UNIVERSIDADE VILA VELHA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
APLICAÇÃO DO DIAGRAMA NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA EM CENTROS CULTURAIS: UM ESTUDO PARA O EMPREEDIMENTO CAIS DAS ARTES NA CIDADE DE VITÓRIA
Vila20Velha21
DÉBORA FIRME SANTANA VAZ
Vila202Velha1
DÉBORA FIRME SANTANA VAZ
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Vila Velha como pré requisito do Programa de Graduação em Arquitetura e Orientador:Urbanismo Prof. Me. Luiz Marcello Gomes Ribeiro.
APLICAÇÃO DO DIAGRAMA NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA EM CENTROS CULTURAIS: UM ESTUDO PARA O EMPREEDIMENTO CAIS DAS ARTES NA CIDADE DE VITÓRIA
Um Estudo Sobre o Cais das Artes.

APLICAÇÃO DO DIAGRAMA NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA EM CENTROS CULTURAIS NA CIDADE DE VITÓRIA:
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha ES como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.
DEBORA FIRME SANTANA VAZ

Aprovado em 24 de novembro de 2021
COMISSÃO EXAMINADORA
Ramos da Silva Oliveira Universidade Vila Velha ES Arquiteto. Me. Matheus Stange
Prof. Me. Luiz Marcello Gomes Ribeiro Universidade Vila Velha-ES Prof.OrientadorDra.Melissa

A todo o corpo docente da Universidade Vila Velha, em especial a professora Simone Neiva, que me apresentou a temática e abriu meus olhos para a arte que envolve a Aosarquitetura.meuspais, Rosimary Firme e Delcimar Luiz, por estarem ao meu lado quando pensei que não seria capaz Obrigada por me proporcionarem a oportunidade de estudar e crescer sem perder a minha essência.
Obrigada a toda minha família pelas orações, pelas palavras de incentivo tão verdadeiras e repletas de admiração. Espero sempre ser melhor e proporcionar orgulho a vocês.
Agradeço primeiramente ao meu professor orientador Luiz Marcello Gomes Ribeiro por em todos os momentos de incerteza se mostrar presente e me incentivar a seguir com este trabalho. Obrigada por acreditar em mim.
AGRADECIMENTOS
Aos meus amigos, em especial Lucas Cristaldi, Bianca Lopes e Mayla Cristine. A Lucas, obrigada por estar comigo durante toda esta trajetória, por ler cada página escrita, por ouvir cada desabafo e choro madrugadas adentro, você é minha fortaleza; Bianca e Mayla por serem amigas tão fiéis e sinceras, obrigada por estarem ao meu lado e não desistirem da nossa amizade.
Obrigada, Estrela, por estar comigo.
“Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. Á parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”
Fernando Pessoa
Palavras Chave: Diagrama; Lazer e Cultura; Política; Centro Cultural.
RESUMO
A presente monografia busca apresentar os espaços culturais e sua importância para a sociedade, sendo presente desde os primeiros tempos. Sua compreensão abrange os campos políticos, institucionais e sociais voltados para a população como um direito básico a execução da cidadania. O objetivo desta pesquisa é aprofundar-se na importância desde espaços e na atual situação na qual a população encontra se juntamente com a conceitualização e o uso do diagrama enquanto ferramenta de projeto, utilizando-o para a leitura, análise e concepção de projetos condizentes com as necessidades e os condicionantes que a obra possa vir a ter. Assim utiliza se de exemplificações de projetos de cunho cultural e considera uma proposição alternativa de Centro Cultural para o empreendimento “Cais das Artes” da SECULT ES, no bairro na Enseada do Suá, Vitória/ES, por meio do exercício dos diagrama em arquitetura.
This dissertation seeks to introduce the cultural spaces and their importance to society, which has been present since the dawn of time. Its understanding encompasses the political, institutional, and social fields as a basic right for the execution of citizenship by the population. The goal of this research is to deeply study the importance of cultural spaces and the current situation in which the population finds itself, together with the conceptualization and use of the diagram as a project tool, using it for reading, analysis, and design of projects consistent with needs and conditions that a construction may have. Thus, this dissertation uses examples of cultural projects and considers an alternative proposition of a Cultural Center for the project “Cais das Artes” by SECULT ES, in the neighborhood of Enseada do Suá, Vitória / ES, through the use of the diagram in architecture.
Keywords: Diagram; Leisure and Culture; Politics; Cultural Center
ABSTRACT
Figura 3: Diagrama Urbano de Ebenezer Howard, 3 Ímãs........................................22
Figura 4 Parametrização de Projeto. Centro Heydar Aliyev / Zaha Hadid Architects FiguArchitects.FiguraPauloFiguraFiguraJardimFiguraArchitects.FiguraFiguraferramentaFiguraformaFiguraFiguraMMBBespaçosFiguraTadFiguraEcologicalambientaisFiguraSantiagoimagemFigura..................................................................................................................................235Íconeemarquitetura.Enquantoíndicefotográfico,ainterpretaçãodadapontepermiteanalogiascomdemaispontes.PuentedelaMujer/Calatrava.246Índicenaarquitetura.Arquiteturabioclimáticaconsideraosaspectoseutilizadosmateriaisdisponíveis,associandolocalidadecomobra/ChildrenActivityandEducationCenter/24H>architecture.257Símbolonaarquiteturaaigrejasimbolizaocristianismo/IgrejadaLuz,ãoAndo...............................................................................................................268Relaçãopropostaeprocessocriativo.Diagramaparaconcepçãodeesuasanálisesdeambiências,fluxoseconexões.MuseudosCoches/Arquitetos+PauloMendesdaRocha+BakGordonArquitectos.279PanóticodeJeremyBentham.2810DiagramailustrandoconcepçãodevolumeatravésdadecomposiçãodafeitoporPeterEisenman.3011-HouseII,1970.Conjuntodepilares,paredesrepresentadaspelousodadeAxonometria.3112ImplantaçãoProjetoLane189/UNStudio.3213ImplantaçãodoprojetoProtótipoBioclimáticodeEdifícioJardim/Husos3314DiagramacomsetorizaçãoprojetoProtótipoBioclimáticodeEdifício/HusosArchitects.3415FluxogramaProjetoMuseudeArteNelsonAtkins/StevenHollArchitects.3516IsometriaEstrutura.AulaMultifuncionalMazaronkiari/MartaMaccaglia+Afonso(2014-Satipo,Perú)...........................................................................3617IsometriaDesenvolvimentodevolume.ProjetoMountainDwellingsBig..................................................................................................................37ra18AlardoExibiçãonodesfiledegruposfolclóricos,Vitória/ES,1958.43
Figura 2 Diagrama de Legibilidade da cidade proposto por Kevyn Lynch (1960). 22
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Organograma de estudos para elaboração da monografia.......................20
Figura 20 Crianças disputam a "corrida no saco" na festa junina da Rua Senhor de Matosinhos, no Catumbi, região central do Rio de Janeiro - 24/06/1964..................45
Figura 23 Rua sem saída no bairro República, Vitória/ES. Pessoas utilizam do espaço para encontros e comércio. 53
Figura 25 Skatistas utilizam do trecho do Canal da Costa abaixo da Terceira Ponte para atividades de manobras....................................................................................55
Figura 29 Central Park, Nova York/Estados Unidos. Pessoas utilizam do espaço existente e de seus elementos para lazer e turismo. 59
Figura 19 - Nova Sede Social e Esportiva do Clube Libanês no bairro da Praia da Costa, Vila Velha/ES. S.d..........................................................................................44
Figura 26 Moradores de rua no Canal da Costa, Vila Velha/ES. 55
Figura 28 Ruas de Jardim da Penha com praça central. Vitória/ES. 58
Figura 32 Leitura da cidade através da percepção espacial, visão serial. 62 Figura 33 População utilizando de áreas livres para encontros e vivências na dinâmica da cidade de Nova York. 63
Figura 30 - Praça dos Namorados atraí o público aos finais de semana, em Vitória/ES.60
Figura 38 Residência de estilo art déco na Prainha, Vila Velha/ES. 71
Figura 35 Casa histórica transformada em museu na Prainha, Vila Velha/ES. 66
Figura 36 Projeto Nossa Vila. Intervenção mural na região do Mercado da Vila Rubim, Vitória/ES realizada pelo grupo Cidade Quinta. ........................................................69
Figura 22 Rua de lazer na orla de Itaparica, em Vila Velha/ES. 52
Figura 34 Prainha de Vila Velha, vista para a Baía de Vitória.................................65
Figura 24 - Feira Orgânica na rua Maria da Penha Queiroz proporciona a delimitação da rua auxiliando na leitura do espaço, Vila Velha/ES. 54
Figura 31 Monumento Relógio da Praça Oito, inaugurado em 1942 na cidade de Vitória/ES. 61
Figura 21 Recorte de Tabela com Percentual de municípios com equipamentos culturais e meios de comunicação, com indicação de variação percentual, segundo o tipo de equipamento Brasil 1999/2018. 49
Figura 27 - Rua em Mata da Praia envolta por residências e com piso em paralelepípedo. 57
Figura 37 Parque da Prainha, localizado em Vila Velha. A esquerda, vista para Terceira Ponte e a Baía de Vitória, a direita, vista para o Convento da Penha........70
Figura 39 - Convento da Penha, localizado em Vila Velha/ES. 2019........................72
Figura 40 Missa de Encerramento Festa da Penha na Prainha, Vila Velha/ ES. 29/04/2019. 72
Figura 41 - A esquerda, festival do Jazz e Blues ocorrido em abril de 2018. A direta, aniversário de Vila Velha com inaugura de mobiliário urbano, maio de 2021. Ambos os eventos sediados no Parque da Prainha, em Vila Velha/ES. ...............................73
Figura 42 Centro Cultural SESC Pompeia, localizado na cidade de São Paulo, projeto elaborado por Lina Bo Bardi. 74
Figura 44 Localização do edicício Centro Cultural Gabriel García Marquez, vermelho)(emFiguraFiguraSanto.FiguraFiguraMarquez.FiguraFiguraconexãoFigurasegueFiguraGarcíaFiguraFiguravaziosFiguramedidasFiguraBogotá/Colômbia.......................................................................................................8145Análisedoterreno.Daesquerdaparaadireita:terrenodeocupaçãocomdolote,cortetransversale,abaixo,cortelongitudinal,ambosesquemáticos...................................................................................................................................8246AnálisevolumétricadoCentroCulturalGabrielGarcíaMarquez.Cheiosemoldamoedifícioecriamáreaspropíciasaousocomum.............................8347Corteesquemáticorepresentandoosusosealturasdaedificação.8348OrganogramadeatividadesaseremrealizadasnoCentroCulturalGabrielMarquez.........................................................................................................8449Aesquerda,definiçãodeeixosparalançamentodepilares.Adireita,rampaodesenhocentraldopátio,comunicandocomsuaformaeestrutura............8450Movimentofluidodarampaassimcomoaaberturacentraldopátiopermitediretacomoentornodotrechodeimplantação.8551SetorizaçãodosubsolodoCentroCulturalGabrielGarcíaMarquez.8652SetorizaçãoprimeiropavimentodoCentroCulturalGabrielGarcía...................................................................................................................8653EscalaeproporçãodoedifícioCentroCulturalGabrielGarcíaMárquez...................................................................................................................................8754LinhadotempoparaapresentaçãoeestudodacidadedeVitória,Espírito........................................................................................................................8855-"CartatopográficadaBarraeRiodoEspíritoSanto1767."....................8956EsboçodaPlantadaIlhadaVictoria(1896)mostrandoacidadeexistentepreto),asexpansõesprevistasdoBairrodoCampinho(áreacontíguaemedoNovoArrabaldecomaVilaMonjardimeHortícola(áreasemrosa).91
Figura 43 Vista para Centro Cultural Gabriel García Marquez, Bogotá/Colômbia. 81
Figura 57 - Mapa com os aterros realizados no decorrer dos anos na cidade de Vitória. FiguraEnseadafigurapaisagemFiguraFiguradofiguraSuá,FiguraFiguraestacionamentoFiguraFiguradaFiguraFiguraNavegantes.FiguraPenha.Figura1978doFiguraentornoFiguraaFiguraMelhoramentoFigura..................................................................................................................................9358AterrodoSuárealizadopelaempresaCOMDUSACompanhiadeeDesenvolvimentoUrbanoem1980................................................9559ConstruçãodaPonteDeputadoDarcyCastellodeMendonçainterligandoilhadeVitória(parteinferior)acidadedeVilaVelha(trechosuperior),1985.........9660ConstruçãodaTerceirapontejuntamentecomasprimeirasocupaçõesnoimediatoem1987.9761Aesquerda,estudopropostopelaCOMDUSAparazoneamentodoAterroSuá,em1972.Adireita,estudofeitopeloInstitutoJonesdosSantosNeves,emparazoneamento..............................................................................................9862:CapitaniadosPortosdoEspíritoSanto.AofundomarcodoConventoda.....................................................................................................................10063:HortomercadolocalizadonasproximidadesdaAvenidaNossaSenhorados10164:ProjetoFundaçãoTamar,localizadonobairroEnseadadoSuá...........10165:VistadoCaisdasArtesdesdeaPraçadesuaimplantação/PauloMendesRocha+METRO10266:ObraparadadoCaisdasArtesnaEnseadadoSuá,Vitória.................10367:PropostadeparqueaserimplantadonaáreaanteriormentereservadaparadoempreendimentoCaisdasArtes..............................................10468:ÍndicesUrbanísticosprevistosemVitória,EspíritoSanto,atéaatualdata.10669:ÁreadeEstudoAnáliseMorfológica(figuraxfundo)BairroEnseadadoVitória/ES.10770:ÁreadeEstudoAnálisedeGabaritoeHierarquiaviáriadobairroEnseadaSuá.10971:GabaritoseConesVisuaispropostospelaCOMDUSA,1978...............11072:PrédioscomerciaisedeusomistocomgabaritoselevadosmarcamaaonortedaAvenidaNossaSenhoradosNavegantes...........................11173:ÁreadeEstudoAnálisedeusodosoloemobilidadeurbananobairrodoSuá,Vitória/ES.11274:EdifícioPaláciodoCafé,localizadonaAv.NossaSenhoradosNavegantes.113
Figura 75: Área de Estudo – Análise de áreas verdes e atrativos no bairro Enseada do Suá, Vitória/ES.FiguraFiguradeaFiguraFiguraesquerdaFiguraFiguradaFiguraacercFiguraVitória/ES.FiguraVitória/ES.FiguraBatalhãoFiguraFiguraEnseadaFiguraCaisFigurapraçaFiguraFiguraConventoFiguraVitória/ES........................................................................................................11576:ÁreadeestacionamentonasproximidadesdaPraçadoPapa.Aofundo,daPenha,restaurantelocaleaInstituiçãoProjetoTamar......................11677:Ruasvaziascomestacionamentoregularnosdoisladosdavia.11678:CiclistaspercorremaregiãoapesardaausênciadeciclovianoentornodadoPapaatéaPraçadoCanalVix.11779:ÁreaProjetoAnálisedoentornoimediatodoterrenodoempreendimentodasArtescomanálisesrealizadaspelaautora.11880:PúblicodiversificadoutilizadoespaçoparaatividadesaoarlivrenadoSuá......................................................................................................11981:PíerusadoparapescaepermanêncianabaíadaEnseadadoSuá.12082:Panoramacontendo:1MorrodoMoreno,2TerceiraPonte,338ºdeInfantaria,4-ConventodaPenha,5-PrainhadeVilaVelha.............12083:LocalizaçãodoempreendimentoCaisdasArtesnobairroEnseadadoSuá,...............................................................................................................12484:ImplantaçãodoempreendimentoCaisdasArtesnobairroEnseadadoSuá,12585:CroquielaboradoporPauloMendesdaRochaparadefiniçãodedecisõesadoprojetodoCaisdasArtes.12686:PerspectivadoCaisdasArtesatravésdabaíadeVitória/PauloMendesRocha+METRO.12787:AnálisevolumétricanoedifícioCaisdasArtes,Vitória/ES.12788:AnálisedeadiçãoesubtraçãonoconjuntoCaisdasArtes,Vitória/ES.Daparaadireita,blocoadministrativo,museueteatro.12889:VistadaPraçaparaaberturadossalõesdeexposiçãodoMuseu.........12890:Aesquerda,circulaçãoverticalrealizadaatravésderampasquepermitemvisualizaçãodetodooconjuntodabaía.Adireita,conexãoentreosblocosatravéspontes.12991:AnálisedefluxosaníveltérreonaedificaçãoCaisdasArtes,Vitória/ES.................................................................................................................................13092:AnálisedefluxososegundopavimentodaedificaçãoCaisdasArtes,...............................................................................................................130
Figura 94: Vista para Baía de Vila Velha através das aberturas no foyer do teatro. CentroFiguraredimensionamentoFigura3ruasFiguraFiguraconsiderandoFiguraFiguraelementoFiguraocupaçãoFiguraFiguraritmo.setor,Figurafechamentos.FiguraMuseu,FigurasistemaFigudireitaFiguranasFigura................................................................................................................................13195:Vistadopalcodoteatroparaáreadeplateia.Circulaçõesconcentramselateraisdoprédio..............................................................................................13296:VistadapraçaparaoedifíciodoMuseu.Aesquerda,rampadeacesso,aconjuntoescadaeelevador.AofundonotaseabaíadeVilaVelha.132ra97:CirculaçãointernadoMuseu.Vãosvencem20metrosdelarguracomdevigasemconcretoarmadoprotendido.13398:AvançoreferentearampadeacessoademaispavimentosdoedifíciodonoCaisdasArtes.13499:Visualizaçãodarampalateralaoedifíciodomuseuaindasemos...........................................................................................................134100:Setoradministrativoutilizadeplantalivreparaabrigarasatividadesdoassimcomoousodeaberturasretangularesemtodootrechoseguindoum135101Croquiparacompreensãododinamismodacidade.141102ContextodacidadedeVitóriaesuascaracterísticasperanteousoedosolo.142103-Desdobramentodoconceito.Cidadeenquantoformaemarenquantodecomposiçãoemunião.142104CéucoloridomarcaacidadedeVitória,EspíritoSanto.143105EstudodevolumeelevadoparaoconjuntodoCentroCulturalascondicionantesdepermeabilidadevisual,fluxoseforma.143106Implantaçãodovolumeconsiderandoaspectosbioclimáticosdaregião.144107Implantaçãoesetorizaçãodosvolumesconsiderandoeixosvisuaisdaseasvisuaisdacidade.Emordemenumerada,1SetorAdministrativo,2Museu,Aprendizado,4Estacionamento........................................................................145108-Definiçãodospavimentosdeacordocomasatividadesedosblocos145109-FluxoorganogramaesetorizaçãodoblocoadministrativonapropostadoCultural.146
Figura 93: Demarcação dos elementos de circulação vertical. Posicionamento estratégico nos blocos.............................................................................................131
Figura 119 Representação gráfica de laje alveolar...............................................155 Figura 120 Painel GRC tipo Stud Frame. 156
Figura 112 Fluxo organograma e setorização do bloco principal na proposta do Centro Cultural........................................................................................................149
Figura 114 Representação diagramática da volumetria do conjunto do Centro Cultural utilizando da adição e subtração da forma. 151
Figura 115 - Análise da junção dos elementos volumétricos e cobertura. Blocos de atividades na cor branca enquanto a cobertura apresenta um degradê de cores que repetem o céu da cidade de Vitória ao entardecer..................................................152
Figura 116 Volumetria proposta para o edifício de um Centro Cultural na cidade de Vitória. 152
Figura 113 Representação diagramática da circulação vertical do conjunto do Centro Cultural proposto considerando a DMP. 150
Figura 110 - Fluxo organograma e setorização do bloco principal na proposta do Centro Cultural........................................................................................................147
Figura 111 Fluxo organograma e setorização do bloco de aprendizado na proposta do Centro Cultural...................................................................................................148
Figura 117 - Corte esquemático do conjunto arquitetônico do Centro Cultural.......154 Figura 118 Análise de malha 10x10m para concepção da forma do Centro Cultural.155
Tabela 5: Programa de necessidades e pré dimensionamento de ambientes........137
Tabela 6 Tabela síntese de atividades e distância máxima a ser percorrida de acordo com as normas do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo. 150
LISTA DE TABELA
Tabela 1 Comparativo Elementos de Composição para o Projeto. 77
Tabela 3: Tabela síntese - Pontos Positivos e Negativos sobre a área de estudo localizada no bairro da Enseada do Suá, Vitória/ES. 121
Tabela 2 - Comparativo de Zonas e Índices Urbanísticos nos anos de 1972 e 1979.99
Tabela 4: Comparativo de atividades proporcionadas em nas obras de cunho cultural sendo estas Centro Cultural Gabriel García Marquez, Midiateca de Sendai e o Cais das Artes. 136
54.34.2.1.1MORFOLÓGICA4.2.14.24.1.34.1.24.1.14.143.5.2de3.5.13.53.43.3SUAS3.23.132.4EISENMAN2.3VIGILÂNCIA2.2FERRAMENTA2.121.51.41.31.21.11SumárioINTRODUÇÃO..................................................................................................16CONTEXTUALIZAÇÃODOTEMADEPESQUISA.........................................16OBJETIVOS.....................................................................................................16JUSTIFICATIVA...............................................................................................17REFERENCIAISTEÓRICOS............................................................................18METODOLOGIA...............................................................................................19DIAGRAMA......................................................................................................21DIAGRAMA:CONCEITUALIZAÇÃOEAPLICAÇÃOENQUANTODEANÁLISE...................................................................................21FORÇA,PODERECONTROLE:DIAGRAMACOMOINSTRUMENTODE..............................................................................................................28FIGURADELINGUAGEM:SISTEMADEREPRESENTAÇÃOPORPETER...............................................................................................................29PROJETOEMARQUITETURA:AAPLICAÇÃODODIAGRAMA.................32LAZERECULTURA:MODELOESTRUTURANTEDASOCIEDADE............38LAZERECULTURA:CONCEITUALIZAÇÃO.................................................38LAZERECULTURANOBRASIL:OPROCESSODEIMPLANTAÇÃOEDIFICULDADES.............................................................................................40PERCEPÇÃOCULTURALNACIDADE:LEITURAEINTERPRETAÇÃO.....50ESPAÇOSCULTURAISNACIDADEESEUSUSOS.....................................66ESPAÇOSCULTURAISSOBREAÓPTICADODIAGRAMA........................76AnáliseSíntese:usodosElementosdecomposiçãoenquantoprecursorprojeto.................................................................................................................76Estudodecaso:CentroCulturalGabrielGarcíaMarquez..........................80ÁREADEESTUDO..........................................................................................88CONTEXTUALIZAÇÃODOSELEMENTOSDAÁREA:DECIDADEALOTE88CidadeDeVitória:HistóriaeContexto........................................................89EnseadadoSuá:umanovaCentralidade...................................................95OEdifícioCaisdasArtes.............................................................................102CONTEXTUALIZAÇÃODOSELEMENTOSDAÁREA:DECIDADEAOLOTE104BAIRROENSEADADOSUÁ:CARACTERIZAÇÃOEANÁLISE.....................................................................................................105Conclusões...............................................................................................121CAISDASARTES:ESTUDODIAGRAMÁTICOECONTRASTES..............124ESTUDOPARAPROJETOCOMUSODODIAGRAMA...............................136
5.1 DEFINIÇÃO DO PROGRAMA: COMPARATIVOS E DIMENSIONAMENTOS 136 5.2 DIAGRAMA SÍNTESE....................................................................................141 5.2.1Conceito do Projeto......................................................................................141 5.3 ASPECTOS FORMAIS...................................................................................153 5.3.1 Inserção Urbana ..........................................................................................153 5.3.2Soluções Funcionais e Relações Espaciais...............................................153 5.3.3 Sistema Construtivo....................................................................................154 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................157 APÊNDICEAPÊNDICEREFERÊNCIAS.......................................................................................................159..............................................................................................................166A – PRANCHAS..................................................................................166
1.2 OBJETIVOS
Esta monografia possui como objetivo geral analisar e apresentar o processo de elaboração de um projeto arquitetônico utilizando como critério a prática do Diagrama para análise do sítio, entorno e demais componentes da obra. Tendo ainda como fatores norteadores o histórico da área de implantação e suas reais necessidades enquanto produto para sociedade; a análise do entorno considerando suas condicionantes físico ambientais, sociais e econômicos, além da interpretação do comportamento dos usuários, relacionando uso e apropriação do espaço urbano. Pretende-se ainda discutir sobre a importância do lazer na sociedade e a leitura do espaço urbano por ela realizada, além de estudar os programas que envolvem um
INTRODUÇÃO
Considerando o objeto de estudo, aqui proposto centro cultural, ponderou se a problemática: O espaço criado no centro cultural é condizente com as necessidades da população que irá utilizá lo considerando diferentes classessocioeconômicas? Sua arquitetura é harmônica com seu entorno e com as análises espaço x fluxo por meio da ótica do Diagrama? A cultura está sendo exercida enquanto direito da população?
Desta forma, a presente pesquisa busca ponderar suas características enquanto espaço público, aplicar a ferramenta do diagrama para propor análises e assim um ensaio de projeto simulando caso específico, criando um passo a passo para a concepção arquitetônica do edifício. Além de ressaltar a importância dos espaços culturais na sociedade moderna.
16 1
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA DE PESQUISA
No estudo e teoria da arquitetura o conceito de Diagrama varia de acordo com sua aplicação, seja este utilizado como instrumento de processo arquitetônico e projetual ou um mecanismo de caráter abstrato e conceitual, utilizando da compreensão, representação e criação de contextos e necessidades.
Tendo como objeto de estudo a tipologia dos centros culturais há a necessidade de conceituá-lo para compreender sua importância no alcance dos objetivos da arquitetura perante a sociedade usuária.
JUSTIFICATIVA
h) Auxiliar na aproximação entre os meios teóricos aos meios acadêmicos para concepção de projetos.
b) Descrever e avaliar a conjuntura do Brasil durante os anos para a implantação do lazer e como este afeta a cultura de um povo perante os espaços urbanos.
d) Identificar a influência da história da região de Vitória sobre o uso do espaço existente;
1.3
e) Analisar o espaço urbano identificando suas vulnerabilidades e deficiências;
f) Criar diferentes leituras passíveis ao uso para análises e elaborações de projetos através do uso do Diagrama;
os itens apresentados, o estudo possui como objetivos específicos:
a) Compreender a técnica do diagrama enquanto ferramenta projetual e de análise.
17
g) Apresentar como exercício uma proposta ficcional de Centro Cultural para a cidade de Vitória, após a análise do espaço, no bairro da Enseada do Sua, onde hoje localiza se o Cais das Artes.
A problemática discutida nesta pesquisa envolve a atuação do Estado enquanto provedor de espaços de lazer propícios ao exercício da cultura. O governo no decorrer dos anos de formação do Brasil até o período atual sofre com a instabilidade política e econômica, tendo como consequência a concentração dos espaços e das práticas de lazer em áreas privilegiadas e, aquelas distanciadas dos centros urbanos sofrem com uma arquitetura fria e distante de suas características.
centro cultural com o intuito de identificar suasatividades, organização espacial e seus Considerandofluxos.
c) Realizar um estudo comparativo entre edifícios de diferentes épocas e usos através do uso do diagrama.
Espera se por meio dessa pesquisa contribuir para a disseminação da temática do diagrama, envolvendo sua fundamentação teórico e sua aplicação em projetos no campo de arquitetura e urbanismo Assim como criar um repertório de elementos a serem considerados ao iniciar estudos para análise e concepção de obras com o intuito de alcançar uma Arquitetura real e harmônica com seu lugar.
A proposta de Centro Cultural apresenta-se como liberdade projetual graças ao seu programa diversificado, além da escolha do local de intervenção, onde hoje se localiza o Cais das Artes. A região conta com poucos espaços de lazer de caráter cultural, sendo a maioria localizados no Centro da cidade, porém sofrendo pelos maus tratos do tempo e da falta de cuidados. A área de estudo localiza se em um importante complexo composto pela Praça do Papa, Projeto Tamar e todos os enquadramentos visuais que a envolvem por completo, com vista privilegiada para a baia de Vitória e visualização direta para o Convento da Penha, em Vila Velha, e da Terceira Ponte, a qual interliga os municípios de Vila Velha e Vitória
Esta monografia utiliza como base a publicação intitulada como “Do diagrama às experiências, rumo a uma arquitetura de ação”, produzida por Josep Maria Montaner, (2017) trazendo um compilado de exemplificações de diagramas, assim como a descrição do conceito de diagrama pela óptica de Charles Sanders Peirce (2000; 2021), sendo esta base teórica para análise dos edifícios e, no projeto final, base para a concepção do produto. Além destes, a escolha da autora Christianne Luce Gomes
No campo da arquitetura há a necessidade de incluir os instrumentos de leitura, análise e processo projetual para que os espaços urbanos possam ser passíveis de uso de maneira harmônica e condizente com as necessidades que a população sofre. Para isto, a junção de política e arquitetura e urbanismo deve ser considerada com primordial numa tentativa de alcançar o público em sua totalidade e variedade. Assim apresenta se a importância do uso do diagrama como ferramenta de projeto, graças ao seu uso flexível e multidisciplinar. Através do seu uso é possível criar um caminho a ser proposto no campo acadêmico, aproximando se de um check list projetual.
18
Discute se aqui a necessidade de uma obra que considere o usuário e não apenas sua estética, a história do local no qual é implantada e sua importância para aqueles que usufruem do espaço da região, sendo eles moradores ou visitantes.
REFERENCIAIS TEÓRICOS
A intervenção possibilitaria uma nova leitura do ambiente como um todo, tornar se ia parte primordial deste complexo envolvendo arte e cultural, possibilitando novos usos e atrações, um convite para o público usufruí-la e a retomada do movimento que a cidade tanto necessita.
1.4
O texto aprofunda se na leitura da cidade para compreender os seus usos e apropriações, assim sendo possível identificar os elementos necessário e relevantes para o estudo dos espaços de lazer e como a cultura de um povo varia e apresenta se de acordo com o contexto.
Por fim, trabalha se em conjunto os conceitos de lazer e cultura com os espaços culturais através do diagrama. Para tanto, será analisada a tipologia dos espaços e centros culturais como exemplos e estudo de caso. Estes variando em uso, período e estrutura, visando compreender as diferentes leituras possíveis através do diagrama
19 (2004; 2009; 2010; 2014;) com suas publicações envolvendo lazer, cultura e política na conjuntura brasileira auxilia na aproximação das necessidades da população e no entendimento do atual cenário de políticas públicas envolvendo o Estado e suas falhas. No tópico cidade e seus usos, dois autores marcam presença de forma significativa, são estes Kevin Lynch (1960) e Gordon Cullen (1971), compreendendo os elementos formadores da cidade e como estes influenciam na percepção da mesma. Por fim, leva se em consideração os estudos desenvolvidos por Jan Gehl (2011) em busca de espaços projetos para pessoas, considerando os aspectos
O1.5humanitários.METODOLOGIAtrabalho
A monografia apresenta, ainda, o conceito de lazer e cultura e sua implantação na sociedade brasileira. Para isto há a retomada histórica partindo da década de 1930 até o período atual. Dados produzidos por teses e com publicações de estudos e balanços governamentais são utilizados para dissertação e embasamento.
utiliza da revisão bibliográfica do conceito referente ao “Diagrama” e sua aplicação no processo projetual de arquitetura no decorrer das décadas. É apresentado o conceito da semiótica de Chales Peirce (2000; 2021) e exemplificada com projetos marcantes da arquitetura como o Panóptico de Bentham trabalhado por Foucalt (1999) e as apresentações de Peter Eisenman (1974) também sobre a óptica de Josep Montaner (2017); e o uso do diagrama no decorrer dos anos enquanto ferramenta de análise e apresentação, assim exemplifica-se as diferentes formas utilizadas por arquitetos em projetos para os estudos de suas obras através de imagens disponibilizadas online e livros publicados.
Figura 1 Organograma de estudos para elaboração da monografia

