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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 20 de abril, 2019

SOM RISCADO DESBRAVOU NOVOS CAMINHOS IV LEVANTARTE EM LAGOA | MMA EM QUARTEIRA | FESTA DO BASQUETEBOL JUVENIL EM ALBUFEIRA 1 ALGARVE INFORMATIVO #198 «MILHO POR PEIXE» EM FARO |«WE LOVE ARABS» EM FARO | MÁRIO LAGINHA EM LOULÉ


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CONTEÚDOS #198 20 DE ABRIL, 2019 28

ARTIGOS 10 - Portimão debateu segurança do turismo algarvio 20 - XI Quinzena Gastronómica de São Brás de Alportel 28 - Festa do Basquetebol Juvenil 44 - IV Levantarte 60 - «Som Riscado» 76 - «We Love Arabs» 86 - MMA em Quarteira 98 - «Milho por Peixe» 110 - Mário Laginha 136 - Atualidade

OPINIÃO

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120 - Paulo Cunha 122 - Mirian Tavares 124 - Adília César 128 - Ana Isabel Soares 130 - Afonso Dias 132 - Paulo Bernardo ALGARVE INFORMATIVO #198

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PORTIMÃO DEBATEU SEGURANÇA DO ALGARVE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

João Fernandes, David Thomas, Isilda Gomes, Ângelo Marques, Joaquim Castelão Rodrigues e Teresa Coelho

Algarve está a promover-se como destino de férias seguro com um conjunto de debates e ações de sensibilização dedicados à segurança, proteção e bemestar dos turistas, que resultam da colaboração entre a Região de Turismo do ALGARVE INFORMATIVO #198

Algarve, a Safe Communities Portugal, o Ministério da Administração Interna e outras entidades públicas e privadas com papel ativo nesta matéria. O primeiro desses momentos foi o seminário «Algarve, um destino seguro», que aconteceu no dia 10 de abril, no Auditório do Museu de Portimão, com o intuito de gerar uma reflexão conjunta sobre políticas, 10


medidas e ações que continuem a fazer da região um dos locais turísticos mais seguros do mundo. “Hoje vivem em permanência no Algarve cerca de 440 mil pessoas e a segurança é um direito fundamental dos cidadãos e uma obrigação essencial do Estado, para a qual os Contratos Locais de Segurança têm vindo a desempenhar um importante papel”, declarou Ângelo Marques, em representação da Secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna. A paz pública, a prevenção da delinquência juvenil e da criminalidade e a construção de uma perspetiva integrada de segurança são missões encaradas pelo atual governo como prioritárias, mas Ângelo Marques reconhece que estes desafios comuns a todo o território nacional têm particularidades específicas em determinadas áreas do país, como é o 11

caso do Algarve. “Tem uma ocupação sazonal do território e regista movimentos pendulares muito intensos, com especial incidência no Verão. Com a melhoria das acessibilidades e consequente aumento da mobilidade, tem-se consolidado como um local privilegiado para a construção de segundas residências e centraliza grande parte dos estabelecimentos ligados à atividade turística nacional”, frisou, o que motivou a celebração de um protocolo entre o Ministério da Administração Interna e a Associação Safe Communities Portugal e que deu origem, entre outras iniciativas, à elaboração de panfletos informativos destinados aos turistas. No uso da palavra, João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, começou por realçar o trabalho ALGARVE INFORMATIVO #198


realizado pela Associação Safe Communities Portugal na comunicação junto dos estrangeiros residentes e dos visitantes, lembrando o sucedido, em 2018, aquando dos incêndios ocorridos em Monchique. “As questões da segurança estão na ordem do dia e vale a pena discutir estas matérias numa ótica de melhoria contínua. Podemos realmente considerar o Algarve como um destino seguro, mas temos que trabalhar para que essa garantia se prolongue no tempo e para que seja transmitida uma mensagem de confiança e sem alarmes desnecessários. Mais do que apenas atestar que a segurança é um fator de competitividade para qualquer destino turístico, é importante sermos um agente ativo na construção de redes colaborativas que concorram para essa segurança”, defendeu o líder do Turismo do Algarve. ALGARVE INFORMATIVO #198

João Fernandes enalteceu a sensibilidade de governantes, autarcas, associações empresariais e forças e serviços de segurança nesta matéria, algo que nem sempre acontece noutros destinos concorrentes. “Temos consciência que, nos últimos anos, fruto da instabilidade e insegurança noutros países da Bacia do Mediterrâneo, Portugal e o Algarve beneficiaram de desvios de fluxos turísticos, mas esta é uma perspetiva passiva de olhar para essa situação. Devemos também constatar que, se as pessoas optaram por nós, é porque construímos, de forma pró-ativa, um destino seguro e nunca é demais relembrar que, de acordo com o Global Peace Index, Portugal foi considerado, em 2018, como o quarto país mais pacífico do Mundo. Em 2008, éramos o 14.º nesse ranking, portanto, 12


evoluímos significativamente”, sublinhou o presidente da Região de Turismo do Algarve. “A RTA e a ATA desenvolvem vários inquéritos de satisfação, que apontam para níveis de satisfação de 98 por cento, de recomendação de 96 por cento e de regresso de 97 por cento. Sendo o Algarve um destino especialmente vocacionado para famílias, isto indicia, sem dúvida, uma perceção de segurança, que é o resultado da intervenção de muitas organizações públicas e privadas, locais, regionais e nacionais, mas também da colaboração que temos com outros países”, destacou. Esta perceção de segurança é, felizmente, confirmada em termos reais no território, mas David Thomas, presidente da Associação Safe Communities Portugal, alertou que não se

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pode ficar complacente perante este cenário positivo e animador. “No ano passado assistimos a uma diminuição continuada no total de crimes denunciados no Algarve e a criminalidade violenta registou uma queda significativa de 7,8 por cento em relação a 2017, mas também baixaram os crimes de oportunidade, os roubos de rua e de carteiras”, atestou o fundador da antiga Safe Communities Algarve, em 2011, na época com o apoio da Governadora Civil do Distrito de Faro, Isilda Gomes. “Reconhecemos que o segredo para combater a criminalidade residia no desenvolvimento de uma cultura de trabalho em conjunto. Infelizmente, este espírito está frequentemente em falta na sociedade, sendo um exemplo disto a decisão do Reino Unido de sair

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da União Europeia. Tendo passado quatro anos na INTERPOL, com 190 países membros, era claro para mim que o espírito de união se aplica à abordagem de todas as questões importantes, sejam elas sociais, económicas ou políticas”.

extraordinários realizados pelas forças de segurança e de uma maior sensibilização para a segurança, para que todos possamos adotar medidas simples de prevenção da criminalidade”.

Nesse sentido, David Thomas elogiou os Contratos Locais de Segurança do Ministério da Administração Interna, acreditando que proporcionam o impulso necessário “para que todos façamos a nossa parte do trabalho em conjunto para desenvolver novas ideias, colaborar estreitamente com a comunidade e para que todos se envolvam, porque essa é a única forma de reduzir a criminalidade e aumentar a qualidade de vida”. E o dirigente associativo recordou que, em 2011, os estrangeiros que viviam em áreas isoladas do Algarve eram alvo das atividades de grupos de criminosos estrangeiros. “Muito mudou desde essa época, através dos esforços

David Thomas aproveitou a oportunidade para falar sobre outra ameaça que Portugal enfrenta, a dos incêndios rurais, uma matéria em que a Associação Safe Communities Portugal trabalha há cerca de seis anos por intermédio de protocolos com a Associação Nacional de Proteção Civil, a nível regional e nacional. “Desde o início de 2018 que estamos envolvidos em cerca de 15 projetos com o governo, em especial na área das comunicações. Tal como acontece com a prevenção da criminalidade, o segredo do sucesso reside, na minha opinião, em efetuar esforços de sensibilização para que sejam tomadas

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todas as medidas para evitar os incêndios e para que, caso estes ocorram, as pessoas saibam como se proteger. E isto inclui os turistas, o que exige uma comunicação atempada e correta a todos os níveis”, frisou, finalizando com um aviso: “Mais do que em qualquer outra atividade económica, o sucesso ou fracasso de um destino turístico depende da sua capacidade de proporcionar um ambiente seguro e protegido aos visitantes”. Já Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão, não tem dúvidas de que a segurança é uma missão, e não uma mera ocupação profissional, daí louvar todos os elementos dos serviços e forças de segurança da região. E lembrou ainda que, por vezes, a perceção de segurança e a segurança efetiva não coincidem. “O sentimento de

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insegurança é o mais difícil de combater e tempos houve em que não era fácil para as pessoas acreditarem que o Algarve era uma região segura. As primeiras preocupações dos turistas quando escolhem os locais para passar férias são a segurança e os cuidados de saúde, mas, cada vez que acontecia um simples assalto no Algarve, observava-se logo um sentimento de insegurança generalizado na região”, recordou a antiga Governadora Civil do Distrito de Faro. O panorama mudou por completo e os resultados turísticos assim o comprovam, com Isilda Gomes a acentuar que o Algarve contribui com quatro por cento para o Produto Interno Bruto de Portugal. Mas é preciso continuar a trabalhar no terreno e o Município de Portimão está muito

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atento à segurança dos seus residentes e visitantes. “Já assinámos um protocolo com a PSP referente a um projeto de videovigilância da Praia da Rocha, num investimento camarário de 500 mil euros, e estamos disponíveis para o alargar a outras áreas do concelho, se assim for justificado e autorizado. Reconhecemos que não há meios humanos suficientes para colocar em cada esquina ou de cinco em cinco metros e as câmaras de videovigilância são também um fator dissuasor da prática de determinados atos”, justificou a autarca, não esquecendo ainda a requalificação da Esquadra da PSP de Portimão, um investimento que ronda o milhão e meio de euros, suportado na totalidade pelo Ministério da Administração Interna. Sobre os Contratos Locais de Segurança,

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Isilda Gomes admitiu a existência de dois bairros preocupantes no concelho de Portimão nos quais vão ser realizadas 54 intervenções, entre as quais a reabilitação das casas, num investimento de 400 mil euros. “E o Orçamento Municipal para a Proteção Civil é de 1 milhão e 75 mil euros, dos quais 650 mil euros dirigidos aos nossos corpos de bombeiros. Temos cinco Equipas de Intervenção Permanente, e só uma delas paga pelo poder central; implementamos, em 2018, os programas «Aldeias Seguras – Pessoas Seguras»; investimos 600 mil euros em faixas de gestão de combustível; e temos o único serviço municipal de proteção civil com um programa próprio de DAE – Desfibriladores Autónomos Externos”, salientou a presidente da Câmara Municipal de Portimão .

