Jornalodia1 (versão 1)

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Foto: Dérick Caitano Guarda do Embaú, Palhoça-SC

Ano 1 | 2015 | 1ª Edição

A fonte pede socorro: DO ALIMENTO AO LAZER, “PRAIA” E “RIO DA MADRE” NA “GUARDA DO EMBAÚ”, PODEM ESTAR AMEAÇADOS, POR CONTA DA POLUIÇÃO.

Cerca de 46 Km ao Sul de Florianópolis, a Guarda do Embaú, guarda um ambiente natural cheio de beleza e histórias. O local, localizado em Palhoça, garante não só o lazer de quem vive em seus arredores mas, também, o alimento de quem depende dos animais marinhos, que vivem nas praias, para sobreviver. O Rio da Madre, é um dos locais que mais chama a atenção na cidade, não só por sua beleza mas, também, por conta do risco que está correndo, decorrente de poluição, causada pelo deságue de dejetos na superfície da piscina natural. Quem tem como objetivo a praia da Guarda, deve obrigatóriamente atravessar o Rio, e pode sentir na pele e observar, a poluição disfarçada. Algumas espumas brancas que se formam no Rio, entregam o descuido de alguns moradores e também empresários, na hora do escoamento de esgoto. Ainda passando por esses problemas, a travessia do Rio da Madre, proporciona um visual inesquecível e fascinante. A praia da Guarda, já virou ícone do turismo catarinense, sendo reconhecida internacionalmente como uma das melhores praias do Brasil. Entre os anos de 2011 e 2013, dados coletados pela Fatma, constataram a presença de coliformes fecais, acima da quantidade permitida. Mesmo com a obrigatoriedade determinada pelo Ministério Publico Federal de Santa Catarina, que torna a prefeitura responsável pela implantação de medidas preventivas e funcionais, que melhorem e reduzam a agressão ao meio ambiente na hora do escoamento de esgoto, problemas ainda são recorrentes. Na tentativa de minimizar os danos causados ao Rio, moradores criaram alternativas de preservação e também, movimentos que incentivam a luta pelos cuidados do meio-ambiente. E é nesse “cabo de guerra” entre Guardiões e Agressores que o Rio da Madre, vai sobrevivendo dia após dia. Os impactos causados podem ser irreversíveis, porém, existem pessoas que incentivam a preservação, cada um à sua maneira.

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Momento exato em que mãe e filha aproveitam dia de sol e fazem castelinho de areia na beira da praia, numa tarde, na Guarda, . | Guarda do Embaú, Palhoça SC | Foto: Débora Laurindo

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POLUIÇÃO ALHEIA: QUEM SE ALIMENTA OU QUEM SE DIVERTE, TAMBÉM SOFRE

Enquanto nem pedidos da Justiça, conseguem garantir e evitar que a poluição acabe com a beleza natural do Rio da Madre e da praia da Guarda do Embaú, moradores vão convivendo com as atitudes insensatas de alguns nativos e turistas. O descarte de objetos considerados poluentes e que demoram para se degradar no meio-ambiente, continua sendo infelizmente rotineiro e cruel. Para chegar ao melhor destino de lazer e pesca no local, é preciso passar pela trilha. Embora placas e anúncios estejam espalhados pelo caminho, é possível encontrar garrafas, latinhas, xepas de cigarros, papeis e até sacolas. Moradores e até turistas estimulam o bom-senso, para que Lixo descartado no meio da trilha que dá acessó ao Rio da Madre e a Praia da Guarda. Pessoas cada cidadão faça sua parte e continue preservando o local, de que passaram próximo, não recolheram as garrafas. | Guarda do Embaú, Palhoça-SC | Foto: modo a protegê-lo e zelar pela sua limpeza e organização. Por Dérick Caitano conta da impossibilidade de inserção de lixos pela caminho, é necessário o descarte dos lixos no centro do bairro, onde regularmente os lixos ras desses descartes, não responderam às tentativas de contatos feita por nossa são coletados e levados para que sejam reciclados ou para que seu descarte equipe, ficando impossível ouví-las. Uma das empresas citadas, é responsável correto, seja feito. Mas, não é só quem usa o espaço para lazer que passa por pela produção de grãos de arroz na região. Segundo os próprios moradores e problemas ou que se incomoda com os lixos que ficam como pedras no cami- defensores da preservação, estas empresas aproveitam a alta temporada para nho que leva ao Rio. Pescadores, que dependem da pesca de animais marinhos, realizar o despejo desses agrotóxicos, tendo em vista que o movimento cressofrem com a escassez desses animais. Por conta do lixo, alguns peixes chegam cente desvia a atenção dos responsáveis por projetos de preservação em massa mortos à beira, trazidos pelas ondas do Mar, outros que ainda são coletados na região, que ficam preocupados em deixar a praia organizada para os turisatravés das redes de pesca, chegam intoxicados e impróprios para consumo. tas. Varias acusações na justiça, foram feitas com estas empresas, e também Embora estes sejam alguns problemas, os pescadores insistem na pesca como contra moradores que fazem o deságue de esgoto no Rio da Madre, situação forma de mantimento de renda e alimento. Em alguns dias, é possível observar repudiada por grande parte da população da Guarda do Embaú. Porém, emboa formação de espumas brancas que segundo alguns moradores, parte do de- ra a justiça tenha solicitado a vistoria para o mantimento da limpeza no Rio e ságue de agrotóxicos das fábricas vizinhas. Empresas apontadas como auto- no Mar, moradores acreditam que essas medidas, não estão sendo cumpridas.

