ALGARVE INFORMATIVO #92

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ALGARVE #92 INFORMATIVO 21 de janeiro, 2017

Saberes e Sabores Leôncio e Lena Trail Running Casa Modesta #Deixa-te de Merdas

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Conteúdos

#92, 21 de janeiro de 2017

8 - #Deixa-te de Merdas 14 - Atualidade 28 - Saberes e Sabores 42 - Algarve Trail Running 52 - Casa Modesta

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60 - Leôncio e Lena 68 - Pintor Sebastião Fortuna

OPINIÃO 6 - Daniel Pina

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34 - Paulo Cunha 36 - José Graça 38 - Mirian Tavares 40 - Augusto Lima 52

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Não nos odeiem pelo que escrevemos… Daniel Pina

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ntem, como de costume, fui levar a Margarida à escola e, enquanto esperava pelo toque de entrada, a professora abeirou-se de mim e perguntou-me se a funcionária com quem ela estivera a falar tinha alguma coisa contra mim. Eu olhei para a pessoa em questão e respondi que não sabia, que nunca tinha sequer falado com ela. “É estranho, ela faz cá uma cara cada vez que o vê”, explicou a docente. “Olhe, se calhar não gostou de alguma das minhas crónicas ou de alguma notícia que publiquei”, avancei eu, sem fazer a mínima ideia a que se deveria tal aversão à minha pessoa. O jornalismo é assim. É daquelas profissões que pode gerar grandes simpatias ou antipatias sem que nós o saibamos. Porque os jornalistas deixaram de ser figuras anónimas cujo nome aparecia no início ou no fim de um texto publicado num jornal ou revista. Hoje, em virtude do boom da imprensa online e das redes sociais, nomeadamente do Facebook e do Twitter, perdemos o anonimato de outros tempos e se, pelo meio, também escrevermos algumas crónicas, com a nossa fotografia ali pespegada ao texto, então aumentam as probabilidades de sermos reconhecidos pelos leitores mais atentos. Nada disto constituiria um problema se os portugueses não tivessem a mania de misturar as águas, de meter a vida profissional e pessoal no mesmo pacote, de elaborar um perfil psicológico de alguém simplesmente por causa de algo que ele ou ela escreveram ou publicaram. No caso das crónicas, isso até poderia ter alguma razão de ser, já que estamos a colocar naquelas palavras os nossos pensamentos e opiniões, mas concordarmos com um texto não implica que passemos a adorar o seu autor, do mesmo modo que discordarmos de uma opinião não requer que passemos a odiar essa pessoa. Mas pronto, como, durante o mês de agosto, deixei-me embalar pela silly season e escrevi algumas crónicas um tanto ou quanto parvas, ou

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desmioladas, é possível que tenha ganho alguns «ódios de estimação», mesmo que, na hora da verdade, esses haters não me conheçam pessoalmente. Mais difícil é para mim compreender quando essas azias nascem de notícias publicadas nos nossos órgãos de comunicação, quando estamos simplesmente a transmitir informações de interesse geral para a sociedade. Dou o exemplo concreto do novo IKEA que está a nascer entre Faro e Loulé e do qual, como jornalista que sou de profissão há quase duas décadas, já publiquei meia-dúzia de notícias no último ano e meio. A reação é sempre a mesma, nomeadamente de pequenos empresários do comércio local, que me perguntam logo quanto dinheiro me estão a pagar os suecos para fazer publicidade à sua marca, e por que razão não publico também notícias da loja de sofás do Ti Joaquim ou da loja de cortinados da Avó Maria. Bem sei que, em certos órgãos de comunicação social, a linha que separa o departamento comercial da redação é bastante ténue e que, às vezes, nem sequer existe, mas eu nunca misturei esses assuntos. Mas vá-se lá meter na cabeça de algumas pessoas que jornalismo é uma coisa e publicidade é outra. Assim como, na política, quando não damos destaque às notas de imprensa da oposição a enxovalhar os presidentes de câmara, nos acusam logo de sermos uns vendidos, que só publicamos o que interessa aos poderes instalados porque eles fazem publicidade. Felizmente que, nos últimos tempos, tenho sentido mais a reação inversa e é rara a semana em que não me telefona algum entrevistado a agradecer o trabalho que foi publicado, a dizer que o texto ficou bastante profissional, sem deturpações, sem invenções ou tomadas de posição da parte do jornalista. Mas, claro, há-de haver sempre alguém que não concorda com alguma crónica ou notícia, mas isso faz parte do jornalismo moderno… .


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#Deixa-te de Merdas Um livro contra os amores fúteis e descartáveis

Marlene Romão e Carla Sequeira lançaram, no dia 7 de janeiro, em Olhão, «#Deixa-te de Merdas», obra que reúne desabafos e conselhos de quem não desistiu de acreditar no amor e não se vergou a uma época onde proliferam os amores descartáveis, tipo «pastilha elástica», de mascar e jogar fora.

Texto: Fotografia:

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em nome sonante, chamativo, a que é impossível ficar indiferente. De acordo com as autoras, Marlene Romão e Carla Sequeira, ambas naturais de Olhão, «#Deixa-te de Merdas» nasceu de discussões numa mesa cheia de poucas pessoas, de horas de conversas triviais sobre as bagagens que todos

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carregamos, fruto de uma geração mergulhada nos receios dos amores fracassados e que, por isso, vive relações onde a virtualidade torna tudo fugaz e vazio. Primeiro, cresceu nas redes sociais, agora viu a luz do dia no formato nobre do papel, pela chancela da Chiado Editora, tendo sido apresentado ao público, no dia 7 de


janeiro, na Cidade da Restauração. “Tudo hoje é demasiado virtual, desvinculado, porque as pessoas deixaram, basicamente, de acreditar no amor como ele era antigamente. As relações tornaram-se descartáveis, em que hoje está tudo bem e amanhã já não interessa e vai cada um para seu lado”, descreve Marlene Romão em início de conversa.

Com Marlene a residir em Olhão e Carla em Gibraltar, o projeto ganhou força nas redes sociais, nomeadamente numa página do Facebook, onde milhares de pessoas depressa se identificaram com os desabafos, reflexões, conselhos das duas jovens e começaram a partilhar as suas próprias #92 ALGARVE INFORMATIVO

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experiências. “Num ano alcançamos os 16 mil seguidores e ficamos com a ideia de que isto poderia dar origem a um livro”, indica a professora, recordando uma época em que as pessoas acreditavam que os sentimentos eram, de facto, para a vida e lutavam por isso. “Isso mudou no passado recente, porque a oferta é imensa e também há várias formas de procurar alternativas. Tornou-se bastante fácil começar e terminar um relacionamento, tudo ficou banal. Se não estou bem com alguém, há muitos outros que me podem dar aquilo que eu quero naquele determinado momento”, analisa. Relacionamentos duradouros que, na época dos nossos pais e avós, começavam no liceu e iam ganhando maturidade com o decorrer dos anos, ou através de contatos regulares no emprego, na vizinhança. “Agora, são relações «expresso», mal se conhecem, assumem logo um relacionamento. Dizem ter encontrado o amor das suas vidas quando, por vezes, é apenas uma questão de atração física. Olhamos para alguém e achamos-lhe piada mas, à medida que vamos convivendo com ela, apercebemo-nos que, afinal, ela não tem nada a ver connosco”, aponta Marlene Romão, descrevendo as redes sociais e alguns sítios de internet como verdadeiros «catálogos» de possíveis relacionamentos. “Acabamos por colecionar ilusões e desilusões. Criamse rapidamente expetativas acerca de pessoas que não conhecemos de lado nenhum, depois ficamos desiludidos e passamos ao próximo do catálogo.

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Antigamente, as pessoas entregavam-se de forma diferente”, desabafa. Outro problema dos relacionamentos de origem virtual é que os homens e mulheres não se assumem como são na realidade, criam um boneco, uma imagem, consoante os objetivos que pretendem alcançar. “As pessoas usam máscaras, quer seja por receio de não serem aceites como são, ou por não gostarem mesmo daquilo que são. Cada vez nos preocupamos mais com o que os outros pensam de nós e, em prol disso, esquecemo-nos do nosso verdadeiro «eu». Seguemse padrões e isso desvirtua as individualidades”, avisa a coautora de «#Deixa-te de Merdas». Uma forma de encarar os relacionamentos que seria mais própria dos adolescentes, por ainda estarem na fase de perceberem aquilo que realmente querem na vida, aquilo que efetivamente gostam, mas Marlene Romão observa muitos trintões e quarentões a adotarem os mesmos padrões de comportamento. “Isso é ridículo. As pessoas já têm filhos, que arrastam para novas relações, confundindo e misturando vidas, para mudar tudo outra vez ao fim de alguns meses”, critica a olhanense, que se mostra preocupada com o facto de os jovens iniciarem relacionamentos sérios cada vez mais cedo. “É o resultado do fácil acesso à informação, ao que acontece ao seu redor, sem que haja


quaisquer filtros. Como não têm maturidade para compreender determinados valores, limitam-se a copiar o que veem na televisão ou na internet. Ao mesmo tempo, a nossa geração optou por ser o pai «cool», que é mais amigo do que pai, provavelmente porque tivemos uma educação demasiado rígida. Não ter tempo para ajudar os filhos com os trabalhos de casa não é algo que se vá repercutir seriamente no futuro, mas não prestar atenção a outras questões pode ter consequências graves”, alerta a entrevistada. Maus exemplos, e sem filtros, chegam também de alguns programas de entretenimento da televisão, onde

perfeitos estranhos já andam «enrolados» uns com os outros ao fim de poucas semanas de convívio. “Aí, o importante é serem o foco, chamarem a atenção, serem famosos, nem que seja por más razões”, lamenta. Matéria para escrever sobre este assunto, infelizmente, está visto que não falta e passar os conteúdos da página de Facebook para um livro foi um processo relativamente fácil. “O que ali está escrito faz parte da vida de todos nós, muitos seguidores partilhavam connosco as suas vivências, parecia que conhecíamos as suas histórias reais”, diz-nos Marlene Romão, não sentindo

