ALGARVE INFORMATIVO #117

Page 1

#117

ALGARVE INFORMATIVO 22 de julho, 2017

1

ALGARVE INFORMATIVO #117


ALGARVE INFORMATIVO #117

2


3

ALGARVE INFORMATIVO #117


ALGARVE INFORMATIVO #117

4


5

ALGARVE INFORMATIVO #117


CONTEÚDOS

ARTIGOS 12 - Atualidade 28 - Mov’Arte «invadiu» Loulé 36 - Celina Carpinteiro 44 - Gala de Dança de Castro Marim 56 - Sagração da Ria 78 - Atualidade

56

OPINIÃO 8 - Daniel Pina 68 - Paulo Cunha 70 - Paulo Bernardo 72 - Mirian Tavares 74 - Adília César 44 36

28

12 ALGARVE INFORMATIVO #117

6


7

ALGARVE INFORMATIVO #117


OPINIÃO Para o génio do duplo traço contínuo Daniel Pina (Jornalista)

U

ma destas noites fui a Castro Marim tirar fotos a uma gala de dança no Revelim de Santo António. Fui pela EN 125, não sou rico para andar sempre pela Via do Infante. Junto a Tavira, apanhei com uma senhora a conduzir tranquilamente em contramão, para evitar a fila de trânsito da sua faixa de rodagem. Mais à frente, um fulano entrou por uma rotunda adentro sem passar cartão a quem já lá estava a circular. Lá para os lados de Altura, salta um carro disparado de um cruzamento.

projetos de infraestruturas ou ordenamento do território dentro de quatro paredes de um gabinete qualquer de Lisboa. Se eu mandasse, os projetos eram feitos em cima do capô dum carro, estacionado na berma de uma estrada, para esses senhores arquitetos e engenheiros perceberem o modo como os rabiscos que fazem numa folha de papel influenciam a vida dos comuns mortais.

Chegado a Castro Marim, conclui que prefiro «esta» EN 125 com um piso de terceiro mundo e muitos «craques» do volante, do que a «outra» EN 125, aquela que agora ficou mais bonita, mas cuja pintura ficou estragada com um duplo traço contínuo e pinos centrais. A sério. Não consigo perceber o que vai na cabeça de alguém quando decide colocar um duplo traço contínuo em praticamente metade da principal via de comunicação do Algarve, por sinal a principal região turística do país, por sinal em plena época alta do turismo.

Estou a imaginar o génio responsável por esta «maravilhosa» medida. “Aqueles «mouros» estão sempre a reclamar das ultrapassagens malucas dos lisboetas e dos transfers, e dos estrangeiros que, de repente, fazem inversão de marcha para comprarem fruta, plantas ou porcelanas do outro lado da estrada. Tomem lá com um duplo traço contínuo para resolver o problema, e com pinos no meio da estrada para ninguém ficar com ideias engraçadas”. Depois, o dito génio foi para casa dormir e sonhou com uma EN 125 de uma realidade alternativa em que toda a gente conduz a 90 km/h e ninguém tem horários para cumprir.

Se um dia fosse Primeiro-Ministro, a minha primeira decisão seria criar uma lei que proibisse a elaboração de

Enquanto isso, no mundo real, nós apanhamos com camiões ou autocarros de passageiros a conduzir a 60 km/h. Ou

ALGARVE INFORMATIVO #117

8


com velhotes que não veem um palmo à frente do nariz e que vão para a EN 125 conduzir os seus carros de corda a 30 ou 40 km/h. Ou com turistas que querem apreciar as nossas belas paisagens e circulam a 60 km/h. Ou com ciclistas que, à falta de ciclovias, pedalam no meio da EN 125. E os outros, que remédio, seguem em procissão lenta, porque nem sequer podem pensar em cometer uma infração ao código da estrada para fazer uma ultrapassagem por causa dos malditos pinos.

acidente. Mais importante do que isso: como é que as viaturas das forças de segurança e dos meios de socorro, sejam ambulâncias ou carros de bombeiros, conseguem chegar ao local do acidente? Mesmo com as sirenes a berrar e as luzes a girar, também não podem fazer ultrapassagens, a não ser que vão derrubando os pinos todos pelo caminho. E como é que regressam depois com os feridos para os hospitais? Ou o Algarve vai receber uma frota nova de helicópteros do INEM e ainda ninguém nos disse?

Bem sei que a Secretaria de Estado do Turismo e o Turismo de Portugal andam muito empenhados em promover o «walking & cycling» como novo produto turístico. Mas eu tinha ficado com a impressão de que isso era apenas para os turistas, não imaginava que o governo pretendia meter todos os algarvios a andar de bicicleta no seu dia-a-dia, de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Contudo, hoje, mais depressa vamos a algum lado na EN 125 de bicicleta do que de carro. Ou então de patins em linha, para os mais radicais, que até se podem divertir a ziguezaguear por entre os pinos.

Não consigo mesmo perceber como é que alguém, no seu perfeito juízo, faz uma coisa destas. E também não percebo como é que um dirigente com responsabilidades na matéria depois diz que, com a requalificação praticamente concluída, a EN 125 já é uma alternativa à Via do Infante. A sério? Quando é que esse senhor percorreu a EN 125 pela última vez? E estava acordado ou a sonhar com o tal mundo perfeito? Esperemos que esta ideia palerma seja rapidamente corrigida, à semelhança do que aconteceu com a outra «fantástica» ideia de meter os separadores centrais de cimento. Essa então foi de mestre. Tenham cautela que os «mouros» qualquer dia revoltam-se mesmo a sério e, nessa altura, os pinos até podem servir para vocês sabem muito bem o quê… .

O tal génio do duplo traço contínuo também não deve ter conhecimentos dos vários acidentes que acontecem todos os dias na EN 125. Ou estará a pensar que, sempre que houver um desastre, os condutores todos que seguirem nessa faixa desligam os carros e vão jogar às cartas para a berma da estrada? É que, caso não tenha reparado, ninguém pode utilizar a outra faixa de rodagem para se desviar do 9

ALGARVE INFORMATIVO #117


ALGARVE INFORMATIVO #117

10


11

ALGARVE INFORMATIVO #117


ATUALIDADE

NOVO TERMINAL DO AEROPORTO DE FARO RESPONDE À MUDANÇA DE PERFIL DOS PASSAGEIROS Texto:

Fotografia:

O

Aeroporto de Faro está maior a partir do dia 17 de julho, com mais áreas públicas, mais áreas operacionais e uma renovada área de retalho, tem maior capacidade de processamento de aeronaves e de passageiros e beneficia de novas acessibilidades. Com um investimento de 32,8 milhões de euros, as obras de ampliação e remodelação estão concluídas e são a resposta para permitir que a aerogare continue a crescer de forma sustentada, como se tem verificado nos últimos anos. Com esta expansão, o Aeroporto de Faro aumenta a capacidade de embarque e desembarque do terminal de 2.400 para três mil pessoas por hora. A gare foi ampliada, dos 81 mil e 200 metros quadrados para os 93 mil e 120 metros quadrados – com o aumento das áreas operacionais e da área pública – ao mesmo ALGARVE INFORMATIVO #117

tempo que foram também ampliadas e revitalizadas as áreas de retalho e restauração (que estão em fase de acabamentos). As obras realizadas permitem ainda a adequação da capacidade do terminal de passageiros a um novo sistema de pistas que permite 30 movimentos por hora, em vez de 24, e o estacionamento de 30 a 37 aeronaves. Inaugurado em 1965, o Aeroporto de Faro é o principal aeroporto turístico em Portugal e desempenha um papel determinante no desenvolvimento económico do país ao servir os principais polos de turismo do sul de Portugal e Espanha. Foi, em 2016, o aeroporto nacional que registou o maior crescimento: 18,5 por cento, com mais de sete milhões de passageiros. Esta modernização do terminal visa adequar a infraestrutura a um novo paradigma do transporte aéreo que se verifica em 12


13

ALGARVE INFORMATIVO #117


Portugal e em toda a Europa, nomeadamente o aumento da utilização das companhias aéreas de baixo custo, com o Aeroporto de Faro a verificar um aumento dos passageiros de companhias low-cost, por contrapartida da diminuição dos passageiros de outro tipo de voos. Esta realidade resulta num novo perfil de passageiros, com novas necessidades e que tende a permanecer mais tempo no terminal. Também as alterações que se têm verificado nas medidas de segurança nos aeroportos exigiam uma resposta do Aeroporto de Faro, que se concretizou na construção de novos postos de controlo, mantendo assim elevados padrões de segurança e níveis adequados da qualidade de serviço. As modernizações agora concluídas são o encerramento de um ALGARVE INFORMATIVO #117

processo que teve início nos ajustamentos do Lado Ar do aeroporto pistas e caminhos de circulação e plataforma de estacionamento - ao tipo de movimento das companhias low-cost (com aeronaves mais pequenas e de maior frequência) e ajustamentos do Lado Terra, com remodelação do parque de estacionamento e curbside. Na cerimónia de inauguração da Obra de Expansão do Terminal do Aeroporto de Faro estiveram presentes o PrimeiroMinistro António Costa, o Ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, o CEO da VINCI Concessions e Presidente da VINCI Airports, Nicolas Notebaert e o Presidente da Comissão Executiva da ANA – Aeroportos de Portugal, Carlos Lacerda .

