectadores que interagem com ele em todos os momentos. A festa tem ainda Um Presente Muito Especial, que junta teatro, música e marionetas, Era uma Vez, Outra Vez…, com Arak, um duende muito especial, e Bolas de Sabão, uma espécie de poesia e humor de circo. Os típicos concertos natalícios são protagonizados pela comunidade local, que também dá forma a um Presépio Vivo pela Rua Direita e uma

encenação na praça de Santa Maria, sempre aos fins-de-semana. Nos dias 21, 28 e 29 de Dezembro, às 21 horas, o público pode também apreciar o bailado Quebra-Nozes, um dos maiores clássicos natalícios, sobre a fantástica e emocionante história de Clara e seu precioso boneco. Fora da vila medieval, descobrimos um conjunto de presépios em madeira de oliveira feitos por famílias cristãs da Terra Santa: são a grande novidade da 12ª Grande Exposição de Presépios da Vila das Gaeiras, composta por mais de 1800 presépios de 85 expositores. “Algumas das peças têm um tamanho fora do comum, principalmente os presépios em escultura de madeira”, revela a Junta de Freguesia das Gaeiras, sublinhando que “a grande diversidade de materiais tem sido, ao longo dos últimos 11 anos, a grande referência da nossa exposição”. A mostra está patente até 30 de Dezembro no Convento de S. Miguel nas Gaeiras.

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Será gente?

O Presépio de Rua de Monsaraz é a grande atracção natalícia da vila medieval alentejana. Por Lino Ramos Fotografia: Município de Reguengos de Monsaraz

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Pastor, oleiro, almocreve, lavadeira, fiadeira, guardas, Reis Magos. Todos se dirigem ao castelo, junto ao qual estão Maria, José e o menino, aquecidos pela vaca e pelo burro nestas noites frias. Vistas de longe, parecem pessoas reais, mas são

esculturas, que compõem um dos presépios mais famosos do país. Estamos na vila de Monsaraz, distrito de Évora, mas sentimos estar na Belém onde nasceu Jesus. As casas brancas, a típica calçada de xisto e as muralhas medievais dão um ar pitoresco a esta localidade, de onde temos uma vista privilegiada sobre o grande lago Alqueva. As 46 figuras são construídas a partir de grandes estruturas de ferro e rede, pintadas em tons rosa velho, lilás e pastel, recobertas por panos impermeáveis e tratados para o efeito. As mãos e as caras são feitas em cerâmica. Algumas representam os ofícios tradicionais do concelho, a vitivinicultura e a olaria – em São Pedro do Corval fica o maior centro oleiro do país –, e todas ficam iluminadas à noite, criando uma magia extra. O Presépio de Rua é um projecto artístico com quase 20 anos, criado ao pormenor pela mão da escultora Teresa Martins, e um sucesso turístico, garante a autarquia de Reguengos de Monsaraz, que fala em milhares de visitantes a cada edição, muitos dos quais espanhóis. O Cante ao Menino, a 23 de Dezembro na Igreja de Nossa

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Senhora da Lagoa, e o Cante de Reis, a 5 de Janeiro, pelas ruas, completam o programa da quadra festiva. A vila é apenas uma das paragens obrigatórias para quem visita o concelho, muito conhecido também pela qualidade do vinho, que lhe valeu o título de Cidade Europeia do Vinho em 2015. A esses atributos junta-se, nesta época do ano, um vasto programa de animação em todas as freguesias, que em Reguengos inclui passeios de charrete e trenó na companhia de duendes, um escorrega duplo insu-

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flável com dez metros de altura, um canhão de neve, uma mostra de presépios de diversas regiões do mundo e a oportunidade de tirar fotografias com o Pai Natal. Especialmente a pensar nos mais novos, um dos destaques deste Natal é o musical Pocahontas, a famosa índia dos desenhos animados, no dia 22 de Dezembro, às 18 horas, no Auditório Municipal. Outras localidades também se orgulham dos seus presépios de rua, e em todas estão previstas actuações musicais.

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O melhor está

guardado

no castelo

O presépio animado, com 370 figuras, é a grande atracção do Penela Presépio, que decorre até 6 de Janeiro. 26 ...by Descla | Feliz Natal!

Por Lino Ramos Fotografia: Penela PresĂŠpio

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A vila parece, por si só, um presépio: as casas brancas dispõem-se ao acaso na encosta encimada pelo velho castelo medieval. O cenário é especialmente bonito à noite, quando as luzes e as sombras se cruzam, abrindo espaço ao mistério e aos sonhos. Estamos em Penela, deliciados com o que vemos, mas sabemos que lá em cima, dentro da fortaleza, há um outro presépio que nos chama. A água roda as mós do moinho para fazer farinha, os pescadores lançam as redes ao rio à procura de peixe. Há rebanhos e pastores, agricultores e moleiros. O exército guarda o palácio do rei Herodes e mais