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qualquer bloqueio da parte do cidadão anónimo nesses seus desabafos. “Se calhar isso acontecia porque não nos conheciam pessoalmente, pois é mais fácil partilhar esses pormenores com um desconhecido do que com um amigo. Também é mais fácil falar do que sucede na vida do vizinho, criticarse o que os outros fazem, dizer que nós fazemos tudo bem, nem que seja apenas uma fachada”, admite Marlene Romão. O livro foi lançado no início de janeiro e arranca agora a fase de promoção, com apresentação, no dia 4 de fevereiro, em Lisboa, na sede da Chiado Editora. Isso não impede, porém, que a página do Facebook continue bastante ativa, havendo, inclusive, material suficiente para um segundo volume do «#Deixa-te

de Merdas». “A questão que se coloca é se vamos continuar a escrever sobre este tema ou se vamos divergir para outro campo. O livro começa com uma parte onde se pretende que o leitor perceba os erros que cometeu, por que razão as relações falharam, por que motivo não foram felizes para sempre. Depois, salta-se para o uso e abuso das relações, para a descartabilidade das pessoas e dos sentimentos, onde nós somos seres quase perfeitos e os outros são meros figurantes. O objetivo final é que as pessoas se deixem, efetivamente, de merdas, que desejem algo diferente, que se queiram entregar, de corpo e alma, a uma relação séria e feliz”, conclui Marlene Romão .

As autoras Marlene Romão e Carla Sequeira durante a apresentação do livro na Sociedade Recreativa Progresso Olhanense, com a professora Maria Moura e um representante da Chiado Editora ALGARVE #92

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LAGOA ALIA-SE À NOS PARA SER UMA CIDADE INTELIGENTE

Manuel Ramalho Eanes, administrador da NOS, e Francisco Martins, presidente da Câmara Municipal de Lagoa

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Câmara Municipal de Lagoa e a NOS Comunicações S.A. assinaram, no dia 17 de janeiro, um protocolo de colaboração com vista a tornar-se a primeira cidade inteligente do Algarve. O documento, rubricado pelo edil lagoense Francisco Martins e pelo administrador da NOS Manuel Ramalho Eanes, determina a partilha de informações e de conhecimento em áreas de interesse comum pelas duas partes, a realização de iniciativa conjuntas e a divulgação de soluções específicas nas áreas das «Smart Cities». “Estava na altura de fazermos um upgrade e darmos um salto em frente em termos de gestão do município e faltava-nos o parceiro certo com todo o conhecimento necessário para esse fim”, referiu o autarca. Francisco Martins lembrou que o município já tem vindo a realizar algumas experiências em ALGARVE #92

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termos de eficiência na gestão da frota de recolha do lixo e com contadores de água inteligentes, que serão agora integrados no novo sistema. Por sua vez, Manuel Ramalho Eanes saudou a coragem do município de Lagoa ao dar um passo decisivo para a construção do futuro. “É um projeto pioneiro, queremos que seja um enorme sucesso e ao serviço dele vamos colocar toda a nossa competência e tecnologia, para que garanta, aos cidadãos, uma cidade mais inteligente, mais próxima deles, e que seja capaz de antecipar e resolver os seus problemas”, frisou o administrador. De acordo com Manuel Ramalho Eanes, a NOS está a desenvolver uma plataforma que tem previstas quatro camadas essenciais, sendo a primeira delas a criação de um sistema de visualização integrada das ocorrências de cada município aderente, entre as quais a eficiência


energética e a gestão da recolha de resíduos sólidos. “Vai-se poder ver, em tempo real, o que está a acontecer nestas duas vertentes, bem como fornecer aos cidadãos a possibilidade de reportarem problemas, que serão devidamente reencaminhados para os serviços adequados à sua resolução. Outras áreas poderão ser acrescentadas a esta plataforma para serem vistas, tratadas e geridas de forma integrada”, explicou. Francisco Martins sublinhou a importância destas ferramentas para se monitorizar o que vai acontecendo em todo o concelho, de forma a se tornarem os recursos humanos, materiais e financeiras mais eficazes, sendo Lagoa o primeiro município algarvio a aderir ao projeto, à semelhança do que já tinha sido feito pelo concelho de Oeiras. “Esperamos que outras autarquias comecem a fazer, com velocidade e assertividade de decisão, este caminho connosco porque, quanto mais podermos aprender em conjunto, mais rápido este caminho global se tornará, e mais benefícios cruzados resultam para todos os envolvidos”, acrescentou Manuel Ramalho Eanes. Em termos físicos, o protocolo vai concretizarse numa «sala de comando», que ficará instalada, para já, no secretariado da FATACIL. Assim que a aplicação móvel estiver disponível ao público em geral, qualquer pessoa poderá reportar ocorrências ao sistema. “No exemplo concreto de uma pequena rutura num sistema de rega, vários cidadãos observam o que se está a passar mas, se nenhum comunicar a situação, ela vai arrastar-se enquanto os serviços camarários não a detetarem e, com isso, perdem-se inúmeros metros cúbicos de água. Com o aplicativo, a pessoa tira uma fotografia com o telemóvel, o sistema é imediatamente avisado, o alerta é encaminhado para o serviço competente e o problema é resolvido mais rapidamente”, descreveu Francisco Martins. O presidente da Câmara Municipal de Lagoa avisou, contudo, que, para que existam «cidades inteligentes», também é necessário haver «cidadãos inteligentes». “É fundamental que as pessoas entendam que isto tudo é delas,

independentemente de quem estiver a gerir o concelho neste ou naquele momento. O grande objetivo é, não só resolvermos, mas prevenirmos que ocorram determinadas situações e isso implica ter serviços otimizados”, considerou Francisco Martins, adiantando que o protocolo agora assinado poderá funcionar como uma «montra» para a própria NOS. “Qualquer colega autarca poderá visitar a nossa sala de comando e conhecer este projeto, do mesmo modo que eu fui a Oeiras. Se, depois, algum quiser adequar o sistema à sua realidade concreta, ótimo, porque assim ficamos todos a ganhar. Não sinto prazer nenhum em ter mais ou menos perdas de água do que o meu vizinho”, assegurou o edil lagoense. O protocolo tem dois anos de vigência e o serviço deverá estar operacional no espaço de dois a três meses, a partir do qual poderá ler os dados fornecidos pelos sensores ligados à rede de abastecimento de água e monitorizar a recolha de resíduos sólidos. Depois, as possibilidades são quase infinitas, acredita Manuel Ramalho Eanes. “Pode ir desde videovigilância inteligente em zonas críticas do concelho à monitorização e otimização de todos os recursos/equipas da câmara municipal. O potencial é enorme”, garantiu o administrador da NOS. “Identificamos as áreas que consideramos prioritárias, mas haverá um envolvimento dinâmico de todos os serviços do município para que isto ande para a frente. É preferível ir devagar e otimizar cada aplicação, do que começar logo com 20 e não tirarmos o devido partido delas”, indicou, por sua vez, Francisco Martins. Manuel Ramalho Eanes chamou ainda a atenção para a vantagem de se criarem ligações entre diversos serviços e com entidades externas à Câmara Municipal de Lagoa ao se lidar com as situações comunicadas pelos cidadãos. “É um processo altamente transformacional que tem um mérito muito maior do que o centro de comando em si. Simplesmente por dar este passo, entendo que Lagoa já se torna uma cidade mais inteligente”, concluiu o administrador da NOS .

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ALCOUTIM ATRIBUI HABITAÇÃO SOCIAL EM REGIME DE RENDA APOIADA

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Câmara Municipal de Alcoutim aprovou, no dia 11 de janeiro, a lista final do concurso de atribuição de seis fogos de habitação social municipal em regime de renda apoiada. Cumprindo criteriosamente todas as imposições legais que estabelecem o novo regime do arrendamento apoiado para habitação (Lei nº81/2014, de 19 de dezembro), bem como o recentemente aprovado «Regulamento Municipal de Atribuição e Gestão de Habitação Social, em Regime de Renda Apoiada», que veio permitir uma maior equidade e eficiência na gestão do património habitacional municipal, o referido concurso, aberto a 27 de julho de 2016, tem por objetivo arrendar três habitações em Vaqueiros e três em Alcoutim. Foram admitidos a concurso cinco candidatos para as habitações localizadas em Alcoutim, ALGARVE #92

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tendo um deles desistido, e dois candidatos para as habitações de Vaqueiros, pelo que apenas foram atribuídas cinco habitações das seis a concurso. O contrato, visando a formalização do arrendamento entre o Município de Alcoutim e os candidatos a quem foram atribuídos os fogos, será celebrado pelo prazo de 10 anos, renovando-se automaticamente por períodos sucessivos de dois anos, desde que se mantenham os pressupostos que justificaram o arrendamento ao agregado em causa. Os fogos destinam-se exclusivamente a residência permanente dos agregados familiares aos quais são atribuídos, não podendo ser-lhes dado outro fim. Os titulares da ocupação do fogo e o respetivo agregado familiar deverão igualmente manter residência permanente na habitação que lhes estiver atribuída .