14


15

ALGARVE INFORMATIVO #117


ATUALIDADE

CENTRO HOSPITALAR DO ALGARVE INVESTE NA MELHORIA DOS SERVIÇOS DO HOSPITAL DE FARO Texto:

O

Centro Hospitalar do Algarve apresentou, no início de 2017, um Plano de Investimentos de cerca de 20 milhões de euros, no espaço temporal de três anos, para assegurar a melhoria dos cuidados de saúde prestados, e duas dessas intervenções foram apresentadas à comunicação social, no dia 20 de julho, no Hospital de Faro, nomeadamente uma de apoio à Via Verde Coronária e outra na área dos meios complementares de ALGARVE INFORMATIVO #117

Fotografia: diagnóstico, mais concretamente da Imagiologia. Com um investimento total de cerca de 430 mil euros, a Cardiologia de Intervenção foi uma das áreas prioritárias definidas pelo Conselho de Administração para iniciar a requalificação e reposição da capacidade técnica do Centro Hospitalar do Algarve, através do upgrade do equipamento de Hemodinâmica, vital para garantir a continuidade da prestação de cuidados 16


de saúde diferenciados nesta especialidade e, mais especificamente, no apoio à única unidade do Algarve com Via Verde Coronária. A intervenção consistiu essencialmente na reabilitação e atualização da atual plataforma tecnológica para a tecnologia mais recente no mercado, com melhores especificações ao nível da capacidade térmica e taxa de dissipação, o que leva a um melhor desempenho durante a realização de exames e uma imagem com maior resolução e eliminando a necessidade de paragens durante os exames para arrefecimento da ampola.

trouxe de Coimbra para a capital algarvia o sistema de Via Verde Coronária e aqui passaram a ser efetuados os tratamentos de um «motor» que, conforme explicou o cardiologista de intervenção, “precisa da gasolina que lhe chega por uns tubos, as coronárias”. “Quando uma delas se fecha, perdemos uma parte do músculo cardíaco e temos uma janela temporal muito curta, à volta de 90 minutos, para reabrir esse vaso. Normalmente, tratamos à volta de 200 doente por ano em urgência, ou seja, com enfartes agudos coronários”, apontou.

Recorde-se que o Laboratório de Hemodinâmica foi instalado, no Hospital de Faro, há 14 anos, com os utentes algarvios a deixarem de ter que rumar a Lisboa para realizar os exames de diagnóstico. Entretanto, Vítor Brandão

O problema é que, ao fim de 14 anos de atividade, o equipamento existente já não tinha a substituição de peças assegurada pelo fabricante, o que motivou o investimento agora realizado. “A população do Algarve e de parte do

Dr. Vítor Brandão, responsável pelo Laboratório de Hemodinâmica do Hospital de Faro 17

ALGARVE INFORMATIVO #117


ATUALIDADE

Dr. Joaquim Ramalho, presidente do Conselho de Administração do CHAlgarve, Dr. Jorge Pereira, coordenador da unidade de Faro do Serviço de Radiologia do CHAlgarve e Dr. Ulisses de Brito, responsável pela Unidade de Pneumologia do Hospital de Faro

Alentejo não podia ficar sujeita ao risco de deixar de ter acesso a um tratamento que faz a diferença entre a vida e a morte. A mudança foi feita em tempo recorde e, embora não seja o topo de gama, o novo aparelho responde a 100 por cento das necessidades do Laboratório”, garantiu Vítor Brandão. “A mortalidade do enfarte desce de 50 por cento para 3 ou 4 por cento se este tratamento for realizado atempadamente e como deve ser”, reforçou. No que se refere aos dois principais investimentos em curso no Serviço de Radiologia da unidade de Faro do CHAlgarve, consistem no upgrade da Ressonância de 1.5 Tesla e nas obras de instalação de um novo aparelho de Tomografia Computorizada (TAC). A ALGARVE INFORMATIVO #117

valorização da Ressonância Magnética implicou um investimento global de 400 mil euros e permitirá a realização dos exames de forma mais agilizada e com maior produtividade, bem como a realização de técnicas de exame de maior complexidade diagnóstica que, até à data, não se podiam efetuar no CHAlgarve. “A operação de upgrade foi cumprida ao milímetro, não houve quaisquer atrasos ou percalços. Aliás, o prazo de execução terminava no dia 24 de julho e amanhã (21 de julho) já deveremos realizar os primeiros exames”, começou por destacar Jorge Pereira, coordenador da unidade de Faro do Serviço de Radiologia do CHAlgarve. O upgrade, na prática, resulta quase 18


num equipamento novo, pois apenas o núcleo foi mantido. De resto, passou-se de quatro para 18 canais, aumentou-se a potência e diminuiu-se o tempo de realização dos exames para praticamente metade. “Um exame ao tórax, abdómen ou pélvis, por exemplo, já não exige que se mexa no doente para se mudarem as antenas do aparelho. A consola também foi reposicionada de maneira que o técnico que está a realizar o exame consiga ver diretamente o utente”, descreveu Jorge Pereira, adiantando que o Hospital de Faro tem um movimento assistencial avassalador nesta matéria e que, até à data, estava dependente de apenas um aparelho. “Sempre que há uma manutenção ou avaria, ficamos completamente «descalços». Quanto a tempos de espera, os exames da urgência têm, naturalmente, prioridade, seguindose os doentes internados e os exames oncológicos de diagnóstico e de follow-up.

19

É uma sobrecarga inacreditável, em termos de equipamento e de pessoal médico e técnicos”, admitiu o coordenador da unidade de Faro do Serviço de Radiologia do CHAlgarve. Para aliviar esta situação dá-se o segundo investimento, que passa pela instalação, no final de 2017, de um equipamento de Tomografia Computorizada (TAC) de última geração, com 128 cortes, num investimento de cerca de 500 mil euros e que possibilitará a realização de exames especiais nas áreas de Pediatria, Angiologia e Cardiologia, sendo também o único equipamento desta nova geração existente no Algarve. Para além disso, o equipamento evitará que o CHAlgarve tenha que recorrer aos exames realizados no exterior, nomeadamente nos períodos de paragem do equipamento de TAC de 16

ALGARVE INFORMATIVO #117


ATUALIDADE

cortes atualmente em funcionamento, representando uma poupança anual de cerca de 300 mil euros. “Um doente em estado crítico, nos Cuidados Intensivos, não se consegue deslocar ao exterior com facilidade e, para que tal não suceda, estão lançados as condições para a aquisição do segundo TAC”, referiu Jorge Pereira, com Joaquim Ramalho, presidente do Conselho de Administração do CHAlgarve, a reconhecer os ganhos desta medida para os utentes. “Como podem ser avaliados mais rapidamente, passam a ter períodos de internamento mais curtos. De futuro, queremos atuar igualmente na ecografia e mamografia, outras áreas de estrangulamento em termos de capacidade. Estão em execução 11 milhões de euros de investimento em 2017, sete milhões para 2018 e o remanescente em 2019. Claro que o desejável é que, no final de 2018, já estivesse tudo concluído”, sublinhou Joaquim Ramalho. ALGARVE INFORMATIVO #117

Questionado sobre o porquê dos investimentos só agora passarem das intensões para a realidade, o responsável respondeu que, das duas, uma: ou o financiamento é assegurado pelo acionista, através de injeção de capitais; ou as unidades apresentam cash-flows positivos que consigam libertar meios de exploração para o autofinanciamento. “Nós já pagamos muitas coisas com a nossa margem de exploração, tais como a cedência de medicamentos para doentes oncológicos ou outras terapêuticas sem financiamento próprio. A par disso, temos custos elevadíssimos com a nossa rede de serviços de urgência, seja com equipamento ou com os recursos humanos, que têm que estar disponíveis 24 horas por dia”, lembrou o presidente do Conselho de Administração do CHAlgarve .

