Escola Sem Paredes na UMAPAZ

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Giovana Barbosa de Souza Dami Cunha Luana Marra Tajiri

ESCOLA SEM PAREDES NA UMAPAZ

Experiência vivenciada por alunos de cinco anos em conexão com elementos da Natureza.


ESCOLA SEM PAREDES NA UMAPAZ Experiência vivenciada por alunos de cinco anos em conexão com elementos da Natureza. Por Giovana Barbosa de Souza, Dami Cunha e Luana Marra Tajiri

No caminho, antes, a gente precisava de atravessar um rio inventado. Na travessia o carro afundou e os bois morreram afogados. Eu não morri porque o rio era inventado. Manuel de Barros


SOUZA, Giovana Barbosa de Escola sem paredes na UMAPAZ / Giovana Barbosa de Souza, Dami Cunha, Luana Marra Tajiri. 1ªed. – São Paulo: Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, 2020. 65 p. ; il. ISBN: 978-85-xx-xxxxx 1. Educação ambiental. 2. Educação infantil. 3. Sustentabilidade. I. Escola Sem Paredes na UMAPAZ II. Cunha, Dami. III. Tajiri, Luana Marra. IV. Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. CDD 372.357 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do Departamento de Educação Ambiental e Cultura de Paz, da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo Índice para catálogo sistemático: 1.Educação: Educação ambiental: 372.357 2.Sustentabilidade: 333.71


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Prefeitura de São Paulo Bruno Covas Secretário do Verde Meio Ambiente Eduardo de Castro Realização UMAPAZ Coordenação da UMAPAZ Meire Aparecida Fonseca de Abreu Coordenação do Projeto na UMAPAZ Giovana Barbosa de Souza Coordenação do projeto no Colégio Santi Dami Cunha e Luana Marra Tajiri Revisão ortográfica Mayara Parolo Colombo Reibaldi Nadime Boueri Diagramação Bruno Rossi Kohn Comunicação UMAPAZ Bruno Rossi Kohn Plínio Damin


Agradecimentos

Esta obra não seria possível sem a parceria e o envolvimento de pessoas queridas que nos ajudaram a trilhar este caminho, colegas de trabalho, a confiança dos pais e das mães das crianças, dos colegas da UMAPAZ e da Escola Santi, de todos os técnicos envolvidos direta e indiretamente e principalmente as crianças que participaram durante estes anos. Ainda assim, no meio desta complexidade há algumas pessoas que precisam ser lembradas e reverenciadas, pois sem a confiança e a coragem delas este projeto, seria apenas uma ideia. Estas pessoas foram responsáveis por esta publicação ganhar corpo e asas para inspirar outras escolas e chegar ao coração de muitos educadores. Fica aqui registrado nosso agradecimento a confiança de Rose Marie Inojosa, quando este projeto teve início a Rose era diretora da UMAPAZ, sempre incentivou e acreditou na importância de proporcionar as crianças de todas as idades educação ambiental. Nosso obrigado a coordenação da Divisão de Difusão de Projetos em Educação Ambiental – DDPEA que desde o início deste projeto nos cedeu um técnico para ajudar na implantação do projeto. Agradecimentos com muito carinho a Maria Elizabeth Vasconcelos, que trabalhou na UMAPAZ e esteve presente em quase todas as horas, que se envolveu de corpo e alma neste projeto, que impregnou de alegria momentos incríveis, nosso muito obrigada! Nosso reconhecimento e gratidão a todo apoio que a Meire Aparecida Abreu de Fonseca – atual coordenadora da UMAPAZ – deu a este projeto e seus processos, graças a sua visão de futuro, sua condução sempre acreditando na potência das parcerias e na importância da educação, tivemos a confiança e coragem para a manutenção deste projeto. Fica aqui também o registro da gratidão dos esforços amáveis da presença de Eliane Terezinha dos Santos Bossio que tantas vezes nos ajudou com sua doce presença e seu delicado repertorio artístico. Este projeto não teria a potência que teve sem as maravilhosas contribuições técnicas das equipes dos Planetários de São Paulo e da Escola Municipal de Jardinagem - parcerias incríveis e colaborações técnicas riquíssimas que honram nosso compromisso de horar as futuras gerações. E para fechar essa importante lista de agradecimentos, os corresponsáveis pelo acontecer de cada uma das experiências compartilhadas, os profissionais da Escola Santi, Gisela Sakamoto pela ponte entre a escola e a UMAPAZ, as diretoras Adriana Cury e Marta Durante, professoras Carolina Bortoletto, Gabriella Leme, Lara Gil, Livia Tagliari e Rebeca Castiglione, equipe de estagiárias do T5, monitor Cleber Colonhesi, equipe de transporte Danigir e Fernanda Issa e as estagiarias da Escola Santi. Todos vocês acreditaram, encorajaram, cultivaram e criaram junto conosco todas as condições para que essa linda história pudesse ser contada. Esperamos que esta leitura seja doce e cheia de descobertas como foi o processo deste projeto.


Sumário

1.Apresentação..............................................................................................................7 1.1. A UMAPAZ.........................................................................................................................................................................8 1.2. Escola Santi..................................................................................................................................................................8 2.Como tudo começou............................................................................................................................................9 3.Contextos para pensar criança e natureza.......................................................................................10 3.1.Sustentabilidade.......................................................................................................10 3.2.Relação com a cidade..........................................................................................................................................11 3.3.Papel da escola.......................................................................................................................................................12 3.4.A parceria institucional....................................................................................................................................13 4.Primeira versão do projeto – 2017..............................................................................................................14 4.1.A UMAPAZ torna-se continuidade da escola..............................................................................15 4.2.Relatos das primeiras experiências com as crianças.........................................................16 5. Os quatro elementos emergem como organizadores das experiências na natureza........................................................................................................................................................................20 5.1 Experiências com a terra...............................................................................................................................21 5,2 Experiências com o ar........................................................................................................................................27 5.3 Experiências com o fogo...............................................................................................................................31 5.4 Experiências com o água.............................................................................................................................. 32 6. O que aprendemos até aqui............................................................................................................................33 7 . Galeria de fotos...........................................................................................................................................................37


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1. Apresentação: Esta publicação compartilha a experiência vivida no projeto chamado Escola sem Paredes, que teve início no segundo semestre de 2017 e se estendeu por 2018 e 2019 por meio de uma parceria técnica entre a Escola Santi - uma escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental, privada, com mais de 50 anos de atuação - e a UMAPAZ, Coordenação de Educação Ambiental e Cultura de Paz, Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz, órgão gestor da Política Municipal de Educação Ambiental de São Paulo, que promove, assegura e fomenta a Educação Ambiental da cidade de São Paulo.

Objetivo: O projeto visa promover oportunidades para as crianças do T5 (turma de cinco anos) da escola experimentarem e viverem uma conexão com a natureza, movidas pelas suas curiosidades e de construírem a compreensão de que os espaços públicos também são lugares de aprender, daí o nome do projeto. Trata-se de uma possibilidade de vivência da educação ambiental e cidadã, desde a infância e para a toda a vida. A ideia desta publicação é compartilhar esta experiência com escolas públicas e privadas de São Paulo e de outros municípios, a fim de que possam se inspirar e fortalecer a relação das crianças com a natureza em todos os âmbitos, isso, é um compromisso com a sustentabilidade e a defesa da vida. O percurso pedagógico é um trabalho construído pela equipe técnica das duas instituições: Escola Santi e UMAPAZ.