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SABORES DA SERRA DO CALDEIRÃO EM EVIDÊNCIA NA XI QUINZENA GASTRONÓMICA DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

stá no terreno, até dia 22 de abril, a XI Quinzena Gastronómica «Sabores do Caldeirão», uma iniciativa do Município de São Brás de Alportel que conta com a participação de cinco restaurantes do concelho que ALGARVE INFORMATIVO #198

aceitaram o repto de apresentar menus especiais inspirados nesta época do ano e que respeitam os padrões da Dieta Mediterrânica e as tradições culturais. Assim, sob o mote «Nesta Páscoa, não resista à Tradição!», foi lançado o convite para refeições onde o sabor e a saúde se sentam à mesma mesa e que 20


O Chef Rui Correia

podem ser desfrutadas nos restaurantes «Casa de Pasto Adega Nunes», «Sabores do Campo», «4 à Mesa», «Rui’s Steakhouse» e «O Marquês». E foi no «Rui’s Steakhouse» do Chef Rui Correia, localizado no Sítio de São Romão, que o Algarve Informativo teve oportunidade de participar num jantar inserido na XI Quinzena Gastronómica «Sabores do Caldeirão», a convite do executivo são-brasense, e no qual marcaram presença o presidente Vítor Guerreiro, a vice-presidente Marlene Guerreiro e os vereadores Acácio Martins e David Gonçalves, para além do presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes, entre outros convidados e elementos da comunicação social do Algarve. Um jantar num espaço bastante agradável e intimista que adotou um novo 21

conceito de fine dinning e steakhouse com uma carta inovadora e requintada, e que começou logo por aguçar o apetite com queijo de cabra gratinado com carpaccio de morango e mel de alfarroba. Fora da malha urbana, a caminho da zona serrana, o «Rui’s Steakhouse» incorpora todos os ingredientes que seduzem os apaixonados pelos sabores da Serra do Caldeirão e que estão na génese de mais um evento de grande sucesso da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, em pleno período pascal. E, depois da entrada, seguiramse os dois pratos principais propostos pelo Chef Rui Correia para o certame, designadamente: carré de borrego em crosta de pão e ervas, ratatouille e batata gratin; e lombo de bacalhau ALGARVE INFORMATIVO #198


grelhado, legumes salteados e batatinha a murro. Tudo bem condimentado por Vinhos Cabrita. Em tom informal prosseguiu o jantar com o executivo são-brasense e o homem forte do Turismo do Algarve e de tudo um pouco se falou de modo descontraído, desde a eliminação da Juventus de Cristiano Ronaldo da Liga dos Campeões à greve dos transportadores de combustíveis que está a afetar o país de norte a sul. Mas a ocasião não era para lamentos, antes pelo contrário, pois as iguarias e o ambiente transportam os pensamentos para locais mais prazenteiros. Para culminar o delicioso jantar, uma tarte de alfarroba sobre coulis de frutos vermelhos. Fantástica, como tudo o que inclui alfarroba, uma das riquezas de São Brás de Alportel. ALGARVE INFORMATIVO #198

A XI Quinzena Gastronómica «Sabores do Caldeirão» prolonga-se até dia 22 de abril e, para além do «Rui’s Steakhouse», um restaurante de que é fácil ficar-se imediatamente fã, também convida a um jantar de grão com hortelã e coelho frito com alhinhos, na Adega Nunes; a um folhado de carne com queijo, espargos envoltos em presunto com vegetais e mel no Restaurante 4 à Mesa; a um ensopado de borrego e cogumelos salteados com ervas aromáticas, no Restaurante O Marquês; e ao Dom Rodrigo de queijo de cabra ou javali no forno aromatizado com tomilho e mel, no Restaurante Sabores do Campo. As saborosas propostas de cada restaurante são confecionadas com azeite, os temperos são feitos à base de 22


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ervas aromáticas, os pratos são preparados com produtos da época, com ingredientes tradicionais da alimentação mediterrânica, equilíbrio nutricional e inspirados nos sabores da Páscoa da Serra do Caldeirão. E, ao fazer refeições nestes restaurantes aderentes até 22 de abril, os clientes habilitam-se a ganhar vales de refeição que serão sorteados por cada um dos restaurantes participantes. A Quinzena Gastronómica Sabores do Caldeirão é uma iniciativa de promoção ALGARVE INFORMATIVO #198

turística organizada pela Câmara Municipal de São Brás de Alportel com a colaboração dos restaurantes locais e tem como principal objetivo a dinamização da economia local e a divulgação e valorização da gastronomia típica do Algarve . 24


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Festa do Basquetebol Juvenil voltou a animar Albufeira Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina, Irina Kuptsova e Município de Albufeira

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Largo dos Paços do Concelho de Albufeira encheuse de cor, no final da tarde do dia 11 de abril, com a chegada das 18 associações regionais de basquetebol juvenil que iriam competir em seis pavilhões até dia 16 de abril, em mais uma Festa do Basquetebol Juvenil. Depois do Blitz, a mascote do evento, ter surpreendido a plateia ao descer em slide o edifício da Câmara Municipal de Albufeira, os cerca de mil atletas, acompanhados por treinadores, técnicos, dirigentes, juízes e familiares, desfilaram até ao Pau da Bandeira, passando pela Praça dos Pescadores, Cais Herculano em direção ao Largo Eng.º Duarte Pacheco, onde começou a verdadeira festa. José Lima, Coordenador Nacional da Ética no Desporto, do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ) entregou o cartão branco ao Blitz e salientou que “esta é uma festa de fairplay, de valores, de ética desportiva”. “Cabe-vos a vós, jogadores, no campo, e aos vossos pais nas bancadas, promover os valores no desporto. Espero que este cartão branco que os juízes mostram quando há um gesto positivo no jogo, seja exibido muitas vezes nesta festa”. A Festa do Basquetebol Juvenil conta sempre com um momento dedicado aos juramentos de ética, que este ano foram realizados por Jorge Rodrigues, atleta da Associação de Basquetebol do Porto, Helena Albuquerque, mãe de um jogador da Associação de Basquetebol de Aveiro, e do árbitro Pedro Teixeira. ALGARVE INFORMATIVO #198

Durante os discursos oficiais, José Carlos Rolo deu as boas-vindas “à cidade do basquetebol” e referiu que esta é uma “Festa da juventude, do desporto, da família e de reencontros”. O presidente da Câmara Municipal de Albufeira relembrou que “é preciso saber ganhar e também perder, porque o que importa é o convívio, o desporto e os valores”. O presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol destacou que “a Festa é o 30


evento de maior dimensão e mais gratificante que o basquetebol português leva a cabo”. Manuel Fernandes agradeceu “o apoio inestimável da Câmara Municipal de Albufeira” e saudou associações, clubes, treinadores, juízes, oficiais de mesa, árbitros, jogadores, adeptos e pais dos atletas. Já o Diretor Regional do IPDJ de Faro destacou “a amizade, alegria e divertimento que fazem parte integrante da Festa”. Custódio Moreno afirmou que “Albufeira assume-se como a capital do 31

basquetebol, porque muito do que acontece na região na modalidade realiza-se neste concelho”. Os jogos decorreram de 12 a 16 de abril no Pavilhão Municipal de Albufeira, Pavilhão Desportivo da EBSA, Pavilhão Desportivo da ESA, Pavilhão Francisco Neves, Pavilhão da EB 2,3 Francisco Cabrita e Pavilhão de Olhos de Água. Pelo quarto ano consecutivo, o programa da Festa do Basquetebol incluiu um momento bastante ALGARVE INFORMATIVO #198


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aguardado pelos atletas, os Jogos All-Star em masculinos e femininos e, no domingo, uma equipa constituída por membros da organização e alguns convidados ligados à modalidade defrontou figuras públicas como Marta Atalaya, Diogo Beja, António Raminhos, DJ Kamala, Diogo Reis, Joana Alvarenga, Pedro Rodil, Mário Carneiro, Vasco Correia e Sabri Lucas. Como também vem sendo hábito, a Festa do Basquetebol Juvenil teve uma vertente solidária, com o Núcleo de Albufeira do CASA - Centro de Apoio ao Sem Abrigo a receber, no dia 15 de abril, a visita dos presidentes da Câmara Municipal de Albufeira e da Federação Portuguesa de Basquetebol. Na ocasião, José Carlos Rolo e Manuel Fernandes entregaram às representantes da instituição quase três mil euros, montante 33

angariado por via de donativos dos participantes no evento. Em termos competitivos, Aveiro quebrou um jejum de sete anos na competição de Sub 16 Masculinos ao triunfar sobre o Porto por 58-45, impedindo assim o tetracampeonato do adversário. A formação aveirense esteve sempre na dianteira, contando com a inspiração de António Lucas (16 pontos, 3 ressaltos, 2 assistências e 5 roubos de bola), Tiago Andrade (9 pontos, 9 ressaltos e 2 desarmes de lançamento) e Tomás Santos (8 pontos, 5 ressaltos, 2 assistências e 4 roubos de bola), enquanto no Porto há que mencionar as prestações de Jorge Rodrigues (9 pontos, 5 ressaltos, 2 assistências e 1 roubo de bola) e Diogo Ramos (8 pontos e 5 ressaltos). O Alentejo obteve o prémio Fair Play. ALGARVE INFORMATIVO #198


A Madeira obteve o seu primeiro título de sempre na Festa do Basquetebol Juvenil, ao bater Lisboa por 52-50 no escalão de Sub16 Femininos. Assistiu-se a um jogo emocionante no Pavilhão Municipal de Albufeira, com Leonor Gonçalves a desbloquear a questão para a Madeira com um sensacional lance a dois segundos do ALGARVE INFORMATIVO #198

soar da buzina, que se traduziu na conquista de dois pontos mais um lance livre certeiro. Na turma madeirense sobressaíram Inês Baptista (15 pontos, 11 ressaltos, 1 assistência e 3 desarmes de lançamento), Laura Silva (14 pontos, 2 ressaltos, 5 assistências e 3 roubos de bola) e Maria Gonçalves (11 pontos, 5 ressaltos, 2 assistências e 2 roubos de 34


