Revista Leal Moreira 26

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RLM nº 26 GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA

ano 7 número 26

Bassi

Conheça a história de Marcos Bassi, o grande “artesão da carne” do Brasil

Leal Moreira

Berlim Edyr Proença Fernando Pires Marcelo Rosenbaum Kamilla Salgado


Aqui tem muito mais felicidade por metro quadrado.

A felicidade é feita de momentos. Quando o espaço onde sua família vive é um Leal Moreira, esses momentos se multiplicam. Cada metro quadrado é pensado por nós com esse propósito. É por isso que sempre fazemos o convite: viva um Leal Moreira.

Viva o seu Leal Moreira


Aqui tem muito mais felicidade por metro quadrado.

A felicidade é feita de momentos. Quando o espaço onde sua família vive é um Leal Moreira, esses momentos se multiplicam. Cada metro quadrado é pensado por nós com esse propósito. É por isso que sempre fazemos o convite: viva um Leal Moreira.

Viva o seu Leal Moreira

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PREVISÃO DE ENTREGA:

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OUTUBRO/2010

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Sua próxima conquista: um Leal Moreira. Sua vida já merece um espaço privilegiado. Escolha viver no conforto de um Leal Moreira e dê este prêmio a sua família.

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editorial Caro leitor,

Bons exemplos, desde que o mundo é mundo, são bem-vindos. São eles que nos ajudam a enxergar as melhores possibilidades e acreditar que forças como talento e criatividade podem ser a solução para dificuldades que enfrentamos no dia a dia. Em tempos difíceis como estes, ter um bom espelho à disposição parece ser tão raro quanto necessário. Esta edição da Leal Moreira Living partiu em busca de alguns deles. Exemplos como o de Marcelo Rosenbaum, designer que se esforça para, por meio de sua atividade profissional e a partir da notoriedade conquistada, levar melhorias às condições de vida de cidadãos menos favorecidos. Ou de Kamilla Salgado, paraense reconhecida como uma das mulheres mais belas do Brasil, que encontra espaço na agenda para apoiar projetos sociais de auxílio a crianças com câncer em Belém e no interior do estado. Ou do paulista Marcos Bassi, que de carregador de carnes no Mercado Municipal de São Paulo se transformou, com méritos e muito trabalho, em uma das maiores autoridades do planeta quando o assunto é requinte no preparo de carnes. Estes três são apenas algumas das personagens que permeiam as próximas páginas. Nesta edição, também contamos a trajetória do designer de sapatos Fernando Pires, que trocou a arquitetura pela criação desses eternos objetos de desejo feminino e conquistou a admiração e clientela de estrelas dentro e fora do Brasil. Por falar em mundo, quem nunca sonhou em desbravá-lo que atire a primeira mochila. Conversamos com pessoas que partem em busca do desconhecido munidas apenas de coragem e - por opção - completamente sozinhas. Eles, os viajantes solitários, suas histórias, idiossincrasias e boas dicas se transformaram também são assunto nesta RLM. A trajetória do artista visual Geraldo Teixeira, a beleza da multicultural Berlim, obras de arte na decoração de ambientes, a praticidade do “finger-food” e a qualidade dos textos de nossos colaboradores, abordando temas que passeiam pelo cotidiano, pela música e pela literatura, estão disponíveis para você a partir de agora. Um grande abraço e boa leitura. André Moreira

expediente Representante comercial | Rede Holms

Revista Leal Moreira Living

João Balbi, 167. Belém - Pará f: [91] 4005-6800 www.lealmoreira.com.br

Construtora Leal Moreira Diretor Presidente: Carlos Moreira Diretor Financeiro: João Carlos Leal Moreira Diretor de Novos Negócios: Maurício Moreira Diretor de Marketing: André Leal Moreira Diretor Executivo: Paulo Fernando Machado Diretor Técnico: José Antonio Rei Moreira Gerente Financeiro: Dayse Ana Batista Santos Gerente de Marketing: Ana Paula Guedes Gerente de Clientividade: Murilo Nascimento

Criação e coordenação Double M Comunicação Realização Publicarte Editora Diretor editorial André Leal Moreira Diretor executivo Hilbert Nascimento (Binho) Diretor comercial Juan Diego Correa Diretor de criação e projeto gráfico André Loreto Editor-chefe Elvis Rocha Produção editorial Tyara de La-Rocque Ilustrações e design Gabriel “Gabiru” Cavalcante Fotografia Luiza Cavalcante Reportagem Alan Bordallo, Arthur Nogueira, Camila Barbalho, Catarina Barbosa, Deyse Freitas, Guto Lobato, Mayara Luma, Marcelo Damaso, Ricardo Schott. Colunistas Arthur Dapieve, Álvaro Jinkings, Celso Eluan, Edyr Proença, Marcelo Viegas, Nara Oliveira, Rodrigo Aguilera e Saulo Sisnando. Revisão José Rangel e André Melo

Gráfica Santa Marta Tiragem 12 mil exemplares Comercial Belém Emília Rodrigues F. 55 91 3321-6870 comercial@editorapublicarte.com.br

Fale conosco: (91) 3321-6869 editorapublicarte@gmail.com Leal Moreira Living é uma publicação trimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.

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índice

especial

ano 7 número 26

Bassi

Conheça a história de Marcos Bassi, o grande “artesão da carne” do Brasil

capa Marcos Bassi Fotografado por Fernanda Brito

Berlim, durante parte do século passado, foi conhecida como o grande símbolo da Guerra Fria. Após a queda do Muro que dividia as duas Alemanhas e a reunificação do país, no início dos anos 1990, a cidade passou a ser lembrada novamente por aquela que é a sua verdadeira vocação: ser patrimônio cultural do mundo.

Ex-estudante de arquitetura, o designer de sapatos Fernando Pires comemora décadas de sucesso absoluto junto ao público feminino. Com uma clientela que vai de Madonna a Hebe Camargo, o paulista conversou com a Revista Leal Moreira sobre trabalho, projetos, fetiches e, claro, sapatos.

destino

perfil

Marcelo Rosenbaum é um idealista. À frente do projeto “A Gente Transforma”, no Capão Redondo, em São Paulo, ou comandando o quadro “Lar Doce Lar”, do programa Caldeirão do Huck, o designer faz da sua rotina uma batalha para popularizar a profissão e leva-lá àqueles que mais precisam.

entrevista

Berlim Edyr Proença Fernando Pires Marcelo Rosenbaum Kamilla Salgado

Marcos Bassi construiu, ao longo de mais de 50 anos, a sólida reputação que o faz ser reconhecido, mundo afora, como o “artesão da carne”. Nada mal para um ex-carregador de vísceras do Mercado Municipal de São Paulo que, hoje, pode se orgulhar de ser a principal referência brasileira no assunto.

beleza Kamilla Salgado é uma das mulheres mais bonitas do Brasil. Representante do país na disputa do Miss Mundo, em outubro, na China, a paraense de 23 anos combina a puxada rotina com o apoio incondicional a projetos sociais. Uma beleza que vai muito além.

dicas

pg 12

Edyr Proença

pg 30

Celso Eluan

pg 38

confraria

pg 52

horas vagas

pg 62

Arthur Dapieve

pg 66

galeria

pg 68

tech

pg 74

decor

gourmet

pg 84

Obras artísticas ajudam a harmonizar ambientes e caem bem em escritórios e residências. Então, na hora de planejar a decoração do ambiente de trabalho ou do aconchego do lar, vale a pena ouvir os especialistas e emprestar ainda mais beleza ao seu espaço.

vinhos

pg 88

institucional

pg 91

sex & sábado

pg 98

comportamento “Quando você vai sozinho, vai mais longe.” Partindo dessa premissa, são muitos os que abrem mão de companhia quando chega o momento de colocar a mochila nas costas e desbravar o mundo lá fora. Conheça as histórias dos solitários por opção.

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Às vezes a Amazônia é vista como uma terra de bichinhos estranhos. Alguns já não são tão estranhos assim.

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belém

San Paolo

Quem não dispensa um bom cardápio no jantar aliado à elegância do jazz como fundo musical precisa conhecer o restaurante San Paolo. Aconchegante, discreto e com um toque de refinamento, o San Paolo é a mais nova opção de gastronomia, localizada em uma das avenidas mais charmosas de Belém, a Braz de Aguiar . No cardápio, o restaurante traz variedades e homenageia a culinária de alguns países, como o Brasil, Marrocos, Itália, entre outros. De quarta a domingo, a partir das 21h, o público confere o “Clube de Jazz San Paolo”, com Esdras de Souza. Durante o dia, o San Paolo também oferece aos clientes um buffet de segunda a domingo. Avenida Bráz de Aguiar, 756, Nazaré. Informações: (91) 3224 6210

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Yoforia

Avenida Braz de Aguiar, 728, Nazaré | (91) 3223 8198 A yogurteria Yoforia é uma deliciosa alternativa para refrescar o calor da Cidade das Mangueiras. Discreta, confortável e atraente, é praticamente impossível passar na frente da sorveteria, na Braz de Aguiar, e não sentir vontade de entrar. Com um cardápio que oferece frozen yogurt, parfait de frutas, smoothie, toppings, entre outras guloseimas, a franquia da Yoforia em Belém já conquistou fãs paraenses.

fotos divulgação

Casa D`Noca Inspirado nos bares da Lapa, do Rio de Janeiro, o bar Casa D`Noca é o mais novo ambiente na capital paraense para os que gostam de samba e MPB. Com decoração temática, adereços que lembram a cultura dos sambistas, dois espaços, um climatizado e outro ao ar livre, o bar, em pouco tempo de funcionamento, já ganhou fiéis adeptos de quarta a domingo.

Rua Nove de Janeiro, 1677, São Brás

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brasil

Templo da Carne

Localizado no bairro do Bexiga, em São Paulo, o Templo da Carne traz especialidades variadas no cardápio de carnes e saladas. A cozinha é assinada pelo próprio dono do restaurante, Marcos Bassi, que, não à toa, é conhecido no universo da gastronomia como “artesão da carne”. Entre as opções do menu, estão a Bisteca fiorentina, considerada a melhor da capital paulista, além das suculentas picanhas, carré de cordeiro, costela, entre outros. Um ambiente belo, que na decoração tem o charme de revestimento em tijolos aparentes e iluminação suave, além de diversidade de espaços que vão desde o salão de refeições até um bar, uma adega e uma sala dedicada a eventos gourmet. A adega abriga mais de 1.500 vinhos nacionais e importados. Rua Treze de Maio, 668 | São Paulo - São Paulo, Bela Vista - Centro | (11) 3288 7045/ http://www.templodacarne.com.br/

Dona Laura, 161 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS | (51) 3019.7979/ www.peppo.com.br

Peppo Cucina O restaurante Peppo Cucina é um cantinho especial da gastronomia italiana na capital do Rio Grande do Sul. Construído em uma casa da década de 50, o local conserva alguns traços históricos na decoração, mas traz também tendências da arquitetura moderna. Um ambiente agradável, charmoso, sofisticado, informal e ótimo para quem deseja degustar bons pratos inspirados na culinária da Itália, desde

os mais tradiconais aos mais ousados. Molhos agridoces, massas recheadas com especiarias e risotos com carne de caça são algumas delícias do menu do Peppo Cucina. O balcão rústico no local é cenário para a variedade de bebidas e saborosos petiscos, além da carta de vinhos com os melhores exemplares conservados em adega climatizada. Para quem está em Porto Alegre, é imperdível!

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mundo

Honigmond

Durante uma estadia na capital alemã, vale a pena conferir as especialidades servidas por este clássico café-restaurante. Fundado em 1920, em um prédio de estilosa arquitetura, o Honingmond oferece tanto especialidades da cozinha alemã, onde a batata certamente será um dos ingredientes, como outros sofisticados pratos da cozinha internacional. Alguns pratos vegetarianos também são servidos no local como o objetivo de atrair a mais variada clientela. Reservas para almoço ou jantar são sempre aconselháveis em caso de grupos maiores.

Borsigstrasse, 28 - Mitte (Berlim)/ http://www.honigmond-berlin.de

Plaza Athénée A Dior Institut e o Plaza Athénée são a perfeita combinação entre Instituto de beleza e Hotelaria, em Paris. O local é pura excelência, requinte e inovação. Quem procura boa hospedagem, o Plaza oferece um dos melhores serviços parisienses de hotel, e inclui, em alguns pacotes, translados de limusine para o cliente. Para se embelezar ou simplesmente relaxar em um SPA, a Dior Institut é a dica. Instalada no próprio Plaza Athénée, a Dior Institut possui uma variedade de tratamentos de beleza para homens e mulheres, que vão desde cuidados com o rosto e corpo até sessões de relaxamento. Além disso, no local são encontrados centro de fitness, sauna hammam, salas com quarto de casal, lounge, entre outros atrativos. Em Paris, é mais uma das paradas obrigatórias.

25 avenue Montaigne, 75008 Paris, France / http://www.plaza-athenee-paris.com/spa-fitness

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perfil

Kamilla Salgado: beleza paraense conquistando o mundo

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Catarina Barbosa

Jaime Souzza

Além da

beleza Kamilla Salgado, a mulher mais bonita do Brasil, prepara-se para mostrar ao mundo o que a paraense tem

“O

mais importante não é fazer bonito, mas sim a mensagem que você quer passar.” A frase pontua bem a imagem que a paraense Kamilla Salgado, 23, quer transmitir ao mundo. Engajada em projetos sociais, a mulher mais bonita do país administra quatro lojas com a ajuda da mãe, faz um MBA (Master in Business Administration) em gestão empresarial e ainda concilia tudo isso com um relacionamento de quatro anos e meio. Cumprindo o reinado de miss, Kamilla Salgado quer usar sua visibilidade para ajudar ainda mais os projetos sociais dos quais faz parte. Ligada à família e principalmente à mãe, a jovem gosta de livros de suspense e músicas que a fazem dançar,

foi bailarina na infância e esportista na adolescência, chegando a representar o Pará na seleção de basquete feminino. Além disso, fez natação por 10 anos por recomendação médica, por causa da asma. Em uma entrevista descontraída, concedida em seu apartamento em Belém – um dia antes de se mudar para São Paulo –, Kamilla, na companhia de Lex Of York News, um maltês de dois anos, que não desgruda da dona, falou sobre o concurso, o amor pela família, a mudança para São Paulo, o carinho pela Praça Batista Campos, a dedicação ao projeto da Casa do Menino Jesus e a preparação para o concurso Miss Mundo, que acontece no dia 30 de outubro, na China. »»»

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Você é a primeira paraense a conquistar o título de Miss Mundo Brasil. Qual é a sensação de ter sido eleita a mulher mais bonita do país? É uma honra. Eu me sinto muito feliz em levar o nome do Pará a uma visibilidade nacional em termos de mulher, beleza, simplicidade e conteúdo. É uma imagem que estou tentando passar o máximo que posso, pra dar às mulheres paraenses o que elas realmente merecem: o reconhecimento por serem independentes, por se esforçarem em conciliar a vida profissional e pessoal, por correrem atrás dos seus objetivos, por serem verdadeiras guerreiras. Você está de mudança para São Paulo. Como vai ser ficar longe da família? Essa é a parte mais difícil com certeza, porque eu nunca morei longe da minha família. Além do concurso na China, há uma agenda extensa para cumprir durante o ano inteiro e também os contratos fora do Brasil. Então, até outubro, como a preparação vai ser intensa, fica realmente difícil ver pai, mãe, namorado, irmãs. Mas depois do concurso, seja lá qual for o resultado, eu volto pra minha terra, se Deus quiser com o título, então terei tempo para ver todo mundo. Do que vai sentir mais saudade de Belém? Tirando a minha família, amigos e as pessoas que eu amo aqui, a culinária e a cultura. Em Belém, nós temos certas peculiaridades: a dança, a comida – que é fantástica –, o clima, o cheiro da cidade, a chuva da tarde, essa sensação de que tudo é perto. Eu vou sentir falta dessa cidade grande/pequena ao mesmo tempo. Você vai a uma festa ou a um barzinho e sempre encontra gente conhecida. Fora isso, os gostos do paraense, que são praticamente os mesmos, ou seja, você mistura um pouquinho de tudo: forró, brega, MPB, tudo em uma noite só. O acolhimento também é algo muito elogiado. Vou sentir falta do povo da minha terra. Você vai morar em que local em São Paulo? Vou morar no apartamento das misses. Ainda não sei como vai ser, mas parece que eu vou morar com a miss do ano passado. Eu vou a São Paulo só arrumar minhas coisas e na seguida sigo para o Rio Grande do Sul para uma maratona de entrevistas e homenagens. Depois vou direto para o Rio de Janeiro, onde vai ter um programa da Unidos da Tijuca, porque eu vou sair como destaque do Carnaval do ano que vem. Depois a gente volta pra São Paulo e aí eu irei para a Venezuela, onde terei 20 dias de maratona intensa. Como será a preparação na Venezuela? É preparação pra miss. Eles são especialistas no assunto. Na verdade quem vai me tratar é o “missólogo” mais famoso que existe: Alexander Gonzáles. Ele é muito bom e competente. Este ano, ele não

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Quero usar a visibilidade de ser miss para causas boas, ajudando quem precisa

vai tratar nem a Miss Mundo Venezuela, só a Miss Mundo Brasil. Então é uma equipe que está apostando todas as fichas em mim.