8 | Apresentação

(Foto 2019 – UMAPAZ)

1.1 A UMAPAZ A UMAPAZ – Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz, Departamento de Educação Ambiental da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), é responsável por desenvolver e disseminar conhecimentos e práticas de educação para a sustentabilidade, alicerçados no respeito à vida e inspirados em documentos legais internacionais e nacionais. Compõe-se por quatro equipes: Escola Municipal de Jardinagem, Divisão de Educação Ambiental e Cultura de Paz, Difusão de Projetos e os Plenários da cidade com a Escola Astronomia e Astrofísica. São equipes constituídas por profissionais de diferentes formações e saberes – biólogos, agrônomos, comunicadores sociais, pedagogos, sociólogos, geólogos, geógrafos, arquitetos, profissionais ligados à saúde, o que permite a concepção e o desenvolvimento de programas e atividades numa dimensão inter e transdisciplinar. Conta com uma biblioteca – o Espaço Sapucaia – com livros, revistas e materiais sobre meio ambiente e cultura de paz. A sede da UMAPAZ está dentro do Parque do Ibirapuera (Portão 5A), reconhecido pela população paulistana como mais importante parque urbano da cidade de São Paulo1 , com uma área de 158 hectares. Lagos artificiais e interligados ocupam 15,7 mil metros quadrados. O parque possui muitas espécies vegetais nativas e exóticas, que oferecem abrigo e alimentação a mais de uma centena de espécies de aves e muitos outros animais. Museus, monumentos, esculturas, quadras, playground, ciclovia, espaço para patinação também ocupam parte do espaço do parque, oferecendo atividades de lazer e cultura. No espaço do Parque do Ibirapuera também estão o Viveiro Manequinho Lopes, de produção de mudas, com canteiros e estufas, e o Campo Experimental da Escola de Jardinagem, onde são realizadas observações e práticas pedagógicas.

1.2 A Escola Santi Instituição de Educação que atua há mais 50 anos no distrito da Vila Mariana, em São Paulo, com os segmentos Educação Infantil, Ensino Fundamental ciclos I e II. Tem, aproximadamente, 650 alunos com idades entre 1 ano e 6 meses a 14 anos. A Santi pauta a construção de seu Projeto Político Pedagógico em três pilares: a excelência do ensino, a construção de um ambiente saudável para aprender e a conexão com o mundo. Localizada nas proximidades de uma das avenidas mais cosmopolitas da cidade - Avenida Paulista - busca parcerias com espaços verdes e outras instituições públicas do entorno para ampliar a qualidade das experiências dos alunos com o meio ambiente e com a cidade de São Paulo.

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O Parque do Ibirapuera foi eleito, em 2015, um dos “melhores parques do planeta” pelo renomado jornal britânico The Guardian


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2. Como tudo começou O Projeto teve início em agosto de 2017. No primeiro semestre de 2017 houve o interesse da UMAPAZ em iniciar uma ação pedagógica permanente que tivesse o compromisso de promover a interação da criança com a natureza, valorizando o cuidado, o respeito, o social, a liberdade, as sensações, os sentimentos e todo o contexto que cada estação nos oferece institivamente, ou seja, promover um espaço na Educação Infantil para que a educação ambiental fosse vivenciada em sua plenitude às crianças desta faixa etária. Para isso, a princípio foi pensada uma parceria com uma unidade de Educação Infantil pública, que se localizasse no entorno geográfico da UMAPAZ. A busca teve início e foram muitas as unidades públicas que se interessaram por uma parceria com este foco. No entanto, a falta de acesso a um transporte regular que pudesse conduzi-las mensalmente ou quinzenalmente para permitir um processo contínuo, foi um fator que impossibilitou a realização. A técnica responsável pelo desejo de implantar esta experiência, Giovana Barbosa de Souza especialista em trabalhos com infância, consultou a então diretora da UMAPAZ sobre a possibilidade de uma parceria com uma escola privada, e a resposta foi sim - uma vez que a UMAPAZ é uma instituição pública e que visa atender a todos os munícipes da cidade. Então no mês de abril, em uma ação realizada na Umapaz e promovida pela organização Vagalume que reuniu escolas públicas e privadas, aconteceu o feliz encontro com Gisela Sakamoto, professora da escola Santi, que compartilhou o interesse da instituição em estabelecer uma possível parceria. As conversas tiveram continuidade. Em maio e junho com a diretora pedagógica Dami Cunha, responsável pelas turmas em foco, com a finalidade da criação de uma ação educacional continuada para crianças pequenas, onde estas teriam a oportunidade de vivenciar experiências regulares em contato com a natureza, com acompanhamento pedagógico. Para as coordenações das duas instituições era imprescindível que, além do acompanhamento e da construção de um percurso alimentado pela curiosidade das crianças, as atividades garantissem tempo para brincar, livre na natureza. Do encontro de propósitos das duas instituições nasceu o projeto, que teve início no mês de agosto de 2017. O objetivo principal, que inspirou e mobilizou o projeto, era oferecer às crianças oportunidades de usufruir tempo em contato com a natureza, ampliando seu olhar para a vida, seu repertório de sensações, descobrir seres vivos nem sempre percebidos ou presentes em seus espaços habituais, novos cheiros, árvores, sons, cores e, até mesmo experimentar novas formas de se relacionar em grupo. A ideia das atividades serem acompanhadas pelo brincar livre tinha como intenção proporcionar a elas acesso, num tempo mais extenso, a locais abertos onde pudessem vivenciar momentos de liberdade, explorando suas curiosidades, iniciando investigações e se apropriando da descoberta de seus próprios gostos, experimentando comportamentos que não podem ser experimentados em locais construídos, nas residências, no bairro, nas ruas ou na própria escola. Desta forma acreditamos na ampliação do conhecimento de si mesmas, tornando-se


10 | Contextos para pensar criança e natureza pessoas capazes de reconhecer o que gostam e de desenvolver habilidades para sustentar a expressão do que apreciam e do que não apreciam na vida.

3. Contextos para pensar criança e natureza A gente da cidade não se identifica mais com a terra que a alimenta, com a fome de sua riqueza ou com uma área sob sua guarda, com atenção e responsabilidade como acontecia com os industriais e comerciantes de ideias e bens de consumo do passado. Eles não estão interessados, portanto, nos negócios de “sua cidade”: agora ela já não passa de um lugar como outros e como todos, pequeno e insignificante, quando visto da posição privilegiada do ciberespaço, sua verdadeira embora virtual morada.

Pg27 – Confiança e medo na Cidade – Zygmunt Bauman.

