Site de Jacareí em Revista # 1

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Edição 1 l Ano 1 l Abril 2015

Entrevista

CECÍLIA MILITÃO

A Menina que virou Diva

Cantos e

Pelas Ruas

Curiosidades

Crônica

Viveiro Municipal, o sonho do ambientalista Francisco de Moura

Conheça a história do Largo do Bonsucesso, atual Praça Conde Frontin

Família em Alto Astral: os Zonzini e a criatividade em dar nomes aos filhos

“Seu Jonas e os Extraterrestres” por Ludmila Saharovsky

Recantos

de Jacareí


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Editorial

QUANTAS VELINhAS VOCÊ COLOCARIA NO BOLO DE ANIVERSÁRIO DA CIDADE? Site de Jacareí – Em Revista lança sua primeira edição no mês de aniversário de Jacareí. Será mesmo? Cartazes estão espalhados comemorando os 363 anos de fundação da cidade. Nossa, nem parece! São José, tão novinha e daquele “tamanhão”, com somente 247 anos, aparenta bem mais. Pois é, nossa cidade festeja, mas, na verdade, poucos sabem quando ela nasceu. Se soubessem, fariam a festa no dia correto. Para comemorar o aniversário em 03 de abril, Jacareí deveria comprar somente 166 velinhas, já que esta é a data em que se tornou cidade, em 1849. Seria uma boa ideia e uma tremenda economia, pelo menos nas velas. Agora, se quer posar de mais velha, deveria festejar em novembro, mais precisamente no dia 24. Mesmo assim, teria que acertar a idade, pois a Vila foi criada somente em 1653. Portanto, 362 anos. Antes disso é mera especulação. Esta história lembra os costumeiros “causos” em que o pai só registra o filho muito tempo depois do nascimento e

acaba fazendo uma lambança nas datas. Com Jacareí aconteceu o mesmo. Pior! Até hoje discutimos quem é o pai. Benedicto Sérgio Lencioni, ex-prefeito e historiador, garante que Antonio Afonso não é “nem pai, nem herói”. O Arquivo Público Estadual possui o documento histórico da fundação, “um teste de DNA da cidade”. Lá informa que por estas bandas morava Diogo de Fontes que, sabe-se lá, parece ser o verdadeiro pai da Vila de Nossa Senhora da Conceição da Paraíba, ou pelo menos um dos pais. Mas, com tanta coisa importante para cuidar, quem irá se preocupar com estas banalidades de datas? Certamente os responsáveis estarão envolvidos com assuntos mais importantes como saúde, educação, trânsito. A velhice traz tantos problemas, não é? Enquanto o assunto não se resolve, vamos aproveitar e comemorar. Site de Jacareí – Em Revista, com a certeza na frente e a história na mão, vem fazer a hora e entrar nesta festa. PARABÉNS JACAREÍ!

PERSONAGEM PÁGINA - 16

ANTES E DEPOIS PÁGINA - 14

CURIOSIDADE PÁGINA - 13

CULTURA PÁGINA - 12

ENTREVISTA PÁGINA - 10

MEMÓRIA PÁGINA - 8

PELAS RUAS DE JACAREÍ PÁGINA - 6

CANTOS E RECANTOS PÁGINA - 5

Índice

EXPEDIENTE: Site de Jacareí – Em Revista é uma publicação mensal da 3F Comunicação e Marketing Ltda Me. Artigos e colunas não representam necessariamente a opinião da revista. Jornalista: Rodrigo Romero MTB: 42.805 Projeto Gráfico/ Diagramação: Dannyel Leite Foto da Capa: Gláucia Veloso/Piano Filmes Colaboração: Ludmila Saharovsky Pesquisa e Textos: Fernando Romero Prado Impressão: Resolução Gráfica Tiragem: 5 mil Sugestões e Críticas: contato@sitedejacarei.com.br Anuncie Aqui: contato@sitedejacarei.com.br