ALJEZUR INAUGUROU GABINETE DE APOIO À VÍTIMA

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oi oficialmente inaugurado em Aljezur, no dia 20 de janeiro, o novo Gabinete de Apoio À Vítima, com a presença da Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino. O GAVA insere-se na estratégia de Combate à Violência Doméstica e de Género, apresentando-se como uma resposta territorializada na área da violência, em harmonia com o V Plano Nacional de Prevenção e Combate à Violência Doméstica e de Género (2014-2017). No âmbito da estratégia nacional foi assinado entre a Secretaria de Estado para a Cidadania e a Igualdade e 16 outras entidades, entre as quais os Municípios de Aljezur e de Odemira e a TAIPA, um Protocolo para a implementação de uma Estratégia de Combate à Violência Doméstica e de Género, nos concelhos de Aljezur e Odemira. Este novo espaço irá funcionar em instalações municipais e era há muito uma vontade do Município de Aljezur, não só pela ausência de uma resposta de proximidade às vítimas, mas também pela necessidade de intervir articuladamente no âmbito da formação, sensibilização e

aprofundamento do conhecimento com todas as entidades governamentais com competência em matéria de proteção social, educação e segurança, envolvendo ainda outros parceiros locais de carater não-governamental, mas que no terreno estão também envolvidas com esse desígnio. O GAVA, que já existia no concelho de Odemira, passa a estar disponível também em Aljezur com uma equipa técnica adequada, de apoio às vítimas de violência doméstica e de género, com pessoal técnico e administrativo necessário ao seu funcionamento, da responsabilidade da TAIPA. As vítimas terão apoio técnico, psicológico e de advocacia, que estará disponível pelo menos uma vez por semana e também em situação de emergência. O Protocolo assinado com a SECI, além de prever a criação e funcionamento dos Gabinetes de Apoio à Vítima nos dois concelhos, prevê ainda a realização de campanhas de sensibilização para a comunidade e as escolas e de um Plano Intermunicipal para a Igualdade, que envolverá o Município de Odemira e o Município de Aljezur .

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VENCEDORES DO IV CONCURSO DE PRESÉPIOS DO CONCELHO DE LOULÉ JÁ SÃO CONHECIDOS de «Presépio Tradicional Algarvio». Na categoria «Presépio Tradicional Algarvio», a grande vencedora foi Sónia Mendez Nunes, obtendo a pontuação mais elevada do total de presépios a concurso. A Associação Amigos do Alentejo / Universidade Sénior de Loulé foi a vencedora na categoria «Presépio Tradicional Português», seguida de Matilde Ricardo (segunda classificada) e de Lia Borges (terceira classificada). Foram ainda atribuídas Menções Honrosas aos presépios apresentados por Fernando Martins e pela Casa da Primeira Infância.

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ecorreu, no dia 10 de janeiro, na Sala Polivalente da Alcaidaria do Castelo, em Loulé, a cerimónia de entrega de prémios referente ao IV Concurso de Presépios do Concelho de Loulé. A iniciativa foi promovida pela autarquia louletana e pretendeu estimular a criatividade dos participantes, ao mesmo tempo que procurou relembrar e encorajar uma das mais tradicionais expressões da cultura popular associada à quadra natalícia – a construção do presépio. O concurso contou com a participação de 14 presépios nas categorias de «Presépio Tradicional Português» e de um na modalidade ALGARVE #92

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O júri foi constituído pelo Padre Carlos Aquino (em representação da Paróquia), por Anabela Guerreiro (colecionadora), Andreia Pintassilgo e Susana Melro (designers) e Luísa Martins (coordenadora da Equipa de Projeto da Cidade Educadora e da Promoção da Cidadania da Câmara Municipal de Loulé). Os premiados receberam entradas duplas em eventos e espetáculos organizados pela Autarquia, publicações e lembranças do Concelho: 1.º prémio – um bilhete duplo para os três dias do Festival MED 2017 e publicações da Câmara; 2.º prémio – dois bilhetes duplos para dois espetáculos no Cine-Teatro Louletano e publicações da Câmara; 3.º prémio – um bilhete duplo para dois espetáculos no Cine-Teatro Louletano e publicações da Câmara. Todos os concorrentes receberam Certificados de Participação e lembranças da Autarquia .


VALE «+ NATALIDADE» CONTINUA A APOIAR FAMÍLIAS SÃO-BRASENSES

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executivo municipal de São Brás de Alportel aprovou por unanimidade, no dia 11 de janeiro, dar continuidade à execução do Vale «+ Natalidade», medida que apoia a natalidade mediante a entrega de vales no total de cem euros por cada nascimento ou adoção que seja registado no concelho. Em 2016, foram atribuídos 47 vales «+ Natalidade» para utilizar em quase duas dezenas de estabelecimentos de comércio local na aquisição de bens e produtos para os novos cidadãos. O Plano de Apoio à Família «Vale +» abrange uma outra medida de apoio, os vales «+ Educação», destinados aos alunos do 1.º e 2.º ciclo do concelho, no valor de 20 euros para os alunos do 1.º ano e de 30 euros para os alunos dos restantes anos do 1.º ciclo e do 2.º ciclo. No ano de 2016 foram abrangidos cerca de 600 alunos. Neste momento, a autarquia encontra-se a preparar o lançamento de uma terceira medida deste plano, com a atribuição de apoios na área da saúde, nomeadamente na área da oftalmologia, de modo a ajudar as famílias a melhorar a sua qualidade de vida e o bem-estar de todos. Também seis jovens são-brasenses prosseguem estudos no Ensino Superior com o apoio da Câmara Municipal de São Brás de Alportel. Três ingressam pela primeira vez neste ano letivo 2016/2017 no Ensino Superior, iniciando uma importante caminhada na construção de um futuro mais promissor - Catarina Rosa Martins, aluna de Música na Universidade de Évora e Cristina Oliveira Coruche, estudante de

Arquitetura na Universidade de Lisboa e Paulo Guerreiro Martins, aluno da Universidade de Évora no curso de Medicina Veterinária. Simultaneamente três bolsas concedidas em anos anteriores são renovadas, nomeadamente a Andreia Filipa Martins Adriano, estudante de Educação Social na Universidade do Algarve, Laura Cunha Sancho, aluna de Gestão da Universidade do Algarve e a Marília Guerreiro Martins, a frequentar o curso de Medicina da Universidade de Lisboa. A atribuição de bolsas de apoio a alunos do Ensino Superior envolve uma análise criteriosa das candidaturas apresentadas, considerando a situação social e financeira da família do jovem e os resultados escolares alcançados nos anos precedentes, como prova da dedicação e empenho em prosseguir os seus estudos. Com esta iniciativa, a Câmara Municipal de São Brás de Alportel pretende valorizar a aposta na educação e no ensino, enquanto ferramentas cruciais para a formação de cidadãos conscientes e devidamente informados para enfrentar os desafios profissionais que surgirão no futuro .

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LAGOS ADOTA ESTRATÉGIA DE ADAPTAÇÃO ÀS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS

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PO SEUR - Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos, formulado em 16 de dezembro de 2014, surge como um dos programas criados para a operacionalização da Estratégia Portugal 2020. No âmbito do Aviso-Concurso destinado ao Planeamento em Adaptação às Alterações Climáticas, 17 candidaturas foram aprovadas, a nível nacional, sendo Lagos uma delas. A candidatura refere-se ao «Plano Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas de Lagos (PMAACL)», no valor de 36 mil e 900 euros, e terá três fases, devendo estar concluída em dezembro do corrente ano. A primeira fase será de avaliação e cenarização climática municipal, conhecimento atual e futuro na região e concelho; a segunda fase prende-se com a análise, identificação dos impactos climáticos, avaliação da capacidade adaptativa, vulnerabilidades atuais e futuras com análise sectorial; por fim, a última fase diz respeito à definição e avaliação, programa de medidas / ações de adaptação, quadro de monitorização e ALGARVE #92

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gestão do Plano e Integração do plano no planeamento local. A dotação financeira disponível para este Aviso era de três milhões de euros e foram submetidas ao mesmo 23 candidaturas. Depois de todas as candidaturas analisadas foram aprovadas 17, resultando num total de Fundo de Coesão atribuído no valor de dois milhões, 906 mil e 229,77 euros. Recorde-se que Portugal assumiu o objetivo de reforçar as capacidades de adaptação às alterações climáticas, contribuindo para a implementação da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas (ENAAC), que tem como objetivos: i) atualizar e promover o conhecimento sobre as alterações climáticas e avaliar os impactes; ii) avaliar a capacidade de adaptação e priorizar a implementação de medidas; e iii) promover a integração da adaptação às alterações climáticas nas políticas públicas e setoriais de maior relevância e nos principais instrumentos de planeamento territorial a nível nacional, regional e local .


REQUALIFICAÇÃO URBANA AVANÇA EM LAGOA E PARCHAL

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Requalificação da Rua Infante Sagres – EN125, no Parchal, é uma intervenção estruturante que pretende dignificar a malha urbana envolvente, com a reabilitação e qualificação do espaço, nomeadamente do atravessamento da Vila do Parchal, na sua vertente rodoviária e que aglutina complementarmente os troços da antiga EN 125, não só dentro do núcleo urbano como também na zona compreendida entre a designada «Rotunda do Lidl» e a Ponte Velha sobre o Rio Arade. Nesse sentido, foi aprovada a abertura de procedimento por concurso público para a sua execução, abrangida no Plano Plurianual de Investimentos de 2016, estimando-se o seu custo em 285 mil e 924,28 euros (acrescidos de IVA à taxa legal em vigor), com o prazo máximo de quatro meses.