3.1 Sustentabilidade Comprometer-se com o fomento de um trabalho embasado no conceito de sustentabilidade e a responsabilidade com o futuro do planeta respeitando as futuras gerações faz parte do compromisso de atuação da UMAPAZ. Neste cenário, promover um trabalho de fortalecimento da infância é uma responsabilidade de todos nós. Na escola Santi a sustentabilidade representa um tema estratégico que inspira a criação de projetos com os alunos e com a equipe, embasa decisões e orienta a visão de futuro da instituição. A responsabilidade e o respeito à natureza compõem o que a escola define como missão na formação de seus alunos e alunas. Nestas experiências está clara a necessidade das crianças do século XXI de explorarem as cidades e os equipamentos públicos, com suas infinitas possibilidades de ampliação de olhares para todos os tipos de vida. Não se pode imaginar um trabalho desta natureza que não esteja alinhado às políticas locais, nacionais e internacionais, em defesa da infância. Herdamos um mundo em transformação, um planeta que era de uma forma em 2017 e que provavelmente será diferente em 2030. Portanto, acreditamos que projetos como este são fundamentais para que as crianças percebam o mundo ao seu redor e sua complexidade, composta por inúmeros detalhes, detalhes que se não forem olhados, percebidos e respeitados, interferem até mesmo na alteração climática do planeta. Processo que está em curso. Diante deste cenário é importante salientar que o projeto está também relacionado aos desafios que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2030 nos apresentam. Os países – o Brasil entre eles - têm até 2030 para alcançar os 17 objetivos com as quais


Escola sem Paredes na UMAPAZ | 11 se comprometeram. Essa agenda é de indiscutível importância para garantir os direitos de crianças e adolescentes. Esses Objetivos são parte de um acordo internacional para promover o desenvolvimento sustentável em nosso Planeta. A Resolução que estabelece os ODS foi assinada por 193 países em 25 de setembro de 2015. O Brasil foi um dos países protagonistas desse acordo por meio da sua atuação diplomática e pelo diálogo com os Ministérios. Essa agenda nos convida a ampliar nosso olhar, atuando dentro e fora das escolas, para buscar entender a complexidade de estarmos alinhados a estes marcos legais. Apresenta o desafio da intersetorialidade e transversalidade na implementação, principalmente no que se relaciona às crianças e adolescentes. É também fundamental que cada um dos atores envolvidos na implementação de ações, programas e projetos olhe para a integralidade da agenda ao planejarem suas ações, considerando que os avanços neste caminho só serão possíveis por meio de ações em conjunto. No Brasil, a implementação da Agenda 2030 enfrenta diferentes desafios, diante do cenário político e econômico nacional e seus impactos nos Estados e Municípios. Um importante passo para a implementação nacional dos ODS foi a elaboração, sob coordenação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), de um documento com a adequação das metas globais à realidade nacional. Esse documento servirá à União, aos Estados e aos Municípios para balizar o planejamento das políticas públicas nos três níveis da Federação. O município de São Paulo tem o seu Plano de metas alinhado aos Objetivos de Desenvolvimentos Sustentáveis, o currículo municipal embasado no ODS e permeado pelo compromisso com a sustentabilidade do planeta, em defesa de todas as formas de vida. Para as escolas públicas e privadas fica um importante desafio: alinhar seus projetos políticos pedagógicos aos ODS e garantir que, nos processos de formação continuada, façam parte do conteúdo a ser abordado. Além de divulgarem a existência destes marcos para os pais e as famílias. Desta forma seguimos juntos, fortalecidos na mesma direção, sem deixar ninguém para trás.

3.2 Relação com a cidade

Habitar um centro urbano não é simples.

Existem no Brasil 5.570 municípios, sendo que a maioria possui menos de 100 mil habitantes. Porém, existem os grandes centros urbanos cujas populações passam de 1 milhão de habitantes. As crianças brasileiras, em sua maioria, crescem em contextos urbanos: 84% da população vivem hoje em cidades, de acordo com o Censo de 2010, do IBGE. Quase metade das pessoas, 47%, referem não se sentirem seguras na cidade em que moram (IBGE, 2010). Essa situação é particularmente intensa na cidade de São Paulo, uma megacidade que, em 2017, possuía mais de 12 milhões de habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE2 . Documento divulgado pela Children & Nature Network, traz uma pesquisa que coloca o Brasil na lista dos três países onde as crianças exploram a natureza com menos frequência, apesar de sua extraordinária biodiversidade . Mais um ponto no campo das pesquisas que pede

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https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/sao-paulo/panorama, visita em 27 de novembro de 2017.


12 | Contextos para pensar criança e natureza para ser iluminado. Mesmo diante da imensa riqueza da nossa biodiversidade, o desafio é promover esse encontro das pessoas “da cidade”, com a natureza. As crianças e as famílias brasileiras não reconhecem ter a segurança necessária para a mobilidade e a circulação nas cidades, fato aliado à impermeabilização do solo, manipulação ou canalização dos cursos de água, intensa retirada de vegetação nativa e consequente expulsão de animais e insetos. Assim, o uso do espaço público fica comprometido e a possibilidade de as crianças terem acesso a espaços com natureza é bastante limitado. São Paulo, município rico em biodiversidade e paisagens naturais, pois, além se localizar em meio ao bioma da Mata Atlântica, possui espaços com características de outros biomas, como o cerrado. A cidade mais influente da América Latina, segundo o ranking da BBC em 2014 que avaliou 50 metrópoles globais, o município aparece no 23º da listagem . No entanto, também é um espaço que foi especialmente tomado, de forma violenta, da natureza. Acabou por tornar-se carente em opções que proporcionem a seus cidadãos um contato próximo com essa riqueza da biodiversidade presente, de forma que seja possível vivenciar momentos de interação com ambientes naturais, com quietude e segurança. Em muitas partes da cidade os níveis de poluição são prejudiciais à saúde da população. Somamos a isso a falta de infraestrutura para a circulação de pedestres, como calçadas inadequadas ao uso, que não favorecem os passeios, as brincadeiras e a locomoção pedestre ou de bicicleta e mesmo com a inserção de ciclovias, considerando as proporções do município, as possibilidades possíveis de acesso a toda cidade ainda são pobres. Esses mesmos fatores também atingem a vida de espaços públicos de uso coletivo como as praças públicas da cidade, tornando-as espaços de passagem e raramente de lazer e convívio social. Na cidade de São Paulo é relativamente recente a implementação de um sistema de parques e áreas verdes, sendo que muitos deles tiveram de ser reconstituídos. A cidade tem, atualmente, 106 parques urbanos3 , além de reservas naturais nas regiões mais periféricas ao norte, sul e leste do município. Desta forma, as chances da criação de laços de identidade e pertencimento das crianças com os locais onde vivem, fica fragilizado, uma vez que o acesso a estes espaços é mais restrito. No entanto, muitas pesquisas compartilham o fato de que as crianças que têm a possibilidade de convívio com a natureza, crescem conhecendo a biodiversidade do local onde nasceram, fato que compõe a identidade de cada um. Crianças que crescem com um sentimento de pertencimento a um determinado sistema, onde há a possiblidade de vínculo, podem desenvolver mais cedo a autonomia, o que possibilita o exercício do protagonismo na vida. Assim, cada qual em seu nicho de atuação, o poder público, a comunidade, a família e a escola, são atores importantes para garantir que as crianças tenham oportunidade de conviver com a natureza em espaços seguros e ricos em biodiversidade.