20


21

ALGARVE INFORMATIVO #117


ATUALIDADE

Os vereadores Acácio Martins e Marlene Guerreiro, o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Vítor Guerreiro, o enófilo Gilmar Brito e o presidente da Junta de Freguesia de São Brás de Alportel, David Gonçalves

FEIRA DA SERRA 2017 GANHOU MAIS UM DIA E NOVOS ESPAÇOS Texto:

A

26.ª edição da Feira da Serra regressa, de 27 a 30 de julho, a São Brás de Alportel com a promessa de continuar a reinventar-se e a surpreender os visitantes com novos espaços e iniciativas, direcionados para todas as ALGARVE INFORMATIVO #117

Fotografia: idades e mantendo os seus ingredientes essenciais: diversidade, qualidade e genuinidade. Este ano, o vinho é o convidado especial. Durante a apresentação à comunicação social, na FNAC de Faro, no dia 21 de 22


julho, o executivo constituído pelo presidente de Câmara Vítor Guerreiro e pelos vereadores Marlene Guerreiro e Acácio Martins lembraram que os objetivos do certame são os mesmos há mais de um quarto de século: valorizar, proteger e promover as tradições e costumes da Serra do Caldeirão e do Algarve; promover e preservar os saberes ancestrais associados ao artesanato local e à confeção de produtos agroalimentares, enquanto impulsionadores da atividade económica da serra e barrocal; proporcionar o contacto direto com a fauna e flora, no sentido de sensibilizar para a biodiversidade local e respetiva importância; divulgar apostas inovadoras de empreendedorismo local e regional; promover a gastronomia tradicional assente nos valores da Dieta Mediterrânica; valorizar o Comércio Local; apresentar a oferta turística do território são-brasense nas mais diversas áreas. Tudo isto é oferecido aos visitantes num espaço multifacetado e acessível, mais uma vez no Recinto da Escola Poeta Bernardo de Passos, e através de um programa repleto de atividades e momentos de animação para todas as faixas etárias. Para entrar, o ingresso diário individual custa 3,50 euros, enquanto o bilhete de quatro dias custa 10 euros, o mesmo valor que tem o ingresso diário família. A organização da Feira da Serra é da responsabilidade da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, com a colaboração da comunidade local e o apoio de um conjunto de entidades locais, regionais e 23

nacionais e, como três dias já não enchiam as medidas de visitantes, dos participantes e da população, que manifestavam a vontade do certame ser alargado, a edição deste ano conta com mais um dia. Serão, então, quatro dias de grande animação, num recinto com mais de 16 mil metros quadrados e 100 por cento acessível para todos, independentemente de quaisquer limitações ao nível da mobilidade. Conforme referido, o vinho é o convidado especial de 2017 e os seus aromas e texturas vão invadir os sentidos e conquistar o paladar com sabores aveludados e quentes. Assim, no Palco Sabores, vão ter lugar degustações e provas dos melhores vinhos do Algarve em todas as noites. Outra novidade será uma Mini Feira do Turismo, onde mais de uma dezena de agentes turísticos são-brasenses darão a conhecer um território cheio de potencialidades e atividades emocionantes, ligadas à natureza e ao desporto ao ar livre. Feira da Serra que acolherá, também, a última paragem da carrinha do «Roteiro Cidadania em Portugal», no dia 28 de julho, com uma carrinha apetrechada com instrumentos pedagógicos e informativos sobre a cidadania, sobre os direitos humanos e o desenvolvimento sustentável. Na Feira da Serra será apresentado o novo site turístico de São Brás de Alportel, um portal especialmente criado para dar a conhecer as melhores experiências que o município tem para lhe oferecer, desde a sua história, ALGARVE INFORMATIVO #117


ATUALIDADE

cultura e património aos trilhos que serpenteiam pela densa vegetação da Serra do Caldeirão ou pelos tons vermelhos do barrocal. Mas também será realçada a doçaria típica feita à base dos produtos locais, a amêndoa, o figo, a alfarroba, salpicada com aromas de água-ardente de medronho. No mesmo âmbito será lançado o Vídeo Promocional do município, que revela, de forma peculiar, algumas das potencialidades turísticas deste concelho localizado entre a serra e o mar. A animação, como de costume, será uma constante e um dos destaques volta a ser o «São Brás Fashion», na noite de 29 de julho, tendo como tema inspirador o vinho. Será um desfile onde reinará a beleza e a juventude são-brasenses, dando a conhecer a qualidade e diversidade da oferta do comércio local, nos setores de ALGARVE INFORMATIVO #117

vestuário, calçado e acessórios. E é pelo palco principal que vão passar as grandes atrações David Carreira (27), Cuca Roseta (28), João Pedro Pais (29) e Roberto Leal (30). A animação não fica, porém, por aqui, pois existem ainda o Palco Sonoridades, para outros projetos musicais, e o Palco Radical, mais vocacionado para as atividades desportivas. Para além do já referido, os visitantes podem ainda desfrutar do Sítio dos Ofícios, onde se poderá assistir ao moer do trigo, ao fiar do linho, ao trabalhar a palma e o esparto, ao conserto do calçado; na Aldeia Serrana podem-se adquirir as peças do mais genuíno artesanato, feitas com os materiais da região, por mãos que conhecem a mestria do tempo, assim como apreciar 24


os bons produtos da Serra do Caldeirão, como os doces regionais, o mel, a aguardente, os licores, os gelados caseiros, o pão de noz, de cebola ou de sementes, um infindável mundo de aromas, sabores e texturas; no Encontro de Sabores estarão concentrados seis espaços de restauração e três tasquinhas à portuguesa, onde se poderão saborear os aromas e paladares da cozinha tradicional; o novo Espaço Terra apresentará empresas e projetos na área da agricultura, da energia, da silvicultura, da pedra e de todo um conjunto de equipamentos amigos do ambiente e desta casa que é de todos Outros espaços habituais da Feira da Serra são: o Encontro de Saberes, onde se dá lugar ao associativismo, uma força viva

25

da comunidade são-brasense; o Mercado revela os sabores da agricultura tradicional; o Picadeiro assume-se como o espaço para os apaixonados pela arte equestre; os animais típicos da Serra mostram-se no Sítio dos Animais, com burros, uma égua, uma mula, cabras, ovelhas, codornizes, perdizes, galinhas, coelhos, fracas, póneis, porcos, patos, gansos, entre muitas outras espécies autóctones; finalmente, o Sítio dos Curiosos é um espaço de animação infantil, preparado para receber os visitantes mais jovens, com um mundo de brincadeiras e atividades à sua espera.

ALGARVE INFORMATIVO #117


ALGARVE INFORMATIVO #117

26


27

ALGARVE INFORMATIVO #117


REPORTAGEM

ARTES PERFORMATIVAS «INVADIRAM» LOULÉ Texto:

ALGARVE INFORMATIVO #117 ALGARVE INFORMATIVO #117

Fotografia:

28 28


29 29

ALGARVE INFORMATIVO #117 ALGARVE INFORMATIVO #117


L

oulé assistiu, no dia 15 de julho, à saída de arte em sintonia com o movimento às principais artérias do centro da cidade, naquela que foi a segunda edição do «Mov’Art». O programa esteve recheado de iniciativas que animaram o final de tarde e a calorenta noite de Verão com muita cor, alegria, imaginação e movimento, proporcionando uma fruição estética e artística de diversas artes performativas. Em vários pontos da cidade assistiu-se à atuação de bandas de música ao vivo interpretadas por performances de dança e de ginástica, teatro de rua e mímica, parkour, slack line, ViPR workout, estátuas gímnicas e poéticas, bubble football & led, acro-yoga, exibições de dança na sua forma e variedade, desde o contemporâneo aos tecidos verticais, às luzes da dança, ao elastic glam e ao ballet color. Numerosos artistas criaram, igualmente, o «Moviment’Art» e representaram o movimento humano de uma forma artística, através do desenho à mão livre, ilustração, graffiti, vídeo-pintura, pinturas artísticas em tela e num rolo grande e exposição de fotografias. Para encerrar da melhor forma o esplendoroso evento observou-se um espetáculo piromusical surpreendente, que integrou também as componentes de teatro e dança vertical . ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #117 #117

30 30


31

ALGARVE INFORMATIVO #117


ALGARVE INFORMATIVO #117

32


33

ALGARVE INFORMATIVO #117


ALGARVE INFORMATIVO #117

34


35

ALGARVE INFORMATIVO #117


ENTREVISTA

CELINA CARPINTEIRO continua a dominar no BTT e ciclismo de estrada A temporada desportiva ainda vai sensivelmente a meio para Celina Carpinteiro, mas a docente de profissão já garantiu mais dois títulos de Campeã Nacional de Maratonas (BTT) e de Fundo (Estrada) para o seu riquíssimo palmarés. Segue-se o Campeonato de Cross-Country Olímpico neste fim-de-semana e, depois, diversas provas do calendário internacional. Texto:

ALGARVE INFORMATIVO #117

Fotografia:

36


37

ALGARVE INFORMATIVO #117


O

s dias de Celina Carpinteiro decorrem, como de costume, num ritmo desenfreado e depois de «despir» a farda de professora, em Silves, rumou a Boliqueime para conversar sobre a sua outra faceta, a de desportista de alta competição, uma verdadeira craque nas duas rodas, seja de BTT ou de ciclismo de estrada. A comprovar o seu gabarito estão as recentes conquistas de mais dois títulos de campeã nacional, um de Maratonas, em BTT, o outro de Fundo, em Estrada, sempre em Elite Feminina, a categoria onde estão as melhoras atletas das duas modalidades. Para completar o triplete falta apenas disputar o Campeonato Nacional de Cross Crountry Olímpico, no dia 23 de julho, em Valongo. “A partir dos 19 anos já se pode ser Elite e, após os 30, pode-se passar para os Master mas, atendendo à minha condição física e àquilo que ainda consigo fazer em termos desportivos, não faz sentido mudar de categoria”, analisa a atleta de 37 anos. Face a esta decisão, Celina Carpinteiro compete com as melhores das melhores, algumas delas com quase metade da sua idade, mas a verdade é que não dá grandes hipóteses à concorrência e é sempre uma das principais candidatas à vitória. “Em Portugal ainda não temos nenhuma corredora profissional, tirando o caso da Daniela Reis, que pertence a uma equipa belga, e não me posso comparar, de facto, com quem já está nesse patamar. Contudo, olhando para aquelas que estão em situação semelhante a mim, que estudam ou trabalham, a história é diferente e dá-me um tremendo gozo correr no escalão de Elite”, prossegue ALGARVE INFORMATIVO #117

Celina, de sorriso nos lábios, garantindo que o motor para o seu sucesso é estar constantemente motivada para ultrapassar novos desafios. “Pode ser participar numa determinada prova que é cativante pelo seu perfil ou dureza, ou, no quotidiano, continuar a manterme competitiva em Elite, onde a qualidade das minhas adversárias é cada vez maior. Quero progredir todos os dias e posso afirmar, com alguma 38


segurança, que este é o ano em que estou em melhor forma física”. Em termos de escalão está o assunto arrumado e o mesmo acontece no que toca às duas modalidades que abraça com tremendo fervor, pois não consegue largar, nem o BTT, nem o ciclismo de estrada, embora o normal é as atletas acabarem por se especializar apenas numa vertente. “Essa questão foi-me colocada, há uns 39

anos, pelo diretor desportivo de uma equipa, houve alguma pressão para me dedicar apenas à estrada e, à partir daí, tentar fazer mais alguma coisa a nível profissional. Mas não consegui tomar essa decisão, porque adoro o BTT, e porque provavelmente teria que abdicar também da minha atividade profissional como professora. Apesar de não estar num quadro estável, continuo a ser contratada, e gosto ALGARVE INFORMATIVO #117


ALGARVE INFORMATIVO #117

40


imenso de dar aulas, de estar com os alunos”, recorda a entrevistada o momento em que optou por não tentar seguir a via profissional. E ser professora não é, como se sabe, uma profissão das nove às cinco em que, depois de sair do local de trabalho, pode ocupar o resto do tempo a seu bel-prazer. Mesmo assim, Celina Carpinteiro treina praticamente todos os dias, a que se somam competições em grande parte dos fins-de-semana. “Realmente, ser professora, é uma atividade muito exigente e exaustiva, dentro e fora da escola, porque também tenho direções de turma, o que implica estar mais tempo com os encarregados de educação dos alunos. Só consigo estar a este nível desportivo devido a uma opção que tomamos de não termos filhos, por enquanto, e viver debaixo da casa dos sogros também ajuda imenso. A minha sogra é espetacular e apoia-me muito nas tarefas domésticas”, enaltece. Marido que é, ele próprio, um apaixonado pelas bicicletas, tendo sido, inclusive, Campeão Nacional de Master. Aliás, foi ele que meteu este bichinho em Celina. “Ele faz parte do meu motor da motivação e, para a semana, seguimos os dois para mais uma aventura na Colômbia. É uma prova de categoria máxima do calendário da Federação Internacional de Ciclismo, por etapas, onde vou fazer equipa com uma atleta inglesa que, este ano, também está a realizar provas pelo BTT de Loulé”, conta, voltando a sublinhar o papel do marido na sua caminhada desportiva. “No início, era ele que me incentivava, que me empurrava para treinar. Atualmente, isso 41

é recíproco, damos força um ao outro porque, às vezes, estamos bastante cansados e não apetece nada sair de casa e ir treinar para o mato ou para a estrada. Mas, depois, isso sabe muito bem, ajuda a aliviar a cabeça do trabalho”, garante.

MULHERES TÊM QUE PERDER O MEDO DA COMPETIÇÃO Felizmente, são cada vez mais as mulheres a praticar BTT e ciclismo de estrada, do mesmo modo que aumentaram significativamente as competições e praticamente todos os fins-de-semana há uma prova para o campeonato nacional ou regional ou para as Taças de Portugal e do Algarve. Por isso, para pena de Celina Carpinteiro, é-lhe impossível ir a todas, nem tampouco consegue aceitar os vários convites que recebe para participar em eventos fora do calendário nacional. “Em primeiro lugar está o meu compromisso com as duas equipas que represento – BTT Loulé/BPI/Elevis e 5Quinas/Município de Albufeira – mas, daqui a uns aninhos, pretendo dedicarme mais a essas maratonas ditas de lazer. Tenho feito alguns granfondos na estrada, provas que não têm um índice de competitividade tão grande e que ajudam a manter o ritmo de competição”, relata. Com um currículo verdadeiramente invejável, o ciclismo de estrada é o ator mais recente, depois de, há três anos, ter abraçado o projeto de uma equipa feminina em parceria com Orieta Oliveira. “Somos nós que todos os anos erguemos a equipa, que reunimos os ALGARVE INFORMATIVO #117


patrocínios, que tratamos da logística das provas. Mesmo a equipa não tendo qualquer historial, as atletas que convidei no início acederam logo ao desafio e, desde então, têm aparecido muitas jovens a querer entrar na formação. Como somos a única equipa exclusivamente feminina de Portugal, o interesse tem aumentado bastante”, sublinha Celina Carpinteiro, esclarecendo que não existem competições mistas no Campeonato Nacional ou na Taça de Portugal. “Existem, sim, provas abertas, como os granfondos, em que as mulheres podem correr lado a lado com os homens, o mesmo acontecendo em determinadas etapas de provas mais mediáticas como a Volta a Portugal em Bicicleta. Nessas ocasiões, somos muito bem recebidas pelos homens, o feedback é positivo”, assegura a entrevistada. Neste cenário, Celina Carpinteiro acredita serem necessárias mais provas federadas vocacionadas para o sexo feminino, assim como seria importante convidar atletas e equipas estrangeiras para elevar o nível competitivo. “Claro que, para isso, é preciso mais mulheres a pedalar na estrada, embora já tenhamos pelotões com 60 atletas femininas na Taça de Portugal. As mulheres não devem ter medo de virem para a competição, mesmo aquelas que praticamente regularmente BTT ou ciclismo de estrada. Só há vantagens em estarem federadas e as mais experientes estão cá para ajudar as mais novatas nestas andanças”, apela a Campeã Nacional de Maratonas e de Fundo.

Olímpico, neste domingo, em Valongo, pelas cores do BTT Loulé/BPI/Elevis, há que reconhecer que a formação louletana também continua na mó de cima, tanto em termos coletivos, como individuais. “É um grande orgulho representar essas cores, mesmo com o handicap de estarmos no fundo de Portugal e as provas acontecerem praticamente todas no norte do país. Este ano trouxemos o Campeonato Nacional de Maratonas para Loulé, correu tudo muito bem e mostrámos que o Algarve não é só praia, que também existe bastante serra e dureza”, afirma, aproveitando para chamar a atenção para o trabalho que tem sido realizado pelas escolas de formação do Clube BTT Terra de Loulé. “São muitos miúdos, desde os quatro, cinco anos, que esperam um dia vir a pedalar com os seus ídolos”. Falando precisamente no futuro, Celina Carpinteiro está motivada para continuar na alta-roda por muitos anos e, depois de Valongo e da Colômbia, seguirá para a Eslováquia, para o Campeonato da Europa de Maratonas, viajando depois para cumprir o Tour de Timor, em finais de setembro. “O objetivo é fazer pódios, mesmo no estrangeiro, onde a concorrência é ainda de maior qualidade”, adianta, confessando que, depois de largar as bicicletas, a vontade é manter-se na modalidade como treinadora. “Já tirei o nível um do curso da Federação Portuguesa de Ciclismo porque, a par de praticar, quero transmitir a minha experiência às novas gerações” .

