As aventuras de Karl Marx contra a pulverização pós-moderna das resistências ao capital* MARCELO DIAS CARCANHOLO
O título deste trabalho é, obviamente, uma paródia baseada na obra de Löwy1. Ali, o autor procurava mostrar que todo conhecimento e interpretação da realidade social estão ligados ao que ele chama de “grandes visões sociais de mundo”, ou seja, que a pretensa neutralidade ideológica no trato científico – tão cara à tradição positivista – é uma mera ilusão, mistificação. Neste trabalho, o objetivo é analisar criticamente as bases teóricas do pensamento pós-moderno que levam à defesa de um posicionamento fragmentado e meramente heterogêneo diante da lógica do capital – que, segundo Marx, é, de fato, totalizante e homogeneizadora, ainda que do ponto de vista apenas formal. Na primeira parte, são esboçados alguns elementos do pensamento de Foucault sobre o caráter microdeterminado do poder, o que pode ser identificado como um dos fatores que compõem a gênese da ideia pós-moderna sobre as microcontestações fragmentadas. A segunda visa discutir o caráter dialético dessas microcontestações. Se, por um lado, elas apresentam possibilidades no enfrentamento com a lógica do conteúdo-capital, devido ao fato de que este efetivamente se manifesta nos distintos terrenos da sociedade; por outro, essas lutas fragmentadas possuem limites óbvios ao restringirem-se cada uma
* Os autores agradecem os comentários críticos de João Leonardo Medeiros. 1 Michael Löwy, As Aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen: marxismo e positivismo na sociologia do conhecimento (São Paulo, Busca Vida, 1987).
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