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FOTO: DIVULGAÇÃO

Cantos e Recantos

MUNICIPAL

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ara muitos ainda é um lugar completamente desconhecido. Muita gente ainda não teve a oportunidade de visitá-lo. E vocês, sabiam que Jacareí tem uma área de 600 mil m², um fragmento da mata atlântica quase no centro da cidade? Pois é, o Viveiro Municipal, um grande espaço verde de propriedade do Estado de São Paulo, é um patrimônio natural pouco visitado pelos jacareienses. Pudera! Só abre de segunda a sexta-feira em horário pouco acessível ao público. Respirar ar puro, ouvir o canto dos pássaros e aproveitar a sombra das árvores acabou sendo privilégio de poucos. Criado pelo ambientalista Francisco de Moura, falecido em 2007, o Viveiro tem como principal objetivo mostrar a importância do verde e a preservação do meio ambiente. O sonho do “seu Moura” era criar ali o “Museu do Mundo” com espécies de várias partes do planeta. Sua dedicação ao espaço foi tão grande que, em breve, uma lei será sancionada dando seu nome à área. O Viveiro possui trilhas ecológicas que podem ser percorridas em passeios programados: há a Trilha das Águas, das Borboletas, da Catedral e a do Anfiteatro. Os percursos duram em média duas horas e os passeios são acompanhados por monitores. Animais como raposas, lagartos e tatus, além das corujas, tucanos e papagaios, também acompanharão seu passeio, só que embrenhados na mata. Outros destaques do lugar são o plenário ao ar livre, a catedral gótica construída de bambus e um taquaral apropriado para piqueniques. Tudo isso sem contar as doze nascentes que ajudam a abastecer o rio Paraíba do Sul e um casarão histórico

FOTO: ARQUIVO DE FAMÍLIA

VIVEIRO

O ambientalista Francisco de Moura, criador do Viveiro Municipal de Jacareí que está sendo recuperado. Ah! Logicamente por ser um “viveiro”, ali também são produzidas mudas de árvores e plantas ornamentais. Palestras são realizadas mensalmente para trocar conhecimentos científicos e populares das plantas medicinais ali cultivadas. Você sabe quais os benefícios do “chá de pata de vaca”? Veja só ! O Viveiro Municipal também pode proporcionar este conhecimento. O Viveiro Municipal de Jacareí fica na rua Theófilo Teodoro Rezende, 39 - Campo Grande. Aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h e das 13h às 16h. Para percorrer as trilhas é necessário agendamento (3953-6822). SITE DE JACAREÍ - EM REVISTA l

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Pelas Ruas DE JACAREÍ

Praça Conde Frontin, centro da cidade. O “marco zero”¹ está ali, perto da igreja, soterrado pelo progresso. Carros buzinam, ônibus trafegam lotados e anônimos passam apressados desconhecendo sua história. O que era um terreno alagadiço, cheio de buracos, no início do século passado foi se transformando aos poucos. No século XIX ali foi construída uma pequena capela pelo Ajudante Braga. Ficava ao lado de sua residência, onde muitos anos depois se estabeleceu o Cine Rio Branco. O local passou a ser conhecido como Pátio ou Largo do Bom (Bão) Sucesso. Ainda era a periferia da cidade, já que o centro comercial ficava lá pras bandas do Largo da Quitanda, atual Largo do Riachuelo. Na época em que Pompílio Mercadante era prefeito, por volta de 1914, um fluminense chamado André Gustavo Paulo de Frontin, nascido em Petrópolis em 1860, era engenheiro e diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil. O Conde Frontin, título recebido do Papa Pio X em 1909, cedeu centenas