Fonte: Produção própria, 2021.
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Os casos selecionados são emblemáticos e significativos no reconhecimento de uma produção de arquitetura ao longo dos tempos, como visto nos edifícios selecionados: Convento da Penha, Vila Velha, de característica histórica, o Centro Cultural Gabriel Garcia Marquez, em Bogotá, na Colombia, de caráter moderno e a Mediateca de Sendai, no Japão, de caráter contemporâneo. Cria se assim uma tabela síntese utilizando dos conceitos apresentados por Pause e Clark (1997). Dessa forma, busca se compreender o programa de atividades e sua divisão interna, seus fluxos de pessoas e usos e referenciais projetadas na composição arquitetônica como base para a proposta ser realizada como exercício de projeto, na área onde atualmente localiza se o Cais das Artes, na Enseada do Suá, Vitória/ES
Em um segundo momento, desenvolve se estudos sobre a região partindo da esfera macro, a qual seria a cidade, para a micro, envolvendo a quadra onde subsiste o edifício do Cais das Artes. Estas análises iniciam a nível histórico e seguem para o diagnóstico, utilizando de mapas desenvolvidos pela ferramenta ArcGis, leitura de usos, fluxos e comportamentos sintetizados por análises diagramáticas desenvolvidas nas ferramentas Illustrator, SketchUp e Photoshop. Desta forma, há a proposta de Centro Cultural a partir da óptica do diagrama, demostrando o todo o processo e chegando a um estudo para projeto, em nível demonstrativo, desenvolvido no programa Revit com auxílio de dados agrupados no Excel.
Em seu livro “Do diagrama às experiências, rumo a uma arquitetura de ação” (2017), Josep Maria Montaner apresenta de maneira descritiva analítica diferentes perspectivas de aplicação do diagrama diante da história e sua conceitualização no âmbito arquitetônico, urbanístico, social e psicofisiológico. Montaner (2017) trabalha o conceito de diagrama apresenta-o como um instrumento que vai além de processos arquitetônicos e projetuais, funcionando como mecanismo de caráter abstrato e conceitual, partindo de um raciocínio imaginativo para compreensão, representação e criação de contextos e necessidades.
De acordo com Montaner (2017) o diagrama é descrito como uma ferramenta multidisciplinar e interdisciplinar, sendo visto como um elemento evolutivo, não limitado a um único uso, auxiliando em processos de análises e criações, na averiguação de elementos do contexto no qual será inserido o objeto de interesse. Notável, desta forma, seu caráter flexível ao permitir a reprodução, de maneira simbólica, um objeto e concedendo variações perante o processo de estudo, tornando-se assim uma espécie de esquema livre em tempo, forma, leitura, representação e análise.
Em seu livro, o autor afirma que as definições contemporâneas consideram o diagrama como elemento de partida, uma vez que sua abstração permite uma aplicação em diversas escalas como forma de evidenciar as relações que ocorrem entre elementos e fatores de projetos. Esta liberdade retrata a pluralidade da aplicação do diagrama, permitindo que aspectos da realidade sejam validados, sejam eles
Este capítulo busca compreender o conceito de diagrama enquanto norteador de projeto. Inicia se com a utilização do diagrama como ferramenta de projeto e leitura trabalhada por Joseph Montaner (2017), aprofunda-se com os conceitos proposto por Charles Peirce no campo da semiótica, exemplifica se com o caso do Panóptico de Jeremy Bentham trabalhado por Michael Foucault (1999), a influência da representação de Peter Eisnman (2006) e finaliza-se com exemplificação de projetos através dos temas de composição proposto por Roger Clark e Michael Pause (1997).
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1.6 DIAGRAMA: CONCEITUALIZAÇÃO E APLICAÇÃO ENQUANTO FERRAMENTA DE ANÁLISE
DIAGRAMA
Fonte: Montaner, 2017, p.46.
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22 analíticos, explicativos ou reflexivos. Assim, Montaner apresenta a distinção entre os tipos de diagramas, sendo eles voltados para:
Figura 2 - Diagrama de Legibilidade da cidade proposto por Kevyn Lynch (1960).
2. Projeto subdividido em tipologias clássicas, estruturais, metodológicos, processuais, funcionais, formalistas e urbanos (figura 3).
Figura 3: Diagrama Urbano de Ebenezer Howard, 3 Ímãs.

Fonte: Wikipédia.1 Entretanto, segundo Montaner (2017), durante o período pós moderno ocorre a crítica aos sistemas racionais e de rigidez aplicados no diagrama. A inserção dos meios tecnológicos e midiáticos interrelacionam se a realidade tangível e, desta forma, aderem a um objeto prospectivo, onde diagramas são mais específicos aos novos
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ebenezer_Howard. Acesso em 16 março 2021.
1. Análise subdivido em legibilidade (figura 2), requisitos, analíticos, formalistas, simbólicos, de proporções e genealógicos;

Figura 4 Parametrização de Projeto. Centro Heydar Aliyev / Zaha Hadid Architects
Arquitetura contemporânea passa a ser vista enquanto construção social somada as experiências subjetivas, perceptual, sensorial e corporal, assim o instrumento iconográfico é reinterpretado com a incorporação de tecnologias digitais e de ícones paramétricos (figura 4).
Entende se desta forma que o uso de elementos iconográficos auxilia na melhor compreensão e análise dos elementos de importância em um projeto. Winfried Noth (1998) realiza um estudo sobre Charles Sanders Peirce (1839 1914), filósofo americano fundador do Pragmatismo estadunidense e apoiador da Teoria da Semiologia. Peirce propõe que a interpretação humana é feita através de sons, formas (retângulos, círculos) e pelo sistema de significação dentro da ciência, assim, conceitua se a Semiótica. O sistema de representação de diagrama, para Peirce, ocorre pelo uso de três tipos: ícones, índice ou símbolo. Para Peirce tais elementos estão inclusos no conceito de signo, que seria, por sua vez, a representação de um dado objeto ou ideia que se desenvolve em um signo equivalente, compreendido pela
contextos, levando em conta impulsos sociais, culturais, energéticos e ambientais, retratando a vontade humana de sistematizar e objetivar ideais e experiências além da lógica, criando uma relação direta entre arte e arquitetura ao expressar sentimentos, emoções e intuições.
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2 Acesso em: https://www.archdaily.com.br/br/01 154169/centro heydar aliyev zaha hadid architects. Acesso em: 09 março 2021.

Do contrário, ao desconsiderar a realidade e seu contexto, o diagrama pode vir a tornar se um mecanismo genérico através do uso excessivo de sua abstração, dificultando a análise e o entendimento das percepções sensoriais.
Fonte: Hufton+Crow/Archdaily, 2013.2
3 Disponível em: https://www.archdaily.co/co/02 66012/clasicos de arquitectura puente de la mujer santiago calatrava. Acesso em 09 março 2021.

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“O Ícone participa da primeiridade”, (NÖTH, 1998, p.78) caracteriza se como uma representação, semelhante ao objeto, não somente em aparência, mas exercendo analogias ao mesmo. Este pode utilizar da forma, cor, textura e outros elementos para criar a conexão entre a imagem e a ideia, como uma fotografia (figura 5).
Figura 5 Ícone em arquitetura. Enquanto índice fotográfico, a interpretação da imagem da ponte permite analogias com demais pontes. Puente de la Mujer / Santiago Calatrava.
Fonte: Shell Belle/ Archdaily, 2010.3
imagem criada na mente do indivíduo participante do processo de leitura gráfica, este determina, como desfecho, o Objeto, ou seja, leitura feita pela pessoa, o resultado.
“O Índice está fisicamente conectado com seu objeto, formam ambos um par orgânico” (NÖTH, 1998, p.82), assim remete se o pensamento ao objeto, como exemplo, onde há fumaça há fogo. No âmbito da arquitetura é possível associar aos elementos existentes no ambiente de projeto e suas características (figura 6).
Figura 6 Índice na arquitetura. Arquitetura bioclimática considera os aspectos ambientais e utiliza dos materiais disponíveis, associando localidade com obra / Ecological Children Activity and Education Center / 24H > architecture.
Fonte: 24H > architecture/ Archdaily, s/d.4 Símbolo está ligado a associação, sendo assim uma abstração. Como pode-se citar o alfabeto que representa os sons da língua; uma pomba branca que representa a paz. Tadão Ando, arquiteto japonês trabalha em suas obras a conexão entre arquitetura e natureza através do uso da luz, permitindo que esta defina os ambientes e possibilite a percepção espacial (figura 7).
4 Disponível em: https://www.archdaily.com/34946/ecological children activity and education center 24h architecture. Acesso em 09 março 2021.
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Fonte: Tadão Ando/ Archdaily, s/d.5
Figura 7 Símbolo na arquitetura a igreja simboliza o cristianismo / Igreja da Luz, Tadão Ando
Hypoicons may roughly [be] divided according to the mode of Firstness which they partake. Those which partake the simple qualities, or First Firstnesses, are images; those which represent the relations, mainly dyadic, or so reg arded, of the parts of one thing by analogous relations in their own parts, are diagrams; those which represent the representative character of a representamen by representing a parallelism in something else, are metaphors. (CP 2.277; EP 2.273 274, apud MARTINS; ALMEIDA, 2021, p.9)
5 Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/793152/classicos da arquitetura igreja da luz tadao ando. Acesso em: 09 março 2021.

Segundo Charles Peirce (apud MARTINS; ALMEIDA, 2021, p. 9) o diagrama se enquadra como um tipo de signo icônico, dele deriva se o Hipoícone, sendo este ainda subdividido em três tipos:
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Deste modo Peirce trata o diagrama uma linguagem de criação, uma imagem esquemática, na qual determinados elementos permitem que um raciocínio imaginativo aconteça através da abstração de análises e ideias: pesquisa, comunicação de características importantes que retratam e incorporam este processo.
6 Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/767363/museu dos coches paulo mendes da rocha mmbb arquitetos bak gordon arquitectos?ad_source=search&ad_medium=search_result_all. Acesso em: 09 março 2021.
Figura 8 Relação proposta e processo criativo. Diagrama para concepção de espaços e suas análises de ambiências, fluxos e conexões. Museu dos Coches / MMBB Arquitetos + Paulo Mendes da Rocha + Bak Gordon Arquitectos.

Fonte: MMBB Arquitetos + Paulo Mendes da Rocha + Bak Gordon Arquitectos/ Archdaily, s/d.6
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Peirce, cita em sua obra:
Enquanto isso, o diagrama permanece no campo da percepção e da imaginação; e assim o diagrama icônico e o seu interpretante simbólico inicial tomados em conjunto constituem o que não devemos alterar muito o temo de Kant ao chamar um Esquema, o qual é de um lado um objeto capaz de ser observado, enquanto o outro lado é geral. (PEIRCE, p.362, apud STJERNFELT, 2000, tradução nossa)
As celas na extremidade do círculo possibilitariam que houvesse monitoramento de ambos os pavimentos pela torre de monitoramento, enquanto a mesma, localizada em área de penumbra, estaria acima do confinado, gerando uma relação de hierarquia e poder (figura 9). O edifício dialogaria diretamente com o indivíduo, alinhando o óptico, como mecanismo de vigilância, ao sistema panorâmica.
Segundo Bentham, trabalhado no livro The Panopticon Writings (1995), sua configuração espacial, afetaria diretamente o funcionamento da inspeção na unidade.

1.7 FORÇA, PODER E CONTROLE: DIAGRAMA COMO INSTRUMENTO DE AoVIGILÂNCIAdebateras
O Panóptico surge no contexto pós revolução industrial, alterando a sociedade ao criar um modelo exemplo imaginário e arquitetônico. A criação do método visava a reeducação dos prisioneiros com o intuito de devolvê los a sociedade, comportando matéria (multiplicidade humana) e função (o controle desta multiplicidade).
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Figura 9 Panótico de Jeremy Bentham
Fonte: Wikicommons, análises elaboradas pela autora.
contribuições que o diagrama fornece como sistema de análise e projeto na arquitetura, ressalta se a importância das leituras realizadas por Michel Foucault (1926 1984) em sua obra Vigiar e Punir (1999). Dando continuidade à linha de pesquisa iniciada por Peirce, Foucalt resgata em seu livro o diagrama panóptico de Jeremy Bentham, como “Diagrama do Poder”, uma “máquina abstrata” dentro da óptica social e crítica, uma forma de controle em seus sistemas práticos.
Deste ponto de vista é possível afirmar, com base na obra e análise de Foucault, que o edifício se relaciona com o indivíduo, um fator social, uma vez que o conjunto arquitetônico apresenta funções e, para cada uma delas, um espaço é delimitado e expresso através de suas características espaciais. O grau de permeabilidade ao movimento e visibilidade nele proposta orienta quem utilizará do espaço e o programa a ele destinado. Assim como, o seu objetivo como obra será diretamente proporcional a suas características enquanto arquitetura.
Vidler (2006) associa o Panóptico de Bentham à Teoria da Semiótica de Peirce, uma vez que o sistema permite a disseminação generalizada do poder por meio dos mecanismos ópticos e espaciais da vigilância. Em “What is a Diagram anyway?” Vidler cita “[...] o diagrama de um mecanismo de poder reduzido à sua forma ideal”.
Foucault propõe o processo pelo qual as instituições do final do século XVIII, período no qual o mundo passa pela revolução industrial, apresentam os primeiros sinais de uma Arquitetura Funcional, como citado em sua obra Vigiar e Punir (1999): [...] a arquitetura não é mais feita simplesmente para ser vista (fausto dos palácios), ou para vigiar o espaço exterior (geometria das fortalezas), mas para permitir um controle interior, articulado e detalhado. (FOUCAULT, 1999, p.196)
1.8 FIGURA DE LINGUAGEM: SISTEMA DE REPRESENTAÇÃO POR PETER
ApósEISENMANentendermos
a influência do edifício sobre o indivíduo em seu uso e comportamento é necessário compreender a sua aplicação no processo projetual no campo da arquitetura. O diagrama mostra se como um sistema analítico, explicativo e reflexivo, realizando uma comunicação através da sua representação e, por conseguinte, sua validação.
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O sistema era descrito como autogerenciado, o controle ilusório que induzia ao prisioneiro a sentir se sempre vigiado, possibilitando que o número de observadores fosse reduzido, mesmo que o número de inspecionados fosse elevado, pois o caráter psicológico da constante vigilância prevaleceria. Esta característica demarca, para Foucault, um novo período com novas ordens de poderes e novas formas de instituição, uma vez que tornar se ia passível a ser aplicado em demais sistemas institucionais as quais necessitavam de controle.
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Peter Eisenman (1932) trabalha de maneira exemplar com as ferramentas dispostas pelo uso do diagrama a partir de diretrizes geométricas como forma de integrar os dados da realidade. Uma vez que o objeto final não era capaz de mostrar suas intenções enquanto obra, foi necessário utilizar da representação de seu processo: transformações, composições e decomposições mostram como os espaços são criados (figura 10).

Fonte: The Formal Basis of Modern Architecture, 2006 Eisenman considera a leitura do diagrama como um trabalho intelectual e projetual (SOMOL, 2007), “um diagrama é, ao mesmo tempo, uma forma de texto, um tecido de traços e um índice de tempo.” (MONTANER, 2017, p.92). O potencial do texto transforma se em linguagem arquitetônica e, esta junção, resulta como processos Utilizandodiagramáticos.damalha
como elemento de descrição, Eisenman possibilita que o objeto de projeto possua uma linguagem própria à sua infraestrutura. Empregando do formalismo através de pontos, linhas e planos seriam capazes de gerarem movimento em seus contextos individuais, retirando e realocando o leitor nas diferentes posições possíveis em relação ao objeto: anterioridade, interioridade e exterioridade. Assim,
Figura 10 Diagrama ilustrando concepção de volume através da decomposição da forma feito por Peter Eisenman.
Eisenman faz o uso da Axonometria (figura 11), promovendo a autonomia do objeto ao permitir que distorções criadas a partir de um ponto de fuga contenham as informações necessárias para compreensão e estudo (SOMOL, 2007, p.185).
7 Disponível em: https://eisenmanarchitects.com/House II 1970. Acesso em: 02 março 2021.
Entretanto, Eisenman comete o equívoco da abstração de forma excessiva. Ao desconsiderar os dados da realidade e da experiência o edifício torna se um elemento desarmônico, isolado, não há relação entre funcionalidade e contexto (MONTANER, 2017). Este é um dos tópicos ao qual deve se tomar atenção ao realizar o processo de análise e produção nos esquemas diagramáticos.
Ao relacionar os conceitos previstos por Peirce, é possível afirmar que o mecanismo utilizado por Peter Eisenman é um Ícone (MONTANER, 2017). Um Diagrama de Projeto de caráter Formalista ao utilizar da Axonometria como forma de representação: “[...] uma pintura, um texto literário, a estrutura DNA, um ícone” (MONTANER, 2017, p. 37).

