ALGARVE INFORMATIVO #130

Page 1

ALGARVE #130 INFORMATIVO

28 de outubro, 2017

JIMMY P veio a Lagoa falar de violência no namoro FOLCLORE E TEATRO EM SÃO BRÁS | CHEGOU O MAR SHOPPING ALGARVE 1 ALGARVE INFORMATIVO «AMANHû FOI A CENA NO TEATRO LETHES | VÍTOR BACALHAU TEM NOVO#130 DISCO


ALGARVE INFORMATIVO #130

2


3

ALGARVE INFORMATIVO #130


ALGARVE INFORMATIVO #130

4


5

ALGARVE INFORMATIVO #130


CONTEÚDOS ARTIGOS

32

8 - Atualidade 24 - Herman Gerwet 32 - Vítor Bacalhau 40 - «Amar-te e Respeitar-te» 48 - Amigos do Folclore e do Teatro 60 - «Amanhã» no Teatro Lethes 90- Atualidade

OPINIÃO 70 - Paulo Cunha 72 - José Graça 74 - Mirian Tavares 76 - Adília César 78 - Artur Filipe Gregório 80 - Nelson Dias 82 - Antónia Correia 84 - Fábio Jesuíno 86 - Augusto Lima 48

24

ALGARVE INFORMATIVO #130

60

40

6


7

ALGARVE INFORMATIVO #130


ATUALIDADE

MAR SHOPPING ALGARVE JÁ ABRIU PORTAS Texto:

O

Fotografia:

MAR Shopping Algarve abriu as suas portas, no dia 26 de outubro, dando a conhecer aos visitantes um espaço moderno com design nacional, conjugado com elementos decorativos da região, zonas com vegetação natural e a maior área de lazer ao ar livre integrada num centro comercial do país. A presença de plantas e espécies nativas em todo o complexo, a instalação de painéis solares fotovoltaicos, iluminação LED e software de controlo de consumo avançados são alguns dos elementos que distinguem a sustentabilidade do projeto.

ALGARVE INFORMATIVO #130

Esta aposta originou a plantação de mais de oito mil e 500 plantas, entre espécies locais e outras herbáceas aquáticas, plantas escultóricas, árvores e arbustos de várias espécies, áreas «verdes» que podem ser apreciadas no interior e exterior do complexo, em jardins verticais, no interior, ou no exterior, ao longo de oito mil metros quadrados. A par da sustentabilidade, o novo complexo de Loulé integra algumas das mais inovadoras soluções digitais desenvolvidas para superfícies comerciais. De facto, ao percorrer-se as

8


O Diretor do MAR Shopping Algarve, Herman Gewert, com Paulo Alexandre Ferreira, Secretário de Estado Adjunto e do Comércio, durante a visita ao centro comercial

antecâmaras e corredores do centro comercial, os visitantes poderão desfrutar de paisagens interativas como a evolução das amendoeiras do Algarve ou as típicas laranjas da região, que reagem ao movimento corporal de quem passa. Nestas áreas é também possível «mergulhar» no mar do Algarve e apreciar paisagens de animais marinhos da região. Em quiosques equipados com tecnologia interativa multi-touch e ecrãs LCD é possível consultar diversos conteúdos e, em alguns corredores, podem-se também observar diversas paisagens da região e partilhar momentos inéditos com os seus contactos, através dos seus dispositivos móveis. Nos corredores de acesso às casas de banho encontram-se soluções digitais e outras interações inovadoras que se ativam pelo movimento.

9

A zona de restauração conta a decoração da designer Nini Andrade da Silva, responsável também pela decoração e design das casas de banho e antecâmaras do centro comercial. Já as áreas de descanso estiveram sob a responsabilidade da empresa algarvia Keppie. Ao longo do centro possível é visível a decoração inspirada em elementos típicos da região como azulejos e uma instalação artística criada com 25 quilómetros de lã, elementos que também se podem encontrar nas zonas de descanso espalhadas pelo centro. Em termos de oferta comercial, o MAR Shopping Algarve surge com algumas propostas únicas entre as suas 110 lojas, casos da maior Primark do país, das ALGARVE INFORMATIVO #130


ATUALIDADE IKEA num complexo comercial de 82 mil metros quadrados que justificou um investimento do Grupo IKEA de 200 milhões de euros. Toda esta oferta foi dada a conhecer, em primeira mão, a algumas centenas de convidados e entidades oficiais, na pré-inauguração que aconteceu no dia 25 de outubro, durante a qual Helen Duphorn, IKEA Retail Country Manager de Portugal o Diretor do MAR Shopping Algarve, Herman Gewert, recordou as palavras do fundador do IKEA, Ingvar Kamprad quando disse que “nunca atingimos verdadeiramente a nossa meta, temos que continuar sempre a caminhar e a trabalhar cada vez mais”. “Hoje é apenas o primeiro dia de uma longa caminhada. Abrimos a loja IKEA no final de março, inauguramos agora o MAR Shopping Algarve Vasco Santos, Gestor de Ativos do IKEA de Portugal, Espanha e França e, muito em breve, será a vez do Designer Outlet primeiras Starbucks e LEGO Fan Factory do Algarve. Juntando-se a isto o Leroy Algarve e das primeiras salas de cinema Merlin e seremos um fantástico destino NOS no país com projeção laser. A de retalho”, referiu o sueco, antes de experiência para o visitante será ainda passar a palavra à IKEA Retail Country mais apetecível quando for inaugurado o Manager, Helen Duphorn. “Acreditamos Designer Outlet Algarve, que se juntará, realmente que este será um excelente assim, ao MAR Shopping Algarve e à loja ponto de encontro para os algarvios e ALGARVE INFORMATIVO #130

10


estamos especialmente satisfeitos por vermos outros retalhistas de mobiliário neste centro e nas proximidades. Juntos, poderemos inspirar mais pessoas a concretizar os seus sonhos, a ter casas mais bonitas e funcionais para as suas famílias”. A cerimónia de inauguração do MAR Shopping Algarve prosseguiu com a intervenção de Vasco Pedro Pimpão, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Loulé Santos, Gestor de Ativos cultura, tradição, história, gastronomia do IKEA de Portugal, Espanha e França, que e praias. Com a abertura da loja IKEA, se mostrou agradado pela forma como do MAR Shopping Algarve e do Outlet este investimento do IKEA Centres Portugal Designer Algarve, Loulé e o Algarve já está a ter um forte impacto na passarão a ter igualmente um destino comunidade local. “Loulé e o Algarve têm

11

ALGARVE INFORMATIVO #130


ATUALIDADE

Momento simbólico da inauguração dos Cinemas NOS do MAR Shopping Algarve

de compras e lazer de referência que atrairá, não só as pessoas que vivem na região, mas também os nossos vizinhos espanhóis”, manifestou, assegurando que o principal compromisso do grupo é, em primeiro lugar, para com os louletanos e, depois, com os algarvios. “É com eles em mente que vamos criar condições para que as pessoas tenham aqui um excelente local de trabalho e passem aqui bons momentos. Vamos também criar todas as condições necessárias para que os nossos parceiros de negócio tenham sucesso”. Em representação da Câmara Municipal de Loulé, o vice-presidente Pedro Pimpão destacou o papel do novo centro comercial ALGARVE INFORMATIVO #130

no combate ao emprego sazonal, através da criação de centenas de postos de trabalhos, mas também enalteceu a maior centralidade que Loulé ganha, em termos regionais, com este megainvestimento. “E é um investimento que alia a inovação à modernização e eficiência energética. Mas queremos que os visitantes do MAR Shopping Algarve vão também à cidade de Loulé, porque vamos investir muito no comércio local e no turismo local deste concelho”, indicou o autarca. A finalizar as intervenções oficinais usou da palavra Paulo Alexandre Ferreira, Secretário de Estado Adjunto e do Comércio, que reconheceu estar-se na presença de um 12


dos maiores investimentos privados realizados em Portugal nos últimos anos. “Esta inauguração é mais um sinal da confiança que o Grupo IKEA tem vindo a depositar, ao longo das décadas, em Portugal, nas oportunidades que temos para oferecer e na qualidade do trabalho que aqui é desenvolvido. Há bons índices de confiança no que toca à evolução das perspetivas dos consumidores e do comércio a retalho e espero que este projeto tire o máximo partido do bom momento que a economia portuguesa está a atravessar”, apontou o governante, antes de se passar ao corte simbólico da fita de inauguração do centro comercial .

Alunos e técnicos do Instituto D. Francisco Gomes, de Faro, na inauguração do MAR Shopping Algarve, no dia 26 de outubro, juntamente com António Barão, presidente da instituição e Herman Gerwet, Diretor-Geral do centro comercial 13

ALGARVE INFORMATIVO #130


ATUALIDADE

Paulo Santos, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Faro, Sílvia Padinha, presidente da Direção da Associação de Moradores da Ilha da Culatra, Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro e João Marques, presidente da Direção do Ginásio Clube Naval

PRÁTICA DE VELA NA CULATRA REFORÇA SONHO DE «FARO – CIDADE NÁUTICA»

O

Texto:

Município de Faro, o Ginásio Clube Naval e a Associação de Moradores da Ilha da Culatra (AMIC) assinaram, no dia 25 de outubro, um protocolo de colaboração com vista à criação de uma escola de iniciação à vela na Ilha da Culatra. O ALGARVE INFORMATIVO #130

Fotografia: objetivo é proporcionar as condições necessárias para o desenvolvimento da prática desta atividade náutica junto da população mais jovem da Ilha, dinamizando não só o interesse pelo desporto, mas também pela segurança no ambiente aquático e pelo conhecimento do mar e ria. 14


De acordo com o protocolo, a AMIC assegurará as condições necessárias ao armazenamento do equipamento náutico, uma sala para formação e apoio administrativo e serventia de balneários. Ao Ginásio Club Naval caberá a disponibilização dos meios essenciais para a realização das aulas, nomeadamente dos técnicos e das embarcações. Finalmente, à Câmara Municipal de Faro competirá o financiamento destas atividades, na sequência do compromisso assumido com a formação dos mais jovens, também através do desporto, na cidade, freguesias rurais e ilhas. O protoloco tripartido vem atestar a grande tradição de Faro na prática da vela, sendo o Ginásio Clube Naval uma das entidades mais antigas do concelho, quase

15

a cumprir 90 anos de existência. A ambição de ter grupos de Vela nas Ilhas é antiga, no sentido de aumentar o número de praticantes, mas também da utilização da própria Ria Formosa. “Este projeto pressupõe desenvolver a atividade no núcleo da Culatra, mas existe um conjunto de ideias e de aspirações para também o Farol vir a ter um grupo do Ginásio Clube Naval, para além de um centro internacional de estágios”, notou Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro, aquando da assinatura do protocolo. “É uma modalidade para cuja prática poucos concelhos no mundo possuirão tão boas condições como Faro. Hoje, damos o primeiro passo para que a atividade náutica seja ainda mais forte no concelho e para que o Ginásio Clube Naval melhore ainda mais

ALGARVE INFORMATIVO #130 Foto: Ginásio Clube Naval


ATUALIDADE as suas condições de trabalho para colocar este desporto ao alcance de mais jovens”, reforçou o edil farense. A ideia ganhou contornos mais fortes quando o Ginásio Clube Naval foi à Ilha da Culatra promover um evento no âmbito da 25.ª Volta ao Algarve, com o «campo de futebol» da náutica a ser, de acordo com João Marques, as ilhas e o mar. “Temos aqui um recinto único, um dos melhores da Europa, para envolvermos os miúdos nesta modalidade. Os meios existem e queremos potenciá-los com esta parceria tripartida, para que as mais-valias sejam maiores para todos e para que nos possamos focar mais nas relações com o mar”, considera o presidente da Direção do Ginásio Clube Naval. “Queremos ver muitos «pintainhos» em redor da Ilha da

Culatra e estamos em conversações com as escolas para inserir a Vela no plano das Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC). O maior desafio da AMIC, da Autarquia e do Naval neste projeto passa pela captação de novos praticantes, de meter os miúdos dentro das embarcações”, acrescentou o dirigente associativo. A iniciativa foi prontamente abraçada pela Associação dos Moradores da Ilha da Culatra, que está localizada entre a Ria Formosa e o Mar mas, apesar disso, não tem crianças a praticar modalidades náuticas. “É um projeto-piloto com parceiros de peso e queremos, de facto, que mais crianças do concelho de Faro andem na Vela, seja através das escolas Foto: Ginásio Clube Naval

ALGARVE INFORMATIVO #130

16


ou de outras instituições. A Culatra vai ser uma «cobaia» e os nossos jovens estão bastante entusiasmados”, afirmou Sílvia Padinha, presidente da Direção da AMIC, com João Marques a voltar a enfatizar o potencial de Faro nesta matéria. “Infelizmente, estamos dependentes de entidades externas, o que não nos permite fazer um trabalho mais célere. Na Ilha do Farol há instalações degradadas que poderiam ser aproveitadas para a Vela, sobretudo para reforçar a vertente competitiva do Ginásio Clube Naval. Somos um clube reconhecido em Portugal e na Europa graças aos títulos que conquistamos em várias competições internacionais e, se tivermos condições para conseguirmos albergar atletas, de certeza que seria fácil atrair estágios para Faro”, sublinha João Marques.