FOTOS: ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL

Praça Conde Frontin

de vagões de terra e pedra para firmeza daquele solo, cortado pelos trilhos da Estrada de Ferro. O Largo então recebeu seu nome. Justa homenagem. Durante alguns anos o local teve outro nome: João Pessoa, tributo ao “presidente” da Paraíba, André Gustavo Paulo de Frontin, vice de Getúlio nas eleio Conde Frontin ções de 1930, assassinado naquele ano. O fato é uma das causas de uma revolução que depôs Washington Luis. A praça Conde Frontin permaneceu por muito tempo acanhada, tendo apenas arbustos e gramados. Somente em 1936, o novo jardim público foi inaugurado pelo prefeito Hélio Navarro da Cruz. De um lado, a praça ficou um espetáculo: o projeto executado por especialistas portugueses usou pedras pretas e brancas em seu piso, formando mosaicos. Uma linda pérgula central era enfeitada por primaveras. Do outro lado dos trilhos, trecho da antiga Estrada Velha Rio – São Paulo, o coreto era o destaque. Terminada a II Grande Guerra, o prefeito Antonio Alves de Carvalho Rosas reformulou o jardim plantando, obviamente...rosas. Neste novo espaço foi assentado o monumento em homenagem aos expedicionários. A partir daí, outras obras se sucederam: pérgulas foram colocadas em ambos os lados; fonte luminosa lançava águas coloridas enquanto os rapazes flertavam com as mocinhas que faziam o footing. Tudo isso tendo ao fundo o serviço de som do cinema ou da Organização Comercial. Mas o tempo passou. O trem que passava, desviou. Os trilhos ficaram obsoletos e foram retirados numa grande obra em 2003. A agilidade do trânsito tomou o lugar dos passeios tranquilos de outrora. Foi-se a praça com fonte, coreto e jardim, restando somente as lembranças que ficarão guardadas para sempre. ¹ - Marco Zero – Centro geográfico da cidade, a partir de onde todas as distâncias são estabelecidas.

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FOTO: ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL

Memória

NO TEMPO DOS BARÕES Na época que existiam barões na cidade, o Largo da Matriz abrigava aquela que pode ser considerada a mansão de maior vulto já existente no Vale do Paraíba. O palacete construído em meados do século XIX tinha 2.100 m² e 24 quartos. Francisco Lopes Chaves, o 1° Barão de Santa Branca, seu proprietário, era um rico fazendeiro de café e faleceu em 1884. No ano seguinte, seu filho, o 2° Barão, que curiosamente tinha o mesmo nome do pai, adquiriu com outros três sócios a fábrica de meias de Luis Simon. A empresa foi instalada no palacete e ali ficou durante 33 anos, tendo vários sócios e no-

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mes, tornando-se a conhecida Malharia Nossa Senhora da Conceição somente em 1918. A empresa teve um grande período de prosperidade, contando com 300 operários, diversos teares e máquinas de costura. Em 1936, as instalações naquele belo prédio já não atendiam as necessidades de produção. A fábrica então se mudou para a Rua Barão de Jacareí, no prédio do atual Shopping Center. O palacete acabou demolido em 1939 para a tristeza dos futuros moradores da cidade que podem somente conhecê-lo por meio de fotos antigas.


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FOTO: GLAUCIA VELOSO/PIANO FILMES

Entrevista

A MENINA QUE VIROU

DIVA Em Jacareí ela é considerada “diva”, uma estrela da nossa música. Por sua bela e poderosa voz, o termo, usado inicialmente para adjetivar as notáveis cantoras de ópera, também celebra as mulheres brilhantes, incomuns. Como toda diva, ela também foi além das convenções. Acreditou e fez acontecer. Cecília Militão realmente é tudo isso. É uma joia nascida e criada em nossa cidade, bem longe da Polinésia Francesa, fonte natural das raras pérolas negras. É com ela a primeira entrevista do Site de Jacareí – Em Revista.