Fonte: Eisenman Architects, 1970 7
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Figura 11 House II, 1970. Conjunto de pilares, paredes representadas pelo uso da ferramenta de Axonometria.
Pause e Clark (1997) consideram a iluminação natural um fator de extrema importância a ser considerado no processo de análise, este é caracterizado pela entrada de iluminação em um edifício.
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1.9 PROJETO EM ARQUITETURA: A APLICAÇÃO DO DIAGRAMA
Fonte: UNStudio / Archdaily, s/d.8
8 Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/875786/lane 189 unstudio. Acesso em 08 março 2021.
Figura 12 Implantação Projeto Lane 189 / UNStudio.
Utilizando como referência a publicação de Roger H. Clark e Michael Pause, intitulada como “Arquitectura: temas de composición” (1997), analisamos as ideias geradoras conceito que influencia no design de um “desenho”, neste contexto, projeto.
Após compreendermos o conceito de diagrama, sua influência sobre o usuário e o espaço, e uma de suas formas de representação realizaremos uma análise em diferentes obras de arquitetos ao redor do mundo: como o diagrama é trabalhado no processo de criação, análise e concepção.
A proposta de implantação busca compreender as dinâmicas de determinada localidade. A compreensão das atividades existentes e da dinâmica ocorrente no entorno auxiliam na proposta de programa e uso definido ao edifício, assim é possível trabalhar no impacto que o edifício terá durante e após sua construção (figura 12).

Hyungmin Pai em sua obra The Portfolio and the Diagram: Architecture, Discourse and Modernity (2002), trabalha a transformação da sociedade não só no aspecto social, mas também econômico e tecnológico no decorrer do século XX. Correlacionando o “saber científico” com a “administração científica”, Hyungmin sugere que o diagrama surge como mecanismo para que o sujeito possa controlar e separar o objeto e, para que ocorra a análise destes aspectos, hei de utilizar-se da metáfora e da analogia. Desta forma correlaciona se o Taylorismo de Winslon Taylor com a metáfora de homem com máquina. Em seu processo de produção há a busca pelo produtivismo juntamente ao funcionalismo. Regras, leis, parâmetros e ordens são criados com o intuito de tornar eficientes os processos por meio de um ritmo de Surgemprodução.então os discursos funcionalista, nos quais as ações humanas são observadas e analisadas durante o processo de estudos. Essas análises resultam em

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9 Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/773478/bioclimatic prototype of a host and nectar garden building husos. Acesso em: 08 março 2021.
Indo desde a forma, a espacialidade, quantidade, qualidade e cor, a iluminação influencia a volumetria final nas propostas de desenho. Assim como as características da localidade: índices pluviométricos, ventilação natural, aspectos sonoros e visuais, todos estes devem ser considerados ao projetar (figura 13).
Figura 13 - Implantação do projeto Protótipo Bioclimático de Edifício Jardim / Husos Architects
Fonte: Husos Architects / Archdaily, s/d.9
Fonte: Husos Architects /Archdaily, s/d.10 Assim como Christine Frederick em seus estudos sobre a rotina em uma cozinha trabalhando a eficiência e a ineficiência nos movimentos de uma dona de casa (1915), arquitetos utilizam de linhas de tráfego, demonstrando os percursos a serem realizados, suas possíveis direções e, assim, demonstrar suas intenções enquanto projeto para os usuários do espaço. Como visto na figura 15, onde o arquiteto utiliza de setas para representar acessos e linhas tracejadas para percurso, tanto externo as edificações quanto internas a obra.
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Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/773478/bioclimatic prototype of a host and nectar garden building husos. Acesso em: 08 março 2021.
Ao trabalhar com o programa de cada projeto ocorre sua setorização. Enquanto unidade, as áreas de natureza tanto espacial quanto formal relacionam se aos usos nelas propostos, a hierarquia dada pelas categorias ordena sua organização espacial e auxiliam na distribuição: áreas privadas, públicas e/ou de serviço são determinadas e distribuídas em planta de acordo com as características ambientais e climáticas de cada região de implantação (figura 14).
digramas funcionais, nos quais a autoridade de pensamento prevalece e fornece o saber científico. Dele surgiram os primeiros diagramas de movimento e os esquemas que passariam a ser conhecidos como organogramas. Hyungmin Pai denomina os como “diagramas de bolha”.
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Figura 14 Diagrama com setorização projeto Protótipo Bioclimático de Edifício Jardim / Husos Architects.

Fonte: Steven Holl Architects /Archdaily, s/d.11
Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/624107/museu de arte nelson atkins steven holl architects. Acesso em: 08 março 2021.
A junção das propostas de axonometria e elementos de composição auxiliam no entendimento da dinâmica do conjunto. Pause e Clark (1997) afirmam o papel da estrutura enquanto elemento definidor de espaços, criador de unidades, assim como esta realiza o papel de articular circulação, sugerir movimento e propor composições e módulos. Definida por pilares, paredes e vigas, são elementos definidores em relação ao conceito de frequência, modelo, simplicidade, regularidade e complexidade (figura 16).
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Figura 15 Fluxograma Projeto Museu de Arte Nelson Atkins / Steven Holl Architects.
Pause e Clark (1997) propõem, também, a importância da compressão dos fluxos realizados de acordo como o espaço uso, uma vez que a função da circulação é conectar ambientes e indicar as condições enquanto espaço público e privado (figura 15). Como consequência, o comportamento humano é direciona para percursos e usos, além de influenciar diretamente na forma final da edificação de acordo com as atividades para esta proposta.

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A dinâmica de adição e subtração da forma se dá pelo conhecimento da obra. Aadição permite a criação de unidades identificáveis. Todavia, ao realizar a subtração, o edifício por si passa a ser um todo identificável, porém com partes retiradas. A junção de subtração e adição, entretanto, permite unir as unidades, criando se assim um conjunto que resulta numa forma final.
Fonte: Marta Maccaglia + Paulo Afonso, Archdaily, 2014.12

Figura 16 Isometria Estrutura. Aula Multifuncional Mazaronkiari / Marta Maccaglia + Paulo Afonso (2014 Satipo, Perú).
O processo de produção considera as necessidades do produto, do cliente e a intenção do autor. A geometria da obra engloba o aspecto plano e volumétrico, uma ligação direta entre percepção da formalidade espacial e suas multiplicações, combinações, subdivisões e manipulações.
Esta premissa permite que conceitos de massa, proporção e equilíbrio, hierarquia, unidade e conjunto sejam reforçados e trabalhados no partido de um projeto (figura 17).
Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/784546/sala de aula multifuncional mazaronkiari marta maccaglia plus paulo afonso. Acesso em: 08 março 2021.
Fonte: BIG & JDS/Archdaily, s/d.13
Assim sendo, a partir da compreensão do conceito de diagrama e suas aplicações, do entendimento da importância desta ferramenta enquanto mecanismo de projeto e, partindo das premissas trabalhadas por Clark e Pause é possível propor os passos e demandas para o início do estudo de um projeto, seja este no âmbito projetual ou analítico.

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Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/601342/mountain dwellings slash big and jds. Acesso em: 08 março 2021.
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Figura 17 Isometria Desenvolvimento de volume. Projeto Mountain Dwellings Big Architects
Visando alimentar o exercício de projeto adiante, busca-se aqui apresentar os conceitos de lazer e cultura e suas distintas leituras, apresenta se o contexto de implantação destes termos na sociedade brasileira e as ações derivadas deles. Há a descrição das dificuldades enfrentadas durante os governos atuantes, além dos distintos comportamentos que a população passa a realizar. Há o estudo dos espaços urbanos e a aplicação da leitura dos termos de Gordon Cullen (1971) e Kevin Lynch (1996 [1960]), demostrando a diversidade de uso que o espaço urbano pode adquirir. Finaliza-se com uma tabela síntese utilizando em conjunto a análise dos edifícios arquitetônicos de cunho cultural através do diagrama e sua leitura
O lazer, como atividade, reforça as distinções sociais de classe. O tempo livre de ociosidade é executado pela classe trabalhadora, realizado nos períodos fora das indústrias e horários de trabalho, enquanto a classe média/alta utiliza deste tempo para atividades voltadas a arte, cultura, criação e liberdade.
2.1 LAZER E CULTURA: CONCEITUALIZAÇÃO
Ao buscar pela compreensão do termo “lazer” faz-se necessário ter em mente que sua definição é de caráter mutável, uma vez que sofre influência de acordo com a localidade e cultura no qual este se insere. Para Nelson Carvalho Marcellino o lazer não somente é visto como prática ou consumo, mas como vivência. Em sua obra “Lazer e Educação” (1998), Marcellino entende “[...] o lazer como a cultura compreendida no seu sentido mais amplo vivenciada (praticada ou fruída) no “tempo disponível” (MARCELLINO, 2007, p. 31).
Marcellino ainda se baseia nos aspectos de tempo e atitude. O lazer se dá pela escolha da atividade, “praticada no tempo disponível e que proporcione determinados efeitos, como o descanso físico ou mental, o divertimento e o desenvolvimento da personalidade e da sociabilidade” (MARCELLINO, 2007, p. 31).
2 LAZER E CULTURA: MODELO ESTRUTURANTE DA SOCIEDADE
Estudos provenientes da década de 1970 apontam que o lazer é uma conquista do trabalhador, realizado fora de seus horários de trabalho e que envolvem atividades de passatempo, diversões e, inclusive, o próprio descanso. Necessário afirmar que o tempo de não trabalho não necessariamente é tempo disponível para atividades de lazer. Entende se que há “[...] o tempo de trabalho, tempo para a família, tempo para educação, tempo para a espiritualidade, etc” (PADILHA, 2004, p. 218).
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Caráter hedonístico: o lazer é marcado pela busca de um estado de satisfação, tomado como um fim em si: “isso me interessa”. Essa busca pelo prazer, felicidade, alegria ou fruição é de natureza hedonística e representa a condição primária do lazer.
Enquanto ação, o lazer está sobre a influência de diferentes interpretações considerando os aspectos sociais, políticos, econômicos, culturais, de identidade, percepção e ideologias perante o indivíduo que exerce sua leitura. Considera se, desta forma, que o lazer se articula em três elementos fundamentais: ludicidade, manifestações culturaise tempo/espaço social. Como trabalhado por Christianne Luce Gomes (2014), a ludicidade está relacionada com as experiências vividas, estimula os sentidos, trabalha o simbólico e provoca emoções ao considerar que o ser humano está em constante aprendizagem- importante salientar que uma mesma atividade pode ser sinônimo de lazer para uma pessoa enquanto para outra não ; manifestação cultural está atrelada às práticas sociais, envolve a arte de uma região; por fim, tempo/espaço social, envolve a territorialidade e o tempo livre e tempo de trabalho, esta possibilita que relações interpessoais sejam realizadas e concretizadas.
No Brasil, uma figura de extrema importância neste campo é o sociólogo francêsJoffre Dumazedier. Através de suas pesquisas empíricas tornou possível destacar as características do lazer:
Caráter pessoal: as funções do lazer (descanso, divertimento e desenvolvimento da personalidade) respondem às necessidades do indivíduo, em face das obrigações primárias impostas pela sociedade.”
Dumazedier (2004) considera ainda que o lazer é um fenômeno da sociedade moderna urbana industrial, pois anterior a isto o trabalho era uma atividade inserida no dia a dia de tal forma que o tempo de ócio era inviável, ocorrendo apenas eventos programados entre os lapsos de tarefas. Apenas com os avanços tecnológicos pós Revolução Industrial é que foi possível redefinir as funções e divisões de trabalho realizadas, possibilitando que uma maior produtividade fosse alcançada em menor tempo. Soma se a este fator os movimentos trabalhistas com suas reivindicações operárias, atrelando necessidade à industrialização e urbanização.
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Caráter liberatório: o lazer é libração ode obrigações institucionais (profissionais, familiares, socioespirituais e sociopolíticas) e resulta de uma livre Caráterescolha.desinteressado: o lazer não está, fundamentalmente, submetido a fim algum, seja lucrativo, profissional, utilitário, ideológico, material, social, política, socioespiritual.
(GOMES, 2004, p. 121)
2.2 LAZER E CULTURA NO BRASIL: O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO E SUAS
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a conceitualização de lazer é necessário discutir sua implementação no Brasil e como este ato influencia no comportamento e acesso ao lazer para a população.
Como trabalhado no tópico anterior, o lazer caracteriza se como prática provedora de satisfação e lazer ao indivíduo, sofrendo pela influência de conceitosligados à cultural, ao lúdico e ao tempo/espaço.
Com o processo de globalização e a facilidade de acesso à informação, barreiras culturais foram reduzidas e a incorporação de costumes tornou-se rotineira, considerando que países como o Brasil, desde sua origem histórica, abriga diferentes etnias, mostrando assim seu caráter multicultural.
O comportamento envolto nestes espaços interliga-se a cultura de uma população. Seu significado, entretanto, pode ser relacionado ou ao teor de conhecimento que uma pessoa obtém ou a uma manifestação de arte, seja ela música, dança, pintura, festividade dentre outros.
ApósDIFICULDADEScompreender
Assim, lazer está associado a tempo fora do trabalho e valores capitalistas preocupavam-se com este conceito. O tempo vago era visto como uma ameaça ao desenvolvimento social, logo este deveria ser substituído por atividade recreativas incorporadas às redes de ensino. Trabalha-se o conceito do controle social, no qual o lazer é visto como um apaziguador de conflitose favorece a ordem social. Este voltado principalmente pra comunidades em situação de vulnerabilidade numa tentativa de
Desta forma é possível adentrar no campo físico da temática: os espaços de lazer. Caracterizados como espaços físicos onde são desenvolvidas atividades, compõe uma extensa rede de equipamentos de lazer. Sua discussão é de âmbito multidisciplinar, envolto por políticas públicas urbanas de lazer e influenciando os usuários e permitindo que trocas sejam realizadas, assim citado por Ana De Pellegrin: [...] possuí importância mesmo por se caracterizar como espaço de encontro, de convívio, do encontro com o “novo” e com o diferente, lugar de práticas culturais, de criação, de transformação e de vivências diversas, no que diz respeito a valores, conhecimentos e experiências” (PELLEGRIN, 2004, p. 74)
O caráter controlador e formador de valores mostrou se presente nas propostas de recreação, os espaços voltados para atividades a serem realizadas nas horas livres como base para a nova sociedade que estava formando se na era industrial de Getúlio Vargas. O ócio, preconceituosamente ligado à preguiça na América Latina (enquanto na Espanha está ligado à cultura, sua expressão e leitura realizado no tempo livre), era combatido, esta compreensão influenciou nas tomadas de decisão do governo atuante enquanto propostas públicas.
O Estado passa a averiguar a situação no qual o trabalhador tanto em seu tempo de trabalho quanto fora dele (tempo livre). Assim, na década de 1940 há a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a qual previa o tempo de trabalho, o tempo
Na pesquisa intitulada “Lazer e Diversidade Cultural na América Latina” (2010), o lazer envolve tempo livre, ócio e a recreação. O estudo mostra a necessidade de considerar o contexto da América Latina como um todo, onde o movimento do “recreacionismo” se fez presente, ocorrido por meio da criação e implantação de playgrounds, centros de recreação, praças e jardins. No Brasil recreação é considerado “sinônimo de atividades realizadas com o intuito de promover diversão, especialmente aquelas desenvolvidas a partir da atuação de um educador profissional ou voluntário” (GOMES, 2009, p. 69). Ainda assim, na sociedade brasileira o tempo de lazer incorpora a recreação.
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reduzir os problemas causados pela exclusão, como as consideradas más influências das ruas.
O Brasil na década de 1920 passava pelo processo de desenvolvimento urbano industrial e, influenciado por políticas externas conceituadas por “jardins de recreio” e “praças de esportes” propostos por Frederico Gaelzer, estados do Brasil passam a implantar políticas públicas voltadas ao campo do lazer. Assim, em 1935, houve a criação do Departamento de Cultura e Recreação “com o objetivo de proporcionar recreação, assistência e educação para as crianças da classe proletária nos chamados“parques infantis”, considerados valiosos sistemas higienistas de educação extraescolar” (GOMES, 2009, p. 71). Estas propostas, inicialmente, eram voltadas para crianças da classe proletárias, porém, após certo tempo de sua implantação, passou a ser também para os jovens que trabalhavam em indústrias.
[...] o Serviço de Recreação Operária (SRO), que proporcionava, em vários centros, recreação organizada para a população operária, integrando ações do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Esses centros de recreação foram instalados em bairros de grande densidade operária e, neles, os trabalhadores e suas famílias encontravam, gratuitamente, bibliotecas, discotecas, exibições teatrais e cinematográficas, aulas de canto, jogos de salão, sessões de ginástica, campos de futebol, quadras de voleibol e basquetebol, além de outras opções. (GOMES, Christianne, 2009, p. 72 73)
14 Considera se o conceito de Arte proposto por Victor Andrade de Melo onde é possível “[...] definir a arte como uma prática sociocultural. (MELO, 2004, p. 16)
Desta forma o lazer era compreendido como uma forma de manifestação popular e comunitária (figura 18), assim visto, também, como uma mercadoria de consumo ao provocar investimentos, proporcionar trabalho e atrair público.
A mudança de governo iniciada no período de 1946 a 1964 ocasionou em alterações de caráter administrativo exercido pelos chefes de Estados. A valorização da temática brasileira sobre influências estrangeiras trouxe à tona a busca pela preservação dos valores nacionais através de projetos nacionais-desenvolvimentistas.
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de descanso e as férias do trabalhador. Este, porém, traz à tona os problemas de caráter social. Ao possuir de tempo livre, o trabalhador necessita de propostas de recreação, atividades e espaços para serem realizadas. O Poder Público então encontra uma maneira de exercer influência sobre o trabalhador mesmo fora de seu ambiente de trabalho. Após a formação da CLT há no Rio de Janeiro a criação do Serviço de Recreação Operária (SRO):
Marcelo Weishaupt Proni trabalha o conceito de serviços de lazer na obra organizada por Christianne Gomes. Parte deste serviço possuía caráter político e semipúblico, ao considerar que as festas de rua e programações de rádio estavam inclusas em sua descrição. Para Proni os serviços de lazer estão incorporados na definição de serviços pessoais, podendo também serem inclusos em serviços sociais. Exemplificando este através das atividades que voltadas aos clubes sociais, sindicatos e instituições religiosas, permitindo que o acesso a elas fosse do público ao privado.
O novo contexto vigente moldava a sociedade: movimento de êxodo rural alterou as caraterísticas das grandes cidades, que passou a abrigar maior número de pessoas. Alterações nos setores econômicos, sociais e industriais tiveram como consequência há maior distinção de classes sociais. Entretanto, com o processo de industrialização, o acesso ao lazer foi realizado através da arte14 .
Fonte: Banco de fotos do folclore capixaba, 19582

² Disponível em:
7KITMSTv738lt9jzflxAXUJkpmUa9iLy0llSw/AF1QipMBXJ2GwEUkPbHdDtTG3https://get.google.com/albumarchive/113886180969444208463/album/AF1QipPo3dkPhN0sMfHLd_EuD.Acessoem:20maio2021.
Figura 18 Alardo Exibição no desfile de grupos folclóricos, Vitória/ES, 1958. 15
Os clubes surgem neste período como uma demanda destas classes mais abastardas. A nova variedade de atividades que envolvia parques, esportese cinemas são reconhecidas como clube recreativo, as quais possuíam um espaço voltado para cada tipo de ação a ser exercida, tanto ao ar livre quanto a espaços fechados, como o Clube Libanês na Praia da Costa com enfoque nas atividades de natação (figura 19).
de cunho cultural são voltadas para a classe média/alta, incluídas danças, músicas e peças de teatro, estas apresentações buscavam relatar o cotidiano do povo e suas características, demonstrando o processo de desenvolvimento proporcionado pelas mudanças socioeconômicas e culturais.
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Com o início da década de 1960, as políticas brasileiras de atuação sofrem alterações em seu caráter nacionalista e com o processo de globalização ocorrente ao redor do Atividadesmundo.
Estes clubes podiam ser subdivididos em quatro grupos:
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16 Disponível em: http://www.ijsn.es.gov.br/bibliotecaonline/Record/11602 Acesso em 20 maio 2021.
a) entidades culturais e políticas: são os clubes frequentados por pessoas que possuem o mesmo posicionamento político; b) entidade de “status”: aqueles que possuem integrantes com alto poder aquisitivo, frequentados somente por pessoas da elite; c) clubes tradicionais: público composto em sua maioria por imigrantes que mantém nesses espaços as tradições de seus países de origem; d) clubes beneficentes operários: entidades criadas para auxiliar nas dificuldades dos operários, classe que estava em processo de consolidação. (MEZZADRI, apud FILHO, A. C.; UNANUE, M. G.; GATTO, C. M., p. 36).

Fonte: Rui de Oliveira/Instituto Jones dos Santos Neves, s/d16
Em contrapartida há a população de baixa renda, a qual não possuía acesso a tais meios de lazer, fosse pelo custo ou pela ausência de locais adequados para exercêlos e reproduzi los. Suas atividades eram voltadas para o lazer na rua, os circos e as festas típicas por eles realizadas, como as festas Juninas que tomavam as ruas da cidade (figura 20).
Figura 19 Nova Sede Social e Esportiva do Clube Libanês no bairro da Praia da Costa, Vila Velha/ES. S.d.
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17 Disponível em: https://acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias/festas juninas desde os anos 60 19527181. Acesso em 19 maio 2021.
Fonte: Acervo O Globo. 17
Figura 20 Crianças disputam a "corrida no saco" na festa junina da Rua Senhor de Matosinhos, no Catumbi, região central do Rio de Janeiro 24/06/1964.