Silvanice – que toma conta da instituição – eu tinha certeza que era aquele lugar que eu ia querer ajudar.

Eu percebo que você tem uma paixão por projetos sociais. Você já participava de algum antes ou teve a oportunidade de desenvolver esse lado por causa do concurso? Antes do Miss Mundo Brasil, eu participei do “Natal dos amigos”. Eles arrecadam brinquedos e

Por que você se sensibilizou mais com esse projeto? Eu me emocionei muito com a questão apelativa da casa. São crianças com câncer, doenças cardíacas, nos rins. Conseguimos uma doação de 20 mil reais e uma semana depois o dinhei-

no dia do Natal doam para uma creche. Lembro que, em 2008, quando eu ainda era Rainha das

ro já estava com a irmã Silvanice, que conseguiu adiantar bastante a obra de reforma da instituição

Rainhas fui a uma creche entregar o presente para as crianças. Eu dei, pessoalmente, o presente de

e também vai comprar remédios para as crianças. A Casa do Menino Jesus é um projeto que

cada uma delas e foi um momento mágico pra mim. Às vezes, você ir a uma instituição de carida-

quero levar para o Miss Mundo. É um projeto que eu quero levar adiante. Tenho outras coisas em

de abraçar, conversar, ouvir uma pessoa já é uma ajuda. Então, como miss, eu sei que tenho mais visibilidade e quero fazer disso uma causa boa, que realmente ajude quem precisa. Além do “Natal dos amigos”, participei de movimentos contra a violência e o trabalho escravo.

mente para ajudar ainda mais e a minha coordenação também.

Você ganhou o “Beleza com Propósito” – uma etapa que soma pontos dentro do concurso Miss Mundo Brasil – e escolheu a Casa do Menino Jesus como instituição para receber a ajuda. Hoje, a Instituição passa por uma reforma com a colaboração da Leal Moreira. Como você se sente em relação ao projeto? Pra mim foi Deus que colocou esse projeto na minha vida. Eu precisava entregar o relatório do “Beleza com Propósito” e pra isso visitei umas 15 instituições e fui atrás de vários patrocínios. Só que a maior parte delas não estava regularizada

Falando em projetos, você recebeu duas bolsas de estudos como prêmio do concurso. Você já decidiu o que irá fazer? Ainda não. Um dos prêmios é uma bolsa na Oswaldo Cruz, no valor de 100 mil reais e outro é uma pós-graduação na COC em São Paulo, que também é excelente. Então eles são úteis tanto para a minha carreira como artista – eu poderia fazer jornalismo com a graduação – quanto para a de administradora, onde eu poderia fazer uma graduação em economia, contabilidade ou psicologia para atuar na minha área de executiva ou ainda um MBA em marketing, que também é uma área que me interessa bastante. Alguma pessoa que admira?

e comecei a ficar aflita. Em uma conversa com a minha mãe e a minha cunhada tocamos no nome

A minha mãe. É uma excelente empreendedora. Uma pessoa que eu sempre admirei: esforça-

da “Casa do Menino Jesus” e eu fui lá. Depois que entrei no local e comecei a conversar com a irmã

da, mãe, presente em todos os momentos. Ela é um espelho pra mim.

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perfil

Da arquitetura para o design de sapatos, Fernando Pires fez a escolha certa. Hoje é um dos profissionais mais festejados em sua área de atuação.

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Mayara Luma

Fernanda Brito

Arquiteto da vaidade

Ex-estudante de arquitetura, designer de sapatos Fernando Pires brinca com o imaginário feminino e faz de suas coleções sucessos de vendas

F

ernando Pires não precisou construir sequer um prédio para ser considerado um dos maiores arquitetos da atualidade. Mas não um arquiteto comum, destes que fazem casas ou decoram apartamentos. Fernando é um arquiteto da beleza e da vaidade feminina, desde o dia em que desistiu de vez da arquitetura e passou a desenhar sapatos que são verdadeiras obras de arte. Há cerca de vinte anos no ramo, Fernando contabiliza mais de quatro mil criações, que costumam circular em pés famosos, como os de Hebe Camargo, Claudia Raia, Adriane Galisteu e até de Madonna. Nesta entrevista, o designer fala sobre sua carreira, a crise econômica e culpa, com bom humor, a Cinderela pela obsessão feminina por calçados. Você estudou arquitetura, chegou a se formar, exerceu a profissão e até hoje parece que gosta muito dela. Como foi a decisão de mudar para moda? Eu não decidi nada. Até hoje ainda não decidi. Foi a vida que me empurrou para esse outro caminho. Tudo começou com uma cliente que me contratou pra fazer uma casa no interior de São Paulo. Na época, anos 80, eu morava em Santos e era cerca de quatro horas para chegar até lá, então sempre levávamos algumas revistas no carro e íamos tagarelando sobre moda. Quando a

obra acabou, nós já estávamos tão próximos que ela me convidou para fazermos sandálias juntos e vender no litoral. Na hora, eu não entendi nada. Eu já tinha feito roupa com a ajuda da minha mãe, que era costureira. Durante a faculdade, cheguei a vender algumas peças para uma butique de Santos. Quando ela falou em fazer sandália, lembrei de um sapateiro que tinha ao lado da casa da minha mãe, fomos lá e fizemos uma peça, que logo foi vendida. De uma fiz duas, depois quatro, oito, dezesseis...Percebi que não podia mais continuar sendo arquiteto pela tarde e brincando de sapateiro de manhã. Foi quando pedi demissão, montamos uma microempresa, chamada Ponto de Apoio, em Santos, que durou até 1989. Depois disso, pensei em voltar para a arquitetura, mas os sapateiros que trabalharam comigo não me deixaram mais. Iam à porta da minha casa, ficavam batendo palma, me pedindo pra voltar. Voltei e aí começamos toda a brincadeira do zero de novo. Costuma-se falar que o mundo da moda é muito fechado, que é difícil conseguir um espaço de destaque. Você concorda com isso? Como foi a conquista do seu espaço? Olha, eu acredito que sim, que deva ser muito difícil mesmo. Mas, para mim, foi um caminho tão natural, tão espontâneo, eu não tive que suar muito para conseguir o meu espaço. Mas, no iní- »»»

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Todos os modelos para todos os gostos: marca registrada do designer

cio, não pretendia chegar aonde eu cheguei. Para mim, fazer sapato era sempre uma coisa que eu ia fazer só mais um, sempre esperando para ver até onde aquela brincadeira ia chegar. Mas também tem muito de talento, não é? É...Mas isso é uma coisa que é Ele, lá em cima, quem comanda. Acho que todo mundo tem chances iguais, alguns agarram, outros, talvez, nem mereçam. Acho que tem muito de merecimento também. Mas, por trás de tudo, está sempre o de lá de cima. Se Ele não desenhar lá em cima, eu, aqui embaixo, também não desenho. Você está sempre falando sobre essa ligação com a luz, com Deus... Estudei Cabala por causa da Madonna (de quem Fernando é fã incondicional) e, lá, Deus é dito como a luz, por isso é que estou sempre fa-

lando dessa conexão necessária com a luz. Por exemplo, tem dias que quero desenhar, que preciso desenhar, mas a conexão com a luz não vem e aí não adianta, preciso desistir e tentar em outra ocasião. E mesmo quando eu insisto em desenhar, em cortar e montar sapato sai cada coisa horrorosa e, vendo a peça pronta depois, penso: “Meu Deus, eu não fiz isso!”. Mas é assim mesmo, são dias que não consigo a conexão com a luz, talvez porque tenha feito alguma coisa ruim, xingado no trânsito ou tenha sido reativo com alguém. A Cabala era um caminho que eu já seguia, mas intuitivamente, e, depois que comecei a estudar, passei a seguir ainda mais. E falando em inspiração, de onde vem a sua? Comigo, essa coisa de criar, às vezes funciona muito mais sob pressão, quando eu tenho uma data, um estande comprado em uma feira

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e a coleção tem que estar pronta para ser apresentada. Quando faltam cinco dias, geralmente, eu fico melhor, mas aí já não dá tempo de fazer muita coisa (risos). Acontece que as melhores peças quase sempre são essas, as que eu faço na adrenalina, em dois segundos, desenho e já corto, às vezes, não dá tempo nem de montar os dois pés, aí, monta um só mesmo. Nessa correria, sai muita coisa boa. E sobre a expansão da marca? Recentemente foi aberta uma loja em Curitiba, não é? Na verdade, não é uma loja Fernando Pires, não acho que eu tenha um mix de produtos grande que justifique ter uma franquia, mas é uma loja exclusiva chamada “House of shows by Fernando Pires”. Quase no Brasil inteiro já se encontra alguma coisa de Fernando Pires, a maioria é vendida em lojas multimarcas. Inclusive,

tem uma pessoa que tem conversado comigo para começar a vender meus sapatos em Belém, espero acertar essa questão o mais rápido possível. O que você julga que tenha de diferente para continuar na mídia, mesmo com tantas grifes existentes hoje? Olha, acho que a mídia e os produtores de moda entendem o sapato como conceitual. E como eu não tenho tanto – é lógico que sempre é preciso ter – uma preocupação com o comercial, muitos sapatos eu faço por prazer mesmo, o que eu quero, o que eu gosto, às vezes é arte pura. Não quero saber se vai vender 50 ou 100 pares, eu quero que aquele modelo esteja na coleção. E o melhor é que sempre vão ter umas loucas que vão querer. Acho que na hora de fotografar, é o que eles buscam mesmo, peças conceituais. »»»

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Está virando uma tendência o lançamento de linhas mais em conta por estilistas famosos. O Alexandre Herchcovitch e a Isabela Capeto, por exemplo, fizeram coleções para uma grande loja de departamentos. Você também lançou uma nova linha mais acessível, não é? O meu caso é diferente. Os dois que você citou estão licenciando o nome para a loja e assinando, talvez também desenhem. Já eu me ocupo de tudo, não estou fazendo para outra loja, sou eu mesmo. Já estamos na terceira coleção da linha Fernando Pires Chic (www.fernandopireschic.com. br), na qual os sapatos têm preços bem mais acessíveis. Eu terceirizei a produção – não tinha como fazer na minha fábrica, onde toda a mão de obra é de artesãos, como antigamente, e é tudo totalmente em couro - e investi em sapatos com saltos não tão altos, rasteiras, os enfeites já vêm prontos da China, então, por tudo isso, conseguimos oferecer sapatos mais baratos nessa linha. E resolvi fazer isso por uma série de motivos. Todos os dias a gente recebe um monte de emails de pessoas dizendo que o maior sonho é ter um Fernando Pires, mas que não têm condições de comprar. Aí, sempre me perguntam se não tem um usado por

aqui ou com algum defeito para ser vendido por um preço mais baixo. Essa nova linha vem, então, para atender um público maior. Sem contar que isso vai me dar um respaldo para eu continuar brincando na minha loja, porque com o volume de produção daqui não dá nem pra pensar em ficar rico. E as pessoas também podem encontrar sapatos seus com preços bem legais no site www.bazarfernandopires.com.br. Como é que funciona esse site? Pois é, lá é minha ponta de estoque, todos os sapatos com preço de fábrica chegam a ter 60% de desconto. Todos os dias saem caixinhas e caixinhas deles para o Brasil inteiro. Você ficou conhecido pelos saltos altíssimos. O seu conceito de elegância está ligado a isso? Uma mulher precisa estar de salto para ser elegante? Acho que uma mulher não pode sair de casa sem salto; a não ser para trabalhar o dia inteiro, lógico, é preciso ter bom senso. Mas, para sair à noite, para um evento tem que estar de salto. Para mim, é algo indispensável! Acho que é o símbolo maior da feminilidade, é uma coisa que homem não usa e nunca vai usar.

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Onde o

Mundo se Divide

Para mim, o mundo se divide na esquina da Tiradentes com a Quintino Bocaiúva. Ao menos, para os que usam a Tiradentes, em direção ao centro. Explico: o trânsito é forte e recebe carros da Antonio Barreto, bem como da Doca. É uma subida intensa, e desafia a habilidade dos motoristas em manter o carro embreado, mas parado. Quase chegando à tal esquina, uma faixa contínua avisa, segundo as Leis de Trânsito, que está proibida a ultrapassagem. Portanto, quem quiser dobrar à direita, para a Quintino, deve, bem antes, escolher o seu lado, bem como os que seguirão em frente. Mas aí é que está. Enquanto uma minoria, que seguirá em frente, obedece às instruções, a maioria, fiel à máxima de “sou brasileiro e tenho de levar vantagem em tudo”, aproveita-se e vem, lépida, esperta, alegre e saltitante, ultrapassando os “idiotas obedientes”, seguindo em frente, ganhando alguns metros, se tanto. Vale a pena se preocupar com isso? Bem, eu me preocupo. Infelizmente, para mim, vem de dentro uma espécie de espírito punitivo, talvez de outra encarnação em que posso ter sido um daqueles legionários que surravam escravos na galé onde estava Ben Hur, sei lá, pois vem de dentro, num crescendo, e preciso reagir. Acho que faço a minha parte. Há motoristas de táxi, e me vem uma baba sagrada, por sabê-los interessados em qualquer nesga por onde possam levar vantagem. Há garotos em carros fantásticos, enormes, ansiosos para demons-

Edyr Augusto escritor

trar sua ousadia e competência, em driblar os bobalhões, ali, na fila. Há estúpidos, sempre aborrecidos, que cometem o ato, meramente por grosseria. E mulheres com falso ar ingênuo, tentando levar vantagem. Eu gosto. Antevejo. Percebo sua chegada discreta, atabalhoada, dissimulada, agressiva. Vejo nisso, um quadro da nossa sociedade. Toda a má educação, a falta de cultura e civismo que nos assola, não interessa a marca e o ano do carro. Eles se aproximam, certos de que no momento preciso, me cortarão a frente e ganharão os tais metros, saindo felizes, sorriso no rosto, pensando “mais um idiota para trás”. Só de pensar, me dá um arrepio. Eles vêm, com a certeza da impunidade. Não tem a ver com superioridade econômica, luta de classes, sei lá. É preciso boa noção de espaço, domínio do carro e do tempo. Sangue frio. Dissimulação. Estamos lado a lado. Com um discreto olhar, de relance, percebo sua intenção, a respiração do carro, com seu pé no acelerador, a posição em diagonal para realizar a manobra. Percebo sua intenção. Permaneço estático, como um leso, mais um leso a ser enganado, vencido. Fico ali, inerte. É preciso manter mínima distância do carro à frente, mesmo que seja uma subida. É agora. Uma pequena aceleração e o bico do meu automóvel toma a frente, para susto do oponente. Ué, o que aconteceu? Pior, a partir daquela esquina, a Tiradentes fica mais estreita, exatamente para a esquerda, de onde vêm os obedientes “idiotas”. Assim, com o bico do carro à frente, resta ao então confiante e panaca do outro carro, a calçada, a não ser que freie, repentinamente, inesperadamente, um corte nas suas certezas, e aguarde a próxima nesga, para, ainda assim, fazer valer sua manobra irregular. Minha mulher se irrita com meu ato, por mais que concorde ser um absurdo aquela esquina. Estamos juntos e vamos chegando ao ponto. Ela, no banco do carona, percebe o “adversário”. Sabe o que vou fazer. Reclama. Eu sei que ela me olha, mas estou ocupado, trabalhando. Digo para não torcer contra. Quero sua cumplicidade. Depois, é só olhar pelo retrovisor suas pragas, reclamações, como garotos apanhados em travessura. Alguns vêm atrás, ligam farol alto, querem vingar-se, mas a rua é estreita, não permitindo ultrapassagem e alguns metros adiante, a maioria cai em si e percebe que estava errada, deixando para lá. Também não é toda vez que venço a parada. Há alguns mais rápidos, sagazes, audaciosos ao ponto, último ponto, em que decido perder a parada a talvez, machucar meu carro. Fico irritado, mas alguns metros depois, já passou. Minha mulher não gosta, mas já me confessou ter feito a mesma coisa, estando ao volante, talvez, ela me disse, por estar na TPM. Não tenho TPM, nada assim, a não ser as irritações do dia a dia, mas para mim, o mundo se divide naquela esquina. Já vi outros “colegas” fazendo a mesma coisa. Que bom não estar sozinho nesta guerra. Alivia o peito. Amansa o tal “espírito punitivo”. Mas antes de tudo, é um pedido a cada um, para que retornemos à civilização e suas leis. No mais simples ato, como esse, na esquina da Tiradentes com a Quintino, está resumido todo o nosso problema. O mundo se divide ali. De que lado você está?