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adiante está a cabana onde Maria e José contemplam o menino que acabou de nascer. O presépio animado é a grande atracção por estes dias – são 370 figuras em miniatura, mais de 200 têm algum tipo de movimento. Aquelas crianças que nunca construíram um presépio, que nunca foram à floresta procurar musgo para fazer o tapete aos pés do pinheiro nem nunca desfizeram esferovite para criar neve, serão as primeiras a deliciar-se com o que vêem. Tudo é feito ao pormenor. O cenário muda a cada ano, e a cada ano os visitantes se dizem surpreendidos. O objectivo é mesmo esse, daí que

a exigência seja cada vez maior. O presépio demora dois meses a montar, bem mais do que o Presépio do Vivo, na Quinta das Lapas, que recria o dia-a-dia hebraico – os trabalhos, o artesanato, o comércio e os costumes –, na sombra do poderoso império romano. Também há um Presépio Tradicional, na vila do Espinhal, onde se destacam as aldeias, as casas senhoriais e as ribeiras. Os mais novos gostam sempre destas coisas, mas para eles há muito mais nesta altura: no Play Ground Radical podem experimentar várias actividades radicais, como escalada e rappel, num ambiente sereno, edu-

cativo e muito divertido. As pinturas faciais, a modelagem de balões e a hora do conto são outras das propostas infantis do Penela Presépio, que decorre até 6 de Janeiro. O programa inclui espectáculos musicais e de animação, uma exposição de presépios feitos pela comunidade e repartida pelas igrejas de São Miguel, e do Espinhal, e um Mercadinho de Natal, dedicado à agricultura tradicional, onde os visitantes podem comprar diversos produtos endógenos. O melhor ficou para o fim: entrar no Comboio de Natal e fazer uma viagem mágica pela vila de Penela.

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O maior

presépio vivo da Europa

O maior presépio vivo da Europa. Só isso basta para despertar a curiosidade de viajar até à freguesia de Priscos, no distrito de Braga, famosa pelo pudim do abade que tinha jeito para a culinária. A cada ano, mais de 800 figurantes, todos eles habitantes da localidade, recriam a vida no tempo de Jesus Cristo, numa verdadeira lição de História pelas culturas egíp-

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cia, judaica, romana, assíria, grega e babilónica. O sapateiro concerta sandálias rompidas, os serradores cortam a lenha, a padeira amassa a farinha, os ferreiros forjam e temperam o ferro, a tecedeira joga lios de fã, entre outros ofícios que vamos encontrando e que nos fazem viajar no tempo. A grande atracção é a gruta, com mais de dez metros de largura, onde Maria e José guardam o menino, aquecido pelos bafos da vaca e do burro. É apenas um dos cerca de

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90 cenários distribuídos por 30 mil metros quadrados, alguns dos quais construídos por seis reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga. Sente-se o cheiro dos petiscos milenares, o chocolate quente na doçaria da Aldeia dos Romanos ou o pão de César recheado com chouriço. Descobrimos o hidromel, bebida alcoólica fermentada à base de mel e água, e a “posca”, feita com vinagre e água, que os romanos usavam como refresco. O melhor mesmo, contudo,

é o Pudim Abade de Priscos, feito com toucinho e um cálice de vinho do Porto, entre outros ingredientes. Quase todos se rendem à doçaria, a começar pelos mais novos, que em Priscos gostam especialmente de entrar na Casa do Menino Jesus ou na Casa dos Animais e descobrir o “bosque encantado”, cenários mágicos feitos a pensar neles. O programa geral inclui ainda quatro espectáculos já habituais, o Casamento Judaico, o Cortejo da Luz, o Julga-

mento e o Funeral. Este ano o presépio foi inaugurado por Rui Rosinha, bombeiro gravemente ferido no incêndio de Pedrógão Grande, em 2017, que o deixou numa cadeira de rodas. Com esse gesto, a paróquia de Priscos, que organiza o evento, quis homenagear todos os “soldados da paz”, principalmente os voluntários. O bombeiro sucedeu assim ao Presidente da República, que esteve na abertura da Aldeia Natal em 2017.

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Perlim, a quinta dos sonhos Os seres mágicos voltam a fazer sonhar quem visita o parque temático de Perlim, o maior do país, em Santa Maria da Feira. Por Lino Ramos Fotografias: Perlim

Perlim. A palavra, por si só, remete para o imaginário infantil, e é precisamente a pensar nos mais novos que a cada ano Santa Maria da

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Feira se transforma no maior parque temático do país, uma pequena aldeia habitada por seres estranhos mas muito divertidos que só querem

tornar reais os sonhos de quem a visita, seja qual for a idade, desde que tenha boas intenções. A Pimpim e o Perlim são irmãos gémeos e cuidam da Quinta do Castelo, quatro hectares de flora centenária junto à bonita fortaleza, a pedido do Pai Natal. Nesta época do ano andam muito atarefados, badalam os guizos numa correria desenfreada para que tudo à sua volta se converta em magia. Plim cuida das estrelas e empresta-as às árvores de Natal de todo o mundo, enquanto Pim, Pam e Pum zelam pelo correcto funcionamento da Senhora Dona Lua, que nem sempre quer girar como deve.