Incluída nas obras que a Câmara Municipal de Lagoa pretende desenvolver em todo o concelho no corrente ano está igualmente a Requalificação do Percurso Pedonal Carvoeiro/Rocha Brava – Passadiços e Apoios, que visa desenvolver uma proposta de criação de zonas de estar, miradouros e zonas de apoio numa área muito apreciada por quem visita este território. Foi, assim, aprovada a abertura de procedimento por concurso público para essa empreitada, com o custo estimado de 284 mil e 543,36 euros (acrescidos de IVA à taxa legal em vigor) e com o prazo máximo de quatro meses de execução .

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«365 ALGARVE» SEGUE EM ALTA

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m apenas três meses, o programa «365 Algarve», que visa dinamizar o destino turístico ao longo do ano, reforçando a oferta cultural existente, somou 191 apresentações, impactando 19 mil e 273 pessoas, sendo que 25 por cento são turistas estrangeiros. Apostando num cartaz cultural identitário e criativo, com concertos, teatro, dança, exposições, artes visuais, gastronomia, novo circo, entre outros, o programa pretende abarcar iniciativas que cativem todos os gostos. “O 365 Algarve é um programa diversificado e bastante completo, que não se confina aos espaços tradicionais. A sua multiplicidade temática e artística tem vindo a enriquecer a programação cultural dos 16 municípios do Algarve por onde se estende este programa”, refere Dália Paulo, Comissária de Programação. Nestes primeiros três meses, o 365 Algarve percorreu 15 dos 16 concelhos do Algarve, envolveu 64 locais e contou com a colaboração de 19 parceiros, entre organizadores, agentes culturais locais, públicos e privados e municípios. “Felicitamos todas as entidades e parceiros que se têm unido em prol da intensificação da oferta cultural, de forma consistente, criativa e ALGARVE #92

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inovadora, através da qual se tem conseguido diminuir a sazonalidade e aumentar a programação cultural da região. Até maio deste ano o Algarve estará repleto de atividades que prometem surpreender residentes e turistas”, evidencia Desidério Silva, Presidente da RTA. O programa de eventos vai continuar a surpreender, destacando-se, já no próximo mês de fevereiro, a estreia mundial do concerto a quatro mãos para piano por Mário Laginha e Armando Mota, no âmbito do 1.º Festival Internacional de Piano do Algarve, que terá lugar no dia 18 de fevereiro, no Teatro Municipal de Portimão. O irreverente «ALQUIMIA – Itinerâncias Culturais», é outro evento em destaque no cartaz do «365 Algarve», uma proposta cultural que oferece ao público experiências que enriquecem e intensificam a vivência do lugar. A gastronomia também terá destaque no final de fevereiro, pelas mãos do Chef Antoine Westermann, que irá organizar uma Semana Gastronómica, no Museu de Portimão, no âmbito do projeto «Fazer Render o Peixe em Portimão» .


VILA DO BISPO RECEBE REFORÇO DE VERBAS DO PADRE

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Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, presidiu, no dia 19 de janeiro, à cerimónia de assinatura do protocolo dos termos de aceitação da atribuição de um apoio adicional, do Programa Operacional Regional do ALGARVE 2020, ao Município de Vila do Bispo. Na sequência da reprogramação do Plano de Ação de Desenvolvimento de Recursos Endógenos (PADRE) está previsto o apoio financeiro no valor total de 560 mil euros a Vila do Bispo, para apoiar duas ações de requalificação em espaços públicos, uma na Praça da República de Vila do Bispo e outra na Praça da República em Sagres, intervenções que se estima implicar um investimento total de um milhão de euros, pelo que o valor restante será suportado pela autarquia.

Na ocasião, o Presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Adelino Soares, agradeceu o excelente trabalho desenvolvido pela CCDR Algarve, Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) e Governo, enaltecendo ainda a prontidão com que o assunto foi resolvido. Por último, considerou que esta situação garantia uma maior equidade entre os municípios da região do Algarve. A cerimónia contou ainda com a presença do Secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nelson Souza, do presidente da CCDR Algarve, Francisco Serra, e do presidente da AMAL, Jorge Botelho. O PADRE é cofinanciado pelo Programa Operacional Regional do Algarve – CRESC ALGARVE 2020, ao abrigo do Acordo de Parceria PORTUGAL 2020 .

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PEDRO MARQUES ANUNCIOU LANÇAMENTO DA VARIANTE DE OLHÃO

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Ministro do Planeamento e Infraestruturas esteve, no dia 20 de janeiro, em Olhão, para anunciar o Concurso de Estudo Prévio da Variante de Olhão. No Salão Nobre dos Paços do Concelho, Pedro Marques adiantou que esta obra tão ansiada pela população da região será uma realidade em 2019, e terá um custo de cerca de 5,6 milhões de euros. Uma vez concluída a Variante, o trânsito passará a efetuar-se por esta nova via, ficando a Avenida João XXI, troço da Estrada Nacional 125 que atravessa Olhão, reservada a quem se desloque dentro do perímetro urbano. A vinda do governante a Olhão inseriu-se num périplo pelo Algarve, onde Pedro Marques anunciou obras estruturantes para a região, entre as quais a Variante de Olhão, mas também, e sobretudo no que diz respeito ao Sotavento, intervenções na Estrada Nacional 125 até Espanha. A agenda contemplou ainda uma visita ao Aeroporto de Faro, cujas obras ficarão terminadas em breve, e o anúncio da conclusão da eletrificação da linha ferroviária no Algarve. ALGARVE #92

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Perante uma plateia que incluía toda a equipa do Ministro, responsáveis da Infraestruturas de Portugal, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, Comunidade Intermunicipal do Algarve e autarcas da região, o Presidente da Câmara Municipal, António Miguel Pina, sublinhou a importância desta obra para o concelho, quer do ponto de vista da eliminação de constrangimentos ao tráfego que não se coadunam com o atravessamento de uma cidade, quer do ponto de vista do desenvolvimento e consolidação do tecido urbano da cidade. “Para os olhanenses, o Senhor Ministro é hoje um Rei Mago, que veio trazer a Olhão uma boa-nova da maior valia para a nossa região, um anseio e uma necessidade antigos, que agora vê a luz do dia”, salientou o autarca. Para Pedro Marques, a cerimónia era de grande importância para a região e inseria-se no propósito de dar um sinal claro de que a mobilidade no Algarve é uma prioridade para


este Governo. “Para este Executivo, não há algarvios de primeira e algarvios de segunda, pelo que este conjunto de intervenções no Sotavento é tão importante e prioritário como as intervenções que já vêm acontecendo na região do Barlavento”, sublinhou o Ministro do Planeamento e Infraestruturas. Pedro Marques destacou ainda o papel do Presidente da Câmara Municipal na delineação do que virá a ser esta Variante. “Os olhanenses podem ter a certeza que o seu Presidente trabalhou pelos interesses da sua população”. De acordo com o presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), António Laranjo, estas intervenções na EN 125 entre Olhão e Vila Real de Santo António “são fundamentais para garantir a segurança e a fluidez do tráfego, bem como a eliminação de pontos negros”, decorrentes da elevada velocidade de circulação dentro dos perímetros urbanos atravessados por esta via e da própria degradação do piso. O responsável da IP adiantou que o Anúncio do Concurso de Estudo Prévio da Variante de Olhão foi publicado no dia 19 de janeiro, no Portal do Governo, o primeiro passo de um processo que culminará em 2019.

extensão de seis quilómetros, sete rotundas, duas vias em cada sentido de trânsito e uma velocidade base de projeto de 80 Km/hora. O projeto contempla o «aproveitamento» e requalificação de alguns troços de vias municipais. Uma vez concluída a fase do Anúncio do Concurso de Estudo Prévio, seguir-se-á o processo de Concurso, que demorará entre três a quatro meses. Após esta fase, haverá lugar aos Estudos de Impacto Ambiental e à elaboração do projeto de Execução, “uma fase que será efetuada pela IP internamente, para conferir maior celeridade ao processo”, adiantou António Laranjo. A previsão do Governo nesta altura é que o lançamento da empreitada aconteça no quarto trimestre de 2018, aguardando-se o início das obras no terreno já em 2019. Associado a esta construção, haverá lugar à requalificação do troço da EN 125 entre Olhão e a ligação à A22, numa extensão de 1,5 Km. Serão feitas intervenções ao nível do piso, da sinalização, da drenagem e do próprio estacionamento. O objetivo é integrar este troço no centro urbano de Olhão. Esta obra ficará concluída já no início de 2018 .