Rogério Bacalhau adiantou que serão brevemente encetadas conversações com a APS – Administração dos Portos de Sines e do Algarve sobre esse assunto. “O objetivo é passar para a Câmara Municipal de Faro a gestão de um conjunto de edifícios da APS que estão totalmente abandonados, com vista à criação de um Centro Internacional de Estágio para a Vela. Com as nossas excelentes condições climatéricas é possível praticar Vela praticamente todo o ano, tanto no Mar como na Ria Formosa. Também temos o Aeroporto Internacional mesmo aqui ao lado, portanto, se houver boa vontade de todos os intervenientes, penso que, daqui a um ano, poderemos estar a realizar o primeiro ensaio para essa estrutura”, manifestou Rogério Bacalhau.

A vontade existe, de facto, para tornar Faro numa verdadeira «Cidade Náutica» e 17

ALGARVE INFORMATIVO #130


ATUALIDADE

Carlos Gracias, Presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve, Aníbal Neto, Joaquim Lopes, Leonor Frazão e José Cabrita

VINHOS DO ALGARVE PARTICIPARAM NO MERCADO DOS VINHOS, EM LISBOA

A

Texto:

Fotografia:

pós o sucesso da edição de 2016 do Mercado de Vinhos, em que esteve em destaque o Algarve, a região algarvia regressou a este importante evento promocional de vinhos que decorreu na Praça de Touros do Campo Pequeno, em Lisboa, nos dias 20, 21 e 22 de outubro, com o mote «Pequenos produtores, Grandes descobertas». A iniciativa foi da CVA – Comissão Vitivinícola do Algarve, que contratualizou um espaço

ALGARVE INFORMATIVO #130

exclusivo e convidou todos os produtores a participarem na mostra dos seus Vinhos do Algarve, tendo aceite o desafio a Quinta do Francês, o Convento do Paraíso, o Monte do Além, a Quinta da Malaca, o Morgado do Quintão, a Marchalégua/Borges da Silva, a Paxá Wines e a Cabrita Wines. Os participantes foram unânimes em considerar a iniciativa da CVA muito positiva porque, não só possibilitou a 18


redução de custos no evento, como também contribuiu para reforçar a imagem global da região. “A participação faz todo sentido porque o evento pretende proporcionar aos visitantes grandes descobertas de vinhos, provenientes de produtores mais pequenos, o que se enquadra na filosofia da marca”, afirmou Leonor Frazão, enóloga no Convento do Paraíso. José Cabrita confirmou igualmente a vontade de que os vinhos Cabrita ganhem mais visibilidade no mercado de Lisboa e de conseguir uma melhor relação comercial e de distribuição nesta zona do país. Pelo mesmo diapasão afina Joaquim Lopes, da Paxá Wines, que destaca a notoriedade que o certame permite. “Não é pelas vendas que estamos aqui, mas Rodrigo Soares e a mãe Suzana Soares, agora a dar cartas sim pela visibilidade que se na sub-região de Baião com o 1000curvas. obtém, sobretudo quando conseguido o reconhecimento como apresentamos algo exclusivo e único do evento de referência no panorama Algarve que é a casta «Negra Mole», do vitivinícola nacional, reunindo mais de qual temos um varietal e que está a ser 120 produtores nacionais de vinho e de um sucesso na recetividade”. Aníbal Neto, outros setores do agroalimentar. O que representou a Marchalégua e Borges conceito base do certame é da Silva, reforçou a importância da proporcionar aos visitantes a descoberta promoção dos vinhos em Lisboa, referindode vinhos diferentes e pouco divulgados se à “crescente importância deste ou conhecidos, conforme destaca Teresa mercado que, para além do seu consumo, Gomes, assessora técnica do evento, está igualmente a crescer, e muito, na referindo-se aos Vinhos do Algarve como captação de turistas, tornando-se um “uma agradável surpresa para todos os complemento ideal de proximidade ao visitantes que aqui passam, pois tem mercado do Algarve”. vinhos deliciosos”. Dada a recetividade geral e boa aceitação da participação O Mercado de Vinhos do Campo Pequeno dos Vinhos do Algarve no Mercado de já vai na sua sétima edição, tendo 19

ALGARVE INFORMATIVO #130


Representante da WineMan com Rui Virgínia (Barranco Longo) à direita

Vinhos do Campo Pequeno, em Lisboa, está prevista a presença na próxima edição de 2018 em condições a avaliar e definir pela CVA e produtores algarvios

ENTRE CONFIRMAÇÕES E DESCOBERTAS Para além da presença conjunta de vários produtores do Algarve numa zona dedicada à região, houve outros produtores que participaram de forma conjunta com os seus distribuidores da zona de Lisboa. Pode-se questionar a estratégia, porém, é legítimo compreender que há compromissos comerciais que por vezes não podem ser ultrapassados. A moral da história é que, de forma ALGARVE INFORMATIVO #130

individual ou coletiva, os Vinhos do Algarve estiveram lá de qualquer forma. Uma dessas participações que destaco, porque foi um dos pioneiros a «conquistar» e afirmar-se no mercado competitivo de Lisboa, é a do «Barranco Longo» que, em parceria com o seu distribuidor WineMan, deram a conhecer a sua já vasta gama de vinhos, desde os espumantes a brancos, rosés e reservas. Recentemente estive neste produtor e tive a oportunidade de provar alguns dos vinhos para 2018 ainda em cuba e sobre a qual irei escrever numa próxima edição, portanto, fica desde já aqui o «aperitivo». 20


Quanto ao resto, bem, o espaço tem mesmo muito para mostrar, fazendo uma viagem rápida a partir do Algarve, já aqui falado, temos em termos de descobertas a casa «Romana Vini», da região de Lisboa, que apresenta vinhos de perfil moderno e desafiantes. Aliás, os seus brancos foram já premiados na sua região, caso do «Quinta Nogueira Reserva Branco» ou o «Página Sauvignon Blanc», que passa pela madeira e ganha uma complexidade e untuosidade muito interessantes para acompanhar um prato mais complexo.

(apesar de a quinta ser de família), é mais fácil começar com ideias novas. E ainda por cima muito interessantes, como o são os blends de Chardonnay e Alvarinho que são produzidos por esta família. Apresentam um estágio longo de 20 meses, o que o torna particularmente suave e complexo no final, harmonizando muito bem o corpo e lado frutado do Chardonnay com a tropicalidade e mineralidade da casta Alvarinho. .

Rumando depois bem para cima, destaco o produtor «1000 Curvas», que está a fazer vinho na região dos Vinhos Verdes (Baião) mas de forma inovadora. Essa inovação é com certeza fruto da experiência de vida no Brasil pois, sem grande tradição familiar

21

ALGARVE INFORMATIVO #130


ALGARVE INFORMATIVO #130

22


23

ALGARVE INFORMATIVO #130


ENTREVISTA

MAR SHOPPING ALGARVE QUER SER UM AMIGO DAS FAMÍLIAS E UM PARCEIRO DA COMUNIDADE Depois de uma longa espera, foi inaugurado, no dia 26 de outubro, o MAR Shopping Algarve, do IKEA Centres Portugal. Para comandar o gigantesco centro comercial foi escolhido o sueco Herman Gewert, que rapidamente esclareceu que o Grupo está no Algarve com uma estratégia de longo prazo, daí que, mais do que recuperar os 200 milhões de euros de investimento num instante, o objetivo é que o MAR Shopping Algarve se torne num ponto de encontro dos algarvios e turistas, mas também num parceiro da comunidade e um amigo das famílias. Texto:

ALGARVE INFORMATIVO #130

Fotografia:

24


25

ALGARVE INFORMATIVO #130


N

a área da gestão de centros comerciais desde 2003, Herman Gewert foi o escolhido pelo IKEA Centres Portugal para assumir a direção-geral do MAR Shopping Algarve. Colaborador do Grupo IKEA há 32 anos, o sueco iniciou a sua carreira na empresa ligado ao mobiliário de casa e, nos últimos 13 anos, tem-se dedicado à gestão de espaços IKEA Centres. Assim, antes da

ALGARVE INFORMATIVO #130

mudança para Portugal, foi responsável por complexos comerciais do IKEA na Rússia e Itália; na Dinamarca desempenhou funções enquanto Marketing Manager IKEA Centres; e, na Holanda, Suécia e Reino Unido, teve a seu cargo projetos de lojas do conhecido grupo. Esta vai ser, porém, a primeira experiência à frente de um centro 26


responsáveis pela construção, mas somos nós que vamos assumir a responsabilidade da operação, por isso, temos que conhecer bem tudo o que gira em torno da estrutura física”, distingue.

comercial desta dimensão, um verdadeiro «gigante» que integra um complexo comercial alargado de 82 mil metros quadrados que inclui o Designer Outlet Algarve, uma loja IKEA e uma enorme área de lazer ao ar livre. “A grande diferença em relação aos outros projetos em que estive envolvido é que tive que «mergulhar» a fundo em todos os detalhes e pormenores técnicos durante a fase de preparação. Não fomos os 27

A experiência foi enriquecedora, mas não isenta de dores-de-cabeça, como se imagina numa empreitada desta envergadura, sobretudo a dificuldade em arranjar mão-de-obra suficiente durante a fase de construção, por ter coincidido com a altura do Verão. “Normalmente, conseguimos ter dois ou três turnos em atividade, mas aqui isso foi impossível. Tivemos que trazer pessoal do norte de Portugal e da vizinha Espanha, o que gerou alguns atrasos na obra”, reconhece Herman Gewert, acrescentando que, mesmo depois do MAR Shopping Algarve ser inaugurado, é difícil abrandar o ritmo, «tirar o pé do acelerador». “Mas nesta fase das nossas vidas é importante encontrarmos algum balanço e arranjarmos tempo para recarregar as baterias. Se continuamos focados no trabalho 24 horas por dia, ficamos demasiado cansados e acabamos por tomar decisões erradas”, alerta. “Quase que é preciso ter coragem para nos afastarmos, mas precisamos aproveitar aquilo que o Algarve nos dá em termos de ambiente e qualidade de vida”, reforça. Apesar das dificuldades sentidas durante a construção, Herman Gewert garantiu que a decisão do Grupo IKEA vir para o Algarve foi fácil de tomar, por existir uma grande confiança em relação ao futuro do país e da região. “Há ALGARVE INFORMATIVO #130


muitos anos que decidimos tomar este passo mas, entretanto, Portugal atravessou uma grande crise económica, o que atrasou a concretização do MAR Shopping Algarve. Mas não temos qualquer razão para duvidar de que foi uma decisão acertada”, assegura, com um sorriso, antes de confirmar as expetativas do centro comercial ter nove milhões de visitas por ano. “Vamos criar motivos para que as pessoas aqui venham com regularidade, mesmo que não seja para comprar alguma coisa. Podem vir beber simplesmente um café e comer um bolo ao pequeno-almoço, ou almoçar, jantar e ir ao cinema. Queremos que o MAR Shopping Algarve seja um ponto de encontro e, para isso, vamos dinamizar atrativos para todas as idades”, frisa o diretor-geral. Teremos, então, um centro comercial «amigo» das famílias, adianta Herman Gewert, e isso não passa meramente por ter espaços vocacionados para entreter os mais novos, mas também os mais velhos e os homens, já que as mulheres são, tradicionalmente, grandes adeptas do puro ato de fazer compras. A tarefa seria mais fácil se o MAR Shopping Algarve estivesse no interior ou junto a uma grande cidade, mas o entrevistado está bem ciente das particularidades do Algarve, uma região constituída por várias cidades de média dimensão. “Estamos confiantes que o conjunto de lojas que temos para oferecer no centro comercial, mais a loja IKEA, o Designer Outlet e o Leroy Merlin do outro lado da estrada, conseguirão atrair pessoas até duas horas de distância de viagem de carro”, antevê. “A nossa localização é bastante acessível graças à proximidade à Via do Infante e à EN 125 e ALGARVE INFORMATIVO #130

negociamos igualmente com a EVA Transportes um reforço das carreiras e dos horários com as cidades de Faro e Loulé”.