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100 ANOS DE INOVAÇÃO

VENHA FAZER UM

* Informações publicadas pela Suzuki Motor Corporation no site http:// www.globalsuzuki.com/globalnews

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Rua Antônio Barreto, 127 ( próximo a Doca) - Umarizal - Belém - Pará Tel.: (91) 3075-9400

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comportamento

No interior da Argentina, o fotógrafo Dener Pastore curte o prazer de ser um viajante solitário por opção. Como ele, muitos preferem não ter amarras quando o assunto é desbravar o planeta.

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Marcelo Damaso

Arquivo pessoal

Soltos no

mundo

As histórias dos que partem rumo ao desconhecido tendo um mochilão como a única companhia

“Q

Quando você vai sozinho, você vai mais longe.” Com uma sentença tão desafiadora e libertária como esta, é quase impossível para uma pessoa que se acostumou a viajar só pensar em arrumar um parceiro de viagem depois de já ter vivido grandes experiências. Fátima Pinheiro, bancária aposentada, diz a frase durante a entrevista com muita propriedade e segurança, a mesma que se percebe nos outros entrevistados, que planejam e executam suas viagens traçando um caminho para os próprios passos.

Fátima viaja só. Assim como a jornalista Pollyanna Bastos e o fotógrafo de polícia científica de São Paulo Dener Pastore. Cada um fala de seus motivos (nem sempre parecidos) para não ter um parceiro de poltrona ou para dividir o quarto. E o que mais influencia nesta opção solitária é a tal da liberdade, que é o que faz com que os acontecimentos “naturais” tracem o roteiro da viagem. A mochila simboliza liberdade. O que cabe nela é o suficiente para dar um mergulho no desconhecido e embarcar em aventuras que podem render emoções e muita história pra contar. Basta esco- »»»

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A jornalista Pollyana Bastos se aventurou por Cuba e Venezuela, enquanto Fátima optou pela Europa. Ambas não abrem mão de traçar os próprios roteiros sem a interferência de terceiros.

lher um lugar do planeta, dar asas à inquietação e usufruir do mais alto grau de liberdade que o ser humano pode ter, seja em qualquer país da Europa como em Caracas, a capital venezuelana. Em paz com a concepção de que uma viagem pode ser melhor sem depender de ninguém, a jornalista Pollyanna Bastos experimentou conhecer a Venezuela e Cuba dando os próprios passos e dispensando qualquer ideia de perigo para uma mulher que viaja sozinha. “Nunca viajei com namorado, então não sei se viajar em casal seria bom. Mas com amigos é difícil. Quando eu viajei para a Europa fui com uma amiga, e em menos de uma semana nossa convivência já estava péssima. Ela gostava de dormir até tarde, eu não queria perder um minuto. Então começamos a nos separar. Eu ia para um canto e ela para o outro, e foi ótimo assim.” Foi a partir daí que Polly ganhou confiança para viajar sozinha e ser dona de seu próprio roteiro e horários, sem depender de ninguém. E é a mesma liberdade que conduz as viagens do fotógrafo Dener Pastore. “Sempre viajei só, prefiro. Acho bem melhor você ter a liberdade de decisão sobre quaisquer questões que surgirem na viagem”, conta Dener, que percebeu isso desde a primeira viagem que fez sozinho. “Nunca

gostei de grupinhos”, destaca. Dener tem a seu favor o trabalho que lhe proporciona uma escala de folgas flexível. Trabalha em regime de plantões, cumprindo 24 horas e gozando 72 de folga - isso com a possibilidade de trocar os plantões com outros fotógrafos e acumular folgas ao preço de trabalhar seguido. “Minha média de viagens anuais já foi bem maior. Lembro que em um ano fiquei cinco meses fora de minha cidade. Isso contando os períodos ‘picados’”. Ele já rodou pela Europa, Brasil e América do Sul. Um de seus pontos favoritos é Belém, onde já esteve por cinco anos seguidos fotografando o Círio de Nazaré. “Nesse segundo semestre voltei pra faculdade e estou deixando as viagens meio de lado por agora, mas minha próxima será a visita anual a Belém em outubro mesmo.” Desvantagens “A desvantagem é que alguns custos se tornam mais altos, em alguns lugares é difícil achar hospedagem para solteiro, por exemplo. Então tenho que pagar pelo quarto sozinha, sendo que, se eu estivesse com alguém, poderia dividir e o preço da hospedagem, que cairia pela metade”, conta Polly, sobre uma das desvantagens de viajar só. A outra, ela diz, é a de não ter com quem dividir as

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Dener já chegou a passar cinco meses longe de casa em viagens que incluem América Latina, Europa e os quatro cantos do Brasil

histórias interessantes que podem acontecer na viagem. Nessas horas ela acaba gastando tempo e dinheiro no telefone ligando para a família. Fátima também aprendeu que sozinha as possibilidades de se fazer uma viagem exatamente como se planejou são bem maiores. Ela sempre viu em suas férias uma necessidade muito grande de sair de sua cidade e conhecer o mundo. “Parecia que eu trabalhava só para poder tirar férias. Nas minhas viagens eu sempre saio de Belém sozinha, mas acabo encontrando pessoas em outros lugares ou amigos que se encontram comigo”, conta. Quando foi para a Suíça, ela lembra que não tinha contato nenhum, mas que um sobrinho havia ido e conhecido um morador local. Ela pegou o e-mail, escreveu e foi recebida pela anfitriã que nunca a tinha visto na vida. Facilidade O processo de viajar só e já contar com alguma facilidade tem sido algo cada vez mais constante graças à internet e ao fluxo de informações dadas por publicações sobre o tema. Sites como Hospitality Club e Couch Surfer (ver Box na página 36) proporcionam estes intercâmbios com pessoas que tem em comum o fascínio por viagens, co-

nhecer novas culturas e pessoas. A publicação Lonnely Planet pode se tornar uma bíblia para quem gosta de viajar só. A Lonnely Planet (www.lonnelyplanet.com) desenvolve seus guias por meio do site e em livros e revistas, além de formatos mais modernos e perfeitos para mochileiros hi-techs, como guias em CD-ROM e Ipads. E entre todas as vantagens contadas por quem gosta de viajar só, a maior delas está nas histórias interessantes que se acumulam pelos quilômetros percorridos. Como Polly, que se viu em um barco no Caribe com o motor quebrado em meio a onda violentas. E a de Dener, que apressado para pegar um trem na Bolívia, fez uns sanduíches simples de queijo e serviu para umas mulheres bolivianas, que achavam que se tratava de uma comida típica brasileira. Tem momentos que não é uma presença ao lado que vai fazer com que a magia se estenda. E que também não é uma boa narrativa que vai descrever o que aconteceu. As fotografias servem para ajudar a memória, mas as sensações de se viajar só vão mais além do que equipamentos registram. “Eu gosto das sensações, da liberdade, do vento no rosto, do tato. Nada disso cabe em foto”, finaliza Polly.

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DICAS DOS VIAJANTES Se o texto acima despertou uma vontade de experimentar sair por aí sozinho, pegue algumas dicas com nossos viajantes solitários, que servirão não só para lhe fazer planejar melhor a viagem, como a tomar certos cuidados e encarar alguns desafios: Fátima Pinheiro O site www.hospitalityclub.com. O site é como uma rede de relacionamento, mas dedicado somente a quem tem a intenção de viajar. Um dos mais conhecidos é o Couch Surfer, que como o nome sugere, reúne pessoas que disponibilizam lugares para abrigar viajantes em troca de disponibilizar sua casa também. Fátima diz que o Couch Surfer é dedicado mais a viajantes jovens. Ela revela que no Hospitality Club é voltado para pessoas mais velhas. Ela destaca os métodos de avaliação para quem hospeda e é hospedado. Dener Pastore “Uma das coisas mais legais de viajar só é não estar fechado ao próprio grupo e aos valores e preconceitos que, inevitavelmente, se acaba levando junto. A dica é aproveitar o momento de estar só e se abrir pra conhecer outros viajantes e principalmente o povo da região que se visita, que sempre tem coisas muito interessantes para nos passar sobre sua própria cultura e visão de mundo.” Pollyanna Bastos “Acho que a dica mais importante é não ter medo! Depois de uma experiência assim, você passa a ser uma pessoa mais confiante e aprende que pode se virar sozinha em diversas situações.”

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Crônicas

Celso Eluan empresário celsoeluan@ig.com.br

de uma

Certa

Guerra

Estou convencido: estamos em meio a uma guerra civil no país. A violência urbana assumiu tais proporções que pode ser percebida por qualquer um, de qualquer classe social em qualquer grande cidade. Não vou me estender muito sobre essa percepção, pois certamente quem me lê já teve alguma experiência ou relato de experiência traumática. Apenas acrescento a minha mais recente, citando o caso da filha de um grande amigo recentemente baleada na fuga de um assalto na região da Doca, em seu carro. Os números ajudam no argumento. Dados de 2008 apontavam uma média de 46 mortes violentas durante o conflito no Iraque para cada 100 mil habitantes. No mesmo período, de acordo com a ONG Human Rights Watch, no Brasil estimou-se em 50 mil o número de homicídios. Isso equivale aproximadamente a 26 mortes para cada 100 mil habitantes. Pior que os números é a clara percepção de insegurança. Também nem vou me estender, você já sente isso nas ruas, no seu carro, no ônibus ou mesmo na sua casa. Onde quero pontuar é nas causas. Não aceito mais os argumentos de sempre: má distribuição de renda, miséria, fome, corrupção, falta de investimentos em segurança, má vontade política e tantas outras ladainhas. Não que não seja verdade, o problema é que de tanto repeti-las sem a devida avaliação e mudança do cenário, acabam virando paisagem na janela: servem apenas de assunto, mas ninguém se importa mais com elas de tão corriqueiras. Estou cada vez mais convencido de que uma das principais razões, senão a principal, e ainda não devidamente explorada, é uma certa relativização das leis, algo como a relativização cultural que aceita sem culpas uma condenação à morte por adultério. Essa flexibilização das leis, e uma certa leniência moral, permite que a sociedade como um todo aceite pequenas transigências que vão se acumulando e criando a percepção de que tudo pode. No futebol isso fica logo claro: quando os jogadores percebem que

o árbitro está deixando o jogo correr solto, todos se sentem no direito de entrar mais pesado, a violência vai aumentando e o juiz não consegue mais segurar o jogo. Ou aplica a lei com os cartões amarelo e vermelho ou o jogo vira batalha campal. A vida imita o jogo, ou damos o cartão amarelo e impomos o respeito às leis nas pequenas contravenções, ou todos vão achar que tudo pode e acaba o jogo. Essa política ficou patente na Nova Iorque dos anos 80 com o prefeito Rudolph Giuliani e sua “tolerância zero”. Não houve acréscimo de leis, apenas passou-se a cumprir as leis que já existiam. Esse é outro problema tupiniquim. Você sabia que pode ser multado se não atravessar na faixa de segurança? Pois é, nossos legisladores têm o péssimo hábito de querer regulamentar tudo, nos mínimos detalhes, e esquecem-se de avaliar como essa lei poderá ser implementada, cumprida e vigiada. Agora mesmo estão criando mais um monstrinho, a “Lei da Palmada”. Você, caro leitor, poderá ser punido se vier a dar uma palmada no seu filho. O problema não é a punição em si, mas como controlar isso. Daí que ou teremos uma lei que não servirá pra nada ou teremos uma lei que poderá ser usada contra você pelos motivos mais escusos, já que qualquer um poderá lhe denunciar e abrir um processo. Ora, já há leis demais contra abusos e maus-tratos, não importa se criança ou não, pra quê mais uma específica e tão invasiva no seio da família e na privacidade do cidadão? Pois é, aí está o ovo da serpente, cultuamos um império de leis, adoramos ter milhões de leis e uma Constituição que define até os juros que devem ser aplicados, mas não temos nenhum apego a seguir às leis. E, não estou falando de juízes, senadores ou governantes, estou falando de todos nós, que aceitamos corromper um guarda de trânsito, que bebemos antes de dirigir, que toleramos o filho viciado, que compramos DVDs piratas, que convivemos pacificamente com as pequenas contravenções do dia a dia e achamos que isso não causa nenhum problema. Quando colocamos isso no microscópio da ciência social podemos ver o vírus da violência sendo gestado.

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entrevista

Marcelo Rosenbaum investe em projetos com comunidades carentes para popularizar a sua profissão e provar que ela pode ser agente de transformação social

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Ricardo Schott

Fernanda Brito

Design transforma que

Marcelo Rosenbaum usa a profissão na defesa de ideais e mobiliza colegas para levar benefícios aos que mais precisam

O

designer Marcelo Rosenbaum é um idealista. Daqueles que procuram mobilizar todo mundo para as suas causas. Entre elas, a popularização de sua profissão (“o design sempre foi visto como uma coisa de elite”, conta). Também busca um design mais sustentável, que tenha o reaproveitamento como bandeira. E mantém a vontade de conhecer o que é que o povo deseja, que mobiliário e que decoração são as preferidas da galera. Para isso, ele se entrega diariamente ao trabalho em seu escritório em São Paulo, e a projetos que ajudam a democratizar os benefícios de sua profissão, como o quadro “Lar Doce Lar”, no Caldeirão do Huck (que o faz ser abordado na rua para dar dicas a desconhecidos). Ou o programa de rádio “De coração pra você”, na Globo AM, de segunda a sexta, às 11h25. Ou o “A Gente Transforma”, que levou modificações ao Parque Santo Antônio, comunidade no bairro do Capão Redondo, na Zona Sul paulistana. Unindo música, arte e esporte, o projeto convidou 30 estudantes de arquitetura e design de cinco universidades do Brasil (selecionados por intermédio de um game) a pintarem 63 casas do entorno do Par-

que. Numa das áreas tidas como sendo uma das mais violentas de São Paulo, criaram-se projetos como a construção de uma biblioteca (que vai ganhar mil livros e acesso à internet) e um grupo de discussões a respeito do Córrego do Freitas, que corta o parque e é um esgoto a céu aberto. Sempre com a participação efetiva da comunidade, que adotou o projeto. “Nos jornais, saiu que fomos pintar o Capão Redondo, mas foi mais que isso. Queremos o empoderamento da comunidade”, diz Rosenbaum, que torce para que o projeto deixe marcas não só no Parque, mas nas várias localidades do Brasil que sofrem com o abandono e com a violência. O olhar para o outro é o que move o trabalho deste paulistano de 42 anos, que é casado há dez, tem dois filhos, (Berta, 7 anos, e Ian, de 4), é fã de samba e pagode e tem como hobby estar com a família e os amigos. À Leal Moreira Living, falou sobre as alegrias da profissão, e revelou o que está fazendo naquele pedaço de terra popularizado pelas páginas policiais dos jornais – e que agora, graças à sua ação e ao esforço da comunidade, ganha cara nova, esteticamente e politicamente. »»»