Na prática, este troço, que permitirá circundar todo o perímetro urbano de Olhão, terá uma

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VOLTA AO ALGARVE TERÁ TRANSMISSÃO TELEVISIVA EM DIRETO PARA TODA A EUROPA

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43ª edição da Volta ao Algarve em Bicicleta, que vai realizar-se entre 15 e 19 de fevereiro, será transmitida em direto para toda a Europa pela cadeia televisiva internacional Eurosport. Em Portugal, a corrida poderá ser vista no canal desportivo e também na TVI 24. A prova terá uma hora diária de transmissão em direto para 55 países e 68 milhões de lares, reforçando a divulgação de um grande espetáculo desportivo e mostrando ao mundo a região do Algarve e o seu potencial enquanto território turístico e velocipédico. A transmissão em direto será possível graças ao investimento da Região de Turismo do Algarve e da Associação Turismo do Algarve, em parceria com o Turismo de Portugal, que encaram a Volta ao Algarve, organizada pela Federação Portuguesa de Ciclismo, como um extraordinário meio de promoção internacional da região. O apoio dos municípios que recebem as partidas e chegadas foi também importante para que se desse este passo decisivo para o crescimento da Volta ao Algarve. O direto televisivo irá potenciar ainda mais a capacidade de penetração mediática global da Volta ao Algarve, um evento que, em 2016, sem transmissão, registou a presença de mais de 100 jornalistas e que motivou a publicação de mais de mil peças jornalísticas em 27 países. A 43.ª edição Volta ao Algarve será disputada por 200 corredores, em representação de 25 equipas. Estarão presentes algumas das maiores estrelas mundiais da modalidade. Entre as equipas participantes contam-se 12 do WorldTour, a Liga dos Campeões do ciclismo. A corrida terá cinco etapas e um total de 772 quilómetros. A primeira etapa, entre Albufeira e Lagos, terá 182,9 quilómetros, sendo uma ALGARVE #92

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oportunidade para os velocistas. No segundo dia os corredores vão completar 189,3 quilómetros, entre Lagoa e o alto da Fóia. A meta coincide com um prémio de montanha de primeira categoria e será o primeiro teste aos candidatos à camisola amarela. A terceira etapa é um contrarrelógio individual de 18 quilómetros, em Sagres. Os sprinters terão nova oportunidade no final da quarta jornada, uma viagem de 203,4 quilómetros, entre Almodôvar e Tavira. A quinta e derradeira tirada liga Loulé ao alto do Malhão, uma chegada coincidente com uma contagem de montanha de segunda categoria, onde se decidirá a competição .


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SABERES E SABORES EM TORNO DO COGUMELO A Associação de Cozinheiros e Pasteleiros do Algarve dinamizou, no dia 15 de janeiro, o primeiro «Saberes e Sabores», na Casa Modesta, em Quatrim do Sul, e o cogumelo cardo foi o grande protagonista do evento. Texto:

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Casa Modesta, unidade de turismo rural de excelência localizada em Quatrim do Sul, no concelho de Olhão, foi a escolhida para a sessão inaugural do «Saberes e Sabores», evento criado e dinamizado pela Associação de Cozinheiros e Pasteleiros do Algarve com o intuito de valorizar os produtos regionais, partilhar saberes e promover o convívio entre profissionais de cozinha, pastelaria, empresas e produtores. O momento foi coordenado pelo Chefe Augusto Lima, presidente da ACPA, e teve como estrela principal ALGARVE #92

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Augusto Lima, presidente da ACPA, Carlos Fernandes, da Casa Modesta, e Artur Filipe Gregório, coordenador da Rota da Dieta Mediterrânica

o Cogumelo do Cardo, produzido pela «Portugalgourmetfood» e utilizado pelos vários cozinheiros em receitas que fizeram as delícias dos muitos participantes. A acompanhar as sugestões dos chefes estiveram igualmente os néctares da «Sense Wines» de João Machado e os vinhos «Flor do Tua» de António Boal. A intenção da organização é levar a cabo um «Saberes e Sabores» por mês, neste ou noutro local de excelência, num ambiente informal, alegre e divertido para propiciar a confraternização entre os profissionais desta classe. “O ALGARVE #92

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desafio era que cada cozinheiro elaborasse um prato com este ingrediente em particular, o cogumelo cardo, e diversificasse o seu modo de confeção e temos aqui muitas técnicas, desde as mais tradicionais às mais recentes, como a cozinha em baixa temperatura. Estão aqui presentes profissionais tarimbados, com vasta experiência e que muito têm feito pelo desenvolvimento do nosso Algarve, e outros em início de carreira”, descreveu Augusto Lima, confirmando que a Associação de Cozinheiros e Pasteleiros do Algarve pretende ser um polo agregador de pessoas que lutam por um interesse comum. “Queremos ajudar a classe a crescer através de formação contínua e assumindonos como um porto seguro para que todos se possam associar a nós”, reforçou o presidente da entidade.

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Homenagear a vida, em vida Paulo Cunha

medida que os «velhos amigos» se iam reencontrando à porta da igreja onde jazia o corpo do defunto que se preparavam para velar, iam aumentando também os comentários sobre aquele que carpiam. Qualquer transeunte que por perto passasse ficaria com a sensação que o morto deveria ser alguém muito querido daqueles que então lhe teciam os maiores louvores, destacando todas as suas qualidades humanas e profissionais. Com tantos adjetivos e predicados, quase parecia alguém preste a ser entronizado ou até beatificado, tais as manifestações de apreço, carinho e admiração após a sua morte. Frases como “A vida são dois dias!”, “Não somos nada!”, “Estamos nas mãos do criador!”, “Ainda tinha tanto para dar!”, “Coitado(a), era tão boa pessoa” e “Chegou a sua hora!” davam o mote ao tom de lamúrias que fazem parte destas manifestações coletivas onde, de repente, todos parecem acordar para a dura realidade que é perder alguém de quem se gosta!

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Sendo o cerimonial atrás descrito, aquilo que nos habituámos a ver à medida que a vida nos vai descontando os dias que ainda nos faltam, aproximando-nos assim da inevitável finitude, tento reconhecer quem se esconde na hipocrisia da «última homenagem». Gente que em vida não arranjou tempo para os vivos e que, entretanto, lamenta que a morte lhes tenha roubado a oportunidade que no passado enjeitaram; gente que em vida expressou e salientou apenas os defeitos, para - na morte - encontrar só as qualidades; gente que em vida deixou que a inveja e a cobiça pautassem e interferissem nas suas relações profissionais e pessoais para - na morte - tecer as maiores considerações e elogios. Enfim… gente que não convidaríamos para o nosso funeral!

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Por isso não consigo entender aqueles que deixam para amanhã, tudo aquilo que podem (e devem) fazer hoje!? Todos os dias nos levantamos sem saber se, por vontade própria, nos voltaremos a deitar. Sendo a morte o mais certo que a vida nos dá, continuo a ter alguma dificuldade em compreender todos aqueles que prescindem de alimentar as suas relações afetivas em nome dum enriquecimento material efémero. São os tais que serão recordados por terem passado pela vida sem que a vida por eles tenha passado. Cada vez me convenço mais que são as boas memórias que cá deixamos que nos propiciarão a vida para além da morte. A falta que cá fizermos será preenchida por recordações onde os conselhos, ações e exemplos de vida marcarão a nossa presença no quotidiano de quem connosco privou. Mais do que os bens materiais, serão a imaterialidade e a espiritualidade dos afetos trocados em vida que deixarão a marca em quem cá ficar. Essa sim, a maior herança que podemos aspirar legar a quem nos ama e nos quer. Em vez de lamentar o que não foi dito nem feito em vida, não seria bem mais proveitoso, compensador e consequente mostrar o quanto gostamos de todos os que, como nós, deixarão também um dia o mundo dos vivos? É natural que se chore a dor de os ver partir, mas de uma coisa podemos ter a certeza: através dos momentos únicos, inolvidáveis e irrepetíveis que com eles passámos, sabemos que viverá em nós um pouco de si. Por isso meus caros: enalteçam em vida tudo aquilo que - na morte - os vossos entes queridos não escutarão. Olhos nos olhos, mão na mão, com todo o coração! .


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Trumpicados… ou nem por isso?! José Graça

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om a tomada de posse do novo presidente da maior aglomeração de Estados do Mundo, eleito com menos votos do que que a sua opositora, colocam-se um conjunto significativo de questões à Democracia conforme a conhecemos e, particularmente, a uma União Europeia em busca de liderança e de rumo. Curiosamente, poucos dias antes de comemorarmos os sessenta anos do(s) Tratado(s) de Roma que, assinados em 25 de março de 1957 em Roma pela Alemanha (ao tempo apenas Ocidental), França, Itália, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo, deram origem à Comunidade Económica Europeia (CEE) e à Comunidade Europeia da Energia Atómica (Euratom), e que, com o Tratado da União Europeia, assumem-se como textos fundamentais das instituições europeias. Há sessenta anos, os tratados foram uma vitória de europeístas, como Robert Schumann e Jean Monnet que, perante a impossibilidade de consolidar imediatamente uma união política, desenvolveram um processo de integração que abrangesse os aspetos económicos, criando instituições supranacionais com capacidade decisória em determinadas competências. Elogiando a saída da Grã-Bretanha da União Europeia e criticando o papel de Angela Merkel na questão dos refugiados, apoiando-se nas teses racistas e xenófobas dos setores mais populistas, Donald Trump pode acabar por ser o clique que faltava aos líderes europeus para optarem por um novo rumo e deixarem de ser uns cinzentões politicamente corretos. O sonho europeu deve afirmar-se pela positiva, declarando sem quaisquer dúvidas o seu compromisso com o Estado Social, garantindo a continuação do maior período de paz e de prosperidade de que temos memória e fazendo as novas gerações acreditarem nos princípios que estiveram na origem da União Europeia. Que ninguém tenha dúvidas, a coesão e o dinamismo das instituições europeias e uma moeda forte na Europa são os nossos maiores trunfos para enfrentarmos com sucesso os desafios de uma segunda fase da globalização, dominada pelos gigantes asiáticos e protagonizada pela China e pela ALGARVE #92