CONCORRÊNCIA É BENÉFICA PARA TODOS O tamanho importa, como se costuma dizer, mas o mix de lojas é também fundamental para o sucesso de um centro comercial, existindo diversas marcas que conseguem, de facto, atrair multidões e que, por isso, se tornam praticamente obrigatórias. Uma realidade confirmada por Herman Gewert, mas o MAR Shopping Algarve terá, igualmente, diversas novidades e surpresas que se assumirão como maisvalias em relação à restante concorrência, uma concorrência que, no Algarve, está bastante evoluída. “Existem centros comerciais de grande qualidade na região, o que nos obrigará a trabalhar mais arduamente para sermos bemsucedidos”, manifesta o diretor-geral, garantindo que o objetivo do Grupo não é «acabar» com o negócio de ninguém. “É possível que alguns centros comerciais mais pequenos venham a

28


sentir dificuldades acrescidas com a nossa chegada, mas não necessariamente. A competição pode ser muito saudável, porque nos obriga a todos a um esforço adicional, a subirmos de nível. Quem não tiver dimensão pode tentar disponibilizar outros serviços e, se a oferta é maior, os preços são menores e quem beneficia é o consumidor”, analisa o sueco. Certo é que um centro comercial como o MAR Shopping Algarve tem que funcionar 365 dias por ano e não estar apenas dependente dos milhões de turistas que chegam à região no pico do Verão. “Estamos a falar de um investimento bastante avultado, não sei quem mais investiu 200 milhões de euros em

29

Portugal, ainda mais numa época de crise. O impacto deverá ser positivo para a região como um todo, um local onde se possa viver e trabalhar. Queremos contribuir para uma vida melhor no Algarve”, salienta, pelo que estão previstas diversas iniciativas ao longo do ano que envolvam a comunidade circundante. “A região tem que se habituar a atrair visitantes 12 meses por ano e há programas, como o «365 Algarve», que têm isso em mente. O clima até é bom demais – precisávamos de mais chuva – e a natureza, o sol, a praia, o golfe, acabam por ser outros concorrentes dos centros comerciais. Estamos todos a competir pelo tempo das pessoas”, entende.

ALGARVE INFORMATIVO #130


E, por falar em meio ambiente, o MAR Shopping é, como seria de esperar, um centro comercial «amigo» do ambiente, com vegetação natural no interior e exterior do edifício, áreas com jardins verticais e várias espécies de plantas com reduzida necessidade de irrigação. No projeto do empreendimento de Loulé foram também consideradas características de eficiência energética como a instalação de painéis solares fotovoltaicos, iluminação LED e software de controlo avançado para ar condicionado e iluminação. Para garantir o uso eficiente de água, o projeto assegura que todas as torneiras, chuveiros e WC’s têm baixo consumo de água e procedeu-se à instalação de um largo número de contadores de água, possibilitando o controlo de consumo de água e de fugas. Para além disso, toda a madeira utilizada ALGARVE INFORMATIVO #130

no centro comercial é proveniente de florestas sustentáveis (acreditadas pela certificação Forest Stewardship Council). “Faremos todos os possíveis para sermos um bom cidadão no que toca aos aspetos ambientais”, apontou Herman Gewert. Uma postura de «bom cidadão» que se verificou, recentemente, quando o Grupo IKEA fez um grande donativo para a construção de uma nova creche e préescolar em Almancil. “Se não formos bons cidadãos, não vamos conseguir recuperar o investimento realizado, é algo que anda de mão-dada. Estamos aqui com uma perspetiva de longo prazo, não nos preocupamos apenas em maximizar o investimento e vamos continuar a investir todos os anos”, enfatiza o escandinavo .

30


31

ALGARVE INFORMATIVO #130


ENTREVISTA

VÍTOR BACALHAU LANÇA «COSMIC ATTRACTION» Dois anos após o álbum de estreia, Vítor Bacalhau está de regresso ao mercado discográfico com «Cosmic Attraction», um disco de blues, com umas pitadas de rock, gravado em estúdio sem rede, ao sabor dos sentimentos, porque são os sentimentos que pautam a vida de um músico, especialmente deste género bastante sui generis que começa a conquistar o seu espaço em Portugal. Texto:

Fotografia:

lançado, a 3 de novembro, «Cosmic Attraction», o novo disco de Vítor Bacalhau, o terceiro registo discográfico do algarvio, depois do EP «Alive Again», de 2014, e de «Brand New Dawn», de 2015, já com produção de Budda Guedes. Mas a música acompanha Vítor desde os 10 anos e, aos 15, já fazia parte de bandas, primeiro do tradicional rock, antes de descobrir os blues, quando esteve a estudar em Londres, em 2010/2011. “Fui exposto a uma série de situações que me fizeram querer seguir uma carreira a solo dentro deste estilo do blues-rock. Vi lá um concerto do norte-americano Philip Sayce que me virou por completo a cabeça, numa altura em que eu estava precisamente a tentar descobrir o que pretendia fazer no mundo da música”, recorda.

É

Um estilo que, como se sabe, não é dos mais consumidos em Portugal, nem sequer por esse mundo fora, mas isso pouco ALGARVE INFORMATIVO #130

importou para Vítor Bacalhau. “O que procuro na música é que ela me toque, que mexa comigo emocionalmente, mas o rock sempre me influenciou desde pequeno. O primeiro disco que ouvi foi o «Nevermind» dos Nirvana – tinha para aí uns quatro anos – por isso, este disco está um pouco mais rockeiro, mas a génese continua a ser o blues”, conta, explicando que avançar em nome próprio foi uma decisão natural. “Eu quero realmente fazer isto durante muito tempo, até ao resto da minha vida, e as bandas formam-se hoje e acabam amanhã. Para além de, supostamente, me permitir uma maior longevidade, uma carreira a solo garante-me uma total liberdade criativa para fazer aquilo que acho melhor em cada momento”. Outra opção natural, inconsciente, foi a língua adotada, o inglês, confessando que nunca conseguiu criar um tema em português. Isso não significa que o blues 32


33

ALGARVE INFORMATIVO #130


não possa ser cantado na língua lusitava, com Vítor Bacalhau a dar os bons exemplos de Rui Veloso e Jorge Palma, mas a esmagadora maioria das suas influências cantam, de facto, em inglês. “Nem sequer é algo que eu force. Quando me sento para escrever as letras, dou logo por mim a pensar em inglês”, concede, sorrindo quando confrontado com a ideia de que o blues fala, normalmente, de coisas tristes e deprimentes. “O blues sempre falou de ultrapassar-se as adversidades da vida, o que não é, necessariamente, uma coisa triste. Todos nós arranjamos uma maneira ou outra de vencer os problemas que nos ALGARVE INFORMATIVO #130

surgem no quotidiano. É verdade que os assuntos de certas músicas são um bocadinho pesados, mas a mensagem que fica é de superação das dificuldades e não de transmitir uma imagem de coitadinho”, sublinha. Músicas que nascem de todas as maneiras e feitios, admite Vítor Bacalhau. Umas vezes aparecem primeiro as letras, noutras, são as melodias que surgem inicialmente, a partir de um riff de guitarra. “O título do disco, que é também o nome de um dos temas, aconteceu do nada e comecei a 34


cantarolar logo o refrão da música. Não tenho uma fórmula rígida para compor”, considera o entrevistado, não entendendo que o blues seja mais exigente, em termos instrumentais, que outros estilos. “A minha música não é muito complexa na sua essência, antes pelo contrário, gosto de coisas simples. Um tema tem que ter um bom riff, que seja orelhudo, que entre depressa no ouvido, não é preciso complicar em demasia. Quando chega a parte do solo de guitarra, aí sim, «abalo» para outros sítios”, confessa, com uma risada. De qualquer modo, o blues ainda não é uma das prioridades dos jovens que pretendem seguir uma carreira de músico profissional, uma situação que, na ótica de

35

Vítor Bacalhau, tem vindo a mudar no passado recente. “Tem surgido uma série de coisas interessantes nos últimos tempos, como o Frankie Chavez ou os «Budda Power Blues». O Budda Guedes fez agora uma parceria com a Maria João e misturou o blues com o jazz. Quando lancei o meu primeiro EP, houve malta que me disse logo que o blues-rock não ia pegar, mas o certo é que, numa questão de dois ou três anos, surgiram diversos festivais em todo o país”, observa, com satisfação, acreditando que este fenómeno não vai ser uma moda passageira. “Dá-me ideia que a malta nova tem menos medo de experimentar, de sair dos clichés, dos registos pré-formatados. O essencial, em qualquer estilo, é apelar a novos

ALGARVE INFORMATIVO #130


públicos e isso só se consegue misturando as sonoridades mais antigas com coisas mais modernas”.

“PRECISO DA ENERGIA DAS PESSOAS” Há mais público, a julgar pela variedade de festivais de blues que são organizados de norte a sul de Portugal, mas Vítor Bacalhau lamenta que as rádios nacionais ainda estejam demasiado apegadas ao habitual pop/rock, sobretudo ao anglosaxónico. Mesmo assim, é possível viver, a tempo inteiro, da música, e do blues, garante o entrevistado, mas fazendo um bocadinho de tudo, ou seja, dando aulas e tocando também em projetos de outros artistas. “É essa vertente que acaba por financiar este projeto a solo onde meto a minha alma e coração. Divido-me em várias facetas, mas não me posso queixar”, manifesta. Gravado, editado e agenciado pela «Mobydick Records Studios», «Cosmic Attration» vai para o mercado no dia 3 de novembro, mas o pré-lançamento já aconteceu, no dia 27 de outubro, na CasaMuseu João de Deus, em São Bartolomeu de Messines, em jeito acústico. “Estudei em Messines durante alguns anos e foi porreiro voltar para o aniversário dos 20 anos da Casa-Museu. Este formato estáme a dar um grande gozo, levo as minhas guitarras acústicas e faço roupagens completamente diferentes dos meus temas onde se nota mais a génese dos blues, sem ser aquela cena de rock mais pesado que temos enquanto trio ao vivo”, indica Vítor Bacalhau. Já o lançamento oficial decorre na primeira edição do

ALGARVE INFORMATIVO #130

festival «Braga Blues», no dia 3 de novembro, seguindo-se nova atuação a sul, em Loulé, a 10 de novembro, no Bar Bafo de Baco. “É uma verdadeira catedral para os géneros mais alternativos e ali sinto-me em casa. Consigo explorar uma multiplicidade de sonoridades porque o público vai mesmo para me ouvir e cria-se um ambiente fora-de-série”. «Sentir-se em casa» que é, de acordo com Vítor Bacalhau, ainda mais fulcral neste género, onde não é possível ligar o «piloto automático» e tocar a «cassete» que se traz de casa. “Tantas vezes que me aconteceu sentir-me, por uma razão ou outra, meio doente, cansado, subir ao palco, encontrar um público altamente à minha frente e parece que fico novo. Quando não temos um público que reaja, é muito complicado fazer isto. 90 por cento dos meus concertos, enquanto guitarrista, são com solos improvisados e, para me sentir inspirado, preciso da energia das pessoas”. Uma improvisação que foi uma constante também em estúdio, aquando da gravação de «Cosmic Attraction», porque assim é o blues, revela Vítor Bacalhau. “Gravamos sem rede, sem metrónomo ou munição de auscultadores, como se estivéssemos a tocar ao vivo, os três ao mesmo tempo. Estou muito contente. É um disco bastante honesto em que se sente o power da banda a tocar ao vivo. É isso que estamos fartos de fazer e é nesses momentos que saem as coisas boas”, reforça o músico, desejoso de regressar à estrada para promover o novo disco . 36


