ALGARVE INFORMATIVO #68

Page 1

ALGARVE INFORMATIVO 30 de julho, 2016

#68

SAM ALONE de Quarteira para o Mundo 1

Salir do Tempo|Rota da Dieta Mediterrânica | Festival F Mercado de Altura | Castelo de Paderne | Estratégia Turismo 2027 #68 ALGARVE INFORMATIVO


ALGARVE INFORMATIVO #68

2


3

ALGARVE INFORMATIVO #68


OPINIÃO Um xanax na carteira, duas aspirinas no bolso Daniel Pina - 8

3ª guerra mundial? Paulo Cunha - 36

#juntospeloalgarve José Graça - 38

Da felicidade e de outras coisas mais Mirian Tavares - 42

Comer, saber comer, gostar de comer Augusto Lima - 44

ALGARVE INFORMATIVO #68

4


CONTEÚDOS Festival F volta a «invadir» a Vila Adentro - 10 Castelo de Paderne vai ser alvo de obra de recuperação - 18 Mercado de Altura abriu portas ao século XXI - 24 Algarve recebeu Laboratório Estratégico de Turismo- 30

Sam Alone - 46

Salir do Tempo - 56 5

Rota Dieta Mediterrânica - 66 ALGARVE INFORMATIVO #68


ALGARVE INFORMATIVO #68

6


7

ALGARVE INFORMATIVO #68


Um xanax na carteira, duas aspirinas no bolso Daniel Pina

O

ntem, depois de levar as filhotas às respetivas escolas e antes de ir trabalhar, dei um pulo ao Pingo Doce para umas compras rápidas e deparei-me com um daqueles episódios que, infelizmente, já se tornaram habituais por esta altura do ano. Duas caixas abertas, ambas com grandes filas, alguns algarvios a fazer comprar, pelos vistos, para os seus restaurantes, de bico calado, uma ou outra «tia» de Lisboa, de permanente ainda fresca, cheia de creme para esconder as rugas, saco de praia ao ombro e a barafustar que aquilo não se admitia, que deviam estar mais caixas abertas, que na terra dela nada disso acontece. Dei por mim a pensar que agosto tinha começado uns dias mais cedo. Ao mesmo tempo, e como alfacinha de nascença que sou, lembreime que, na encantada metrópole dos nossos sonhos que é Lisboa, há uma caixa aberta nos supermercados para cada cliente, há uma caixa de multibanco para cada cidadão, nunca há filas nos correios, nem nos restaurantes, nem nos estabelecimentos de fast-food. Depois, acordei do sonho, ou deixei de ser hipócrita, e lembrei-me que tudo isso acontece também em Lisboa, com a diferença de que, lá, essas «tias» de rugas disfarçadas estão de bico calado. Quando foi a minha vez de ser atendido, vireime para a funcionária e disse, meio a brincar, meio a sério, “começou a temporada do xanax”. A rapariga olhou para mim, percebeu que era um cliente regular, da terra, o tal que compra muitos pacotes de fraldas, toalhinhas e caixas de café, e deixou escapar um sorriso, como que a dizer “nem imagina”. Só que não preciso imaginar, é uma realidade com que contato há mais de 15 anos, de tal modo que, muitas vezes, dou por mim a chamar uns valentes nomes a esses lisboetas, esquecendo que eu próprio sou dessa fornada.

cabeça dos algarvios durante o Verão são de Lisboa. Diz-me a experiência, porém, que os alentejanos são bem mais tranquilos e os nortenhos muito mais simpáticos e bem-dispostos nestas situações, portanto, o rótulo de «sacana do lisboeta» não deve estar muito desfasado da realidade. E como lisboeta que fui durante 23 anos, estava habituado a andar sempre a correr de um lado para o outro, aos encontrões nas ruas, apertado nos autocarros e no metro, a comer de pé nos fast-foods ou a ter que esperar pela minha vez de ser atendido nos restaurantes e nos correios como qualquer outra pessoa. Por isso, quando vim viver para o Algarve, não estranhei a maior confusão que se verifica um pouco por toda a região nos meses de julho e agosto. Talvez por saber que, depois da debandada dos turistas, em finais de agosto, ficamos com este maravilhoso Algarve todo para nós e tudo regressa à normalidade. Não me causou espanto, por isso, que, passados alguns anos, já me começasse a considerar um «algarvio», importado, é verdade, mas «algarvio». E, como algarvio que me tornei, não consigo perceber que raio se passa na viagem de Lisboa para Sul, em que milhares de pessoas partem como cidadãos perfeitamente normais, uns com carteira recheada, outros sem um tostão para gastar, e chegam transformados em reis e rainhas, príncipes e princesas, cada um com o nariz mais empinado que o vizinho do lado, como se toda uma região tivesse que parar para atender aos seus caprichos. Felizmente, ainda não cheguei à fase de ter que andar com um xanax na carteira e duas aspirinas no bolso, basta-me um «sacana do lisboeta» para me acalmar. Mas quem está a atender tais majestades não pode propriamente dizer estas coisas, portanto, não têm outro remédio senão o tal xanax e aspirina, para gáudio dos laboratórios farmacêuticos .

É verdade que nem todos esses senhores e senhoras que fazem questão de vir azucrinar a

ALGARVE INFORMATIVO #68

8


9

ALGARVE INFORMATIVO #68


Festival F volta a «invadir» a Vila Adentro Setembro arranca com mais um Festival F, com a capital algarvia a receber, nos dias 2 e 3, um dos principais eventos do género da Península Ibérica. Na sua terceira edição, o recinto alarga-se ao Largo da Sé, passando a ocupar toda a Vila Adentro, mas há muitas mais novidades, uma delas a aposta em nomes consagrados do fado e pop/rock nacional, casos de Ana Moura, GNR e Pedro Abrunhosa. Texto:

ALGARVE INFORMATIVO #68

Fotografia:

10


Vasco Sacramento, da Sons em Trânsito, Joaquim Guerreiro, diretor do Teatro das Figuras, Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro, e Paulo Santos, vice-presidente da Câmara Municipal de Faro

A

Vila Adentro, centro histórico de Faro, recebe, nos dias 2 e 3 de setembro, a terceira edição do Festival F, o último grande festival de Verão, com um cartaz de luxo onde pontificam nomes como Ana Moura, Pedro Abrunhosa, GNR, Richie Campbell, o brasileiro Criolo, Gisela João, Jimmy P, Mundo Segundo & Sam the Kid e o algarvio Sam Alone. Um festival que não vive só de música, contemplando múltiplas atividades ligadas às artes plásticas, street food, literatura, cinema, tertúlias e artesanato de autor. Apenas na sua terceira edição, o Festival F já se assume como um dos principais do género, como atestam o 11

selo EFFE – Europe for Festivals, Festival for Europe e o selo Escolha de Consumidor’16 na categoria Festivais de Música Não Urbanos, partilhando esta distinção com o mítico NOS Alive. Por isso, se 2016 pretende ser o ano de consolidação do evento, não poderiam deixar de haver novidades, sendo que a principal é a inclusão do Largo da Sé no recinto do festival, ao passo que o Largo D. Afonso III passa a albergar agora a maioria dos estabelecimentos de street food. E, como é costume, para além do Palco das Muralhas e do Palco da Sé, a música vai animar o Museu, o Castelo e o Quintalão. Com a inclusão do Largo da Sé, o Festival F vai ocupar uma área de 3,2 ALGARVE INFORMATIVO #68


Pedro Abrunhosa

GNR

ALGARVE INFORMATIVO #68

12


O Museu Municipal de Faro volta a ser um dos palcos privilegiados do Festival F

hectares, 32 mil metros quadrados, ou seja, mais de 75 por cento da Vila Adentro, e as sétimas artes vão estar praticamente todas em destaque, desde o cinema, em parceria com o Cineclube de Faro, à literatura, com a colaboração da FNAC, do artesanato, com a Associação Palácio do Tenente, às artes plásticas, com o artista farense Paulo Serra, da stand-up comedy às tertúlias de atualidade e políticas, em estreita parceria com o jornal online «O Observador». Quanto ao Festival F, é uma organização conjunta da Câmara Municipal de Faro, Teatro das Figuras, Ambifaro e «Sons em Trânsito», conforme foi explicado durante a conferência de imprensa realizada no dia 25 de julho. “É um evento que traz afirmação, notoriedade e economia a

13

Faro e que gera bem-estar, prazer e vontade de regressar a quem nos visita, à semelhança do que sucede com o Alameda Beer Fest, a Concentração Motard, a Festa da Ria Formosa e o Folk Faro. O Festival F junta muito do que é a nossa cultura, património e gastronomia, enfim, da nossa identidade”, frisou Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro que, a par da excelência do cartaz, enalteceu o facto de incluir apenas música portuguesa. “Nem sempre se dá o merecido valor aos artistas e bandas nacionais, mas temos a convicção absoluta de que irá ser um êxito e que as pessoas vão sair daqui bastante agradadas”.

ALGARVE INFORMATIVO #68


termos regionais e que pudesse dar um enfoque ao Algarve a nível nacional e internacional”, apontou o autarca.