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Queria que você falasse um pouco do “A Gente Transforma”, que, além de levar alguma coisa para as comunidades, ainda dá aos estudantes algo mais do que apenas a formação universitária. Como começou isso? Começou faz muito tempo. Nós temos vontade de trabalho que tenha uma utilidade maior, um design mais útil... Um trabalho que dê retorno em outra dimensão. E a gente acredita muito na multiplicação do nosso pensamento, no olhar, no popular. Enxergar a dimensão, a necessidade do popular, o desejo do povo. Um grande sonho do nosso escritório sempre foi trabalhar com o móvel popular. Fazer a casa do povo brasileiro. Isso sempre foi uma vontade, que acaba não acontecendo. A indústria não comporta, a escala para produção do móvel popular sempre é muito grande... O gosto do popular é muito diferente do que a gente poderia impor. A ideia é ver então a necessidade da população. Isso. A gente não impõe. No Parque Santo Antonio, procuramos ver os desejos, em vez de só a questão do mobiliário, da casa. Não é só isso que precisa ser mudado, ainda tem muita coisa. Há anos que a gente já trabalha com isso e fazemos cenários, projetos para ONGs que trabalham com inclusão social da dança, etc. Entramos através de contatos ajudando outras ações de mobilização... Isso já é o perfil de nosso escritório. E aí surgiu a oportunidade de montar um projeto. Um projeto de verdade que possa virar uma forma de negócio. E queríamos ir para a comunidade, estar com os estudantes. Ver uma realidade em que qualquer coisa é muito, tomar contato com ela. Porque aí estamos falando de algo que começa aqui no Parque Santo Antonio e, na verdade, existem Parques Santo Antonio em todas as esquinas do Brasil, se você for ver. E esse é um exercício que está começando. E que eu espero realmente que seja só um começo. A gente juntou algumas empresas, que são contatos nossos, com as quais a gente vai acabar trabalhando... E o mais importante de tudo: expandir a oportunidade para os estudantes de arquitetura e design. Eles trazem o conhecimento e veem quais são os desejos da

comunidade. O que desejam os moradores da comunidade, quais são as necessidade deles, das pessoas que vivem lá. Existe tudo para consertar lá. Aliás, nem é para consertar, é para fazer. E nada acontece por lá. E nada acontece. E aí criamos uma mobilização, com uma transformação e um despertar para todo mundo que vai participar desse projeto. Entram as empresas patrocinadoras, o pessoal que vai pôr a mão na massa, a comunidade que vai participar disso, que vai falar dos seus desejos, da sua vontade... Muitas vezes sai na imprensa que o projeto é pintar o Capão Redondo. Não é isso, só. Vai ter essa ação da capacitação dos pintores, a aula prática vai ser pintar o entorno do campo do Astro. E isso já rendeu várias reuniões com a comunidade que mora nesse entorno quer realmente que isso aconteça, se eles querem realmente ter sua casa pintada, qual a cor que eles querem... O trabalho é todo assim, não tem imposição nenhuma. O principal é o empoderamento da comunidade, descobrir os talentos da comunidade e levar a empresa a conhecer esse mercado, esse público. Levar os estudantes a conhecer essa comunidade e seus desejos. As pessoas muitas vezes saem da universidade achando que vai ter só um tipo de trabalho a fazer. E não é isso. Temos a iniciativa privada do nosso lado, visamos a participação de todos os meios, mas queremos atenção do setor público. Ele é que efetivamente precisa se mobilizar para trabalhar com a maior necessidade do bairro, que é resolver o problema de um córrego, que hoje inunda toda a área. Com qualquer chuva que cai, acaba inunando todo o entorno. A gente não tem como mexer nisso, mas vamos empoderar toda a comunidade. Eles já se mobilizaram para criar uma associação depois do projeto feito e lutar. Biblioteca? Sim, o projeto ainda tem a implantação de uma, que é a Bilbioteca Para Todos, um outro projeto nosso dentro do A Gente Transforma. A gente vai levar essa blbioteca, que é um espaço doado pelos próprios jogadores do campo de futebol. Esse »»»

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Estudantes de cinco universidades brasileiras foram selecionados para participar do projeto “A gente transformaâ€?, na periferia de SĂŁo Paulo

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O envolvimento da comunidade nas ações promovidas pelo grupo comandado por Rosenbaum tem sido motivo de satisfação para os organizadores

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campo de futebol é uma área de 600 m2 dentro da comunidade, e é a unica área de lazer deles. Existem hoje 18 times formados que jogam nesse campo. E existe um vestiário, caindo aos pedaços, mas que está lá. Eles doaram esse vestiário, vão construir uma biblioteca no andar de baixo. E o vestiário no andar de cina. E o projeto é só tudo isso. Eu lasquei de falar e não parei mais, né? (rindo) Nada! E como praticamente tudo no teu trabalho é uma coisa que começa no design, na decoração e abre bastante o leque. No seu programa de rádio, de coisas de design você começa a falar de água, de meio ambiente... Como é fugir desse trivial e abraçar essas questões? Hoje eu mobilizo muita gente por conta da televisão. O Caldeirão do Huck dá uma visibilidade muito grande. E quero aproveitar justamente isso para poder mobilizar. Quero trazer um retorno que seja para mais pessoas, que não seja só para mim. A sustentabilidade está diretamente ligada à educação. E é uma coisa emergencial. Acho que todo mundo quer um mundo melhor para todos. Para os filhos, para os netos, para as próximas gerações. A coisa não pode parar só em uma pessoa. E vejo isso como sendo a grande história de tudo isso, daqui para a frente. Como você tem visto a mobilização dos estudantes que vão participar do evento? Nossa, os estudantes que já participaram do game, que foram selecionados, adoraram. Estão todos muito mobilizados. Antes do projeto, eles só conheciam o Parque Santo Antonio através dos nossos posts, através do portal do A Gente Transforma. Mas o legal é exatamente a ação multiplicadora do projeito. Além de capacitar, de mobilizar, ela é multiplicadora porque só vai chegar quem realmente já mobilizou e já transformou alguma coisa, nem que seja em si próprio. A gente chegou a mobilizar 130 jovens. E é fantástico, se você pensar nisso, num curto espaço de tempo, né? E jovens... A gente poder estimular esse

olhar, o que eles já colocam dentro do projeto, no espaço do Twitter... É impressionante! E como começou esse olhar para o outro em seu trabalho? Ah, não tem um começou, né? Essa coisa tá dentro. É natural, é uma coisa que... sempre tive, desde criança já era assim. Se falarmos num começo, aconteceu mesmo quando eu era moleque, e fazia natação num clube, no estádio municipal lá de Santo André - minha família é lá do ABC paulista. O meu melhor amigo era o cara mais simples da galera. Eu me identifiquei com isso, é uma coisa natural minha. Apesar de ter vindo de uma família abastada, de classe média, e de nunca ter me faltado nada, sempre tive um olhar para isso. Foi um caminho que segui mesmo. Como começou sua carreira como designer? Você lembra qual foi a primeira coisa que você fez que acabou dando certo? Lembro! Acho que a primeira loja que eu fiz acabou dando supercerto. Dela, brotaram montes de outras. As pessoas viram, gostaram, começaram a me indicar. Eu comecei a trabalhar muito cedo, eu estava no primeiro ano de faculdade e, naquela época, estavam montando o primeiro shopping do ABC paulista, de São Bernardo. Na época eu tinha uma namorada cuja mãe era dona de uma multimarcas, e ela comprou um ponto nesse shopping. Pedi para fazer o projeto da loja dela. Fiz o projeto, ela adorou, e daí para a frente foi. E aí eu fui morar na Alemanha, eu estava no final da faculdade, consegui um estágio num escritório de arquitetura na Alemanha... E quando voltei, nem terminei a faculdade. Eu não tenho o curso terminado. Não dá para dizer que seja exatamente um bom exemplo, né? Mas nunca mais parei de trabalhar. Sou um cara mão na massa! Autodidata, trabalhando muito, tive escritório muito cedo, fui fazendo obra... Comecei depois disso a fazer design, as coisas começaram a dar certo, um trabalho foi dando continuação a outro. »»»

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E o Lar Doce Lar? Como é isso para você em termos de notoriedade? Isso te ajuda no teu trabalho? Na verdade, nem é que ajude, já que já vinha trabalhando muito há tempo. Acho que é uma troca, porque eu já tinha um certo reconhecimento na área onde eu atuava, naquele nicho. Mas com a televisão, a dimensão é outra. Para mim, tudo cabe como uma luva. É uma bênção de Deus, porque a gente consegue atingir o popular, esse público, que é o grande Brasil. Entramos de cara com essa história de trabalhar com a grande massa. Que sempre foi meu desejo. Para isso, a televisão é fantástica. Eu abraço todas as causas e tento aproveitar o máximo tudo isso que eu consigo, com a dimensão da popularidade, do respeito. E a televisão proporciona isso. Vira uma vitrine para você... Pois é, acho que o principal é que democratiza. Você leva para quem está do outro lado da televisão uma profissão que até então era só para a elite. Que era quem tinha acesso a essas coisas, que podia entender essas coisas. Imagina, você conseguir ter acesso a uma casa, a beneficiar uma família... E, mais do que isso, não é só a família que está sendo beneficiada, são todas as pessoas que estão assistindo ao programa. Elas passam a entender o benefício desse trabalho, e a democratização disso. E as pessoas estão percebendo que dá para fazer isso reaproveitando coisas, que é uma grande bandeira do seu trabalho, não? Sim, o reaproveitamento é uma grande bandeira, exatamente. E é uma grande responsabilidade. Você é muito parado na rua para dar dicas para os outros? A TV te deu notoriedade? Ah, sim, isso acontece o tempo todo. Nem é esse o mote do trabalho, mas tem carinho, né? Eu tento tratar como uma continuação do que eu faço. Respondo com o mesmo carinho com o qual as pessoas me abordam. Não tenho nenhum deslumbre com relação a isso.

Teve algum momento do programa que te tocou especialmente? Olha, todos! Mas teve um que foi especial. A gente fez um abrigo, que era uma casa com 54 crianças adotadas. E eu entrei na casa com as crianças, pela primeira vez, elas todas de mãos dadas. Quase todas tinham alguma deficiência, históricos de rejeição, porque a dona da casa, a D. Abigail, adotava só crianças com algum histórico desses – de terem alguma síndrome, ou algo do tipo. E eram crianças muito felizes, do jeito deles. Eles entraram e viram o que a gente fez. E todas choraram. Eles começaram a beijar a cama, o lençol, as prateleiras que a gente colocou. Fiquei realmente muito emocionado. Como aconteceu também em outros casos, né? Cada um tem sua particularidade. Mas esse, quando dei por mim, estava chorando junto com todo mundo. E dá para entender o quão transformador e útil é o nosso trabalho. É algo que vem para confirmar, esse desejo, esse olhar, essa vontade de fazer o que eu faço. No que você se inspira? O que está por trás da sua criação? Ih... (rindo) Muita coisa, eu sei... Muita! O dia a dia, né? O olhar do entorno, tudo. Nem tem um conceito, um objetivo. Você acaba nem tendo esse olhar artístico só. Você acaba tendo as encomendas, o prazo, o briefing do cliente, a vontade dele... O trabalho acaba sendo meio por aí. Você é do tipo de decorador que está na casa dos amigos e dá dicas para eles? (rindo) Sim, claro, é natural! Essa parte do trabalho é um prazer, faço isso sempre por adorar muito meu trabalho. Estar na casa de um amigo e dar umas dicas sempre é muito bom, nem chega a parecer que estou trabalhando. É minha forma de comunicação. Me comunico com as pessoas geralmente a partir disso.

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Com “Tia Dagui�, parceira na ONG Casa do Zezinho, e conferindo de perto os trabalhos

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decor

Obras artísticas valorizam e dão um tom de sofisticação aos ambientes

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Alan Bordallo

Luiza Cavalcante

Arte em todo

canto

Obras artísticas ajudam a harmonizar ambientes e caem bem seja em escritórios, residências...

D

ecorar um ambiente não é tarefa simples, mas também não é um bicho de sete cabeças. Um recurso que vem sendo bastante utilizado para harmonizar um espaço, residencial ou não, é a utilização de obras de arte. Segundo o artista plástico Marinaldo Santos, que fornece seus trabalhos para residências e escritórios há anos, a obra oferece outro espírito ao lugar, emprestando beleza e elegância, além de ser uma fonte inesgotável de elementos a serem descobertos. Para a designer de interiores Fátima Rego, a tendência tem um efeito claro: faz com que o espaço seja melhor percebido e mais agradável para quem o habita ou trabalha. Bastam cuidados na hora de pensar na harmonização dos ambientes. Por uma questão estética, já que representa sofisticação, uma obra artística, seja uma pintura, escultura, fotografia ou de outra natureza, valoriza o ambiente no qual está inserida. Mas isso não é algo novo, como explica a designer de interiores Fátima Rego. Antigamente, na Europa, Grécia em especial, as obras de arte eram fatores de distinção entre as classes sociais. “Houve um tempo em que as obras de arte foram supervalorizadas e incentivadas, por fazerem a diferença entre classes sociais. Muitos comerciantes abastados se transformavam em Mecenas e investiam em artistas que hoje são nossas referências. Nessa época foi que surgiram gênios, pintores e escul-

tores, como Michelangelo, Da Vinci e muitos outros. É claro que hoje em dia, com a valorização dos espaços em que trabalhamos ou vivemos, os objetos de arte passaram a ser cada dia mais procurados, o que levou muitos artistas a acreditarem ser possível viver de arte”, diz ela. Um desses artistas a que Fátima se refere é o paraense Marinaldo Santos, de 48 anos, pintor desde a década de 70. Marinaldo, que já teve obras expostas em galerias francesas, holandesas, alemãs, portuguesas, e outros países do Velho Continente - além de ter sido premiado diversas vezes no Arte Pará - atesta que hoje o panorama é outro: embora se declare gratificado por viver da arte, encontra barreiras até para divulgar o trabalho, pela falta de galerias que sirvam como referência em Belém. “O artista acumula a função de comerciante de arte também. E é meio complicado”, explica. A falta de um mercado de arte no Estado acabou abrindo espaço para que sua pintura invadisse ambientes de trabalho ou residenciais. Alguns de seus clientes, como o advogado Jorge Alex Athias, que, em seu escritório, tem “a vida toda” de Marinaldo, reproduzindo uma hipérbole do artista. Na opinião do pintor, qualquer ambiente pode receber uma obra de arte como peça decorativa. “A obra de arte fala por ela mesma em qualquer ambiente”, diz ele, recomendando apenas cuidados com - no caso específico de quadros - a moldura »»»

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que poderá ser utilizada. “Muitas vezes a moldura acaba chamando a atenção demais. O olhar vai direcionado àquela moldura, por causa da cor ou do tamanho” - e do local onde o adereço ficará. “Se misturar com muitos elementos você acaba realmente dificultando. Acaba perdendo a leitura do trabalho. Quanto mais limpo o ambiente maiores são as oportunidades de se fazer uma leitura melhor, visualmente falando. Fica mais fácil até contemplar o trabalho”, diz. Fátima vai além: para a designer, obras de arte são manifestações de subjetividade, passíveis de encontrarmos em coisas do cotidiano. Ela recomenda que o ambiente que será adornado seja arrumado de maneira que coloque em destaque a peça escolhida, primando por uma peça de iluminação que evidencie a beleza do objeto, apesar de defender que não há um lugar certo, nem um errado. “O que existe é um lugar mais indicado e outro menos para se colocar”, explica. Nesse caso, o primeiro passo é perceber quais são as preferências do morador, para residências, ou do profissional que irá abrigar em seu ambiente de trabalho. Ela diz que se preciso aconselha o cliente, posicionando a obra no local devido, o que, na maioria das vezes, é aceito. Para Marinaldo, a ousadia também é importante no processo. Ele se diz avesso às novas tendências de decoração que são mostradas em revistas especializadas, onde todos os elementos aparecem em sintonia uns com os outros. “Acho que hoje existe uma preocupação muito grande em pensar que ‘isso tem que combinar com aquilo,’ senão não funciona. Eu sou contra”, diz. “Eu não coloco dessa forma, não faria isso em casa, de procurar um quadro que combine com a parede ou outro adereço com o ambiente. Acho que está mais para o saber como arrumar. Você pode misturar, mas de uma forma equilibrada, tomando cuidado com cores conflitantes, o que, aí sim, pode tirar a atenção da obra”, diz. Em resumo: se você procura uma obra de arte para enfeitar o quarto ou sua sala, tenha em mente que tipo de sensação você quer causar em quem a vê, e de maneira nenhuma escolha algo que não tenha a ver com a sua personalidade. “A arte em si, inserida no ambiente, muda a concepção do espaço para quem chega e para quem vive no espaço. Sempre digo que com uma obra de arte a cada dia você descobre um elemento que muitas vezes passa despercebido”, completa Marinaldo. Fátima aconselha. “A arte faz com que o espaço habitado reflita cada vez mais a personalidade de seus donos, desperta um interesse maior e continuado pelo seu espaço, trazendo conforto e prazer em permanecer nesse espaço. Seja de trabalho, onde isso é muito importante, ou seja em sua casa, local de descanso e de convivência com a família e amigos.”

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Coleção Sabores do Brasil, Culinária Marajoara O livro „Sabores do Brasil. Culinária Marajoara‰ é um livro de receitas criadas pelo saudoso chef Paulo Martins, que recentemente nos deixou. Paulo foi ao Marajó, em 2006, conhecer e entender melhor a respeito dos ingredientes e dos pratos típicos desta região. A partir da experiência, recriou várias receitas e trouxe ao público a culinária marajoara com uma pitada de inovação e sofisticação. As fotos do livro são do fotógrafo Renato Chalu e fazem parte do documentário que acompanha o livro. A produção da Coleção é da Imageria Filmes e Livros.