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SITE DE JACAREÍ - EM REVISTA: Como se sente sendo semana, passava a estudar a melhor forma de interpretá-la. Tichamada de diva? nha que dar 110% de mim, pois devo ao público o máximo da CECÍLIA MILITÃO: Extremamente honrada e feliz. A respon- minha dedicação e respeito. Tento sempre fazer o melhor. O sabilidade aumenta pois o público merece sempre o melhor. resultado deixo pra Deus. SJR: O caminho foi árduo. Como tudo começou? SJR: Ainda acha importante participar de competições CM: Aos oito anos comecei a cantar com minha mãe em musicais, como a “Máquina da Fama”? Sente-se constranum coral de igreja. Desde então, não parei: aos 14 anos já “fa- gida sendo submetida a jurados ou o risco vale a pena? zia” casamentos e lá se vão vinte anos cantando em cerimôCM: Hoje, aos 35 anos, encaro como experiência e aprennias, formaturas, festas, enfim, buscando meu espaço ao sol. dizado. Sempre busco algo novo, aprendendo com as críticas SJR: Jacareí é uma cidade repleta de talentos. É difícil e vibrando com os elogios. Vejo sempre o lado positivo: a TV viver de música? tem sua magia e vale a pena para o currículo. Além do mais, CM: Realmente, temos talentos incom certeza, vou ter boas histórias pra críveis! Pessoas de valor artístico ímpar. lembrar. Viver de música não é fácil, mas com SJR: Você é eclética ao cantar. Isso garra, talento e persistência, todo aré uma exigência para ser crooner de tista pode dar a volta por cima e seguir banda? em frente. CM: Sou intérprete e gosto de canSJR: Antes de se dedicar exclusitar vários estilos. Não acredito que devo vamente à musica, você teve outras me prender a um só. Faço Pockets Shoprofissões? ws onde posso dar um toque diferente CM: Sempre cantei, mas por um em canções conhecidas e é interessantempo trabalhei no ramo de hotelaria. te ver várias gerações cantando junto Era muito envergonhada e esta expee descobrindo o novo. Na verdade, riência foi maravilhosa e me ajudou a gostaria que todos, não só a mídia, mas vencer a timidez. também o público, tivessem a mente SJR: Voltando a sua infância, você aberta, dando espaço pra tanta coisa deu muito trabalho à Dona Maura? bacana que temos. Todo profissional, CM: Segundo minha mãe, não [riindependente da área, quer o sucesso, sos]. Fui uma criança tranquila. Fiz molequer viver do seu trabalho e dele ter cagens normais. Brinquei muito, cantei seu sustento. muito! Foi uma infância maravilhosa! SJR: Desde quando está na Banda SJR: Fale de sua vida escolar. Onde Palace? estudou? Que professores marcaram CM: Estou na Palace há oito anos e sua vida? graças a Deus tenho a oportunidade de Cecília despertou para a música ainda criança CM: Fui bolsista no Colégio Adventrabalhar com pessoas maravilhosas, tista e depois estudei no [Escola Estaque dividem comigo a mesma paixão dual Francisco Gomes da] Silva Prado. Tive ótimas experiências pela música, pela arte e pelo palco. Tenho muito orgulho, hone professores maravilhosos. Eu nunca esquecerei a professora ra e gratidão por fazer parte desta equipe de quase trinta pesVanilde da 1ª série que, além de ser um doce de pessoa, me soas, todas importantíssimas para o sucesso da Banda. ensinou o bê-a-bá! Eu tive grandes educadores, cada um com SJR: Atualmente, quem faz a sua cabeça? seu jeito particular, mas acredito que todos contribuíram muiCM: Além da minha comadre Déa Narita em Jacareí e da to com minha formação. Edilene Esteves de Taubaté que cuidam do meu cabelo [risos], SJR: Em 2001, o quadro “Novos Talentos” no Faustão sou mega fã do Djavan, Elis Regina, Beyoncé, Michael Bublé deu grande impulso em sua carreira. Como aconteceu? e estou apaixonada pelo Lucas Lucco a partir do momento CM: Foi uma experiência maravilhosa! Meu primeiro con- que vi a relação dele com a família. Não posso deixar de citar tato com a TV e tudo o que ela pode proporcionar. A ansieda- meu querido técnico Daniel, minha mãe, além de Deus que de era grande, mas tinha que confiar. Pude conhecer pessoas sempre foi meu centro e meu norte. e profissionais incríveis de diferentes regiões do país, todos SJR: Falando um pouco de sua vida pessoal, está nalutando pelo mesmo objetivo. Eu acredito muito em Deus e morando atualmente? Quem vai cantar e qual será a muassim tudo aconteceu quando tinha que acontecer. sica em seu casamento? SJR: Muitos anos depois, na mesma emissora, você parCM: [Muitos risos]. Solteira, porém acredito que todo ticipou do programa “The Voice Brasil”. Aliás, junto com mundo tem sua metade. Tô esperando a minha! Tenho tansua colega Maysa Ohashi, da Banda Palace. Como foi esta tos amigos para cantar no meu casamento que terei um coexperiência? ral. Quanto à música, adoro “Correnteza” e “Eu sei que vou CM: Foi uma grande e feliz surpresa participar junto com te amar”, do Tom Jobim. Também amo “Intermezzo Cavalleria a Maysa, que além de notável profissional, é um ser humano Rusticana”. São tantas! maravilhoso, com um brilhantismo na interpretação digno de SJR: Qual sua opinião acerca de temas polêmicos uma grande estrela. Foi espantoso por sermos da mesma cida- como racismo, crise política e ética? de, da mesma banda. Quanto ao programa, todo o processo CM: Minha opinião é simples: no dia que o respeito vier é bem rígido e muito bem programado. Técnicos, assistentes, em primeiro lugar, a vida será bem melhor! candidatos, produção, direção, músicos, enfim, todos nós queSJR: Deixe uma mensagem para a cidade de Jacareí. ríamos um show bonito. Eu particularmente foquei naquilo CM: Minha casa, meu recanto, minha paz. Meu amor, mique gostaria que as pessoas vissem, de como meu trabalho nha gratidão, minha cidade de tantos encantos. Minha Jacareí, seria lembrado. A partir do momento que recebia a música da para sempre! SITE DE JACAREÍ - EM REVISTA l