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bola), enquanto no adversário lisboeta, que assim falhou a obtenção do «tetra», estiveram em destaque Ana Barreto (13 pontos, 3 ressaltos, 1 assistência e 2 roubos de bola) e Inês Vieira (10 pontos, 4 ressaltos, 6 assistências e 1 roubo de bola). Quanto ao prémio de Fair Play neste escalão, foi para o Alentejo. Lisboa sagrou-se campeã de Sub14 Masculinos seis anos depois, com uma vitória por 50-48 diante do Algarve, reeditando assim a final do ano passado. Os anfitriões entraram melhor e alcançaram mesmo uma vantagem de 13 pontos no primeiro quarto (11-24), mas Lisboa reagiu em grande estilo, e com um parcial de 24-6 mudou por completo os acontecimentos até ao intervalo. No regresso dos balneários assistiu-se a um grande equilíbrio, com o conjunto da capital a conseguir manter-se no comando, recuperando assim um título que lhe escapava desde 2013. Por Lisboa destacaram-se David Amorim (14 pontos, 8 ressaltos, 7 assistências e 3 roubos de ALGARVE INFORMATIVO #198

bola) e Daniel Coliban (10 pontos, 4 ressaltos e 3 roubos de bola), ao passo que, no Algarve, assumiram as despesas Miguel Pina (13 pontos, 5 ressaltos, 1 assistência e 2 roubos de bola), Rafael Garcia (12 pontos, 4 ressaltos, 2 assistências, 3 roubos de bola e 1 desarme de lançamento) e Salvador Victo (12 pontos, 2 ressaltos, 2 assistências e 3 roubos de bola). Coimbra conquistou o prémio Fair Play. Porto alcançou o tricampeonato em Sub14 Femininos com um triunfo sobre a Madeira por 57-36. A formação nortenha assumiu desde cedo o controlo das operações, tendo logo obtido um parcial de 26-15 no quarto inicial. Emilie Kerniviven sobressaiu no Porto (18 pontos, 4 ressaltos, 3 assistências e 2 roubos de bola), enquanto Inês Freitas remou contra a maré do lado insular (11 pontos, 3 ressaltos e 1 roubo de bola). O prémio Fair Play neste escalão foi para Braga . 36


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IDEIAS DO LEVANTE ORGANIZOU MAIS UM LEVANTARTE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Ideias do Levante Associação Cultural de Lagoa organizou, em parceria com o Município de Lagoa, de 8 a 13 de abril, a quarta edição do LEVANTARTE – Festival de Dança de Lagoa, marcado pela realização de vários workshops/aulas do Projeto «Lagoa a Dançar» e de um espetáculo não competitivo, multidisciplinar, em formato de «mostra de dança», no dia 13 de abril, no Auditório Carlos do Carmo, na cidade de Lagoa, que contou com os seguintes participantes: Rancho Folclórico do Calvário, STARS Dance School, Zhar Louz, CAB – Classical Academy of Ballet, entre outros convidados especiais. Por via da apresentação dos vários trabalhos coreográficos, o público teve oportunidade de apreciar diversos estilos de dança, desde a Dança Oriental ao Ballet, ALGARVE INFORMATIVO #198

passando pelo Jazz, Street Dance e Folclore. O festival teve como principais objetivos: contribuir para diversidade da oferta cultural do Concelho de Lagoa; promover o reconhecimento da importância da diversidade cultural; gerar momentos de encontro entre artistas, organizações e público; e oferecer às escolas, associações, grupos, e/ou singulares que desenvolvam atividade na área da dança, no Concelho de Lagoa, uma oportunidade para promoverem o seu trabalho e ver o seu trabalho reconhecido. O projeto «Lagoa a Dançar», lançado pela Ideias do Levante há alguns anos, foi também incluído na programação do Festival de Dança de Lagoa, com o intuito de proporcionar uma semana de acesso gratuito a aulas de demonstração e de workshops relacionados com dança . 46


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MANIPULA#SOM DA RADAR 360ยบ FASCINOU LOULร Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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oulé acolheu, de 11 a 14 de abril, a quarta edição do Som Riscado – Festival de Música e Imagem de Loulé, estando as honras de abertura a cargo da «Radar 360º», associação cultural do Porto que trouxe, na noite de 12 de abril, ao Cine-Teatro Louletano, o fantástico «Manipula#Som», um concerto visual de caráter circense interpretado por António Franco de Oliveira. A linguagem artística do projeto nasce do diálogo entre a manipulação de objetos e a música interativa e depois foi acrescentada a dimensão sonora à expressão visual do malabarismo. “Simultaneamente, abordamos o som como matéria para esculpir e manipular. O gesto do manipulador surge depurado, pronto para desencadear sequências, mecanismos, ritmos e outros padrões sonoros e visuais. Os objetos transformam-se e recriam-se à nossa volta. Os nossos corpos relacionamALGARVE INFORMATIVO #198

se com eles e jogam e tudo isto se ouve e se compõe”, explica António Franco de Oliveira. Desde os finais dos anos 90 do século passado que António Franco de Oliveira e Julieta Rodrigues, os fundadores e diretores artísticos da companhia Radar 360º, se dedicam à pesquisa e escrita no domínio das artes de rua, do circo contemporâneo e do teatro físico. Em 2004, a dupla frequentou um estágio de formação avançada e itinerante de artes de rua em França, que funcionou como motor impulsionador para a criação da companhia Radar 360º, nascida oficialmente em 2005. No ano seguinte, a companhia implementou o seu próprio espaço de trabalho no Porto e desde então tem andado em itinerância, apresentando workshops e espetáculos em vários países. E «Manipula#Som» foi, sem dúvida, um dos momentos mais marcantes do IV Som Riscado . 62


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CHASSOL E VÍTOR RUA EM DESTAQUE NO SOM RISCADO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes

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e 11 a 14 de abril, muitas foram as propostas apresentadas pelo Som Riscado – Festival de Música e Imagem de Loulé, tanto em termos de espetáculos propriamente ditos, como de workshops, masterclasses e ações de formação. E um dos destaques do cartaz foi certamente Christophe Chassol, carismático e talentoso pianista, compositor, arranjador e diretor musical de nomes como Phoenix ou Sebastien Tellier, que assinou uma peça artística que desafia as classificações, de seu nome «Big Sun». O francês trouxe o seu mais recente trabalho discográfico ao Cine-Teatro Louletano, na noite de 13 de abril, com composições que articulam vozes, música, sons e imagens em novos objetos audiovisuais. Na mesma noite, o Auditório da Música Nova recebeu Vítor Rua, cofundador dos GNR na alvorada dos anos 1980 e, a partir de 1982, ao lado de Jorge Lima Barreto, dos Telectu, dupla que se transformou, ao longo de três décadas, numa referência da música mais experimental. Com uma atividade prolífica, entre projetos a solo ou música para outras áreas, em que aborda as mais diversas tipologias com novas soluções interpretativas ou composicionais, Vítor Rua deu, no Som Riscado, um concerto do seu aclamado álbum «Androids Dream of Electric Guitars?», com os The Metaphysical Angels, onde o seu instrumento de predileção, a guitarra, esteve no centro das atenções, num concerto com uma forte dimensão visual . ALGARVE INFORMATIVO #198

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«WE LOVE ARABS»: DANÇAR PARA DESTRUIR O MURO DOS PRECONCEITOS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova

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m coreógrafo judeu procura um bailarino árabe para uma criação que transmita uma mensagem de paz, num espetáculo tão raro quanto necessário, inteligente e lacónico, que destrói com humor e subtileza o muro do preconceito. «We Love Arabs» é uma criação corajosa e ultra oportuna do israelita Hillel Kogan que nos faz acreditar e ter esperança de que os conflitos, de maior ou menor dimensão, têm um fim. De acordo com a produção, poucas vezes movimento, palavra e humor serviram tão bem para tocar numa ferida que tem de sarar. “Das facas às máscaras faceais, dos clichês coreográficos aos estereótipos étnicos, aqui há espaço para quase tudo, menos para a falta de esperança”, referem. O espetáculo, aclamado pela imprensa internacional, é o resultado de uma visão independente, e beneficamente provocadora, sobre a atualidade Israelo-Palestiniana e subiu ao palco do Teatro das Figuras, em Faro, em estreia nacional, no dia 13 de abril, no âmbito da quinta edição dos Encontros do DeVIR. Hillel Kogan é um prolífico e militante criador, bailarino, ator, dramaturgo e professor. Formado no «The Bat Dor» e no «Merce Cunningham Studio», em Nova Iorque, ao longo da sua carreira dançou e integrou o elenco das companhias Bikurei Machol (1990), The Batsheva Ensemble (1995-6), Nomades Dance Company of Switzerland (1996-8) e do Ballet Gulbenkian, em Portugal (1999-2005). Entre 2005 e 2016 trabalhou como assistente do coreógrafo Ohad Naharin e foi diretor de ensaios do Batsheva Ensemble, onde agora dirige o programa educativo . ALGARVE INFORMATIVO #198

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MIXED MARTIAL ARTS AQUECERAM NOITE DE QUARTEIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Pavilhão Desportivo da Escola D. Dinis, em Quarteira, foi palco, no dia 6 de abril, da sexta edição da Fight Company, gala promovida pela Associação de Artes Marciais Mistas do Algarve na qual estavam em disputa dois cinturões, um na categoria de 75 quilos (Lightweight) entre Maikon Chocolate e o atleta da casa Paul Bodnar, o outro na categoria de 77 quilos (Welterweight) entre Bruno Carvalho e Tiago Leite. A estes somaram-se mais nove combates, numa noite recheada de duelos de grande nível entre profissionais e amadores e com desfechos para todos os gostos que demonstraram o porquê desta modalidade ter tantos adeptos a nível mundial. Olhando para os títulos em jogo, o primeiro, Lightweight, 75 quilos, foi atribuído num ápice, com Paul Bodnar, da Golden Axe Team, a desferir um potente gancho de esquerda no seu oponente logo aos 15 segundos do primeiro assalto, que deixou Maikon Chocolate estatelado no chão sem qualquer reação. O combate soube a pouco, de facto, mas o mais importante é que o cinturão ficou em Quarteira, para rejubilo da plateia presente no pavilhão desportivo da Escola D. Dinis. O segundo cinturão em jogo na VI Fight Company, Welterweight, 77 quilos, foi muito mais batalhado num ALGARVE INFORMATIVO #198