Coleção Círio 2010 Manufatura A maior manifestação católica do povo paraense inspira a Manufatura a criar camisas estilizadas em homenagem à Virgem de Nazaré. Este ano, a coleção Círio 2010 conta com 5 modelos exclusivos, criados a partir da parceria com um grupo de artesãs de um projeto social e tem como ponto forte a sobreposição de tecidos, detalhes e recortes que remetem à cultura indígena.

Os preços e disponibilidade dos produtos são de responsabilidade dos anunciantes

confraria

Nas livrarias da cidade Preço: R$ 48,00

Manufatura Preço: R$ 70,00 Telefone: (91) 3223-3082 Endereço: Travessa D. Romualdo de Seixas 884 (entre Bernaldo Couto e Jerônimo Pimentel)

A Azulejaria Belém tem uma nova opção para quem curte arte. Trata-se do Casarão Estúdio, projeto da artista plástica Cíntia Ramos. Entre exposições e eventos para fomentar a arte na cidade, os visitantes podem comprar obras como „Azulejaria‰. Arte em casa nunca é demais. Azulejaria Preço: R$ 8.900,00 Telefone: (91) 3366-3747 Endereço.: Casarão Estúdio Galeria, Av. Conselheiro Furtado (entre Roberto Camelier e Tupinambás).

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destino

PortĂŁo de Brandenburgo, o mais importante cartĂŁo-postal de Berlim, um dos patrimĂ´nios culturais da humanidade

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Dayse Freitas

As mil

faces de

Renata Rath

Berlim

Multicultural e repleta de atrações, a capital alemã mostra ao mundo por que é a nova queridinha do Velho Continente

I

magine uma cidade cercada por uma riquíssima herança histórica e onde arte, cultura, multiculturalismo e boemia se juntam a uma qualidade de vida que pouquíssimas metrópoles no mundo podem oferecer. Apesar de parecer uma realidade cada vez mais distante para as grandes capitais do planeta, para muitos, a metrópole ideal existe e tem nome: Berlim. Com cerca 3,5 milhões de habitantes, a capital da República Federativa da Alemanha desponta hoje como um dos mais importantes centros culturais da Europa e, junto de cidades como Londres, Paris e Roma, já é um dos lugares mais visitados no Velho Continente. O fervor cultural berlinense, que cada vez mais atrai jovens artistas e intelectuais para a capital alemã, tem feito da metrópole um dos lugares mais “descolados” do momento. Há quem diga também que sua atmosfera cosmopolita e pulsante lembra muito Nova Iorque na época em que artistas imigrantes procuravam a cidade para mostrar sua produção em meio a toda efervescência cultural nova-iorquina na

década de 80. A importância histórica e geográfica de Berlim no continente europeu começou no século XVIII, quando a cidade foi escolhida para ser a capital do Reino da Prússia, que mais tarde daria origem ao grande Império Alemão, existente até o início do século XX. Já como Alemanha, a cidade tornou-se capital da República de Weimar, governo instaurado logo após a Primeira Guerra Mundial, e em seguida passou a ser sede do Terceiro Reich, como foi denominado o período do governo nazista no país entre a Primeira e a Segunda Guerra mundiais. No entanto, foi durante a Guerra Fria que Berlim passou a ser mundialmente mais conhecida. A cidade representou durante a guerra bipolar o principal símbolo de separação entre o mundo capitalista e socialista. A construção de um muro, em 1961, com mais de 1.300 quilômetros de extensão dividiu a Alemanha em lado oriental e ocidental, marcando mais um período tenso no país, que ainda se recuperava das cicatrizes »»»

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A Ilha dos Museus recebe cerca de três milhões de visitantes do mundo inteiro a cada ano deixadas pela devastação da guerra anterior. Vinte anos após a queda do Berliner Mauer (Muro de Berlim em alemão), a capital alemã convive aparentemente em harmonia com suas heranças históricas e com o boom de modernização que recuperou o país e o transformou na principal potência econômica da União Europeia. Hoje, o que sobrou da “cortina de ferro” serve de atração turística para os mais variados tipos de turistas que visitam diariamente a cidade. Um passeio de bicicleta para conhecer o que restou do muro, o chamado “Mauerweg”, pode provocar uma verdadeira sensação de viagem no tempo. Aliás, a bicicleta é um dos principais meios de locomoção na cidade, apesar do eficiente sistema de transporte oferecido à população. Segundo os dados divulgados pela rede hoteleira da cidade, só em 2009 quase 19 milhões de pernoites foram registrados na capital alemã. O balanço não inclui as visitas diárias e acomodações alternativas. Orgulho cultural Conhecer os monumentos históricos de Berlim, sem dú-

vida, está entre as atividades quase obrigatórias para quem deseja conhecer a metrópole. A famosa “Ilha dos Museus”, um complexo arquitetônico de cinco imponentes construções quase destruídas durante a Segunda Guerra, já torna boa parte da viagem uma grande experiência no campo das artes, por exemplo. A “cidade templo” foi declarada há dez anos Patrimônio Cultural da Humanidade e já chegou a ser comparada com outras maravilhas do mundo como as Pirâmides do Egito e a Grande Muralha, na China. Para visitar todos os cinco museus que fazem parte da ilha, o visitante precisa reservar, talvez, mais que um ou dois dias para o programa. No entanto, depois de ter a oportunidade de conhecer o famoso Museu Pergamon, que abriga grandes tesouros da antiguidade, ou a Antiga Galeria Nacional Alemã, qualquer pessoa poderá entender por que o complexo recebe cerca de três milhões de visitas por ano e representa um dos maiores orgulhos culturais do povo alemão. O ticket para cada um dos museus custa em média 8 euros, mas é possível visitar gratuitamente todos os cinco locais durante as quintas-feiras. Outro lugar bastante disputado para visitas é o tocante Mo-

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O Monumento ao Holocausto presta homenagem às vítimas de um dos períodos mais sombrios da história mundial numento ao Holocausto, inaugurado em 2005. Mais de 2.700 blocos de concreto formam a gigante obra de arte e prestam uma homenagem às vítimas assassinadas durante o nazismo. Se depois da visita ao local ainda sobrar tempo e interesse pelo assunto, vale a pena visitar o Museu Judaico (Jüdisches Museum Berlin), localizado na Lindenstrasse, com um acervo que mostra mais de dois mil anos de história entre a Alemanha e o povo judeu. A entrada custa 5 euros para cada adulto. Ainda bem próximo ao Monumento do Holocausto, é possível aproveitar o passeio e fazer belas fotos em frente ao Portão de Brandemburgo, o mais importante cartão-postal de Berlim. A porta de entrada da cidade, construída em 1793 para representar a paz, passou a ser o principal símbolo da vitória alemã contra a invasão de Napoleão Bonaparte, em 1814. Durante a existência do muro, o local também servia para marcar a divisão da cidade, mas após a reunificação alemã o portão voltou a ser palco das grandes datas comemorativas do país. Para todos os gostos Com tanta diversidade cultural e uma atmosfera totalmente

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No Hackescher Markt, uma pausa para degustação das famosissímas cervejas alemãs

“multi-kulti”, expressão usada pelos berlinenses para se referir ao caráter cosmopolita da cidade, Berlim vem conquistando cada vez mais a preferência, não só da juventude alemã, mas de jovens estrangeiros de todo o mundo que buscam a perfeita combinação entre a grande metrópole e a boa qualidade de vida existente na Alemanha em geral. O paraense Rodrigo da Costa é um dos muitos brasileiros que não demonstram nenhum arrependimento em ter escolhido a capital alemã para viver. Há mais de dois anos, o programador de computadores saiu de Belém com o objetivo de estudar alemão e passar uma temporada no país. Três meses após chegar à Alemanha, o jovem recebeu um contrato de trabalho e desde então adotou a metrópole como o novo lar. ”Berlim é extremamente ativa no aspecto cultural e uma qualidade de vida incrível se fizermos uma comparação com outras metrópoles mundiais. Talvez por não possuir muitas indústrias, já que a maioria das fábricas está em outras regiões do país”, comenta o paraense, que depois de se estabilizar na capital

também convidou a namorada para morar em Berlim. O casal vive hoje em Kreuzberg, o bairro mais alternativo e boêmio da cidade. Sobre o cotidiano, eles ressaltam principalmente a forte arborização na capital, que possui mais de 40% de área verde do total de sua extensão territorial. “Berlim não é lotada e nem claustrofóbica. Tem muitos parques, lagos e mesmo estando no centro da cidade é comum encontrarmos coelhos e raposas circulando livremente. É uma cidade muito organizada”, elogia o paraense. Em Prenzlauer Berg, antigo bairro operário da Berlim Oriental e hoje o mais caro da cidade, turistas e moradores se misturam para apreciar pequenas galerias de arte, restaurantes das mais diversas nacionalidades, cinemas alternativos e uma infinidade de opções culturais que movimentam o bairro todos os dias. Uma visita ao Kulturbrauerei, uma antiga fábrica de cerveja transformada em um grande centro cultural, também pode proporcionar ótimas experiências durante um passeio pelo bairro.

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Passeios pelo Rio Spree, que corta a parte central da cidade, são alguns dos programas obrigatórios em Berlim. Abaixo, um detalhe de como o tradicional convive em harmonia com o moderno.

Quem optar por uma hospedagem em Mitte, o bairro no coração de Berlim, também estará cheio de boas opções durante a estadia na cidade. Lá estão localizadas a Alexanderplatz (praça central) e a torre de televisão, uma atração turística com 368 metros de altura que, além de uma visão panorâmica da cidade, ainda oferece um elegante restaurante giratório para os visitantes. Outro programa considerado imperdível é o tour pelo Rio Spree, que corta uma parte central de Berlim. O passeio dura aproximadamente uma hora e mostra outros importantes pontos turísticos da cidade. O tour custa entre 8 e 12 euros e oferece guias em alemão, inglês e outros idiomas, dependendo da preferência. Depois de tantas atividades durante o dia, o cenário sugestivo de uma capital europeia pode ser perfeito para conhecer os elegantes bares e restaurantes localizados no Hackescher Markt, também em Mitte. A degustação de uma típica cerveja alemã, uma das melhores do mundo, certamente será um convite para uma próxima visita.

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O Muro de Berlim, que durante décadas simbolizou a divisão do país, agora é palco de manifestações culturais e ponto de encontro para celebrar a nova Alemanha

Onde fica? A cidade está localizada no leste da Alemanha e cerca de 70 quilômetros ao oeste da fronteira com a Polônia, no continente europeu.

Comunicação Código de País: +49 Código de Internet: .de

Transporte Aéreo Aeroportos: Conta com os terminais Berlim-Tegel (central) e Berlim-Schönefeld (para voos menores). Em 2012, o Aeroporto Tegel deverá ser fechado em virtude de um grande projeto arquitetônico, que deverá transformar Schönefeld em “Aeroporto Internacional Berlim-Brandemburgo”.

Melhor época para visita Entre junho e setembro, período que compreende todo o verão e início do outono europeu. No inverno e parte da primavera (entre novembro e março), a cidade registra temperaturas muito baixas, o que pode inviabilizar os programas ao ar livre

Transporte na capital Berlim possui um sistema que integra U-Bahn (metrô), S-Bahn (metrô de superfície), Strassebahn (bonde elétrico) e Bus (ônibus). Um ticket com validade de duas horas custa 2,10€ e dá direito à locomoção em qualquer um dos meios de transporte urbanos.

Sites interessantes http://www.berlin.de (Dicas de turismo em geral na cidade. Em alemão, inglês e outros idiomas) http://www.berlinonbike.de (Informações sobre passeios de bicicleta pela cidade e ao longo do muro) http://www.bvg.de (Informações sobre o sistema de transporte em alemão e inglês)

Para voar do Brasil Os voos com destino a Berlim saem tanto de Guarulhos, em São Paulo, como do Rio de Janeiro e de algumas capitais nordestinas como Recife e Salvador.

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Livros

horas vagas

Alvaro Jinkings Jornalista

Os cangaceiros – ensaio de interpretação histórica Luiz Bernardo Pericás - Boitempo Os Cangaceiros, de Luiz Bernardo Pericás, contribui de forma significativa com um tema de grande importância na História do Brasil. Baseado em extensa bibliografia, o autor traça as vias pelas quais o cangaço surgiu e se desenvolveu durante o Estado Novo. Faz uma reavaliação crítica da historiografia dedicada ao assunto e desmonta as explicações unilaterais que tentaram entender personagens como Lampião, Corisco, Sinhô Pereira e outros. Não escapam de sua crítica autores consagrados como Eric Hobsbawn, que incluiu o cangaço na categoria do banditismo social. A obra nega que a miséria pura e simples estivesse na raiz da motivação para a entrada no banditismo nordestino. Pelas biografias dos principais líderes ficamos sabendo que tinham origem relativamente abastada. Além disso, Pericás consegue superar a propaganda dos próprios cangaceiros e não titubeia em mostrar também a crueldade deles. O cangaço, fenômeno que começou na segunda metade do século XIX e terminou mais ou menos em 1940, é uma escolha felicíssima de mais este lançamento da Boitempo.

*da redação

Eu quero aquele sapato! Paola Jacobbi

Conversa sobre o tempo Dapieve, Veríssimo, Zuenir Ventura

90 livros clássicos para apressadinhos Henrik Lange

Ponto final Mikal Gilmore

Reza a lenda que uma das razões para o descontentamento de Eva nos jardins do paraíso seria o fato de Deus, ocupado com a tarefa de criar todas as coisas em intervalo tão curto de tempo, ter esquecido de fornecer à primeira mulher um único par de sapatos. A partir dessa falta, teríamos a serpente, a maça, a expulsão do Éden e o processo eleitoral brasileiro. Brincadeiras à parte, é a obsessão feminina por esses pequenos objetos de desejo o mote do livro “Eu quero aquele sapato!”, da jornalista italiana Paola Jacobbi. De Audrey Hepburn a Imelda Marcos, de Cinderela a Marilyn Monroe, os textos do livro passeiam com bom humor e leveza pela história e mostram como um olhar mais cuidadoso para esses acessórios pode ser útil na árdua tarefa de decifrar, um pouquinho que seja, os mistérios do universo feminino.

Amizades de longa data ensinam. E quando envolvem dois dos grandes cronistas da vida recente do país, ensinam mais ainda. Foi a partir dessa premissa que a Editora Agir trancou, durante quatro dias, o jornalista Arthur Dapieve (colunista da Leal Moreira Living) e os escritores Zuenir Ventura e Luís Fernando Veríssimo em uma fazenda escondida no interior fluminense. Na pauta, tudo. Vinte anos de amizade passados a limpo com pinceladas generosas sobre fatos e costumes que ajudaram a construir a história do século XX, do qual os dois - aliás, os três foram observadores atentos. Como bem observou Dapieve, ao fim dos dias de clausura e das consequentes 254 páginas de bate-papo transcritos, os grandes premiados desse “Big Brother ” das ideias, os que podem comemorar, somos nós, leitores.

O tempo é curto e a existência mais ainda, resumiria o filósofo. Entre as quase mil páginas de Ulisses e a vida, há muitos que não hesitam em optar pela segunda alternativa. Se você se enquadra nesse perfil - ou tem bom humor o suficiente pra não levar essas palavras iniciais a ferro e fogo -, o quadrinista Henrik Lange tem o que você precisa. Em “90 clássicos para apressadinhos”, o sueco produziu um compêndio onde tesouros - ou nem tanto - da literatura universal podem ser compreendidos na profundidade de quatro quadrinhos. Quer saber o que se passou nas obras de Nabokov, Herman Melville, Dan Brown e Gabriel Garcia Márquez? É só folhear a obra, que pode ser tanto uma arma para apressadinhos em mesas de bar como também uma porta de entrada para que estes saiam, oxalá, à procura dos originais.

Os anos 1960 são, ao que parece, uma fonte inesgotável de assunto para escritores e jornalistas. A importância da arte produzida no período, a música em especial, segue firme e forte como objeto de análise e discussões através dos anos (e fonte de lucro para artistas, editoras, gravadoras etc). “Ponto final”, do jornalista Mikal Gilmore, vem se somar à avalanche de obras que tentam jogar alguma luz sobre a época. Partindo de perfis de personalidades que se destacaram em suas áreas de atuação, Gilmore traça um panorama artístico, social e político dos sixties, e contextualiza vida e obra de gente como John Lennon, Allen Ginsberg, Bob Dylan, Timothy Leary, entre outros. Os textos, publicados originalmente na Rolling Stone americana, são um ponto de partida para quem quer descobrir mais um pouco sobre esses loucos anos da história recente.