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FOTO: DIVULGAÇÃO

Cultura

Sonhadores DAS Artes

Todas as pessoas, em algum momento da vida, sonham em ser, ter ou conquistar alguma coisa. Umas vezes almejam um emprego ou a casa própria; outras vezes buscam simplesmente encontrar um grande amor. Um grupo de artistas de Jacareí também teve um sonho: construir um espaço de arte e cultura na cidade, um local independente, um ponto de encontro. Sonharam e conseguiram. Em 2014 foi criado o Espaço das Artes Carlos Guedes, homenagem ao artista que sempre conseguiu transitar em todas as áreas da cultura, tal qual a proposta do novo espaço “multidisciplinar e transversal, que interage, conver-

ge e convive com diversas expressões artísticas”. Desde sua inauguração, este novo ponto cultural já apresentou um variado cardápio de atividades como teatro, cinema, literatura, música e artes visuais, dentre tantas outras opções. Em 2015, foi lançada a campanha “Amigos do Espaço das Artes Carlos Guedes” de financiamento colaborativo por meio do site Unlock. Para apoiar o espaço acesse: www. unlock.fund/pt-BR/espacodasartes O Espaço das Artes Carlos Guedes fica na Rua São Jerônimo, 311, Jardim das Indústrias. Para conhecer a programação cultural, acesse a página no Facebook ou o blog www.espacodasartescarlosguedes.wordpress.com

ossos do ofício

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o andar por Jacareí, nem todos prestam atenção nos pequenos comércios, nos acanhados estabelecimentos em que trabalham barbeiros, alfaiates, relojoeiros ou sapateiros. Infelizmente, estes ofícios, exercidos desde há muito tempo, estão se modificando ou simplesmente desaparecendo devido à tecnologia ou ao consumismo do mundo atual. Foi com o olhar voltado para esses profissionais que o Núcleo Audiovisual de Jacareí teve a ideia de produzir a websérie “Ofícios de Jacareí”. O projeto teve início em maio de 2014, quando, na pré-produção, foram pesquisadas várias profissões e levantados mais de vinte possíveis “personagens”. Sete deles foram escolhidos para os primeiros episódios: Manoel dos Santos (alfaiate), José de Souza Camargo (consertador de rádio), Valter Pereira dos Santos (sapateiro), Hugo de Siqueira Rosa (barbeiro), Luiz Luciano (relojoeiro), Pedro Paulo de Melo (tipógrafo) e Gilmar Pinto de Oliveira (cabeleireiro). Segundo o produtor executivo, Wagner Rodrigo, o projeto faz um recorte atual da vida dos mestres que ainda vivem desses ofícios. “Além do registro destas profissões que podem desaparecer, a websérie busca homenagear e dar voz a essas pessoas que têm oportunidade de contar suas histórias”, complementa 12