A transição da década de 1960 para 1970 é marcada pela censura proveniente do governo em vigor. Apesar disto o período denominado como “Milagre Econômico” proporcionou o acesso ao lazer, também, através dos meios midiáticos. A televisão torna se um disseminador de ideias com a inclusão e a propaganda de filmes, peças de teatro e clubes principalmente para a classe média/alta.
O papel da mídia como determinador de bens culturais e disseminador de mercadorias, compartilhando símbolos e significações à sociedade como uma figura de poder na esfera pública. A forma como o conteúdo era transmitido proporcionava que a mídia fosse um intermediador entre público e políticas públicas. Pires e Hack mencionam em sua obra que “[...] mídia passa a intervir de forma a individualizar e privatizar o indivíduo, impedindo a formação de uma opinião pública racional, crítica e dialogicamente constituída” (GOMES, 2004, p. 163).
Outros eventos de grande repercussão ocorrem abordando a temática lazer como o Seminário Nacional do Lazer em 1974, sediado em Curitiba e o Encontro Nacional do Lazer em 1975 na cidade do Rio de Janeiro.
Simultaneamente a década de 1970 é considerada um marco nos estudos relacionados ao lazer. Há mudanças em sua interpretação, considerando os aspectos sociais e culturais, indo além de atividade a ser exercida, mas também o próprio repouso, tempo livre entre outros.
Salienta se novamente, neste trecho, a influência do filósofo francês Joffre Dumazedier nos estudos sobre lazer no Brasil com sua proposta de lazer como um
Em 1969, o Sesc de São Paulo e a Secretaria de Bem estar do Município resolveram empreender um evento público para discussão do tema, um seminário de estudos aproximando universidade, planejadores e trabalhadores sociais(...). A repercussão do Seminário (...) foi perto de catastrófica. (...) De um lado, a favor do tema, devem ser lembrados o Sesc e alguns setores públicos minoritários, sobretudo de urbanistas, que não se conformavam com a degradação dos espaços urbanos e com a morte do centro histórico. Havia, também, os professores de educação física e os recreadores escolares, que se sentiam marginalizados em face da tônica dominante na escola. De outro, contrários, havia os empresários, os ‘donos’ do trabalho, em parceria inusitada com a sociologia estabelecida, sobretudo da USP e da PUC, sem deixar de mencionar a parcela majoritária de assistentes sociais e profissionais que se dedicavam ao cuidado das populações carentes (CAMARGO, 2003, p.36 37, apud, GALANTE, p.22).
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Em contrapartida, a população mais carente perdia o espaço nas ruas com o aumento no número de carros e a repressão exercida por autoridades.
Diferentes eventos são realizados e impulsionam os estudos e projetos acerca da temática envolvendo políticas públicas e definições sobre o lazer em caráter multidisciplinar. Destaca-se aqui o “Seminário sobre o lazer: Perspectivas para uma Cidade que trabalha”, ocorrido na cidade de São Paulo em 1969”, o qual confirmava a tese de que o lazer é um resultado do processo de desenvolvimento industrial da cidade. Como dissertado por Camargo:
Desta forma é notável a participação e a importância que a cultura midiática exerce sobre a sociedade. O fluxo de informações intenso e a repetição atuavam com forte influência diante daqueles que dela usufruíam, uma integração involuntária à cultura ditada pela mídia numa falsa ideia de participação direta sobre a realidade.
Com o processo de redemocratização do Brasil na década de 1980 e a estruturação proveniente dos estudos iniciados em 1970, há um alto desenvolvimento da indústria cultural no Basil. Entretanto o problema anteriormente abordado permanece como um empecilho no acesso ao lazer: o Brasil passa por uma estagnação econômica, provocando uma distinção entre as classes econômicas e, somado a este fazer, há o pouco investimento no lazer popular. Simultaneamente o mercado de lazer de alto padrão cresce com o desenvolvimento no setor das artes como o cinema a partir de incentivos governamentais.
processo de globalização ocorrente, em 1990 o Brasil adota a política neoliberal e reduz o nível de atuação do Estado perante a população e ações a ela voltada. O processo de privatização proporcionou o aumento no setor terciário,
Até então o Governo trabalhava de maneira conjunta o conceito de cultura e esportes, porém em 1985 houve a criação do MinC (Ministério da Cultura), juntamente com a lei ApesarSarney.de toda a discussão e pauta sobre tempo de lazer e tempo ócio, apenas em 1988, a Constituição incorpora o lazer como direito básico do cidadão, uma conquista aos trabalhados do Brasil. Reforça então o papel do Estado em prover políticas públicas voltadas ao lazer para a sociedade de maneira igualitária como forma de promoção Entretanto,social.como
Unidades culturais como o SESC São Paulo e o Sesi auxiliam na compreensão das necessidades da população e as atividades por elas realizadas através de programas e pesquisas com enfoque na sociedade, tema aprofundado no tópico acerca de Espaços Culturais na sequência desta monografia
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fenômeno ocorrente na sociedade moderna urbana-industrial. Seu vínculo com a instituição Sesc São Paulo permitiu a participação direta no CELAZER Centro de Estudos do Lazer, este que tinha como objetivo voltar se a práticas de estudos e aperfeiçoamento pessoal para aprimorar os conhecimentos no campo do lazer.
O lazer torna se pauta no “tempo livre’ e como este deveria ser utilizado, ocorrendo um investimento no chamado lazer pedagógico, uma forma de controlar as atividades e o socialização dos trabalhadores, dando continuidade a discussão entre lazer e ócio.
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Como trabalhado por Lia Calabre, o Governo passa a atuar nos campos simbólicos, do cidadão e na economia da cultura:
e o novo modelo econômico fez-se presente com a cultura do consumo e uma nova noção de tempo/espaço.
A Lei Sarney proporcionou o financiamento a empresas privadas através de incentivos fiscais, nas quais o Estado cede seu lugar ao mercado e permite que o mesmo controle a produção e a implantação de atividades culturais. Como consequência a cultura passa a ser associada a mercadoria e a atuação do Estado é reduzida.
Esta tomada de decisão apresenta seus resultados até os dias atuais, a negligência do fator multicultural, o descaso com culturas populares e o investimento centrado em retorno financeiro acarretaram uma produção centrada nos centros urbanos, principalmente nas capitais da região Sudeste. Soma-se a este fator a instabilidade política vigente no território brasileiro, exemplifica se com o caso do Ministério da Cultura, criado em 1985, encerrado e transformado em secretaria por Collor em 1990, recriado por Itamar Franco em 1993.
Necessário ressalta que, com o início do governo Lula (2003 2011), ocorrem mudanças no campo da cultura: as discussões iniciadas em 1970 80 são retomadas, há maior envolvimento e repercussão social nas tomadas de decisão, no campo acadêmico há um aumento na produção de trabalhos acadêmicos relativos à temática “cultura e lazer”.
Apesar dos posicionamentos referentes ao governo Lula e Dilma, o qual deu continuidade a diversos programas de cunho sociocultural, o país sofre com a diferença ao acesso à cultura. De acordo com o estudo realizado pelo IBGE atualizando o Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC), dados
A dimensão simbólica é aquela do “cultivo” (na raiz da palavra cultura) das infinitas possibilidades de criação expressas nas práticas sociais, nos modos de vida e nas visões do mundo. (...) A dimensão cidadã consiste no reconhecimento do acesso à cultura como um direito, bem como da sua importância para a qualidade de vida e a autoestima de cada um. (...) Na dimensão econômica, inscreve se o potencial da cultura como vetor de desenvolvimento. Trata se de dar asas a uma importante fonte geradora de trabalho e renda, que tem muito a contribuir para o crescimento da economia brasileira. (MINC. 2010. P. 8 apud ROCHA e MOURA, p.35, 2018).
De acordo com a imagem 21, com os dados adquiridos da pesquisa do IBGE de 1999 a 2018, é possível afirmar que, em sua maioria, os equipamentos voltados para a 18 Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101687.pdf. Acesso em 09 jun. 2021.
Fonte: IBGE, Pesquisa de Informações Básicas Municipais 1999/2018, p. 150.18
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recolhidos dos anos de 1999 a 2018 apresentam a variação no percentual de municípios com equipamentos culturais e meios de comunicação (figura 21).
Figura 21 Recorte de Tabela com Percentual de municípios com equipamentos culturais e meios de comunicação, com indicação de variação percentual, segundo o tipo de equipamento Brasil 1999/2018.

Em sua totalidade, a cidade e os elementos a compõem sofrem com variáveis de tempo, tamanho e complexidade. A cidade, em constante evolução e alteração, está adaptando se as novas necessidades e requisitos que a população propõe, partindo desde ambientes construídos à espaços livres repletos de área verde, ambos propícios ao uso.
Os maiores prejudicados são as pessoas pretas e pardas. Nesta mesma pesquisa organizada pelo IBGE este grupo 37,5% vivem em cidades sem Museus contra 25,4% da população branca, o mesmo ocorre para teatros e cinemas.
A leitura da cidade é flexível, de caráter mutável. Seu conceito varia de acordo com o indivíduo que dela utiliza e compreende como um elemento ativo. As pessoas possuem diferentes interpretações do espaço de acordo com a relação que possuem com ele, as experiências vividas no meio físico e asmemórias por elas proporcionadas dão origem às suas significações (LYNCH, 1996 [1960])
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Nota se as consequências provenientes dos governos atuais e anteriores perante os equipamentos culturais. É nítida a sua importância enquanto equipamento transmissor de cultura, territorialidade e exercício da cidadania, porém a diferença de acesso entre regiões e classes sociais ocasiona em descaso, ausência, violência e insegurança. O Estado enquanto responsável pela sociedade deve prover osrecursos, partindo desde espaços construídos à propostas de programas que possam garantir o acesso ao lazer e ao exercício da cultura.
2.3 PERCEPÇÃO CULTURAL NA CIDADE: LEITURA E INTERPRETAÇÃO
cultura sofreram uma redução significativa, como os Teatros ou sala de espetáculo, Centros Culturais, Cinemas e Livrarias.
A compreensão do processo de implantação do lazer e da cultura no Brasil permite entender a dinâmica com a qual foi trabalhada e suas consequências perante as décadas de estudo. Entretanto é necessário analisar como e o porquê de espaços urbanos serem escolhidos e utilizados pela população em seu tempo livre.
Ao reconhecer e relacionar os ambientes este é passível a exercer o papel social, uma vez que se torna legível. Um convite a utilizá lo é subentendido e atividades são iniciadas num contexto de apropriação, pois, como citado por Lynch “a imagem de um bom ambiente dá, a quem a possui, um sentindo importante de segurança emocional’ (p. 14). Esta leitura do meio “[...] pode ser analisada em três componentes: identidade, estrutura e significado” (LYNCH, 1996 [1960], p. 18).
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A partir desta premissa o indivíduo passa a identificar o ambiente, voltando sua atenção e foco para o espaço no qual está inserido, sua perspectiva e percepções são realizadas por sequências visuais através do movimento. Nota se novamente que a interpretação pode e sofrerá com a carga de conhecimento que o observador possui sobre o espaço físico, sendo este de maior ou menor carga por sua significância social, sua função e sua história.
Estes espaços, enquanto voltados e pensando para a população que dele utiliza, é reconhecido por seus elementos estruturantes. Lynch (1996 [1960]), trabalha o conceito de Legibilidade, o qual seria, por definição, a facilidade em reconhecer e organizar os elementos estruturantes de um dado espaço. Segundo o autor, o ser humano possui por instinto o desejo de conhecer, a curiosidade proporcionada por novas informações, e reconhecer e estruturar o ambiente no qual se insere é uma destas necessidades ao relacionar ambiente e observador. É preciso relacionar, organizar e dar um sentido àquilo que se vê e vivência.
A identidade está voltada para a individualidade ou particularidade do meio, a característica marcante que este possuí; estrutura é a capacidade da imagem em relacionar-se com a espacialidade do objeto e do observador; e, por fim, significado, o qual deve proporcionar um sentido ao observador, seja ele prático ou emocional (LYNCH, 1996 [1960]). Através da junção destes elementos é possível dar origem ao conceito de imaginabilidade, “àquela qualidade de um objecto físico que lhe dá uma grande probabilidade de evocar uma imagem forte num dado observador. [...] também pode ser chamada legibilidade ou talvez visibilidade em sentido figurado[...].” (LYNCH, 1996 [1960], p. 20).
Kevin Lynch propõe que “vias: são os canais ao longo dos quais o observador se move, usual, ocasional ou potencialmente. Podem ser ruas, passeios, linhas de trânsito, canais, caminhos-de-ferro [...].” (LYNCH, 1996 [1960], p. 58). A leitura realizada pelos indivíduos ocorre através do deslocamento, a possibilidade de percorrer um espaço e observá-lo enquanto dinâmico auxiliam no processo. A concentração de atividades e características de fachadas influenciam na construção da imagem que aquele trecho apresenta.
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As vias são consideradas de extrema importância nesta pesquisa. Como apresentado no capítulo 3.2 Lazer e Cultura no Brasil, as ruas foram e permanecem sendo palco para atividades de lazer para diferentes classes da população (figura 22).
Figura 22 Rua de lazer na orla de Itaparica, em Vila Velha/ES.

Fonte: Folha Vitória, 2020.19 19 Disponível em: https://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/09/2020/rua de lazer volta no domingo campos de futebol ja estao liberados em vitoria. Acesso em: 26 maio 2021.
Quanto a imaginabilidade é possível entender que esta está voltada para o nível de conhecimento e a habilidade de percepção do espaço. Entretanto, no aspecto físico, é possível delimitar os componentes da imagem da cidade como: vias, bairros, cruzamentos e elementos marcantes (LYNCH, 1996 [1960]).
Sua estrutura física influencia no comportamento das pessoas, os usos que ela adquire e nas atividades que nela são realizadas. Indo além de um espaço para locomoção, mas um ambiente propício à apropriação de arte, cultura e interação (figura 23).
A compreensão da via ocorre pelo auxílio da visibilidade, o conceito de início, meio e fim proporciona um maior entendimento do espaço, abrangendo sua dinâmica espacial sobre a via em si e as características identificáveis em seu entorno. Lynch cita em sua obra que “é uma necessidade lógica que as ruas, uma vez identificáveis, tenham também continuidade” (LYNCH, 1996 [1960], p. 63) (figura 24).
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Figura 23 Rua sem saída no bairro República, Vitória/ES. Pessoas utilizam do espaço para encontros e comércio.
Fonte: Acervo Pessoal, 2019.

[...] São os elementos lineares não usados nem considerados pelos habitantes como vias. São as fronteiras entre duas partes, [...] locais de desenvolvimento. Funcionam, no fundo, mais como referências secundárias do que como alavancas coordenantes: tais limites poder ser barreiras mais ou menos penetráveis que mantêm uma região isolada das outras [...]. (LYNCH, 1996 [1960], p. 58)
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Disponível em: https://www.dreamcasa.com.br/blog/locais/praia da costa e o parque das castanheiras em vila velhaes.html. Acesso em 27 maio 2021.
Uma maior associação com o espaço urbano permite que ocorra uma conexão entre meio e usuário, há uma relação de apropriação que proporciona o uso e o cuidado com o meio. Esta influi nas atividades a serem voltadas para o espaço de acordo com as características existentes e adquiridas antes, durante e após seu exercício.
Figura 24 Feira Orgânica na rua Maria da Penha Queiroz proporciona a delimitação da rua auxiliando na leitura do espaço, Vila Velha/ES.

Tais limites podem tanto ser barreiras físicas quanto visuais. O caso da Terceira Ponte, Vila Velha/ES é um exemplo do uso e apropriação do espaço pela população. Como uma barreira física a ponte interliga as cidades de Vila Velha e Vitória, em sua passagem pelo bairro Praia da Costa, atua como viaduto sobre o território e, enquanto barreira visual, influencia na percepção do entorno Centro/Praia da Costa. Ocasionalmente, este espaço formado entre a ponte e o Canal da Costa, é utilizado
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Fonte: Dream Casa, 2019 20
A fragmentação do espaço urbano exerce também o papel de direcionar os usuários aos seus destinos, esta característica está presente nos limites, assim como nas vias. Assim, Lynch traz o conceito de limites:
Disponível em: https://www.observatoriodasmetropoles.net.br/pesquisa traca perfil da populacao em situacao de rua na grande vitoria/. Acesso em: 28 maio
de formas distintas, sendo o lazer por skatistas, que realizam manobras próximos a Avenida Champagnat, uma das principais vias da cidade, a mais frequente (figura 25).

A ocupação do espaço resulta em diferentes comportamentos e apropriações. O trecho referente à Avenida Champagnat abriga atividades de diversos tipos que
Fonte: Arthur Gomes, s/d.
Figura 26 Moradores de rua no Canal da Costa, Vila Velha/ES.
Fonte: Observatório das Metrópolis, 2018.21

Figura 25 Skatistas utilizam do trecho do Canal da Costa abaixo da Terceira Ponte para atividades de manobras.
Ao se afastar, porém, percebe se a presença de moradores de rua e dependentes químicos que permanecem com seus pertences em trechos do Canal onde lixo e pichação marcam o entorno (figura 26).
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exercem o papel de movimentar a cidade e atrair o público. Este fator justifica o fenômeno do uso do trecho para caminhabilidade e atividades ao ar livre, pois como defendido por Jan Gehl, “Onde quer que haja pessoas em prédios, em vizinhanças, nos centros das cidades, em áreas de recreação e demais - geralmente é verdade que pessoas e atividades humanas atraem outras pessoas” (GEHL, 2011, p. 23, tradução nossa).
O processo de desenvolvimento destes espaços proporciona locais propícios ao comportamento de lazer, outros são apropriados e têm seu uso alterado pela nova proposta a ele definida.
O bairro Mata da Praia, na cidade de Vitória/ES apresenta ruas sem saída finalizadas por culs de sac arborizados com seus pisos em paralelepípedo, envolto por praças de médio porte com presença de vegetação e espaço para atividades de lazer ao ar livre, residências de até dois pavimentos compõem o bairro e o caracterizam (figura 27).
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[...] são regiões urbanas de tamanho médio ou grande, concebidos como tendo uma extensão bidimensional, regiões essas em que o observador penetra (“para dentro de”) mentalmente e que reconhece como tendo algo de comum e de identificável. (LYNCH, 1996 [1960], p. 58)
As características urbanas, em sua totalidade, compõem os bairros, estes sendo distintos uns dos outros por seus elementos, tais como: sons, fachadas, espaços, formas, atividades, costumes dentre outros. Sua leitura é realizada em conjunto por esses elementos e definidas pelas experiências de vivência que o usuário adquiri ao percorrê la. Lynch define Bairros:
Figura 27 Rua em Mata da Praia envolta por residências e com piso em paralelepípedo.
Para o morador há uma facilidade em locomover se no interior deste bairro, uma vez que os elementos, para ele, estão definidos por memórias e significados, entretanto, para as pessoas que não possuem a ligação com o espaço, o bairro se torna confuso, ausente de pontos referenciais fortes que não sejam a presença das praças centrais.
O mesmo comportamento ocorre com o bairro de Jardim da Penha, logo ao lado. Sendo um bairro planejado em 1969, suas ruas possuem como eixo praças centrais circulares que abrigam as atividades de lazer nos diferentes turnos, porém aqueles que a visitam pelas primeiras vezes sofrem com o sentimento de desorientação e confusão (figura 28). Estes casos evidenciam como a interpretação e a conexão entre observador e ambiente altera a leitura exercida.

22 Disponível em: https://m.vitoria.es.gov.br/noticia/alamedas da mata da praia ganham novo pavimento paisagismo e bancos 19715. Acesso em: 27 maio 2021.
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Fonte: Prefeitura de Vitória, 2015.22
A partir de um exemplo internacional, o burgo de Manhattan e seus inúmeros bairros, utiliza não só dos elementos arquitetônicos como referências, mas sua formação enquanto morfologia urbana utiliza da enumeração de quadras, ruas e avenidas principais. A contagem feita de norte a sul da ilha auxilia na localização das ruas mesmo que a cidade esteja repleta de skylines semelhantes assinalados por arranha céus. Composta ainda por espaços livres de praças e diversas atrações voltadas ao lazer tanto individual quanto coletivo, Manhattan apresenta uma grande variação de atividades que hoje não estão apenas direcionadas aos moradores da grande metrópole, mas também uma estratégia de marketing utilizadas para atrair turistas que influenciam diretamente na imagem que o lugar possuí (figura 29).

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Fonte: Acervo pessoal, 2021.
Figura 28 Ruas de Jardim da Penha com praça central. Vitória/ES.
Fonte: Acervo Pessoal, 2018.
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Figura 29 Central Park, Nova York/Estados Unidos. Pessoas utilizam do espaço existente e de seus elementos para lazer e turismo.
Os trechos nos quais ocorrem as junções e concentrações são denominados como cruzamentos, estes definidos por Lynch como “[...] pontos, locais estratégicos de uma cidade, através dos quais o observador nela pode entrar e constituem intensivos focos para os quais e dos quais ele se desloca” (LYNCH, 1996 [1960], p. 58). Estes cruzamentos mostram-se como elemento de referência e confluência, um ponto no qual é possível localiza se e concentrar se, pois, eles são atratores de pessoas. A figura 30 apresenta a Praça dos Namorados, um atrator de público variado aos finais de semana na Capital do Espírito Santo.

Figura 30 Praça dos Namorados atraí o público aos finais de semana, em Vitória/ES.
Por fim, o último componente no aspecto físico são os Pontos Marcantes,
Fonte: Terra Capixaba, 2010.23
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[...] Estes são outro tipo de referência, neste caso, o observador não está dentro dele, pois são externos. São normalmente representados por um objecto físico, definido de um modo simples: edifício, sinal, loja ou montanha.
23 Disponível em: http://www.terracapixaba.com/2010/05/praca dos namorados vitoria.html. Acesso em: 28 maio 2021.

[...] Podem situar se dentro da cidade ou a uma tal distancia que desempenham a função constante de símbolo de direção.” (LYNCH, 1996 [1960], p. 59)
Os pontos marcantes possuem como característica seu aspecto memorável, apresentam domínio visual ocorrente em duas diferentes formas: sendo um elemento visível de muitos outros pontos ou criando um contraste local com os elementos circundantes seja em altura ou em composição (figura 31). Pontos marcantes podem ser elementos isolados, ocorrendo o risco de ter leitura errônea pela ausência de contexto, ou são reforçados por sua localização, de acordo com Gordon Cullen ainda é possível lê los como pontos focais, ao considerar que “[...] é o símbolo vertical da convergência, [...] define a situação, surge como uma confirmação” (CULLEN, 1971, p. 28).
Figura 31 Monumento Relógio da Praça Oito, inaugurado em 1942 na cidade de Vitória/ES.

Suas características o individualizam, variando desde aspectos arquitetônicos aos programas neles realizados, tornando-se referência na percepção e locomoção na cidade. De acordo com Gordon Cullen (1971), a relação entre o observador e sua posição no espaço se dá pela visão ótica ou visão serial, visão local, visão conteúdo, estas auxiliam na composição e criação da imagem do ambiente físico (figura 32).
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24 Disponível em: http://www.ipatrimonio.org/vitoria relogio da praca oito/#!/map=38329. Acesso em 29 maio 2021.
Fonte: SeCult ES, s/d.24
A boa leitura da cidade e de seus componentes auxiliam na criação de elos e significâncias entre observador e ambiente, permitindo que ocorra a apropriação do espaço e, consequentemente, seu uso e consequente comportamento (figura 33). A paisagem coerente e clara transmite o simbolismo que a vida urbana apresenta, sugerindo ao usuário que novas experiências podem ser adquiridas independente do tempo.
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Figura 32 Leitura da cidade através da percepção espacial, visão serial.
A visão ótica, também denominada visão serial, é realizada pela visão geral do percurso por dois pontos de vista, da imagem existente e da imagem emergente. A compreensão do espaço ocorre de maneira generalizada, de acordo com o caminho percorrido. A visão local,está ligada as sensações e emoçõesque o ambiente provoca nas pessoas e a reação que elas apresentam de acordo com seu senso de localização. Por fim há a visão conteúdo, a qual a leitura é feita pelos componentes da cidade por suas cores, textura, personalidade e escala, envolvendo a caracterização e a individualização da malha urbana.
Fonte: Gordon Cullen, 1971, p. 19.

Assim é possível compreender o comportamento que as pessoas passam e exercer e os requisitos na escolha para utilizar os espaços urbano. estes possibilitam a convivência ocorra em diferentes níveis de contato entre pessoas e trocas sejam realizadas tanto entre pessoas quanto ambientes, que atividades sejam realizadas.
Figura 33 População utilizando de áreas livres para encontros e vivências na dinâmica da cidade de Nova York.
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Conforme o Autor:
• As atividades opcionais são realizadas por escolha do indivíduo, portanto que haja tempo e local para realizá las. Este associa as condições do espaço e da atividade escolhida, uma vez que a qualidadedo espaço irá ditar o convide para usufruí la e o uso para ele voltado (GEHL, 2011).
25 Disponível em: https://www1.nyc.gov/site/planning/plans/pops/pops.page. Acesso em 29 maio 2021.
Fonte: NYC Planning.25

• As atividades necessárias são aquelas realizadas no dia a dia em diferentes graus, envolvendo em maioria a caminhada: um percurso percorrido, a espera por uma pessoa ou ônibus.
Jan Gehl (2011) separa os diferentes tipos de atividades que podem ser praticadas: atividades necessárias, atividades opcionais e atividades sociais.
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• As atividades sociais, entretanto, são todas aquelas que dependem de outras pessoas presentes no espaço, ocorrendo de maneira espontânea, dependendo do local no qual ocorre.
Da mesma forma, em acordo com Gordon Cullen (1971) o ambiente urbano enquanto espaço para o uso e lazer deve contar elementos passível de ligação, de significância perante a leitura ocorrente:
[...] O exterior não pode ser apenas um salão para expor peças individuais como se fossem quadros numa galeria. Terá de ser um meio destinado ao ser humano na sua totalidade, que o poderá reclamar para si, ocupando o quer estaticamente quer pelo movimento (CULLEN, 1971, p. 30)
O espaço é capaz de provocar sensações nas pessoas, seja pela posição na qual ela esteja, seja pela identificação criada por seus componentes, a configuração espacial permite que manifestações ocorram tanto pela geografia do local quanto pela troca de informações. A capacidade humana de relacionar-se ao local permite que manifestações culturais ocorram neste ambiente, variando pelas características locais da área, os costumes adquiridos e realizados, a língua falada, a cultura exercida.
A região conhecida como Prainha, em Vila Velha, representa um caso para estudo em sua plenitude: com vias delimitadas que direcionam à área do parque, com área verde, marcado pelo visual para baia de Vitória, preservado por leis urbanística para preservação visual tanto para baia quanto para o Convento da Penha, estes sendo pontos marcantes no trecho visualizado (figura 34).
26 Disponível em: http://www.terracapixaba.com/2009/10/prainha vila velha.html. Acesso em 03 jun. 2021.
Suas caraterísticas arquitetônicas a diferenciam e individualizam, tendo sua leitura como um bairro, mesmo, por norma, sendo parte do bairro Centro, além de proporcionar um limite por vias e obras edificadas (figura 35).
65
Figura 34 Prainha de Vila Velha, vista para a Baía de Vitória.
Fonte: Terra Capixaba, s/d.26

27
Disponível em: https://www.vilavelha.es.gov.br/noticias/2020/05/casa da memoria sera reformada a partir desta terca feira 19 29824. Acesso em: 23 maio 2021.
Fonte: Felix Falcão/ Prefeitura de Vila Velha, 2018.27
Figura 35 Casa histórica transformada em museu na Prainha, Vila Velha/ES.
2.4 ESPAÇOS CULTURAIS NA CIDADE E SEUS USOS
Este é apenas um exemplo sobre a configuração espacial, sua leitura e o consequente uso deste. A manifestação em si, as atividades culturais e de lazer propícias a ocorrerem serão trabalhadas no tópico seguinte.
[...] política pública como toda atividade política que tem como objeto específico assegurar mediante a intervenção do Estado, o funcionamento
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A compreensão dos elementos da cidade e sua percepção enquanto elementos propícios ao desenvolvimento e repercussão da cultura auxilia na leitura do espaço urbano. Enquanto ambiente, o meio urbano está em constante mudança dada pelo desenvolvimento da sociedade e suas necessidades em um período em vigor.
Ao trabalhar os espaços culturais é necessário incluir em seus estudos os conceitos de políticas públicas e de lazer. A política, por si só, mostra se como uma forma de poder, uma série de programasde ação regidas pelo Estado como forma de influenciar pessoas inseridas no contexto. Silvia Cristina (2004) traz a definição de:

67 harmonioso da sociedade, suplantando conflitos e garantindo a manutenção do sistema vigente. (AMARAL, 2004, p. 183)
Perante suas ações, o Estado é responsável por elaborar leis, administrar os negócios públicos e aplicar as leis por eles definidas. Entretanto estas ações estão sobre influências das classes de poder, sendo elas o poder econômico, ligado àqueles que detém os meios de produção; poder ideológico, praticam a influência através de ideias difundidas por meios de processos; e, por fim, o poder político, este exercido pela classe que detêm os aparelhos de estado (AMARAL, 2004).
Os espaços físicos voltados para as atividades de lazer são regidos por leis e programas. Neles o entendimento da dinâmica cultural é considerado elemento norteador para que possa estar de acordo com sua localidade e a cultura da população em seu entorno.
Na conjuntura atual, onde a adoção da política neoliberal reduz a participação do Estado e permite que empresas privadas influenciem e ajam nos diferentes aspectos da vida urbana, a necessidade do entendimento da sociedade e das relações que nela ocorrem direcionam para a criação de diretrizes que possam auxiliar na tomada de decisões e elaboração de políticas de lazer condizentes.
Mostra se necessário diferenciar os conceitos de política cultural e gestão cultural, de acordo com Barbalho (2008, p.21), “a primeira trata (ou deveria tratar) dos princípios, dos meios e dos fins norteadores da ação e a segunda de organizar e gerir os meios disponíveis para a execução destes princípios e fins” (apud VASCONCELOS, Ana; GRUMAN, Marcelo, 2013, p. 87).
Assim, a ação cultural pode ser definida como “um conjunto de procedimentos, envolvendo recursos humanos e materiais, que visam pôr em prática os objetivos de uma determinada política cultural” (COELHO, 1997, p.32, apud VASCONCELOS, Ana; GRUMAN, Marcelo, 2013, p. 87).
A organização dos espaços urbanos torna se uma expressão do coletivo através de ações e da dinamicidade que as classes sociais apresentam enquanto desejos e anseios.
As ações buscam por locais flexíveis, propícios a diferentes leituras e que possam ocorrer diferentes atividades, sejam elas ligadas ao lazer e/ou sociabilidade. A junção destes elementos permite que o espaço seja multidisciplinar e que a comunidade possa agir como ator social.
Em Vitória, Espírito Santo, o grupo Cidade Quintal mostra-se como um exemplo de atuação na comunidade. Ao considerar o contexto do local de atuação e suas características enquanto espaço urbano, cultural e social há uma troca com a comunidade. Esta aproximação permite que o público participe da ação e potencialize o espaço através de práticas culturais e educacionais não formais ligadas a arte (figura 36).
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Na produção organizada por Ana Vasconcelos e Marcelo Gruman (2013), o autor Gustavo Tomé apresenta o conceito dos espaços culturais independentes, onde a gestão cultural funciona como indutora de novas dinâmicas culturais na política pública, sem pertencer à administração pública ou de grandes corporações. Estes espaços, abertos ao público, buscam pelo desenvolvimento da produção, o maior alcance para a população através da circulação e do consumo de bens simbólicos, com enfoque nas artes.
Assim é trabalhado com um grupo específico alvo, para que sua realidade e contexto sejam considerados.
Nesta temática ainda é possível complementar que “define se a Ação cultural como o processo de criação ou organização das condições necessárias para que as pessoas e grupos inventem seus próprios fins no universo da cultura”. (COELHO, 1997, p. 33, apud, VASCONCELOS, Ana; GRUMAN, Marcelo, 2013, p. 88).
Realizadas por pessoas que possuem o conhecimento específico, as ações culturais visam a aproximação dos indivíduos às artes para que estes possam adquirir conhecimento dos processos criativos baseando se nas experiências por eles vividas.
28 Disponível em: https://sites.google.com/view/cidade quintal/projetos/nossa vila?authuser=0. Acesso em:02 jun. 2021.
Os espaços de equilíbrio ambiental são espaços predominantemente vegetados e cumprem a importante função de contribuir com a elevação da qualidade ambiental e visual das cidades. São espaços, que em alguns casos são remanescentes de ecossistemas naturais, determinantes para o equilíbrio ecológico. Os espaços de propriedade privada, que assumem funções de interesse público, enquadram se nessa tipologia (SÁ CARNEIRO E MESQUITA, 2000, p.26, apud ANDRADE, Kátia, 2005, p. 91)
Sá Caneiro e Mesquita conceituam:
Este tipo de ação permite que a população esteja próxima das intervenções, compreendendo suas reais demandas e impulsionando a atuação coletiva e a apropriação do espaço para abrigar interaçõessociais, atividades diversas e elemento estruturante da urbe.
Figura 36 Projeto Nossa Vila. Intervenção mural na região do Mercado da Vila Rubim, Vitória/ES realizada pelo grupo Cidade Quinta.

Fonte: Cidade Quintal, 2018.28
Compreende se desta forma um dos tipos de intervenção que poder vir a ocorrer na cidade. Em relação aos espaços livres é notável sua importância enquanto elemento paisagístico, social e ambiental, sendo possível categorizá los de acordo com sua configuração. De acordo com Sá Caneiro e Mesquita (2000) é possível dividi los em: espaços livres públicos de equilíbrio ambiental, espaços livres públicos de recreação, espaços livres públicos de circulação, espaços livres públicos informais e, por fim, espaços livres públicos potenciais de valor paisagístico.
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Utilizando se do espaço físico do Parque da Prainha, em Vila Velha, Espírito Santo, como estudo de caso para o espaço livre público de recreação é notável a influência que o ambiente possuí. Como citado por Lynch (1996 [1960]), a história ligada ao objeto aumenta sua importância, permitindo que leituras históricas e arquitetônicas sejam realizadas e experiencias criadas.

Figura 37 Parque da Prainha, localizado em Vila Velha. A esquerda, vista para Terceira Ponte e a Baía de Vitória, a direita, vista para o Convento da Penha.
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Utilizando dos elementos de visibilidade propostos por Lynch (1996 [1960]), o espaço do Parque apresenta como limite a Baía que o separa da ilha de Vitória, assim como pela presença dos morros que o circundam e permitem que a leitura seja realizada como elementos delimitadores (figura 37).
Fonte: Terra Capixaba, s/d.29
O enfoque neste tópico será dado para os espaços livres públicos de recreação, os quais “estão ligados ao desenvolvimento de atividade lúdicas ou de recreação. Incluem a faixa de praia, os parques, as praças, os pátios, os largos, os jardins e quadras polivalentes (SÁ CARNEIRO E MESQUITA, 2000, p. 28, apud ANDRADE, Kátia, 2005, p. 92) e para os espaços livres públicos de circulação, estes “são representados pelas ruas, refúgios, estacionamentos e outros” (SÁ CARNEIRO E MESQUITA, 2000, p. 26, apud ANDRADE, Kátia, 2005, p. 94). Ressalta se que passeios não são espaços isolados, mas que possuem uma ligação direta com as ruas e os espaços edificados que o circundam.
29 Disponível em: http://www.terracapixaba.com/2009/10/prainha vila velha.html. Acesso em 03 jun. 2021.
A região conta ainda com a presença de casas de teor histórico que auxiliam na compreensão do não Bairro, mas sua característica única que o diferencia do Centro através de fachadas com componentes arquitetônicos, formas e cores (figura 38)

Figura 38 Residência de estilo art déco na Prainha, Vila Velha/ES.
30 Disponível em: https://tendadamemoriaitab.wixsite.com/casasdevilavelha. Acesso em 03 jun. 2021.
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Fonte: Casas de Vila Velha, 2017.30
Esta relevância histórica ocorre, também, pela presença do Convento da Penha, um dos monumentos arquitetônicos que marca a história da ocupação da cidade de Vila Velha e a importância religiosa que exerce até os dias atuais (figura 39).
Disponível em; https://www.agazeta.com.br/es/gv/festa da penha milhares de pessoas passaram pelo evento desde 1991 0420. Acesso em 05 jun. 2021.
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Figura 40 Missa de Encerramento Festa da Penha na Prainha, Vila Velha/ ES. 29/04/2019.
31 Disponível em: https://g1.globo.com/es/espirito santo/noticia/2019/04/22/festa da penha comeca com campinho convento da penha lotado no es.ghtml .Acesso em: 05 jun. 2021.

Neste contexto é possível assimilar o teor religioso com o espaço urbano. O parque da Prainha mostra-se como um palco para a diversidade de atividades. No quesito religioso, sua importância é inegável ao abrigar um dos maiores eventos no Brasil e a maior no Espírito Santo: a Festa da Penha (figura 40).

Fonte: Secundo Rezende/A Gazeta, 2019.32
Fonte: Fábio Linhares/TV Gazeta, 2019.31
Figura 39 Convento da Penha, localizado em Vila Velha/ES. 2019.
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Figura 41 A esquerda, festival do Jazz e Blues ocorrido em abril de 2018. A direta, aniversário de Vila Velha com inaugura de mobiliário urbano, maio de 2021. Ambos os eventos sediados no Parque da Prainha, em Vila Velha/ES.

[...] O espaço público pressupõe domínio público, uso social coletivo e multifuncionalidade. Poderá favorecer a integração de pessoas de diferentes classes e culturas, relações e convivências coletivas, atitudes de autoexpressão etc. Esses atributos qualificam o espaço como ambiente sociocultural. (FRANÇA, 2018, p. 140)
A união de pessoas de diferentes idades e classes sociais em um espaço físico sendo utilizado para uma atividade de lazer religiosa. Mas Prainha não se limita às práticas religiosas, nela também são realizadas atividades voltadas a música (figura 41) e intervenções do Estado para/com a população através de eventos diversos.
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Um bom projeto arquitetônico desenha a forma procurando representar significados públicos transcendentes, com a expectativa de que o uso social
Seguindo a ordem proposta, trabalhou se neste tópico o conceito de política pública e sua importância, os espaços independentes enquanto norteadores de ações e os espaços públicos utilizados para exercício da cultura. Por fim, analisa-se os espaços edificados voltados para a arte e cultura, um enfoque no edifício como papel atuante na sociedade.
A união de pessoas de diferentes idades e classes sociais em um espaço físico sendo utilizado para uma atividade de lazer religiosa. Mas Prainha não se limita às práticas religiosas, nela também são realizadas atividades voltadas a música (figura 41) e intervenções do Estado para/com a população através de eventos diversos.
Este cenário demonstra a importância da multifuncionalidade que o espaço deve possuir, adaptando se aos seus usos no decorrer do tempo de acordo com os desejos que a sociedade possui, sejam eles de teor social, cultural e/ou religioso, portanto que haja o envolvendo entre a arte e a população, pois:
Fonte: Bianca Lopes, 2018 e 2021 respectivamente.
Fonte: Pedro Kok/ Archdaily, s/d.33
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Figura 42 Centro Cultural SESC Pompeia, localizado na cidade de São Paulo, projeto elaborado por Lina Bo Bardi.
O SESC Pompeia, projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi e inaugurado em 1982, visto na figura 42, representa a busca pela edificação capaz de funcionar como espaço cultural através da ação conjunta de gestores público, artista e população. A proposta de criar um ambiente propício ao exercício de práticas de expressão, liberdade e cidadania.

confirme a pretensão simbólica da forma, obtendo dela, uma experiencia plena de lugar. (ARROYO, 2011, p. 89, apud, FRANÇA, 2018, p. 150)
As propostas desenvolvidas pelo SESC (Serviço Social do Comércio) e SESI (Serviço Social da Indústria) estão voltadas para o cunho social que o empreendimento pode exercer. Criadas no final de 1940, as instituições surgem no contexto da industrialização ocorrente no território brasileiro, a necessidade de especializar a mão de-obra e, simultaneamente, promover espaços propícios para a prática da cidadania por meio da educação e da cultura, mostrando a preocupação acerca da qualidade de vida tanto individual quanto a nível coletivo.
Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01 153205/classicos da arquitetura sesc pompeia slash lina bo bardi. Acesso em: 05 jun 2021.
33
Seu programa é uma busca pela democratização da cultura, no qual o público possa ser inserido e tornar se atuante em oficinas, cursos, peças e espetáculos, como citado “[...] com a proposta de reunir assistência social e conteúdos culturais, artísticos, intelectuais e de desenvolvimento físico e esportivo em nossa programação, as unidades oferecem atividades, as mais diferenciadas e de acordo com os interesses das faixas etárias.” (COELHO, 2008, p. 176).
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1. Contribuir para que cada cidadão aumente sua condição de análise e crítica, em relação a si mesmo, aos outros e as situações local e nacional. O que depende de condições de comunicação e expressão (redes); além da difusão dos “bens e produtos culturais” e da constituição de espaços de debates.2. Tornar as pessoas/trabalhadores capazes, graças a um esforço intelectual crítico de interpretar, compreender, sobretudo, confrontar a realidade com os planos e projetos de desenvolvimento. O que se pode conseguir por meio da expressão, da discussão coletiva, das trocas de opinião para criar o hábito da síntese e da integração.
Há duas dimensões da ação cultural nas Unidades que podem ser entendidas nos limites entre o “fora” e o “dentro”. Nos limites de “dentro” encontra se um conjunto de ações programáticas que são reforçadas pela pedagogia arquitetônica e instalações específicas no interior de cada Unidade. Nos limites de “fora” o partido arquitetônico e as instalações legitimam e reiteram que há na cidade espaços vivos para o exercício e a vivência da “educação e cultura”; para a convivência, o prazer e a troca; para a organização e o desenvolvimento de outros valores não utilitários ou consumistas. E para efeito de ação, ambas as dimensões são complementares. (COELHO, 2008, p. 176)
Além de seu caráter social diante dos programas oferecidos, o SESC Pompeia diferencia se enquanto elemento atuante na paisagem urbana, pois sua preocupação vai além do campo dos usos, mas considera se a arquitetura como componente ativo para o convívio social, além de promover o conhecimento e garantir a prática da cultura. Logo, este ocorre em dois níveis:
Os centros culturais, no caso do SESC Pompeia, buscam pelo trabalho em conjunto entre a iniciativa privada e o poder público, utilizando dos espaços para ações socioeducativas. Retoma-se o conceito de ação cultural, a qual possui o intuito de propagar conhecimento e permitir que o indivíduo exerça a cultura de acordo com suas experiencias e o contexto no qual está inserido.
4. Contribuir para organizar a vida no tempo livre, de modo que possa ser apropriado como tempo criativo para autoformação e desenvolvimento pessoal. (COELHO, 2008, p. 176)
3. Estimular atitudes criadoras e imaginativas que, em determinada situação, procurem todas as possibilidades existentes para estimular valores geradores de novos valores e de elementos éticos humanizadores para a convivência e a vida coletiva.
A ação cultural surge com o intuito de:
Após a compreensão das temáticas diagrama enquanto ferramenta, e o conceito de lazer e cultura é possível desenvolver um estudo analítico sobre edifícios, onde busca se propor o uso do diagrama para analisar o conjunto da obra.
2.5 ESPAÇOS CULTURAIS SOBRE A ÓPTICA DO DIAGRAMA
76
34 Para aprofundar na temática é possível o acesso às monografias “Por uma arquitetura fluida: uma análise entre teoria e prática nas midiatecas de Toyo Ito” por Marina Pedreira Lacerda e “As questões da circulação em arquitetura com base na análise de soluções de projetos contemporâneos”, por Evandra Ramos Victorio.
3.5.1 Análise Síntese: uso dos Elementos de composição enquanto precursor de Realizandoprojetoum comparativo entre o Convento da Penha, um conjunto histórico religioso localizado em Vila Velha e a Mediateca de Sendai34, um centro cultural no Japão, chega se à tabela 01, onde os elementos de composição propostos por Pause e Clark (1997) são base para análise.
Assim é possível compreender que os espaços culturais devem exercer papel ativo perante a sociedade, sua proposta deve abranger o contexto de cultura e de necessidade da população para que a diversidade de atividades possa conversar com a dinâmica da cidade, garantindo que a cidadania seja praticada e, acima de tudo, democrática, interligando a arte e a responsabilidade social.
Sua importância visa em reafirmar a relevância e a flexibilidade do diagrama para estudos e compreensão de obras para a tomada de decisões diante dos condicionantes, realizando análises sobre o sítio e o conjunto arquitetônico das obras em questão.
A escolha destes edifícios considera o contexto no qual está inserido: enquanto o Convento da Penha é um elemento de caráter histórico envolvendo religião e cultura, um atrativo para a população exercer sua fé e um agregador social da comunidade, a Mediateca de Sendai surge como espaço que abrange arte, ensino e lazer, somado a alta tecnologia de uma construção arquitetônica contemporânea.
De localização privilegiada, o Convento apresenta vista para a ilha de Vitória e sua baía, a Terceira Ponte e o Morro do Moreno, assim como vista para a cidade de Vila Velha. Circundada por mata atlântica há a forte presença e preservação de áreas verdes.

Edificação localizada em via movimenta, forte presença de vegetação com edifícios de arquitetura similar.

Setorização
A divisão entre privado e público ocorre pela presença de paredes e
Mediateca de Sendai/JapãoSendai, Implantação

O ambiente é dividido em área privativa e pública através do mobiliário proposto, uma vez
2 1 Kasugamachi, Aoba Ward, Sendai, Miyagi 980 0821, Japão



Entorno
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Tabela 1 Comparativo Elementos de Composição para o Projeto.
Rua Vasco Coutinho Prainha, Vila Velha ES/ Brasil
ComposiçãoElementosde Convento da Penha, Vila Velha/ES
Paredes estruturais em todo o edifício, grande espessura com o intuito de suportar a carga que a obra possui.

Acessos/Fluxos

Lajes de metal juntamente com pilares em estrutura tubular branca estruturam o prédio.

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que há pouca presença de paredes internas. Assim como a proximidade às áreas de entrada.
As aberturas do edifício estão voltadas para a fachada leste e oeste. Com isto é possível garantir a entrada de ventilação natural de predominância nordeste e do sol da manhã e da tarde.
portas nos ambientes internos, assim como o acesso para o pavimento inferior.
Estrutura
O Sistema de fachada com parede dupla de vidro permite a entrada de luz natural e auxilia na regulação da temperatura interna do edifício.


NaturalVentilaçãoIluminação/

O acesso ao convento acontece pela travessia do morro e através de escadarias. O objeto em questão não possui rampas de acesso ao edifício.

SubtraçãoAdição/
Em sua leitura é possível visualizar o complexo em 3 unidades principais seguidas de maneira crescente ao morro.


Com frontão no estilo barroco e com torre sineira única, possui linhas retas e formas solidas que utilizam da cor branca proveniente
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Adições de volumes em todo a obra, ocorrendo com o decorrer dos anos na necessidade de abrigar as atividades.
Uso de elementos de alta tecnologia em sua fachada
O acesso é possível em três entradas distintas, sendo a lateral esquerda para serviço e frontal para o público.
Volumetria

. Volume único cúbico


Volume único cúbico, sem que haja adição ou subtração em sua fachada, porém ocorrendo intervenções em seu interior.
Fachada
Este tópico utiliza do Centro Cultural Gabriel García Marquez como objeto de estudo e conta com a contribuição de análises e conteúdos disponibilizados pela arquiteta María Elvira Madriñan (figura 43).
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transparente graças a presença do vidro. Partido
Os pilares trazem movimento ao edifício ao similar à algas, assim como sua envoltória permeável em vidro simula o aquário. A percepção de movimento provado pelos pilares é completada pela tecnologia que o edifício utiliza, substituindo a água que abastece a vida.
Fonte: Produção Autoral, 2021.
do material de acabamento para compor a fachada.

Sua localização retoma as histórias religiosas da Cidade. Sua materialidade utiliza de elementos locais, seu estilo rococó é preservado internamente como característica clássica da obra.

3.5.2 Estudo de caso: Centro Cultural Gabriel García Marquez
Com base neste estudo é possível realizar a leitura dos espaços independente do seu uso. A proposta de realizar um check list de estudo permite nortear os caminhos projetuais para averiguar necessidades, contexto, decisões projetuais enquanto estrutura, materialidade e funcionalidade.
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Fonte: Fotografia disponibilizada por María Elvira Madriña e Rogério Salmona, s/d. Localizado na cidade de Bogotá, Colômbia, o projeto tem como arquitetos responsáveis Rogelio Salmona e María Elvira Madriñan e teve sua conclusão de obra no ano de 2008, e área total construída de 3.329,00m², sendo realizada sobre o pedido de “Ediciones Fondo de Cultura Económica” (figura 44).
Figura 44 Localização do edicício Centro Cultural Gabriel García Marquez, Bogotá/Colômbia.
Figura 43 Vista para Centro Cultural Gabriel García Marquez, Bogotá/Colômbia.
Fonte: Análise disponibilizada por María Elvira Madriñan e Rogério Salmona, s/d.
O projeto surge através do conceito da dualidade existente entre a nova arquitetura e o centro histórico da região, permitindo que assim ocorra a reinterpretação da casa colonial. Enquanto partido o Centro cultural apresenta a forma como resultado de intenção espacial, proporcionando a estimulação dos sentidos, da memória, porém,


permitindo que, ao utilizar do espaço, o público possa ter consciência do presente e anseiem pelo futuro, como citado por e María Elvira Madriñan, “o centro cultural Gabriel García Marquez é um projeto que intervém no centro histórico sem imitar o passado, a forma como se integra e mimetiza a pesar da sua modernidade através da utilização de materiais e cores que se combinam com os de seu ambiente.” (SALMONA, MADRIÑAN, s/d, tradução nossa).
Figura 45 Análise do terreno. Da esquerda para a direita: terreno de ocupação com medidas do lote, corte transversal e, abaixo, corte longitudinal, ambos esquemáticos.
Fonte: Análise disponibilizada por María Elvira Madriñan e Rogério Salmona, s/d.
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O conjunto surge com um jogo de volumes que brincam com cheios e vazios através da ligação ocorrente entre os espaços por rampas que seguem um eixo circular, servindo não apenas para percurso, mas como área comum aos visitantes (figura 46).
O terreno possuía uma ampla área para ser ocupada, contando com uma das fachadas voltada para rua, sendo um potencial atrator ao público que por ali vir a percorrer. De topografia inclinada tanto em sentido longitudinal quanto transversal, o lote irregular sofre estreitamento em uma malha irregular, localizando se na esquina da quadra.

Figura 46 Análise volumétrica do Centro Cultural Gabriel García Marquez. Cheios e vazios moldam o edifício e criam áreas propícias ao uso comum.
Fonte: Análise disponibilizada por María Elvira Madriñan e Rogério Salmona, s/d.
O edifício comunica se com o entorno não apenas na materialidade, mas ao respeitar e seguir a altura das demais construções do entorno (figura 47).

Fonte: Análise disponibilizada por María Elvira Madriñan e Rogério Salmona, s/d. O centro cultura apresenta um programa variado, considerando as necessidades do entorno e a influência o qual realiza sobre as atividades e fluxos, Salmona e Madriña trabalham com atividades voltadas ao ensino e de cunho cultural (figura 48).
Figura 47 Corte esquemático representando os usos e alturas da edificação.
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Figura 48 Organograma de atividades a serem realizadas no Centro Cultural Gabriel García Marquez.
Figura 49 A esquerda, definição de eixos para lançamento de pilares. A direita, rampa segue o desenho central do pátio, comunicando com sua forma e estrutura.
Fonte: Análise disponibilizada por María Elvira Madriñan e Rogério Salmona, s/d.
A partir da definição do programa a ser seguido a estrutura toma partido através de áreas centrais pátios para permanência que dão origem ao eixo circular para o lançamento de pilares e vigas, permitindo que uma modulação estrutural seja criada juntamente com as circulações de rampas e escada (figura 49).


Fonte: Análise disponibilizada por María Elvira Madriñan e Rogério Salmona, s/d.
A circulação por rampaspermite que o espaço siga uma linguagem de leveza e fluidez ao com utilizar das formas curvas. Espaços dinâmicos são criados e auxiliam na comunicação visual com a região (figura 50).
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Fonte: Análise disponibilizada por María Elvira Madriñan e Rogério Salmona, s/d.
O interior se desdobra com atividades variadas, adaptando-se aos desníveis do terreno o conjunto possui três pavimentos e um subsolo. A configuração espacial escolhida possibilita que as atividades aconteçam ao fundo e laterais do edifício, assim a área central cumpre seu papel de pátio aberto voltado ao acesso público, enquanto demais usos se desdobram através dele (figura 51 e 52).
Figura 50 Movimento fluido da rampa assim como a abertura central do pátio permite conexão direta com o entorno do trecho de implantação.