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Música Marcelo Viegas Músico

Tim Maia, funk soul bróder Detentor de voz única e musicalidade imensa, Tim Maia reina no espaço destinado ao soul e ao funk em nosso país. Título justo e conquistado entre várias outras sumidades – Gerson King Combo, Cassiano, Jorge Ben, Di Melo - o músico carioca, com seu som inconfundível, fez parte do maravilhoso e hoje quase esquecido movimento Black Rio, que explodiu no meio da década dos 70 no Brasil. É justamente nessa fase que seus discos atingem o auge da fina mistura. Passando pelos dois discos da “Fase Racional” – hoje existe mais um terceiro – e com os lançamentos dos álbuns homônimos de 1976, 1977, mais o “Tim Maia Disco Club”, a década dos 70 é, com grande certeza, a mais criativa da carreira de Tim.. Para admiradores convictos essa afirmação pode pesar. Afinal, como esquecer os sucessos de “Azul Da Cor Do Mar”,“Você”, “Primavera”? Músicas compostas no início da carreira, que nunca foram excluídas do repertório do artista e estão diretamente associadas a sua imagem – muito mais que canções da fase do movimento Black Rio?. O fato é que a fase iniciada no meio da década dos 70 não deixou de produzir outras músicas de impacto. E talvez essa seja a explicação para o reinado de Tim Maia e sua fama para além do referido movimento: a alta perícia em criar hits. Analisando seus discos, é muito fácil identificar o enfoque sempre dado às canções, ora baladas ora grooves inspiradíssimos, todas com dura-

ção perfeita para tocar do início ao fim nas rádios, que ainda era o melhor meio de fazer chegar música ao ouvidos. Soma-se a isso canções com dinâmica que se assemelham de disco para disco. Prova é a similaridade da fórmula de “Nobody Can Live Forever”, do disco de 1976, com “All I Want”, do “Tim Maia Disco Club”. Outro exemplo seria a temática nordestina da “Festa de Santo Reis, continuando a ideia da interpretação de “Coroné Antônio Bento”. Que fique claro: tamanhas concepções nunca trouxeram embargos à música de Tim Maia. Tudo graças a sua criatividade musical, que sempre tornava viva cada fórmula por ele abordada. Essa percepção serviu, sim, para transformá-lo em gigante, a ponto de produzir a maioria dos seus discos sem o apoio de uma grande gravadora, e dar-lhe o destaque necessário para influenciar uma vasta gama de músicos que sorvia sua matéria musical do funk e do soul estadunidense . Os discos resenhados abaixo, tirando os da fase Racional, se referem ao tempo em que o funk teve força tremenda no Brasil. Tempo também em que Tim Maia usou músicos da famosa banda Black Rio para compor sua aclamada Vitória Régia, deixando– os livres para produzir faixas instrumentais, experimentar linhas de sopros sensacionais, sempre visando dar mais vida a sua grave voz – de onde provinham todos os arranjos de sua música. Não ignorando as outras fases da carreira de Tim Maia, essa foi das maiores. Maior até que sua massa corpórea, eu diria.

Racional Volume I (1975)

Racional Volume II (1976)

Tim Maia (1976)

Tim Maia Disco Club (1978)

Começando pela famosa e marcante “Imunização Racional (Que Beleza)”, o primeiro contato com o disco mais apreciado de Tim Maia rapidamente encanta. A maravilhosa execução instrumental conflita com o espanto causado pela lírica influenciada pela Cultura Racional que - nas suas letras – é “conhecimento advindo do mundo superior”. Com a Vitória Régia precisa, inspirada, e ajudado pela crescente qualidade sonora de gravação, trazida com o advento dos anos 70, o repertório apresenta beleza sem igual: “Bom Senso”, “Contato Com O Mundo Racional”, “Universo em Desencanto”, “Rational Culture” estão entre as melhores músicas já gravadas por Tim Maia e sua mágica banda.

Devido à estranheza das letras, a Phillips acabou recusando o que seria o primeiro álbum duplo do músico, até então “Racional”. Com isso, o lançamento foi feito pela recém-fundada gravadora de Tim Maia (Seroma), marcando o início de seu caminho como músico independente. Lançado um ano depois do primeiro volume, o que se ouve é de arrepiar: “Que Legal” e seu clima contagiante de salsa; a malemolente e funkeada “O Caminho do Bem”, além da suíngada ““Guiné Bissau, Moçambique e Angola Racional” são destaques. “Ela Partiu”, também conhecida como “Quer Queira Quer Não Queira”, é uma aula de arranjo e vocalizações soul, com Tim Maia esbanjando vitalidade vocal.

Desiludido com a Cultura Racional, o músico voltou às letras profanas, costumes ilícitos, e intensificou o som da banda para continuar a construir canções cheias do então “deep funk”, antecipando o mergulho em direção ao movimento Black Rio. “Rodésia” e sua levada magnífica, belo solo de Paulinho Guitarra, é a música mais forte do disco – inclusive foi relançada na década de 80, quando o país mudava de nome para Zimbábue. “Márcio Leonardo e Telmo” é de arrepiar. Nessa música os sopros são substituídos pelo belo timbre do Clavinete. “Batata Frita, O Ladrão de Bicicletas” e “Nobody Can Live Forever ” são pérolas de um disco injustamente esquecido.

Feito sob encomenda para a Atlantic/Wea, “Tim Maia Disco Club” caiu como um petardo no mundo funkeado do movimento Black Rio. “Sossego”, com seu groove hipnótico e maravilhoso, mostra toda a potencialidade da voz de Tim Maia, impulsionada pela potência da Vitória Régia. “All I Want” é outra maravilha que nunca poderá ser esquecida. O Instrumental de “Vitória Régia Estou Contigo e Não Abro” é outra genialidade conduzida pela belíssima banda de Tim Maia, que nesse álbum perdia seu grande chefe, Paulinho Guitarra, mas experimentava dois novos músicos: Renato Piau e Pepeu Gomes (Ele mesmo). Disco famoso, com todo o mérito, e fundamental.

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O circo

literatura

da

Escritores não são astros pop. Não atraem multidões como roqueiros ou artistas de Hollywood. Exceções como J.K. Rowling, autora da série Harry Potter, ou Paulo Coelho apenas confirmam a regra. Há, claro, países onde o hábito da leitura é bem mais arraigado do que no Brasil, como a intelectualizada França, que reserva um cantinho discreto para os seus escritores na área VIP. Seja como for, não se equipara a um estrelato. Basta comparar com o que acontece quando uma moça bonita, tipo a Carla Bruni (antes mesmo de se tornar primeira-dama), começa a miar uma balada vagamente parecida com uma bossa nova. Na verdade, a maioria dos escritores já nem se preocupa tanto com o tamanho da sua fatia de leitores, salvo, claro, porque dela depende ao menos parcialmente para pôr comida na mesa. Muitos têm outras profissões durante as horas “úteis”. Excetuando-se aqueles que ainda almejam acertar um tiro na listas dos livros mais vendidos, a maioria sabe – ou tenta se convencer – que o importante não é a quantidade, mas a qualidade dos leitores. O que são, afinal, algumas dezenas de milhares de exemplares vendidos se se tem, ali, fiéis, centenas de pessoas inteligentes, realmente comprometidas com a boa leitura? Contudo, existem ocasiões, que por sorte e por perseverança estão se tornando cada vez mais numerosas também no Brasil, nas quais os escritores se sentem um pouquinho como astros pop. São as bienais do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Belo Horizonte; é a Feira do Livro de Porto Alegre; a Jornada de Passo Fundo; o Fórum das Letras de Ouro Preto; a Tarrafa Literária, de Santos; a Festa Literária Internacional de Paraty; a Fliporto, agora em Recife; e, claro, é a Feira Pan-Amazônica do Livro, em Belém. Certamente esqueço algum outro evento dessa natureza, mas esse meu inevitável esquecimento só virá a comprovar o que digo ali em cima: eles estão se tornando cada vez mais numerosos. Claro que há diferenças de dimensões e de propósitos entre eles. Uns privilegiam o acesso do leitor aos livros, outros pretendem aproximar leitores e autores, outros ainda buscam reunir tudo, literatura, mercado editorial e consumidores. Uns ocorrem em cidades coloniais, outros em grandes metrópoles, outros ainda em importantes centros regionais. Todos, porém, têm em comum o fato de que, seja como protagonista seja como principal coadjuvante, o escritor se sente prestigiado, vivo, útil. Nessas feiras e festas, ele não disputa espaço nem com os figurantes de Malhação nem com a última banda

Arthur Dapieve jornalista

emo; ele é que é o tal. Já vi uma multidão de crianças cercar reverentemente o Luis Fernando Verissimo na Praça da Matriz, em Paraty, atrás dos autógrafos que ele com certeza deu agradecido. Em encontros maiores, são famosas as filas de crianças, adolescentes e adultos que se formam à espera de uma assinatura de Ziraldo ou de Thalita Rebouças em seus livros infanto-juvenis. Para quem ama ler, e para quem vive de escrever, dá gosto de ver. Quando são realizadas em grandes espaços, como o Riocentro, o Anhembi ou a Expominas, o trânsito dos autores de um ponto a outro da bienal talvez seja até efetuado num carrinho elétrico, como os usados nos campos de golfe. O sujeito/a sujeita vai ali, no lugar de honra, chamando a atenção e os flashes inclusive de quem não tem a menor ideia de quem ele/ela seja. A lógica é: “Se está ali, só pode ser autor/ autora importante.” E isso faz sentido. Acho que é fácil imaginar o quanto uma ocasião dessas massageia o ego de quem necessariamente trabalha sozinho, isolado do mundo, na companhia apenas da sua imaginação e, se for o caso, de outros livros para consultar _ mas que, talvez contra a própria índole, cada vez mais frequentemente tem de sair da toca para promover o trabalho e lembrar ao leitor que, ora bolas, o autor existe. Até por isso, admiro escritores como o mineiro acariocado Rubem Fonseca ou o curitibano convicto Dalton Trevisan, que fazem raríssimas aparições públicas e, tá louco?, nunca em encontros de escritores, feiras do livro ou noites de autógrafos. Queria ter o telefone dos seus psicanalistas. É preciso ter um ego sólido, aliado a uma não menos sólida convicção moral, para agir assim, evitando o assédio. Porque eventos que reúnem escritores, livros e leitores não são somente ocasiões autocongratulatórias, mas também proporcionam uma bela oportunidade para se encontrar amigos e conhecidos e para transformar desconhecidos em amigos. São, enfim, eventos sociais, que, no caso de Paraty ou de Ouro Preto, lugares onde se bebe uma boa pinga, podem resultar em porres homéricos. Aliás, o grego Homero, que por alguma razão qualifica mais a carraspana do que qualquer outra coisa extraordinária, era poeta. Não era nem advogado nem engenheiro. Não que esses não possam beber, e bem, mas faz parte do charme da literatura ter sempre uma dose dupla de um negócio qualquer à mão. Ninguém confiaria muito em petições e obras tocadas sob a influência do álcool, certo? E ninguém levaria muito a sério livros que não tenham sido feitos com as entranhas aquecidas. Ou seja, para arredondar, esses encontros literários nos quais os autores se sentem os tais são uma espécie de “circo da Fórmula 1” sem carros, milhões de dólares e modelos. Todavia, tal como o seu primo rico, o “circo da literatura” faz mais ou menos os mesmos aventureiros se encontrarem em variados pontos do mapa. Isso não tem como ser ruim, no duro que não. Muito menos se o pretexto for algo tão bacana quanto um singelo livro.

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galeria

A curiosidade aguรงada e a liberdade criativa sempre marcaram o trabalho de Geraldo Teixeira

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Arthur Nogueira

Luiza Cavalcante

Senhor

liberdade da própria

Sem amarras, Geraldo Teixeira vem construindo, ao longo de 35 anos, um trabalho marcado pela curiosidade sem fim

N

a década de 1940, no livro “A Rosa do Povo”, Carlos Drummond de Andrade deu um conselho ao poe-

“Sou curioso”, diz o artista entre esculturas, telas e latas de tinta. “Em tudo vejo possibilidades.” Atuante no ramo desde

tas: “Convive com teus poemas antes de escrevêlos”. Aos 57 anos, Geraldo Teixeira parece seguir a cartilha do itabirano, porém adaptando o verso a uma realidade que,

1975, sua obra faz jus à personalidade inquieta, cujo tempo não amolece, mas arrebata. Fundador da Associação dos Artistas Plásticos do Pará e outrora curador geral do Salão

segundo ele, está presente em sua vida “desde que se entende por gente”: as artes visuais. Em seu ateliê, em Belém, o artista vive cercado de materiais diversos e cotidianos,

Paraense de Arte Contemporânea, Geraldo Teixeira já participou de inúmeras exposições individuais e coletivas no Brasil, Estados Unidos e Europa, e possui obras em acervos de

como madeira, alumínio, ferro e vidro, com os quais desenvolve um trabalho original, sempre à procura de significados que, de tão óbvios, podem passar despercebidos em meio à correria da cidade grande.

importantes museus brasileiros. Quando olha para trás, Geraldo Teixeira define a própria trajetória como um mergulho: “É assim, você vai e não tem volta”. Das lembranças é que ele acende o fogo, como diz a »»»

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Gosto de ser artista visual e ainda me entusiasmo com isso 35 anos depois

De imagens sacras a elementos da cultura amazônica, nada escapa do olhar do artista

canção que Edith Piaf tornou hino, sem jamais perder o viço. “Gosto de ser artista visual e ainda me entusiasmo com isso aos 35 anos de carreira.” Parar? Não está nos seus planos.

riais, coletados pelos lugares onde andou, como o observador minucioso que é. Em 2005, por ocasião da exposição “Láminas d’água”,

“Quero morrer entusiasmado”, assegura. Não à toa, a produção de Geraldo Teixeira permanece efervescente, como retrato de seu tempo. São telas, escul-

inúmeros artistas, pesquisadores e amigos escreveram suas impressões sobre a obra de Teixeira, com a linha comum de exaltar sua percepção particular acerca do que é reconhe-

turas e instalações que remetem a símbolos reconhecíveis, desde imagens sacras até elementos da cultura amazôni-

cível. A arquiteta Jussara Derenji, diretora do museu da Universidade Federal do Pará (UFPA), pontuou que “a trajetória

ca, trabalhados a partir de técnicas como pintura, colagem e desenho. “Gosto do termo ‘artista visual’ porque admite todas essas possibilidades”, diz ele, que já utilizou nas obras

de Geraldo, sem ser linear, é constante, não dá saltos, evolui, com segurança, com firmeza” e que ele é o “senhor da própria liberdade”. Já Rosana Charone Bitar, pesquisadora

carcaças de embarcações (cavernames), madeira esculpida, restos de metais, resíduos das indústrias e outros mate-

em arte, ressaltou que o artista valoriza, a partir da maneira peculiar de viver e produzir, o que pode ser descrito como »»»

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“le “lealdade ao produto”. De fato, Geraldo conta que, em muitas ocasiões, chegou a persistir qu em uma tela, sem sucesso, quando ela própria já dava sinais de que estava concluída.- “Aí pr aprendi que a obra fala e você deve ouvi-la.” ap Uma fase que ele aponta como uma das preferidas é o “Santo de casa”. São telas que p reproduzem imagens sacras, como São Sere bastião e São Miguel, sobre elementos munb danos, como tabuleiros de jogos, e cores d fortes, entre as quais vermelho-sangue e doufo rado. “As imagens desses santos já estão no ra imaginário popular e suas histórias têm muito im a ver com a nossa”, explica. Segundo o artista, o mundo sente a necessidade do sagrado, daí expressões como “meu Deus” ou “se Deus e quiser” serem tão recorrentes, independente q da religião de quem as pronuncia. d Recentemente, em reconhecimento ao trabalho que realiza, o artista deixou seu ateliêb rresidência em Belém para uma temporada de 20 dias na Europa. Ele recebeu um cond vite da Colorida Art Gallery, em Lisboa, para v montar “Organicidade”, sua primeira mostra m iindividual no Velho Mundo. Trata-se de uma coletânea de trabalhos cujo foco é a azulejaria, tradição portuguesa que, pelas mãos de Geraldo Teixeira, adquire nuances brasileiras. “A tradição provoca o mundo contemporâneo e você precisa, de alguma maneira, se situar nela”, adverte. Nas telas, os azulejos portugueses ressurgem em tons tropicais e texturas diversas. Para o amigo e artista plástico Jorge Eiró, Geraldo Teixeira propõe em “Organicidade” não só uma viagem plástica de redescobrimento da azulejaria, mas um processo artístico que agrega referências clássicas e, ao mesmo tempo, ligadas ao “intrigante universo experimental contemporâneo”. É a luta que o artista trava, ainda segundo Eiró, com “as matérias de seu tempo”. Espirituoso e antenado, Geraldo Teixeira garante que não abre mão de desfrutar dos prazeres cotidianos, seja com a família ou os amigos. Desde jovem se empenhou na construção de um circuito de arte em Belém, com o objetivo de criar novas possibilidades à produção visual da cidade. Por seu empenho, até recebeu a alcunha, dada por Marisa Morkazel, mestre em História da Arte e doutora em Sociologia, de “guerreiro navegante”. Segundo ela, porque se trata de um ser humano dedicado às lutas e conquistas da classe artística, que permanece em vigília, na busca por “novos lemes”. No final das contas, fica a prova de Drummond, como lá no início:“Que se dissipou, não era poesia / que se partiu, cristal não era”.