Diabo na Cruz

Evento que vai apenas para a sua terceira edição, fez questão de salientar Paulo Santos, vice-presidente da Câmara Municipal de Faro, não sendo normal que um festival alcance tamanho sucesso em tão pouco tempo. “Avançamos com a iniciativa, em 2014, porque muitos farenses diziam que a cidade merecia um festival de música, algo que desse vida à Cidade Velha. Depressa chegamos à conclusão que a Cidade Velha possui uma magia própria para albergar um evento diferente, que se afirmasse em ALGARVE INFORMATIVO #68

O «F», que era de Faro, rapidamente se transformou em «finalmente», «fantástico» e outros adjetivos que motivaram a organização a dar um passo em frente, em subir mais um degrau, e a «Sons em Trânsito» desempenhou um papel fundamental nessa evolução. “No segundo ano tivemos uma área substancialmente maior, com a abertura de um espaço que estava fechado há muitos anos – as Muralhas – e conquistamos algumas distinções que mostraram que o Festival F já era uma realidade, logo na sua segunda edição, com mais de 18 mil pessoas em dois dias”, salientou Paulo Santos, entendendo que 2016 será o ano de consolidação do evento no panorama nacional. “Consolidando parcerias, públicos e as várias áreas que o festival aborda neste magnífico património que temos na Cidade Velha. Mas voltamos a crescer e abraçamos

14


Foto: Frederico Martins

toda a Cidade Velha, que era o nosso sonho desde o primeiro instante. A única coisa que fica por ocupar são algumas ruas, por uma questão de segurança e de mobilidade”, esclareceu.

Um festival para todas as idades e gostos musicais Com a inclusão do Palco da Sé, o Largo D. Afonso III deixa de ter palco e passa a ser a zona central de restauração. E se, nas duas primeiras edições, se deu uma atenção especial aos projetos musicais emergentes, aos novos talentos, este ano teremos nomes consagrados de várias sonoridades, entre eles Ana Moura, GNR e Pedro Abrunhosa. “Acredito que este será o futuro dos festivais em Portugal. É um festival de características urbanas, de média dimensão, não tem pretensões de ter 70 ou 80 mil pessoas e, principalmente, não é um evento que «invade» um espaço, mas sim, um evento que se insere num espaço, na Vila Adentro”, indicou Vasco Sacramento, da «Sons em Trânsito».

Ana Moura

Um cartaz repleto de estrelas e com o condão de agradar a públicos muito distintos, não retirando, igualmente, o cariz familiar que o Festival F teve nas duas primeiras edições. “É um evento para netos, pais e avós, há propostas artísticas para todas as Gisela João

15

ALGARVE INFORMATIVO #68


pretende ser muito familiar e eclético e, independentemente dos gostos musicais de cada um, todas os artistas representam o que de melhor se faz em Portugal, com propostas sérias, profissionais, qualidade e prestígio”, garantiu a dupla.

Sam Alone é o único algarvio do cartaz do Festival F

idades e gostos e o público varia consoante a hora. Temos uma presença forte do fado e do pop/rock, mas também da experimentação, das novas linguagens da música portuguesa, seja do cantautor, indie, hip-hop ou djing”, anunciaram Vasco Sacramento e Joaquim Guerreiro, diretor do Teatro das Figuras, adiantando que os duetos únicos e irrepetíveis vão continuar a acontecer. “Em 2014, foi o Miguel Araújo com a Luísa Sobral, em 2015, foi entre o Mazgani e o Peixe e, este ano, vamos ter mais colaborações inesperadas, inéditas e exclusivas. É um programa que ALGARVE INFORMATIVO #68

As atividades paralelas à música vão ser aprofundadas, pois o Festival F quer ser um evento multicultural, portanto, as expetativas são elevadas e os bilhetes já estão à venda, com um preço de campanha para os primeiros dois mil ingressos de 20 euros para os dois dias. Esgotada esta promoção, os valores passam para 25 euros pelos dois dias e 15 euros pelo bilhete diário. Quanto a orçamento, será de 280 mil euros e o objetivo é que o evento seja, à semelhança do passado, auto-sustentável. “Há um investimento inicial, como é óbvio, da parte da Autarquia e do Teatro Municipal e acreditamos que, no final, isso seja coberto pelas receitas de bilheteira. Em 2015 ainda tivemos um financiamento do PO Algarve 21 e, este ano, concorremos ao CRESC Algarve 2020 e julgamos reunir todas as condições para sermos contemplados com um apoio financeiro”, referiu ainda Paulo Santos, antes de passar o microfone a Sam Alone, o representante algarvio no cartaz do Festival F, que brindou a assistência com um tema à capela .

16


17

ALGARVE INFORMATIVO #68


Alexandra Gonçalves, Diretora Regional da Cultura do Algarve, Carlos Silva e Sousa, presidente da Câmara Municipal de Albufeira e Fernando Nogueira, presidente da Fundação Millenium BCP

Castelo de Paderne vai ser alvo de obra de recuperação Foi assinado, no dia 29 de julho, no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Albufeira, um protocolo de colaboração para a Valorização, Restauro e Conservação da Torre Albarrã do Castelo de Paderne. O protocolo envolve a Direção Regional de Cultura do Algarve, a Câmara Municipal de Albufeira e a Fundação Millenium BCP, unidos para fazer face a uma obra urgente para proteger um dos monumentos mais simbólicos do Algarve, verdadeiro cartãode-visita de quem entra na região vindo pela Autoestrada A2. Texto:

ALGARVE INFORMATIVO #68

Fotografia:

18


Q

uem chega ao Algarve através da Autoestrada A2 depara-se com o Castelo de Paderne, estrutura imponente, monumento de interesse público, um dos últimos castelos a ser conquistado aos mouros, e que ali se encontra há mais de nove séculos. Porém, há mais de 12 anos que o castelo não sofre qualquer obra de restauração ou recuperação, situação que vem preocupando a Direção Regional de Cultura do Algarve e a autarquia de Albufeira. E foi de contatos encetados com a Fundação Millenium BCP que nasceu o protocolo assinado, no dia 29 de julho, na Câmara Municipal de Albufeira e que assenta num projeto de conservação e restauro dos módulos de Taipa Almóada do Castelo de Paderne, mais concretamente, numa primeira fase, da Torre Albarrã. O projeto propõe principalmente trabalhos de consolidação e a eliminação de processos responsáveis pela deterioração que sofre a torre, entre eles algumas demolições para remover as argamassas de intervenções recentes e sanear as juntas da alvenaria de pedra do passadiço. Outras ações incluídas no projeto são: drenagem do embasamento da torre, para evitar humidades de capilaridade e a realização de um algeroz no

19

perímetro drenante na base da torre; limpeza da alvenaria exterior; restauro das juntas de alvenaria de pedra do passadiço da muralha para a torre; reparações da taipa; cobertura do terraço da torre; selagem de buracos agulhas; consolidação do exterior; e hidrofugação pelo exterior. Para Fernando Nogueira, presidente da Fundação Millenium BCP, seria um pecado não se conservar uma edificação que dá as boas-vindas ao Algarve há quase um milénio e que, dizem alguns, será um dos sete castelos presentes na bandeira nacional. “Portugal é um país riquíssimo em património, deve haver mais de 23 mil monumentos e edificações, que vão desde a pedra tumular aos maiores castelos e palácios. Destes, cerca de 2800 monumentos estão classificados e o Castelo de Paderne, embora não seja um monumento nacional, é um monumento de interesse público”, frisou, daí a fundação ter prontamente acedido ao pedido para ser mecenas nesta intervenção. “Um pouco por todo o mundo, em particular no mundo desenvolvido, a economia de património é extremamente valorizada, mas Portugal é um dos países da União Europeia com mais baixo índice de emprego ligado a esta componente.

ALGARVE INFORMATIVO #68


Paulo Freitas, presidente da Assembleia Municipal de Albufeira, Alexandra Gonçalves, Diretora Regional da Cultura do Algarve, Carlos Silva e Sousa, presidente da Câmara Municipal de Albufeira e Fernando Nogueira, presidente da Fundação Millenium BCP

Esquecemo-nos que a área da cultura pode ser fonte de criação de riqueza e que não é obrigatoriamente sazonal, ou seja, garante visitantes ao longo de todo o ano”. Estando o Castelo de Paderne sob a jurisdição da Direção Regional de Cultura do Algarve, esta teve a iniciativa de contatar e sensibilizar a Fundação Millenium BCP para a urgência de se realizarem obras de recuperação e valorização neste monumento. “O valor total da intervenção ultrapassa os 400 mil euros, esta é apenas uma parcela do que é preciso ser feito, e a Torre Albarrã apresenta sinais visíveis de

ALGARVE INFORMATIVO #68

degradação. Este mecenato consegue garantir, juntamente com o município de Albufeira e a Direção Regional de Cultura do Algarve, a contrapartida nacional necessária para levar a candidatura a fundos comunitários por adiante”, explicou Alexandra Gonçalves. “Esta nossa preocupação tem sido sempre partilhada pela autarquia de Albufeira, que demonstrou a maior abertura para se encontrarem soluções para o Castelo de Paderne”, reforçou. De acordo com a Diretora Regional de Cultura do Algarve, este é mais um passo importante

20


21

para a estruturação e valorização do património cultural do Algarve, sendo o Castelo de Paderne um importante símbolo de um período e de uma história de 900 anos. “Tem técnicas construtivas aplicadas que não existem em muitos sítios, é um dos melhores exemplares de construção de taipa militar a sul do Tejo e um dos melhores da Península Ibérica. Não nos podemos esquecer que há uma Rota Omíada desenhada para o território, mas ela só pode ser uma realidade se os elementos estruturantes deste património estiverem em condições de serem visitados”, referiu Alexandra Gonçalves.

material”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Albufeira.