3.3 Papel da escola O conceito de escola compartilhado nesta publicação trata desta instituição como um ator estratégico, no desafio de oferecer às crianças oportunidades de convívio com a natureza e de apropriação dos espaços públicos, o que ainda pode significar um enriquecimento individual e coletivo. O tema deve fazer parte do processo de formação continuada dos educadores, partindo 3

Dois terços deles foram criados há uma década apenas, num esforço de preservação e de criação desses espaços nas periferias, onde a urbanização foi caótica.


Escola sem Paredes na UMAPAZ | 13 do trabalho constante e atento à escuta das crianças, respeitando suas curiosidades e organizando os espaços e os tempos de aprendizagens. Faz parte da responsabilidade do educador que media a aprendizagem possibilitar o acesso a espaços onde observar os processos de vida, de transformação e de morte fazem parte do percurso natural. A missão da Escola Santi traduz a preocupação pedagógica em relação à natureza no processo de formação das crianças. “Formar pessoas autônomas e capazes de transformar a realidade com responsabilidade e respeito à diversidade e à natureza”. Assim como outras escolas do município, esta instituição vive o desafio da busca por espaços físicos e contextos que proporcionem às crianças e jovens vivências em espaços com natureza, pois, assim como muitas unidades escolares, apesar de todos os esforços para garantir o verde na escola, seu espaço não abriga uma área verde suficiente para exploração dessas atividades.

3.4 A parceria institucional Este trabalho pode ser realizado graças à possibilidade de parceria institucional, que uniu uma organização privada e uma organização pública municipal, alinhadas em seus propósitos institucionais comuns, que é a formação de cidadãos. A partir de um conjunto de investimentos garantidos pelas atividades de ambas, honram seu compromisso com a preservação do tempo da infância. Desta forma, de um lado temos a UMAPAZ – órgão público – ligado diretamente à Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente do município, responsável por disseminar as diretrizes de educação ambiental na cidade de São Paulo, que se configura sendo uma Universidade Aberta , com o compromisso de atender/ formar - pessoas de todas as idades que residem no município de São Pulo. Para isso, dispõe da contribuição preciosa das escolas de: Jardinagem, Astrofísica e dos Planetários do município, da Divisão de Educação Ambiental e Cultura de Paz e da Divisão de Difusão e Projetos, as quais concentram profissionais de diversas formações. De outro, uma organização privada: Escola Santi, situada geograficamente nas proximidades da UMAPAZ e que tem um forte compromisso com a formação de seus alunos, educadores e comunidade. Em comum entre as duas organizações existe o foco no desenvolvimento de um trabalho que fortaleça as crianças e os futuros cidadãos desta cidade e do mundo de forma crítica, onde o pensar e o poder de exercer suas escolhas seja real, promovendo assim uma melhor sensibilidade consigo, com os outros e o respeito para com todas as formas de vida. A UMAPAZ compreendeu a importância do investimento técnico e de tempo neste segmento para além das atividades já existentes e a Santi percebeu a oportunidade de qualificar e ampliar o sentido para ações que até então vinham sendo realizadas de forma mais isolada e em ambientes com potencial mais limitado. A gestão da UMAPAZ cooperou significativamente, disponibilizando o tempo de uma coordenadora técnica, mais uma assistente e um estagiário de comunicação para realizar o registro áudio visual. Além disso, disponibilizou os espaços a serem utilizados e acompanhamento técnico. A Escola Santi investiu na ousadia de expandir o trabalho para as atividades fora da unidade escolar, arcou com os custos fixos do transporte, materiais (quando necessários) e das


14 | Primeira versão do projeto(2017) crianças, professoras e assistentes. Exemplo de parceria entre organizações de naturezas diferentes que, juntas, efetivamente colaboram para o avanço da construção de uma sociedade mais humana, sustentável e resiliente.

Acordos técnicos: A experiência utilizaria os espaços disponibilizados ao público no Parque do Ibirapuera e os espaços privados de uso da UMAPAZ, como o Viveiro Manequinho Lopes, o Campo Experimental da Escola de Jardinagem e espaços da Escola de Astrofísica do município. A Escola Santi disponibilizou um transporte periódico para a locomoção das crianças à UMAPAZ, além de reuniões pedagógicas e encontros constantes para que o projeto se mantivesse vivo e orgânico, que resultou na possibilidade das crianças e profissionais que integram a equipe pedagógica criarem juntos situações para que a interação das crianças na natureza acontecesse. E que os trabalhos se desenvolvessem de forma organizada e mediada pelos adultos, “no exercício da autoridade amada que acompanha a criança”, expressão usada por Rudolf Steiner, ao explicar o papel do educador/adulto no processo de educação das crianças, como educador e responsável pela formação deste grupo social. A demanda de locomoção pode ser considerada simples. Mesmo assim a escola disponibilizou uma pequena equipe com 3 profissionais, além das educadoras dos respectivos grupos, para tornar esta experiência possível. A UMAPAZ ficou com a responsabilidade da organização do percurso pedagógico planejado previamente em parceria com a equipe pedagógica da escola, a organização dos espaços, o acompanhamento das atividades por meio da atuação de uma técnica que coordenou e supervisionou as atividades em conjunto com as educadoras da Santi e a disponibilização de mais dois educadores que acompanharam e registraram as atividades. As duas organizações fizeram o monitoramento do processo em conjunto e decidiram quando foi necessário adaptar uma atividade ou outra de acordo com as necessidades das crianças e do projeto.

4. Primeira versão do projeto (2017) Após o momento da ideia foram realizadas quatro reuniões técnicas entre as equipes pedagógicas da UMAPAZ e da Escola, nas quais foram feitas considerações sobre como seria a organização do período para as crianças (chegada, paradas para lanche e banheiro), as características da faixa etária, quanto tempo de duração teria cada momento levando em conta a qualidade do tempo para as crianças. Foi considerado também de que forma poderíamos preservar a liberdade das crianças neste processo, guardando espaço para o brincar livre na natureza após as atividades propostas.