Fonte: Análise disponibilizada por María Elvira Madriñan e Rogério Salmona, s/d. A setorização juntamente a circulação permite compreender a escolha dos espaços de acordo com a possibilidade de acesso: restrito, semipúblico e público. O uso da rampa possibilita hierarquizar os ambientes assim como as entradas, sendo a escala um fator auxiliar (figura 53).
Fonte: Análise disponibilizada por María Elvira Madriñan e Rogério Salmona, s/d.


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Figura 51 Setorização do subsolo do Centro Cultural Gabriel García Marquez.
Figura 52 Setorização primeiro pavimento do Centro Cultural Gabriel García Marquez.
Figura 53 Escala e proporção do edifício Centro Cultural Gabriel García Márquez
Fonte: Análise disponibilizada por María Elvira Madriñan e Rogério Salmona, s/d. Através deste estudo foi notável a presença dos elementos anteriormente utilizados na análise da Tabela 1. Visualiza se um ritmo de trabalho que nasce desde sua implantação à decisão de materiais que façam jus ao conceito apresentado no projeto, reforçando a preocupação em seguir a linguagem arquitetônica considerando análises e estudos do espaço, partindo assim para suas estratégias e objetivos.
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4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DOS ELEMENTOS DA ÁREA: DE CIDADE A LOTE
Figura 54 Linha do tempo para apresentação e estudo da cidade de Vitória, Espírito Santo.
4 ÁREA DE ESTUDO

É de grande importância salientar que essa monografia não possui como objetivo uma reconstrução ou intervenção no projeto existente para o Cais das Artes, mas sim utilizá-lo como exemplo a ser estudado de forma diagramática quanto a sua implantação, programa, partido dentre outros aspectos determinantes de projeto, utilizando de sua situação para criar uma proposta ficcional de estudo para Centro Cultural considerando seu entorno e com o uso das análises diagramáticas para o alcance de resultados.
A área de estudo localiza-se no bairro da Enseada do Suá, na cidade de Vitória, Espírito Santo, porém, para melhor compreensão de suas características históricas, morfológicas e fisiológicas, efetuou se a subdivisão do capítulo nos seguintes tópicos: “Contextualização dos elementos da área: da Cidade a Lote” e “Área de Intervenção: Caracterização e Diagnóstico” , a partir destes, outros subtópicos são desenvolvidos para aprofundar-se nas temáticas.
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
O tópico “4.1.1 Cidade de Vitória: história e contexto” apresenta as características do processo de ocupação da Ilha, sua limitação territorial causada pela topografia e massas d’água em seu entorno, como estes elementos influenciaram na forma como a área passou a ser ocupada, suas conformidades e usos, a necessidade de crescimento e, com ela, os constantes aterros que passaram a ser exercidos na ilha com o intuito de expandi la. Assim segue se uma linha cronológica de apresentação de fatos históricos da Ilha de Vitória (Figura 54).
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4.1.1 Cidade De Vitória: História e Contexto
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Localizada no estado do Espírito Santo, a cidade de Vitória, inicialmente denominada de Vila de Nossa Senhora da Vitória, teve sua ocupação iniciada na segunda metade do século XVI de forma lenta e gradual nas proximidades da Baía (Figura 55), levando em consideração os aspectos de segurança proporcionados pelo terreno elevado e a salubridade provinda dos morros com acesso a água (CASAGRANDE, 2011).
Figura 55 "Carta topográfica da Barra e Rio do Espírito Santo 1767."

• “Poucos recursos à disposição dos governantes da antiga Capitania;
Em sequência, o tópico “4.1.2 – Enseada do Suá: uma nova centralidade” realiza um breve resumo sobre o surgimento do bairro Enseada do Suá, seus objetivos e características enquanto projeto e suas transformações juntamente com os principais marcos para a sua ocupação.
Por fim, por estar localizado no espaço no qual será realizada a intervenção, o tópico “4.1.3 O Edifício Cais das Artes” apresenta a obra de Paulo Mendes da Rocha juntamente com o escritório METRO Associados, seu processo de implementação, importância na atualidade enquanto espaço cultural, seus reconhecimentos e a situação na qual encontra-se na atualidade.
• Economia incipiente (agricultura), incapaz de gerar excedentes aplicáveis no urbano;
Fonte: Arquivo Histórico do Exército. Intervenção do auto Braz Casagrande, 2011. Durante a ocupação, algumas características limitaram este processo, dentre eles:
Com a implantação e a expansão das lavouras de café provenientes até o fim do século XIX, a cidade passa por mudançase avanços em sua ocupação: a necessidade por espaço leva ao desmatamento de diversasáreas da cidade e iniciam se os aterros na região (CIRILLO e COSTA, 2011). Soma-se a este fato a imigração para as cidades em decorrência do trabalho livre (CASAGRANDE, 2011).
• Isolamento da Capitania com relação ao resto do país, principalmente porque, por longo tempo, foi interditado o acesso aos sertões de Minas Gerais;
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Apesar do processo de desmatamento, a cidade de Vitória torna se reconhecida por suas belezas naturais repletas de morros e circundada por água. Inicia se no final do século XIX um caráter conservador de comando com o governo de Muniz Freire, uma busca pela preservação da paisagem e proveito dos elementos urbanos, juntamente com a retomada de medidas de salubridade após anos de ocupação desenfreada que deu origem a construções insalubres (CASAGRANDE, 2011).
• Expulsão dos jesuítas (meados do século XVIII), com prejuízos para agricultura e para a paz com os índios;
Desta forma, a ocupação passou a ser marcada pelas atividades exercidas em cada área: aquelas próximas a cursos d’água mostravam se como responsáveis pela segurança enquanto o interior da ilha era ocupado para a plantação e apropriação para uso residencial, uma vez que as áreas próximas ao mar estavam sujeitas a alagamentos devido a sua topografia (CASAGRANDE, 2011).
• Isolamento da Vila em relação à Capitania, dificultando o acesso de mercadorias por mar (a ligação com o continente só seria possível em 1928)” (PREFEITURA de Vitória, 2016)
Através da nova postura adotada, o fim do século XIX e início do século XX, técnicas modernas são incorporadas numa contrarresposta a insalubridade da cidade, ocorre neste período um processo de embelezamento na ilha assim como a expansão de seu tecido urbano. Assim, durante o governo de Muniz Freie, o engenheiro sanitarista Francisco Saturnino Rodrigues de Brito propõe em 1896 o projeto do Novo Arrabalde (Figura 56), uma integração entre traçado urbano e a topografia da ilha de Vitória (CIRILLO e COSTA, 2011, CASAGRANDE, 2011).
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A topografia apresentou se como ponto de partida para o projeto de intervenção na cidade, considerando os morros como elementos referenciais, vias estruturantes foram propostas em um traçado urbano no qual paisagem e salubridade estivessem em harmonia:
Figura 56 Esboço da Planta da Ilha da Victoria (1896) mostrando a cidade existente (em preto), as expansões previstas do Bairro do Campinho (área contígua em vermelho) e do Novo Arrabalde com a Vila Monjardim e Hortícola (áreas em rosa).

“Sobre o arruamento, cada uma das avenidas foi concebida como grandes canais de escoamento de águas (limpas e esgoto), de conexão com as infraestruturas (estrada e ponte) preexistentes, de ligação visual com o
A proposta previa “[...] pela conservação dos morros em sua conformação natural ou pouco modificada, sem pressupor ocupação construtiva [...]” (CASAGRANDE, 2011, p.57), demonstrando que a leitura da cidade é alterada para além de traçado, mas como paisagem urbana formada por elementos ao seu redor, com enfoque na natureza existente, tais como os morros e formações rochosas, além do mar e cursos de água.
Fonte: BOTECHIA, Flavia Ribeiro; Borges, Heraldo Ferreira, 2018.
Adentrando o ano de 1960, a cidade recebe o Porto de Tubarão no bairro de Praia de Camburi, projetado pela Companhia Vale do Rio Doce. Sua instalação impulsionou o crescimento das indústrias na região, movimentando o mercado interno e sua economia.
• Renovação do núcleo antigo da cidade, com a retificação e ampliação de vias, dos serviços de água, drenagem e de limpeza pública;
mostrou se como um marco urbanístico e referência em planejamento. O trecho em questão utilizou da prática do aterro, esta que já se mostrava como uma técnica comum como resposta às áreas que sofriam de alagamento pelo aumento da maré e do mangue ali existente. Entretanto, o projeto do Novo Arrabalde teve início apenas no ano de 1920.
O estudo previa um parcelamento planejado através de quadras que respeitariam a malha xadrez proposta, os lotes regulares em formato predominantemente retangular, vias planejadas em toda sua extensão interligando os espaços, além de contar com áreas delimitadas para possuírem praças e jardins no percurso das avenidas, vislumbrou-se ainda a preservação dos morros da cidade enquanto elementos
Onaturais.projeto
• [...] Instalação do bonde elétrico, com a ampliação da linha ligando Santo Antônio até a Praia do Suá e a implantação da linha circular unindo a cidade alta à baixa;” (PREFEITURA de Vitória, 2016)
outeiro da Penha e passam entre os morros, ocupando o vale aterrado” (BOTECHIA e BORGES, 2018).
Os anosde 1900 a 1940 são marcados por intervençõesna paisagem urbana e natural da cidade, o crescimento contínuo e a consequente ocupação do espaço reforçam a necessidade de expansão da ilha:
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• “[...] Obras de aparelhamento do Porto de Vitória, que possibilitaram a exportação de café, considerado já naquele momento como o principal produto da economia capixaba;
• [...] Implantação do projeto "Novo Arrabalde", de Saturnino de Brito, ampliando em cinco vezes a área da cidade;
Tais obras proporcionam o desenvolvimento da cidade e, com elas, a construção do Aeroporto de Vitória em 1943, o qual em 1976 passa a contar também com um terminal de cargas internacional. Junto a este, a construção da Universidade Federal do Espírito Santo UFES, fundada em 1954, sendo esta a primeira instituição de ensino superior federal no Espírito Santo.
Com o crescimento no mercado interno e sua consequente importância na economia, a ilha necessita crescer para abrigar as novas atividades e, com ela, o aumento da população. Dentre os anos de 1970 a 1980 são concluídos os aterros que ocasionaram o desaparecimento das praias Comprida, Santa Helena, do Canto e Suá, além da incorporação das ilhas do Boi e do Frade as ruas e avenidas da cidade, contemplando os sucessivos aterros no decorrer dos anos de formação da Capital (figura 57).
Fonte: SÁ, Carla, BOURGUIGNON, Natalia. A Gazeta, Vitória, ES, 08/09/2016, p.4 7, c.1 6., “Aterros mudaram o mapa da capital. No aniversário de Vitória, conheça a história da cidade. 35

As novas características que a cidade passa a dispor demostram a necessidade de novas diretrizes de atuação e normatização para direcionar a forma de ocupação da ilha, assim, em 1984 é elaborado o Plano Diretor de Vitória, abordando a temática
Figura 57 Mapa com os aterros realizados no decorrer dos anos na cidade de Vitória.
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35 Disponível em: http://www.ijsn.es.gov.br/ConteudoDigital/20161018_aj25103_vitoria_aterros.pdf Acesso em 16 agosto 2021.
O processo de adensamento evolui para a verticalização de edifícios com o intuito de abrigar a população que constantemente aumenta na capital. Fato reforçado pela presença de edifícios superiores a 10 pavimentos que passam a fazer parte da paisagem urbana.
CRESCIMENTO POPULACIONAL VITÓRIA/ES
Fonte: Adaptação de dados disponibilizados no site do IBGE. Produção Autoral, 2021.
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36 Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/es/vitoria/pesquisa/37/30255?tipo=ranking. Acesso em 2 setembro 2021.
1872 1890 1900 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010
0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000 350.000
O crescimento contínuo na capital demarca o período dos anos de 1990 a 2010, informação confirmada através de análise de dados disponibilizados pelo IBGE, contabilizando desde o ano de 1872 a 2010 (gráfico 1).
Gráfico 1: Relação entre crescimento populacional no decorrer das décadas na cidade de Vitória/ES.
“[…] revitalizar o centro da cidade e preservar o patrimônio artístico e histórico do município […]” (VITÓRIA, 1984, p. 63).
De acordo com os dados do IBGE 2010, Vitória encontra se em primeiro lugar no IDH - Índice de Desenvolvimento Humano no Espírito Santo e em quarto lugar no Brasil36 . Este fato condiz com a tomada de ações que ocorreram no decorrer dos anos de sua ocupação. Os consecutivos aterros, projetos a nível urbano e paisagístico, os elementos considerados nas intervenções resultam da necessidade de crescimento decorrente da ocupação do solo pela população, entretanto, nota se que estes
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Figura 58 Aterro do Suá realizado pela empresa COMDUSA Companhia de Melhoramento e Desenvolvimento Urbano em 1980.

Fonte: Jaime Motorista, 198037 .
4.1.2 Enseada do Suá: uma nova Centralidade
A necessidade de contextualização da cidade de Vitória mostra se ao interrelacionar os tópicos cidade x bairro x área de estudo. A Enseada do Suá, bairro onde localiza se o terreno de intervenção, surgiu do processo de aterramento realizado pela COMDUSA Companhia de Melhoramento e Desenvolvimento Urbano na década de 1970, este denominado “Aterro do Suá” (figura 58).
Dentre os objetivos propostos pela empresa COMDUSA estão a urbanização da região através de áreas planejadas com suas vias, quadras e zonas; a criação de áreas propícias para ocupação de cunho residencial, comercial e serviço, lazer e institucional, realocando as do centro de Vitória para o novo Bairro; criação de áreas
37 Disponível em: http://ameies.blogspot.com/2014/02/historia o aterro do sua.html?q=enseada+do+su%C3%A1. Acesso em 2 setembro 2021.
elementos são acompanhados da preocupação de uma infraestrutura além de urbana, mas de cultura e lazer como necessidade social a ser considerada.
No documento produzido pelo IJSN em 1978 é citado um fator primordial desconsiderado durante o projeto previsto pela COMDUSA, pois este foi realizado antes “[...] à proposta da Ponte e anterior ao apelo desta área como um novo Centro de comércio e serviços [...]”. Esta passaria a interligar a cidade de Vitória a Vila Velha em um eixo viário de fluxo intenso na atualidade, mas que também molda, sobremaneira, a paisagem da região (figura 59).
de praia e avenida próximas ao litoral para uso coletivo (Plano Diretor Urbano de Vitória. Documento de trabalho nº1 Uso no Aterro da Enseada do Suá, 197838).
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39 Disponível em: https://www.morrodomoreno.com.br/materias/terceira ponte.html. Acesso em 02 setembro 2021.
Figura 59 Construção da Ponte Deputado Darcy Castello de Mendonça interligando a ilha de Vitória (parte inferior) a cidade de Vila Velha (trecho superior), 1985.

38 Disponível em: http://www.ijsn.es.gov.br/ConteudoDigital/20120801_ij00166_n1_pdu_vitoria_aterroenseadadosua.pdf. Acesso em 14 agosto 2021.
Fonte: Autor Desconhecido, junho/198539
A presença da ponte e seu funcionamento impulsionaram a ocupação da região ao interligar a cidade de Vila Velha com o novo bairro da cidade de Vitória. O mercado
40 Disponível em: https://www.morrodomoreno.com.br/materias/terceira ponte.html. Acesso em 02 setembro 2021.
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Figura 60 Construção da Terceira ponte juntamente com as primeiras ocupações no entorno imediato em 1987.

“A ocupação da Enseada do Suá e adjacências marca a constituição dessa região como nova centralidade. Como resultado desse adensamento, a mobilidade urbana passa a ter papel preponderante nas decisões de planejamento: novos acessos, sentidos de tráfego e ampliação de vias são necessários, como, por exemplo, o eixo Fernando Ferrari nova Ponte da Passagem.” (Prefeitura de Vitória, 2016)
O bairro planejado permitiu que áreas fossem criadas visando usos diversificados, fortalecendo a estratégia de utilizar do entorno como partido de projeto. Através de leis urbanísticas e de zonas criadas, a preservação das visuais é adquirida com limite
Fonte: Morro do Moreno, julho/198740
mobiliário em ascensão e a valorização da terra alteraram a morfologia da região, somando isto as novas construções residenciais próximas ao trecho da ponte (figura 60). Este fator se deve a migração de moradores do Centro de Vitória para os lotes da Enseada do Suá, que vislumbraram na nova terra a possibilidade de saírem de apartamentosno centro da cidade para novasoportunidadesde moradia em uma casa própria, em um bairro em crescimento (OLIVEIRA, 2007).
Fonte: Adaptação do documento Plano Diretor Urbano de Vitória. Documento de trabalho nº1 Uso no Aterro da Enseada do Suá, 1978. Produção Autoral, 2021.

Figura 61 A esquerda, estudo proposto pela COMDUSA para zoneamento do Aterro do Suá, em 1972. A direita, estudo feito pelo Instituto Jones dos Santos Neves, em 1978 para zoneamento.
de gabaritos, lotes são construídos tendo como base normas que visavam a salubridade perdida antes da proposta do Novo Arrabalde. Apesar de a área total final disponível no aterro ser inferior do que a prevista durante o projeto da COMDUSA em 1972 é possível comparar o projeto com a análise feita pelo IJSN em 1978, considerando a presença da Ponte Darcy Castelo de Mendonça, popularmente conhecida como Terceira Ponte (figura 61 e tabela 2).
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IJSN (1978)
1 R1 0,6 1,2 2 PAV.
2 R1 0,6 1,2 2 PAV.
O zoneamento proposto em ambos os estudos sem assemelham, entretanto, alguns tópicos os diferenciam, como a definição mais concreta dos gabaritos nos usos residenciais multifamiliares e de comércio e serviço, o aumento do coeficiente de aproveitamento e a realocação de algumas das zonas. As áreas verdes e de uso coletivo na proposta da COMDUSA encontravam se na quadra 3, junto a ilha do Boi, englobando a atividade de centro cultural esportivo. Já a análise proposta pelo IJSN, as áreas destinadas a atividades de uso coletivo compunham trechos das zonas R1, R2 e CS/R2 no estudo do IJSN, “[...] escolas, creches, igrejas, clubes vicinais, 41 Abreviações acima são referentes: R1, área Residencial Unifamiliar / R2, Residencial Multifamiliar / R2/CS, área residencial multifamiliar com comércio e serviço / CS/R2, área de comércio e serviço com área residencial multifamiliar / AC, área para centro cultural esportivo e/ou hotel
3
Quadras Usos T.O. Coeficiente Aproveitamentode Gabarito (1972)COMDUSA
5 ResidênciaColetiva 0,15 1,8 5 20 PAV.
5 R2 0,15 2 13 PAV.
0,15 1,8 5 20 PAV.
3 AC 0,6 1,2 2 PAV
4 R2 /CS 0,15 2 13 PAV.
ResidencialUnifamiliar 0,6 1,2 2 PAV.
6 CS /R2 0,2 2 10 PAV.
2
4
1 0,6 1,2 2 PAV.
7 Comércio e Serviço 0,3 1,8 5 – 20 PAV.
Tabela 2 Comparativo de Zonas e Índices Urbanísticos nos anos de 1972 e 1979. referenteDocumento
7 CS /R2 0,2 2 10 PAV.
6 ResidênciaColetiva 0,15 1,8 5 20 PAV.
Fonte: Adaptação do documento Plano Diretor Urbano de Vitória. Documento de trabalho nº1 Uso no Aterro da Enseada do Suá, 1978. Produção Autoral, 202141 .
ComércioResidênciaColetiva/eserviço
0 0,3
99
ResidencialUnifamiliar 0,6 1,2 2 PAV.
Figura 62: Capitania dos Portos do Espírito Santo. Ao fundo marco do Convento da Penha.
A paisagem é o conjunto das coisas que se dão diretamente aos nossos sentidos; a configuração territorial é o conjunto total, integral de todas as coisas que formam natureza em seu aspecto superficial e visível; e o espaço é resultado de um matrimônio ou um encontro, sagrado enquanto dura, entre a configuração territorial, a paisagem e a sociedade. O espaço é a totalidade verdadeira, porque dinâmica, resultado da geografização da sociedade sobre a configuração territorial” (SANTOS, 1988, p.77 apud OLIVEIRA)
Fonte: Google Maps, 2019.
Dentre as soluções urbanísticas, o novo bairro contava com a implantação de um eixo viário principal, a Avenida Nossa Senhora dos Navegantes, permitindo que o fluxo de veículos provenientes do centro da cidade pudesse percorrer a região tendo como vista a Baía de Vitória e os elementos paisagísticos marcantes da cidade de Vila Velha, estes preservados pelo gabarito proposto para as quadras no decorrer do trecho
100 equipamentos comunitários e outros” (IJSN, 1978, p.39), totalizando 49.700m², e 20.000m² para parques e praças no trecho entre as quadras 6 e 7 e quadras 2 e 3.
A conformação urbana da Enseada do Suá mostra se como um resultado de processos ocorridos antes mesmo do surgimento do bairro. A ocupação nele realizada marca o novo mercado em vigor, a conexão entre municípios auxilia no movimento pendular e tem como consequência direta o mercado ali situado: Palácio do Café, Capitania dos Portos do Espírito Santo (figura 62), Hortomercado Municipal (figura 63) dentre outros passam a compor a localidade.

Figura 63: Hortomercado localizado nas proximidades da Avenida Nossa Senhora dos Navegantes.


A Enseada do Suá foi e continua sendo um bairro planejado, de caráter misto. Apesar das propostas iniciais, os usos previstos para cada zona alteraram-se de acordo com a demanda após a construção da Terceira Ponte (IJSN, 1978). Entretanto, o centro comercial comunica-se com as residências e demais usos que moldam as extremidades do aterro; espaços de lazer compõe a região trazendo vitalidade urbana e atendendo ao público não só do entorno imediato, mas de demais localidades como um atrativo, tais como: Espaço Baleia Jubarte, Fundação Projeto Tamar (figura 64) e Praça do Papa, demonstrando assim o caráter diversificado do bairro.
Figura 64: Projeto Fundação Tamar, localizado no bairro Enseada do Suá.
Fonte: Google Earth, 2021.
Fonte: Fotógrafo João Alexandre Peschanski, 2019. Wikipédia.42
42 Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Projeto_TAMAR. Acesso em 4 setembro 2021.
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4.1.3
Fonte: Cortesia METRO, Archdaily s/d.43
Inicialmente, as obras possuíam como prazo de entrega um período de 18 meses, logo, a conclusão estava prevista para meados de 2011. Entretanto, o marco do
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O empreendimento “Cais das Artes” tem como arquiteto responsável Paulo Mendes da Rocha, vencedor do o Prêmio Pritzker em 2006, e seu desenvolvimento executivo pelo escritório Metro Arquitetos Associados. Elaborado no ano de 2011, de caráter cultural, o conjunto possui espaço para um Museu e Teatro, bem como um bloco específico para a Administração; além de apresentar a proposta de receber eventos de grande porte em sua praça central (figura 65).
A construção está localizada no bairro na Enseada do Suá, anteriormente abordado, o terreno é fruto do aterro realizado na década de 1970, logo, considera se pelas premissas e estudos realizados durante o projeto de aterro que a região apresentava o trecho reservado para o espaço de cunho cultural e lazer.
O primeiro anúncio do empreendimento ocorreu no ano de 2007, durante o governo de Paulo Hartung. A proposta surgiu como um marco no desenvolvimento não apenas do município de Vitória, mas em todo o estado do Espírito Santo ao ser considerado o maior complexo cultural do Estado. Como anunciado no jornal local A Gazeta em 2010, “Idealizado como o primeiro grande espaço público voltado para a cultura no Espírito Santo, o Cais das Artes vem suprir uma carência técnica do Estado, que não tem, por exemplo, um teatro para grandes espetáculos.” (A Gazeta, 2010, p.3)
O Edifício Cais das Artes
Figura 65: Vista do Cais das Artes desde a Praça de sua implantação/ Paulo Mendes da Rocha + METRO
Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01 16341/cais das artes paulo mendes da rocha mais metro. Acesso em 21 agosto 2021.
43

Em 2013 as obras foram retomadas com previsão de conclusão para o ano de 2014, mas foram paradas. Sem estar finalizada, em 2015, um novo prazo foi ditado para o ano de 2018 e, em poucos meses, alterou-se novamente para o de 2019 (A Gazeta, Dentre2017).

promessas e previsões vazias, o espaço encontra se abandonado e a população indignada. Apesar de todas as qualidades que o entorno possui, a potencialidade como espaço cultural em nível nacional permanece sendo negligenciada. Até a data da produção desta monografia (2021), a obra encontra se parada por impedimento judicial (figura 66).
desenvolvimento econômico e cultural da cidade possou por repetitivas alterações de prazos ao enfrentar, inicialmente, a desistência da empresa responsável pela construção, reduções no setor de cultura do Estado, mudança no valor a ser investido dentre outras barreiras em seu processo construtivo (A Gazeta, 2012, p.4).
Figura 66: Obra parada do Cais das Artes na Enseada do Suá, Vitória.
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Fonte: Acervo Pessoal, 2021.
44 Disponível em: https://www.agazeta.com.br/entretenimento/cultura/estacionamento do cais das artes vai virar praca com quiosque e cinema 0521. Acesso em: 08 setembro 2021.
Contudo, o espaço anteriormente delimitado para abrigar o estacionamento do empreendimento recebeu uma nova proposta de uso contando com área de praça, quiosques, espaços de contemplação e permanência, área esportiva dentre outros (figura 67).
Figura 67: Proposta de parque a ser implantado na área anteriormente reservada para estacionamento do empreendimento Cais das Artes.