37

ALGARVE INFORMATIVO #130


ALGARVE INFORMATIVO #130

38


39

ALGARVE INFORMATIVO #130


ALGARVE INFORMATIVO #130

40


REPORTAGEM

JIMMY P VEIO A LAGOA FALAR SOBRE VIOLÊNCIA NO NAMORO No âmbito das comemorações do Dia Municipal para a Igualdade, o Auditório Municipal de Lagoa recebeu o projeto pedagógico de combate à violência no namoro «Amar-te e Respeitar-te», direcionado para os alunos do 3.º ciclo e ensino secundário. O cabeça-de-cartaz do projeto é o músico Jimmy P, cujas letras deram também origem a um livro sobre esta importante temática dos tempos modernos. Texto:

41

Fotografia:

ALGARVE INFORMATIVO #130


D

esde 2010 que, a 24 de outubro, autarquias locais e organizações de todo o país assinalam o Dia Municipal para a Igualdade, que realça a ideia de que «Igualdade é Desenvolvimento». Foi nesse contexto que a Câmara Municipal de Lagoa dinamizou, no Auditório Municipal, o projeto pedagógico de combate à violência no namoro «Amar-te e Respeitar-te», com sessões para estudantes do 3.º ciclo e ensino secundário da rede pública, para além de distribuir livros por toda a Rede de Bibliotecas Escolares do concelho de Lagoa. “Estamos empenhados em que homens e mulheres, meninos e meninas, rapazes e raparigas, tenham os mesmos direitos, que façam aquilo de que gostam e para o que tem apetência, sem serem descriminados ou olhados de forma diferente por pretenderem seguir uma carreira que está, historicamente, associada ao outro sexo”, frisou Luís Encarnação, vereador da autarquia lagoense no início da sessão. “Em Lagoa, queremos ser uma sociedade plural que respeite de igual forma os direitos de homens e mulheres”, salientou ainda o responsável pelo pelouro da Educação. O projeto «Amar-te e Respeitar-te» é desenvolvido pela «Betweien», em coautoria com o músico Jimmy P, e o objetivo é dotar os/as jovens de ferramentas de diagnóstico e de prevenção de comportamentos agressivos nas relações de namoro, dos próprios e/ou dos seus pares, de forma a contrariar o crescimento deste fenómeno na sociedade portuguesa. O projeto inclui temas originais musicados por Jimmy P e uma peça baseada nas histórias reunidas num ALGARVE INFORMATIVO #130

livro e adaptadas ao teatro. Histórias ficcionadas sobre casos de violência no namoro que mostram três realidades distintas: a que é percecionada pela vítima masculina, com a história «Os homens não choram!»; a sentida pela vítima feminina, com o caso «Quanto mais me bates…»; e a de uma relação de namoro vivida nos planos real e virtual, com a história «Todos os dias da nossa vida real e virtual!». O livro inclui as letras das músicas que Jimmy P compôs para o projeto - «Ficar 42


bem», «Quando dá errado» e «Como tu» e identifica também os vários passos para o desenvolvimento de uma campanha de combate à Violência no Namoro na Escola. “Grande parte do meu público é jovem e estudante e, face à minha exposição social e àquilo que eu represento como artista, fazia todo o sentido abordarmos esta temática. Muitas vezes a sociedade reage de uma forma mais ou menos dormente, até com uma perspetiva misógina deste contexto, e quisemos levar isto junto das pessoas de uma forma criativa e construtiva para que elas reflitam e 43

atuem”, explicou Jimmy P o seu envolvimento no «Amar-te e Respeitarte». “Tenho a felicidade e sorte de ter uma grande proximidade com os meus fãs, sobretudo com aqueles que me acompanham desde o início da minha carreira. Há quatro anos, uma dessas pessoas viveu uma situação abusiva de violência no namoro, partilhou comigo a sua experiência e eu nem sabia como reagir, que conselhos dar. Hoje, em virtude da minha participação neste projeto, percebo que esta problemática é bastante mais complexa e profunda ALGARVE INFORMATIVO #130


ALGARVE INFORMATIVO #130

44


do que aquilo que parece e convém estarmos preparados para uma eventualidade destas, que pode não acontecer connosco, mas com pessoas que conhecemos”, reforçou o artista. Abordar as problemáticas sociais é algo a que Jimmy P está habituado desde que embarcou numa carreira profissional de músico e o livro que faz parte deste projeto pedagógico inclui igualmente um espaço para os leitores escreverem as suas próprias canções, por uma razão bastante simples: “A escrita tem um papel terapêutico porque, em inúmeras ocasiões, é mais fácil escrevermos sobre algo do que falarmos sobre isso com alguém. Mesmo que não queiram mostrar a ninguém, podem colocar no livro aquilo que estão a sentir”, indica, enfatizando a importância de se ser sincero e honesto,

45

tanto quando se escreve, como quando se canta. “Na música, falo da minha vida, não sei falar de realidades alheias ou de assuntos que não domino. Partilho histórias da minha vida e limito-me a esperar que outras pessoas se revejam e se identifiquem com o que estou a fazer e, felizmente, é isso que tem acontecido ao longo destes anos. Este projeto foi diferente porque me apropriei de realidades e circunstâncias que nunca vivi, o que constituiu um desafio criativo bastante difícil, mas também muito interessante. Tive que me colocar na pele de um agressor e de uma vítima, o que me permitiu saber muito mais coisas sobre a violência nas relações”. Jimmy P não duvida que a música é, em primeiro lugar, um veículo de

ALGARVE INFORMATIVO #130


informação e que deve ser utilizada para veicular mensagens construtivas e salutares. Já este projeto coloca várias formas de expressão artística ao serviço das pessoas, desde a música ao teatro e à literatura. “Se calhar o facto de ser pai fez com que olhasse para esta temática com outra sensibilidade. À medida que a sociedade evolui, também evoluem as formas de violência e de abuso e o uso das redes sociais é exemplo disso. Quando existem casais que não se conseguem entender, muitas vezes vão despejar os problemas nas redes sociais, partilham toda uma série de informação íntima – fotografias, mensagens, vídeos – no Facebook, Instagram, que se tornam ferramentas abusiva nas relações”, alerta o músico .

Luís Encarnação, vereador da Educação da Câmara Municipal de Lagoa

ALGARVE INFORMATIVO #130

46


47

ALGARVE INFORMATIVO #130


REPORTAGEM

AMIGOS DO FOLCLORE E DO TEATRO REUNIRAM-SE EM SÃO BRÁS DE ALPORTEL Texto:

ALGARVE INFORMATIVO #130

Fotografia:

48


49

ALGARVE INFORMATIVO #130


B

oa casa registou o Cineteatro S. Brás, na noite de 21 de outubro, para o primeiro Encontro Regional dos Amigos do Folclore e do Teatro, uma organização do Grupo Folclórico da Velha Guarda com o apoio da Câmara Municipal de São Brás de Alportel. O evento foi um verdadeiro encontro multigeracional em torno destas tradições tão populares como são o folclore e o teatro, com o primeiro momento a ser protagonizado pelos jovens elementos de um rancho proveniente de Almodôvar, do distrito de Beja. Seguiu-se o Teatro da Universidade Sénior da Casa de Povo do Concelho de Olhão, sediada na União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta, numa divertida peça com argumento de Maria José

ALGARVE INFORMATIVO #130

Fraqueza onde se abordou o quotidiano das antigas costureiras, numa verdadeira azáfama a preparar os fatos dos convidados do casamento do Príncipe da Fuzeta. Com a história dividida em dois atos, os atores proporcionaram umas valentes gargalhadas à assistência, sobretudo na segunda parte, onde teve lugar a tão aguardada, e hilariante, cerimónia de matrimónio. A terminar a primeira edição deste encontro subiram ao palco os anfitriões, ou seja, o Grupo Folclórico da Velha Guarda, que demonstraram que não há idade para executar, de sorriso nos lábios e tremenda vitalidade, as mexidas danças do folclore algarvio. Uma iniciativa de salutar e que se espera vir a repetir nos próximos anos . 50


51

ALGARVE INFORMATIVO #130


ALGARVE INFORMATIVO #130

52


53

ALGARVE INFORMATIVO #130


ALGARVE INFORMATIVO #130

54


55

ALGARVE INFORMATIVO #130


ALGARVE INFORMATIVO #130

56


57

ALGARVE INFORMATIVO #130


ALGARVE INFORMATIVO #130

58


59

ALGARVE INFORMATIVO #130


REPORTAGEM

TEATRO LETHES VISLUMBROU UM

«AMANHû PREOCUPANTE Texto:

ALGARVE INFORMATIVO #130

Fotografia:

60


61

ALGARVE INFORMATIVO #130


ALGARVE INFORMATIVO #130

62


O

Teatro Lethes, em Faro, recebeu a estreia de «Amanhã», uma coprodução ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve / Panapaná que marcou igualmente a estreia do jovem Rafael Góis na encenação. A peça retrata as problemáticas sociais, económicas, ecológicas ou mesmo de cariz político na atualidade, situações em que nos encontramos todos envolvidos no nosso dia-a-dia, ainda que, por vezes, as prefiramos ignorar para não sermos afetados diretamente por elas. 63

ALGARVE INFORMATIVO #130


«Amanhã» prende o público a um imaginário pósapocalíptico que foi trabalhado e transformado para o palco por um grupo de 35 jovens, com idades compreendidas entre os 12 e os 25 anos, atentos e preocupados que, sem palavras, mostram ao mundo a sua própria visão do planeta. Polémico e esteticamente impressionante, a peça socorre-se de uma música muito específica e de um jogo de luzes a condizer, onde as palavras pouco importam, mas onde as expressões corporais tudo explicam. A encenação esteve a cargo de Rafael Góis, que concluiu este ano o curso de Artes do Espetáculo da Escola Secundária Tomás Cabreira. «Amanhã» é, também, o projeto final dos alunos de Expressão Dramática do Teatro Lethes, sob a orientação de Raquel Ançã, licenciada em Artes Visuais pela Universidade do Algarve e que tem vindo a lecionar Expressão Dramática e Plástica nas escolas básicas de Évora e Faro. Raquel Ançã colaborou com o «Pim Teatro» durante dois anos e participou também no grupo artístico-pedagógico «Pau e Lata», sediado em Natal, no Brasil . ALGARVE INFORMATIVO #130

64


65

ALGARVE INFORMATIVO #130


ALGARVE INFORMATIVO #130

66


67

ALGARVE INFORMATIVO #130


ALGARVE INFORMATIVO #130

68


69

ALGARVE INFORMATIVO #130


OPINIÃO

Se o lugar não permite o lugar a todos, esse lugar é deficiente! Paulo Cunha (Professor)