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Índia, numa corrida onde os Estados Unidos e a Rússia não querem perder espaço político nem mercados para os seus produtos. Jean-Claude Juncker e os demais líderes das instituições europeias, bem como os dirigentes dos Estados-membros, não podem continuar a empurrar com a barriga decisões e soluções que já podem chegar tarde de mais para as economias mais fragilizadas. Este é o tempo dos arrojados e dos visionários, daqueles que ainda acreditam na força das ideias e na viabilidade dos sonhos! Com a eleição de um presidente do Parlamento Europeu proveniente das bancadas da direita europeu, que passa a acumular a presidência dos três principais órgãos da União Europeia, é tempo de provocar uma reflexão mais aprofundada sobre a sobrevivência dos valores que estiveram na sua génese e garantir um maior equilíbrio entre as duas famílias políticas maioritárias no plenário e nos governos dos Estados-membros. Porque não eleger um governante proveniente da família socialista e social-democrata para a liderança do Conselho Europeu?! Porque não olhar para os países da bacia mediterrânica com outros olhos e dar-lhes sinais de confiança com uma reestruturação controlada das dívidas, que mantenha a sustentabilidade do Euro e assegure uma gestão rigorosa e transparentes das contas públicas?! Apesar da crise económica e social e do envelhecimento da sua população, vivem na Europa mais de quinhentos milhões de cidadãos e são muitos aqueles que ainda olham para nós como privilegiados, atravessando mares e desertos e enfrentando intempéries e riscos para alcançarem o sonho europeu. São as gerações do futuro que exigem uma mudança de rumo e uma Europa mais determinada e sustentável para enfrentar os riscos da deriva populista americana e do assalto metodicamente planeado pelo Império do Meio! (NOTA – A palavra «trumpicar» foi originalmente referida por Onésimo Teotónio Almeida, a quem prestamos a devida vénia e homenagem!) . (Membro do Secretariado Regional do PS-Algarve e da Assembleia Intermunicipal do Algarve)


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Em cofre não se guarda nada Mirian Tavares Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. Em cofre não se guarda coisa alguma. Em cofre perde-se a coisa à vista. Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado (…). António Cícero

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or isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica. Guardar, seja o que for, é perder de vista. E há coisas que não quero perder, por isso escrevo. Para guardar na escrita o que ela diz, deixando à mostra tudo, em permanência. Porque se está escrito, existe, mesmo que seja apenas nas palavras, o que já é uma existência feliz, palpável. Mesmo que a escrita diga coisas que nem existem sequer. Que passam a SER quando saem, em forma de frases, articuladas ou não. Eu preciso dizer sempre. Em cofre não se guarda nada, nem que este cofre seja parte de nós. Ou daquilo que pensamos ser. Nunca entendi porque devemos guardar os afetos, os cristais, os linhos. Para mim todo dia pode ser dia de festa, de usar os talheres de prata e os panos de renda da avó. E de usar nosso afeto. Guardar para quê? E se a indesejada das gentes chegar de repente? Deixamos para trás as coisas boas, o melhor de nós, de nossa casa - tudo com cheiro a mofo e a naftalina. Não quero contar os

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abraços que deixei de dar, as mãos que não apertei com força, os beijos que não dei. Digo muitas vezes, todos os dias, se possível, ao filho, ao amado e aos amigos: adoro-te! Sempre fui muito atirada, dizia a minha mãe. E beijoqueira. Gosto de ter gente à volta, mesmo que este «à volta» possa representar algumas milhas. Mas sei que estão lá e que estão cá. Porque eles sabem que estou em permanência ao seu lado. E esta troca de afetos é o que há de melhor. Adoro adorar, mesmo que doa às vezes. Mas prefiro não guardar nada. E uso, quando me apetece, os cristais, os linhos, as rendas, a roupa de festa e o sapato italiano. E o meu afeto .


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Cozinheiro, Cozinhar e Panelas especiais Augusto Lima

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ou, como sabeis, um curioso e amante destas coisas da cozinha e das palavras e procuro sempre saber mais sobre a arte que pratico e as curiosidades a elas ligadas. Em finais de 2015 tive a oportunidade de visitar um produtor de vinho, num projecto familiar e com história entre histórias de bem beber e comer e onde descobri uma prática culinária que me levou a querer saber um pouco mais sobre Coquinaria. O que vim a descobrir entusiasmoume e deu matéria para escrever esta peça. Apicius, um nobre, romano excêntrico e gastrónomo, celebrizou (perde-se no tempo a verdade se ele se outros no século IV ou V), a palavra Coquinaria, coisas da cozinha. No tempo em que usava o latim, a palavra Coquinarius, significava Cozinheiro, usada muito mais tarde, entre os séculos XII a XV, já transformada numa outra palavra – Coquinario, para descrever o Cozinheiro que tratava das coisas que o rei comia/devia comer. Pelo facto da origem da palavra ser o Latim, existem imensas palavras parecidas ou relacionadas com a original Coquinarius, e ligadas ao calor/fogo, tais como, Coque, um tipo de carvão derivado da hulha, ou carvão mineral e Coqueria, forno que usa o coque. Por Coque também é conhecido, na região de Alcácer do Sal, o tacho/recipiente/peça de barro, onde as Coqueiras ou Cozinheiras cozinhavam as refeições. Entre os anos quarenta e sessenta do século XX, muitos lagares e casas de lavoura tinham ao seu serviço coqueiras que se encarregavam do almoço dos trabalhadores. Viajando pelo Mundo, em países sulamericanos como a Colômbia, Coque também se refere à comida que o Vaqueiro, trabalhador rural que trata do gado, come/traz e Coquinaria representa uma vasta gastronomia de folclore e tradições, muita dela cozinha feita em potes e outros apetrechos de barro. Em Espanha, Coque ALGARVE #92

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está ligado a casca, duro, e significa também Conquilha e Coquinário, apanhador de conquilha e em França – à la coque, quer dizer, na casca e Coque refere-se ao casco dos navios, provavelmente a situação em que a palavra não está relacionada com comida. Depois desta introdução sobre o léxico latino, avancemos na culinária, para vos falar da tal arte de cozinhar no Coque, a Coqueria teimosamente ainda praticada em redor das terras de Setúbal, Alcácer do Sal, Cercal do Alentejo e Santiago do Cacém e Re coquinadas, o mesmo é dizer que, voltadas a cozinhar, na Herdade do Cebolal, em Vale das Éguas, Freguesia de Vale de Água, concelho de Santiago do Cacém, pela família Mota Capitão, numa aposta de enoturismo sustentável. Quando o calendário marca o Inverno, após a colheita e produção do vinho, entre ventos frios e céus fechados, pode-se em condições especiais ouvir o marulhar das ondas das praias vizinhas. É por estas alturas que sabe bem, numa eira de xisto, admirar as Coqueiras a colocar galhos, troncos, folhas e paus e acomodar os Coques, peças de barro, parecidas a infusas, que albergam vários comeres como batatas, couves, carnes e grãos. Madeira posta a arder, o espectáculo do fogo, o calor aconchegante, um copo de vinho, uma conversa informal e eis o ambiente perfeito para se lambuzarem com os petiscos regionais ali feitos. Em tempos idos, era costume, quando trabalho era garantido por muitas horas, os trabalhadores agrícolas trazerem o almoço dentro dos tais Coques e depois, cada qual com seu nome, eram aquecidos na eira pela Coqueira de serviço. Por norma em dia de terminar a campanha era o repasto proporcionado pelos donos, a cargo das ditas Coqueiras .


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TRAIL RUNNING EM FRANCA EXPANSÃO NO ALGARVE O Trail Running só há poucos anos chegou ao Algarve mas tem crescido a um ritmo surpreendente e com vontade de recuperar o atraso em relação ao resto do país. Reflexo disso é a subida galopante do número de praticantes e de eventos organizados na região, mas também os bons resultados alcançados por atletas algarvios nas provas nacionais e internacionais. Texto:

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ano que agora começa promete continuar a ser de grande crescimento das corridas em trilhos na região algarvia, na sequência de um 2016 bastante positivo e de consolidação da atividade desenvolvida pela ATR – Algarve Trail Running, entre os quais se destacam os eventos Trail Ossonoba, em Estoi, e o Ultra Trilhos Rocha da Pena, em Salir, a que se soma o apoio técnico dado ao Trail do Lince. O Ultra Trilhos Rocha da Pena integrou mesmo o campeonato nacional da modalidade, com atletas vindos de todo o país e que assim ficaram a conhecer o interior do Algarve. “Um dos objetivos da associação é precisamente promover o Algarve como um destino para a prática de trail running. A nível desportivo, também foi um ano interessante, pois a nossa equipa ficou em primeiro lugar do circuito regional, a nível feminino tivemos duas atletas no pódio – Mena Sabino, em primeiro lugar, e Felisbela Sousa, em terceiro – e, no plano masculino, obtivemos o segundo e terceiro posto do pódio, com o Olavo Fontinha e o Bruno Tita”, conta Bruno Rodrigues, presidente da Assembleia Geral da ATR. Algarvios que participaram, igualmente, nas provas de ultradistância (mais de 100 quilómetros) do campeonato nacional e também em míticas competições além-fronteiras, com a camisola

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vermelha da ATR a ser já reconhecida neste meio. “A modalidade está bem implementada na região, sendo a associação um local onde os vários atletas que normalmente correm sozinhos se podem reunir. Entretanto, foram criados vários clubes, o que estimula a competição, e o trail running ainda está a crescer no Algarve, ao contrário de outros pontos de Portugal em que já atingiu a sua estabilidade”, entende Bruno Rodrigues, falando em cerca de 107 atletas inscritos na ATR, dos quais 60 a 80 defendem as cores da equipa da associação. “A ideia fulcral é promover o trail e, por isso, aceitamos na associação pessoas que podem correr por outros clubes, simplesmente por uma questão geográfica”, explica o dirigente. Como 2016 foi positivo, a fasquia para 2017 elevou-se mais um bocadinho, sobretudo no que diz respeito ao campeonato nacional de ultradistância e ao circuito nacional de trail (até 30 quilómetros). Em termos organizativos, os objetivos são, também, altos. Assim sendo, o UTRP – Ultra Trilhos Rocha da Pena (50, 25 e 15 quilómetros) vai integrar os campeonatos nacionais de Trail e Ultra Trail, bem como o circuito de qualificação para a prova rainha do trail mundial, o UTMB – Ultra Trail du Mont Blanc. Esta será a quarta edição da prova e