No uso da palavra, Carlos Silva e Sousa garantiu que o património histórico e cultural de Albufeira é encarado com especial atenção pelo executivo camarário, mas defende que valorizá-lo deve ser uma obrigação de todos. “Um povo que não sabe tratar da sua herança cultural, não sei se estará no bom caminho, portanto, uma população que se quer desenvolvida, culta e instruída, deve saber zelar por aquilo que é dela. Para além disso, deve existir uma forte ligação entre a cultura e o turismo, até porque a concorrência é cada vez mais feroz neste ramo de atividade e uma das nossas formas de afirmação passa pelo património imaterial e

O custo total da intervenção está estimado em 87 mil e 488,52 euros, suportado em 75 por cento pela Direção Regional da Cultura do Algarve mediante a apresentação de candidatura a financiamento europeu, comprometendo-se a autarquia de Albufeira com os restantes 25 por cento, até ao montante máximo de 30 mil euros. E, nesse particular, Carlos Silva e Sousa assegurou que o município de Albufeira estará sempre disponível para ajudar, no que puder, para a conservação e requalificação do património cultural localizado neste concelho .

O edil reconheceu que Paderne sofre com o fenómeno da interioridade, mas entende que há que saber tirar partido dessa situação e criar motivos de interesse para que mais pessoas visitem essa freguesia. “É um trabalho que deve ser harmonioso e feito com uma lógica e, por isso, estamos a implementar os percursos pedonais por aquele território fantástico e já lá se instalou uma estação da biodiversidade”, destacou Carlos Silva e Sousa.

ALGARVE INFORMATIVO #68


ALGARVE INFORMATIVO #68

22


23

ALGARVE INFORMATIVO #68


Mercado de Altura abriu portas ao século XXI Embora estivesse em pleno funcionamento desde o início de junho, o Mercado de Altura foi inaugurado oficialmente, no dia 26 de julho, após uma intervenção que assentou no melhoramento e modernização deste importante espaço público do concelho de Castro Marim. A par dos discursos das entidades oficiais, a cerimónia incluiu a apresentação do projeto «Barco Lendas e Rendas» da ACASO e a inauguração de uma exposição de Paula Frade. Texto:

ALGARVE INFORMATIVO #68

Fotografia:

24


A

pós intensas obras de melhoramento e modernização, o Mercado de Altura foi inaugurado no dia 26 de julho, ainda que, face à afluência de muitos turistas a esta freguesia do concelho de Castro Marim, já estivesse em funcionamento há algumas semanas. A obra orçou os 250 mil euros e contou com um cofinanciamento do PROMAR (Programa Operacional Pesca 2007-2013), por via das medidas do Grupo de Ação Costeira do Sotavento, na ordem dos 80 por cento a fundo perdido. A empreitada incluiu a melhoria das condições técnicas e tecnológicas necessárias aos vendedores para garantir a qualidade dos produtos, além do reforço do fator atratividade. Deste modo, as grandes mudanças sentiram-se na zona de venda de pescado, mediante a remodelação integral de bancas e

espaços afetos, procurando responder à excelência exigida, tanto pelo vendedor, como pelo consumidor. O projeto contemplou igualmente a reabilitação de outros espaços interiores, que passam pela redistribuição de sítios de venda, aplicação de novos revestimentos, remodelação de sanitários, reformulação de infraestruturas de abastecimento de água e de rede elétrica, além dos melhoramentos na envolvente do mercado. Na ocasião, Filomena Sintra, vicepresidente da Câmara Municipal de Castro Marim, confirmou que havia que garantir uma série de condições higienosanitárias para que o Mercado de Altura continuasse aberto ao público e revelou que todo o processo demorou mais de cinco anos. “Não é uma obra de grande ostentação, mas é de primordial importância, até

A vice-presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Filomena Martins, no uso da palavra

25

ALGARVE INFORMATIVO #68


O presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral, serviu a primeira dose da cataplana gigante que foi oferecida a todos os presentes

porque o telhado ainda era de amianto. O financiamento foi conseguido porque preconizava uma intervenção na área do mercado do peixe, a vertente da fruta beneficiou por acréscimo, e estivemos em vias, por duas ou três vezes, de perder o acesso a estes fundos comunitários”, afirmou a autarca, acrescentando que outros investimentos tiveram que ficar em espera para se dar prioridade ao Mercado de Altura. Filomena Sintra deixou uma palavra de agradecimento ao Diretor Regional da Agricultura e aos funcionários da Câmara Municipal de Castro Marim pelo empenho que colocaram para a concretização do projeto, mas destacou quatro pessoas em particular: “A Dona Hermínia, o Sr. António, a Dona Elmira e a Dona Rita porque, para esta obra ser uma realidade, tiveram que fazer um grande sacrifício pessoal para trabalhar, sem as ALGARVE INFORMATIVO #68

melhores condições, durante oito meses. Sabemos que o esforço foi enorme, há coisas que temos que melhorar, mas isto foi feito essencialmente para aqueles que aqui têm a sua atividade. Agora, há que atrair clientes ao mercado, pois o sucesso destes vendedores é o sucesso de toda a freguesia”, frisou a vice-presidente. Para se atrair mais pessoas ao Mercado de Altura foi ali instalado precisamente o Espaço do Cidadão e o Gabinete de Apoio ao Munícipe e um novo café-snack-bar deverá contribuir também para a dinâmica desta infraestrutura. Por isso mesmo, Francisco Amaral, presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, entendeu estar-se a inaugurar “um espaço vivo, um espaço requalificado, um espaço digno, à altura dos 26


alturenses”, ao mesmo tempo que endereçou um louvor especial à vereadora Filomena Sintra. “Por ela passa a captação de muitos milhões de euros de fundos comunitários para financiar obras. As candidaturas não acontecem quando nós queremos e foi preciso partir muita pedra para se concretizar esta requalificação”, sublinhou. Apesar de se estarem a viver anos de vacas magras, o edil castromarinense manifestou o desejo de concluir a habitação social e o Lar da Terceira Idade de Altura, para além de se criar um parque de autocaravanismo e requalificar a rua principal de Altura. “Fazemos o melhor que podemos e sabemos, tal

27

como os nossos antecessores o fizeram. Estamos numa das praias mais belas do país e faz todo o sentido que os alturenses tenham mais qualidade de vida”, declarou Francisco Amaral, antes de se proceder ao descerrar da placa comemorativa da inauguração e de se servir uma cataplana a todos os presentes. A cerimónia foi também marcada pela apresentação do projeto «Barco Lendas e Rendas», da Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão – ACASO, e pela inauguração da exposição de conchas e crustáceos «O que o Mar Cria e o Homem Recria», patente até ao final do verão, de Ana Paula Frade .

ALGARVE INFORMATIVO #68


ALGARVE INFORMATIVO #68

28


29

ALGARVE INFORMATIVO #68


Algarve recebeu Laboratório Estratégico de Turismo O edifício sede da Região de Turismo do Algarve, em Faro, foi o local escolhido para a realização, no dia 26 de julho, do primeiro de 10 Laboratórios Estratégicos de Turismo integrados no processo da construção da Estratégia para o Turismo 2027. Na prática, estes espaços de discussão pública têm como objetivo fomentar o debate com os diversos atores em torno dos principais desafios e oportunidades para o turismo da região. Texto:

ALGARVE INFORMATIVO #68

Fotografia:

30


S

endo o Algarve a principal região turística do país, não admirou que o primeiro de 10 Laboratórios Estratégicos de Turismo (LET), com vista à construção da Estratégia para o Turismo 2027, tivesse lugar em Faro, mais concretamente na sede da RTA, no dia 26 de julho. Assim sendo, o auditório do coração do turismo algarvio encheu-se de empresários e representantes associativos para abordar os principais desafios e oportunidades que se colocam ao maior setor de atividade da região, sendo que estes espaços de discussão pública se dividem em sete LET territoriais (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve, Açores e Madeira) e três temáticos (Conhecimento, Emprego & Formação; Competitividade & Inovação Setorial; Tendências e Agenda Internacional). Na abertura da sessão, Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, considerou importante esta “escuta ativa” do Turismo de Portugal em relação a quem trabalha diariamente no terreno, sobretudo quando se está a definir uma estratégia de atuação para o médio e longo prazo. “Queixamo-nos bastante da orientação de diversas decisões do Turismo de Portugal e de outras entidades do poder central e que, muitas vezes, não têm a preocupação de ouvir quem está no território, quem o conhece como a palma das mãos e quem tem informações importantes para fornecer. Quando, em 2015, o Turismo do Algarve aprovou o seu Plano 31