Durante a tarde, Ruan Creus de 28 anos, aproveitou o Rio da Madre com filho, afilhada e esposa. | Guarda do Embaú, Palhoça-SC | Foto: Débora Laurindo Contrapartida, outros nativos relatam boas experiências na praia, e dizem que há anos frequentam o local e nunca passaram por uma situação desagradável ou que pudesse influenciar negativamente na sua saúde ou de sua família, como é o caso de Ruan Creus de 28 anos. O jovem que geralmente frequenta o Rio com sua mulher, afilhada e filho, nos conta que prefere ir até o local, por conta da calmaria do Rio. E por conta da Guarda oferecer as opções de águas doce e salgada. Ele conta que desde quando era solteiro, já

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frequentava o local e procura sempre trazer o filho quando possível para deixá-lo em contato com a natureza. Ele relata que nunca enfrentou problemas de saúde, como micose, por exemplo, e que sempre instrui o filho a recolher o lixo e fazer o descarte correto. Ruan é adepto da cultura de reciclagem, e acredita que um descarte correto garante a possibilidade de um planeta melhor, de um futuro mais verde e também de um futuro com mais saúde para sua próxima geração. Segundo ele, educação deve ser ensinada desde pequeno.

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Surfistas nativos e turistas, aproveitam as ondas da praia da Guarda em dia de sol e pouco movimentado. | Guarda do Embaú, Palhoça-SC | Foto: Dérick Caitano

A GUARDA SOB OS OLHOS DO ESPORTE Para quem usufrui da Praia como lazer , diversão e trabalho a história não é muito diferente. Alguns surfistas que frequentam o local, passam a maior parte do tempo por lá, e o frequentam há anos, muitos desde que criança. Surfistas nativos, possuem uma visão diferente de surfistas que são turistas, quando o assunto é a poluição da água. Ivan, morador e surfista, conta que a água que vem do Oceano, é limpa, porém, relata que a água que vem do Rio, é suja. Por conta do caminho que a água tem que enfrentar para chegar até seu destino, a poluição torna-se sua companheira. Ao passar pelas vilas, a água traz consigo a sujeira que nela é descartada de forma incorreta. O mesmo morador, conta que seus filhos já tiveram problemas de pele, por conta da poluição que o rio possui. Segundo ele, problemas como o que seu filho teve, demoraram cerca de dois

meses para que fosse encontrada a cura. Quando se anda pelo local, é possível ouvir sobre a política de preservação, mas segundo Ivan, na prática não é bem assim. Para ele, se fossemos separar por preservadores ou não, a maior porcentagem estaria entre as pessoas que dizem, e apenas dizem, cuidar do local. Outros surfistas que passam pelo local, posuem opiniões diferentes. Nos contam que nunca tiveram problemas causados pela poluição do ambiente no local, e que a Guarda, é um dos melhores locais para o esporte e lazer, muitas das vezes, chega a ser melhor do que praias e rios da ilha de Florianópolis. A Guarda é considerada um dos melhores pontos para surf no mundo e já foi inclusive premiada por isso.

Surfistas aguardam a oportunidade de pegar novas ondas na Praia da Guarda do Embaú. Aposentar a prancha não é uma opção para eles. | Guarda do Embaú, Palhoça-SC | Foto: Débora Laurindo.

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Morador da Guarda, Kiko, em meio ao seu empreendimento de locação de materiais de esportes aquáticos. O morador é um dos principais combatentes contra a poluição e depredação da natureza no local. | Guarda do Embaú, Palhoça-SC | Foto: Débora Laurindo

OS GUARDIÕES DO EMBAÚ Kiko, morador da Guarda é um dos defensores da preservação do ambiente no local, e afirma que a Guarda do Embaú, tem como cartão postal o Rio e que , portanto, ele deve ser preservado e cuidado. Para que isso se torne possível, uma medida conhecida como “SOS Rio da Madre”, foi criada e serve como uma forma de conscientizar moradores e turistas, sobre a importância de manter o local limpo e longe de poluentes. Ele afirma que hoje, há uma qualidade excelente de ondas para o surfe, um dos príncipais motivos de turistas no local. Kiko relata ainda, que os periodos que antecederam a inserção do projeto “SOS Rio da Madre”, o local se encontrava em estado degradativo , e que graças ao apoio de alguns moradores e donos da barracas na praia, foi possível a limpeza e o cuidado , para que o Rio permaneça sempre limpo e saudável. Morador antigo do local, Kiko fala ainda que já contraiu micoses

de pele, tanto ele, quanto seus filhos e que isso, caso o rio não seja preservado, pode tornar-se recorrente. O morador, também relata o deságue de agrotóxicos empresariais, como sendo a causa dessas doenças e de outras queixas que aparecem pelo bairro. Hoje, o projeto “SOS Rio da Madre”, já conta com a ajuda de advogados empenhados em garantir a segurança e também os direitos da natureza de se desenvolver. Na Guarda do Embaú, é possível encontrar quem lute por uma preservação, por melhorias no meio-ambiente, por cuidados com o nosso futuro e com a tentativa de um futuro mais verde e saúdavel. É possível encontrar Guardiões, dispostos a lutar para que o o Rio da Madre e a Praia da Guarda, continuem sendo referência para o esporte e para o lazer, e também, continue servindo como fonte de alimento para as famílias nativas. A fonte está pedindo socorro, e parece que ela encontrou quem possa ajudar.

Pescador aguarda o momento exato para entrar no mar e jogar a rede. A maré não estava favorável, trazia poucos peixes no momento da foto. | Guarda do Embaú, Palhoça-SC | Foto: Dérick Caitano

Diagramação: Dérick Caitano | Matérias: Débora Laurindo e Dérick Caitano - Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) - Palhoça/2015-1

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