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uma necessidade nossa de colocar para fora. Eu acho a cena musical paraense incrível. Não falo só da consagração de nomes nossos, falo em aspectos mais simples mesmo: já notou o número de barzinhos em Belém com cantores – voz e violão mesmo – que têm composições próprias? É difícil ver isso no restante do Brasil. Ah, e eu preciso falar do serviço em Belém. O que falar de nossos artistas plásticos, de nossos fotógrafos? Há muitas críticas e comparações com o serviço do Sul-Sudeste do país, mas em comparação com o Nordeste, que tem um público flutuante enorme, o serviço de Belém é muito bom – em todos os aspectos. Como empresário, faço um chamamento aos empresários, empreendedores: vamos investir.
cá todos os dias, duas vezes ao dia.
Há alguma coisa, em Belém, que tenhas feito questão de mostrar aos teus filhos (Janjo tem dois filhos, um casal, já adultos)? Para que eles conhecessem ou vivessem algo que fez parte da tua história... Ah, sempre fiz muita questão que eles me vissem vivendo. Sempre disse “quero vê-los felizes”; “felicidade nada tem a ver com dinheiro” – eles sempre foram muito soltos e somos muito próximos. O que te faz feliz? Ah, viajar! Adoro passar horas observando a natureza, sua grandiosidade (ele aponta para o rio, em frente à Estação das Docas). Eu e Vanja (esposa, com quem é casado há trinta anos) andamos horas e horas. É minha companheira de viagem. Eu me vejo como parte disto aqui; não acho que eu me basto. E ainda tenho o privilégio de vir para
Como esperas ver Belém em seus 400 anos? Eu adoraria que o povo de Belém tivesse um “síndico” disposto a fazer esse organismo funcionar plenamente... porque faz tempo que não temos um gestor ousado nesse sentido. Que ande de ônibus, para viver o sofrimento de quem depende do transporte público; que enfrente engarrafamento... Calçadas padronizadas. Um síndico que abandone as brigas políticas e pense na população. Do povo, eu espero que vivam mais a cultura do coletivo: não posso invadir o espaço público comum porque acho que é de propriedade privada. Mas eu entendo que é uma questão de exemplos – tem de vir de cima. Sabe o que eu acho? Que temos de fazer as pazes com nós mesmos: viver com a cidade que temos, sabendo que ela tem potencial e não copiar modelos de fora, que não vão dar certo aqui.
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Qual teu local preferido em Belém? Ah, a Estação das Docas – que é uma prova concreta de que é possível fazer; de que é possível, com ousadia, abrir a orla de Belém. As pessoas precisam voltar a ter mais contato com a água, com a natureza. Eu gosto muito de natureza. Não sou bicho grilo (ele cai na gargalhada), mas adoro contemplar a grandiosidade da natureza. Lá no Marajó, por exemplo, tem um vento... e nem sei se as pessoas o percebem, é um vento que não é nem forte, nem fraco – ele é constante. E ficar ali é a melhor e mais gostosa coisa do mundo! A sensação que eu tenho é de que a vida está passando pelos teus átomos...