Estratégico de Marketing, ouvimos, tomamos notas, consideramos as propostas que eram interessantes e colocamos tudo isso a funcionar”, frisou o dirigente. Lamentando que o país esteja cheio de planos e estratégias que nunca passam da teoria à prática, Desidério Silva avisa que, apesar do momento atual ser muito positivo em termos de negócio, não se deve ficar parado no tempo. “O turismo é bastante dinâmico e volátil e não podemos adormecer à sombra de fatores que, sendo benéficos neste momento, podem mudar de sentido num instante”, afirmou, defendendo ainda que as ofertas devem ser diversificadas e integradas, daí mostrar-se satisfeito perante a variedade de agentes presentes na plateia. “É transversal a todos os serviços e setores e é isso que enriquece os planos e estratégias. Acho que todos concordamos que é importante requalificar a oferta existente, que é preciso envolver as autarquias, que é necessário garantir a segurança, que é fundamental melhorar as infraestruturas e acessibilidades, que é fulcral dar projeção e visibilidade à região”, sublinhou. E por falar nas acessibilidades e nos famosos 15 por cento de desconto nas portagens da Via do Infante durante o mês de agosto, Desidério Silva garante que isso é apenas uma gota de água no mar de problemas originados pelas portagens. “Mais ALGARVE INFORMATIVO #68


preocupante é a situação que se verifica na Ponte do Rio Guadiana e que complica a entrada dos espanhóis em território nacional. Se esse processo fosse agilizado, a economia regional ganhava muito mais do que 40 ou 50 por cento de desconto nas portagens”, acredita o presidente da RTA, falando igualmente da questão dos recursos humanos. “Ninguém quer trabalhar apenas dois ou três meses e ninguém consegue contratar pessoas para trabalhar o ano inteiro”, reconheceu. Desidério Silva abordou igualmente a dinamização de eventos durante a chamada época baixa, ou seja, de outubro a maio, mas chamou a atenção que não basta apenas criar ações, há que divulgá-las. “Se não forem projetadas para o exterior, deixam de ter sentido, porque a visibilidade de uma região só é possível com a mediatização daquilo que acontece. Temos eventos desportivos como a Volta ao Algarve, o Cross das Amendoeiras, a Motonáutica e a Vela, mas depois não há formas de ajudar a promovê-los. O Portugal Masters é o único que tem a devida visibilidade mas, mesmo assim, temos que nos esforçar todos os anos para que permaneça no Algarve, já que existem alguns lobbies a tentar levá-lo para outros sítios”, desabafou, apelando para que o «Estratégia para o Turismo 2027» consiga agregar fontes de financiamento próprias. “Todos temos a perceção do que é preciso fazer e as autarquias e os agentes económicos sabem o que é necessário realizar. Estamos a trabalhar o património cultural, as bicicletas, as caminhadas, a Dieta Mediterrânica,

ALGARVE INFORMATIVO #68

existem todas as condições para que o Algarve possua a maior diversidade possível e com oferta de qualidade, portanto, há que investir onde há retorno efetivo, como é o caso da nossa região”.

Um diagnóstico já muito conhecido A Estratégia para o Turismo 2027 pretende ser um referencial de longo prazo para o turismo e enquadrará o próximo quadro comunitário de apoio 2021-2027. Nesse pressuposto, o objetivo é identificar prioridades e opções, promover a integração das políticas setoriais que influenciam a atividade do turismo e assegurar uma estabilidade nas políticas públicas do turismo até 2027, assentando em cinco eixos estratégicos: valorizar o território; impulsionar a economia; potenciar o conhecimento; gerar conetividade; e projetar Portugal. Para esta estratégia a 10 anos, o Turismo de Portugal identificou 10 desafios, logo a começar pelas Pessoas, de onde sobressai a importância de promover o emprego, a qualificação e valorização dos recursos humanos e aumentar o rendimento dos profissionais do turismo. Mitigar as assimetrias regionais, crescer mais do que a concorrência em receitas turísticas e reduzir a sazonalidade são outras metas apontadas, assim como reforçar a acessibilidade ao destino Portugal e promover a mobilidade

32


dentro do território nacional. No lote de desafios encontra-se igualmente um melhor conhecimento dos mercados para se adaptar as estratégias públicas e empresariais às tendências e alterações da procura; estimular a inovação e Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve o empreendedorismo; foram, entretanto, sumarizados os assegurar a conservação e a valorização aspetos mais relevados pelos económica sustentável do património mercados internacionais. Assim, do cultural e natural; simplificar a legislação lado positivo da balança, destaque e tornar mais ágil a administração; e para: a autenticidade, com garantir recursos financeiros e assegurar modernidade e preservação do a sua adequada aplicação, sejam fundos destino; as pessoas; a segurança; comunitários ou outras fontes de história e cultura; Portugal é um financiamento. destino que supera as expetativas; diversidade da oferta e liberdade para Depois de identificados os desafios viajar; boas ligações áreas e para a próxima década, foram infraestruturas de suporte; qualidade igualmente detetados os pontos fortes de serviço. Do lado negativo da que podem facilitar a caminhada. Destes, balança, há aspetos importantes a cinco são ativos diferenciadores dos trabalhar, nomeadamente: Portugal é restantes destinos concorrentes: clima e um destino ainda pouco conhecido; luz; história e cultura; mar; natureza e combinar o online com o offline; biodiversidade; água. Dois são ativos melhorar a coordenação entre regiões qualificadores da oferta e experiência turísticas; estruturação do produto; turística: gastronomia e vinhos; eventos informação sobre o que existe em artístico-culturais, desportivos e de Portugal; proporcionar mais negócio; Dois são ativos emergentes: experiências na época baixa; bem-estar; Living – viver em Portugal; informações e condições de Finalmente, existe um ativo único e transversal, as pessoas. mobilidade para visitação do país . Depois de auscultados diversos agentes económicos, nacionais e estrangeiros,

33

ALGARVE INFORMATIVO #68


ALGARVE INFORMATIVO #68

34


35

ALGARVE INFORMATIVO #68


3ª guerra mundial? Paulo Cunha

N

ão sendo supersticioso, muito menos agoirento, por quem o é já bati três vezes nas tábuas da mesa onde está assente a folha em que vos escrevo este desabafo, simplesmente por achar que, pelo facto de sermos brandos nos costumes, não o devemos ser na precaução e prevenção das possíveis ameaças que tornam a aparente paz em que vivemos numa “paz podre”. Não me achando pessimista por natureza, tomo a realidade dos factos como um sério aviso para a eminência do que nos poderá acontecer! Por comparação com o clima de terror que vai minando os centros nevrálgicos do «1.º Mundo», é de toda a pertinência e urgência projetar para Portugal cenários similares aos acontecimentos que têm vindo a aterrorizar e a chocar todo o mundo (dito) civilizado. Sem qualquer complexo, seja de que índole for, é perfeitamente plausível imaginar um evento terrorista numa região constantemente pejada de turistas como é o Algarve. Sendo um «caldeirão» multiétnico e multicultural onde se juntam e se misturam «infiéis» de todo o mundo, esta região que se tem mantido segura e incólume a ações bárbaras e assassinas não está livre da insanidade e da loucura humana. Não pensar, não falar, nem antever estes cenários, tornar-nos-á mais permeáveis a todas as consequências desta guerra sem território definido, nem altura marcada. A maioria dos estrategas e ideólogos militares vaticinam nestes novos métodos de guerrilha urbana assente no terror, indícios que a «3.ª guerra mundial» já começou. É óbvio que todos aqueles que só pensam nas «coisas» quando elas vêm ter consigo, acharão estas projeções e antevisões, catastróficas e irrealistas. Não defendendo que o medo comande as nossas vidas, não posso deixar de alertar para a sensibilização e capacitação de

ALGARVE INFORMATIVO #68

todos os que, não querendo, só por existirem fazem já parte duma guerra sem tréguas nem quartel. Não se regendo pelos preceitos, convenções e regras que aprendemos no extinto SMO (Serviço Militar Obrigatório), esta nova forma de matar para «vencer» não olha a meios para conquistar os fins! A sua globalização tornou o mundo num enorme cenário de terror eminente. Sem medo de morrer, os atacantes constituem-se nas próprias armas do ataque, não tendo qualquer tipo de pejo, sensibilidade ou remorso pelos atos hediondos que estão dispostos a praticar. Nesta carnificina latente, quanto maior for o número de baixas, mais «em alta» ficará o propósito final de instalar o medo… e através do medo vencer! Segundo a história e os cânones militares, as guerras tornam-se mundiais quando os conflitos bélicos contam com a participação de países de vários continentes, sendo as consequências extensíveis a todo o mundo. Observando a atual realidade, não será isso que já está a acontecer, ainda que com as habituais descriminações em relação aos países mais pobres e menos influentes? A «3.º Guerra mundial» já começou e todos já foram convocados para ela, só que não o sabem, por ignorância ou por opção. Lutar contra o medo é uma «guerra» diária. Ganhando-a, preservaremos um bem precioso e insubstituível: a Liberdade. Acredito que enquanto a Liberdade prevalecer e continuar a guiar os nossos pensamentos e atos, não haverá loucura que, em nome de ideais políticos e religiosos, nos possa vencer! .