E porque Celina Carpinteiro vai disputar o Campeonato Nacional de Cross Country ALGARVE INFORMATIVO #117

42


43

ALGARVE INFORMATIVO #117


REPORTAGEM

JOVENS TALENTOS ENCANTARAM REVELIM DE SANTO ANTÓNIO

ALGARVE INFORMATIVO #117

44


O Revelim de Santo António, em Castro Marim, foi o palco escolhido para a 5.ª Gala de Dança, numa noite de encantar onde participaram cerca de duas centenas de alunos da Arutla, Splash, Conservatório Regional de Vila Real de Santo António e Academia de Ballet Contemporâneo de Vila Real de Santo António. Texto: Fotografia:

45

ALGARVE INFORMATIVO #117


F

oi uma noite repleta de estrelas, no céu e em cima do palco do Revelim de Santo António, que Castro Marim conheceu no dia 16 de julho, por ocasião da 5.ª Gala de Dança, evento que reúne anualmente escolas de dança do território do Baixo Guadiana. Do hip-hop ao ballet, passando pela dança contemporânea, cerca de 200 crianças e adolescentes, alunos das escolas Arutla, Splash, Conservatório Regional de Vila Real de Santo António e Academia de Ballet Contemporâneo de Vila Real de Santo António, exibiram os seus dotes como bailarinos. Como seria de esperar, um numeroso público esgotou por completo o idílico cenário para assistir, com orgulho, ao talento dos mais novos, em mais uma iniciativa da Câmara Municipal de Castro Marim que visou valorizar e reconhecer o trabalho desenvolvido por estas escolas ALGARVE INFORMATIVO #117

com os jovens do território, para além de promover o gosto pela expressão artística e demonstrar os benefícios associados à prática de atividades físicas. “O evento tem-se revelado, em cada ano, uma grande surpresa, porque todos os grupos apresentam novas coreografias nesta gala. É algo que puxa por eles, que exige uma maior dedicação e empenho, e o resultado está à vista. Nesta edição tivemos duas novas atrações, o Conservatório Regional e a Academia de Ballet Contemporâneo de Vila Real de Santo António, que nunca tinham participado na Gala de Dança”, referiu Filomena Sintra, vice-presidente da Câmara Municipal de Castro Marim e a Vereadora detentora da pasta da Cultura. Um espetáculo de final de ano letivo para estes jovens, que agora vão gozar as merecidas férias de Verão, e que 46


47

ALGARVE INFORMATIVO #117


demonstrou que, ao contrário do que se possa imaginar, juventude e talento não faltam no extremo do sotavento algarvio. “Acima de tudo, há que destacar o modo como a sociedade civil se organiza através de clubes e associações que desenvolvem um trabalho fantástico em prol da comunidade e dos jovens. O Município está simplesmente na retaguarda a apoiar, tudo o resto é feito por homens e mulheres com amor à camisola”, prosseguiu Francisco Amaral, presidente da Autarquia. “Estamos a falar da formação cultural das nossas crianças e de elas praticarem exercício físico, para além de promover o bom nome de Castro Marim. Tudo isso faz parte dos nossos objetivos enquanto autarcas”, reforçou o edil. Ao longo da gala constatou-se, igualmente, que a dança não deve, nem pode, estar restringida apenas aos jovens com as medidas ideais, com os corpos perfeitos, antes pelo contrário, todos têm ALGARVE INFORMATIVO #117

pontos fortes e menos fortes, todos constituem uma mais-valia para os grupos em que estão inseridos. “Existe aqui um trabalho importante dos professores, uma preocupação notória em aproveitarem o potencial de cada aluno, sem estarem apenas a pensar nas competições. A responsável dos Arutla, por exemplo, só escolhe coreografias que todo o grupo daquela faixa etária possa integrar. Isso acaba por ser um fator de socialização importante e uma grande lição para os outros que têm mais talento, que devem ser colaborantes e amigos daqueles que precisam esforçar-se um pouco mais”, enalteceu Filomena Sintra. “É um processo educativo fundamental e que foge um pouco à realidade das escolas que só valorizam e potenciam as melhores notas. Estes grupos possuem coreografias de carater mais competitivo que dão nas vistas nos concursos em que participam, mas não 48


49

ALGARVE INFORMATIVO #117


descriminam nenhum aluno que neles ingresse”. Quanto ao local onde tudo decorreu, o Revelim de Santo António, confirmou-se que é um cenário perfeito para a realização de eventos ao ar livre mas, mais importante do que isso, de acordo com Francisco Amaral, é criar-se uma dinâmica de continuidade, uma utilização regular. “Não vale a pena termos espaços magníficos se não os usarmos. Ainda por cima, neste caso, está-se a promover também a ocupação saudável dos tempos livres dos nossos jovens, daí colaborarmos sempre com as associações e clubes do concelho”, frisou o presidente, ao mesmo tempo que Filomena Sintra revelou que estes eventos atraem centenas de novos visitantes a locais que desconheciam. “Os filhos trazem as famílias atrás e muitas destas pessoas nunca tinham vindo ao Revelim de Santo António. Esta gala acaba ALGARVE INFORMATIVO #117

por aliar cultura, património, formação, educação e juventude”, salientou a Vereadora da Cultura. E Castro Marim não vai mesmo parar durante as semanas que se seguem, com o Festival de Lucía e os Dias Medievais a concentrarem o grosso das atenções, mas muito mais motivos de interesse existem para rumar ao concelho. “O Festival de Lucía vai ter dois dias, o primeiro com Tomatito, o segundo com o espetáculo «Mundo» da Mariza. Os Dias Medievais cumprem, este ano, duas décadas de existência e vamos ter um espetáculo de videomapping durante o certame e no fim-de-semana seguinte, para transportar os visitantes para uma realidade virtual do que terá sido o momento da instalação da Ordem de Cristo em Castro Marim. Teremos o Dragão de Sal de Castro Marim e uma nova exposição de 50


51

ALGARVE INFORMATIVO #117


instrumentos de tortura, que ficará patente ao público durante um mês e meio”, adiantou Filomena Sintra. A ideia é, pois, projetar ainda mais Castro Marim rumo ao futuro, dinamizando economicamente o concelho, gerando riqueza, criando postos de trabalho, aproveitando os seus recursos humanos e endógenos. “Daqui a um ano ou dois vamos ter mais fatores críticos de sucesso muito importantes: uma ciclovia que liga Vila Real de Santo António a Castro Marim; a requalificação da envolvente da Casa do Sal com um espaço ajardinado preparado para acolher espetáculos; e a Ciclovia de Castro Marim à Praia Verde; para além da requalificação da frentemar, que começará por Manta Rota e ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #117 #117

Altura e, numa segunda e terceira fase, avançará para o lado de Vila Real de Santo António”, revelou Filomena Sintra, com Francisco Amaral a acrescentar o Memorial a Paco de Lucía, no Monte Francisco. “Queremos transformar a terra onde nasceu a mãe de Paco de Lucía num local de peregrinação, nomeadamente para os espanhóis, que vão sentir a música e vida do maior executante de todos os tempos da guitarra. Os portugueses têm a tendência de se esquecerem dos turistas espanhóis, mas somos uma porta de entrada de Espanha e vamos apostar bastante nos nossos vizinhos do outro lado do Rio Guadiana”, apontou o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim . 52 52


53

ALGARVE INFORMATIVO #117


ALGARVE INFORMATIVO #117

54


55

ALGARVE INFORMATIVO #117


REPORTAGEM

Alunos da Tomás Cabreira deram vida à Sagração da Ria Texto:

ALGARVE INFORMATIVO #117

Fotografia:

56


Os alunos do segundo ano dos cursos de «Intérprete de Dança Contemporânea» e de «Artes do Espetáculo – Interpretação», do Agrupamento de Escolas Tomás Cabreira, levaram a cabo, nos dias 18 e 19 de julho, no Anfiteatro do Parque Ribeirinho de Faro, o espetáculo «Sagração da Ria».

57

ALGARVE INFORMATIVO #117


S

ob a direção de Ana Filipa Antunes e Manuel Neiva, o Anfiteatro do Parque Ribeirinho de Faro recebeu, nos dias 18 e 19 de julho, os alunos do segundo ano dos cursos profissionais de «Intérprete de Dança Contemporânea» e de «Artes do Espetáculo – Interpretação», o equivalente ao 11.º ano de escolaridade, do Agrupamento de Escolas Tomás Cabreira, de Faro, para protagonizarem «Sagração da Ria». A obra foi inspirada no espetáculo «A Sagração da Primavera», de Vaslav Nijinsky, de 1913, com música do compositor russo Igor Stravinsky, e nas posteriores adaptações feitas de dança moderna (de Maurice Béjart, em 1959) e de dança contemporânea (Pina Bausch, em 1975), e pretendia dar um novo significado, reinterpretar, através de processos de contextualização geográfica, cultural e artística, os conceitos da terra, paixão e morte, quer em universos pessoais, como coletivos. Partindo destes conceitos, mas depois tendo por base a Ria Formosa, despoletou-se um processo de pesquisa conceptual e coreográfica onde se colocaram as questões «como é que jovens algarvios perspetivam algumas vivências em torno da sua herança ambiental e cultural?», «como é que o corpo de cada um e de um coletivo se inscreve e escreve, a partir de técnicas corporais, em ambientes arquitetónicos pretensamente naturais?» ou «que possibilidades metamorfósicas pode o corpo perseguir para representar uma ALGARVE INFORMATIVO #117