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FOTO: DIVULGAÇÃO

Dannyel Leite, diretor deste trabalho cultural. “Ofícios de Jacareí - Websérie”, realizado pela Borandá - Audiovisual e Núcleo Audiovisual de Jacareí, é um projeto contemplado pela LIC - Lei de Incentivo à Cultura de Jacareí com incentivos da Fibria e com apoio da Fundação Cultural José Maria de Abreu e Prefeitura Municipal de Jacareí. Assista a série pelo canal youtube.com/oficiosdejacarei ou na TV Câmara Jacareí.


Curiosidade

FAMÍLIA em alto astral

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arece enredo de novela das sete da Rede Globo, mas, coincidência ou não, aqui em Jacareí há uma família cujo patriarca deu aos filhos nomes de locais da América. Nos anos 20 do século passado, numa das esquinas dos “Quatro Cantos”, numa casa de taipa, em estilo colonial, Rinaldo Zonzini mantinha, junto a sua residência, um armazém de secos e molhados. Carolina, sua esposa, deu à luz uma numerosa prole de vinte e um filhos. Vivos restaram dez que, curiosamente, foram chamados de Bolívia, Brasil, México, Américo, Nova York, Montevideo, Chile, Colômbia, Rio Grande e Paraguai. Rinaldo Zonzini foi um imigrante que “fez a América” e sua família ajudou a construir a cidade que vemos hoje.

FOTO: ARQUIVO DA FAMÍLIA

Família Zonzini (1912), da esquerda para a direita: Brasil, Carolina, Bolívia, Rinaldo, Chile, Américo, Rio Grande, Montevideo e Nova Yorque. Paraguai ainda não havia nascido

Casa Zonzini (pintura de José Carlos Cruz). Atualmente no local está instalada uma drogaria

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FOTO: ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL

Antes e Depois

parece o museu mas não é... Você sabia que este prédio antigo ficava na esquina da Rua da Prainha FOTO: ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL com a Rua do Capim? Ah! Aposto que O prédio foi destruído em 1945 por um incêndio quando ali funcionava uma fábrica de caixinhas de papelão tampouco sabia que as ruas acima são as atuais Lamartine Delamare e Antonio Afonso (que um dia já foi Rua Direita). Este casarão, sempre confundido com o prédio do Museu de Arqueologia (MAV) era a residência do 1° Barão de Jacareí, Bento Lúcio Machado. Sua esposa, a baronesa Joaquina Angélica de Toledo Barreto, já viúva, teve ali morte misteriosa após tomar uma xícara de café. A casa era muito grande, tendo fundos para o Rio Paraíba do Sul. Aliás, a mudança do leito do rio causou uma grande desavença com o Coronel Gomes Leitão. Tempos depois, o prédio feito em taipa serviu ao Gymnásio Nogueira da Gama. Na parte superior do sobrado ficavam os dormitórios dos alunos. Imaginem: havia um viaduto que ligava FOTO: SITE DE JACAREÍ este setor à escola do Professor Lamartine, dando segurança ao ir e vir dos Agência do INSS em Jacareí estudantes. O imóvel também recebeu algumas de incêndio que destruiu o imponente prédio. No processo de modernização da Previdência Social, os IAP’s foram funindústrias, entre elas a Vizetti em 1931. edifício. O terreno foi adquirido pelo IAPI - didos, criando-se o INPS – Instituto NaQuando ali funcionava a fábrica de caixinhas de papelão de João Machado, mais Instituto de Aposentadoria e Pensões cional da Previdência Social, hoje INSS, precisamente em 1945, houve um gran- dos Industriários que ali construiu novo Instituto Nacional do Seguro Social. 14