36


37

ALGARVE INFORMATIVO #68


#juntospeloalgarve José Graça

O

mês que termina marcou uma viragem importante na movimentação da sociedade civil do Algarve, relativamente aos assuntos e temas de âmbito regional, complementando a ação dos órgãos políticos na salvaguarda dos interesses da Região do Algarve e a promoção do bem-estar da população. Se tais movimentações ainda não são muito expressivas no quotidiano das populações, muito por causa da fase minguante que os órgãos de comunicação do Algarve mais tradicionais – jornais e rádios – atravessam, nas redes sociais (facebook e twitter fundamentalmente) ou nos novos media assentes na internet (onde o Algarve Informativo tem lugar reservado), sente-se uma região vibrante e desejosa de participar de forma mais assídua e intensa na discussão dos assuntos que marcam a agenda. Pelo contrário, as televisões agarraram-se a alguns destes temas, mas a perda progressiva de audiências dos programas informativos também não ajuda muito… Reparemos nas reações epidérmicas que marcaram os primeiros dias do mês, devido à continuação das obras na EN125 em pleno verão ou quando se levantou a possibilidade do Governo adiar para as calendas uma redução das taxas das portagens na A22 / Via do Infante. Veja-se o descontentamento generalizado com os contratos que permitiram a prospeção e exploração de gás e petróleo onshore e offshore, assinados na sombra dos gabinetes de Lisboa ao arrepio das autarquias e das populações da região. Olhe-se a polémica instalada na consulta pública dos planos de ordenamento da orla costeira, logo num País onde a avaliação das políticas públicas é considerado um desperdício, em vez de se valorizar os investimentos previstos na proteção das zonas naturais adjacentes. E, a cereja em cima do bolo, foi a contestação inédita ao valor das reduções em quinze por centos de todas as taxas de portagens na A22 / Via do Infante, depois de assistirmos no início do ano ao forte repúdio de um pequeno aumento de cinco cêntimos na tarifa aplicada às viaturas pesadas num único troço. Há que ter memória e relembrar aos contestatários quem obrigou um Governo minoritário

ALGARVE INFORMATIVO #68

a aplicar portagens a todas as SCUT’s para viabilizar um PEC ou quem foi que introduziu essas mesmas portagens em novembro de 2011… Nenhum algarvio ficou satisfeito com o valor da redução das taxas, principalmente quando sabemos que estudos da concessionária pública que sustentavam uma redução superior ficaram engavetados no Terreiro do Paço, prolongando ainda mais o declínio socioeconómico da região e o sofrimento dos algarvios em 2014 e 2015. Nenhum algarvio perdoará aos atores políticos se cruzarem os braços e ficarem satisfeitos com esta primeira redução, mais ainda depois do ministro da tutela ter prometido avaliar e rever esta decisão numa próxima oportunidade… Contudo, voltemos ao início desta crónica, é fundamental que o comboio da participação pública que arrancou com a contestação à prospeção e exploração de gás e petróleo não pare. É imperioso que os ativistas e cidadãos que lideram este processo continuem atentos aos assuntos e temas que são prioritários para o desenvolvimento sustentável e qualidade de vida dos algarvios. É impreterível que os autarcas escutem os sinais e sintam as preocupações da comunidade, para que a providência cautelar apresentada no Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé não morra numa praia qualquer! Finalmente, é capital que estes quarenta anos do Poder Local Democrático sejam coroados com um aumento da participação dos cidadãos nos espaços de intervenção pública previstos nos regimentos dos órgãos autárquicos, seja na sua freguesia, seja na câmara ou na assembleia municipal, contribuindo com a melhoria das suas deliberações e para satisfazer as expetativas das comunidades no cumprimento da sua missão. Todos somos Algarve e só #juntospeloalgarve conseguiremos afirmar a nossa Região! . NOTA – Poderá consultar os artigos anteriores sobre estas e outras matérias no meu blogue (www.terradosol.blogspot.com) ou na página www.facebook.com/josegraca1966 (Membro do Secretariado Regional do PS-Algarve e da Assembleia Intermunicipal do Algarve)

38


39

ALGARVE INFORMATIVO #68


ALGARVE INFORMATIVO #68

40


41

ALGARVE INFORMATIVO #68


Da felicidade e de outras coisas mais Mirian Tavares

O

filho tinha dois anos. Eu, já sem paciência pergunto: preferes tomar banho ou ficar de castigo? Ao que ele responde: eu prefiro um tugerante! Os filhos são grandes mestres, ensinam-nos que há muitos mais caminhos que dois e que decidir entre duas coisas más não é uma boa decisão se podemos escolher uma terceira, ou quarta, que nos dê mais prazer. Gosto de pensar que há mais escolhas à minha frente além do isso ou do aquilo. Entre a miséria da alma humana e a solidão, prefiro celebrar as pequenas felicidades que nos acometem sempre que nos disponibilizamos para recebê-las. Não sou partidária de psicologias positivas, ou de livros como «O Segredo» que prometem a felicidade sempre e que não nos permitem, quando necessário, vivenciar a dor. Que é real e que deve ser vivida. Não se pode é tornar-se uma companheira inseparável, uma forma de se estar e de se ver o mundo. Sou contra a ideia de que para sermos felizes precisamos de ser bem-sucedidos, ter muito dinheiro, sermos jovens, magros e despreocupados. Esta é uma visão edulcorada e superficial daquilo que pode ser a felicidade, que é variegada, que é polifónica que é uma para cada um de nós. Prefiro pensar que a felicidade depende da nossa escolha, do que nos faz bem e daquilo que deve ser feito, ou seguido à risca, porque nos conformamos que a vida é mesmo assim. O filósofo Diógenes, que vivia num tonel e comia lentilhas, por prezar acima de tudo a sua liberdade e relação com a natureza, um dia foi interpelado pelo filósofo Aristipo, que vivia muito bem na corte e que não percebia como era possível alguém se contentar com um prato de vulgares lentilhas. Diógenes então responde: – Se

ALGARVE INFORMATIVO #68

você tivesse aprendido a se contentar com lentilhas, teria aprendido a não se sujeitar ao rei. Sujeitar-se ao rei, ou às contingências de uma sociedade que se alimenta de imagens de verão de corpos perfeitos, bronzeados e em festas que parecem eternas, é semelhante. Porque ser feliz, para mim, não é uma questão de obrigação, como se a infelicidade, ou tristeza, fosse uma mancha que necessita ser ocultada ou desmanchada a todo custo. Ser feliz é escolher um caminho ou mesmo descobrir caminhos alternativos. E é, sobretudo, perceber que não há fórmulas nem pílulas que nos tornem, repentinamente, felizes. A quantidade de pessoas que tomam antidepressivos apenas porque estão tristes, e não porque a depressão, que é uma doença grave, as acomete de facto, é absurda. Se alguém morre, se alguém nos deixa, se perdemos o trabalho ou se adoecemos, não podem esperar de nós um sorriso vazio e uma ideia fixa: está tudo bem, apesar de. Não aceitar a tristeza é uma forma de afastar a verdadeira possibilidade do encontro com um necessário bonheur que buscamos tanto. E que às vezes aparece, inadvertidamente, quando perguntamos ao filho de dois anos o que ele prefere, se um banho ou o castigo e ele decide que, já que pode escolher, prefere um tugerante. E eu prefiro rir-me com ele e aceitar que os caminhos tortos podem também ser bons caminhos. E que a felicidade é um possível percurso, palmilhável e partilhável, mas não pode ser, jamais uma obrigação ou um modelo a seguir. Porque a felicidade é. E isso deveria nos bastar .

42


43

ALGARVE INFORMATIVO #68


Comer, saber comer, gostar de comer Augusto Lima

C

omer é algo fundamental para a vida. Comemos para poder viver, ingerindo nutrientes que alimentam o sistema biológico. Mas não comemos apenas por isso, pois ao comermos podemos associar outros valores, como poder escolher o que nos faz bem e o que nos dá prazer, porque gostamos, mas nem sempre o que gostamos nos faz bem, sabemos. Comer é, de facto, um assunto sério e pode levar a que o nosso sistema imunológico falhe e a que adquiramos doenças incuráveis e mortais. Em alguns casos, apreciar, depende do tempo, pois temos que aprender a gostar. Hoje, interessa-me falar sobre o modo como olhamos para a comida e quantas vezes, por desconhecimento, temos atitudes erradas em relação a ela e a quem a confeciona. Ao lermos uma ementa devemos sempre ler todo o texto que acompanha a descrição do prato e juntar toda a informação necessária junto ao empregado de mesa, pois só assim podemos ter a certeza de que iremos gostar dos ingredientes e da confeção. Nos Restaurantes e similares, os empregados devem estar preparados para atenciosamente descrever e elucidar sobre a confeção dos pratos, retirando quaisquer dúvidas existentes no cliente. Em se tratando de Restaurantes de Cozinha de Autor, é muitíssimo normal apreciar conjugações inusitadas, chocantes até. Perguntem e, em se sentindo confortáveis, aventurem-se pois o mínimo que poderá acontecer é pedir um outro prato.

bacalhau salgado e até não que a grande maioria inicia a refeição deitando sal sem sequer provar. Grosso modo das pessoas não sabe que o sangue da carne, não é sangue sequer, mas sim um líquido proteico e cor vermelha que caracteriza as chamadas carnes vermelhas, onde a carne de vaca tem uma maior quantidade. Portanto, carne grelhada com líquido vermelho é sinal de carne não desidratada, seca, de carne húmida e tenra, e não de carne cheia de sangue. Devem os Restaurantes e similares servir carne ou outra iguaria abaixo da temperatura interior de segurança? (entre 64ºC e 74ºC). Legumes bem cozidos, ou outro alimento qualquer não são por certo demasiado cozinhados. Por norma, legumes sem cor, indicam falta de vitaminas e moles, falta de nutrientes de um modo geral. Legumes verdes devem se apresentar verdes na refeição, vermelhos idem. O ato de cozinhar transforma os alimentos na sua cor, textura e sabor. Cada alimento suporta algumas técnicas de confeção, mas não admite todas, por certo. Se cozinhar transforma o alimento é então necessário termos nas nossas cozinhas quem saiba utilizar as técnicas culinárias, certo? Acreditam que cerca de 90 por cento das pessoas, inclusive cozinheiros, não sabe descrever o que é grelhar, fritar, guisar? Comer para além de uma necessidade deveria ser sempre prazer, concordam? Saudações gastronómicas .