Escola sem Paredes na UMAPAZ | 15 Um percurso foi elaborado como fio condutor nesse início e ficou acordado que, após os primeiros encontros, faríamos uma avaliação para aprimorarmos a continuidade do projeto. O objetivo principal das experiências consistia em proporcionar vivências às crianças, em um local onde os elementos da natureza estivessem ao seu alcance, onde elas pudessem ter acesso aos elementos naturais ali presentes, com toda a sua riqueza e diversidade, estimulando a percepção das belezas visíveis e das não visíveis, mas presentes, pulsantes e viventes. Para isso, foram tecidos alguns acordos: •Os encontros aconteceriam uma vez ao mês, com duas turmas de crianças de cinco anos, uma turma com vinte e duas (22) crianças pela manhã e outra com vinte e três (23) crianças à tarde. •Estes encontros teriam 3 horas de duração entre a saída da unidade escolar e o seu retorno. Ou seja, no espaço da UMAPAZ teríamos 2 horas. •A primeira seria destinada à atividade previamente organizada e a segunda para o brincar livre, sendo que 20 minutos seriam para o lanche. •O processo seria registrado pelas duas equipes e ao final do processo, seria feita uma análise visando a possibilidade da continuação dessa linha de vivências. O registro seria feito de forma a resguardar a identidade das crianças. A UMAPAZ disponibilizou um estagiário de comunicação para que fossem feitos os registros fotográficos e eventualmente pequenos filmes. •O preparo das atividades seria feito pensando nos elementos da natureza, sua diversidade, por meio de situações onde as crianças pudessem sentir os aromas, as texturas e ter o contato com as de diferentes temperaturas do ambiente por onde elas passariam. •À medida que as crianças fossem revelando e compartilhando suas curiosidades, indicariam o norte das próximas atividades. •As investigações e proposições teriam caráter de continuidade, alinhando a vivência das crianças na UMAPAZ com as proposições na escola. •Ao término do processo seria feita uma avaliação da estrutura da proposta e dos impactos para verificar a possibilidade de manutenção da atividade no ano seguinte. O início foi organizado para ocorrer nas dependências do Campo Experimental da Escola de Jardinagem da UMAPAZ, local muito especial localizado dentro do Parque do Ibirapuera, fazendo parte das instalações da UMAPAZ. O espaço tem cerca de cinco mil metros quadrados, abriga uma diversidade ímpar em relação a flores, hortas e produção de legumes, árvores e ricamente amparado com uma grande composteira, que faz parte do equipamento. É um espaço extremamente importante e diferenciado, onde os cursos da Escola Municipal de Jardinagem são realizados. Muito além de aprenderem as técnicas de jardinagem, as


16 | Primeira versão do projeto(2017) pessoas que por ali passam saem transformadas, mudam sua visão de mundo e sua relação com a vida e com a natureza.

4.1 A UMAPAZ torna-se continuidade da escola A equipe pedagógica estava ciente de que as experiências vividas, que são a própria vida em ação, marcam os corpos, deixam as digitais das sensações, deixam guardadas as alegrias, as dores, o cansaço, os cheiros, os sabores, o ritmo da respiração, do pulsar do coração. Dessa forma as crianças dão sentido para o que aprendem, imersas na experiência. Não queríamos que os dias de encontro na UMAPAZ fossem compreendidos pelas crianças como “dias de passeio”, e sim como dias em que o aprendizado acontece em outro lugar, em espaços abertos, frequentados por diferentes pessoas, para que as crianças pudessem construir uma imagem de que não se aprende somente dentro do espaço escolar; mas que também podemos sair para aprender e ter um “dia de escola” em outros lugares. Essa ideia foi muito conversada com as crianças e quando conversavam sobre as experiências do projeto, mencionavam a UMAPAZ como “nossa escola sem paredes”. Essa ideia também foi tratada nas reuniões com as famílias, para que compreendessem o valor dessa ampliação para a formação cidadã das crianças.

4.2 Relatos das primeiras experiências com as crianças O encontro com a Terra e com a vida - agosto de 2017.

(Turma de 2017- Campo Experimental - UMAPAZ)


Escola sem Paredes na UMAPAZ | 17 As crianças chegaram, foram caminhando para as instalações do campo, onde a princípio houve um momento de encantamento com as proporções e a diversidade de estímulos que o espaço apresentava. Logo foram conhecer uma composteira. Ali tiveram a oportunidade de ver as fases do processo de compostagem, tiveram tempo e oportunidade para brincarem na terra e com a terra. Foram providenciadas pequenas pás. Muitos movidos por sua curiosidade iniciaram um processo de cavar buracos, algumas crianças encontraram minhocas e outras surpresas como pedras e raízes. Depois desse processo, houve uma pequena pausa para um lanche.

(Turma 2017- Campo Experimental - UMAPAZ) Após a pausa e com a ajuda do senhor Jose Antônio da Silva, jardineiro do Campo Experimental, que já havia preparado um canteiro, as crianças foram convidadas a conhecer os canteiros da Escola de Jardinagem, e quem tivesse vontade poderia plantar sementes de alface. Essa atividade foi uma surpresa e todas plantaram, com uma alegria mágica de quem está descobrindo a vida. Ao fim deste período, até as crianças que tiveram receio de tocar a terra quando chegaram, estavam com as marcas do dia em suas roupas, todas “sujas”, com vestígios de terra nas roupas, nos calçados. Tudo isso com a professora e suas assistentes sempre presentes, participativas e muito atentas. No período da tarde a proposta foi repetida, mesmo ciente do fato de que cada grupo é único e possui características ímpares. As equipes pedagógicas da UMAPAZ e da Santi decidiram que seria apresentada a mesma proposta para as duas turmas, cientes e abertos para as possibilidades e liberdade de escolhas das crianças e, se necessário, fariam os ajustes. A turma da tarde chegou e trouxe com ela um ritmo mais acelerado, foi clara a percepção de que este grupo era mais intrépido. O encanto pelas novas descobertas foi o fio condutor das vivências experimentadas nos pequenos encontros como “no encontro com as minhocas”. Uma cena marcante foi da menina que, ao encontrar a minhoca, pedia repetidas vezes para que a minhoca ficasse quieta. Nesse momento um dos meninos solidariamente veio ajudar a “fazer a minhoca ficar quieta”, dando- lhe com a pá na cabeça! A minhoca ficou paralisada e as crianças espantadas de surpresa pela descoberta. Neste grupo também houve a presença de crianças que a princípio não queriam se sujar,


18 | Escola sem Paredes mas com o passar do tempo foram experimentando novas ações e aos poucos se permitindo a exploração das novidades. Outro fato marcante foi o contato das crianças com galhos caídos das árvores, o que promoveu a imediata invocação dos personagens que habitam suas fantasias, dando energia e inspiração para o aparecimento de piratas que gritavam: “Terra à vista!” e não mais que de repente havia heróis, índios bravos e até guerreiros medievais por todos os lados. Crianças entregues ao seu jogo de simbolização tendo o espaço como cenário e os elementos naturais como brinquedos. Enquanto o grupo da manhã se encantou com as possibilidades de correr, de fazer buracos, de pensar em quem mora na terra e nas estranhas formas das algumas folhas, o grupo da tarde queria ver a alface crescer ali, logo após plantarmos as mudas. Processos únicos regidos por ritmos diferenciados pelas características de cada grupo. Ainda assim, o encantamento e beleza da dedicação das professoras e de suas auxiliares, somados à boa vontade e abertura da equipe da UMAPAZ, que também pôde apreciar novos aprendizados. Essas foram marcas significativas deste processo.