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Personagem

“Cavalo de Aço” FOTOS: ARQUIVO DAFAMÍLIA

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a década de 1970, os jacareienses tiveram o privilégio de ver de perto um grande atleta defendendo as cores do Trianon Clube. Para a criançada que frequentava o clube, o que mais chamava atenção era estar ao lado daquele gigante. Mas o lendário Bira não era somente um gigante em sua altura. Este grande esportista será sempre lembrado por sua contribuição decisiva em favor do crescimento e divulgação do basquetebol em todo o país. Ubiratan Pereira Maciel nasceu em São Paulo em 18 de janeiro de 1944. Esportista, sonhava ser jogador de futebol. No entanto, treinando salto em altura no Espéria, foi inesperadamente convidado a jogar basquete. Em pouco tempo tornou-se um dos maiores pivôs que já passaram por nossas quadras. Jogou pelo Corinthians, Palmeiras, Sírio, Tênis Clube de São José e Splugen Birra, de Veneza, Itália. Na seleção brasileira foi campeão mundial em 1963 e medalha de bronze nas Olimpíadas de Tóquio em 1964. Com 1,99 m de altura, tinha uma enorme força física, o que lhe valeu o apelido “Cavalo de Aço”. O “Rei do Tapinha” também

chamava atenção por seus ganchos de canhota. Com grande impulsão, era imbatível nos rebotes e tomava conta do garrafão. Em Jacareí, cidade que adotou como moradia, atuou pelo Trianon, conquistando os vice-campeonatos estaduais de 1972/73, sendo vice-campeão brasileiro em 1973. No final da carreira também foi técnico da equipe e chegou a disputar algumas partidas mesmo sem ter condições físicas. Dava, assim, mostras de grande amor pela cidade. Aposentado das quadras, Ubiratan foi professor de educação física e funcionário do Ministério da Educação e Cultura, em Brasília. Numa carreira longeva e dedicada exclusivamente ao basquetebol, fez em 2001 sua última atuação em quadras defendendo o Brasil no Mundial Sênior na Iugoslávia. Lá, para sua surpresa e alegria, foi ovacionado e aplaudido de pé pela torcida. Em 2002, após sérios problemas cardíacos, faleceu em 17 de julho, aos 58 anos, no Hospital das Forças Armadas. Sepultado em São José, deixou quatro filhos: Birinha, Luciano e Paula, de seu casamento com Orlandina Maciel, e Ana Rita do casamento com Deusa. Sua trajetória profissional foi coroada de forma póstuma: foi homenageado internacionalmente como um dos principais nomes da história do esporte, integrando, em 2009, o Hall da Fama da Federação Internacional de Basquete e no ano seguinte o Hall da Fama do basquetebol americano.

Conheça outras histórias de Jacareí acessando:

www.blogdejacarei.com.br

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Sociedade

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odas as pessoas têm grande importância na formação de uma sociedade. A atuação individual não pode ser analisada superficialmente. Todos são iguais apesar da própria sociedade tentar fazê-los desiguais.

Roberto, da Constâncio Organização Contábil (13 de Abril Dia do Office-boy)

Flávio, da Organização Contábil Pereti (25 de abril Dia do Contabilista)

M Maria Eloisa (7 de abril - Dia do Jornalista)

Tenente coronel Paulo Henrique, Major Ismael e Major Sadi (21 de abril - Dia do Policial Militar)

Joana D’Arc, há mais de 25 anos com a família Sper (27 de Abril - Dia da Empregada Doméstica)

O maior portal sobre Jacareí: História, Cultura, Notícias, Fotos e agora Revista.