Sendo a nossa cozinha única em muitos aspetos, é natural que muitos dos que nos visitam não conheçam a realidade, por exemplo, do nosso

ALGARVE INFORMATIVO #68

44


45

ALGARVE INFORMATIVO #68


ALGARVE INFORMATIVO #68

46


SAM ALONE De quarteira para o mundo Cabe a Sam Alone & The Gravediggers defender as cores do Algarve no próximo Festival F, partilhando o palco com nomes sonantes do panorama nacional. O projeto de rock poderoso de Apolinário Soares Correia já existe há quase uma década mas, como em tantos outros casos, é bastante conhecido no resto do país e além-fronteiras, mas menos acarinhado pelos seus conterrâneos algarvios. Nada que apoquente Sam Alone, que nunca teve o sonho de ser uma estrela mediática, estando preocupado apenas em escrever e tocar sobre o que lhe vai na alma, seja em pequenos clubes para algumas centenas de pessoas, ou para festivais com um mar de gente pela frente. Texto:

47

Fotografia:

ALGARVE INFORMATIVO #68


ossegado, tranquilo, na dele, assim estava Apolinário Soares Correia, conhecido no meio musical como Sam Alone, na apresentação oficial do Festival F, que acontece em Faro nos dias 2 e 3 de setembro. No final dos discursos dos elementos da organização e das entidades oficiais, meteram-lhe o microfone na mão para dizer umas palavras, mas ele gosta é de cantar, não de conversar com pompa e circunstância, por isso, tocou um tema, à capela, sobre o bonito serviço que os nossos governantes têm feito em Portugal ao longo das últimas décadas. Alguns dias depois, abriu-nos a porta da sua casa, perto de Almancil, e, depois de uma sessão fotográfica improvisada – mais outra coisa em que não se sente muito à vontade – explicou que a música faz parte da sua vida desde pequeno, influenciado pelo country, blues e folk americano que o pai ouvia. Aos nove anos já tocava guitarra e estudou numa escola de música em Quarteira, mas depressa se apercebeu que, com aquela idade, não era normal um miúdo gostar de blues. Aos 14, 15 anos, o punk-hardcore entrou-lhe na vida e teve a sua primeira banda. Em 2007, gravou o primeiro disco, sem “saber onde é que me ia meter”, confessa. “Durante os concertos gosto de prestar tributo a alguns artistas que me influenciaram, mas sempre escrevi os meus próprios originais, nunca me seduziram os projetos de covers”, garante.

ALGARVE INFORMATIVO #68

As letras dividiam-se entre momentos de introspeção ou palavras de intervenção, não camuflava a sua personalidade, as suas opiniões fortes, mesmo que fossem contra a corrente ou que não ajudassem à sua projeção enquanto artista. Mas cedo se percebeu que Sam Alone não queria ser uma rockstar, muito menos uma popstar, não andava atrás da fama, de entrevistas em programas de televisão. “Quero é que as pessoas, quando ouvem as minhas canções, pensem, mas não me considero um músico de intervenção. Para isso, é preciso ter um entendimento mais profundo da política, o que não é o meu caso. Simplesmente, sou um rapaz do povo que tenho uma opinião sobre aquilo que acontece ao meu redor e que quero o melhor para os meus filhos e os dos outros”, distingue. Recuando a 2007, ao momento em que grava «Dead Sailor», Sam Alone ainda não existia, mas também não queria ser o Apolinário ou o Poli, o tatuador, queria fugir desses egocentrismos. “Nessa altura, passaram as temporadas todas do «Cheers» na SIC Comédia, eu gostava bastante dessa série e a personagem do Ted Danson chamava-se Sam Malone. Em conversas com amigos surgiu o trocadilho «Sam Alone», por tocar sozinho, não há uma grande história filosófica por detrás do meu nome artístico”, refere, com 48


49

ALGARVE INFORMATIVO #68


um sorriso, confessando que o primeiro disco foi pautado por uma grande anarquia. “Se pudesse voltar atrás, o que eu não fazia com aquelas malhas! Hoje, tocamos versões muito mais aprimoradas desses temas, mas já havia a vontade de construir um projeto sério e duradouro”. Ora, quando não se quer ser famoso, ALGARVE INFORMATIVO #68

quando não se anda atrás do dinheiro rápido, há pormenores que vão ficando para trás, não no esquecimento, mas para segundo plano, e ter um empresário que tratasse da promoção da carreira foi um deles. “Só há pouco tempo é que tenho uma agência, a Xapa13, porque uma pessoa farta-se de ouvir histórias de artistas, uns mais 50


Sem correr atrás da fama

conhecidos do que outros, que são mal aconselhados ou enganados pela indústria da música. Mas estou supercontente com eles”, assegura Sam Alone, que nunca deixou de ser também o Poli, tatuador há 17 anos. “Não quero largar as coisas que fazem de mim quem eu sou e para as quais eu vivo. Não penso deixar de tatuar, porque é algo que me dá um grande prazer, assim como a música”, afirma. 51

Se Sam Alone é o mentor, o compositor, o letrista, o coração e cérebro deste projeto, há depois outra componente fundamental, a banda de suporte nas grandes atuações ao vivo, os «The Gravediggers», uma necessidade que sentiu quando andava no circuito de clubes. “No início tocava sozinho ou com o meu irmão a ajudar mas, mesmo com o PA, tinha que lutar contra o barulho das pessoas a conversar enquanto bebiam uns copos. Agora, a malta já compreende mais o conceito do clube e respeita os artistas que estão em palco”, comenta Apolinário, com a primeira banda a acompanhá-lo a ser os «Devil in Me». “O Pedro Matos veio tocar baixo, o Guru Marque é tatuador mas sempre tocou bateria, o meu irmão tomava conta da guitarra e eramos os quatro no princípio. Desde então houve várias formações e tivemos que escolher um nome, não demasiado pesado, mas que ficasse no ouvido”, explica, assim nascendo os «The Gravediggers». Sozinho ou com a banda, todas as atuações são apaixonantes para o entrevistado e cantar em inglês nem sequer foi uma escolha pensada, simplesmente aconteceu, o que não o impede de ter muitas músicas escritas também em português, ALGARVE INFORMATIVO #68


guardadas na gaveta à espera, quiçá, de um dia serem gravadas. “Contudo, foi o inglês que me permitiu assinar um contrato discográfico com uma editora internacional, a «People Like You Records», que pertence à Sony, e ter uma agência na Alemanha e andar em tour pelo estrangeiro”, reconhece, um salto que demorou quase nove anos a dar. “Honestamente, nos tempos que correm, o talento deixou de ser o mais importante para se ter sucesso. Quem tiver uma boa máquina atrás e dinheiro para injetar na promoção, tem o caminho semiaberto para o sucesso. As bandas, agora, até têm aquele toque psicadélico e cantam em português um bocado desafinado e está-se bem. Eu também não me acho um grande cantor, gosto apenas de fazer melodias com a voz e passar uma mensagem”. Mensagens que começaram em «Dead Sailor» e continuaram a ser gravadas no EP «Restless», de 2009, e em «Youth in the Dark», de 2012, álbum que lhe deu uma tremenda projeção graças ao apoio da Antena 3, até ao mais recente disco, «Tougher than Leather». Uma caminhada árdua, batalhada, sem que nada lhe fosse oferecido de mão-beijada. Tudo embrulhado num rock que bebe da influência dos blues, o som de Sam Alone, o que se vê a tocar o resto da vida. “Temos uma família muito grande de pessoas que vão assistir aos nossos concertos, que apoiam a nossa música, não gosto de os

ALGARVE INFORMATIVO #68

chamar de fãs. Para pena minha, tocamos com mais regularidade de Lisboa para cima, ou em tournées no estrangeiro em clubes para 150 ou 200 pessoas, do que no Algarve. Somos, sem dúvida, uma banda de estrada, gostamos imenso de andar em digressões”, sublinha. Na estrada e em espaços de média dimensão, a tocar olhos nos olhos com o público, a ter que passar pelo meio das pessoas para chegar ao palco, a beber umas cervejas com os amigos depois do concerto, adivinhamos. “A cena dos festivais é que uma banda só faz um mau concerto se for, efetivamente, muito má. O público é festivaleiro e está tanta gente junta que é difícil as coisas não correrem bem, portanto, não se consegue ver bem o potencial de uma banda só porque vai tocar num desses grandes eventos. Os cabeças de cartaz têm, claro, valor, mas até chegarmos a esse patamar são anos e anos de carreira”, considera Sam Alone. Não admira, por isso, que muitos artistas e bandas conceituadas do panorama internacional nunca percam o gosto de tocar em espaços mais pequenos, em maior comunhão com os seus seguidores, com aqueles que realmente compram os seus discos, que amam a sua música. “A minha realidade é o Inverno, ainda não estamos na onda das queimas das fitas e dos