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Cinco dĂŠcadas de carreira transformaram o paulista Marcos Bassi na maior autoridade em carnes do paĂ­s

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Guto Lobato

Fernanda Brito

Artesão

Carne da

A história do paulista Marcos Bassi, o homem que se tornou referência quando o assunto é comer bem

O

sorriso estampado na cara faça sol, faça chuva re-

sário do setor de carnes bem cedo. Não é à toa que diz, sem

flete a personalidade forte e o perfeccionismo com que administra tudo o que faz na cozinha – do bife mais simples, típico da culinária caseira, ao corte de carne

titubear e com ares de brincadeira, ter dedicado nada menos que 50 de seus 62 anos de idade à tal “vida de açougueiro”. Desde a infância, o paulistano vendia miúdos – vísceras – de

servido em refinados encontros gourmet. As mãos, que na juventude carregavam vísceras nos arredores do Mercado Municipal de São Paulo, hoje estão por trás de um dos cardá-

carne nos arredores do Mercadão, levando adiante uma tradição de parte da família. O pai era alfaiate e tomava conta da indumentária de artistas de teatro no Brasil e no exterior;

pios mais badalados do segmento gastronômico do Sudeste brasileiro. A figura do paulista Marcos Guardabassi, conhecido como o “artesão da carne”, é referência certa quando o assunto é comer bem, tudo resultado de décadas de especialização na arte de preparar carnes e, pouco a pouco,

já a mãe, costureira, era filha de vendedores de alimentos do centro paulistano. “Rodava aquela área do mercado de bicicleta, vendendo miúdos, depois entrei no mercadão e trabalhei por lá algum tempo. Mas ainda não conhecia a fundo o produto que vendia”, lembra.

disseminar suas técnicas e sua marca no Brasil e no exterior. Descendente de italianos, nascido e criado nos arredores do Mercado Municipal, na zona central de São Paulo, Bassi

A oportunidade para ir além do trabalho braçal veio na adolescência. Aos 14 anos – quando já conhecia e namorava sua futura esposa, Rosa Maria –, Bassi teve a oportuni-

– como prefere ser chamado – entrou na carreira de empre-

dade de trabalhar em uma casa de carnes na rua Humaitá, »»»

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À frente do “Templo da Carne”, no coração do bairro do Bixiga, Bassi celebra o prazer de comer bem, oferecendo o que há de melhor aos clientes

Fome de novidade

no distrito da Bela Vista, então um dos endereços da elite paulistana, composta em sua maioria por descendentes de italianos, franceses e ingleses. O contato com os diferentes universos culturais que a refinada clientela trazia serviu para

Daí em diante, a carreira do “açougueiro” deslanchou e se fixou no concorrido cenário gastronômico da metrópole. Já com recursos acumulados e um público consumidor cativo,

que ele, pouco a pouco, começasse a definir um perfil de trabalho muito além de seu tempo. O primeiro passo foi mudar a própria imagem de açou-

Bassi inaugurou nos anos 1970 dois empreendimentos: uma central frigorífica, dedicada ao abastecimento de restaurantes e consumidores ilustres da cidade, e um restaurante es-

gueiro. Para atender à clientela, todos os funcionários utilizavam aventais de linho, lavados e trocados diariamente para manter o aspecto de limpeza. Além disso, pouco após assumir a administração da casa, Bassi começou a elaborar cortes especiais, inspirados na culinária europeia. “Tornou-se

pecializado em carnes. Este último acabou tornando-se a menina dos olhos do paulistano e permanece em atividade até hoje, com renovações eventuais em sua arquitetura e cardápio. Já a marca de cortes que leva seu nome e a central de processamento foram vendidas há pouco mais de

imperativo traduzir a gastronomia, o gosto desses clientes, em cortes específicos de carne”, argumenta. Foi a partir dessas “exigências de mercado” que o artesão autodidata ad-

uma década. Instalado na rua Treze de Maio, no coração do bairro do Bixiga – tradicional reduto cultural e gastronômico de São

quiriu o hábito, até hoje mantido, de estudar a anatomia bovina, em especial sua estrutura muscular – principal elemento definidor da maciez e sabor dos diferentes cortes de carne,

Paulo, pelo qual Bassi tem afeição singular –, o hoje intitulado Templo da Carne contrasta com as cantinas e trattorias italianas que o cercam. O ambiente, charmoso, mas nem por

de acordo com especialistas. “Foi a época em que comecei a ver o preparo da carne como uma arte que envolve estudo em tempo integral, contato diário com produtores e interesse em conhecer outras culturas e formas de preparo.”

isso intimidador, inclui pé-direito alto, revestimento em tijolos aparentes, iluminação suave e uma diversidade de espaços que contempla desde o salão de refeições até um bar, uma adega e uma sala dedicada a eventos gourmet.

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A rotina jamais se esgota quando o assunto é inventar novidades

Fora o cardápio e os funcionários, que atendem cada

alta gastronomia brasileira, como o “Bom-Bom” – corte sem

mesa individualmente, os clientes ainda recorrem à observação pura na hora de escolher seu prato; isso porque os cortes são expostos in natura em uma mesa, ao centro do

gordura, feito do miolo da alcatra –, a “Bisteca Fiorentina”, com seus 950 gramas de filet mignon, contrafilé e alcatra, e o “Olho de bife”, parte nobre do contrafilé. A inspiração

salão principal, para que se tenha uma ideia do que virá à mesa após ser feito o pedido. O restaurante funciona como uma churrascaria à la carte – muito embora o termo não seja

para tantas variações é a mesma dos tempos de Mercadão. “Além de apreciar o sabor da carne bovina, vejo nela uma infinidade de texturas e sabores... e possibilidades. Sou

dos mais precisos. “Nosso formato foi concebido para deixar as pessoas mais à vontade para escolher, ver o produto cru, antes do preparo. Tomamos o cuidado de deixar os cortes à mostra porque eles são a ‘estrela’ do negócio”, reitera Bassi. Quanto ao desafio de manter um restaurante especializado

o mesmo garoto criativo de décadas atrás, só que com mais conhecimento! Tenho fome de novidade”, brinca.

em tempos de valorização do ecletismo nos cardápios, Bassi é categórico: “Não é difícil, é quase impossível (risos). Mas temos nossa proposta bem definida e não vamos mudar.

tadores do Templo da Carne continuam intitulando-o, Bassi também se mostra um empresário de mão firme, atento ao segmento de produção bovina no país. Fiel defensor das

Não somos um steakhouse, tampouco uma churrascaria. Não fazemos rodízio. Somos uma casa de carnes”. Mesmo após três décadas de trabalho no restaurante, o

boas carnes, comercializadas com rigor e qualidade, ele faz questão de fiscalizar tudo aquilo que oferece a seus clientes diariamente. “Isso aprendi desde os tempos de açougue:

artesão garante que a rotina jamais se esgota – principalmente quando o assunto é inventar novidade. Até a finalização desta matéria, o artesão já contabilizava 160 invenções próprias, entre cortes industriais e os que são servidos com exclusividade no Templo da Carne. Alguns são referência na

temos que ficar de olhos abertos para o mercado de produção, saber escolher bem nossos fornecedores e cobrar deles profissionalismo. Não é raro termos que negar certas mercadorias, exigir controle mais rígido. O Brasil, ao mesmo tempo em que é um dos maiores celeiros do mundo, é, tam- »»»

Olhos abertos... Além de “artesão”, como imprensa, amigos e frequen-

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Vídeos postados por Bassi na internet chegam a receber três mil visitas por dia

bém, leigo no que concerne aos cuidados com o consumo de carne vermelha”, alerta. A experiência acumulada em visitas às regiões brasileiras

A repercussão foi tão boa que Bassi diz receber mais de 50 e-mails diários de pessoas que viram o vídeo. Pelo menos metade deles vem de fora do Brasil. “Isso é um sinal de que

e a mais de 40 países, fosse como convidado para eventos gastronômicos, fosse para experimentar e conhecer cultu-

a meta que eu queria atingir com o DVD se concretizou. A ideia era falar mais com o açougueiro e com o consumidor

ras distintas, fez com que o artesão se tornasse cada vez mais exigente e perfeccionista. Isto se vê no próprio cardápio do Templo da Carne, em que detalhes minuciosos sobre o

do que com o produtor especializado, fazê-los deixarem de ser vendedores e comensais ‘acomodados’, acríticos. Isso deu certo, não só no Brasil como em outros países em que o

preparo dos pratos são apresentados ao consumidor leigo. “Vários chefs internacionais já vieram aqui e fizeram questão de conhecer o processo. Creio que o consumidor leigo,

DVD chegou de alguma forma”. A web também é excelente meio de divulgação, segundo Bassi. No site Youtube, por exemplo, partes do vídeo “A magia do churrasco” que foram

que vem ao Templo para jantar, também merece ter essas informações, seja lendo o cardápio ou pedindo informação ao garçom. Quando você resolve se intitular um especialista em carnes, precisa ter em mãos o máximo de conhecimento possível – e saber repassá-lo”, afirma Bassi.

postadas têm média de 3 mil acessos por dia.

Parte dessa experiência já foi transformada em um DVD de ampla repercussão no meio gastronômico. “A magia do churrasco”, vídeo em que Bassi apresenta alguns de seus

Carne e de sua marca, Bassi se diz um homem romântico, idealista e satisfeito com os rumos que sua vida tomou. “Amo meu restaurante, minha esposa, minhas filhas... e meu

truques para elaborar bons cortes e qualificar um dos maiores símbolos da culinária popular brasileira, foi a evolução natural de uma sequência de mais de 900 palestras que o

trabalho de artesão, claro (risos). Hoje olho para trás e vejo que já construí uma trajetória importante, tanto para projetar nosso país como um produtor de boas carnes e cortes como

artesão deu pelo país, esclarecendo ao público leigo de que forma a qualidade da carne se reflete na mesa do brasileiro.

para trazer pratos mais saborosos e saudáveis para o brasileiro consumir”, diz. “Mas ainda tenho muita coisa para fazer,

...E para o futuro Casado há 39 anos, pai de duas filhas – Tatiana e Fabiana – que atualmente ajudam na administração do Templo da

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“Nem penso em me aposentar”, diz o especialista, que anda hoje se alimenta de novas ideias para seguir adiante na carreira

nem penso em me aposentar”, complementa. A gratidão ao bairro do Bixiga, que o acolheu desde os

reço a Treze de Maio. Outra novidade – essa já apresentada ao público – é a incursão de Bassi pela web. Quem quiser

tempos de açougue, é uma das principais motivações para que Bassi tente reinventar seu negócio após décadas de trabalho. Recentemente, ele e as filhas iniciaram um processo

conhecer detalhes sobre sua carreira, história de vida ou mesmo sobre o cardápio do Templo da Carne pode acessar o blog http://blogdomarcosbassi.blogspot.com/, o twit-

de revitalização da rua Treze de Maio, bem no perímetro em que seu primeiro restaurante foi aberto, logo após a praça

ter http://twitter.com/marcosbassi e o site oficial http://www. marcosbassi.com.br/. “Tudo isso é novidade para mim,

Dom Orione, onde, aos sábados, acontece a tradicional Feira de Antiguidades do Bixiga. Reformas nas calçadas e nas construções da via são o jeito que o artesão encontrou de

mas estou aprendendo a lidar. Tiro eventuais dúvidas com as meninas (risos)”. Com tanta história – e tanto prazer em contá-la –, Bassi é

demonstrar o prazer de fazer parte da tradição gastronômica do bairro – ideia semelhante já foi conduzida em São Paulo pelo proprietário do restaurante Famiglia Mancini, que revita-

o tipo de pessoa cuja trajetória renderia um bom livro. Pois é isso que deve acontecer até fim do ano: o jornalista Thomaz Souto Corrêa está prestes a finalizar a biografia do artesão,

lizou a rua Avanhandava, no bairro da Consolação. “É uma proposta interessante. Mas eu quis fazer isso na Treze de Maio mais para presentear os moradores e o bairro

ainda sem título. Também está previsto para o final do semestre o lançamento de um livro, editado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), sobre preparo

do que para atrair turismo. É uma reforma que vai além do visual”, aponta. A alma inquieta de empreendedor encontra apoio nas ideias das filhas Tatiana e Fabiana, que estudaram nos Estados Unidos e refrescaram as ideias de Bassi. Inspirado por

e elaboração de cortes de carne. “O livro vai ser direcionado aos estudantes de culinária e gastronomia. Se estudei desde anatomia bovina até culturas da Europa para chegar aonde cheguei, é porque quero levar algo de novo às pessoas – do produtor e do vendedor ao consumidor leigo. Quero que as

elas, o artesão pretende inaugurar, até novembro, uma espécie de “joalheria” de carnes – espaço em que serão vendidos cortes finos, especiais, e que também terá como ende-

pessoas saboreiem a carne que põem na mesa, mas também a conheçam”. Lição nada difícil para a grande maioria da população brasileira aprender.

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Algumas dicas para preparar uma boa carne Conheça seu fornecedor. Mesmo que vá comprar a carne no supermercado, busque saber o nome dos produtores, a procedência exata da carne até chegar à prateleira. Bassi frisa que, mesmo sendo um dos maiores celeiros mundiais, o Brasil ainda carece de certo profissionalismo no setor bovino. “É incrível como a forma com que o boi foi produzido se reflete no gosto e na textura de sua carne. É preciso ficar de olho”, diz o artesão. Estude a estrutura muscular do boi. Não precisa ter conhecimentos aprofundados para compreender que os músculos são o que mais influi à hora de definir o que é carne de primeira e de segunda na carne bovina. Para começar a inventar seus próprios cortes, Bassi estudou cada centímetro do animal – e aprendeu a aproveitar o que de melhor havia em cada carne. Não tenha preconceito com tipos de carne. E quem disse que coxão duro, patinho e acem não podem figurar em pratos de qualidade? Quem tem mania de só dar valor ao filet, ao contrafilé, à picanha e à alcatra pode se surpreender com sabores especiais proporcionados por cortes menos nobres. Como diz Bassi: não existe carne de primeira ou segunda; existe boi de primeira ou segunda. Realce o sabor, em vez de disfarçá-lo. É regra geral no restaurante de Bassi: como a carne é a alma do negócio, nada de exagero nos molhos e temperos. Procure preparála de forma que os acompanhamentos não ofusquem, e sim valorizem, o sabor da carne. O artesão, por exemplo, é fiel defensor do sal grosso – não só no churrasco como, também, nas carnes servidas à la carte; Sirva sem muitos acompanhamentos. No Templo da Carne, reza a cartilha que a carne é a “rainha” do negócio. Portanto, os acompanhamentos circulam em torno de saladas e grãos – elementos leves que, além de saudáveis em combinação à proteína da carne, favorecem o sabor dela e tornam o prato mais equilibrado. “Como a carne é algo pesado, é bom jogar com saladas e grãos leves, de fácil digestão. Além de bonito e chamativo, o prato se torna mais saudável”, argumenta Bassi.