A mais impecável habitante de Perlim é a menina Preciosa, que dá voltas e voltas para ver se está tudo no seu devido lugar e quando encontra algo desarrumado começa a ralhar com todos. O mais zangado e resmungão, esse, é Merlim Ferlim Querlim, feiticeiro que um dia quis acabar com a cor e alegria desta aldeia, lutou mesmo com a fada Piri, aquela que não se lembra de quantos anos tem, e acabou por descobrir que tinha de usar óculos e não precisava de transformar ninguém em cubinhos de gelo, como estava sempre a ameaçar. Todos falam o “perlinês”, a língua

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oficial deste sítio mágico onde também habitam gansos, cisnes, coelhos e garnisés. Este ano a aldeia tem mais encanto, com mais áreas temáticas, 24, entre as quais a Lapónia, onde o Pai Natal recebe as cartas de última hora, espaços de slide, novas pontes suspensas para a Mata das Guimbras, uma rampa de esqui junto ao castelo e uma zona onde as crianças podem descobrir árvores com mais de 100 anos. A Fábrica de Sonhos, o escorrega arco-íris, a Hora Mágica e o comboio são algumas das atracções habituais, num programa que mistura es-

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pectáculos de música, teatro e marionetas, alguns dos quais inéditos, horas de conto e ateliers educativos, tudo envolto em cenários mágicos que despertam a imaginação e os sonhos em família, e provam que este parque temático é muito mais do que uma simples diversão infantil.

Mais conforto e uma boa alternativa A comodidade também melhorou: todos os percursos de terra foram substituídos por calçada ou betão, foi criada uma nova área de espectácu-

los com 680 lugares sentados e aumentou o número de fraldários e espaços de amamentação. "Tínhamos que dar mais condições de conforto e mobilidade aos pais, que agora, mesmo em caso de chuva, deixarão de ter que andar na terra ao circular pelo recinto", realçou o director-geral do evento, Paulo Sérgio Pais, em declarações à agência Lusa. O preço subiu um euro em todos os escalões, mas continua a haver descontos para crianças, seniores e grupos. A complementar a animação de Perlim, que decorre até 30 de Dezembro, a feira natalícia, no histórico Mercado Municipal Fernando Távora, tem propostas de restauração, artesanato e música alusivos à quadra. Vários grupos percorrem o espaço e interpretam temas da época ao longo de todo o dia, e os visitantes podem tirar fotografias com a Mãe Natal e outras personagens do parque temático. A feira, inspirada nos mercados natalícios das grandes capitais europeias, vai funcionar para lá do horário de Perlim e, segundo o município de Santa Maria da Feira, é uma alternativa em caso de mau tempo, por ser abrigado.

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A grande fogueira de Penamacor

Rapazes e raparigas de 20 anos fazem o maior madeiro do país, cumprindo a tradição. Por Lino Ramos Fotografia: Câmara Municipal de Penamacor

Vieram de propósito de França para participar na tradição da sua terra, Penamacor. São raparigas, filhas de emigrantes, que querem ajudar a fazer o maior madeiro de Portugal. Elas e os restantes jovens, 12 ao todo, nasceram em 1998,

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fazem ou já fizeram 20 anos, e por isso chegou a sua vez. Os enormes troncos já estão no centro da vila, onde vão ser acesos na noite de 23 para 24 de Dezembro, para arder até ao Dia de Reis. A história começou há um ano. Foi

preciso convencer os proprietários de terrenos a doar madeira, que tem de chegar às centenas de toneladas, dizem, embora nunca ninguém a tenha pesado. Tempos houve em que o trabalho era mais complicado: os mais novos dependiam da boa vontade das casas ricas, que nem sempre ofereciam a quantidade de lenha desejada, e por isso eram obrigados a roubar, guiando carros de bois a coberto da noite. Duas semanas antes do Natal começou o trabalho de arranjar e carregar a madeira em tractores enfeitados com ramos de laranjeira. A quem apareceu para ajudar, ofereceu-se comida e bebida. Seguiram para a vila, que parou para ver o cortejo, os jovens cantaram ao som das concertinas e atiraram à rebatina os frutos, como manda a praxe. Depois da consoada, as famílias vão juntar-se em redor do madeiro, que ace-

so mete medo. A chama cresce à medida que fura pelos troncos, chega a ser mais alta do que a igreja, ilumina as ruas, as casas e os rostos de quem assiste, entre o espanto e algum receio. Os bombeiros seguem o rasto das fopas que voam, e depressa são obrigados a pôr ordem no fogo, que acalma, para de seguida voltar a desafiar quem o pensava adormecido. Outrora coisa de rapazes, hoje as raparigas também escrevem a tradição, que os portugueses já elegeram como a mais criativa do país. Criou-se um evento, “Penamacor Vila Madeiro”, que anualmente atrai muitos visitantes. Nas semanas antes do momento alto, a grande fogueira, acesa à meia-noite em ponto, o programa inclui música, animação de rua, actividades culturais e desportivas, além de um mercado de Natal onde os habitantes da vila também participam, abrindo o rés-do-chão das suas casas.

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