L

embro-me, como se fosse hoje, da forma desenvolta, esguia e graciosa como tratava a bola de basquetebol nos recintos onde as suas equipas jogavam. Amigos de Liceu que os diferentes percursos de vida encarregaram de separar, fomos mantendo o contacto possível. Tal como muitos outros que optaram por se fixar nos grandes centros populacionais, procurando alcançar as oportunidades profissionais que a província lhes negava, também ele, com o passar do tempo, ao seu Algarve regressou. Profissional competente, inovador e empreendedor, foi - e continua a ser - uma referência para todos que, como eu, o viram crescer. Refém, desde novo, de uma doença degenerativa e, progressivamente, incapacitante, sempre soube «trocar-lhe as voltas», para que quem com ele privasse, dessa maleita não desse conta. Lutador e conquistador convicto, cedo se viu na contingência de se «retirar de cena» no que ao campo profissional lhe dizia respeito. E com tanto ainda por fazer… Não se deixando abalar, muito menos atemorizar, anos após ano começou a preencher o tempo que a inatividade profissional, forçadamente, lhe concedeu, alimentando e enriquecendo o espírito com o que de melhor a cultura e o desporto nos têm para oferecer. Já confinado ao uso de uma scooter de mobilidade (cadeira de rodas elétrica) para as suas deslocações na cidade que o viu crescer (Faro), hoje, frequentemente, com ele me cruzo e com ele troco prazenteiras conversas. Quando por ele passo de automóvel, não se livra da minha amistosa buzinadela. Tento parar a marcha, estacionar, e com ele ficar a sorrir, a rir e a aprender como se fintam as adversidades e agruras da vida. E é fruto desses diálogos em que se trocam formas de estar e de ser, que me coloco na sua pele e com ele sinto (e pressinto) as limitações e os obstáculos com que qualquer deficiente se confronta numa urbe que se deveria pretender eficiente. Frequentemente, convido-o para eventos sociais e/ou culturais, sendo a pergunta que ele me coloca sacramental: “Há acesso para deficientes?” Por isso, antes de o fazer, indago e averiguo os espaços físicos ALGARVE INFORMATIVO #130

que medeiam o local de partida e o local de chegada. Na semana passada, ao convidá-lo (via facebook) para o concerto do músico Ton Koopman no Festival de Órgão do Algarve 2017, que decorrerá na Sé Catedral de Faro, recebi a lacónica resposta: “Também eu lá gostaria de estar!... Infelizmente não há acesso para Todos”, acompanhada de uma foto onde se podia ler: “Se o lugar não permite o lugar a todos, esse lugar é deficiente!”. Rapidamente lhe respondi através da mesma rede social: “Efetivamente!... Estranho como é que os locais de culto não contemplam o pleno acesso a todos os seus fiéis”. Provavelmente, fiz mal em escrevê-lo num espaço de consulta e partilha públicas, pois não sei até que ponto tal situação se verifica em todos os locais de culto, tendo em conta todas as religiões e os templos onde as manifestações religiosas são celebradas em Portugal. É o problema das generalizações! Mas, mesmo por isso, fiquei a pensar no assunto, pois não quero crer que, em pleno século XXI, haja descriminação na prática plena de uma devoção. Sendo a casa de Deus (seja ele qual for), pretende-se que seja de todos e para todos! Recordo uma determinada época da minha vida, enquanto professor de surdos, em que os alunos me diziam que o facto de estarem a aprender música comigo os ajudava no culto que celebravam numa determinada seita religiosa, pois assim podiam também participar, cantando nas celebrações. Só depois de, posteriormente, ter passado à porta do espaço onde as mesmas se realizavam é que percebi a razão de quase todos os seus familiares professarem tal religião: as homilias eram traduzidas por um tradutor de Língua Gestual Portuguesa. Tudo então fez sentido: a inclusão como forma de chegar à devoção! Assim sendo: só me resta agradecer-te, caro amigo Nuno Coelho, pois através do teu e de muitos outros exemplos poderemos perceber o quão deficientes somos na aceitação, no respeito, no zelo, na partilha, na defesa e na dignificação de quem nasceu diferente ou a vida tornou diferente da maioria de todos nós! Até já… Encontramo-nos por aí! .

70


71

ALGARVE INFORMATIVO #130


OPINIÃO Os desafios da região José Graça

O

programa do Governo prevê um reforço efetivo das competências das autarquias locais e das entidades intermunicipais, assente nos princípios da descentralização e subsidiariedade, visando o interesse dos cidadãos e da sociedade que procuram uma administração pública ágil e mais próxima. Nesse sentido, o Governo aprovou em 2016 o «Documento Orientador Descentralização Aprofundar a Democracia Local», elencando as áreas e domínios onde pretende efetivar a descentralização de competências, e apresentou na Assembleia da República a proposta de lei n.º 62/XIII, vulgarmente conhecida como Lei-Quadro da Descentralização, fundamentando o alargamento da participação das autarquias locais nos domínios da educação, da saúde, da ação social, dos transportes, da cultura, da habitação, da proteção civil, da segurança pública e das áreas portuárias e marítimas. Segundo o preâmbulo da proposta, sem prejuízo das atribuições e competências já atribuídas aos municípios por outros diplomas, pretende-se transferir para os mesmos novas competências, ainda que, conforme os casos especificamente enunciados em diploma próprio, em articulação com a administração direta e indireta do Estado e com as freguesias. Pretende-se, também, alargar as competências dos municípios às áreas marítimas e ribeirinhas integradas no domínio público do Estado, designadamente no que se refere à gestão das praias e da náutica de recreio, e da regulação e fiscalização do estacionamento, salvaguardando, assim, de forma mais eficiente e efetiva, quer a integridade dos espaços em questão, quer os interesses legítimos dos utentes e dos operadores económicos envolvidos, e incrementando a política de simplificação da atividade da

ALGARVE INFORMATIVO #130

administração pública e a sua relação com o cidadão, que constituem pilares do Programa deste Governo. Relativamente às freguesias, sendo as mesmas as autarquias locais cujos órgãos se encontram mais próximos das pessoas, o programa do atual Governo sustenta a afirmação do seu papel como polos da democracia de proximidade e da igualdade no acesso aos serviços públicos, procurando igualmente contribuir para o desenvolvimento do interior e para a coesão territorial. Auscultadas quase três dezenas de entidades associativas e representativas da sociedade civil, a Assembleia da República debruça-se agora sobre um conjunto de propostas de diplomas temáticos, aguardando-se o desenrolar do processo e esperando-se mesmo que o seu termo não se prolongue para além do congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), agendado para 9 de dezembro em Portimão. Paralelamente, o Orçamento de Estado para 2018 adota medidas no sentido de repor e garantir a autonomia do poder local e prevê um aumento de 1,5% na transferência de verbas para as autarquias locais, em relação a 2017, embora a ANMP continue a defender a necessidade de aplicação integral da atual Lei das Finanças Locais. Acomodar tudo isto na sua atividade regular e desenvolver bem as novas competências, é o grande desafio das autarquias algarvias nos próximos quatro anos, sabendo que o nível qualitativo do seu desempenho será determinante para a afirmação da região e credibilização da classe política do Algarve! . (Membro do Secretariado Regional do PSAlgarve e deputado eleito da Assembleia Municipal de Tavira)

72


73

ALGARVE INFORMATIVO #130


OPINIÃO Arte e cultura para todos - o paraíso (im)possível Mirian Tavares (Professora)

A

relação entre as artes e a economia sempre foi polémica. Nos anos 40 do séc. XX, os teóricos da Escola de Frankfurt criaram um termo para designar a nova forma de produção de bens culturais: Indústria Cultural. Horkheimer e Adorno procuravam definir o novo papel da arte numa era de produção massiva orientada pelo capitalismo vigente. A produção artística saía da esfera dos bens de consumo espiritual para os bens de consumo primário, já que a sua produção e distribuição em nada diferia da produção e distribuição dos bens de consumo convencionais. A cultura de massa aparecia para substituir outras formas possíveis de cultura e, para estes pensadores, a única forma de resistir à massificação completa do pensamento artístico era viver às margens, como faziam os artistas de vanguarda - as vanguardas artísticas apareciam como uma forma de resistência necessária, sem a qual a arte sucumbiria à barbárie. Para estes sociólogos e filósofos o problema da cultura de massa residia no facto de que a mesma era construída sobre uma ideologia fraudulenta. Adorno, Horkheimer e Marcuse, em diversas obras, elaboram o conceito de cultura a partir da distinção feita na Alemanha entre cultura e civilização. A cultura era o lugar dos sentimentos elevados onde conceitos como liberdade e felicidade poderiam ser postulados. À civilização caberia o papel de reprodutora de bens materiais. A ideologia burguesa do fim do século XIX difundia a cultura, como uma promessa de futuro, para que a população em geral não questionasse o sistema de produção, e distribuição, de bens materiais. As novas tecnologias permitiriam que mais pessoas desfrutassem dos bens culturais, através do seu processo de reprodução e difusão, aproximando todos do mundo idílico da cultura. O

ALGARVE INFORMATIVO #130

que seria, à partida, um bom negócio para todos. O problema é que a dissolução da cultura na civilização, ou seja, a conversão de bens simbólicos em bens materiais, não trouxe o prometido paraíso partilhado, mas, pelo contrário, converteu a cultura em mercadoria, integrando-a completamente no sistema de valores capitalistas. A cultura transformada em valor de troca perde as suas qualidades intrínsecas e reforça, ainda mais, o fosso entre a elite e o povo. Pode-se dizer que alguns conceitos da Escola de Frankfurt são datados ou muito marcados pela circunstância em que nasceram, mas não devemos nos esquecer de que a promessa de fusão entre civilização e cultura, de facto, não se concretizou. Os bens de cultura continuam a ser bens de consumo, com valor de troca, e aqueles que escapam a este destino, são pertença de uma elite intelectual e/ou económica e estão, cada vez mais distantes de uma circulação e consumos verdadeiramente democráticos. Fala-se hoje de sociedades pós-industriais, e mais ainda de sociedades pós-materialistas. Não podemos deixar para trás um pensamento fundamental para alguns filósofos de Frankfurt: a ideia da diluição da cultura na civilização, que deveria ser um benefício, mas que foi desviada do seu fim reificando o universo à sua volta. A tão falada Sociedade do Conhecimento que refletiria a mudança de paradigma económico e social, é uma realidade. Mas não é uma realidade (com)partilhada. A sua existência está vinculada a uma série de princípios de produção e circulação de bens que está longe de ser uniforme na nossa sociedade global. Talvez o nome tenha sido alterado, mas a ideologia permanece: os bens culturais são uma promessa de paraíso possível. Só que este paraíso está, definitivamente, vetado a muitas pessoas . 74


75

ALGARVE INFORMATIVO #130


OPINIÃO Mundos possíveis - O poder de pensar contrafactualmente Adília César (Escritora) Penso, logo existo. (Descartes)

O

despertador toca. Levanto-me da cama e começo a pensar. Passa o dia e chega a noite. Deito-me na cama e tento parar de pensar. Quando adormeço tenho sonhos, deambulações misteriosas do pensamento. Assim é a minha existência: um pensamento a seguir ao outro. Pensamento: ideia, intenção, reflexão, raciocínio, opinião, conceito, consideração. Diferentes tipos de pensamento: o pensamento dedutivo parte do geral para o particular; o pensamento indutivo vai do particular para o geral; o pensamento analítico separa o todo em partes, que são por sua vez identificadas e categorizadas; o pensamento sistémico é numa visão complexa de inúmeros elementos com as suas interrelações; e o pensamento crítico avalia o conhecimento. Através da actividade intelectual e das operações racionais, como a análise, a síntese, a comparação, a generalização e a abstracção, os pensamentos são um produto da mente e da imaginação. O meu mundo real é feito de pensamentos sobre a vida que me vai acontecendo. E não só. Na verdade, eu não vivo no mundo real. O mundo real é o que aconteceu no passado, está a acontecer agora e irá acontecer no futuro. Quer dizer, eu vivo no mundo real e também num amplo universo de mundos possíveis: todas as formas que o meu mundo poderia ter tido, que está a ter e que poderá ter. Sonhos, planos, hipóteses, ficções, são os meus mundos possíveis e essa é que é a minha realidade «real», ainda que intencionada e eventual, ou seja, pensada num plano abstracto. Gosto de lhes chamar produtos de uma existência esperançosa e imaginada. Mas os filósofos chamam-lhe «contrafactuais». Os contrafactuais são todas as possibilidades de acontecimentos da minha vida – que podiam ou deveriam ter acontecido, e também eventos que poderão acontecer mas ainda não aconteceram. É certo que dou muita importância aos meus mundos possíveis, tanta como a aceitação face ao mundo dos factos tal como eles são ou acontecem. A minha vida é pautada por «factos» (realidade) e «contrafactos»

ALGARVE INFORMATIVO #130

(mundos possíveis). Como conciliá-los? Estará este raciocínio apenas destinado aos filósofos? Não, porque toda a gente faz isto e fá-lo desde a infância. O pensamento contrafactual invade o nosso quotidiano e afecta as nossas emoções, juízos e decisões, dizem os psicólogos. O modo como pensamos ou imaginamos os contrafactos e a forma como lidamos com isso diz qual o tipo de pessoa que somos, perante nós e os outros. Vejamos a seguinte experiência laboratorial levada a cabo pelo psicólogo vencedor do Prémio Nobel, Daniel Kahneman e seus colegas, durante a qual pediram aos intervenientes que imaginassem o seguinte cenário: o senhor Tees e o senhor Crane vão de táxi para o aeroporto. Os respectivos aviões partem às 06:00. Quando chegam ao aeroporto, às 06:25, estão ambos muito atrasados. O senhor Tees percebe que o seu avião partiu às 06:00 como previsto. Mas o voo do senhor Crane tinha sido adiado até às 06:25, e ele vê-o descolar precisamente quando chega. Qual dos dois fica mais aborrecido? É curioso que muitos digam que é o senhor Crane, porque «quase» conseguiu apanhar o avião cuja hora de partida fora adiada por 25 minutos, enquanto o senhor Tees tinha um atraso que ele sabia ser real, ou seja, ele «sabia» que não conseguiria apanhar o seu voo. O que torna o senhor Crane infeliz não é o seu mundo real, mas sim os inúmeros mundos possíveis em que ele poderia ter apanhado o avião, os mundos contrafactuais imaginados para aquela situação peculiar. Na verdade, as pessoas ficam mais infelizes quando um resultado desejável lhes escapou por pouco. E ficam mais felizes quando o pensamento contrafactual corresponde ao factual. A nossa existência vai sendo balizada pelos nossos pensamentos e pela nossa imaginação sobre o que realmente nos acontece. Muito a propósito, Neil Young, na sua adaptação de John Greenleaf Whittier, afirmou que as palavras mais tristes, ditas ou escritas, seriam: “Poderia ter acontecido” .