52


festivais de Verão. Vivemos dos clubes, tudo organizado por nós, com a receita da porta, o risco todo do nosso lado, mas é isso que gostamos e, felizmente, tem corrido sempre tudo bem”, aponta Apolinário, embora não esconda a satisfação de fazer parte do cartaz do Festival F. “Sinceramente, foi uma surpresa. Acho que chegamos a um pouco em que se tornou impossível fazer de conta que os Sam Alone & The Gravediggers não existem. São nove anos a ganhar público, respeito e consideração de forma consistente”. Entretanto, por entre os próximos concertos no Festival F e no Festival do Avante, a veia criativa não tem descanso e novo disco deverá ser lançado no primeiro trimestre de 2017. “O ato de compor é constante. O pessoal dos originais nunca para de escrever e está sempre a gastar dinheiro numa pré-produção no estúdio só para perceber como é que a coisa está a soar”, diz, pouco preocupado com bloqueios de criatividade. “Isto é o que eu sou até 53

morrer. Não ando aqui numa caça aos likes, vou construindo e conquistando com naturalidade. A televisão não é a minha cena, nem sessões públicas de autógrafos, sou avesso ao estrelato. Aliás, a palavra «famoso» faz-me muita confusão, prefiro ser reconhecido pelo meu valor”, finaliza Apolinário Santos Correia, o Poli tatuador ou o Sam Alone do rock genuíno sem tiques de vedeta . ALGARVE INFORMATIVO #68


ALGARVE INFORMATIVO #68

54


55

ALGARVE INFORMATIVO #68


SALIR VIAJOU NO TEMPO COM FESTIVAL DE ARTES MEDIEVAIS De 22 a 24 de julho, foram muitos os milhares de algarvios e turistas estrangeiros que trocaram o litoral pelo interior para participar em mais uma edição do «Salir do Tempo», Festival de Artes Medievais organizada pela Câmara Municipal de Loulé com a colaboração da Junta de Freguesia de Salir e a participação da Viv’Arte. Ao longo de três noites, assistiu-se a uma verdadeira viagem a uma época medieval com mais de 760 anos de história e que deliciou miúdos e graúdos. Texto:

ALGARVE INFORMATIVO #68

Fotografia:

56


57

ALGARVE INFORMATIVO #68


O

«Salir do Tempo» já faz parte do roteiro turístico do animado Verão algarvio e a presente edição, realizada entre 22 e 24 de julho, não defraudou as expetativas, chamando a esta vila da Serra do Caldeirão muitos milhares de visitantes, portugueses e estrangeiros. O objetivo: respirar, cheirar, saborear, observar, tocar, enfim, mergulhar numa recriação histórica do período da Reconquista que torna Salir num verdadeiro palco de experiências de regresso ao passado e onde, ao virar de cada esquina, nos deparamos com música, dança, artes performativas, animação itinerante, rábulas e estórias, exposições ou gastronomia.

ALGARVE INFORMATIVO #68

58


59

ALGARVE INFORMATIVO #68


ALGARVE INFORMATIVO #68

60


Este ano, o recinto dividiu-se em três áreas temáticas – Cristã, Moura e Judaica – e trouxe muitas novidades ao nível dos espaços, tais como um acampamento castrense, uma caravana moura, um mercado dos petizes e dos infantis, o judeu ferreiro, o harém, o pátio das laranjeiras, a praça dos medicantes, a pedra da moura encantada, o poiso do visitante, a praça dos artistas ou as praças das beberagens e do sustento. E, neste mercado medieval, os produtos da época estiveram em evidência, graças a vários mercadores/produtores e às suas bancas de produtos tradicionais como o mel, cortiça, cestaria ou frutos secos, assim como os artesãos, com os seus ofícios ao vivo. Com o dia a dar lugar à noite, as ruas da vila foram percorridas por mouros e cristãos, nobres e populares, mendigos e 61

ALGARVE INFORMATIVO #68


representantes do clero, bobos da corte e guerreiros, bailarinas de dança do ventre e cuspidores de fogo, personagens típicas de uma época que faz sonhar homens e mulheres de todas as idades e que criaram uma aura mística em todo o recinto. A recriação dos torneios medievais foi outro chamariz de grande impacto visual, enquanto os mais novos se podiam divertir na zona dos jogos medievais ou dar passeios de burro e cavalo. A exposição de falcoaria, os dromedários ou as serpentes foram outro motivo de interesse acrescido e muitos foram os que adquiriram recordações nas bancas de artesanato, desde a bijuteria árabe, às esculturas de ALGARVE INFORMATIVO #68

fadas e elfos, mas também réplicas em madeira de escudos e espadas, coroas de flores, para além dos indispensáveis produtos agroalimentares, como frutos secos e frutos desidratados. No «Salir do Tempo» recriou-se a preceito, como não poderia deixar de ser, a alimentação da Idade Média, com todos os pormenores pensados a rigor, exemplo dos talheres de madeira, dos pratos em pão e dos copos de barro, a que se juntavam os nomes dos pratos alusivos a esta época. E os visitantes tinham ainda a possibilidade de conhecer mais a fundo o Pólo 62


Museológico de Salir, com a sua exposição de objetos do período islâmico, nomeadamente peças do quotidiana muçulmano como vasos, jarros, entre outros, encontrados após as escavações arqueológicas feitas junto às ruínas do Castelo de Salir, construído durante a ocupação Almóada, no século XII. Isto 63

porque, reza a história, o Castelo de Salir foi escolhido por D. Paio Peres Correia para esperar por D. Afonso III, para desencadear a conquista do Algarve aos mouros. Depois, foi incendiado e reconstruído por duas vezes, restando, atualmente, ruínas das suas muralhas . ALGARVE INFORMATIVO #68


ALGARVE INFORMATIVO #68

64


65

ALGARVE INFORMATIVO #68


UMA ROTA PARA VALORIZAR O ESTILO DE VIDA MEDITERRÂNICO Faz, no início de agosto, um ano que foi apresentada oficialmente a Rota da Dieta Mediterrânica, uma iniciativa enquadrada no Plano de Salvaguarda da Dieta Mediterrânica e dinamizada pela Associação In Loco, com o apoio do Programa Operacional Algarve 21. O objetivo é qualificar, organizar e disponibilizar a todos os interessados locais e recursos patrimoniais onde estejam presentes os elementos identitários da Dieta Mediterrânica e, das duas dezenas de parceiros iniciais, hoje, são mais de 130 as empresas e entidades que fazem parte da RDM. Texto: ALGARVE INFORMATIVO #68

Fotografia: 66


67

ALGARVE INFORMATIVO #68


H

á por este nosso Algarve, da ponta de Sagres ao extremo de Alcoutim, mil e uma possibilidades para desfrutar do estilo de vida que é a Dieta Mediterrânica, desde a excelente gastronomia aos produtos artesanais que combinam os materiais do passado à arte do presente, sem esquecer as raízes tradicionais, o património arquitetónico, a cultura que se respira e sente. E foi para se compilar toda essa oferta, mas também para a promover, divulgar e ajudar a criar oportunidades de negócios, que se começou a desenhar a Rota da Dieta Mediterrânica (RDM) há mais de três anos.

ALGARVE INFORMATIVO #68

Na altura, no âmbito do projeto «Articular para Intervir», coordenado pela CCDR Algarve, uma série de entidades, públicas e privadas, realizaram diversas ações de valorização da Dieta Mediterrânica e a Associação In Loco assumiu, desde logo, o papel de dinamizador junto das empresas. “A Dieta Mediterrânica é, para nós, um estilo de vida, que envolve um regime alimentar bastante saudável, mas que vai muito para além disso. Tem a ver com a cultura, as artes, o património, o artesanato, os produtos locais de qualidade, unidos por esta atitude dos povos do Mediterrâneo perante o

68


Artur Filipe Gregório é o coordenador do projeto da Rota da Dieta Mediterrânica

ambiente, o tempo e o intercâmbio cultural. É todo um estilo de vida milenar que foi reconhecido pela UNESCO como Património Mundial e Imaterial da Humanidade”, explica Artur Filipe Gregório, coordenador do projeto da RDM. Se a gastronomia é a faceta mais visível, e mediática, da Dieta Mediterrânica, convém lembrar que nela se podem encontrar a agricultura, o artesanato, a produção agroalimentar, a restauração, entre outras atividades, sempre com a particularidade de simbolizar a celebração da vida em redor da mesa. “É à mesa que a família, o grupo, a sociedade, festeja, faz alianças, estabelece negócios e relações pessoais. Esse estilo de vida não estava a ser devidamente valorizado

69

e aproveitado em Portugal, e particularmente no Algarve, onde ele é, precisamente, mais forte e vivo”, considera Artur Filipe Gregório, enfatizando que os modos de vida tradicionais têm sido abandonados, no nosso país, nas últimas décadas, desde a alimentação à própria produção, em favor de estilos de vida anglosaxónicos. “Foi a invasão da fastfood e do dizer tudo em inglês, fenómenos culturais que não são os nossos, e fomos colocando de lado a nossa identidade cultural, aquilo que fomos no passado”, lamenta o entrevistado. Perante este cenário, a Associação In Loco acredita que, trabalhandose em rede, é possível ajudar as empresas a pegar nos produtos,