Qual é a diferença entre solo e o sol? - setembro de 2017 Para o segundo encontro foi pensado um espaço diferente. A proposta foi fazer um caminho que passasse pelo Viveiro Manequinho Lopes, onde as crianças pudessem ver as flores dos canteiros, passassem pelas plantas aquáticas, depois fossem ao Labirinto onde esconderíamos algumas pedras coloridas, e depois fizéssemos uma pausa para o lanche aos pés do Ceboleiro. Aproveitamos para apresentá-lo às crianças, uma das árvores mais antigas do parque. No retorno, seria feita a observação do sol, pois uma equipe do planetário, mais precisamente da Escola de Astrofísica, também parte da equipe técnica da UMAPAZ, trouxe um equipamento especial que permite a observação da estrela em sua grandeza e delicada magia, com todos os procedimentos de segurança necessários para que as crianças pudessem ver o sol de “um novo jeito”. Neste segundo encontro, muitas foram as surpresas. Apesar de organizarmos e prepararmos um roteiro, é importante considerar que a beleza que acompanha a criação é dada pelo movimento, pois na vida tudo é movimento, e assim, nesse dia, fomos agraciados pela surpresa do primeiro grupo não ter pego o trânsito com a mesma intensidade do encontro anterior, fato que propiciou a chegada com 30 minutos de antecedência, o que foi maravilhoso. Ganhamos mais tempo, reinventamos o roteiro. Outro fato que chamou atenção foi que as crianças, além da sua alegria intensa, chegaram perguntando “Giovana, qual é a diferença entre sol e solo?” Confesso que me senti desafiada. Quando começamos o trajeto, tivemos a grata surpresa da equipe do Viveiro Manequinho Lopes estar atenta ao fato das crianças ficarem encantadas com a irrigação das plantas; o dia estava quente, foram muitas as brincadeiras e as descobertas com a água! Um dia mexendo na terra, outro sentindo a água. Passamos pelas plantas aquáticas e depois seguimos descobrindo os cheiros das flores, os cheiros que mais agradavam, os que surpreendiam, os pássaros, as borboletas, tudo era vida pulsando. Finalmente chegamos ao Labirinto. O encantamento das crianças foi mágico pela possibilidade de correr, de descobrir as diferentes escolhas dos caminhos de forma lúdica.


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(Experiência sensorial - A alegria de experimentar a sensação da terra molhada- experiência sensorial 2017)


20 | Os quatro elementos como orzanizadores das experiências na natureza Feita a pausa para o lanche, no retorno às dependências da UMAPAZ, aconteceu o encontro das crianças com o equipamento de observação solar. Elas puderam observar as manchas do Sol e os seus movimentos. Tiveram a especial ajuda do professor de Astronomia e Astrofísica da equipe do Planetário do Ibirapuera, João Eduardo de Souza da Fonseca, que pode conversar com as crianças, explicando sobre o Sol e apresentar a opção de o examinar usando um equipamento específico que pode mostrá-lo de modo muito aproximado, mas com todo cuidado para preservação dos olhos. Elas saíram levando consigo as respostas sobre as diferenças entre solo e sol. Ao término da atividade ainda pode-se ouvir muitas delas perguntando sobre o crescimento dos pés de alface e a relação do solo e do sol.

O solo e suas texturas - outubro de 2017 Regidas pela curiosidade das crianças pensamos que seria interessante ir novamente ao Campo Experimental. Organizamos o início desse terceiro encontro com uma visita aos canteiros onde havíamos plantado os pés de alface. Após um momento de observação, com a ajuda do jardineiro, Sr. José, fizemos a remoção das mudas da alface que, para continuar a crescer, precisavam ser transferidas para um novo canteiro. Depois desse processo, as crianças foram convidadas a experimentar com os pés descalços as texturas diferentes que podem ser encontradas no solo. Para isso, foram previamente preparados três espaços com as texturas de areia, pedregulhos e lama. Nessa atividade as crianças foram convidadas a ficarem descalças e com seus pezinhos sentirem o contato direto, as diferentes sensações, temperaturas e texturas que esta variedade de estímulos pode proporcionar. Essa atividade foi um convite para brincar em comunhão com elementos naturais. As duas turmas apresentaram crianças que não quiseram participar, por medo ou sensação de estranheza no contato com a terra. A elas foi feito o convite para explorar o ambiente e brincar livremente. Nesse momento nós, membros das duas equipes pedagógicas, tivemos belíssimas surpresas. Em crianças que antes demonstravam medo da interação com a vegetação local, pudemos observar o florescer da confiança no contato com outrs seres vivos. A utilização dos cinco sentidos pelas crianças é uma forma de manter viva sua curiosidade (ALLEN, 1982), contribui para suas relações e descobertas com o mundo que as cerca.

5. Os quatro elementos emergem como organizadores das experiências na natureza.

“Nossa matriz indígena é guardiã dos valores que cunharam e ain-


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da cunham o chão do nosso território, mantendo nossa relação de profunda interação com a natureza. Ela reverencia a Terra em seus quatro elementos, considerando-os as quatro consciências ancestrais, os quatro seres que formaram nossos pais e teceram nossas capas físicas”. Marilia Amélia Pereira. As vivências ao longo do primeiro semestre do projeto nos permitiram viver dias de sol e calor, dias de vento, de garoa, dias gelados. As experiências na UMAPAZ também previram ajustes impostos pelas condições climáticas, que foram acompanhadas pela equipe. Dessa forma os ajustes foram combinados com antecedência, sempre com liberdade para a flexibilidade. Observar as árvores em dias de ventania, brincar com a água nos dias quentes, fazer lama, coletar folhas secas, experimentar outras instalações do parque em dias mais frios e perceber o calor do fogo. As conversas da equipe pedagógica em torno dessas experiências e oportunidades fizeram emergir a presença marcante dos elementos terra, ar, fogo e água e suas relações com as estações do ano. A possibilidade de estabelecer essas relações nos pareceu tão rica e diversa que a tomamos como estruturante para a organização das propostas, versões seguintes do projeto. Tomamos os meses do ano e as estações para antecipar os períodos mais favoráveis às proposições com cada uma dessas dimensões. Programamos encontros com enfoque em cada elemento, mantendo a habitual abertura para flexibilizar e redefinir caminhos conforme as necessidades e sem deixar de reconhecer que as experiências não acontecem de forma isolada, mas agregadora. Março e abril: experiências com a terra. Maio e junho: experiências com o ar. Agosto e setembro: experiências com o fogo. Outubro e novembro: experiências com a água.

5.1 As experiências com a terra Conectar-se com o solo, com a base na qual a vida acontece, correr sobre a terra e tocá-la com as mãos, observar a vida que faz dela sua morada, sentir as texturas e brincar com a terra, perceber que se pode plantar e que quase sempre o que nela plantamos nasce e nos oferece frutos! O Campo Experimental da Escola Municipal de Jardinagem foi o espaço perfeito para que essa relação acontecesse, um espaço contornado por um gradio, mas amplo e repleto de árvores e jardins, um convite a experimentar os pés no chão.

i ii http://primeirainfancia.org.br/wp-content/uploads/2017/05/ebook_CriancaeoEspaco.pdf http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/08/sao-paulo-e-cidade-mais-influente-da-america-latina-em-ranking-global.html http://primeirainfancia.org.br/criancaeoespaco/eixos/interacao-das-criancas-com-a-natureza-o-que-e/


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(Turma de 2018 – no Campo experimental da Escola de Jardinagem UMAPAZ – Brincando com elementos da terra – no caso com bambu).

(Turma de 2018 – no Campo experimental da Escola de Jardinagem UMAPAZ – Observação das Alleiras / contato com elementos da terra).