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combate de final imprevisível, porque assim é a MMA. Assim, Tiago «Mutante» Leite, da Reborn, cedo partiu para cima de Bruno Carvalho, da Nóbrega Team, e parecia estar na frente do duelo com o seu wrestling. Contudo, quase a terminar o primeiro assalto, um pontapé alto de Bruno Carvalho deixou Tiago Leite abalado no chão, seguiram-se vários golpes no rosto e corpo e um volte-face algo inesperado que concedeu a vitória ao atleta da Nóbrega Team, por KO Técnico, aos 4 minutos e 54 segundos. Isso mesmo, a seis segundos do sinal para descanso, para desespero evidente de Tiago Leite. Nos restantes combates, e nas lutas em MMA Amador, Fábio Santos (Reborn) venceu Luís da Costa (Shinobi Academy) por Decisão Unânime; Tiago Barroso (Shinobi) levou a melhor sobre Alex Felix (Golden Axe) por Decisão Unânime; e Kieran Ikin (Shinobi) dominou Nelson Silva (Unlimited) por KO. Quanto às lutas em MMA Profissional, Filipa Gonçalves (PGT) ganhou a Bianca Guadalberto (S.R.E.F) por KO, na única luta feminina na noite; Mateus Madruga (Gracie Barra) triunfou sobre Lucas Pereira (BPT) por Decisão Unânime; Matheus «Pelezinho» Morais (Gracie Barra) dominou Sérgio Bananeira (Perfektus Gym) por Mata Leão; Anderson Bueno (KO Team/PGT) venceu Palmeron Caetano (Gracie Barra) por Decisão Unânime; Ben Zakar (KO Team) passou por cima de Jonathan Casariengo por KO; e Fernando Guimarães (Perfektus Gym) surpreendeu Jocimar Ferreira (Golden Axe Team) por Mata Leão . ALGARVE INFORMATIVO #198

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«MILHO POR PEIXE» PROMOVE UNIVERSALIDADE DAS CULTURAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Teatro das Figuras, em Faro, continua a apostar em espetáculos musicais para a infância e famílias e a mais recente proposta foi «Milho por Peixe», com Arantxa Joseph e André Duarte e Direção Artística, Dramaturgia e Encenação a cargo de Giacomo Scalisi, numa sessão dupla no dia 17 de abril. Com música original dos próprios interpretes, o espetáculo conta a história de Fatú, uma menina que vivia numa aldeia onde se plantava e comia apenas milho. Levada pelo sonho de um dia poder comer peixe, Fatú conhece Kudjo, que vive numa aldeia de pescadores à beiramar. Ele mostra-lhe um segredo que o seu avô e o avô do seu avô foram passando de geração em geração. Kudjo pescava o peixe com uma canção e quando chegava com o barco ao sítio da enseada, cantava com muita intenção e assim fazia a magia acontecer. Fatú e Kudjo tornam-se amigos, descobrindo juntos uma grande riqueza. Fatú tinha o milho e Kudjo, o peixe e a união de ambas riquezas tornou-se na maior riqueza de todas. Trata-se de um conto cantado e de uma canção contada, num musical que vai do Rap ao Reggae, mexendo com ritmos portugueses e entoando canções tradicionais togolesas. Em suma, um espetáculo que contribui para a cidadania global, promovendo a universalidade das culturas . ALGARVE INFORMATIVO #198

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CINE-TEATRO LOULETANO ASSISTIU À ESTREIA MUNDIAL DA NOVA OBRA DE MÁRIO LAGINHA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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ário Laginha é, como todos o reconhecem, um compositor prodigioso, um virtuoso pianista, um dos melhores da sua geração, quiçá de todos os tempos, ALGARVE INFORMATIVO #198

ainda por cima com raízes algarvias, daí que os seus concertos no sul do país esgotem invariavelmente. Mas quando se trata da estreia mundial de uma nova composição, ainda maiores são as razões para não se faltar ao momento, daí que depressa tenham voado os bilhetes para o espetáculo que teve 112


para piano e orquestra de cordas, em resposta a um desafio lançado pelo reputado Maestro Armando Mota. Uma obra terminada há sensivelmente duas semanas, conforme referiu Mário Laginha, e que contou com a participação do prestigiado Quarteto de Cordas de Matosinhos. Quarteto que começou por abrir a noite, seguindo-se uma atuação a solo de Mário Laginha, fantástico como de costume.

lugar, no dia 18 de abril, no Cine-Teatro Louletano, em Loulé. O concerto fez parte do III Festival Internacional de Piano do Algarve, apoiado pelo programa cultural «365 Algarve», e o maior aliciante foi, conforme referido, a estreia da sua mais recente obra escrita 113

E como é maravilhoso ver o pianista deixar-se levar pela sua veia jazzística e abandonar, de repente, a partitura, voar por outros mundos, saborear as emoções do momento e depois regressar, de forma perfeita, às notas previamente registadas no papel. Finalmente, com Mário Laginha e o Quarteto de Cordas de Matosinhos juntos em palco, a ocasião por que todos esperávamos, ouvirmos pela primeira vez, antes de todos os outros, a nova criação de três andamentos do compositor e pianista filho de uma louletana. E por breves instantes viajamos no tempo e sentimo-nos como aqueles privilegiados que assistiam às estreias de Mozart, Beethoven e tantos outros nomes imortais da música clássica. Como certamente imortal será o nome de Mário Laginha . ALGARVE INFORMATIVO #198


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Criar pelo prazer de criar Paulo Cunha (Professor) uma tertúlia entre amigos ligados à Cultura, ouvi um comentário que me fez tilintar o sino da atenção e assim colocar o assunto que aqui abordo como tema de reflexão escrita e partilhada. Dizia alguém ligado à literatura que “… a malta das letras, usa-as como pedras para erguer muros para impedir entrar quem não é do seu mundo”. Obviamente, sendo mais uma generalização, a opinião manifestada vale o que vale, mas não deixou de ser um bom pretexto de conversa e debate. Tendo-me mantido, por opção própria, à margem da discussão que se instalou, cedo percebi que há no mundo literário muitos defensores do «pedigree literário», onde a escola, as influências, a formação e a forma de escrita sobrepõem-se ao conteúdo do que é escrito. É claro que consigo entender que, por mais atrativo que seja o conteúdo da escrita, se o mesmo for apresentado com incorreções ortográficas e gramaticais, o resultado não terá o crédito merecido, nem o efeito esperado. Da mesma forma, sei que não basta aprender e saber todas as regras da escrita criativa para que a nossa escrita atraia e mereça a atenção dos leitores. Tomando como exemplo muitos escritores que, não tendo formação académica na área, se tornaram autores de eleição para muitos leitores (onde, a título de exemplo, destaco José Saramago), é hoje ainda possível verificar o descrédito, maledicência e chacota a que são votados alguns aspirantes a escritores, por não integrarem nenhum clube de poetas mortos… nem vivos. Não, não vou ver, antecipadamente, as habilitações literárias e académicas, nem a biografia do escritor antes de ler um livro. Leio-o, e se o mesmo me atraiu e agradou, habilito o ALGARVE INFORMATIVO #198

escritor, habitando-me a novas leituras… independentemente das críticas e apreciações mais especializadas e credenciadas. Aconteceu, ainda novo, ter sido convidado para opinar sobre música, e posteriormente sobre outros assuntos, em publicações escritas. Com agrado aceitei, e sem pruridos nem pudores, fui escrevendo o que sabia e como sabia. O tempo foi passando, e da mesma forma que o fiz em jornais e revistas, não me coibi de o fazer na única rede social que ainda frequento. Com toda a visibilidade que as redes sociais proporcionam, muito naturalmente expus-me e sujeitei-me ao livre arbítrio de quem entendeu despender algum do seu tempo a ler-me. Entre apreciações várias, muita gente afirmou rever-se no que eu escrevia e isso deu-me alento para continuar, pois proporcionar voz a quem, por vários motivos, não pode ou não a quer usar, sempre me deu prazer e me fez sentir útil. Tendo sido, no ensino secundário, um aluno mediano que frequentou a área de Ciências, estudando ao mesmo tempo Música no Conservatório, em tempo algum imaginei ter, hoje, um livro editado. Aconteceu! Tal não fez de mim um escritor, talvez um escrevinhador de ideias e ideais. Em suma: um autor que fica feliz por escrever, ser lido, entendido e apreciado! É comum ouvir a frase “Agora todos têm a mania que são escritores!”. Sinceramente, não vejo qual é o problema de expressar a nossa criatividade ou o que nos vai na alma através das palavras. Sinto-me feliz por gravitar no mundo da música, onde os músicos não são considerados nem apreciados em função da «escola» e/ou da fonte em que foram beber, mas sim pelo prazer e desfrute que nos proporcionam. 120


Certas análises, elitistas e preconceituosas, fazem-me alguma confusão, tais como, a título de exemplo, as de certos artistas plásticos que, duma forma discriminatória, consideram «naïf» determinadas criações, apenas - porque os autores não têm «escola». O que seria hoje a história da arte se os 121

grandes criadores tivessem estado à espera da legitimação dos seus pares e dos críticos de serviço? Meus caros: de críticos desconhecidos e criadores invejosos está o cemitério cheio. Não condicionem as vossas criações ao que os outros avaliam. Apenas… criem! . ALGARVE INFORMATIVO #198


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A Escola Nómada. Um, dois e muitos. Exposição de Marta Wengorovius Mirian Tavares (Professora) “A Escola Nómada circula entre o Um, o Dois e o Muitos. Reúne e dispersa, como um coração”. Maria João Mayer Branco

Escola de Marta Wengorovius não é uma exposição no sentido convencional. É um projeto, em circulação, que se repete em lugares diferentes, em espaços diversos, mas nunca se repete efetivamente porque tem sempre algo novo a dizer. Como numa semiose infinita em que os significados vão sendo recompostos e criam novos sentidos – porque o sentido não é dado pela arte, nem pela artista, mas por aquele ou aquela que participa, ativamente, de um processo. A Escola Nómada. Um, dois e Muitos é a síntese de um labor que vem sendo realizado há anos e que se conjuga, neste caso, numa exposição/processo/projeto, num objeto contínuo e inacabado, uma obsessão, porventura missão, da artista. Nas suas próprias palavras, ao responder à pergunta quais são as suas influências: “Considero aqui influenciar no sentido construtivo, uma espécie de cumplicidade na respiração, na capacidade de criar símbolos”.

salvação. Não dela mesma, mas daquilo que a incomodava ao redor, de tudo o que ouvia e via e de tudo o que queria mudar. O mundo da arte é um espaço de experiência e pode ser sempre reescrito, reinventado, ensinado – porque, no caso desta artista, a arte acontece em relação: entre o um, o outro e a comunidade, os muitos que habitam o mesmo espaço, ou espaços outros, mas que se conjugam num desejo uno de crescer. De crescer não, de brotar, como planta que tateia em direção ao sol. Os elementos da natureza, e a natureza mesma, são partes integrantes de uma obra multifacetada, que começa com colagens, desenhos e pinturas e logo se converte num gesto performativo de convite ao espectador, nunca passivo, das suas exposições. A arte acontece porque é preciso. Porque é precisa. A arte acontece entre – a artista, os espectadores e o mundo. Entre o Um, o Dois e os Muitos que compõem esta exposição .