ALGARVE INFORMATIVO #68


paisagens e tradições intrinsecamente lusitanos e transformá-los em bens e serviços de elevado valor comercial e dificilmente reproduzíveis noutros pontos do planeta. “O reconhecimento da Dieta Mediterrânica como Património ALGARVE INFORMATIVO #68

Mundial e Imaterial da Humanidade trouxe uma oportunidade única para pegar naquilo que faz a nossa cultura e criar produtos e serviços de extrema qualidade e forte personalidade”, afirma, 70


acrescentando que os parceiros da RDM provém das áreas do artesanato e restauração, mas também de atividades como passeios turísticos à volta do património cultural, passeios geológicos, interpretação dos valores e recursos naturais e culturais e organização de eventos. “Há um património enorme relacionado com a ligação dos portugueses, e dos algarvios, com os Descobrimentos, e aquela época de abandono agrícola completo está a dar lugar a um conjunto de novos empresários que recuperam produtos autóctones e transformam-nos em produtos únicos no globo”. Nem tudo é positivo, claro, sobretudo porque a maior parte do tecido empresarial algarvio é composto por microunidades com um ou dois funcionários, normalmente 71

até familiares, o que dificulta sobremaneira o acesso a um público que dê o devido valor aos seus produtos. “Como é que a Dona Otília, de Cachopo, que faz tecidos em linho espetaculares, consegue competir com uns tecidos em linho muito parecidos produzidos numa aldeia chinesa perdida naquele imenso país? Impossível. Aquelas toalhas bordadas são o resultado de dois mil anos de evolução, de cultivar o linho à borda da ribeira e ao pé da mealha, da técnica de trabalhar o linho, imensas fases que se cristalizam num produto final de extremo valor e que nunca pode ser colocado na mesma prateleira que um produto chinês”, defende Artur Filipe Gregório. “Estes produtos artesanais têm que ser vendidos juntamente com a ALGARVE INFORMATIVO #68


história do território onde são feitos e uma pequena empresária numa aldeia no meio do campo não consegue fazer isso. Agora, trabalhando em rede, articulando-se com os outros, fazendo parte de circuitos e de uma estratégia de comunicação como esta, já se consegue encontrar o cliente capaz de valorizar aquelas toalhas”, garante.

Em rede, todos beneficiam Após alguns minutos de conversa com o gestor de projetos da Associação In Loco, rapidamente se percebe que o cliente que mais interessa aos parceiros da Rota da Dieta Mediterrânica não é o habitual

ALGARVE INFORMATIVO #68

visitante do Algarve durante os meses de julho e agosto, que estão mais focados no sol e mar. No entanto, face à presença de alguns milhões de turistas na região, é importante mostrarlhes que o Algarve não é apenas o tal «sol e mar» e que tem motivos por demais aliciantes para ser visitado em qualquer época do ano. “Lançamos agora a campanha de comunicação «Onde fica? O melhor do Mediterrâneo» para que todos estes turistas, quando voltarem para os seus países, saibam que há imensas coisas que justificam o seu regresso ao Algarve depois do Verão terminar. Até porque um dos maiores problemas destas empresas é que têm grande parte da sua atividade concentrada em dois ou três meses, o que dificulta a sua sobrevivência”, refere Artur Filipe Gregório. Diminuir a sazonalidade, proporcionar um rendimento mais estável, permitir a manutenção dos postos de trabalhos, são, então, outros objetivos da RDM e os resultados têm sido, segundo o entrevistado, bastante positivos. “É, em primeiro lugar, uma rede de

72


colaboração e estamos a assistir, felizmente, a uma mudança de mentalidade dos empresários algarvios. Antigamente, eram muito fechados sobre si próprios, parecia que não existia mais nada do lado de fora dos seus estabelecimentos e os clientes é que tinham que lhes ir bater à porta”, recorda. “Estes mais de 135 recursos identificados na RDM são dinamizados por empresários e entidades que acreditam em trabalhar em rede, que perceberam que, sozinhos e isolados, não conseguem ir mais longe nem chegar a outros mercados”. Prova disso é que se estão a gerir negócios dentro da própria rede, empresários que colocam os seus produtos à venda nas lojas de outros

73

membros, ou que levam produtos de parceiros a eventos no exterior onde participam. Até se juntam para criarem produtos complexos, que são muito mais interessantes para os clientes do que alguns produtos isoladamente, confirma Artur Filipe Gregório. “Ninguém vem do outro lado do mundo para comer uma feijoada de buzinas, mas vem para dormir num sítio, comer essa feijoada de buzinas, visitar um museu, ou seja, para consumir um pacote de experiências. Para além disso, juntos e com poucos recursos, consegue-se fazer muito. Esta campanha promocional foi completamente suportada por recursos financeiros dos aderentes, não há aqui fundos

ALGARVE INFORMATIVO #68


comunitários ou apoios de entidades públicas”, destaca o coordenador da RDM.

Canais diferentes para públicos diferentes Depois de dois anos de levantamento, caracterização, produção de conteúdos e construção dos materiais para comunicação, a Rota da Dieta Mediterrânica continua aberta a propostas de candidaturas, venham de que setores vierem, desde que façam parte deste conceito de estilo de vida, e o certo é que, das duas dezenas de parceiros iniciais, já se ultrapassou os 130. “Ainda há pouco tempo apareceu uma churrasqueira que se queria diferenciar, começar a utilizar frango do campo, batata-doce, saladas de montanheiros, ou seja, aproximar-se dos princípios e valores da Dieta Mediterrânica. É esse tipo de atitude que procuramos”, frisa Artur Filipe Gregório, adiantando que a RDM cobre o Algarve de uma ponta à outra, do litoral ao interior, embora haja alguns concelhos e setores de atividade onde a densidade é menor. “O artesanato é onde temos trabalhado mais porque a quantidade de artesãos, infelizmente, não é grande no Algarve, e inovadores ainda são menos”, justifica. O desafio, e os resultados, de trabalhar em rede estão, todavia, a

ALGARVE INFORMATIVO #68

permitir que novos artesãos surjam a um ritmo interessante, e oriundos de ramos de atividade completamente diferentes. “Um casal de jovens esteve a vida inteira no estrangeiro, possuía know-how altamente especializado, mas decidiu deixar uma grande cidade europeia e vir para o meio do campo criar o seu projeto de vida: sabonetes feitos com azeite, mas com ervas aromáticas de outro membro da RDM”, exemplifica, ao mesmo tempo que reconhece que as ferramentas de comunicação digital e de venda online são importantes para uma rede desta natureza. “Esse tem sido um handicap à medida que vamos rumando ao interior e nem sempre por culpa dos produtores. Alguns membros vivem em sítios onde não há rede de telemóvel, quanto mais internet. Há restaurantes espetaculares mas, de tão pequenos e isolados que eram, nem ementas tinham”, reconhece. Pormenores que fazem a diferença e que não foram esquecidos pela Rota da Dieta Mediterrânica, que apostou na criação de uma imagem comum, ementas em português e inglês em branco para serem preenchidas nos restaurantes, individuais de mesa, preçários para as lojas de artesanato, logotipos para utilizar em exposições e outros eventos, tanto em formato papel como

74


digital. “Penso que, hoje, é óbvio para a maior parte dos homens e mulheres de negócios a importância de se ser multicanal, porque há múltiplos instrumentos de distribuição devido à existência de públicos diferentes. Há quem goste de consultar e comprar online e quem prefira folhear as brochuras e adquirir no local. Assim, todos os nossos sócios têm uma página própria no site da RDM, que depois remete os visitantes para as suas páginas de internet ou de Facebook”, explica o entrevistado. Reflexo desta realidade é que a campanha «Onde é que fica?» tem um Mapa de Descoberta e um Passaporte, ambos disponíveis em formato digital e analógico, e só a versão online teve mais de 1500 descargas nos dois primeiros dias. “A brochura de 48 páginas inclui informação sobre todos os recursos e ofertas e, para além de ser distribuída pelos aderentes, vai estar disponível, a partir de meio de agosto, nos vários Postos de Turismo do Algarve”, revela, satisfeito com os resultados alcançados até à data. “O importante, agora, é a consolidação, que passa, não por um crescimento 75

descontrolado, mas por um crescimento organizado e estruturado. Queremos mobilizar mais empresários com bons produtos e serviços e onde a identidade mediterrânica seja o seu núcleo central de negócio e, para isso, vamos realizar mais ações de informação e sensibilização na região. A RDM é uma organização informal, a Associação In Loco é a dinamizadora desta parceria, mas não há quotas, joias ou custo algum para se aderir” . ALGARVE INFORMATIVO #68


ALGARVE INFORMATIVO #68

76


77

ALGARVE INFORMATIVO #68


DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 5852 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Telefone: 919 266 930 Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTOGRAFIA DE CAPA: Daniel Pina

A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos.

ALGARVE INFORMATIVO #68

78


79

ALGARVE INFORMATIVO #68


ALGARVE INFORMATIVO #68

80


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.