Para ler Blog – http://blogdomarcosbassi.blogspot.com/ Twitter – http://twitter.com/marcosbassi Site oficial – http://www.marcosbassi.com.br/ Para assistir “A magia do churrasco”. Brasil, 2008. Preço médio: R$ 32,90 (Americanas.com) Para comer Templo da Carne Endereço: Rua Treze de Maio, 668. Bela Vista, São Paulo (SP) – Próximo à Praça dom Orione Contato: (11) 3288-7045

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gourmet decor

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Camila Barbalho

Luiza Cavalcante

mãos

Pode usar as

Finger-Food: a simplicidade das receitas informais criadas pelo “personal chef” Felipe Gemaque

“M

eu trabalho é cozinhar na casa das pessoas.” É com essa frase que o chef Felipe Gemaque define o trabalho que vem desenvolvendo desde a graduação em gastronomia na Univali, em Balneário Camboriu-SC. Ele faz o que se chama de “cozinha de au-

meira edição do Ver-o-Peso da Cozinha Paraense. Então, perguntou a ele como se fazia para ser um chef. A resposta veio como uma diretriz: “Trabalhe muito”. De lá em diante, empenhou-se e contou com o apoio de profissionais como Paulo Martins e Fábio Sicília, que abriram as portas de suas

tor”: conhece várias escolas e linguagens diferentes dentro da culinária, sem se prender a nenhuma. “Eu cozinho o que acho que fica bom”, sintetiza, com a simplicidade que lhe é

cozinhas para Felipe observar e aprender. O próximo passo? “Ainda não sei. Devo construir um local pra dar aula, minicursos...”, adianta.

peculiar. Felipe também é adepto do Slow Food – um movimento mundial com origem na Itália, antagonista do fastfood, que prega a alimentação consciente e o sabor original

O jovem chef começou a trilhar sua carreira ainda na universidade. O único do norte do país na sua turma, passou a conviver com influências diversas. Trabalhou em restaurante

dos alimentos, em vez de “simplesmente comer”. Para isso, estabelece seu foco na faculdade de fortalecer e prevenir o corpo de coisas ruins que a comida tem. Nas palavras dele, “vale mais se alimentar bem que frequentar farmácias”. Assim também é o que ele propôs apresentar à revista

mexicano, mediterrâneo, italiano, oriental... Em Santa Catarina, depois de algumas experiências profissionais, começou a cozinhar para reuniões de “feirinos” (amigos que se encontram uma vez na semana, segunda-feira, terça-feira... Daí a expressão) e viu que esse era um campo interessante.

Leal Moreira Living: batizados de finger-food, os aperitivos que, literalmente, se come com os dedos funcionam em quase todo tipo de evento. “São receitas simples, informais,

Quando voltou para Belém no ano passado, sem ter certeza se iria ficar por aqui nem do que queria, Felipe optou por ser um personal chef: ele prepara o cardápio e estrutura uma

para se fazer numa reunião com amigos no domingo à noite”, resume o chef. Felipe nos recebeu em seu apartamento com o balcão da

refeição completa a partir de um evento específico – sabendo para quem se está cozinhando, qual é o evento, que pessoas virão e outras variáveis. A experiência deu tão certo que

cozinha americana repleto de receitas vistosas – mini-hambúrguer, bruschetta de shiitake, mini-quiche de alho-poró, salmão com molho teriaki, tomate recheado com creme de

ele se tornou especialista nisso. Felipe explica que a graça é encontrar um ponto entre trabalhar com o que o cliente espera e ainda assim surpreendê-lo. “Gastronomia é algo muito

queijo, canudos de peito de peru com tomate seco – com o rosto cheio de expectativa. “Adoro ver as pessoas comendo”,

particular. Então eu trabalho na expectativa do dono do evento, existe todo um trabalho de pesquisa em torno disso, e aí

ele diz. Fernanda, a irmã atenta, observa tudo e desaprova: “Ele nem fez a barba”. Felipe, com um largo sorriso, explica que não deu tempo – “Tô cozinhando desde ontem”.

eu posso tomar a liberdade de surpreender, misturar estilos... E com a experiência de cozinhar para vários eventos desse tipo aqui em Belém, a gente vai conhecendo aos poucos o

É nesse clima de descontração que ele conta como se envolveu com a arte de cozinhar. Decidido a trabalhar no ramo desde os 15 anos, certa vez encontrou com Alex Atala, um

gosto do paraense, que é mais particular ainda.” Para a sessão Gourmet da Leal Moreira Living, Felipe mistura a cozinha italiana com a oriental, num prato simples e

dos nomes mais celebrados da atual gastronomia, na pri-

surpreendente como o chef que o apresenta. Confira.

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receita

Bruschetta de Shiitake Ingredientes • 1 pão baguete • 5 unidades do cogumelo shiitake • ¼ de cebola roxa • 2 dentes de alho • 15ml de molho inglês • 15g de queijo parmesão • Cheiro-verde, sal e ajinomoto a gosto

preparo Corte o baguete em fatias, como se fossem torradas. Então, corte o shiitake, a cebola roxa e o alho em tiras. Refogue-os com sal e ajinomoto. Por último, acrescente o molho inglês. Separe. Coloque as fatias de baguete em uma assadeira, e cubra-as com o refogado de shiitake. Em cima, coloque o cheiro-verde e o parmesão. Leve ao forno para gratinar. Depois, é só servir – a receita rende 10 unidades.

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santa marta

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vi nhos

O Vale do Rhône

Rodrigo Aguilera empresário

Com aproximadamente 80.000 hectares de vinhedos, o Vale do Rhône é a segunda maior região de vinhos de qualidade do mundo. O rio Ródano (Rhône) nasce nos alpes suíços, entrando na França até o Mediterrâneo. Porém, é no sul da França, começando na cidade de Vienne e indo mais ao sul até Avignon, é que temos os melhores vinhos produzidos. A região conhecida como Vale do Rhône, dividi-se em Rhône Norte e Sul. No norte, temos os disputados e caros vinhos das regiões de Côte-Rôtie, Condrieu (grandes vinhos brancos feitos da cepa Viogner), Hermitage e Crozes-

Hermitage; no sul as regiões mais importantes são: Côtes du Rhône, Vacqueyras, Gigondas, Châteauneuf-du-Pape e Tavel (excelentes vinhos rosé). As uvas mais utilizadas são: Syrah, Grenache, Mourvèdre, Carignan e Cinsault para os tintos e Marsanne, Roussanne, Viognier, Grenache Blanc, Clairette e Muscat para os brancos. É uma região que apresenta uma diversidade enorme em estilos, indo de um 100% Syrah de Crozes-Hermitage até um corte de até 13 uvas em Châteauneuf-du-Pape. Acho que esta na hora de começar a desbravar esta fantástica região.

Georges Vernay Cotes du Rhone Saint Agathe 2007

Georges Vernay Les Chailets De Lenfer Condrieu 2006

Vinícola: Domaine George Vernay Pais: França Região: Côtes du Rhône Variedade: 100% Syrah Preço: R$ 119,00

Vinícola: Domaine George Vernay Pais: França Região: Rhône - Condrieu Variedade: 100% Viognier Preço: R$ 480,00

Delas Domaine de Grands Chemins Crozes-Hermitage 2007

Domaine du Pegau Chateauneuf du Pape ‘Cuvee Reservee’ 2006

Vinícola: Delas Pais: França Região: Norte de Rhône - Crozes-Hermitage Variedade: Syrah Preço: R$ 130,00

Vinícola: Domaine du Pegau Pais: França Região: Rhône - Chateauneuf Du Pape Variedade: Corte Chateauneuf Du Pape Preço: R$ 290,00

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Pai do Ano O senhor Carlos de Moraes Moreira, fundador da Leal Moreira, recebeu o prêmio de Pai do Ano da Assembleia Paraense. A cerimônia de premiação foi realizada no dia 8 de agosto com uma missa celebrada na boate Aquarius, seguida de um almoço no salão de festas da AP. O homenageado recebeu o carinho de seus familiares e da diretoria do clube.

A melhor construtora O Bureau de Marketing e Pesquisa (BMP) realiza a pesquisa Top de Negócios há 13 anos, avaliando as preferências do consumidor em relação a marcas e empresas de segmentos estruturados do mercado. A Leal Moreira foi eleita a melhor construtora por 27,40% do público, consolidando-se cada vez mais como símbolo de excelência entre as construtoras da região.

Parceria A Leal Moreira estabeleceu uma importante parceria com o SESI, oferecendo cursos para os funcionários e seus dependentes, vagas no programa de Educação de Jovens e Adultos e introduzindo a prática de Ginástica Laboral dentro da empresa. Uma iniciativa importantíssima para a capacitação e bem-estar de todos os que trabalham na construtora.

1ª Laje O 1ª Laje – Programa Leal Moreira de Melhoria, convenção com o propósito de iniciar o processo interno de transformação organizacional e de crescimento seguro da empresa, foi realizado no dia 10 de agosto, reuniu funcionários da Leal Moreira Engenharia e contou com palestra do Engenheiro e Mestre em Engenharia Frederico Martinelli. O evento foi um grande sucesso!

Campanha Multiplus

foto divulgação

A Leal Moreira e a Agre firmaram uma parceria com a Multiplus. A campanha é válida até o dia 30 de setembro e é simples: na compra do seu apartamento, você ganha pontos que podem ser trocados por diversos prêmios, podendo optar entre diárias de hotéis, DVD`s, supermercado grátis, combustível e até passagens aéreas. A promoção já começou e está conquistando os clientes.

Dia dos Pais No dia 6 de agosto de 2010, no Espaço Café Leal Moreira, foi realizada uma celebração ao Dia dos Pais, com distribuição de brindes e a leitura de textos homenageando a todos os presentes. Uma belíssima reunião para comemorar esse dia especial.

Inclusão digital A Leal Moreira, em parceria com a Prefeitura de Belém, aderiu no último mês de junho ao Fundo Ver-o-Sol, um programa de inclusão digital, cursos e oficinas com o objetivo de capacitar mão-de-obra sem custos aos funcionários e seus dependentes. Os interessados em participar deverão passar pelo RH para análise e preenchimento da ficha de inscrição no curso desejado.

Karatê José dos Santos Pereira, com o apoio da Leal Moreira, sagrou-se vencedor do Campeonato Pan-Americano de Karatê-do, que ocorreu entre os dias 26 de julho e 2 de agosto na República Dominicana, com a participação de atletas de 20 países. A Leal Moreira acredita no potencial dos nossos conterrâneos e investe nos esportes, levando o nome do Pará cada vez mais longe.

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A culpa é da viúva Vinte anos de economia aberta é pouco para su-

cidadãos responsáveis e homens de palavra. Sem

perar séculos de protecionismo e portas fechadas ao

este novo caldo cultural vamos patinar entre políti-

mercado externo. Apesar dos números exuberantes

cos corruptos, subdesenvolvimento industrial e fica-

da economia do Brasil, e notadamente a do Norte,

remos sempre como um país de indústria de base

precisaremos de mais duas gerações de profissio-

e extração que vende riquezas e compra produtos

nais para construirmos outra personalidade no que

transformados oriundo destas.

tange a condutas mais sadias no trabalho.

Conheço pelo menos um grupo razoável de exe-

O problema vem de todo lado, não é concentrado

cutivos e gestores que possuem o mesmo incômo-

em um nível da cadeia alimentar organizacional nem

do. Esta energia precisa ser transformada em ação,

em idade. O problema é da cultura do brasileiro a

ação que gere resultados. Esta, entretanto, não é

respeito do que se convencionou a chamar de tra-

uma fórmula que se deduza em curto prazo, mas

balho.

como todas as ações estruturantes, precisamos de

Parece que profissionais de todos os credos e raças esperam que lhes digam o que fazer e mesmo

Nara Oliveira Consultora empresarial

diversas frentes hoje para termos o amanhã que queremos.

depois de explicações caminham com dúvidas que só vão tirar quando da entrega do referido job. Iniciativa é até onde não venha incomodar e o que o chefe não vê. Com o advento de metas, diretrizes e as mudanças oriundas da globalização insistindo em adentrar nossas vidas quer pela TV, shoppings e a alteração da rotina que advém de tudo isso, o discurso de que o empresário só quer sugar perdeu força, mas a velha separação do grupo dos que gerenciam e os que sofrem com os primeiros continua forte e saudável. Alimentado pela baixa estima e pelo fazer pouco e lucrar muito do brasileiro, a qualidade dos produtos individuais gerados é vinculada sempre ao que dá para fazer e não ao que precisa ser feito. De fato, somos filhos de uma época onde não se sabia certamente para quem se trabalhava, onde a cobrança por resultados não existia, naquele tempo em que o perfil pesava menos e o que contava era a indicação que o profissional conseguia. Onde o trabalhar era um mal necessário e o comprometimento com o produto final não era uma palavra composta cujo entendimento era fato. Assim, vivemos a era da transformação. Os atores que encontram- se no palco destas décadas tem

a responsabilidade de influenciar na transfor-

mação da postura frente ao trabalho dos brasileiros. Para que possamos construir uma economia sólida precisamos de profissionais comprometidos com o erro zero, a busca da qualidade em primeiro lugar,

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projeto

lançamento

fundação

estrutura

alvenaria

revestimento acabamento

Torre Vitta Home Torres Vitta Office Torre Triunfo Torres Floratta

Check List das obras Leal Moreira

Torres Trivento Torre Résidence Torres Ekoara Torre Umari Torre Vert Torre de Farnese Sonata Residence

em andamento

Torre de Belvedere

concluído 96 9 6

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Atendimento: A Leal Moreira dispõe de atendimento de segunda a sexta-feira, das 8 às 12 h e de 14h às 18:30h

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cep: 66055-280

Atendimento: Para saber mais sobre as revistas da editora, dar sugestões de pauta, fazer comentários ou críticas, e conhecer nossas tabelas de anúncios, escreva para gente, ou telefone. A Publicarte funciona de 8 às 19 horas.

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Escreva para: Rua dos Mundurucus, 3100 • 27° andar • Cremação Belém/PA - Brasil • cep: 66073-000 redacao@editorapublicarte.com.br

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Carta para alguém

que já

morreu

Saulo Sisnando Escritor

Hoje faz dois anos que tu morreste, meu amor. E embora dois anos pareça tanto tempo, na nossa casa nada mudou. Os móveis estão no mesmo lugar e as paredes ainda estão pintadas de azul. Tudo está igual! E eu... Eu ainda continuo dormindo apenas do lado direito da cama e, às vezes, me pego colocando dois pratos na mesa. O canário morreu!... Mas já comprei outro para pôr na gaiola. Os peixes... Sempre compro da mesma espécie: são cinco peixes dourados e dois daqueles miúdos. Um aquário, um universo permanente. Estático. E imortal! Eu emagreci um pouco, as roupas ficaram frouxas e eu tive que comprar novos vestidos: todos vermelhos! Era a cor que tu sempre disseste que me caía bem. Ainda ando com a frouxa aliança presa ao meu dedo magro. Semana passada aconteceu uma coisa engraçada. Fui ao médico e, na saída, ele mandou lembranças para ti. Sorri e não tive coragem de dizer que já tinhas morrido, meu amor. E já morreste? O telefone parou de tocar. Nossos amigos não ligam mais... Não perguntam mais se estás melhor... Nem dizem que, com certeza, não passaria de uma gripe e que logo logo estarias de pé. Vou a tua cova duas vezes por semana. Sempre levo livro de poemas de Neruda e sento a lê-lo para ti. Já li dezenas... Centenas... Milhares de vezes... E estarei disposta a ler mais outras inúmeras. Tua mãe me liga de vez em quando, geralmente aos domingos, me convidando para almoçar; mas eu nunca vou! E todos os dias quando volto para casa depois do trabalho, sempre evito passar em frente àquele campo, pois sempre acho que vou te ver correndo, com teu corpo elástico recortando o horizonte. Prefiro dar a volta no quarteirão e passar em frente à barbearia na qual sempre cortavas teus cabelos. Mas a verdade é que por onde eu ande e para qualquer lugar que eu olhe sempre há lembranças tuas: os porta-retratos na estante, os quadros mal pintados pendurados no corredor. O Morro dos Ventos Uivantes ainda guardado na mesinha de cabeceira... E os óculos para perto que ainda marcam a página 171. O teu guarda-roupa está intocado. Eu ainda me visto de vermelho e me pinto toda para sair para jantar às sextas. Me deixaste tão só. Não tenho para quem dizer “Boa-noite”... nem preparo mais o café para dois. Me deixaste tão só sem que eu tivesse chance de aprender a caminhar sem te ter. Me deixaste tão só, meu amor, que eu nem sei mais o que é viver! * como Maria Eduarda

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Aqui tem muito mais felicidade por metro quadrado.

A felicidade é feita de momentos. Quando o espaço onde sua família vive é um Leal Moreira, esses momentos se multiplicam. Cada metro quadrado é pensado por nós com esse propósito. É por isso que sempre fazemos o convite: viva um Leal Moreira.

Viva o seu Leal Moreira


RLM nº 26 GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA

ano 7 número 26

Bassi

Conheça a história de Marcos Bassi, o grande “artesão da carne” do Brasil

Leal Moreira

Berlim Edyr Proença Fernando Pires Marcelo Rosenbaum Kamilla Salgado


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