Wengorovius apresenta-se como aprendiz de fazeres, e de saberes, e encontrou, cedo, no mundo arte, um espaço de vivência e de possibilidade de ALGARVE INFORMATIVO #198

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A fotografia de uma Democracia encenada Adília César (Escritora) 5 de Abril de 1974. Um dia ameno que parecia não mais acabar, infinito como o céu que transbordava esperança. A abóbada azul clara, cor da narrativa da liberdade. O ar livre e libertador, sobre as cabeças de todos nós, os que vivenciámos esse dia. Eu tinha apenas 15 anos e não percebi muito bem o alcance da Revolução dos Cravos, mas andei com os outros que andavam na rua, empunhando cartazes e gritando palavras de ordem. Guardei um desses cartazes, o meu preferido, na parede do meu quarto, durante muito tempo. Sabiao de cor, era a minha bandeira de Abril: de olhos fechados, recordo um fundo azul onde se inscrevia a vermelho o nome do

meu país e o dia que o definiu: Portugal – 25 abril 1974. Vejo a imagem de um menino belo como um pequeno anjo, de pé, descalço, a pele clara e os cabelos louros encaracolados, vestido com roupas sujas e esfarrapadas: é o protagonista daquela cena; três mãos (onde se percebe a indumentária dos três ramos das Forças Armadas) seguram firmemente uma arma apoiada na vertical e o menino pequenino esforça-se para colocar um cravo vermelho no cano da arma, tal como lhe pediram para fazer. Sinto que ele quer obedecer, e obedece porque todos queremos obedecer àquela nova ordem das coisas, como se fossemos crianças crédulas e inocentes: caía a Ditadura e renascíamos livres, os novos e os velhos, os militares, os trabalhadores, os estudantes, os homens e as mulheres de todas as condições sociais. Não sabíamos naquele dia que afinal iriamos continuar a obedecer. No entanto, a fotografia apresenta uma rara e criativa mudança de paradigma: o instrumento bélico é agora uma jarra de flores. E isso é possível? Onde andará o Diogo, a nossa «bandeira» de Abril? Há uns anos, foi tornado público que ele estaria a viver numa casa de tijolos vermelhos e jardim, na margem sul do Tamisa, em Londres, sendo um homem de família e director financeiro de uma empresa de distribuição… Um homem de «sucesso»?...

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Façamos então uma viagem ao passado e entremos dentro da fotografia que se tornou o símbolo da Revolução dos Cravos de 25 de Abril de 1974. A criança pequena chega ao estúdio fotográfico acompanhada pela mãe e pelo pai, ambos visivelmente orgulhosos, pela expectativa do acontecimento que se seguirá. O menino está entusiasmado. Disseram-lhe que vai tirar uma fotografia muito importante, mas que tem de fazer exactamente o que lhe pedirem, tem que obedecer. Num espaço mais reservado, despem-lhe as suas roupas janotas de menino rico, as quais são substituídas por 125

outras, sujas e esfarrapadas. Descalçam-lhe os sapatos e as peúgas. Ajeitam-lhe os lindos caracóis louros. Está finalmente pronto. O menino rico está agora disfarçado de menino pobre. O menino de caracóis louros e roupa esfarrapada, descalço (é importante que se repitam estes pormenores), chama-se Diogo Bandeira Freire e tem 3 anos. Foi fotografado por Sérgio Guimarães, a enfeitar o cano de uma G3 com um cravo vermelho. O simbolismo da imagem resultou em pleno e perdurou no tempo: um golpe publicitário de uma Democracia encenada que para sempre fará parte da nossa memória particular e colectiva. Mas fomos todos enganados. Na verdade, Diogo não era o menino de classe humilde que o cenário da fotografia sugeria. Como o seu nome indica, é filho de Pedro Bandeira Freire que, naquela altura, era o proprietário dos cinemas Quarteto e a sua família vivia de acordo com um estilo de vida burguês. Em 2006, aquando das comemorações do dia 10 de Junho, o Presidente da ALGARVE INFORMATIVO #198


República Aníbal Cavaco e Silva, encontrou-se com Diogo Bandeira Freire, na época com 35 anos, em Serralves, no Porto, para o homenagear. Ficámos então a saber que até àquela data Diogo nunca tinha votado, nem em Portugal nem em Inglaterra, mas afirmava envergonhar-se desse facto. Numa entrevista concedida ao Correio da Manhã, em 2010, surgiram as seguintes questões, onde Diogo admite a sua falta de interesse pelo tema: «CM – “25 de Abril, sempre.” O que significa para si? DBF – Nunca pensei nisso, mas se o 25 de Abril representa democracia, liberdade e a consciencialização das pessoas sobre deveres, como o de votarem, a frase é válida. CM – Mas já a tinha ouvido? DBF – Já, mas nunca tinha pensado sobre ela. Há milhentas maneiras de interpretá-la: se significa nacionalizar todas as indústrias, tirar os bens às pessoas, não muito obrigado. O 25 de Abril, de certa forma, também tem duas faces”.» Das muitas faces que o 25 de Abril de 1974 desde logo exibiu, realço a da própria fotografia simbólica de Diogo Bandeira Freire, uma das primeiras ficções históricas do Dia da Liberdade, da qual resultou de uma encenação irónica da Democracia: um menino rico a fazer de conta que era pobre. Apesar de todo o Povo estar na rua – os pais, as mães e os seus filhos – ninguém se lembrou de dar protagonismo a uma criança de origem humilde, ou seja, ao Povo. E assim, dificilmente posso admitir que num dos primeiros actos dessa peça monumental que foi a Revolução, tenha existido um 25 ALGARVE INFORMATIVO #198

de Abril destinado às classes desfavorecidas – “O Povo é quem mais ordena”, mas só às vezes, como se foi verificando ao longo dos anos. Em palco, ainda é possível assistirmos hoje ao grande evento que é esse «Teatro» das Comemorações do Dia da Liberdade. Mas o rescaldo da festa é o que já existia antes: “«eles» – o Governo – é que têm o poder e não sabem governar, diz o Povo (ainda) sofredor. Daí o estado actual deste massacrado Portugal. Mas ainda bem que os Capitães de Abril nos ofereceram a Revolução dos Cravos. Encheram-nos de esperança pela constituição efectiva de uma Democracia onde todos podemos exercer plenos direitos de cidadania. Esta foi e é a ideia fundamental que poderá condicionar as nossas vidas, num sentido de intervenção positiva. No entanto, depois de tantos anos, causam mau estar e até alguma perplexidade inúmeros «cenários» e «figurantes» da sociedade portuguesa onde impera a corrupção e a pobreza, onde muitos políticos fazem de conta e nós fechamos os olhos porque estamos fartos de esperar uma Democracia mais democrática que tarda em chegar, estamos cansados de obedecer. Mas este é um outro 25 de Abril. Afinal de contas, é ainda necessário escrever outra narrativa da liberdade, mais justa e verdadeira., sem armas, sem cravos e sem bandeiras fictícias . Créditos da imagem: Biblioteca Nacional, acervo de cartazes: Portugal 25 Abril 1974 / [foto.] Sérgio Guimarães. – Lisboa: S. Guimarães, 1974 ([Lisboa]: Tip. Anuário). – cartaz: color.; 69x48 cm

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Do Reboliço #34 Ana Isabel Soares (Professora) (Este texto continua e termina a crónica #33) Perdida tinha os olhos mais ternos que o Reboliço já vira em cadela alguma. Na cor, eram um nadinha mais castanhos do que o pelo – o que lhes dava a ternura, porém, não era o tom, mas a consciência da gratidão, e isso vinha-lhe com um saber largo que tinha sobre todos os seres, sobre tudo o que se passava à sua volta. O Reboliço lembra-se disto e ouve-lhe os passinhos, que já há alguns anos se aventuravam para fora do casão, para a rua, sempre que o dono saía. Ouve-lhe os passinhos e o ladrar a ecoar no casão. Lembra-se de uma vez – não, ouviu contar – em que a Perdida salvou de se afogar num bidão de chapa um gato jovem e descuidado que andava pelos muros. O bidão estava encostado do lado de lá da porta do quintal, já depois da garagem, a caminho da horta e do galinheiro. Ali permanecia, enferrujado e enraizado no chão de terra, a aparar a água da chuva que serviria para regar as pequenezas: salsa, coentros, a hortelã e o poejo, e até os espinafres, que bem a dispensavam. No começo do quintal, junto à porta da cozinha, o tio Chico conversava com um freguês, alguém que vinha saber se já estaria consertado o trator que deixara na oficina uns dias antes. Ouviam-se os ruídos da aldeia: uma motorizada que passava na rua, um carro mais lançado, alguma vizinha que conversava com outra à sombra das paredes, nada de muito. Conversavam os dois homens em pé, de costas para a distante porta do quintal, quando a Perdida rompeu por ali numa berraria aflita que ainda ALGARVE INFORMATIVO #198