76


77

ALGARVE INFORMATIVO #130


OPINIÃO

Pelo Direito a uma Alimentação Saudável e Acessível (Parte I) Artur Filipe Gregório (Antropólogo)

O

s valores das sociedades ocidentais modernas pressionaram durante muitas décadas os cidadãos para privilegiarem o seu papel de consumidores, i.e., indivíduos cujo valor e hierarquia se mede em termos de poder económico, traduzido na capacidade de consumir. Estes princípios geraram uma vertigem generalizada que dura há 100 anos, um frenesim consumista com poucos limites nem regras. Aberrações como os cinzeiros em patas de gorila ou o consumo de espécies exóticas levadas à extinção foram extremos não muito distantes e que têm um «reverso da medalha» – um dois, três empregos, são por vezes insuficientes para suportar os encargos com um nível de vida claramente acima das necessidades reais. Pelo caminho sacrificou-se a família, a ética, a saúde, o ambiente e tranquilidade de uma vida normal. Só com a constatação - por vez brutal - dos limites dos recursos naturais do planeta e das dramáticas situações de injustiça e exploração que marcam a humanidade, é que alguns grupos e setores da sociedade começaram a olhar de forma crítica para as «virtudes» da sociedade de consumo e analisar com mais cuidado os impactes resultantes desse estilo de vida. No entanto, estes são claramente minoritários e estão longe de conseguir inspirar ou influenciar a generalidade da população. Na alimentação, a lógica «produtivistaconsumista» teve e está a ter impactes tremendos. A massificação da produção agroalimentar levou a uma industrialização feroz, baseada na artificialização dos processos produtivos e suportada em poderosos setores industriais e químicos, levados a um ponto em que a qualidade dos alimentos começa a ser posta em causa. Sem aprofundar as ameaças à soberania alimentar, sublinho o impacto para a saúde

ALGARVE INFORMATIVO #130

pública da tremenda redução da agrobiodiversidade: 75 por cento da população mundial consome apenas cinco espécies de animais e 12 espécies de plantas... Por outro lado, mais de 24 por cento do que é produzido acaba por não ser consumido, revelando um desequilíbrio trágico em que os desperdícios alimentares seriam suficientes para acabar com grande parte da fome no mundo.

78


Quantas vezes se entra numa grande superfície e ficamos com a sensação de entrar no setor de partidas de um grande aeroporto internacional: uvas da América do sul, amendoins da China, laranjas da Africa do sul, amêndoas da Califórnia, figos da Turquia, peras de Espanha, courgettes de Marrocos, camarões do Vietnam... É estranho que os nossos alimentos tenham mais carimbos no passaporte do que quem os come e que seja tão elevada a fatura energética que essas deslocações representam. Nem vale a pena falar da sua qualidade... Além de insustentável, este padrão de consumo, este estilo de vida, está na origem de novos problemas: a cada contração da economia, pressionada pela difusa esfera financeira, pelos «mercados», os consumidores são levados a fazer novas escolhas e a hierarquizar as suas prioridades de consumo. Perante a escassez de recursos, muitos agregados familiares escolhem a campanha do hipermercado, a lasanha congelada, a cadeia de fast-food... em alternativa aos

79

alimentos sazonais produzidos localmente. Gorduras saturadas, grandes quantidades de proteínas, diminuição do consumo de vegetais e frutas, sedentarismo, sal e açúcar em excesso, estão literalmente a matar os Portugueses! A sobreposição do princípio da quantidade face ao da qualidade tem impactos enormes: pela primeira vez na história, Portugal tem mais de metade da sua população classificada como estando em pré-obesidade ou em obesidade. O aumento de doenças ligadas à alimentação (diabetes, doenças cardiovasculares...) é dramático e adota contornos de um problema nacional de saúde pública. Mas as reações já começaram e muitas entidades e organizações estão alertas e a trabalhar ativamente para a tremenda tarefa de ajudar as pessoas e as comunidades a conhecerem melhor aquilo que comem e fazerem as escolhas que são melhores para a sua saúde. Mas disto falaremos depois… .

ALGARVE INFORMATIVO #130


OPINIÃO

A terra tremeu e a cidadania agitou-se Nelson Dias (Consultor)

O

solo começou a mover-se e uma fatídica coincidência aconteceu. 32 anos depois, exatamente no mesmo dia – 19 de setembro – a terra voltou a tremer na Cidade do México. Apesar dos ensinamentos do terramoto de 1985, a grande metrópole reviveu momentos de pânico, com edifícios a ruir, nuvens de pó a sair dos escombros, pessoas encarceradas e outras que não souberam cumprir o famoso lema «não grito, não corro, não empurro». Sendo uma data marcante na vida desta cidade, as autoridades determinaram que todos os anos se deve realizar, neste simbólico dia, um simulacro, com o objetivo de relembrar que o risco continua a existir e que a forma de agir de cada um pode fazer a diferença. Segundo relatos, muitos foram os cidadãos que optaram por esperar fora dos seus locais de trabalho, para evitar o «incómodo» de repetir esta ação de prevenção. Mais uma vez a realidade ultrapassou a ficção e a simulação deu lugar a um evento real poucas horas depois. Momentos após o abalo de 7.1 graus na escala de Richter, a solidariedade e o sentido de comunidade emergiram de múltiplas formas: das janelas saíam extensões elétricas para permitir que pessoas na rua carregassem os telemóveis e pudessem falar com os seus familiares e amigos; mantas estendidas nas varandas indicavam a existência de casas de banho disponíveis para quem necessitasse; comida passava de mão em mão para alimentar os mais necessitados; restaurantes converteram-se em refeitórios comunitários; café foi distribuído por muitos dos que tiveram de pernoitar na rua. Seguindo uma das mais conhecidas passagens do hino mexicano – “um soldado em cada filho te deu” – vários cidadãos, armados com os seus

ALGARVE INFORMATIVO #130

telemóveis, a partir dos locais onde se encontravam, começaram a lançar convocatórias de ajuda e solidariedade. Entre estas destacam-se três iniciativas que, pela sua originalidade e capacidade de ação, se converteram em símbolos de uma verdadeira sociedade providência. Muebletón (Móvelton) Um dia depois do sismo, Amaranta Olvera, uma editora literária de 32 anos, decidiu lançar, através das redes sociais, uma convocatória para a doação de móveis em bom estado, que seriam destinados a equipar as futuras casas dos que tudo perderam na véspera. Em poucas horas recebeu mais de 600 respostas, de pessoas disponíveis para doar peças de mobiliário ou o recheio completo de segundas habitações. Empresas de mudanças, entre outros serviços de apoio doméstico, também se disponibilizaram para ajudar. O «Muebletón» é uma iniciativa que se intensificará nas próximas semanas, quando as novas moradias dos desalojados pelo sismo estiverem prontas. Para saber mais pode consultar a página http://muebleton.mx #RentaSolidaria (Renda Solidária) Impulsionado com o objetivo de apoiar as famílias que perderam as suas casas, este hashtag ajudou vários agregados a encontrar um novo lugar para viver, mesmo que provisoriamente. A ideia é mediar a relação entre os desalojados pela catástrofe e os proprietários disponíveis para praticar rendas baixas sem fiadores, alugueres deferidos no tempo, entre outros benefícios. Óscar Campos, representante da iniciativa, referiu aos órgão se comunicação social: “O governo é como um transatlântico que, pela sua dimensão, se move muito lentamente. Em alternativa, as

80


iniciativas cidadãs, que procuram atender a necessidades pontuais, são bastante mais ágeis”. Para consultar os lugares disponíveis de #RentaSolidaria, pode aceder à página http://bit.ly/2gs1fqR ou seguir a página do Facebook https://www.facebook.co m/Hogar19S Trabalhadores em risco No dia seguinte ao tremor de terra, muitos funcionários públicos e do setor privado recorreram às redes sociais para partilhar fotos alusivas aos respetivos locais de trabalho, visivelmente danificados pelo sucedido, acompanhadas de frases que explicavam que ali se encontravam coagidos pelas respetivas entidades patronais. Ameaçados de perder o salário do dia ou de despedimento, muitas pessoas ocuparam os edifícios mesmo antes da proteção civil realizar vistorias de segurança aos locais. Foi com base nestes relatos que um grupo de alunos universitários começou a recolher e sistematizar estas queixas, apresentando-as às entidades competentes. Em poucas horas receberam mais de duas mil sinalizações, correspondentes a cerca de 1.200 locais de trabalho. Para conhecer as denuncias pode aceder à página http://bit.ly/2g7Ur4Q Estes exemplos significam que o sismo do passado dia 19 de setembro não sacudiu apenas o edificado da capital mexicana. Esse foi também

81

decisivo para remover a apatia e a indiferença muitas vezes reinantes nas áreas urbanas, sobretudo as mais densificadas. O desconhecido passou a ser um amigo e os recursos de cada um foram colocados ao serviço de coletivo. A sociedade civil demonstrou o seu potencial e a cidadania ocupou um lugar decisivo na emergência aos mais afetados .

ALGARVE INFORMATIVO #130


OPINIÃO

Nova edição do 365 Algarve Antónia Correia (Professora)

O

365 Algarve é um programa que visa divulgar e promover a cultura em simbiose com o turismo. No ano anterior, uma amostra de 1234 questionários e 21 entrevistas alimentou a avaliação deste programa que se propunha fundir cultura e turismo, com objetivo último de melhorar a imagem da região, dessazonalizar e deslocalizar fluxos turísticos. No ano de 2016 foram promovidos 258 eventos, com um número médio de espetadores por evento de 584 participantes, foi capaz de induzir a participação de 207 mil pessoas. Estes eventos, distribuídos por 11 áreas temáticas e 16 concelhos, absorveram maior número de participações nas atividades ao ar livre ou naquelas em que as dimensões sensoriais do evento foram mais evidentes, como, por exemplo, artes visuais, performativas, literatura e teatro, ainda que tenham sido os eventos musicais os que registaram maior número de organizações. Os 21 entrevistados - organizadores, câmaras municipais, associações e instituições são unânimes ao afirmarem a pertinência deste programa. Ainda que afirmem a valia do mesmo, permitem-se também sugerir que, em futuras edições, a divulgação tem que ser mais assertiva, o programa deve ter um caracter mais autoral e menos institucional e o teor dos eventos tem que

ALGARVE INFORMATIVO #130

ser capaz de atrair outros públicos, nomeadamente os turistas. Os turistas que participaram ficaram mais tempo, têm um nível de escolaridade superior (71 por cento) e são mais jovens do que os turistas que não participaram. Material promocional, que associa a cor, alegria e, sobretudo, a cultura a um novo paradigma regional. Outros meios de divulgação e outras mensagens e maior antecipação na divulgação são sugeridos. Participações espontâneas são relativamente limitadas (30 por cento foi aos eventos sem saber se pertenciam ou não ao programa). A envolvência que uma frequência de participação de 5,6 eventos, intenções de repetição e de recomendação superiores a 50 por cento revelam o potencial deste programa. Ainda todos afirmam não dispensar um bom programa cultural, o que abre uma janela de oportunidades para futuras edições. Esta janela está aberta, 525 eventos previstos para este ano significam um banho de cultura e de oportunidades de grande relevo para a região. O convite fica! .