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(Turma 2018 - A descoberta de novos tipo de vida – observação do espaço).

(Turma 2018 – Moradores do subterrâneo).

(Turma 2018 – Moradores do subterrâneo).

Uma oportunidade de conhecer e acompanhar um ciclo de germinação completo, de plantar e colher.

O plantio:

O plantio inclui abrir as casinhas das sementes, e fechá-las para que o tempo e o cuidado possam cumprir seu papel e que possam germinar. Como A UMAPAZ compreende a Escola de Jardinagem do munícipio de São Paulo, este projeto tem a possibilidade de contar com o apoio técnico dos jardineiros e dos técnicos que nos ajudaram e pensar nas melhores possibilidades de plantio de forma pedagógica e lúdica que nos ajudaram a pensar no tempo de crescimento e nas atividades de observação do crescimento e do replantio, até o momento da colheita.


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(2018- Na terra preparada o início da vida por meio do plantio – aqui plantio de alface). As sementes ......grãos sagrados com vida escondida em sua pequenez.

2018- O contato com as sementes e seu poder de vida.

2018 – A magia das sementes e o que elas podem nos revelar.


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2018 – O plantio. A prática que acompanha a vida humana. Depois de um mês, aconteceram as atividades do replantio – as mudas ficaram bonitas e prontas para ir morar em casas maiores, então elas precisam ser replantadas para que possam dar seus frutos com vigor. No caso a alface, cresceu e fizemos o replantio.

Depois de observarmos o processo, houve a colheita e as crianças levaram alface para suas casas.


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A colheita: A exploração do espaço sempre foi marca deste trabalho, o tempo livre para viver as curiosidades, as possibiliades que cada espaço pode oferecer. Incluido as possibilidades, de subir , de pular, de escalar lugares possiveis.

(2018 - Explorando novos espaços – poltrona criada a partir de um tronco de árvores – pertence ao mobiliário permanente da UMAPAZ)


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5.2 Experiências com o ar Sentir e perceber o ar em suas diferentes formas de existir, do vento no rosto ao movimento do brinquedo, como fenômeno e representado nas linhas de um desenho. Brincar com o ar é um convite a observar o entorno acontecendo em ritmos e intensidades diferentes, a força e a leveza marcadas no movimento e aguçando sentidos. Parte das propostas que envolveram o elemento ar foram planejadas junto com os técnicos do Planetário e da Escola de Astrofísica do Município de São Paulo. Elaboramos atividades que pudessem provocar essas percepções nas crianças e ilustrar a importância da relação do ar com o ser humano. Uma das atividades mais emocionantes foi o lançamento de foguetes de garrafas pet. Para isso, levamos a turma ao planetário – fizemos uma introdução do espaço e dos objetos que vivem no Espaço, que foi bastante rico somado à pesquisa que as crianças vinham realizando na escola sobre as diferentes explicações para a origem do universo. Momentos de descoberta da relação com Ar - bolinhas de sabão e brinquedos de vento, como os barangandãs ...

2019 – Atividades lúdicas com o elemento ar .


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2019 – Atividades lúdicas com o elemento ar .

Em visita a Escola de Astrofísica do munícipio de São Paulo – 2019.

Em visita a Escola de Astrofísica do munícipio de São Paulo – 2019.


Escola sem Paredes na UMAPAZ | 29 Depois da visita s exposições do Planetário, mas ainda em seu espaço pedagógico , foi o momento de cada criança preparar a capa do seu foguete , com desenhos e o que mais ela achasse interessante .

Em visita a Escola de Astrofísica do munícipio de São Paulo – 2019. Depois a confecção dos foguetes:

Em visita a Escola de Astrofísica do munícipio de São Paulo – 2019.


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E finalmente a parte mais engraçada e fantástica .... o lançamento !!

Em visita a Escola de Astrofísica do munícipio de São Paulo – 2019.

Em visita a Escola de Astrofísica do munícipio de São Paulo – 2019.


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5.3 Experiências com o fogo Elemento fascinante e mágico aos olhos dos pequenos. Queríamos oferecer às crianças a oportunidade de relacionar-se com o fogo em contextos seguros e de observarem seu poder de transformação. Para isso elaboramos experiências com vela, tintas e desenhos. Hábitos ancestrais, como o de armar uma fogueira surgiram de forma espontânea, sem pedir licença as crianças se organizavam para armar, coletivamente, suas “fogueiras sem fogo”.

Uma intenção de fogueira

Bastou um tempinho livre para as crianças descobrirem que os elementos espalhados pelo chão do parque poderiam se transformar numa brincadeira de acampamento. Como dá para fazer fogo? Alguém tem um fósforo? Vamos fazer uma fogueira! Os meninos se encantaram pela ideia de fazer uma grande fogueira e se empenharam nessa tarefa! Não foi nada fácil, exigiu muito esforço e trabalho em equipe. Pedras, paus e folhas secas deram vida à construção das crianças. Terminada a fogueira, as crianças preparam a cabana que seria o abrigo do grupo - debaixo desses galhos fortes, ficariam seguros. Na hora de ir embora a fogueira ainda não estava acesa, mas uma criança fez o anúncio: “Amanhã da manhã vai pegar fogo”. E assim foram embora satisfeitos, de volta para a escola.


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5.4 Experiências com a água Fluida, fresca, quentinha, relaxante, com quantos adjetivos podemos nomear a água? As proposições com água tinham como objetivo ampliar a relação direta das crianças com esse elemento e explorar sua relação com outros elementos e com a vida, observando o surgir dos acontecimentos, as relações de causa e efeito, experimentando a repetição de alguns procedimentos, levantando e testando hipóteses.


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6. O que aprendemos até aqui O período de vivencias dos encontros relatados foi pensado considerando a importância do espaço e do cuidado que cabe aos adultos no processo de mediação do conhecimento de sobre mundo, fundamental no processo educacional.

1. Os espaços: Ressalta-se o papel do poder público na preparação dos parques para receber crianças com segurança e dos educadores para o cuidado necessário às vivências nos ambientes onde as crianças vão explorar novas conexões. Uma lição aprendida é que sempre que uma escola for acessar um espaço público para uma vivência é necessário articular com o gestor do espaço


34 | Oque aprendemos até aqui para que as crianças possam ser recebidas de forma adequada. Parece óbvio, mas muitas vezes as escolas deixam de cuidar desse processo, e esse fato é muito importante porque o gestor do espaço pode auxiliar no preparo do local contribuindo de forma estratégica para adequação dos espaços para as crianças. Neste caso, a UMAPAZ compreende quatro escolas que são denominadas de divisões são elas: Escola Municipal de Jardinagem, Planetários e Escola de Astrofísica, divisão de Formação em Educação Ambiental e Cultura de Paz e divisão de Difusão e Projetos, e neste projeto a articulação interna como os responsáveis dos espaços utilizados foi fundamental , assim como a contribuição técnica dos profissionais de cada divisão foi muito importante para o sucesso do processo. Além de nos ajudar a pensar em alternativas especificas, contribuíram com sugestões de atividades.