Bruno Rodrigues e Germano Magalhães

são esperados cerca de 800 atletas, naquele que é o o trail mais quente do ano, por se disputar em plena serra algarvia e no pico do Verão, a 13 de agosto. “Pelas suas elevadas temperaturas e pela dificuldade do terreno, este evento põe à prova as capacidades dos atletas, mas também de toda a organização no que respeita a segurança e socorro, tendo sido sucessivamente reconhecida como uma prova de elevados padrões de qualidade na organização”, destaca Germano Magalhães. Antes disso disputa-se o Trail Ossonoba, a 30 de abril, véspera de feriado, inserido nas atividades da

tradicional Festa da Pinha, a maior festa popular da aldeia de Estoi, no concelho de Faro. “Os atletas partem no final da tarde e cruzam a meta já durante a noite, o que proporciona vistas deslumbrantes sobre as cidades de Faro e Olhão ao passarem pelos Cerros do Malhão e Guilhim”, adianta Germano Magalhães, acrescentando que o Trail Ossonoba conta com duas provas: uma de 15 quilómetros em corrida ou caminhada, excelente para quem pretende iniciar-se no trail, em específico no trail noturno; outra de 30 quilómetros, em corrida, que faz parte do Campeonato Nacional de Trail.

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A grande novidade de 2017 é o ALUT – Algarviana Ultra Trail, com 300 quilómetros de corrida em trilhos, por toda a serra algarvia, maioritariamente pela Via Algarviana, com inicio em Alcoutim, a 30 de novembro, e fim no Cabo de São Vicente, a 3 de dezembro. “É o único de Portugal pela distância, mas também pelo fato de atravessar toda uma região e o país de uma ponta a outra (oriente-ocidente). Será uma prova de extrema resistência física e mental para a qual, nesta primeira edição, serão convidados os atletas e jornalistas de especialidade a nível mundial, que irão potenciar e maximizar a divulgação, não só do evento, mas de toda a região do Algarve”, frisa Germano Magalhães.

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MULHERES TÊM MAIOR CAPACIDADE DE SOFRIMENTO Olhando-se para as características destes eventos, depressa adivinhamos que nem todos os praticantes de trail running andam na modalidade com a vitória em mente, com muitos a correrem simplesmente pelo prazer de praticar desporto em contato íntimo com a natureza e em condições mais adversas do que as provas de estrada. Mais do que isso, algumas destas competições exigem um investimento avultado, seja nas inscrições, deslocações e alojamento, como no próprio equipamento, alimentação ao longo


da corrida e despesas durante a preparação. “Tentamos sempre otimizar os custos de transporte e maximizar os apoios que obtemos, por exemplo, da Câmara Municipal de Loulé e da Visacar, no aluguer ou empréstimo de viaturas”, diz-nos Bruno Rodrigues, confirmando que os atletas planeiam as suas épocas desportivas com bastante antecedência. “Nós procuramos ajudar no que é possível para aliviar o orçamento das corridas. Como temos um número elevado de atletas, por vezes conseguimos obter alguns descontos nas inscrições e nas estadias mas, para isso, é necessário que estejamos todos unidos e que hajam objetivos concretos bem definidos”, refere o presidente da Assembleia Geral da ATR. União que é mais do que uma simples palavra nesta exigente modalidade, garante Bruno Rodrigues. “Há grupos de treino que se juntam em Monchique, Querença, Loulé, Olhão ou Tavira, mas por contingências da vida profissional e familiar e devido aos custos de transporte mesmo dentro do Algarve. Contudo, em prova, estamos juntos, apoiamo-nos uns aos outros, pensamos como equipa e o objetivo, em 2017, é que, quem não tiver a ambição de ficar nos lugares cimeiros do pódio, possa auxiliar os seus companheiros a chegar a essas classificações”, indica o entrevistado, que também é praticante de longas distâncias. “Temos muitas atletas femininas de excelente qualidade no

Algarve e vamos acompanhá-las e apoiá-las para que cheguem o mais alto possível”. Mulheres que dão cartas, ao contrário do que se poderia pensar, no trail running, até mesmo nas provas de maior distância, com temperaturas extremas, à noite, e a explicação é fácil. “Têm maior capacidade de sofrimento e resiliência do que os homens. É comum, aos 100, 120 quilómetros, uma mulher que arrancou devagarinho começar a ultrapassar os homens todos, porque nós não conseguimos, se calhar, gerir tão bem o esforço e os problemas que vamos encontrando no percurso. É mais fácil um homem desistir porque apostou muito no início da prova e depois ficou sem gás”, observa Bruno Rodrigues, confirmando que, nos eventos mais longos, o principal objetivo da grande maioria dos concorrentes é mesmo chegar ao fim. “Há uma pequena elite que luta pelo pódio, os outros lutam contra eles próprios, indo o mais rápido que conseguem, dentro das suas possibilidades, e tentando somente cruzar a meta”. Nessa elite encontra-se Filipe Conceição, da equipa da ATR, que completou os 281 quilómetros de uma prova realizada na Beira Interior. “É algo que merece toda a nossa admiração”, salienta Bruno Rodrigues, lamentando que esse esforço nem sempre seja

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compreendido pelo cidadão comum e pelos patrocinadores. “Os atletas são reconhecidos pelos seus pares, depois, começa a batalha de mostrar o que eles fazem e os contributos que podem dar. Não se limitam a correr sozinhos no meio do mato e podem desempenhar um papel importante na divulgação do património natural e cultural dos territórios. Quando essa mensagem passar para a sociedade, é natural que consigam reunir um maior suporte financeiro para participar nos eventos”, acredita o dirigente, voltando a enaltecer a qualidade dos atletas algarvios de trail running. Em final de conversa, Bruno Rodrigues falou ainda de outro projeto

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da associação para implementar já em 2017, uma escola de trail, que ficará sediada em Loulé, com o intuito de cativar praticantes mais jovens para que possam iniciar mais cedo o seu percurso desportivo e, daqui a alguns anos, consigam vingar a nível nacional e internacional. “Essa aposta foi feita noutros locais de Portugal e os frutos estão a aparecer. Não se cria uma escola de raiz com um estalar de dedos, mas queremos aproveitar as infraestruturas existentes no concelho de Loulé e que podem ser replicadas noutras zonas do Algarve, porque a formação é essencial para progredirmos para outros patamares” .


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CASA MODESTA Quando a Tradição encontra a Arquitetura Contemporânea No coração do Parque Natural da Ria Formosa encontra-se a CASA MODESTA, uma antiga casa de família convertida em unidade de turismo rural, premiada internacionalmente e protótipo vivo da «Casa Chã», novo conceito arquitetónico que reinterpreta legados ancestrais com lógicas temporâneas. Texto: Fotografia:

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Casa Modesta é uma casa de família transformada em unidade de turismo rural, tipologia casa de campo e turismo de natureza, localizada no Quatrim do Sul, freguesia do Moncarapacho, concelho de Olhão, em pleno Parque Natural da Ria Formosa, paisagem incomparável e considerada uma das Sete Maravilhas de Portugal. Dos seus terraços panorâmicos pode-se assistir à migração das aves e ali bem perto vislumbra-se a prática dos mariscadores e a recolha do sal, atividades tipicamente algarvias. Um espaço que alia a cultura arquitetónica com os saberes ALGARVE #92

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construtivos tradicionais, os materiais e as gentes de um lugar, num conceito de «Casa Chã» concebido pela PAR – Plataforma de Arquitetura, onde se interpretam os legados ancestrais com as lógicas contemporâneas, criando e alimentando dinâmicas sociais e económicas ligadas aos ofícios locais. O espaço é gerido pelos irmãos Carlos e Vânia Fernandes e pelos pais, Modesta e Joaquim Fernandes, com a Avô Carminda ainda a dar uma ajudinha na cozinha, sendo que, ainda recentemente, foi considerado como o «Melhor Hotel Ambiental


Carlos Fernandes, Modesta Fernandes, Vânia Fernandes, Joaquim Fernandes e Sancho Fernandes

da Europa e Mediterrâneo» pelo guia Condé Nast Johansens. Antes disso, a Casa Modesta foi distinguida pela «Habitar 12-14», um concurso da Ordem dos Arquitetos que escolha os projetos mais marcantes do triénio, galardões de prestígio para uma residência construída pelos bisavós de Carlos Fernandes, que ali viveu até aos 20 anos, antes de ir estudar para fora do Algarve. “Era uma casa da qual toda a família tinha excelentes memórias, que enchia com as marés, porque o meu avô comercializava marisco. Aqui à frente, a cerca de 200 metros, há imensos viveiros de ameijoa e berbigão e era nesta casa que os mariscadores vinham vender, em primeira instância, o marisco que #92 ALGARVE INFORMATIVO

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apanhavam da Ria Formosa”, revela, de olhos sorridentes. Ali os homens do mar trocavam de roupa, comiam e bebiam, conversavam e discutiam, era um ponto de encontro natural das gentes de Quatrim do Sul. Todas essas memórias e saberes se quiseram reavivar, com um forte foco na arquitetura tradicional, de tal modo que apenas foram utilizados na reconversão do espaço materiais e objetos locais, do barro e cal ao latão e cortiça da zona. O projeto de arquitetura foi realizado por Vânia Fernandes, sócia do Atelier PAR, sendo a Casa Modesta um protótipo da «Casa Chã». “As primeiras ideias surgiram em 2010, estivemos dois anos e meio a fazer um levantamento de todos os edifícios que existiam ao nosso redor e

das suas características, a decidir o que queríamos que a Casa Modesta fosse. Volvido um ano e meio conseguimos obter fundos comunitários através do QREN, com um investimento total na ordem dos 600 mil euros”, explica o entrevistado. A 1 de abril de 2015 o espaço é formalmente inaugurado, com cinco quartos standard, dois quartos com terraços privados e kitchnet, um quarto maior e um quarto com vistajardim no piso térreo, todos eles com casa de banho privada. “Como estamos no Parque Natural da Ria Formosa, não podemos aumentar nem fazer construções novas. Respeitando a área, reduzimos o espaço à casa inicial dos anos 40, #92 ALGARVE INFORMATIVO

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com sala de jantar, cozinha e quarto dos bisavós e avós, para ampliar a partir dai. Criamos três espaços comuns – sala de estar, sala de jantar e uma sala polivalente. Esta última era o armazém onde o nosso avô tinha os materiais da pesca e da horta. Mantivemos o forno a lenha, para fazer pão e folares, e criamos uma ilha de cozinha onde os hóspedes podem aprender a fazer pratos típicos como as cataplanas ou o peixe alimado”, descreve Carlos Fernandes.