82


83

ALGARVE INFORMATIVO #130


OPINIÃO

O sucesso da criatividade Fábio Jesuíno (Empresário)

U

m dos principais fatores diferenciadores de um ser humano é a sua criatividade, o sucesso depende desta característica única de criação. A palavra criatividade tem um grande poder, está relacionada com o termo criar, do latim «crearte», dar existência, sair do nada. Um processo que resulta na emergência de algo de novo, algo inovador e completamente diferente. Atualmente, vivemos num mundo em constante transformação, onde o acesso à informação e conhecimento é facilitado pelo desenvolvimento tecnológico e pela internet. Vivemos uma democratização do conhecimento que torna a criatividade mais forte das sociedades atuais. O caminho para o sucesso está na capacidade de despertarmos as nossas aptidões criativas para pensar de forma diferente, procurar ideias que tragam melhorias, soluções para determinados problemas. A procura por algo diferente, por soluções alternativas com o objetivo de quebrar com os padrões convencionais, torna as pessoas abertas a novas realidades que nunca antes foram exploradas e que podem mudar o mundo. Ser criativo é algo que podemos aprender, deixar fluir as ideias, promovendo, desse modo, o pensamento «fora da caixa». É importante mudar a forma como olhamos para as coisas, muitas das vezes as nossas rotinas criam uma monotonia,

ALGARVE INFORMATIVO #130

inibindo assim a nossa imaginação. Em algumas situações é importante imaginar abordagens contraditórias. Promover o pensamento do impossível, o inatingível, o inigualável, deixar a nossa caixa de pensamentos limitadora e pensar fora dela, explorando novos caminhos. Para mim, um dos maiores exemplos de criatividade foi o Steve Jobs, fundador da empresa Apple. Criou e promoveu o «pensar diferente» de forma ímpar. Partilho o texto de uma das campanhas publicitárias lançadas, em 1997, para promover a criatividade da sua empresa: “Isto é para os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caos. Os que são peças redondas nos buracos quadrados. Os que veem as coisas de forma diferente. Eles não gostam de regras. E eles não têm nenhum respeito pelo status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou difamá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Eles empurram a raça humana para a frente. Enquanto alguns os veem como loucos, nós vemos gênios. Porque as pessoas que são loucas o suficiente para achar que podem mudar o mundo, são as que, de fato, mudam” .

84


85

ALGARVE INFORMATIVO #130


OPINIÃO Coquineiro – Comemorando o Dia Internacional do Cozinheiro Augusto Lima (Cozinheiro, Formador e Consultor)

C

omo te quero comer! Com água na boca, da expectativa de te ter, após os preliminares que me tiram da realidade. Como te quero comer, na companhia de um tinto encorpado, junto a uma lareira em brasa, sabendo que lá fora, a chuva cai, e que ninguém nos vem incomodar. Quero-te trincar, devagarinho, chupar-te, de olhos fechados. Cobrir-te de impressões digitais, com apertos desacertados. Olhar-te como se fosse a primeira e ultima vez que te tenho. Para depois, animalesco, te comer, ora devagar ora sofregamente. Gemer de prazer de te ter, e suado, depois do esforço, apreciar o que sobrou de ti, meu querido prato de comida O Cozinheiro foi o primeiro dos artesãos a surgir imediatamente à aprendizagem e conhecimento relacionado com a forma de fazer/criar fogo, muito após, acredito, da sua descoberta. A profissão de cozinheiro, veio depois, primeiro muito sem graça, trabalhosa, sem alguma higiene, com horários intermináveis mas peritos em mascarar o cheiro e o sabor a podre, na idade média, usando para isso do mel e algumas especiarias transacionadas na época, num papel muito inferior ao que tinham sentido os Coquinarius gregos e romanos, na Antiguidade, reconhecidos e verdadeiros especialistas na confeção aprimorada dos diferentes alimentos. Entre os séculos XIV e XV, o termo Coquinario designava a pessoa, entendido em cozinha, provavelmente Cozinheiro também e responsável pela qualidade e tipo de alimento que

ALGARVE INFORMATIVO #130

os reis comiam, tendo muitos prevenido a morte dos seus senhores com a sua própria morte, já que eram também quem provava a comida que lhes seria servida. Mas foi Catarina de Médici, italiana, que no século XVI, ao casar com o rei francês Henrique II, trouxe na sua comitiva cozinheiros italianos, habituados a tratar o alimento com requinte e a apresentá-lo de forma muito elegante. Foi esta entreajuda que permitiu tornar a França daquele tempo na Capital da Gula, elegância à mesa e prazer no ato de comer, envolvendo todo um folclore que perdurou até à data da grande Revolução Francesa, em 1789, tirando os grandes Chefes das casas reais e burguesas da altura e trazendo-os para a rua das cidades repletas de todos os tipos sócias, onde viriam a criar os primeiros restaurantes de sempre. Cozinheiros, todos podemos ser, cozinhando o saciar da nossa necessidade fisiológica primária, mas a profissão de Cozinheiro é dada pela própria profissão que nos escolhe. Não é Cozinheiro profissional quem pode, mas quem quer. Depois de termos, nós cozinheiros, passado por momentos vários, de mudanças e conquistas, descobertas e aventuras, de criatividade aliada a uma técnica apurada como nunca se havia visto, ela tem-se tornado banal pela mediatização dos média, valorizando tudo e todos, numa espiral que também tem a haver com a moda de se ser Cozinheiro, de Cozinhar de forma criativa, de se falar em Cozinha e de, forma leviana, banalizar-se a profissão de Cozinheiro profissional. Por ser uma figura muito desejada pela expansão do Turismo, a profissão de Cozinheiro tornou-se importante, por um lado, e banal pela falta de profissionais qualificados. Em tempos idos, ensinava quem tinha competência e experiencia comprovada, hoje todos querem Chefes e já há muito poucos Cozinheiros .

86


87

ALGARVE INFORMATIVO #130


ATUALIDADE

ALBUFEIRA RECEBEU 3.º ENCONTRO PROJETO ERASMUS + «FROM THE FOREST TO THE SEA»

O

Agrupamento de Escolas de Albufeira deu as boas-vindas a um grupo de educadores/professores oriundos da Bélgica, Estónia e Roménia, num total de 11 elementos, que visitaram Albufeira no âmbito do Projeto Erasmus + «From the Forest to the Sea». O 3.º encontro decorreu até 21 de outubro, com o ALGARVE INFORMATIVO #130

objetivo de partilhar experiências e as metodologias de trabalho desenvolvidas em cada um dos países. Os participantes visitaram as diferentes escolas que constituem o agrupamento e testemunharam in loco a linha de ação particular de cada estabelecimento escolar, bem como a organização global do Agrupamento de Escolas de Albufeira que 88


abrange desde o pré-escolar até ao secundário, incluindo cursos profissionais. O evento contou ainda com uma atividade de saída de maré e observação de espécimes marinhos, dirigida pela bióloga marinha, Ana Simões, do Clube de Pesca e Náutica Desportiva de Albufeira e uma atividade de campo, por terras de Alte, o que permitiu a todos os elementos observar as diferenças entre o litoral, o barrocal e a serra algarvia e participar em atividades exploratórias usualmente vivenciadas pelas diversas turmas do agrupamento. Para que as atividades se realizassem na sua plenitude, os participantes tiveram a colaboração da Câmara Municipal de Albufeira, que contribuiu com a cedência de transporte para a deslocação dos intervenientes.

89

Este projeto decorre, ao longo de dois anos letivos, nas escolas de ensino préescolar e 1.º ciclo, estimulando a criança a ter um papel ativo na sua aprendizagem, sendo esta o sujeito principal da mesma. A aquisição de conhecimentos e competências essenciais ao desenvolvimento da criança é promovida através da resolução de problemas (Inquery-based teaching) e da participação em atividades de contacto com a natureza (metodologia outdoor education). Como fio condutor, são utilizadas histórias tradicionais que permitem às crianças adquirir conhecimentos e particularidades da cultura dos países envolvidos, levando-as a sentirem-se cidadãos europeus .

ALGARVE INFORMATIVO #130


ATUALIDADE

CASA DA MÚSICA DE CASTRO MARIM FOI REQUALIFICADA

E

spaço de formação por excelência, a Casa da Música de Castro Marim, atualmente cedida como sede da Banda Musical Castromarinense, foi alvo de obras de remodelação e melhoramento pela Câmara Municipal. Os trabalhos incidiram na transformação das duas salas do segundo piso do edifício num único espaço, mais amplo e que servisse as necessidades da Banda Filarmónica, que passará agora a usar esta área para a escola de música. Além da demolição das antigas estruturas, toda a iluminação foi substituída por LED, com menores consumos energéticos. A autarquia de Castro Marim, reconhecendo a importância da música

ALGARVE INFORMATIVO #130

na educação das crianças e jovens e o seu essencial papel na oferta cultural do concelho, continua a trabalhar na melhoria deste espaço, tendo já em execução um projeto para solucionar um antigo problema de infiltrações. Subjacente a esta obra está uma das políticas sociais e educativas do município, que investe na formação musical, quer a nível profissional, quer a nível de públicos, valorizando os benefícios da música para os cidadãos e para a oferta cultural do concelho. Disso são exemplo iniciativas como a animação de Verão em Altura, que leva a palco a cultura musical local; a promoção das atuações espontâneas da Banda Musical Castromarinense nas Praias do concelho; e a

90


realização de grandes eventos como o «Palco do Acordeão» ou o «Festival de Lucía». “Iniciativas como estas, de valorização do património e dos recursos locais, abrem caminho à sustentabilidade económica, mas são sobretudo um grande

estímulo social, reforçando a identidade e a autoestima da comunidade e potenciando assim uma maior e unificada projeção do território”, realça o presidente do Município, Francisco Amaral.

CASTRO MARIM RASTREOU DOENÇAS DA PELE DEPOIS DA ÉPOCA BALNEAR

A

Câmara Municipal de Castro Marim promoveu, de 18 a 20 de outubro, um rastreio gratuito de doenças de pele. A iniciativa passou pelas quatro sedes de freguesia do concelho e avaliou cerca de 200 pessoas, dando particular atenção às lesões cancerígenas e pré-cancerígenas. Com a prestimosa e voluntária colaboração da médica dermatologista Manuela Aguiar e das enfermeiras Cristina Macedo e Ana Paula, o rastreio dermatológico desdobra-se em duas ações, sendo que a primeira, em meados de maio, se debruça também sobre os cuidados a ter com a exposição ao sol, numa campanha de sensibilização para a época balnear. Nesta ação, que tem lugar depois do encerramento da época balnear, foram diagnosticadas algumas doenças de pele, agora medicadas e orientadas.

91

As lesões pré-cancerígenas (queratoses actínicas) detetadas foram tratadas no local com azoto líquido, para evitar sobrecarregar o serviço de dermatologia do Centro Hospitalar do Algarve, para onde são encaminhadas as lesões tumorais encontradas. A iniciativa, integrada nas políticas de saúde e ação social do município de Castro Marim, é apoiada pela Administração Regional de Saúde do Algarve e pelo Agrupamento de Centros de Saúde do Sotavento .