sobrepunha mais os latidos uns aos outros. “Venham cá, venham cá, venham depressa, cá depressa, venham!”, ia e vinha a bicha, a correr o quintal todo, e chegava-se aos homens mais aflita ainda. O tio Chico pôs-se a enxotá-la, “O raio da cadela, mas o que é que tu queres? Vai-te lá embora”, e ela virava costas e fugia, lançada, para o lado da horta e do galinheiro; fugia só uns três ou quatro metros e estacava, o corpo de frente para lá, mas de focinho virado para os homens, a ladrar de novo: “Aqui! Venham comigo depressa!”, ladrava. Eles, nada. Continuaram a conversa até que a insistência do bicho, por hábito sossegado, os fez estranhar e andar para onde a Perdida com tanta aflição parecia chamá-los. Assim que percebeu neles o sentido de a seguirem, correu até à porta do quintal e pôs-se a ladrar encostada ao bidão da água da chuva, focinho empinado, a querer chegar lá acima. Quando os homens se aproximaram do bidão, lentos, ainda a conversar, ouviram os miados do gato, miados ou ganidos, ou o que era aquele som agudo que a criatura fazia. O freguês muniu-se de uma pá comprida que lá estava, não fosse o bicho, sôfrego pela vida, dar-lhe para arranhar. Mal o gato viu o pau da pá, patinhas para que as quis, agarrou-se a ele, safou-se de um salto e nunca mais ninguém lhe pôs a vista em cima. Os dois homens voltaram para o quintal e para a conversa. A Perdida ia a andar ao lado deles, já sossegada, com os quadris a fazer baloiçar o toco da cauda, de satisfeita, e, então sim, calmamente indiferente à sorte do felídeo . *Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo.

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Foto: Vasco Célio 129

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OPINIÃO - Poemas Contados

Abril, Constituição, Cidadania Afonso Dias (Poeta, Autor de Canções, Cantor e Dizedor de Poesia) ste nosso mundo é, hoje, um lugar inóspito, de caminhos difíceis, injusto e perigoso;

- com sociedades desiguais e desrespeitadoras dos direitos e do bem estar da maioria, em benefício obsceno de elites bem colocadas na finança, na economia e na política; - com um crescimento exponencial do racismo, da xenofobia, do nacionalismo proto fascista e da misoginia mais primitiva; - com o planeta desprezado e agredido por níveis inimagináveis de poluição, espalhada pela indiferença e pela ignorância de milhões e, sobretudo, pelo desprezo criminoso dos responsáveis que se sentam no trono das grandes potências; - um mundo onde abundam, pelos quatro pontos cardeais, inúmeros abusos aos direitos humanos mais primários. Portugal pertence a este mundo global, e se bem que aqui, muitas das liberdades conquistadas em Abril de 74 e impressas na Constituição de Abril de 76, ainda prevaleçam como direitos inquestionáveis, há sombras que se adensam em redor de nós e, algumas, dentro das «portas que Abril abriu»: corrupção, compadrio, precariedade no trabalho, Serviço Nacional de Saúde descuidado e agredido, tribunais e magistrados duvidosos, enfim, um sem número de lesões que a Constituição, que aprovámos em 2 de Abril de 1976, não autoriza. Este precioso documento, que superintende ao nosso edifício legal e que foi votado favoravelmente por 235 deputados – eu incluído, com muita honra! - e que o CDS votou contra (e, aqui para nós, até hoje não ALGARVE INFORMATIVO #198

mudou o sentido de voto…), esta nossa Constituição, dizia, a que tanto devemos nesta caminhada democrática de 43 anos, é o nosso documento mais atacado e, por isso, mais carecido da nossa defesa. É que, apesar de algumas maldades de que foi vítima em sete revisões constitucionais, a Constituição da República Portuguesa é ainda uma das mais evoluídas do mundo. Por estas razões – que não são nada poucas: Precisamos que a nossa Constituição seja, cada vez mais, protagonista da nossa vida colectiva. Precisamos levá-la às Escolas e dá-la a saborear aos mais carecidos, vilipendiados e espoliados. Precisamos fazer dela ferramenta de uso diário. E precisamos inscrever nos nossos dias estes preceitos: Artigo 13.º - (Princípio da igualdade) 2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual. (Constituição da República Portuguesa) 25 de Abril Esta é a madrugada que eu esperava O dia inicial inteiro e limpo Onde emergimos da noite e do silêncio E livres habitamos a substância do tempo Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'O Nome das Coisas' As minhas fraternas saudações democráticas. 130


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OPINIÃO

AVEMAR Paulo Bernardo (Empresário) uiz Gonzaga, mestre da música popular brasileira, tem uma canção que diz: “Minha vida é andar, Por esse país, Pra ver se um dia, Descanso feliz, Guardando as recordações, Das terras por onde passei, Andando pelos sertões, E dos amigos que lá deixei”. Já conhecia esta canção muito antes de sonhar com as minhas aventuras brasileiras e sempre a usei um pouco como um hino das minhas viagens. Tive muitas aventuras, vi muitas coisas bonitas e vi muitas coisas feias. Nesta época de renascimento, que a Páscoa nos traz, quero lembrar talvez o projeto mais incrível que vi. Numa visita a Santana de Parnaíba (cidade próxima de São Paulo), o prefeito local Elvis Cezar convidou-me para ver alguns projetos de desenvolvimento da cidade, um campo de futebol, várias escolas, as obras na igreja. Já no final da visita, chegamos a uma área industrial com um ar um pouco abandonado, mas depois de passar o portão de rede, entrei num dos espaços mais incríveis que vi na minha vida. Fui entrando a passo largo pois o Prefeito tem passo acelerado, pois quer estar em todo o lado, para melhorar a sua cidade. Estava calor, mas suportável, entramos logo na cantina onde fomos recebidos por um sorriso típico das pessoas simples e de bom coração. Seguimos até à caverna de Alibaba, local onde o lixo era tratado de uma forma amorosa, por quem ganhou experiência na rua, vulgarmente chamados de catadores de matérias recicláveis. Este pequeno apoio da Prefeitura fez com que esta gente usasse a sua experiência de ALGARVE INFORMATIVO #198

anos para fazer uma ótima reciclagem, saíram do Aterro Sanitário do Município de Santana de Parnaíba, localizado na Vila Esperança e criaram a AVEMAR, Cooperativa de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis da Vila Esperança. Hoje tem cerca de setenta sócios e muitas pessoas a trabalhar, fazem a escolha seletiva, vendem os matérias selecionados e ganham dinheiro. Hoje saíram de um Aterro Sanitário e conseguiram dar a volta por cima, ajudar a sua cidade, o meio ambiente, e criar novas consciências junto das escolas e dos habitantes da cidade. Esta experiência ficou marcada, pois isto é que é uma política social, criar condições para que pessoas de uma classe carente consigam criar o seu próprio emprego e dar emprego a muitos outros. Hoje deste negócio vivem cerca de quatrocentas pessoas. Vejam como esta pequena ação conseguiu mudar a vida de muita gente. Prova que outras formas de subsidiar a pobreza não tem objetivos honestos, mas sim apenas perpetuar a dependência dos pobres dos políticos, dependência esta que garante votos. Aqui os votos também presumo que estão garantidos, mas porque as famílias livres de dependências votam em consciência. Obrigado mulheres e homens da AVEMAR, pela forma como conseguiram transformar um problema numa oportunidade, fazendo aquilo que sempre tinham feito, mas de uma forma organizada e profissional, deixando de estar dependentes de intermediários e passando a ter o seu destino na palma da mão. Espero voltar em breve a visitar com mais tempo para aprender mais um pouco sobre como se pode fazer a mudança . 132


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ALJEZUR ACOLHE 13.º ENCONTRO DE GENEALOGISTAS DO ALGARVE ealiza-se em Aljezur, no dia 4 de maio, o 13.º Encontro de Genealogistas do Algarve, com o início marcado para as 10h com a chegada dos participantes ao Largo do Mercado, junto da ponte, após o que se seguirá uma visita guiada à Associação de Defesa do Património Histórico e Arqueológico de Aljezur, ao Museu Municipal, Museu de Arte Sacra e Museu Antoniano. Após as visitas, segue-se um almoço convívio. Na parte da tarde será feita a apresentação de comunicações na sala de reuniões da Santa Casa da ALGARVE INFORMATIVO #198

Misericórdia de Aljezur (Lar Nossa Senhora d’Alva). Os encontros de genealogistas do Algarve são encontros informais, que se realizam anualmente numa localidade algarvia, e onde participam interessados pela pesquisa da história das suas famílias com raízes no Algarve. Durante os encontros, os participantes partilham informação entre si sobre as pesquisas que fazem, assim como também são apresentadas comunicações sobre temas investigados no âmbito da genealogia, heráldica, história e 136


tradições locais e fontes documentais do Algarve. O primeiro encontro teve lugar em Loulé, em 2007, e desde então aconteceram em Tavira (2008), Portimão (2009), Faro (2010), Castro Marim (2011), Monchique (2012), Moncarapacho (2013), Alvor (2014), Alcoutim (2015), Silves (2016), São Brás de Alportel (2017) e Querença (2018). Dada a natureza informal destes encontros, a organização destes encontros tem

contado com participação de investigadores de vários pontos de Algarve, com especial relevo para os genealogistas José Cabecinha, Óscar Caeiro Pinto, Júlio de Sousa, Nuno Campos Inácio, Rui Pereira, Maria Manuel Pereira e Maria Elisa Florêncio, entre outros. O encontro de 2019 conta com a participação de Maria Luísa Pereira, Diretora do Arquivo Distrital de Faro, que o organiza na sua terra natal, Aljezur .