Fonte: Projeto elaborado pela empresa Nós. A Gazeta, 2021 44 Apesar das constantes tentativas de retomada de obra e soluções estudadas, o futuro do Cais das Artes juntamente com a proposta de praça é imprevisível. Fatores envolvendo o setor jurídico, financeiro e projetual atuam no processo de construção da região que, atualmente, apresenta o potencial de área mista e diversificada, abrigando atividades para além dos moradores do bairro em questão, mas o marco cultural permanece encontrando barreiras.
4.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DOS ELEMENTOS DA ÁREA: DE CIDADE AO LOTE
104
Os tópicos anteriormente trabalhados auxiliaram no entendimento do espaço de intervenção como um todo, ao realizar um apanhado histórico é possível associar os atuais usos e demandas que a região possui, assim como suas limitações. Desta
Para fechar o tópico, realiza-se uma conclusão sobre o bairro Enseada do Suá, a situação a qual encontra se a região enquanto espaço propício ao lazer e a apresentação de com programa a ser seguido considerando os estudos sobre lazer, cultura e percepção ao retomar os exemplos anteriormente exemplificados.
forma, a seguir, iniciam-se as seções de diagnósticos e caracterizações, desdobrando em “4.2.1 Bairro Enseada do Suá: caracterização e análise morfológica”, com o objetivo de aprofundar se na temática do bairro Enseada do Suá para compreensão de suas características morfológicas, utilizando destas para análises que levarão a uma percepção adequada sobre o entorno, assim auxiliando no início das tomadas de decisão para projeto do Centro Cultural; adiante, a seção “4.2.2 Cais das Artes: Estudo diagramático e contrastes” apresenta se a área de estudo com o terreno da intervenção, analisa se a obra de Paulo Mendes da Rocha através das técnicas propostas no checklist e metodologias apresentadas anteriormente; as características da edificação e decisões formais nela utilizada. Por fim, uma análise realizada em visita técnica no local do terreno no dia 11 de setembro de 2021 (sábado), no período das 15h às 16:30h elaborada pela autora.
“I Induzir, sob a coordenação do Poder Público, os processos de transformações urbanas;
4.2.1 Bairro Enseada do Suá: caracterização e análise morfológica Como abordado anteriormente, o bairro Enseada do Suá desenvolveu se por meio de aterros na cidade de Vitória, Espírito Santo. Considerada uma área urbana consolidada, está incluída na região administrativa 5 Praia do Canto, englobando também os bairros de Praia do Suá, Santa Helena, Santa Lúcia, Santa Luiza, Barro Vermelho, Praia do Canto, Ilha do Frade e Ilha do Boi. A região engloba diferentes zonas, entretanto, a área de intervenção encontra se na ZOP 1 Zona de Ocupação Preferencial (figura 68), tendo como objetivos contidos no Plano Diretor Urbano (2018) de Vitória:
II Preservar visuais de marcos significativos da paisagem urbana III estimular o uso múltiplo, com interação de usos residenciais e usos residenciais.não ”
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Figura 68: Índices Urbanísticos previstos em Vitória, Espírito Santo, até a atual data.

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Fonte: Recorte de Plano Diretor Urbano de Vitória, 2018. Como averiguado previamente, a Enseada do Suá é um bairro planejado. Os estudos realizados no decorrer dos anos por órgãos como o Instituto Jones dos Santos Neves, a própria COMDUSA, responsávelpelo processo de aterro, permitiram que estratégias urbanísticas fossem implantadas e, com elas, uma linguagem de ocupação fosse seguida, respeitando os enquadramentos visuais, afastamentos e uso do solo por meio de um zoneamento, o qual alterou se no decorrer dos anos adaptando se às novas necessidades.
Desta forma, assim como o uso e ocupação do solo foram planejados, as estratégias pensadas também foram aplicadas em relação a malha urbana da região. Contando com um eixo estruturante na Avenida Nossa Senhora dos Navegantes, juntamente com a Avenida Américo Buaiz, o bairro se desenvolve em um traçado ortogonal com a presença de grandes quadras, dentre elas as de maior dimensão que abrigam o empreendimento do Shopping Vitória e a Praça do Papa (figura 69).
Figura 69: Área de Estudo Análise Morfológica (figura x fundo) Bairro Enseada do Suá, Vitória/ES.

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Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
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O eixo definido pela Avenida Nossa Senhora dos Navegantes mostra-se como um divisor do espaço. Sendo responsável por comportar o grande fluxo de veículos vindos do centro da cidade essa via auxilia diretamente na configuração da área: ao norte da avenida as quadras apresentam maior dimensão e fogem do traçado ortogonal ao se adaptarem ao trecho condizente com o aterro ali realizado, enquanto ao sul as quadras são de menor dimensão, seguindo o contorno da ilha e sendo delimitado por duas vias principais: Rua Eng. Guilherme José Monjardim Varejão e Rua Judite Maria Tovar Varejão. Estas quadras, de menor dimensão, mostram se planejadas ao seguir o modelo de malha ortogonal.
Os terrenos de maior dimensão, ao lado sul da avenida, concentram atividades de lazer, sendo à esquerda a Praça do Papa e, ao nordeste do mapa, o shopping Vitória. Nota se a semelhança da proposta ao estudo realizado pela COMDUSA e pelo IJSN em meados da década de 1970. Ambos os lotes possuíam como destino atividades voltadas ao coletivo (figura ...). A preocupação em permanecer com áreas livres e com a presença de vegetação seguiu se no entorno da avenida, assim como diretrizes de ocupação. Nota-se que as edificações possuem afastamento tanto lateral quando frontal e de fundos, seguindo assim a regularidade entre elas, sendo as edificações ao lado norte da Avenida Nossa Senhora dosNavegantesas construções que ocupam maior área do lote.
Assim como a Avenida auxilia na definição das quadras em sua forma e dimensão o gabarito segue um princípio similar (figura 70).
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021
figura 70: Área de Estudo Análise de Gabarito e Hierarquia viária do bairro Enseada do Suá.
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Ao Norte ocorre a maior concentração de edifícios altos, estes podendo chegar a até 35 pavimentos demonstrando o processo de verticalização, enquanto ao sul os pavimentos limitam se a 5 pavimentos, com exceção ao Shopping Vitória, o qual se enquadra na delimitação de 6 a 10 pavimentos, além da presença de lotes vazio/sem uso. Através da imagem percebe se que a leitura do espaço está associada também à hierarquia viária, na qual os edifícios de menor pavimento localizam se próximos a vias caracterizadas como local, enquanto os edifícios mais altos estão nas proximidades de vias coletoras e arteriais.
No que tange ao tópico gabarito, a preocupação relacionada a preservação das visuais, quesitos de ventilação e iluminação natural, estavam presentes desde o início do projeto de aterro proposto pela COMDUSA (figura 71).
Figura 71: Gabaritos e Cones Visuais propostos pela COMDUSA, 1978.
Fonte: Recorte de Plano Diretor Urbano de Vitória, Documento de Trabalho Nº1 - Uso no Aterro da Enseada do Suá, 1978 Instituto Jones dos Santos Neves. Realizando ainda um comparativo com os estudos sintetizados em tabela (tabela ...) pela COMDUSA e pelo IJSN, a quadra caracterizada como “6” apresentava como limite de gabarito a 13 pavimentos (IJSN) e 20 pavimentos (COMDUSA). Este estudo

Em todo o território da área de estudo é notável a variação no gabarito, ocorrendo não apenas pelas diretrizes urbanísticas planejadas desde sua concepção, mas também pela diversidade de usos e atividades que o bairro possui (figura 73).

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Fonte: Acervo pessoal, 2021.
assemelha-se a atual situação, pois nesta localiza-se os edifícios de maior gabarito, variando de 6 a 35 pavimentos (figura 72).
Figura 72: Prédios comerciais e de uso misto com gabaritos elevados marcam a paisagem ao norte da Avenida Nossa Senhora dos Navegantes.
112
figura 73: Área de Estudo Análise de uso do solo e mobilidade urbana no bairro Enseada do Suá, Vitória/ES.
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.

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Abrigando usos que variam desde residencial a comércio e serviço, a região segue com um dos objetivos gerais presente na proposta inicial da COMDUSA: “[...] Criação de atividades comerciais e de prestação de serviço na região, deslocando as do confuso e congestionado centro de Vitória. (IJSN, 1978, p.3).
Figura 74: Edifício Palácio do Café, localizado na Av. Nossa Senhora dos Navegantes.
O movimento na região é proporcionado principalmente pela presença dos edifícios comerciais e administrativos, impulsionado pela via arterial da avenida Nossa Senhora Dos Navegantes ligando ao centro da cidade e a entrada da Terceira Ponte, sendo rota do movimento pendular. O fluxo durante a semana concentra-se nestas atividades ligadas ao setor de economia, entretanto, este ocorre de maneira mais evidente na parte norte da Avenida. Ao Sul, atividades voltadas para serviços de
Disponível em: https://bebetovivacqua.wordpress.com/2014/11/20/projeto palacio do cafe/. Acesso em: 02 setembro 2021.
Fonte: Bebetovivacqua, s/d45
Dentre os edifícios comerciais, alguns mostram-se emblemáticos na história da cidade, como o Palácio do Café, construído em 1987, um marco da arquitetura moderna na cidade, representa o avanço no setor econômico e o desenvolvimento do Estado (figura 74).
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clínicas e instituições proporcionam a circulação de pessoas em horário comercial. Porém, o trecho de estudo mostra se pouco movimentado fora dos horários comerciais e finais de semana, quando a concentração de pessoas está nas áreas verdes e não em vias secundárias caracterizadas como locais.
Dentre os usos, é necessário reforçar a presença do verde no bairro: praças, atividades voltadas a natureza, praias e marcos visuais atraem pessoas de diferentes idades e regiões da Grande Vitória e compõem os atrativos do bairro (figura 75)
Figura 75: Área de Estudo Análise de áreas verdes e atrativos no bairro Enseada do Suá, Vitória/ES.

Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
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Esta constatação foi reforçada ao percorrer a área de estudo. Adentrando a região mais próxima a baía de Vitória, a qual apresenta uma forte presença de edificações de serviço e residenciais, as ruassão pouco movimentadas por pessoas e apresentam em ambos os lados das vias áreas de estacionamento (figura 77).

Fonte: Google Maps, 2012.
Contanto com a presença de arborização em diversos trechos e áreas verdes de grande importância para o entorno, a região apresenta fácil acesso de uso e circulação ao contar com pontos de ônibus em espaços estratégicos, além de áreas de estacionamento nas proximidades (figura 76).
Figura 77: Ruas vazias com estacionamento regular nos dois lados da via.
Figura 76: Área de estacionamento nas proximidades da Praça do Papa. Ao fundo, Convento da Penha, restaurante local e a Instituição Projeto Tamar.
116
Fonte: Acervo pessoal, 2021.
Entretanto, apesar da área de estudo possuir uma ciclovia na via principal, esta sendo a Av. Nossa Senhora dos Navegantes, quanto nas proximidades da ponte (trecho

Ao realizar a visita à área de estudo, referente a data de 11 de setembro de 2021, das 15h às 16:30h, foi possível compreender a dinâmica referente a mobilidade, os atrativos e o uso do espaço (figura 79).
Fonte: Acervo pessoal, 2021.
117
Figura 78: Ciclistas percorrem a região apesar da ausência de ciclovia no entorno da praça do Papa até a Praça do Canal Vix.
referente a orla), não há conexão entre os percursos apesar de ser um dos elementos fortemente presentes na área (figura 78).

Figura 79: Área Projeto Análise do entorno imediato do terreno do empreendimento Cais das Artes com análises realizadas pela autora.
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
118

119
O público que frequenta o local mostrou se diferenciado, abrangendo diferentes idades e gênero o espaço referente a Praça do Papa possuía familiares reunidos em caminhadas, piqueniques e banhos de praia (figura 80); o público jovem realizava atividades de capoeira e andavam de skate; outros, juntamente com pessoas de idade mais avançada, realizavam a pescaria nas áreas de deck presentes na baía (figura 81).

Figura 80: Público diversificado utiliza do espaço para atividades ao ar livre na Enseada do Suá.
A visita estendeu se para além da área de recorte, onde foi possível visualizar a influência que alguns dos atratores exerce sobre o empreendimento do Cais das Artes, atualmente fechado.
Fonte: Acervo pessoal, 2021.
Como citado anteriormente, as ciclovias na área não estão conectadas entre si, porém é notável a forte presença de ciclistas que percorrem o trecho acima referido para ter acesso a praça assim como a praia, além da utilização de carros para a chegada ao local, os quais são deixados em áreas de estacionamento, com destaque para o da figura 76
Para além das atividades de banho, apesar das condições impróprias para balneabilidade que hoje se encontram, as praias que compõe a baia abrigam as visuais que são pontos turísticos na cidade de Vitória (figura 82).


Figura 81: Píer usado para pesca e permanência na baía da Enseada do Suá.
Fonte: Acervo pessoal, 2021
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
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Compreende-se assim o Bairro da Enseada do Suá, enquanto suas características morfológicas e ambientais é sendo possível produzir uma tabela síntese que nos leva a identificar suas potencialidades e vulnerabilidades.
Figura 82: Panorama contendo: 1 Morro do Moreno, 2 Terceira Ponte, 3 38º Batalhão de Infantaria, 4 Convento da Penha, 5 Prainha de Vila Velha.
Pontos positivos Pontos negativos
Caminhabilidade Área arborizada facilita o percurso sobre sol pleno; calçadas existentes em toda a região.
Tabela 3: Tabela síntese Pontos Positivos e Negativos sobre a área de estudo localizada no bairro da Enseada do Suá, Vitória/ES.
UrbanísticasDiretrizes
Bairro planejado; edificações existentes utilizam dos afastamentos previstos em legislação; gabarito segue uma linguagem permitindo identificar a área e preservar enquadramentos visuais; zoneamento proporcionou diferentes usos ao espaço.
Terrenos inutilizados com alto potencial para ocupação.
avaliadosAspectos
Trechos sem acessibilidade: ausência de sinalização de piso podotátil em trechos analisados, piso irregular ou quebrado por raízes de árvores, presença de ervas daninha.
4.2.1.1 Conclusões
Atrativos Atividades de cunho natural: praças e áreas verdes, projetos como Baleia Jubarte e Tamar, prática da pesca; área recebe eventos de médio porte; proximidade com o Shopping Vitória; edifícios históricos; visuais.
A tabela a seguir (tabela 3) apresenta um compilado das informações trazidas em texto sobre a região de estudo, mostrando seus pontos positivos e negativos. Desta forma é justificável a escolha do terreno para intervenção.
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Análises
Infraestrutura insuficiente: baixa quantidade de mobiliário urbano para permanência; setor voltado para culinária insuficiente; praias impróprias para banho.
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Mobilidade Via arterial apresenta comunicação direta através de via local ao trecho de estudo, facilitando o acesso ao terreno; Pontos de ônibus próximos a área analisada; vias locais sinalizadas com áreas para estacionamento de carros; presença de faixa de pedestres em grande parte do trecho.
Avenida Nossa Senhora da Penha recebe alto fluxo de veículos, ocasionando em congestionamentos no início e fim do horário comercial; não há conexão entre as ciclovias da Avenida Nossa Senhora dos Navegantes ao trecho próximo ao Shopping Vitória; não há ciclovia nas proximidades do terreno de intervenção e Praça do Papa, assim como na proximidade da baía; veículos passam em alta velocidade na Rua Judite Maria Tovar Varejão (em frente ao lote onde localiza se o Cais das Artes).
Horários iniciais da manhã e fim de tarde movimentam a região com trabalhadores; forte presença de pessoas em áreas verdes e de praça durante finais de semana auxilia na sensação de segurança ao exercer do artifício "Olhos nas ruas";
Segurança
Fora de horários comerciais a área fica vazia; ruas secundárias não apresentam permeabilidade visual para as calçadas; quantidade de atividades noturnas insuficientes para atrair pessoas a utilizar da região.
123
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021. Nota se desta forma que a região apresenta um forte potencial de receber um empreendimento de caráter cultural, uma vez que o bairro sofre com esta ausência, resultando em áreas de vazio, comércio não voltado ao público e atividades de lazer específicas. Conta se ainda com o fator natural de áreas verdes propícias à fruição, somando as aos enquadramentos visuais que demarcam todo o trecho de intervenção. Segue-se ainda uma linguagem arquitetônica por meio das edificações existentes, com o uso diversificado e normas urbanísticas que orientam a forma de ocupação.
Atividades de comércio e serviço movimentam a cidade em dias/horário comercial, demais dias e horários a área encontra se erma; poucas atividades de comércio a nível local; quantidade significativa de lotes vazios; pouca permeabilidade visual relacionada as residências (muros em diversos trechos);
Visuais Terreno possui vista privilegiada para a baía de Vila Velha, contemplando marcos turísticos como Convento da Penha, Morro do Moreno, Terceira Ponte, 38º Batalhão de Infantaria, Escola de Aprendizes-Marinheiros do Espírito Santo.
Uso do Solo Variedade nas atividades permitem que o público a frequentar o local seja variado; presença de comércio e serviço mesclam com lotes de uso residencial trazendo dinamismo ao espaço.
Fonte: Cortesia METRO. Archdaily, s/d. Adaptado pela Autora, 2021.

124
4.3 CAIS DAS ARTES: ESTUDO DIAGRAMÁTICO E CONTRASTES
Após a caracterização e diagnóstico efetuado acima, têm-se as justificativas necessárias para a escolha da região como objeto de intervenção. Direcionou se os dados coletados para a definição da área a ser trabalhada, sendo este o terreno no qual localiza se o Cais das Artes. Como abordado no tópico “... O Edifício Cais das Artes”, a obra de Paulo Mendes da Rocha juntamente com o escritório Metro Arquitetos Associados é um marco não apenas na região, mas em nível nacional ao buscar pela inclusão da cidade de Vitória na rota das grandes atividades culturais.
A construção localiza se, assim, no bairro na Enseada do Suá, anteriormente abordado (figura 83). Implantado em uma área considerada privilegiada, a obra está inserida em um lote de área aproximada de 21 000m² (figura 84).
Figura 83: Localização do empreendimento Cais das Artes no bairro Enseada do Suá, Vitória/ES.
Fonte: Cortesia METRO. Archdaily, s/d. Adaptado pela Autora, 2021. Paulo Mendes apresenta como partido o confronto existente entre os aspectos naturais da ilha e a movimentada cidade com suas construções e atividades cotidianas. Por meio de um volume elevado do solo a paisagem para a baía de Vitória, juntamente com a visual dominante para o conjunto do Convento da Penha e Morro do Moreno, na cidade de Vila Velha é preservada, permitindo que estes sejam contemplados de diferentes ângulos a partir da Praça, através da edificação (figura 85).
Figura 84: Implantação do empreendimento Cais das Artes no bairro Enseada do Suá, Vitória/ES.
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Disponível em: https://metroarquitetos.com.br/projeto/cais das artes metro arquitetos paulo mendes da rocha/ Acesso em 21 agosto 2021.
Figura 85: Croqui elaborado por Paulo Mendes da Rocha para definição de decisões acerca do projeto do Cais das Artes.

Fonte: Paulo Mendes da Rocha, METRO Associados, s/d.46
Através da concepção do partido, a obra surge em uma estrutura de concreto maciça. Imponente, no bloco principal, sua extensão chega a quase 150 metros de comprimento com largura de aproximadamente 20 metros, enquanto os edifícios anexos variam em suas dimensões (figura 86).
126
46
Fonte: Cortesia METRO. Archdaily, s/d. Produção Autoral, 2021.
47 Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01 16341/cais das artes paulo mendes da rocha mais metro. Acesso em 21 agosto 2021.


Figura 87: Análise volumétrica no edifício Cais das Artes, Vitória/ES.
Figura 86: Perspectiva do Cais das Artes através da baía de Vitória/ Paulo Mendes da Rocha + METRO.
127
Em uma noção de conjunto, o empreendimento está formado por três volumes concretos, a obra mostra-se como um elemento bruto em sua totalidade não apenas pela materialidade, mas também por sua volumetria pura de traços retos e precisos (figura 87)
Fonte: Cortesia METRO, Archdaily s/d.47
A proposta de poucas aberturas justifica se pela necessidade de preservação do acervo artístico a ser exposto no Museu, bem como necessidades de isolamento acústico necessário ao Teatro. Contudo, duas destas volumetrias utilizam da subtração para permitir a permeabilidade visual, enquanto o outro é um volume o qual apresenta se por inteiro, tendo subtrações apenas em suas fenestrações que também
Figura 88: Análise de adição e subtração no conjunto Cais das Artes, Vitória/ES. Da esquerda para a direita, bloco administrativo, museu e teatro.
A conexão entre os blocos da Administração ao conjunto principal do Museu ocorre através de pequenas passarelas, enquanto no interior dos edifícios a circulação vertical acontece a partir de elevadores e rampas que permitem a visualização do entorno (figura 90).
Fonte: Acervo Pessoal, 2021.
Figura 89: Vista da Praça para abertura dos salões de exposição do Museu.


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obedecem a um esquema de cheios e vazios diferenciado dos outros dois blocos (figura 88).
Ainda assim, o bloco referente ao museu apresenta uma abertura entre os salões de exposição que permite que a luz indireta seja refletida no solo, porém sem interferir no desempenho interno da edificação, além de permitir que a praça seja visualizada dessas áreas (figura 89).
Fonte: Produção Autoral, 2021.
Figura 90: A esquerda, circulação vertical realizada através de rampas que permitem a visualização de todo o conjunto da baía. A direita, conexão entre os blocos através de pontes.
Fonte: Acervo Pessoal, 2021.
129
Em seu interior, o fluxo ocorre de maneira contínua, uma vez que os pilares não interferem na circulação, sendo presentes apenas na extremidade do conjunto com o objetivo de sustentá lo, além de contar com uma estrutura de vigas em concreto armado protendido, paredes estruturais que chegam a um metro de espessura e lajes que utilizam do sistema steel deck. Desta forma, as barreiras encontradas ocorrem apenas pela presença das próprias paredes internas que dividem os espaços de acordo com os usos propostos (figura 91 e 92).

Fonte: Cortesia METRO. Archdaily, s/d. Produção Autoral, 2021.
Figura 92: Análise de fluxos o segundo pavimento da edificação Cais das Artes, Vitória/ES.

130
Ao realizar o estudo sobre o edifício, assim como a visita técnica a edificação na data de 22 (vinte e dois) de outubro de 2021, foi possível compreender as escolhas dos fluxos delimitados. Em todos os blocos (administrativo, museu e do teatro) a definição da circulação vertical levou em conta a distância máxima a ser percorrida, além dos usos que cada setor possui, como a proximidade das áreas de serviço, acesso ao público e área de acesso restrito (figura 93).
Figura 91: Análise de fluxos a nível térreo na edificação Cais das Artes, Vitória/ES.
Fonte: Cortesia METRO. Archdaily, s/d. Produção Autoral, 2021.

Fonte: Acervo Pessoal, 2021.
131
Fonte: Cortesia METRO. Archdaily, s/d. Produção Autoral, 2021.
Figura 93: Demarcação dos elementos de circulação vertical. Posicionamento estratégico nos blocos
Em análise é preciso compreender cada edificação com unidade, mesmo sendo nítida a comunicação enquanto conjunto entres elas. No teatro a circulação ocorre próxima a suas extremidades, sendo a de acesso ao público voltada para a baía de Vitória, permitindo que ao chegar no local os frequentadores possam visualizar a paisagem (figura 94), enquanto ao fundo localizam se as circulações restritas, envolvendo transporte de equipamentos, circulação de funcionários e de artistas.
Figura 94: Vista para Baía de Vila Velha através das aberturas no foyer do teatro.