2. O registro: As observações e registros do acompanhamento das 45 crianças nos possibilitaram identificar a ampliação do olhar das crianças para a vida e de seu repertorio de sensações, a descoberta da presença de seres vivos – até alguma surpresa com sua manifestação de vida – seres que nem sempre percebidos ou presentes em seus espaços habituais. Estão nos livros, nos desenhos animados, mas muitas vezes com características humanoides, diferentes de sua real existência, como as minhocas por exemplo. Os registros aconteceram por meio de fotos, filmes e anotações - material que foi essencial para nossa percepção e compreensão dos impactos do trabalho. Graças a estes recursos pensamos até mesmo de alterações para a construção de uma nova organização para 2018. Decidimos que em 2018 a crianças chegariam a UMAPAZ e fariam o lanche, seguidos de um minuto de silêncio, prática já vivida pelas crianças no ambiente escolar, mas foi entendido que nesta nova sequência de rotina os efeitos seriam potencializados nas atividades propostas. Foi incentivada a percepção de novos cheiros, sons, texturas de materiais naturais encontrados no chão, contato com terra, lama, água. E a resposta das crianças foi ativa, criativa e prazerosa. O ciclo da vida usualmente não é percebido na realidade urbana, onde os alimentos aparecem no supermercado, na mesa ou no prato, sem que se conheça seu processo de desenvolvimento. O plantio foi uma atividade abraçada com alegria, mas houve alguma frustração com a impossibilidade de colher os resultados imediatamente. Voltar depois para colher o que foi plantado, mas também para observar que havia novas flores, insetos, outra coloração nos canteiros, foi útil para trazer às crianças a importância do tempo no ciclo da vida.

Os impactos

No âmbito da gestão:

O primeiro ponto sobre o impacto desta proposta foi o contato com a beleza da dimensão de possibilidades de fortalecimento das crianças. Portanto, só afirmou a clara vontade por parte das duas organizações da continuidade do projeto como uma ação contínua, por parte das equipes técnicas e das gestoras das duas organizações.


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No âmbito das crianças:

Observou-se até mesmo nas formas de se relacionar em grupo – no primeiro encontro muita ansiedade, empurrões, altercações, agitação. No processo as brincadeiras entre as crianças, embora sempre muito animadas davam espaço também a uma postura mais mais centradas nos elementos encontrados, como folhas, galhos, pequenos animais, flores e, também, mais colaborativas. No campo, novos comportamentos mediados por elementos da natureza foram revelados, comportamentos que não têm, literalmente, lugar, nos espaços construídos, nas residências, instituições, ruas e praças do bairro. Para os educadores Tanto para os educadores da Santi como para os educadores da UMAPAZ, também houve muitos aprendizados. A curiosidade das crianças e as relações que elas conseguem fazer, que resultam em perguntas inusitadas – como a relação entre o solo e o sol – são uma fonte de instigação e de renovação de ideias pedagógicas, impedindo a mera repetição de roteiros e atividades. Para isso, foi essencial ter um planejamento, com flexibilidade suficiente para ser transformado no processo, quer pelas situações da própria natureza, como a mudança do tempo, por exemplo, quer pelas inesperadas e criativas requisições das crianças. A escuta das crianças é um elemento fundamental para, com consistência e cuidado, possibilitar que elas sejam protagonistas de suas próprias experiências. A Educação Infantil pode ser um espaço de possibilidades para experimentações que somadas ao conjunto de estímulos gerados pelo meio no qual a criança está inserida serão referências que podem inspirar muitas decisões na vida de ser humano. O contato desde o início da vida com a natureza proporciona aprendizados sobre os ciclos da vida, sobre os diferentes modos do viver, as formas de convívio respeitoso entre diferentes tipos de vida, o respeito pelo espaço de cada coisa, a magia, a cooperação ética entre as espécies, a harmonia na comunicação entre as coisas vivas que muitas vezes para os seres humanos é um processo tão truncado. A teia da via ensina desde sempre uma ética nas relações, um senso comum de respeito mútuo ímpar. Foi percebido um fluir nas relações e especialmente na ampliação de relações com os diferentes tipos de vida que a princípio vieram embaladas por medos, receios e preconceitos que foram sendo desvelados pouco a pouco. Cuidados com o comportamento e com os resíduos foram sendo incorporados e percebidos pela equipe pedagógica. É um grande desafio cuidar e educar crianças em centros urbanos onde a natureza permanece por detrás das cortinas do trânsito, dos desafios da mobilidade urbana, dos prédios, da falta de espaços nas calçadas, na falta de segurança pública nas praças, dos ciclos ocultos nos produtos dos supermercados, da invisibilidade, exploração ou expulsão de outros seres vivos. Mas, também nas cidades, as crianças continuam sendo crianças, independentemente de nascerem em lares de diferentes classes sociais, e independente das suas etnias. Elas têm direitos e certamente o primeiro deles, garantido pela Convenção dos Direitos da Criança, é o direito à vida. Para isso, elas também carecem do direito de aprender a viver, e neste processo de aprendizagem de vida o contato com a natureza é fundamental. Os parques das cidades são uma alternativa possível e democrática de convivência com a natureza e espaços onde são as possibilidades de convivo com crianças de outras idades e de classes sociais diferentes, sempre muito necessárias para uma formação ética e respeitosa. Escolas, pais e famílias devem e podem buscar que os parques sejam este espaço, onde o convi-


36 | Oque aprendemos até aqui vo seja possível, para isso, é necessário que haja estrutura adequada, certamente uma previsão orçamentaria e boa vontade política. Urge que assumamos o dever de lutar pelos princípios éticos mais fundamentais como do respeito à vida dos seres humanos, à vida dos outros animais, à vida dos pássaros, à vida dos rios e das florestas. Não creio na amorosidade entre homens e mulheres, se não nos tornamos capazes de amar o mundo. A ecologia ganha uma importância fundamental neste fim de século. Ela tem de estar presente em qualquer prática educativa de caráter radical, crítico ou libertador. (FREIRE, 2000, p 67). Na experiência aqui relatada as sensações vividas no espaço puderam dar origem a conversa, descobertas, diálogos sobre valores, e convívio, quando nas brincadeiras surgiam os desafios e as discórdias, muitos momentos de solidariedade, entre os que tinham medo e os mais intrépidos, itens que vividos na sua essência, podem se tornam pilares para a construção de uma convivência pacifica em qualquer lugar em outras fases da vida. Aqui compartilho o pensamento de um poeta brasileiro muito delicado e especial - Manuel de Barros: “Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós.” A construção da confiança entre equipes Importante compartilhar que todas essas vivencias trazem, também para os adultos, novas descobertas. O grupo pedagógico foi se conhecendo e tecendo uma relação de confiança e respeito, essencial para que todos os encontros fossem realizados com qualidade, leveza, encantamento e nos deixou uma forte inspiração para seguir pelo caminho ousando novas aprendizagens.


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7. Galeria de fotos A chegada – Acolhida

O lanche


38 | Galeria de fotos

O silĂŞncio


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As descobertas


40 | Galeria de fotos


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42 | Galeria de fotos

O Brincar Livre


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44 | Galeria de fotos


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vv

46 | Escola sem Paredes

O Fim


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