ALUNAS DO CURSO DE TURISMO DA UALG GANHAM PRÉMIO EM CONFERÊNCIA INTERNACIONAL Conference - ITSC 2019 - que decorreu, de 9 a 12 de abril, na Universidade de Chur, na Suíça, tendo sido contempladas com o prémio de «Melhor Apresentação». As alunas da academia algarvia submeterem e apresentaram o paper «Tourism 4.0 in portuguese tourism companies and its linkage to sustainability», um estudo elaborado pelas próprias sob a orientação das professoras Célia Ramos e Kate Torkington. árbara Coelho e Kateryna Levytska, alunas do 3.º ano do curso de licenciatura em Turismo da Universidade do Algarve, participaram na 34.ª edição da International Tourism Students 137

Subordinada ao tema «Tourism 4.0: Opportunities and Limitations of Digitalization in Tourism», participaram nesta conferência delegações de alunos de licenciatura de várias universidades europeias . ALGARVE INFORMATIVO #198


GALA DO DESPORTO HOMENAGEOU OS MELHORES ATLETAS DE FARO eve lugar, no dia 14 de abril, a «Gala do Desporto – Município de Faro», que visou reconhecer, valorizar e premiar os agentes desportivos do concelho que mais se destacaram durante a época desportiva terminada em 2018, nas diferentes modalidades. Na cerimónia, que se realizou no Teatro das Figuras, foram homenageados 332 atletas e atribuídos 596 prémios, contemplando o desporto escolar, universitário e federado, bem como competições regionais, nacionais e internacionais. A gala contou com uma presença muito especial, a campeã olímpica da maratona ALGARVE INFORMATIVO #198

Rosa Mota, grande figura de Portugal, amiga do concelho e madrinha da Meia Maratona da Água desde a sua primeira edição. Rosa Mota recebeu do Município de Faro a Chave de Honra da Cidade de Faro. O evento foi ainda abrilhantado com as atuações da Academia de Dança do Algarve, da Urban Xpression e do Clube de Danças João de Deus. Os grandes vencedores nas diversas categorias foram: Associação desportiva do ano - Casa do Benfica de Faro Equipa do ano - Sporting Clube Farense (Futsal Masculino) 138


Dirigente do ano - Daniel Nascimento (Sporting Clube Farense) Treinador do ano - Guliver Nunes (Karaté Clube de Faro) Atleta Masculino do ano - Isaac Nader (Sport Lisboa e Benfica) Atleta Feminino do ano - Diana Madeira (Clube Desportos de Combate Conceição de Faro)

Atleta Revelação do ano - João Graça (Clube de Ténis de Tavira) Desporto Adaptado - Joana Santos (Judo Clube do Algarve) Figura Desportiva do ano - Fábio Henriques / Rita Ramires (Clube Danças João de Deus) Homenagem Carreira - Augusto Domingos (Gimnofaro Ginásio Clube) .

LAGOS TEM NOVO CAMPO DE FUTEBOL apoio ao Campo de Futebol Fernando Cabrita (campo principal em relvado natural). O novo campo tem uma área de 100 metros X 65 metros e cinco balneários de apoio (quatro balneários para jogadores e um balneário para árbitros), possuindo marcações para o futebol 7, futebol 9 e futebol 11. Já se encontra homologado por parte da Associação de Futebol do Algarve e representou um investimento de 500 mil euros. arranque do programa das Comemorações do 25 de Abril em Lagos ficou marcada pela inauguração da requalificação do Campo de Futebol N.º 2 e respetivos balneários, uma nova valência do Estádio Municipal de Lagos que vai ser colocada à disposição dos clubes e futebolistas do concelho. A iniciativa teve lugar no dia 13 de abril, tendo sido depois simbolicamente assinalada com dois jogos de futebol, um de camadas jovens e outro de veteranos.

A placa foi descerrada pela Presidente e Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lagos, Maria Joaquina Matos e Hugo Pereira, respetivamente, bem como pelo Diretor Regional do Instituto Português do Desporto e da Juventude, Custódio Moreno e pelo AdministradorDelegado da empresa LAGOS-EMFORMA, E.M., S.A. Fica assim reforçada a capacidade destas instalações desportivas, designadamente no que respeita à realização de jogos de treino, o que contribui também para uma maior preservação do relvado do campo principal .

Trata-se de um campo de futebol de 11 em relva sintética, complementar e de 139

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LAGOA ACOLHEU TORNEIO INTERNACIONAL DE ANDEBOL DE SUB-19

Torneio Internacional de Sub-19 disputou-se, entre 10 e 12 abril, no Pavilhão Desportivo Municipal Jacinto Correia, em Lagoa, com a participação das seleções de Portugal, Espanha, França e Israel, ficando Portugal em quarto classificado, seguindose Israel e Espanha e em primeiro a França. A organização resultou da colaboração entre o Município de Lagoa, a Federação de Andebol de Portugal e a Associação de Andebol do Algarve. Tratou-se de um torneio amigável e particular por convite que serviu, de acordo com a vice-presidente da Federação, Juliana Sousa, essencialmente como preparação para o próximo Campeonato do Mundo. Já o presidente da ALGARVE INFORMATIVO #198

Associação de Andebol do Algarve, João Estrela, afirmou que o andebol é uma modalidade que “está na moda”, quer no país, quer na região. Por seu lado, o vicepresidente da autarquia, Luís Encarnação, confirmou que a Câmara de Lagoa tem vindo a receber, nos últimos tempos, muitos eventos desportivos, envolvendo equipas nacionais e internacionais de diferentes modalidades. “Esta aposta do Município visa rentabilizar as boas infraestruturas que o concelho possui, promover hábitos de vida saudável junto da população local, e reforçar Lagoa enquanto destino de turismo ativo”. Luís Encarnação revelou, a este propósito, que o número de dormidas associadas a eventos desportivos no concelho de Lagoa, durante o ano de 2018, foi superior a 27 mil e quinhentos. Esta estimativa que o vereador do Desporto e do Desenvolvimento Económico apurou em reunião de balanço com os hoteleiros do Concelho, deverá corresponder a resultados económicos na ordem de 1, 8 milhões de euros .

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TAÇA DE PORTUGAL SUL DE TOUCH RUGBY DISPUTOU-SE EM LAGOA uase centena e meia de jogadores de Touch Rugby, organizados em 10 equipas, jogaram a segunda mão da Taça de Portugal, a 23 de março, no Estádio Municipal da Bela Vista. Iniciados há pouco mais de um ano nesta modalidade, o CRUAL / GDL, de Lagoa, inscreveu 23 atletas, incluindo nove mulheres. O Touch Rugby, variante do Rugby, é uma modalidade em crescimento em Portugal e que está a despertar interesse também no concelho de Lagoa e na região do Algarve, com a segunda etapa sul da Taça de Portugal Touch Rugby a integrar 20 jogos. “Trata-se de uma modalidade verdadeiramente inclusiva, na medida em que o regulamento prevê que as equipas sejam mistas, e que na mesma equipa possa alinhar uma família inteira,

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filhos, pais e avós”, sublinhou Luís Encarnação, responsável pelo pelouro do desporto na Câmara Municipal de Lagoa, no momento do encerramento da prova. “Esta foi a segunda vez que Lagoa recebeu, no Estádio Municipal da Bela Vista, uma prova da Taça de Portugal Sul da modalidade, repetindo-se o ambiente de festa e enorme confraternização entre todos os intervenientes”, congratulou-se ainda o vice-presidente do Município. No ano em que Lagoa se afirma como cidade inclusiva, eventos desportivos deste cariz ganham ainda maior importância, sendo que estiveram em prova atletas dos 14 aos 65 anos. Fez ainda parte do programa um jogo de demonstração Rugby Sub 12 .

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LAGOS MERGULHA NA HISTÓRIA E ANUNCIA VIAGEM DE GRANDES DESCOBERTAS e 1 a 5 de maio Lagos vai vibrar com a realização de mais um Festival dos Descobrimentos, uma viagem ao passado revivendo cronologias, gentes e ambiências do período das descobertas. A décima edição deste evento tem como tema «Os 600 anos da Descoberta da Ilha da Madeira», arquipélago constituído pelas ilhas do Porto Santo e da Madeira, esta última descoberta em 1419 pelos navegadores João Gonçalves Zarco, Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestrelo, fazendo parte da sua tripulação muitos mareantes oriundos do Algarve e em particular de Lagos. ALGARVE INFORMATIVO #198

Trata-se de um evento âncora do Município de Lagos e promete dias com muita animação, recriações históricas, exposições, visitas comentadas e a Feira Quinhentista (de 3 a 5), que irá decorrer na Praça do Infante, Jardim da Constituição e ruas do Centro Histórico. O programa arranca no dia 1 de maio com duas Visitas Comentadas – uma primeira, de manhã, sobre o tema «As Caravelas de Lagos e o Cais das Descobertas» e outra, da parte da tarde, sobre «A Casa da Guiné e as Alfândegas de Lagos». Para o dia 2 está prevista uma conferência sobre os 600 anos da Descoberta da Ilha da Madeira, a partir 142


das 15h, nos Antigos Paços do Concelho, e cujos oradores convidados serão o Comandante Doutor José Manuel Pereira e Doutor João Abel da Fonseca. Nesse mesmo dia e local, pelas 18h, terá lugar a inauguração de uma exposição subordinada ao tema do Festival. Entre os dias 3 e 5 de maio acontece a Feira Quinhentista, sendo que cada dia será subordinado a um tema: «A Partida», «O Deslumbramento» e «O Ouro Branco», respetivamente. Em cada um dos dias terão lugar várias recriações históricas e muita animação, com atuações de teatro, dança e música. Na abertura do evento, destaque para o tradicional cortejo, constituído por alunos, professores e comunidade escolar, em estreita articulação com o movimento associativo concelhio e os grupos de recriação histórica. Com mais de dois mil figurantes,

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esta iniciativa marca «A Partida» para a aventura e envolve os participantes e os visitantes numa viagem de regresso a um dos períodos áureos da nossa história e à chegada dos navegadores e das suas comitivas que, em tempos, percorriam as ruas da cidade histórica de Lagos, representando a sociedade da época trajados à moda do Século XV. O evento contará igualmente com outros polos de animação, nomeadamente a Caravela Boa Esperança, o Forte Ponta da Bandeira ou o Centro Ciência Viva de Lagos, onde o visitante terá a oportunidade de participar em experiências únicas ligadas a este período histórico e à identidade de Lagos dos Descobrimentos .