Nesta configuração o palco está localizado na fachada norte do edifício, o acesso ao público na fachada sul, com possibilidade de visuais, e a fachada oeste, a qual

Assim, o museu surge elevado do solo. Contando com cerca de 3000m² de área de exposição, abriga também um auditório e biblioteca, e conecta se diretamente ao bloco administrativo, onde os sanitários estão localizados. Considerando as necessidades de isolar o recinto para que não haja entrada de luz direta, o edifício


Fonte: Acervo Pessoal, 2021.
Fonte: Acervo Pessoal, 2021.
Figura 96: Vista da praça para o edifício do Museu. A esquerda, rampa de acesso, a direita conjunto escada e elevador. Ao fundo nota se a baía de Vila Velha.
O acesso ao edifício do Museu ocorre através de dois conjuntos de elevador e escada juntamente com a rampa que molda a paisagem, permitindo a visualização para a baía assim como a conexão direta à praça (figura 96).
apresenta maior incidência solar, mostra-se como fachada cega, assim como a fachada leste, abrigando os sanitários e camarins (figura 95).
132
Figura 95: Vista do palco do teatro para área de plateia. Circulações concentram se nas laterais do prédio.
Fonte: LOPES, Bianca. 2021.
tem enquanto forma o aspecto longitudinal, com três pilares de grandes dimensões em cada lado e salões que vencem a largura de 20 metros cada através do sistema de vigas em concreto armado protendido (figura 97).
O museu trabalha com diferentes alturas de pé direito, permitindo que mezaninos sejam criados, estes facilitam o manuseio e posicionamento de obras de artes através de ponte rolante instalada na estrutura do teto, além das salas de controle e salas técnicas referentes ao auditório. Notou se também que mais uma vez a circulação do público ocorre principalmente nas extremidades da edificação, isto facilita o acesso aos sanitários localizados no setor administrativo, como citado anteriormente, além de acesso a rampa externa que se sobressai ao conjunto e possui em sua extensão trechos de visualização da baía, mas sem o intuito de ser um espaço de permanência (figura 98 e 99).

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Figura 97: Circulação interna do Museu. Vãos vencem 20 metros de largura com sistema de vigas em concreto armado protendido.
Figura 99: Visualização da rampa lateral ao edifício do museu ainda sem os fechamentos.
Fonte: Acervo Pessoal, 2021.
134
Por fim, a edificação que abriga o setor administrativo se forma com dimensões de 22x22m, dividida em cinco pavimentos, sendo o primeiro andar para receber obras para o museu e área para os funcionários; segundo e terceiro pavimentos abrigando as atividades administrativas que se formam em uma planta livre com aberturas quadradas em todas as fachadas (figura 100). Os demais pavimentos dividem se em área para reserva técnica e de restauro do museu e área técnica da edificação.

Figura 98: Avanço referente a rampa de acesso a demais pavimentos do edifício do Museu, no Cais das Artes.
Fonte: Cortesia METRO. Archdaily, s/d. Produção Autoral, 2021.

Figura 100: Setor administrativo utiliza de planta livre para abrigar as atividades do setor, assim como o uso de aberturas retangulares em todo o trecho seguindo um ritmo.

135
Fonte: Acervo Pessoal, 2021.
Compreende se a setorização realizada no conjunto ao considerar os fatores ambientais da região: Vitória apresenta o clima tropical, tendo na maior parte do ano o sol pleno em sua região. Dado esta característica, a busca por um conjunto contínuo e com poucas aberturas surge para preservar as obras a serem expostas, assim como o bloco que abriga o teatro mostra se elevado e fechado para que ocorra a Aclimatização.análiseaqui realizada apresenta alguns dosmuitos elementos considerados durante o desenvolvimento do projeto, auxiliando na compreensão das tomadas de decisão e estratégias utilizadas pelo arquiteto responsável. É notável a preocupação que o arquiteto apresentou ao propor o projeto, desde a sua concepção do conceito e partido até sua elaboração. Entretanto, até a data da produção desta monografia, a obra encontra se incompleta. Apesar de não estar em funcionamento é inegável sua importância enquanto possibilidade de espaço cultural na cidade de Vitória e sua região metropolitana.
5.1 DEFINIÇÃO DO PROGRAMA: COMPARATIVOS E DIMENSIONAMENTOS
Nota se que o programa envolvendo atividade culturais varia de acordo com o foco da edificação, podendo estar voltada ao aprendizado, lazer e espaços culturais dentre outros. A partir da compreensão do contexto sociocultural da região da Enseada do Suá, assim como os bairros que a envolve, chegou se à conclusão de que há a necessidade de um equipamento cultural que, além de ser um núcleo de oferta de atividades, possa se configurar como um espaço formador de plateias e espectadores; preparando a população para as diversidade de ofertas culturais. A Grande Vitória possui poucos espaços de cunho cultural, assim, o programa proposto nesta monografia apresenta como objetivo a criação de um espaço voltado a população
Exposição x x x Livraria x xLudoteca x Museu x x Oficinas x Restaurante x Salas de aula x x Salas de leitura x x Teatro x
Programa
5
Através do capítulo anterior foi possível analisar o contexto urbano no qual o terreno de intervenção se insere, assim como suas potencialidades e vulnerabilidade. A partir deste criou-se uma tabela síntese comparativa de atividades para os edifícios anteriormente analisados com o objetivo de assimilar o programa propostos por eles (tabela 4).
Biblioteca x x Cafeteria x x x Cinema - xConferência x
Midiateca de Sendai Cais das Artes
Auditório x x Bar - - x
Projeto
136
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
ESTUDO PARA PROJETO COM USO DO DIAGRAMA
Tabela 4: Comparativo de atividades proporcionadas em nas obras de cunho cultural sendo estas Centro Cultural Gabriel García Marquez, Midiateca de Sendai e o Cais das Artes.
Centro GabrielCulturalGarcia
Tabela 5: Programa de necessidades e pré dimensionamento de ambientes.

137
buscando crescimento e conhecimento no campo da arte, cultura e atividades de entretenimento com conteúdo (tabela 5).
138

139

Utilizando do Código de Obras da cidade de Vitória, da NBR 9050 e tendo base as informações sobre dimensionamento, atividades a serem desenvolvidas no conjunto e suas demandas retiradas do livro “A Arte de Projetar em Arquitetura” (1975),

140
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
Fonte: Acervo pessoal, 2021.
SÍNTESE
141
elaborado por Ernst Neufert, foi possível chegar às metragens quadradas propostas na 5.2tabela.DIAGRAMA
Diante da pesquisa referente a cidade de Vitória, assim como o Bairro Enseada do Suá, adentrou se na temática cidade, surgindo a pergunta que norteou este projeto, “até que ponto há controle sobre a cidade?”. A cidade, formada por bairros, que originam quadras, que abrigam lotes, que estes recebem a edificação de acordo com normasvigentes em cada região. Apesar desta linearidade de pensamento a realidade se distingue ao permitir que a cidade cresça e se desenvolva de acordo com as necessidades da população num dado momento (figura 101).
Figura 101 Croqui para compreensão do dinamismo da cidade.
Partindo dos ideais referentes a diagrama propostos por Charles Peirce assim como os elementos estudados por Pause e Clark, iniciou se uma série de proposições sobre o terreno, entorno e o processo projetual referente a proposta de Centro Cultural. Neste tópico há a apresentação do desdobrar destes estudos, resultando em uma proposta final como estudo preliminar.

Como apresentado anteriormente, a leitura que marca a cidade de Vitória é a ocupação desenfreada, ocorrendo perante os requisitos de segurança, acesso e produção de bens, mas sempre entorno do mar. Provendo alimento, segurança,
5.2.1 Conceito do Projeto
Figura 102 Contexto da cidade de Vitória e suas características perante o uso e ocupação do solo.
Fonte: Acervo Pessoal, 2021.
Assim como o Centro de Vitória cresceu e passou a abrigar a população, o bairro da Enseada do Suá surgiu com o objetivo de se tornar o novo Centro. Partindo desta premissa, buscou-se realizar uma nova leitura sobre a região, um espaço de atividades diversificadas envolvendo arte, cultura, lazer e natureza, além da sociabilidade, tornando-o não o “novo Centro”, mas uma extensão deste, tudo isso marcado pela presença do céu que molda a cidade (figura 103 e 104).
permitindo que o fluxo de pessoas e mercadorias acontecesse através dele, o mar está presente na história da cidade (figura 102).
Figura 103 - Desdobramento do conceito. Cidade enquanto forma e mar enquanto elemento de composição em união.


142
Fonte: Acervo Pessoal, 2021.
Disponível em: http://lindezacapixaba.blogspot.com/2019/01/o por do sol em vitoria e rosa.html. Acesso em 06 de novembro de 2021.

Tendo como premissa os fatores acima citados iniciou se o estudo para proposta do edifício. Em um primeiro momento há apenas uma forma relacionando conjunto e terreno, ela estaria elevada em relação ao solo para que o nível térreo estivesse livre para percursos, permanência e preservação dos enquadramentos visuais (figura 105).
Considerando que o terreno possui cerca de 284x74m o volume surge em formato retangular para melhor aproveitamento tanto nos quesitos climáticos quanto

Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
Figura 105 Estudo de volume elevado para o conjunto do Centro Cultural considerando as condicionantes de permeabilidade visual, fluxos e forma.
5.2.2 Processo diagramático
48
Fonte: Blog Lindeza Capixaba, s/d.48
Figura 104 Céu colorido marca a cidade de Vitória, Espírito Santo.
143
144
Criando eixos visuais através das ruas existentes foi possível locar cada volume considerando também a paisagem e seus enquadramentos, estes anteriormente abordados: Convento da Penha, Morro do Moreno, Terceira Ponte, dentre outros, e, ao elevar a edificação, a área verde aumenta os espaços livres de permanência e circulação ocorrendo em todo nível térreo (figura 107).
Figura 106 Implantação do volume considerando aspectos bioclimáticos da região.

Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
arquitetônico, assim as fachadas ficam predominantemente voltadas para o norte e sul do lote, sendo esta última, voltada para a baía de Vila Velha. A geometria é subdividida para abrigar as atividades de acordo com sua setorização: administrativo, museu e aprendizado, respectivamente, além de, ao separá-los, há a circulação de ar entre os edifícios, gerando o aproveitamento do vento nordeste, o qual é predominante na região, enquanto estratégia bioclimática (figura 106).
Considerando as atividades apresentadas na tabela do programa, as edificações surgem com pés-direitos variados: o térreo possui a padronização de pé-direito com três metros, os demais pavimentos variam de três metros e meio a cinco metros, sendo o maior voltado para as atividades do museu. Redimensionando o conjunto de acordo o pré-dimensionamento é possível hierarquizar as atividades tanto pela altura da edificação a qual ela estará quanto pela volumetria do conjunto, respeitando as normas da legislação para a zona ZOP-1 (figura 108).
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
Figura 108 Definição dos pavimentos de acordo com as atividades e redimensionamento dos blocos.
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Figura 107 Implantação e setorização dos volumes considerando eixos visuais das ruas e as visuais da cidade. Em ordem enumerada, 1 Setor Administrativo, 2 Museu, 3 Aprendizado, 4 Estacionamento.


Figura 109 Fluxo organograma e setorização do bloco administrativo na proposta do Centro Cultural.
146
Estas atividades ocorrem levando em consideração a hierarquização, fluxos, visuais e aspectos climáticos. O bloco administrativo é dividido em três pavimentos, sendo que o primeiro abriga as atividades do administrativo do conjunto e do museu, assim como a recepção que dá acesso aos pavimentos superiores, estes possuindo a mesma planta, alterando apenas o uso: conferência e auditório (figura 109).
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
O bloco principal engloba atividades distintas: Museu com área de exposição permanente e temporária, restaurante, bar e cafeteria, além de contar com amplas áreas de permanência e estudo, sendo uma extensão do bloco de aprendizado, o qual abriga a biblioteca. Sendo dividido em quatro pavimentos, além do pavimento técnico, o primeiro pavimento está a nível térreo e acomoda a recepção geral, voltada para os setores alimentícios e espaços de permanência; recepção do museu e a área de serviço junto do espaço para carga e descarga do museu, recebendo asobrasa serem expostas. O segundo pavimento inicia a atividade do museu, cafeteria e área de permanência; o terceiro e quarto pavimento possuem a mesma tipologia de planta, também ocorrendo a atividade do museu, setor alimentício e área de permanência, envolvendo um restaurante no terceiro pavimento e bar no quarto (figura 110).

Por fim, o bloco de aprendizagem apresenta atividades diversificadas de oficinas, salas de aula e biblioteca com Ludoteca. Estes ambientes foram pensados para que pudessem abrigar um público de até 40 pessoas, tendo em vista a necessidade de prepará los no âmbito cultural (figura 111).
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Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
Figura 110 Fluxo organograma e setorização do bloco principal na proposta do Centro Cultural.

148
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.

Figura 111 Fluxo organograma e setorização do bloco de aprendizado na proposta do Centro Cultural.
Com a organização e decisão dos fluxos e atividades de cada bloco iniciou se a setorização destes (figura 112). O bloco administrativo, por conter atividades como sala de conferência e auditório, foi posicionado voltado para a fachada oeste, podendo usufruir de fachadas cegas nestes ambientes e, o setor administrativo voltado para o visual da baía de Vila Velha.
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Figura 112 Fluxo organograma e setorização do bloco principal na proposta do Centro Cultural.
No bloco principal, o museu localiza se nas fachadas Sul, Oeste e Norte, considerando a necessidade de evitar entrada de luz direta, mas pensando no foyer voltado para fachada sul e as áreas de exposição nos demais espaços. A cafeteria, restaurante e bar concentram se no eixo do bloco, com sua fachada voltada para a baía e seus visuais. As áreas de permanência direcionam-se para o Leste, tirando proveito dos visuais e do sol da manhã, assim como a proximidade com o bloco de Oaprendizado.terceirobloco
abriga as atividades de aprendizado e administrativo deste setor. No primeiro pavimento está a recepção junto da administração; segundo pavimento atividades variadas de oficinas envolvendo música, dança, pinturas etc.; terceiro pavimento estão as salas de aula e, por último, o quarto pavimento com a biblioteca e Consideludoteca.rando os ambientes e suas dimensões, o posicionamento das circulações verticais levou em conta a normativa do corpo de bombeiros do Espírito Santo NT10/2013 e NT10/2010, envolvendo as saídas de emergência. Para isto criou se uma tabela síntese englobando atividades e a Distância Máxima a Percorrer - DMP (tabela 6).
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.

Tabela 6 Tabela síntese de atividades e distância máxima a ser percorrida de acordo com as normas do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo.
Ambientes
Auditório/Conferência 30 50
Cafeteria/Restaurante/Bar 35 55
Educação 30 55
Uma direção de saída Duas direções de saída Museu 35 55
Desta forma a circulação acontece nas extremidades dos edifícios administrativo e educacional, enquanto no bloco do museu são divididas considerando as diferentes atividades e nível de restrição, assim como as dimensões necessárias para cada saída (figura 113).
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
Figura 113 Representação diagramática da circulação vertical do conjunto do Centro Cultural proposto considerando a DMP.

Fonte: Elaborada pela Autora, 2021. Enquanto conceito abordou se a compreensão da cidade, uma estrutura dinâmica com seus cheios e vazios de usos, construções e interpretações. O Centro Cultural aqui proposto segue esta linguagem ao realizar a leitura da cidade enquanto lote: uma delimitação a ser ocupada seguindo leis e normas, proporcionando um uso, este variado ao abranger as necessidades e, consequentemente, as atividades, assim como o Centro de Vitória.
Através do uso da adição e subtração da forma surge um conjunto que simula o dinamismo: de um lado a simetria do volume principal, assim como o princípio do
150
Distância Máxima a Percorrer DMP (m)
aterro do Suá que seguiu um plano, uma normativa, o qual teve um planejamento. Entretanto, em seu interior, atividades variadas surgem e atraem pessoas, enquanto os edifícios do entorno, apesar de ter o controle da forma, apresentam diferentes alturas e usos que se distinguem do bloco principal, mas que o complementam (figura 114).

Por tratar se de edifícios longitudinais e que abrigam atividades que necessitam de vedação para que não ocorra a entrada de luz solar, como o museu, auditório e sala de conferência, adicionou os avanços de laje para que ocorresse a quebra da linearidade vertical e aumentasse as áreas de vislumbre da paisagem.
151
Enquanto volume, o conjunto apresenta uma série de cheios e vazios que permitem o movimento das fachadas. Os trechos assemelham se a construções que abrigam atividades e reúnem pessoas e, como cidade de Vitória, o mar e o céu se estendem para a construção ao compô la por uma cobertura ondular, assemelhando se ao movimento das ondas da baía que o circunda, e pela cor do céu vista no intradorso da estrutura desta cobertura que se reflete na construção de cor branca por meio da incidência e reflexão da luz indireta (figura 115).
Figura 114 Representação diagramática da volumetria do conjunto do Centro Cultural utilizando da adição e subtração da forma.
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
O conceito mostra se presente em toda a obra: a cidade cresce nesta delimitação com seus movimentos de recuos e avanços, a cobertura ondular representa o mar que abraça o edifício de cor branca, refletindo as cores do céu em toda o seu desdobramento, formando um degradê de tonalidades tanto em trechos no interior do edifício quanto no entorno de área verde (figura 116).


Figura 115 Análise da junção dos elementos volumétricos e cobertura. Blocos de atividades na cor branca enquanto a cobertura apresenta um degradê de cores que repetem o céu da cidade de Vitória ao entardecer
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Fonte: Elaborado pela Autora, 2021
Figura 116 Volumetria proposta para o edifício de um Centro Cultural na cidade de Vitória.
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
Ao lado Leste, o estacionamento se implanta nos terrenos desocupados, exercendo a função de receber o público, assim como a área de estacionamento existente próxima ao projeto Tamar (figura 76). O afastamento neste trecho é de cerca de 20m, recebendo uma parcela da cobertura do edifício para que o efeito do “céu no chão” pudesse ocorrer além do conjunto. Ao lado Oeste, o terreno possui ampla área verde, considerando que futuramente é possível abrigar a atividade de Teatro no espaço, hoje voltado para permanência e atividades ao ar livre.
O conjunto utiliza das lajes em avanço como uma extensão das áreas verdes e de percurso, compondo as fachadas dos blocos, tanto em orientação sul quanto norte. O térreo apresenta uma ampla área verde livre para atividades de lazer envolvendo apresentações, feira-livre e área coberta.
5.3.2 Soluções Funcionais e Relações Espaciais
As pranchas 01 a 04 apresentam a solução projetual a nível de estudo simplificado, auxiliando no entendimento da setorização do conjunto do Centro Cultural.
153
5.3.1 Inserção Urbana
5.3 ASPECTOS FORMAIS
O Museu torna se o centro do conjunto, ao nível da rua localiza se em um eixo visual tanto do pedestre quanto do usuário dentro do edifício. A possibilidade de empenas
O bloco de aprendizado localiza se próximo a escola existente da região, apresentando a possibilidade de atender aos estudantes dessa rede, além de aproveitar a área verde e sol da manhã.
Como visto, o edifício do Centro Cultural está inserido em um lote privilegiado com vista para a baía de Vila Velha e seus elementos de composição. Na proposta para a construção, houve o afastamento frontal em ambas as fachadas (Norte e Sul) em cerca de 11 metros, permitindo que os trechos se tornassem um parques linear com potencial para humanização do espaço com atividades ao ar livre, como feiras gastronômicas, espaços para apresentações e exposições de atividades desenvolvidas pelo público do bloco de aprendizado, dentre outras.
Figura 117 - Corte esquemático do conjunto arquitetônico do Centro Cultural
cega na fachada oeste foi utilizada para locação das atividades do museu, enquanto a área de permanência é voltada para o leste, próxima a escola, e o restaurante e bar apresentam vista para o a baía
154
volume, a junção entre os espaços e a cobertura permite criar maior conexão entre os elementos. A proposta traz a possibilidade da parte inferior da cobertura apresentar um degradê de cores que seja refletido tanto ao nível do solo quanto nos ambientes internos do Centro Cultural, com exceção das áreas de exposição, considerando a necessidade de trabalhar questões de luminotécnica para cada tipo de obra a ser exposta. Além deste fator, as áreas de ondulação ocorrem de maneira estratégica, onde estiver com pé direito maior há a possibilidade de alocar as caixas d’água, além de abrigar o ambiente de restauro e reserva técnica do museu (figura 117).
5.3.3 Sistema Construtivo
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
O bloco administrativo, junto com as atividades de conferência e auditório, permite a empena cega na direção Oeste, considerando a circulação vertical e áreas de Enquantodepósito.
O sistema construtivo foi pensado desde o início da concepção do projeto. A partir de uma criação de malha 10x10m as atividades foram setorizadas e os ambientes foram divididos (figura 118).

Figura 118 Análise de malha 10x10m para concepção da forma do Centro Cultural.
49
O sistema estrutural escolhido foi o de laje alveolares graças a capacidade de vencer vãos de até 20,0 metros, além de suportar uma carga de até 50Mpa (figura 119).
155
Fonte: Elaborado pela Autora, 2021.
Já para a cobertura foi escolhido o sistema de concreto reforçado com fibra de vidro, em inglês Glass Fiber Reinforced Concrete GFRC, este modelo utiliza de placas préfabricadas de concreto com fibras de vidro. Devido a seu aspecto orgânico e a sua estrutura, o material permite leveza e fluidez ao conjunto arquitetônico, considerando


Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/889035/tipos de lajes de concreto vantagens e desvantagens?ad_medium=gallery. Acesso em: 06 de novembro de 2021.
Figura 119 Representação gráfica de laje alveolar
Fonte: ArchDaily, 2018.49
Devido a seu aspecto orgânico e sua estruturação, este material permite leveza e a fluidez desejada ao conjunto arquitetônico (figura 120).
Fonte: Verdasca Group, s/d.51
Os painéis tipo stud frame são formados por uma camada fina de GRC e um quadro metálico que o enrijece em sua face posterior. Essa característica faz com que o quadro possa estar fixado na estrutura e a casca de GRC apresente movimentação no plano da fachada de modo a permitir as variações dimensionais dos painéis. A casca de GRC é ligada ao bastidor metálico por meio de hastes flexíveis soldadas, sendo unidas ao bastidor por uma camada de GRC, ainda em estado fresco da mistura, próximo à extremidade da haste de fixação. (BARTH; VEFAGO, 2008)

156
51 Disponível em: https://verdascagroup.com/pt/tipo produto/painel grc. Acesso em 06 de novembro de 2021.
sua espessura de 10 a 20mm. Dentre outras vantagens, o GFRC apresenta uma redução acústica de 20 a 30 dB utilizando a menor espessura. O tipo de painel a ser utilizado é o stud frame50:
50
Figura 120 Painel GRC tipo Stud Frame.
Mais informações sobre o tema GFRC disponível na sinopse “Fachadas pré fabricadas de GRC”, por Fernando Barth e Luiz Henrique M. Vefago. Disponível em: https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.092/178.
Todo o processo utilizou das técnicas do diagrama, compreendendo como uma ferramenta fundamental em todas as etapas desenvolvidas: análises, contextualização, conceitualização e propostas.
A forma do edifício com seus cheios e vazios retoma a ideia de cidade e seus movimentos, assim como a variedade de atividades propostas no programa de necessidades; complementa-se ainda com as configurações naturais da cobertura orgânica, a cor do céu refletida no espaço e a extensão de áreas verdes nas lajes em avanço do edifício, compondo o conjunto em um primeiro plano de fachada.
Considerando o trabalho desenvolvido foi possível alcançar os objetivos gerais e específicos anteriormente traçados para o plano de projeto final, pois concebeu-se um edifício de solução formal condizente com o conceito proposto, a partir da utilização plena da ferramenta do diagrama, fazendo justiça ao conceito de diagrama “como
157
Uma das principais dificuldades enfrentadas neste estudo foi a dimensão que o edifício adquiriu. A variedade de atividades, assim como o objetivo de atrair um maior e mais variado público, exigiu trabalhar edifícios de grande porte e, por conta do limite do gabarito, houve a necessidade de torná los mais horizontais, ocupando uma área de relativa importância do terreno. Além deste fator, houve a constante busca pela inovação nas propostas e soluções projetuais que buscassem distinção daquelas apresentadas no projeto de Paulo Mendes da Rocha, uma vez que o projeto do Cais das Artes, por meio dos estudos efetuados, apresenta claramente soluções condizentes, racionais e funcionais em todos os seus aspectos.
Compreender a temática de lazer e cultura e aplicá la no contexto atual através da técnica do diagrama para gerar uma proposta de um Centro Cultural foi a ênfase desta Monografia. A proposta final reúne um compilado de estudos e referências que buscaram produzir um conjunto arquitetônico condizente com o espaço, considerando não apenas os usos a ele destinado, mas o impacto que este passa a exercer nos aspectos socioespaciais de uma região consolidada, mas que apresente grandes potencialidades ainda não totalmente aproveitadas.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
158
mecanismo de caráter abstrato e conceitual, partindo de um raciocínio imaginativo para compreensão, representação e criação de contextos e necessidades.”
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