58


59

ALGARVE INFORMATIVO #117


simbiose entre a natureza e o humano?». Deste modo, o projeto traduziu-se numa oportunidade de formação e de criação na fusão de duas linhas de pensamentoação, entre a essência de algumas versões do espetáculo «A Sagração da Primavera» e a valorização cultural da Ria Formosa, em que se entende o corpo como instrumento e objeto de múltiplos discursos e representações simbólicas. Por detrás do curso está uma formação de 600 horas que procura ser uma aproximação ao que poderá vir a ser a vida profissional de alguns destes adolescentes. Quanto ao processo criativo, a primeira decisão foi a escolha do palco, ou seja, o Anfiteatro do Parque Ribeirinho de Faro, um espaço esplendoroso ao livre com a Ria Formosa como pano de fundo. “Cruzamos as influências da música de «A Sagração da Primavera» com as coreografias muito características da Pina Bausch, mas abstraindo-nos desses dois mundos e situando a ação na Ria Formosa”, explicou Manuel Neiva. “Houve uma investigação coletiva sobre a formação da Ria, da sua fauna e flora, conjugando depois elementos da história original. Depois, inspirámo-nos na versão da Pina Bausch por se tratar de dança-teatro, é onde os dois cursos se podem ligar”, acrescentou Ana Filipa Antunes. De salientar que «A Sagração da Primavera» tem uma narrativa muito própria, com rituais ligados à Terra e à Água, culminando num sacrifício, que depois foi combinada com histórias respeitantes à Ria Formosa trazidas pelos próprios alunos dos dois cursos profissionais, até nascer «Sagração da ALGARVE INFORMATIVO #117

60


61

ALGARVE INFORMATIVO #117


Ria». “Desenvolvemos várias etapas com objetivos específicos e o espetáculo foi crescendo aos poucos, normalmente até sem o acompanhamento da música. E os alunos foram eles próprios construtores, criadores, foi um trabalho de equipa, uma cocriação, embora dirigida por dois professores”, indicou Ana Filipa Antunes. “Algumas fases de movimentos, coreografias, foram concebidas a partir de fotografias que eles nos traziam, ou de memórias de infância que partilhavam. Isso serviu para motivar mais os alunos, para se identificaram imediatamente com algo que, depois de construído, pode parecer abstrato”, confirmou Manuel Neiva. Uma performance com perto de 45 minutos que arrancou numerosas

ALGARVE INFORMATIVO #117

62


63

ALGARVE INFORMATIVO #117


palmas do público que, num belo final de tarde, assistiu a «Sagração da Ria». Quanto ao futuro, é como tudo na vida, não há certezas de nadas. “Infelizmente, neste momento, não há mercado de trabalho para todos em nenhuma atividade. Quem não se aplicar, não vai a lado nenhum. Se eles quiserem ir mais além, têm potencial para o conseguir”, entende Ana Filipa Antunes. Manuel Neiva observa igualmente que o interesse pela área artística é transversal a todos estes alunos e compreende que alguns deles criem expetativas de rumar, depois de concluído o 12.º ano, para uma escola superior de dança ou curso de teatro. “O certo é que todos levam competências e outros saberes para o resto da vida, mesmo que depois não prossigam uma via artística” .

ALGARVE INFORMATIVO #117

64


65

ALGARVE INFORMATIVO #117


ALGARVE INFORMATIVO #117

66


67

ALGARVE INFORMATIVO #117


OPINIÃO

Silêncio! Paulo Cunha (Professor)

Q

uanto mais o tempo passa, maior é a certeza do velho princípio que certifica que “o silêncio é de ouro”. Crescemos a ouvilo, mas só uma vivência devidamente maturada e refletida nos permite constatar que são mais as perdas do que os ganhos que obtemos por falarmos de mais e em alturas inapropriadas. A história está repleta de casos que assim o comprovam, mas, mesmo assim, o desejo de ouvirmos a nossa voz como forma de, publicamente, certificarmos o que pensamos é tão grande, que só nos apercebemos das consequências depois de lançadas determinadas «bombas». Aliás, uma das evidências comprovadas pelo passar dos anos e pelo conhecimento partilhado pelos mais velhos, é que o uso do silêncio na altura certa transmite muito mais do que certas palavras despropositadas e descontextualizadas, garantindo assim o benefício de evitar interpretações deturpadas e erróneas. Ora, para quem trabalha há cerca de dezoito anos com surdos, tentando trazer música ao silêncio, cedo aprendi que, até na total falta de perceção sonora, o que é de mais, farta e cansa! Que o digam os surdos, que aprenderam a viver num mundo impregnado de silêncio e entendem os sons fortíssimos e as vibrações excessivas como uma violação de um espaço onde a ausência de som é sinónimo de normalidade. Fazendo a analogia do «ruído» que povoa as nossas relações interpessoais com a utilização individual excessiva que é dada à música, será fácil de entender como algo tão agradável e benéfico se pode transformar rapidamente no inverso. Basta atentarmos na constante violação do nosso espaço individual, por parte de pessoas que, por razões diversas, recorrentemente nos bombardeiam com as suas preferências musicais. Fazendo de espaços públicos, os seus espaços privados, acabam por condicionar e violar o direito de cada um usufruir e fruir o necessário e merecido silêncio. ALGARVE INFORMATIVO #117

Recordo, com alguma nostalgia, a altura em que adquiri o meu primeiro «walkman» e, por consequência, o benefício que tal veio trazer ao relacionamento com a minha família e vizinhos, pois desde logo deixei de os incomodar com a partilha pública dos meus gostos musicais de adolescente. A possibilidade de individualizar a audição das nossas músicas preferidas, possibilitando assim que nos acompanhassem no nosso quotidiano, foi uma das grandes conquistas conducentes ao direito ao silêncio. Atualmente, com o surgimento de sistemas de amplificação portátil e de dimensão reduzida, assiste-se, recorrentemente, à violação do direito ao silêncio e ao gosto musical de cada um. Quantos de nós já não fomos a determinados locais onde o contacto com a natureza seria, «a priori» e por si só, uma garantia de descanso e de relaxamento físico e espiritual, e fomos obrigados a conviver com mini-discotecas ou palcos ambulantes? Agora, que se aproxima mais um período de férias para a maioria dos portugueses, estaremos mais uma vez - condenados a coabitar com arraiais improvisados e gritarias festivas, bem como a conhecer as histórias privadas das famílias que, apesar de toda a área disponível, insistem em impor-nos a sua «companhia». Companhia que, através do seu «estar» e do seu «ser», torna as férias ainda mais cansativas do que a rotina dos dias de trabalho! Não sei se convosco se passa o mesmo, mas uma das premissas que me torna as férias mais apetecíveis e me dá uma maior garantia de serem melhor passadas, é a possibilidade de ouvir tudo aquilo que o ruído dos dias de trabalho me fez desviar a atenção. E porque o passar do tempo também nos vai roubando diversas faculdades, daqui vos sussurro: “Oiçam o Verão, e verão o prazer que o silêncio acrescenta às vossas/nossas férias!” .

68


69

ALGARVE INFORMATIVO #117


OPINIÃO

Mega Evento Paulo Bernardo (Empresário)

O

último artigo que escrevi foi dos que mais discussão deu até hoje, o que para mim foi bastante agradável. Gostei de ver as várias opiniões sobre os eventos no Algarve, umas mais redutoras, outras mais ambiciosas. Quando falei no evento, não era uma crítica ao que se faz, mas sim ao que não se faz. Pelo Algarve, apesar de ser a maior região turística do país, ainda se pensa em pequeno. Para muitos algarvios, o Festival X ou a festa Y são grandes eventos, grandes possivelmente para quem pensa pequeno. O Algarve, infelizmente, não tem um evento de referência desde que o saudoso Luciano Pavarotti esteve em Faro. São destas coisas que falo, daquilo que traz público por si, que ajuda a criar atratividade no destino. Não vamos pensar que o crescimento se deve à ótima estratégia de promoção, pois essa não existe, umas viagens, umas feiras e pouco mais… Assim não vamos lá. O que estamos a fazer para cativar quem cá chega, aparentemente é pouco. Voltando ao evento, das críticas mais estranhas que tive foi a falta de público e os transportes públicos, até me falaram em estudos que diziam isso. Vamos lá pensar melhor. Então a Herdade da Casa Branca, na Zambujeira do Mar, onde se realiza o Festival MEO Sudoeste desde 1997, tem um incrível aeroporto, bem como uma rede de vários transportes fantásticos, para não falar da rede de hotéis que existem em seu redor, bem como diversos centros comerciais e, melhor ainda, tem uma população fixa de cerca de quatrocentas mil pessoas e variável de muitos milhões. Todos sabem que não é assim. A Zambujeira do Mar tem quase mil habitantes, de acordo com os últimos censos, não tem quase acessos e quando

ALGARVE INFORMATIVO #117

o festival começou muito menos tinha. O Algarve tem ótimas condições para ter até vários festivais ao longo do ano, fugindo ao sol e praia. Poderemos ter um grande evento de música clássica na Primavera, um evento de música rock no Verão, dois ou três grandes espetáculos com nomes que ninguém colocaria em causa e que começaria a marcar a região como uma região de oferta cultural. Para além disso, o Algarve tem população, quer na região, quer na sua área de influência. Basta ver os estudos que dão origem às grandes áreas comerciais. Por isso, no Algarve, o que acontece é apenas falta de vontade e inveja. O Barlavento não quer que seja no Sotavento, o Sotavento boicota o Barlavento, o interior critica porque é no litoral e assim vamos andando. Apenas por falta de coragem e pensamento estratégico o mesmo não acontece. Como alguém dizia, devem ser os empresários a fazer os eventos. Certo, não posso estar mais de acordo. Mas não pode ser o poder público a ser o concorrente desses mesmos empresários. Não podemos ter um «Allgarve», que nada trouxe para a região, mas que levou muito dinheiro da região, basta ver o número de expectadores que assistiram aos seus eventos. Por isso, acredito nas parcerias e uma boa parceria entre privados e públicos poderia gerar vários grandes eventos no Algarve. Já imaginaram ter os U2, Rolling Stones, Andrea Bocelli, Beyoncé, Adele, Metallica, apenas para dizer uns nomes? Acreditam que estes eventos não teriam público? Esqueçam lá isso, vão ter público sim .