ALGARVE INFORMATIVO #130


ATUALIDADE

PAWSITIVE DOGS ALGARVE QUER TREINAR CÃES-GUIA PARA INVISUAIS

N

o passado mês de junho, Karin Holmström Forster, especialista em comportamento canino e treinadora de cães de assistência, deu a conhecer o novo projeto da «Pawsitive Dogs Algarve» de treinar dois cães-guia que, no início de 2018, serão entregues a dois jovens deficientes visuais residentes no Algarve, região onde habita há 18 anos. Para tal, Karin e os seus dois cães começaram o treino a 21 de agosto, em Devon, na Inglaterra, com Alan Brooks, um dos mais experientes treinadores britânicos de cãesguia, já com vários artigos e livros editados. Neste período de treino, que terá a duração de 12 semanas, cada cão tem duas sessões de treino diárias. Para além desta componente prática, Karin tem de realizar um intenso trabalho teórico, composto por leitura de artigos e ALGARVE INFORMATIVO #130

visualização de vídeos sobre treino de cãesguia e bem-estar animal. Na sua estadia em Inglaterra, Karin constatou a diferença na integração dos deficientes visuais em Portugal e naquele país, onde teve a oportunidade de ver deficientes visuais a circular nas ruas com o

92


apoio da sua bengala, cães-guia ou guias humanos. “Nas cidades há passadeiras com aviso sonoro e passadeiras com textura que ajudam os deficientes visuais a saber onde têm de atravessar e o sistema nacional de saúde suporta os custos de tratamento e equipamento necessários”, revela, acrescentando que “ser cego não é sinónimo de ficar confinado a casa”.

93

Com as competências e experiência obtida no treino com Alan Brooks, a «Pawsitive Dogs Algarve» pretende iniciar um projeto de treino de cãesguia no Algarve. “Tendo trabalhado toda a minha vida com pessoas, nas áreas da saúde e reabilitação e, mais recentemente, com cães e os seus donos, sinto que o meu maior contributo para a sociedade será dando independência e um amigo a alguém que, de outra forma, poderá não conseguir sair de sua casa", indica a especialista em comportamento canino. “Ao invés de criar cães de uma raça específica, pretendo treinar cães que se encontrem para adoção e que possuem as características necessárias, dando-lhes uma função e um papel que lhes permita ajudar os deficientes motores a conseguirem uma melhor integração na sociedade”, adianta, revelando que a sua ideia é treinar seis a oito cães por ano . ALGARVE INFORMATIVO #130


ATUALIDADE

CCL COMEMOROU 25 ANOS DE VIDA COM CASA CHEIA

O

Centro Cultural de Lagos assinala este ano um quarto de século, depois de ter sido inaugurado, a 24 de outubro de 1992, com o intuito de colmatar uma lacuna existente no concelho e na região do Algarve. O programa de aniversário começou com a abertura da exposição «CCL, 25 anos de vida e história», que estará patente até ao final do ano, no hall do piso 1 do Centro Cultural, e que permite recordar alguns dos momentos especiais que marcaram a evolução daquele equipamento em termos de projeto, obra e os vários espetáculos que tem recebido ao longo dos anos. No pátio decorreu depois a Tertúlia «CCL…o despertar de emoções!», que

ALGARVE INFORMATIVO #130

contou com a presença dos responsáveis autárquicos que, ao longo de grande parte destes últimos 25 anos, participaram neste projeto, designadamente José Alberto Baptista, Valentim Rosado, Júlio Barroso e a atual autarca Maria Joaquina Matos. Todos falaram das suas experiências e memórias, tendo sido lembrados, em particular, alguns nomes que engradeceram aquele equipamento como o artista plástico Xana (Alexandre Barata) ou Duval Pestana. No geral houve agradecimentos, por parte dos quatro presidentes, a todos os funcionários da autarquia que têm dedicado todo o seu empenho ao longo ao longo destes anos no Centro Cultural e às variadas associações do município, criadores e artistas, bem como às instituições e agentes

94


culturais regionais e nacionais que têm contribuído para enriquecer a sua programação. No final da tertúli, foi inaugurada a exposição «O Contineralismo Poético Horizontes Novos, Pinturas e Poemas», de Timo Dillner, que, “ilustra também, mas não só, a globalização, as descobertas de novos mundos, as viagens pelas terras desconhecidas, mas em maior parte ilustra a descoberta de novos horizontes dentro de nós”. A mostra ficará patente ao público até ao final do ano. Seguiu-se um Porto de Honra e um Bolo de Aniversário, com acompanhamento musical pela Sociedade Filarmónica Lacobrigense 1.º de Maio, entidade que tinha estado na inauguração do Centro Cultural há 25 anos. O dia de festa terminou com chave de ouro, com um espetáculo da Orquestra de Jazz do Algarve & Selvis Prestley - «Love Me Tender», que esgotou o auditório do Centro Cultural de Lagos .

95

ALGARVE INFORMATIVO #130


ATUALIDADE

REQUALIFICAÇÃO DA PRAIA DE MONTE GORDO PROSSEGUE EM NOVEMBRO

A

autarquia de Vila Real de Santo António inicia, a 15 de novembro, a segunda fase da obra de requalificação da Praia de Monte Gordo. Com esta medida, o município prossegue a renovação de uma das suas principais zonas balneares, cuja primeira fase, concluída em julho, dotou a praia com o maior passadiço do sotavento algarvio, avaliado em milhão de euros e com uma extensão de três quilómetros. A segunda fase da obra prevê a demolição dos antigos apoios de praia e a construção de novas estruturas em ALGARVE INFORMATIVO #130

materiais uniformizados, que ficarão ao mesmo nível do passadiço. O plano, já aprovado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), contempla a construção de 18 novos concessionários - que irão substituir os atuais - sendo futuramente acessíveis quer através do corredor central, quer da Avenida Marginal. “Recorde-se que o Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC), aprovado pelo anterior executivo socialista da autarquia, apenas previa a construção de oito apoios de praia mas, através da sua revisão e do conjunto de reuniões desenvolvidas entre a Câmara 96


Municipal e a APA, foi possível a instalação de 18 unidades”, nota Conceição Cabrita, presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António. “Desta forma, todos os empresários que detinham atividade na praia e possuíam a sua situação regularizada não necessitaram de submeter-se a concurso, pondo-se fim ao sistema de licenças precárias que vigorava até ao momento”, prossegue a autarca. De acordo com o estipulado pelos proprietários e pela APA, os atuais restaurantes poderão funcionar até ao dia

1 de novembro, data após a qual deverão libertar as estruturas. O processo de demolição será conduzido pela Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, enquanto a construção dos novos apoios de praia será suportada pelos proprietários. “Significa isto que, no próximo Verão, teremos já uma praia com mais qualidade, novos acessos e novos apoios, finalizandose assim uma das maiores operações de requalificação urbanística e ambiental levada a cabo no nosso concelho”, prossegue Conceição Cabrita .

VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO SENSIBILIZA PARA A RECOLHA DE DEJETOS CANINOS

O

município de Vila Real de Santo António iniciou uma campanha de sensibilização que apela a todos os portadores de animais de estimação para a recolha dos respetivos dejetos. A ação incide, em especial, nos jardins e espaços verdes do concelho, locais onde se têm registado mais reclamações. Simultaneamente, a autarquia irá apostar na limpeza mais eficiente dos dejetos caninos em todas as freguesias, apelando, em simultâneo, à colaboração de todos os munícipes no sentido de manter as ruas e espaços verdes mais limpos. Com estas medidas, a Câmara Municipal de Vila Real de Santo António pretende aumentar os níveis de higiene urbana do concelho, tornando-o mais sustentável e com melhor qualidade de vida . 97

ALGARVE INFORMATIVO #130


ATUALIDADE

PRÉMIO REGIONAL «MARIA VELEDA»|2017 ATRIBUÍDO A JOSÉ MENDES BOTA

P

or deliberação do Júri, por maioria da votação, o Prémio Regional «Maria Veleda»|2017 foi atribuído a José Mendes Bota, candidato apresentado por Nuno Alexandre Correia. O Júri, constituído por Alexandra Rodrigues Gonçalves, Diretora Regional de Cultura do Algarve, Ana Paula Amendoeira, Diretora Regional de Cultura do Alentejo, António Branco, reitor da Universidade do Algarve (UAlg), Idálio Revez, jornalista do «Público», José Carlos Barros, arquiteto paisagista e deputado, Lídia Jorge, escritora, Mirian Tavares, professora e investigadora da UAlg, Natividade Monteiro, professora e investigadora, e Paulo Cunha, professor de Música, analisou as quatro candidaturas apresentadas este ano para a distinção. Do conjunto dos candidatos, o Júri deliberou distinguir com o Prémio Regional “Maria Veleda” | 2017, o economista José Mendes Bota, reconhecendo no seu percurso de vida o excecional trabalho, nacional e internacional, desenvolvido no âmbito da ALGARVE INFORMATIVO #130

cidadania, da ética, da promoção da igualdade de género, da dignificação das mulheres, da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, da defesa dos direitos humanos e da prevenção e criminalização da violência contra as mulheres, tendo sido o principal promotor da primeira convenção europeia contra a violência doméstica. Na entrega da medalha de mérito do Conselho da Europa, que lhe foi atribuída 98


em 2015, a presidente da Assembleia Parlamentar, Anne Brasseur, referiu-se a José Mendes Bota como um “verdadeiro Embaixador do Conselho da Europa e da Convenção de Istambul”, para destacar o papel determinante que teve em todas as fases do processo que conduziram à redação, aprovação e entrada em vigor da «Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica». Todo o trabalho que desenvolveu em diversos cargos no Conselho da Europa identificam-no com o propósito do prémio e ligam José Mendes Bota ao nome da feminista portuguesa que o simboliza, Maria Veleda, uma lutadora pelos direitos das mulheres. O Júri destacou também a sua relação com o Algarve na defesa e preservação dos valores sociais, culturais e humanistas, e o

trabalho único, e solitário, que desenvolveu contra a exploração de hidrocarbonetos na costa algarvia. Com a criação deste Prémio, em 2014, a Direção Regional de Cultura do Algarve pretende reconhecer o percurso cultural e cívico de personalidades protagonistas de intervenções particularmente relevantes e inovadoras na Região e dar um contributo à Área Estratégica «Promoção da Igualdade entre Mulheres e Homens nas Políticas Públicas», Medida 21 - Cultura, do V Plano Nacional para a Igualdade de Género, Cidadania e não Discriminação a decorrer no período 2014-2017. O galardão, cuja entrega está prevista para o mês de dezembro, tem uma dotação de cinco mil euros e uma medalha comemorativa, oferecida pela empresa «Nova Cortiça», que desde o início está associada ao Prémio Regional «Maria Veleda» .

CLUBE DE TIRO DE LOULÉ É O NOVO CAMPEÃO DO MUNDO DE TRAP5

O

presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, recebeu, no dia 24 de outubro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, os atletas e responsáveis do Clube de Tiro de Loulé para prestar uma pequena homenagem pela conquista do Campeonato Mundial por Equipas de Clubes Trap 5, que decorreu entre 30 de setembro e 1 de outubro, em Sevilha. A este título mundial do clube algarvio junta-se ainda, na presente época, o de Campeão Nacional de Fosso Olímpico. José Faria subiu ao pódio no Campeonato Mundial Trap 5, alcançando o terceiro lugar. O atirador algarvio 99

integrou ainda a Seleção Nacional Campeã da Europa de Fosso Olímpico. Em termos nacionais, alcançou o título de ViceCampeão Nacional de Fosso Olímpico e foi segundo classificado na Taça de Portugal. Já Armelin Rodrigues sagrou-se Campeão Europeu de Trap 5. Para Vítor Aleixo, estas recentes conquistas do Clube de Tiro de Loulé e dos seus atletas, mas também os importantes títulos alcançados ao longo dos anos, exemplificam a dinâmica desportiva que se vive no Concelho de Loulé. O edil salientou ainda o ecletismo num território onde coabitam perto de 30 modalidades desportivas .

ALGARVE INFORMATIVO #130


ALGARVE INFORMATIVO #130

100


101

ALGARVE INFORMATIVO #130


ALGARVE INFORMATIVO #130

102


103

ALGARVE INFORMATIVO #130


DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 5852 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina

A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos.

ALGARVE INFORMATIVO #130

104


105

ALGARVE INFORMATIVO #130


ALGARVE INFORMATIVO #130

106


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.