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Crônica

SEU JONAS E OS EXTRATERRESTRES

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por Ludmila Saharovsky

inguém sabe como tudo começou. De repenO fato é que a história mexeu com a população mais te, não se falava de outra coisa: a cidade rece- do que se poderia esperar, principalmente com a moçada! bera a visita de extraterrestres. Não fora o priÀ noite ninguém mais conseguia dormir. Grupos orgameiro caso. Vez em quando, sem que ninguém nizavam-se em vigília e perscrutavam o céu noturno com soubesse como ou por que, as comadres reu- binóculos, lunetas, óculos de grau. Qualquer vidro de auniam-se nos portões e passavam o dia comentando sobre os mento encontrava serventia! tais dos “marcianos”. A história poderia parecer até meio confusa, não tivesO tempo passava, o povo esquecia o fato, mas, desta vez se surgido a notícia de que seu Jonas tinha em seu poder a história aconteceu logo com o seu Jonas, o boticário mais uma prova de seu rapto. Uma prova incontestável da exisrespeitado do pedaço. Contou ele que vira luzes piscando tência dos ETs. e se aproximando de seu jardim, na neblina da madrugada Os chefes de redação dos jornais da vizinhança entraram que o pegara insone, observanem delírio e colocaram na rua seus do a Mantiqueira da janela de rapazes com a ordem expressa de seu quarto. municiarem o povo com revelações A história poderia parecer até meio Naquela época, todos acrediassombrosas que, alimentando o tavam em tudo, principalmente ideário comum, vendiam periódiconfusa, não tivesse surgido a notícia quando nada acontecia. cos feito pipoca. Seu Jonas aparecia de que seu Jonas tinha em seu poder Eis que a notícia do disco voestampado nas primeiras páginas, uma prova de seu rapto. Uma prova ador começou a ganhar corpo, tornando-se assunto obrigatório em incontestável da existência dos ETs de mansinho, como as grandes todas as esquinas, na mesa do bar do epidemias que se espalham, seu Manuel, na quitanda da Marocas, aparentemente, vindas de lugar na barbearia do Aleixo, nos progranenhum! O fato é que seu Jonas mas de auditório das emissoras de fora raptado por uma nave redonda, enorme, bem na porta rádio e estaria, com certeza, na TV se essa já existisse! de sua casa localizada na principal praça da cidade, ao lado O tempo passava e a tal da prova nunca que era apresenda Igreja Matriz e de frente à Câmara Municipal. “Onde foi tada, até que, pelo diz que me diz, pelo sim e pelo não, o povo que ela pousou?” “Pousou nada! Ficou parada no ar e me pu- passou a crer que ela fora mostrada sim, e que provocara um xou para dentro!” choque geral. Os mais enfáticos chegaram a jurar que seu JoTudo começou com as luzes no céu, que ele saiu para ver nas tornara-se portador de poderes paranormais, a partir do mais de perto, de pijama e de chinelas. Esquecera até de apa- tal objeto que os marcianos lhe confiaram. Filas de crédulos nhar o inseparável boné para proteger a calva do sereno. começaram a formar-se em frente à sua botica em busca de A cidade dormia o sono dos justos. Nenhum cachorro sem solução para os mais variados males. Ele resolvia desde olho dono ou bêbado vadio serviu de testemunha. Nenhuma dama gordo, unha encravada, queda de cabelo, até amores imposda noite perambulava pela quadra, quando o brilho materia- síveis e aleijões. lizou-se num funil, ofuscando-o, hipnotizando-o, suspendenHoje seu Jonas empresta o nome à principal avenida da do-o no ar e depois...Depois não se recordava de coisa alguma! cidade. Lembram os antigos que fora um personagem ilustre, Os mais velhos garantiram que seu Jonas estava variando. um ser humano ímpar, um homem caridoso. Ele nunca mais fora o mesmo, com a partida de dona ConQuanto à história dos extraterrestres...mas quem foi que ceição para o além. Não dizia coisa com coisa, tornara-se disse que eles existiam? recluso e antissocial, e agora vinha com essa patacoada Eu que não fui! sem pé nem cabeça! Disco Voador na cidade e logo na Praça da Matriz! Onde é que já se viu? *Ludmila Saharovsky é escritora, artista plástica, cronista e poeta 18

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parabenizamos JacareĂ­ pelo seu aniversĂĄrio e temos orgulho de fazer parte dessa histĂłria



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