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EXPOSIÇÃO DE FILIPE DA PALMA DEMONSTRA QUE OLHÃO É UM BASTIÃO AO NÍVEL DO PATRIMÓNIO POPULAR os últimos 18 anos, Filipe da Palma fotografou platibandas um pouco por todo o concelho de Olhão e no Algarve, mostrando agora, no Museu Municipal de Olhão Edifício do Compromisso Marítimo, o resultado desse trabalho através da exposição «Platibandas de Olhão», patente até 31 de maio. A mostra foi inaugurada no dia 16 de abril, no âmbito do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios - que se assinala a 18 de abril -, com a presença do autor, da vereadora da Cultura, Gracinda Rendeiro, e do presidente da Junta de Freguesia de ALGARVE INFORMATIVO #198

Olhão, João Evaristo, entre muitos populares apreciadores do trabalho de Filipe da Palma. “Há 18 anos «desaguei» em Olhão. Sou um apaixonado por esta terra. Para mim, é um bastião, um sítio que concentra uma riqueza enorme ao nível do património popular. Muitas pessoas não se reveem neste tipo de património, que se vai perdendo a cada dia que passa, como acontece com as platibandas”, lamentou o fotógrafo algarvio de 47 anos, durante a exposição sobre as «suas» platibandas de Olhão. 144


A vereadora da Cultura, Gracinda Rendeiro, destacou esta forma de “chamar a atenção para o que está à vista de todos”, enaltecendo o trabalho do fotógrafo que pela segunda vez expõe no Museu Municipal de Olhão. “Foi assim que descobri Olhão, com as suas açoteias, platibandas, mirantes, pangaios, com a sua cor”, testemunha Filipe da Palma, que diz ter vivido “um momento de epifania” quando percebeu que existia outro Algarve, que não o do sol e praia. “Esse momento de epifania aconteceu através das platibandas (toda a gente fala das chaminés!!). E à semelhança das chaminés, não há duas platibandas iguais, que são uma riqueza imensa, não valorizada. É uma recolha

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que começou há 18 anos e que vai continuar. Só faço fotos de platibandas com o céu azul, quando não há sombras, porque todas elas têm que brilhar! São flashes de formas, de cores, de texturas...”, entende. “Com este trabalho pretendo que se preserve o que está feito. Porque todas são peças únicas e, quando uma platibanda é deitada abaixo, não há outra que a possa substituir, já não há mestres que as façam. Tento incutir nas pessoas o gosto pelo que têm, para assim o preservarem. É neste tipo de beleza que me revejo. E Olhão é riquíssimo nesta beleza!”, acrescenta o fotógrafo.

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PRESIDENTE DO MUNICÍPIO DE OLHÃO HOMENAGEIA CAMPEÃ LAURA ESTEVENS presidente da Câmara Municipal de Olhão, António Miguel Pina, recebeu nos Paços do Concelho a nadadora olhanense Laura Estevens, do Clube de Natação de Olhão, que recentemente se sagrou campeã nacional dos 200 metros bruços em Juvenis B, no Campeonato Nacional de Juvenis, Juniores e Absolutos de Inverno, disputado no Complexo Olímpico de Piscinas de Coimbra. “Parabéns! Esta vitória é motivo de orgulho para todos nós, olhanenses”, elogiou o autarca, destacando igualmente o papel do seu treinador, João Santos, do clube, que o Município apoia, e da família de Laura, pelo esforço e dedicação que lhe incutem em prol do desporto. A jovem de 14 anos, que gostava de, no futuro, continuar a competir representando o Benfica, tem também o ALGARVE INFORMATIVO #198

sonho de fazer o curso de Direito. “Desejo que continues a dar cartas na Natação e que consigas realizar todos os teus sonhos”, disse o edil à jovem Laura, acrescentando que é “uma das melhores atletas olhanenses”. Laura Estevens conquistou ainda, em Coimbra, uma medalha de bronze nos 400 metros estilos e atingiu dois novos recordes regionais neste campeonato: o dos 100 metros e o dos 200 metros bruços, que datavam de 2013 e 2014, respetivamente. Neste Campeonato, que se realizou entre os dias 4 e 7 de abril, o Clube de Natação de Olhão competiu com sete atletas (com 26 tempos mínimos para participação). No total, estiveram em Coimbra 112 clubes representados por 690 atletas. O Clube de Natação de Olhão ficou em 11.º lugar no Campeonato, no escalão de Juvenil B. 146


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PORTIMÃO AMPLIA PROGRAMA DE DESFIBRILHAÇÃO AUTOMÁTICA EXTERNA A FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA esde 2016, o Serviço Municipal de Proteção Civil de Portimão tem implementado um programa próprio de Desfibrilhação Automática Externa (DAE), assegurando aos técnicos e voluntários por si formados autonomia na sua utilização, e garantindo atualmente a presença de um desfibrilhador em todos os eventos relevantes promovidos no concelho. Através desta parceria, estabelecida desde então com os Bombeiros de Portimão, enquanto entidade formadora acreditada pelo INEM, o número de pessoas aptas a utilizar de forma autónoma um aparelho ALGARVE INFORMATIVO #198

DAE no concelho já ultrapassou os 250 operacionais, entre bombeiros e técnicos que desempenham funções nas áreas da cultura e desporto do município de Portimão. No âmbito do Plano de Atividades da Proteção Civil Municipal em curso para 2019, este projeto vai agora ampliar-se a mais duas vertentes, com a instalação de seis DAE de uso comunitário em locais estratégicos nas três freguesias do concelho (Praia da Rocha, Zonas Ribeirinhas de Alvor e Portimão, Alameda da República, Praça 1.º Maio e Mexilhoeira Grande) e a atribuição de 148


quatro aparelhos DAE aos piquetes das forças de segurança do concelho, designadamente a Polícia de Segurança Pública, a Guarda Nacional Republicana e a Autoridade Marítima Nacional. No dia 10 de abril arrancou a formação dos operacionais das forças de segurança, com uma primeira ação envolvendo militares da GNR e agentes da PSP. No total, serão formados mais de 200 elementos destas três forças de segurança existentes no concelho. Seguir-se-á a formação dos funcionários das Juntas de Freguesia de Portimão, Alvor e Mexilhoeira Grande, e de voluntários nas áreas de influência dos DAE que serão instalados na via pública, permitindo, desta forma, o pleno funcionamento destes equipamentos cuja função é salvar

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vidas através da antecipação desta capacidade em vítimas de paragem cardiorrespiratória. Com este investimento da autarquia, que já ascendeu a 28 mil euros, pretende-se inverter os dados conhecidos a nível nacional. De facto, em Portugal, ocorrem por ano mais de 10 mil casos de morte súbita de causa cardíaca e, em caso de paragem cardiorrespiratória, todo o tempo conta, em 57 por cento das paragens cardiorrespiratórias registadas não são realizadas manobras de reanimação, e existe apenas um DAE por cada 10 mil habitantes, pelo que só́ 3 por cento das pessoas que sofrem um PCR em ambiente pré́‐hospitalar (fora do ambiente hospitalar) sobrevivem .

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BAJA DE LOULÉ COM SUSPENSE ATÉ AO FINAL ebaixo de um agradável clima que banhou o interior do sotavento algarvio teve lugar, no dia 14 de abril, o segundo e último dia de prova da Baja de Loulé 2019, composto por dois Sectores Seletivos (SS), disputados alternadamente entre Autos e Motos/Quads/SSV. As motos cumpriram em primeiro lugar o segundo sector seletivo e desde logo o líder da prova, João Lourenço, mostrou não estar numa toada de calma e controle, acabando por ser o mais rápido e só perdendo nove segundos para a concorrência mais direta no segundo controle de passagem, mas sendo o mais rápido em todos os outros pontos de cronometragem. O piloto acabou por vencer com cinco minutos e 58 segundos

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de vantagem sobre o segundo classificado, Salvador Vargas(KTM), que viria a ser o melhor entre os concorrentes da categoria Júnior. A vitória de João Lourenço, que tripulou uma Beta com motor a dois tempos, foi o regresso aos triunfos de um piloto da região nesta prova, algo que não acontecia desde 2010, quando Ruben Faria foi o vencedor. Daniel Jordão assegurou o lugar mais baixo do pódio na sua Yamaha, tendo ainda vencido a classe TT2. Na posição seguinte terminou Bernardo Megre (Husqvarna), que ganhou entre os concorrentes da classe TT1. Nota ainda para os triunfos de Armindo Neves (SWM) entre os Veteranos e Vítor Lopes

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(KTM) na Promoção. Na categoria Hobby, pilotos que não dispõem de licença desportiva, o mais rápido foi Sérgio Carapinha (Yamaha). Apesar de só terem concorrido três máquinas, a luta pela vitória foi bastante intensa nos quads, com Roberto Borrego a recuperar progressivamente o atraso que tinha para Luís Engeitado no final do dia de sábado, para acabar a prova na primeira posição, conquistada nos últimos quarenta quilómetros de prova. Entre os populares SSV, a luta também esteve ao rubro, com o volte face a dar-se nos últimos quilómetros da corrida quando a dupla brasileira Cristiano Batista/Fábio Zeller perdeu muito tempo e caiu para o 9.º lugar, com Pedro Santinho Mendes a herdar assim o primeiro posto e a consagrar-se como vencedor da prova. Seguiu-se-lhe no pódio Nuno Fontes/José Sá Pires e João Dias/Emanuel Alves, todos em Can-Am. O melhor classificado na 151

categoria TT2 foi o Yamaha de André Rodrigues/Ricardo Porto Nunes. Entre os espetaculares Autos que compõem o parque do TT nacional, houve luta cerrada até ao fim, com o primeiro sector seletivo da manhã a ser liderado por Alexandre Ré/Hugo Magalhães (VW), que assim aumentaram a liderança conseguida na véspera. Contudo, João Ramos/Victor Jesus (Toyota) puseram todo o potencial do seu carro em ação no último sector seletivo, acabando por vencer a prova com mais de um minuto de vantagem. O terceiro classificado foi o Ford de Pedro Dias da Silva/José Janela, já a 17 minutos dos vencedores. Os mais rápidos nas categorias T2 e T8 foram, respetivamente, Georgino Pedroso/Carlos Silva (Isuzu) e João Rato/Pedro Colaço (Land Rover) e a vitória entre os concorrentes da Taça de Portugal de TT pertenceu a José Maia/Sérgio Cruz (Nissan) . ALGARVE INFORMATIVO #198


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #198

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