70


71

ALGARVE INFORMATIVO #117


OPINIÃO As «peruas» até são simpáticas quando nuas no balneário Mirian Tavares (Professora)

A

cho que seria um bom título para um livro de alguns escritores de tômbola de supermercado, se os ditos, ou as ditas, tivessem sentido de humor. Ainda não encontrei em Portugal uma boa tradução para o termo «perua» no sentido que o utilizamos no Brasil. Tia não serve, porque nem toda a tia é perua e nem toda a perua é tia. Não sei como classificar, em português de Portugal, uma criatura que vai ao ginásio completamente maquilhada, com pestanas falsas e tudo, sem me referir, obviamente, aos fatos de treino que condizem com os ténis e com os cabelos impecáveis. Se calhar tenho é inveja do tempo que elas têm para perder a arrumar-se para ir ao ginásio e a voltar a arrumar-se para sair dele. A minha primeira impressão, ao vê-las a passear as suas garrafas de água último modelo pelos corredores do ginásio e a olharem do alto das suas nike edição especial, é de que são todas umas antipáticas e que estão constantemente a medir-nos, a nós, pobres mortais que, como eu, usam sempre as mesmas sapatilhas a cada treino e não atualizam o seu outfit desportivo há alguns anos. Mas quando nos cruzamos no balneário, e elas falam entre si e contam sobre a praia que frequentam e a casa MARAVILHOSA de fulana de tal que a convidou para lá estar no fim de semana passado, sinto que olham para mim e procuram, de alguma forma, um sorriso de aprovação. Dou-lhos de bom grado, os tais

ALGARVE INFORMATIVO #117

sorrisos de aprovação, pois costumo ser simpática com quem é simpático comigo. Nunca me incluíram nas conversas, é um facto, até porque devem pensar que não me encaixo nos seus padrões, mas lá me vão pedindo sorrisos e cumprimentando naquele momento em que estamos todas mais ou menos como viemos ao mundo, entre uma aula e outra, ou após um duche antes de voltarmos ao mundo real. Aliás, diga-se de passagem, nunca me senti bem em balneários, pois já vim ao mundo há alguns anitos e não me apetece nada distribuir a minha nudez pelas peruas e afins que por ali pululam. Admiro o desembaraço com que muitas delas se despem e passeiam a sua nudez como se estivessem em casa. Mas são simpáticas quando estamos todas naquele espaço feminino e íntimo, que convida à conversa mole e à troca de elogios. Esta semana pensei em escrever um texto muito sério sobre a desmotivação generalizada que infeta, e que adoece, a mim e aos meus colegas, professores universitários. Mas deu-me para falar de peruas e de maquilhagem exagerada e de balneários de ginásio. Porque elas são simpáticas e porque, à sua maneira, até serão felizes. E prefiro falar de felicidade, e experimentá-la, que mergulhar nos amargos dias de Verão, que antecedem as férias, em que estamos todos cansados e em que tudo se torna, apesar do sol abrasador, menos solar .

72


73

ALGARVE INFORMATIVO #117


OPINIÃO Uma Filosofia da e para a Infância – O contributo do filósofo Gareth Mathews (1929 – 2011) Adília César (Escritora) “A criança é constantemente atormentada pelos adultos com a pergunta: - Que é que vais ser quando fores grande? Bem corajosa seria aquela que olhasse o adulto de frente e lhe respondesse: - Não vou ser nada, já sou.” (In A Criança Apressada, D.Elkind, 1990)

P

erguntas, imaginação, especulação. A criança parece ser um filósofo natural até à idade dos 8 ou 9 anos. No entanto, esta característica tem tendência a desaparecer. Em 1994, Gareth Mathews publica «The Philosophy of Childhood», obra disponível em Portugal em 1997. A Filosofia da Infância é uma obra incontornável neste ainda especulativo universo infantil, indo buscar uma filosofia que representa a amplitude e a profundidade das mentes inquiridoras das crianças, explorando também a forma como os adultos pensam sobre elas. É, pois, um relato da pesquisa relativa ao potencial filosófico da mente das crianças e à infância como área de investigação filosófica. Mathews formula a «teoria da infância da pessoa pequena», que se baseia no facto de o tamanho da criança ser menor do que o do adulto, dizendo-nos: “A grande parte do mundo construído à volta das crianças não é apropriada ao seu tamanho. Não podem chegar ao interruptor e à maçaneta. A mensagem que se transmite é inconfundível: ainda não és inteiramente um membro da sociedade”. Esta teoria parece simplista mas, considerando também o desenvolvimento cognitivo, emocional e social, complexifica-se e torna-se mais interessante. Apesar dos modelos teóricos existentes – experiencialistas, inatistas, capitulacionistas, etc. – ninguém se encontra em posição de interpretar uma teoria da infância totalmente adequada. De facto, os modelos dão um contributo válido para a interpretação dos dados, mas será conveniente ultrapassar a teoria, uma vez que as crianças não são apenas objectos de estudo. Acima de tudo, devemos respeitar as crianças e as marcas que insistentemente espalham no mundo, bem como facilitar-lhes a expressão e a criação – a Criança, pessoa única e diferenciada. Chegados a este ponto, estamos perante outro problema - os direitos das crianças. De acordo com a organização da nossa sociedade, são os adultos que

ALGARVE INFORMATIVO #117

tomam todas as decisões relativas à vida dos mais jovens. Mathews elabora uma questão interessante: “Será que uma criança é suficientemente racional ou racional de modo certo para que seja capaz de ser autodeterminante?”. Pouco se sabe sobre este assunto, mas também é verdade que desde Rousseau, no século XVIII, os direitos das crianças têm vindo a ganhar importância no valor, na amplitude e na abrangência. Pouco a pouco tem sido dada uma maior autonomia à criança, dentro dos sistemas legais, sendo provável que elas venham a exercer essa autonomia com uma idade cada vez menor. Que repercussões terão essas mudanças na estrutura da sociedade onde coexistem adultos e crianças? Em 1974, John Holt escrevia: “Proponho que os direitos, privilégios, deveres e responsabilidades dos cidadãos adultos sejam disponibilizados para qualquer jovem, independentemente da idade, que queira fazer uso deles”. Controverso, não? Para já, o que interessa realçar é que o direito de decisão que as crianças detêm sobre si próprias é directamente proporcional ao que os adultos julgam que as crianças são capazes de decidir, de actuar e de ajuizar sobre os seus próprios actos. Na verdade, as ideias das crianças são diferentes das ideias dos adultos, mas não têm um valor ético-filosófico inferior. As crianças precisam de ser aceites e respeitadas por aquilo que são e por aquilo que podem vir a ser, sem atitudes condescendentes ou sentimentalistas por parte dos adultos. Deixo-vos uma proposta do grande homem e pedagogo Arquimedes da Silva Santos (n.1921) formulada em 1989, para reflexão: “Seria pedir muito se se desviasse dos orçamentos dos eufemísticos chamados ministérios da defesa, para defesa da infância, um décimo somente dos gastos que fazem, fomentando em todos os países o Ministério da Criança?”. Que eu tenha conhecimento, ainda ninguém lhe respondeu . 74


75

ALGARVE INFORMATIVO #117


ALGARVE INFORMATIVO #117

76


77

ALGARVE INFORMATIVO #117


ATUALIDADE

Francisco Martins e Luís Encarnação, Presidente e Vereador da Câmara Municipal de Lagoa, respetivamente