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Ao lado da horta biológica, onde tudo é tratado sem produtos químicos nem sal, existe uma piscina/tanque e uma cisterna que foi transformada em garrafeira. E, para além do alojamento, há uma série de iniciativas que procuram, de facto, transmitir as tradições do concelho e da região. “Alguns workshops e show cookings são feitos por nós, outros são realizados em parceria com a «Algarve Cooking» da Sandra Patrão, que é nossa vizinha. Quando eramos miúdos costumávamos brincar juntos aos hotéis e restaurantes e, volvidos quase 20 anos, voltamos a encontrar-nos. É professora de inglês mas tem um projeto de gastronomia local”, indica o responsável, lembrando que organizam

igualmente workshops de empreita, cestaria, barro, conjuntamente com o Projeto TASA. Quanto aos hóspedes, são, como se adivinha, sobretudo estrangeiros, com alemães, franceses e espanhóis à cabeça. “Tentamos captar também os mercados do norte da Europa porque o nosso Inverno é uma verdadeira Primavera para eles, onde podem desfrutar do clima e da beleza da Ria Formosa. No futuro, queremos ter uma loja onde se possa adquirir todos os objetos que foram concebidos para a Casa Modesta e umas pequenas cabanas de birdwatching num terreno que temos mais a sul”, adianta Carlos Fernandes .

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LEÔNCIO E LENA EM DIGRESSÃO PELO ALGARVE… E NÃO SÓ «Leôncio e Lena», peça vencedora do 1.º Convite à Criação da Rede Azul – Rede de Teatros do Algarve, foi a cena, no dia 14 de janeiro, no Cine-Teatro Louletano, dando o pontapé de saída para uma digressão que a levará a praticamente todos os equipamentos culturais da região algarvia, mas também ao Teatro do Bairro, em Lisboa, e ao Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra. Texto:

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eôncio e Lena acontece num Algarve dividido entre o pequeno reino do Barlavento e o pequeno reino do Sotavento, em que Leôncio e Lena são os respetivos príncipes. Entretanto, por vontade real, os seus destinos devem cruzar-se por vias do matrimónio, mas ambos fogem para Lisboa para evitar o enlace combinado. Quis, porém, o destino que os dois se cruzassem na capital e, sem se conhecerem, apaixonam-se e acabam mesmo por se casarem. A história é uma adaptação do texto de Georg Büchner, «Leôncio e Lena», uma narrativa simples e, em simultâneo, bastante vanguardista, que foi agarrada por João de Brito para concretizar mais esta produção do LAMA – Laboratório de Artes e Média do Algarve. O objetivo foi aproveitar o romantismo e poética das palavras para trabalhar questões como o metateatro, a dissonância, a música, o vídeo e a desconstrução, utilizando-se as ALGARVE #92

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identidades e especificidades da história e cultura algarvias, nomeadamente os contrastes entre barlavento e sotavento. “Tinha este projeto mais ou menos na gaveta depois de ter visto o espetáculo original, há uns anos, pelo Teatro da Cornucópia. Gostei bastante do texto e fiquei com vontade de pegar nele de outra forma, até porque já tinha participado noutro trabalho do Büchner como ator, «A Morte de Danton»”, conta João de Brito. Tratando-se de um apoio concedido por uma estrutura algarvia, o ator e encenador farense decidiu, assim, adaptar o original à realidade da região onde nasceu, sem a pretensão de ser uma recriação histórica com o intuito de explicar o que são o sotavento e o barlavento. “No texto original existem os reinos de Pipi e Pupu e eles fogem para Itália, aqui, escapam para Lisboa, porque o Leôncio e a Lena não se querem casar com uma pessoa que não conhecem. No entanto, mesmo os


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noivos tendo fugido, o rei quer celebrar à mesma o casamento naquele dia. O Valério e a Aia, os companheiros omnipresentes dos príncipes, trazem dois autónomos mascarados para a cerimónia, que acabam por ser o Leôncio e a Lena”, resume João de Brito. “A história acaba por ter um final feliz, mas é uma paródia, uma comédia de enganos, com uma forte crítica social para fazer pensar as pessoas. Queremos ser aquilo que não somos porque a galinha da vizinha é sempre melhor do que a minha”, acrescenta. Na história, os dois protagonistas nasceram em berço de ouro mas caminham em prol da liberdade que lhes foi negada pelo seu estatuto, ao mesmo tempo que Valério personifica o tédio e a ALGARVE #92

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aversão ao trabalho dos nobres da época. “Eles são bons é a não fazer nada”, comenta o encenador, com uma risada, reconhecendo que ainda continuam a existir casamentos por interesse na sociedade moderna. “É um clássico transversal a todas as gerações e sociedades e que vai estar agora em cena em diversas salas de espetáculo do Algarve. O apoio da Rede Azul contempla uma viagem por 11 teatros municipais e já estivemos no Mascarenhas Gregório, em Silves, e agora no Cine-Teatro Louletano. Até março seguem-se os restantes e estamos muito entusiasmados. Vamos estar também no Teatro do Bairro, em Lisboa, e no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra”, adianta João de Brito.


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A rodar vai continuar «Nome_Título Provisório» e em ensaios está «A Carripana», peça apoiada pelo «365 Algarve» e com coprodução do Teatro de São Luís, de Lisboa, que vai estrear em Castro Marim, a 11 de março. Some-se a isso uma parceria do LAMA com o Projeto Ruínas de Montemor-o-Novo e, mais para o fim de 2017, João de Brito vai aventurar-se na realização de uma curta-metragem, rodada em Faro, mas isso é assunto para outra conversa . LEÔNCIO & LENA, de Georg Büchner Encenação e espaço cénico - João de Brito Interpretação - André Nunes, Carlos Malvarez, Joana Ribeiro Santos Desenho de luz - Nuno Figueira Fotografia e vídeo - Rita Figueiredo Interpretação em vídeo - Anouschka Freitas, Alexandra Ferreira, Alexandre Tavares, João Pires, Manel Sá Pessoa, Miguel Sá Pessoa (Pirata), Rebeca Sacasi, Rita Barbosa, Rita Figueiredo, Statt Miller Produção - LAMA Apoio à produção e difusão - Oxalá Produções Espetáculo inserido na Rede Azul (Rede de Teatros do Algarve) ALGARVE #92

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QUARTEIRA RECEBE EXPOSIÇÃO DE SEBASTIÃO FORTUNA Texto:

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stá patente até 25 de fevereiro, na Galeria de Arte da Praça do Mar, em Quarteira, a Exposição «Loulé no Coração», de Sebastião Fortuna. Sebastião Fortuna é o décimo de uma família de 12 filhos, natural da Quinta do Anjo (Concelho de Palmela). Frequentou a Escola Comercial e Industrial de Setúbal e, no seu 3.º ano, a professora de desenho disse-lhe para seguir Artes na Escola António Arroio. Inscreveu-se mas, após os primeiros dias de aulas, desistiu, regressou a casa para ser agricultor ou o que calhava. Foi carpinteiro de carroças, pintor da construção civil, carroceiro, tanoeiro… Em 1955, dedicou-se ao atletismo e nesse mesmo ano foi Campeão Nacional de Corta Mato. Mais tarde, em 1959, começou a correr em bicicleta pelo Belenenses. Correu também pelo Louletano aquando da extinção desta modalidade no Belenenses, e constituiu um importante reforço da equipa algarvia na 24ª Volta a Portugal em 1961. Após deixar a competição, foi mecânico da equipa de ciclismo do Benfica. ALGARVE #92

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Em 1973, fez um quadro à experiência, as pessoas gostaram e Sebastião Fortuna sentiu-se muito bem. Também por essa altura entrou na «Sado Internacional» como pintor de cerâmica. Em 1975, foi para os Açores, onde esteve oito anos e pintou muito, pois os americanos da Base Aérea abriram-lhe o Clube dos Oficiais para galeria. Sebastião Fortuna caracteriza-se por se enredar nos sonhos, nas histórias … e na tentativa de concretização de tudo o que idealiza. Cada uma das suas obras é pretexto para uma narrativa, indo muito para lá do contar como ou porque nasceu. Regressa agora ao Algarve, 56 anos depois, com a exposição «Loulé no Coração», que pode ser visitada de terçafeira a sábado, das 9h30 às 13h30 e das 15h30 às 18h .

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