FATACIL 2017 QUER SER A MELHOR DE SEMPRE

F

oi apresentada à comunicação social, no dia 14 de julho, no Anfiteatro da Ermida de Nossa Senhora da Encarnação, no Carvoeiro, a 38.ª edição da FATACIL, a maior feira generalista do Algarve e uma das maiores do país que irá decorrer entre 18 e 27 de agosto. O cartaz, como de costume, contempla artistas de top nacional capazes de potenciar o reencontro de várias gerações, designadamente Agir (dia 18), Richie Campbell (dia 19), João Pedro Pais (dia 20), GNR (dia 21), Dengaz (dia 22), Quim Barreiros (dia 23), a dupla Carminho/Tiago Bettencourt (dia 24), Xutos e Pontapés (dia 25), Matias Damásio (dia 26) e D.A.M.A (dia 27). ALGARVE INFORMATIVO #117

Na feira estarão presentes cerca de 700 expositores, distribuídos por uma área superior a 50 mil metros quadrados, e os motivos para uma visita não se esgotam nos concertos do Palco Principal. De facto, o Setor Equestre, coordenado mais uma vez por Emídio Paias, já se tornou uma referência nacional e internacional e vai fazer justiça a esse estatuto. Assim, Clémence Faivre, amazona e criadora de cavalo lusitano, estreia-se em Portugal com o show «Gotan», destacando-se ainda a presença de Cancella de Abreu, que vai mostrar as fases de treino de um cavalo, e o espetáculo «PatrimóniUs», concebido especialmente para esta edição da FATACIL

78


e que vai juntar o Fado, o Cavalo Lusitano e o Cante Alentejano. À gastronomia, muita e variada, e aos momentos de animação de rua junta-se ainda a visita obrigatória ao espaço «Amar a Terra», sob a responsabilidade da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve. É neste espaço que se poderão encontrar os produtos típicos da região como o vinho, o mel, os doces regionais, os enchidos, o figo, a amêndoa, a alfarroba, os citrinos, o artesanato, entre muitos outros. O setor agropecuário dá especial destaque aos criadores de todo o Algarve e, além da mostra de raças nacionais e algarvias, propõe o concurso nacional de ovelha churra algarvia, bem como uma atenção especial ao cão do Barrocal Algarvio. Em termos de entradas, os preços mantêm-se (3,5 euros/dia; 12,5 euros/dia para uma família de quatro pessoas; 20 euros para os 10 dias) e reforçou-se a capacidade de estacionamento em cerca de mil viaturas. Deste modo, a feira conta com um novo parque, junto aos Supermercados Aldi e Apolónia, elevando para sete o número de parques e a capacidade total para perto de quatro mil viaturas. Tudo isto implica um orçamento de 850 mil euros para a edição de 2017 da FATACIL, valor idêntico ao do ano transato. Perante estes pergaminhos, Francisco Martins, presidente da Câmara Municipal de Lagoa não tem dúvidas de 79

que “esta será a melhor FATACIL de todas, porque é sempre esse o nosso desafio”. O autarca recordou que 2016 foi um ano de grandes mudanças no principal evento do concelho, a começar pela extinção da FATASUL e a passagem da organização para a competência da câmara municipal, bem como algumas alterações físicas no espaço. “Este ano fizemos mais melhoramentos, nomeadamente o reforço da iluminação, para tornar o espaço cada vez mais agradável e moderno, sem, com isso, descaracterizar a feira. Teremos igualmente a apresentação do projeto de requalificação daquele espaço, algo que é falado há mais de 20 anos, e ali vai nascer o grande pulmão de Lagoa”, adiantou Francisco Martins. A vertente agropecuária é uma das estrelas da FATACIL e Fernando Severino, Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, lembra que alguns setores que estiveram esquecidos no passado recente, hoje são uma bandeira e uma mais-valia da região algarvia. “Os recursos endógenos regionais constituem um fator de diferenciação do nosso Algarve para além do Turismo”, salientou o dirigente, falando

ALGARVE INFORMATIVO #117


ATUALIDADE

Fernando Severino, Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, e André Sardet

em 32 stands na zona «Amar a Terra» e chamando igualmente a atenção para a demonstração ao vivo do artesanato regional. Em parceria com a DOCAPESCA e a Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve vão ser dinamizados showcookings e não faltará uma tenda institucional com a presença da DireçãoGeral de Alimentação e Veterinária, a DOCAPESCA, os Grupos de Ação Costeira, a Agência Portuguesa do Ambiente, a Universidade do Algarve, o Centro de Ciência Viva e o EuropeDirect, entre outros. “Para o público infantojuvenil teremos iniciativas de educação ambiental”, acrescentou Fernando Severino. Sobre os artistas em cartaz, André Sardet, responsável pela programação do Palco Principal, sublinhou que alguns deles vêm ao Algarve em exclusivo à FATACIL, enquanto outros concertos dificilmente se conseguirão ver mesmo ALGARVE INFORMATIVO #117

noutros pontos do país. “O espetáculo da Carminho e do Tiago Bettencourt, por exemplo, foi preparado de propósito para duas datas, uma delas aqui em Lagoa. Vai ser um acontecimento único, que não é para repetir ou banalizar em todo o lado”, garantiu o empresário. A finalizar a apresentação da 38.ª FATACIL, Francisco Martins lembrou que, em 2016, o certame foi visitado por 175 mil pessoas. “A nossa estratégia nestes quatro anos tem sido recuperar o prestígio da FATACIL, que não pode ter aquela imagem da velha burguesa com as rendas podres, mas que continua a viver do nome da família. Aumentamos significativamente o número de expositores e, este ano, como a procura foi maior do que os stands disponíveis, fizemos uma escolha muito mais criteriosa em determinados setores”, referiu o edil lagoense. “A expetativa é que o grau de satisfação dos visitantes seja elevado”, terminou . 80


FESTIVAL DO CONTRABANDO COLOCA ALCOUTIM NOS FINALISTAS A «MUNICÍPIO DO ANO PORTUGAL 2017»

A

lcoutim consta da lista dos nomeados ao Concurso «Municípios do Ano Portugal 2017», promovido pela UM-Cidades, com o projeto «Festival do Contrabando Tráfico de Artes no Guadiana». O prémio é dinamizado pela Universidade do Minho com o objetivo de reconhecer e premiar as boas-práticas em projetos implementados pelos municípios com impactos assinaláveis no território, economia e sociedade, que promovam o crescimento, a inclusão e/ou a sustentabilidade. Por outro lado,

81

pretende-se dar visibilidade e reconhecer, em diferentes categorias, realidades diversas que incluam as cidades, mas também os territórios de baixa densidade nas diferentes regiões do país. O Concurso Municípios do Ano Portugal 2017 concede nove distinções regionais e uma distinção nacional - Município do Ano Portugal 2017. O projeto «Festival do Contrabando - Tráfico de Artes no Guadiana» foi um dos quatro selecionados na região do Algarve. Os resultados serão divulgados no dia 27 de julho, em cerimónia que terá lugar no Fundão .

ALGARVE INFORMATIVO #117


ATUALIDADE

JÁ COMEÇOU A PAVIMENTAÇÃO DOS ARRUAMENTOS NO MONTE FRANCISCO

A

rrancaram as obras de requalificação do Largo Manuel Gomes – Tributo a Paco de Lucía, em Monte Francisco, um tributo ao eterno génio da guitarra e à memória de sua mãe, Luzia Gomes, natural desta povoação castromarinense. A requalificação, que representa um investimento de 325 mil euros, engloba também a beneficiação dos arruamentos da envolvente (zona nascente), uma intervenção que se revela indispensável na melhoria das condições de mobilidade em Monte Francisco e um anseio antigo desta população, que esperava há largos anos por esta obra. Paralelamente, está a decorrer um concurso para a pavimentação dos arruamentos da zona poente da localidade, empreitada avaliada em cerca de 100 mil euros. A melhoria dos arruamentos das povoações do concelho tem sido uma das principais preocupações deste executivo, que promoveu a execução de dezenas de projetos, avançando agora as obras. Já concluídas foram as intervenções na estrada de acesso à Praia Verde, Urbanização da Quinta do Sobral, em Castro Marim (Rua Dr. Alves Moreira e Rua 25 de Abril) e Junqueira, estando ALGARVE INFORMATIVO #117

previstas para breve as obras em Odeleite, Azinhal, Altura, Rua da Arrancada e Casa Alta. O Largo Manuel Gomes - Tributo a Paco de Lucía nasce da vontade de ampliar e promover o laço do «mestre absoluto do flamenco» a Castro Marim, mais especificamente a Monte Francisco, onde viveu a sua mãe, cuja alegria e semblante lusitano sempre o orgulhou e inspirou. A sua ligação às raízes maternas perpetua-se no nome artístico de Francisco Gustavo Sánchez Gomes – Paco de Lucía - e nos álbuns de «Castro Marín» (1981) e «Luzia» (1998). A requalificação do Largo Manuel Gomes - Tributo a Paco de Lucía é um projeto enquadrado no Plano de Ação de Desenvolvimento de Recursos Endógenos (PADRE), aprovado no âmbito do PO CRESC ALGARVE 2020, a cofinanciar a 70 por cento pelo FEDER .

82


INFRAMOURA LANÇA NOVA CAMPANHA DE SENSIBILIZAÇÃO

«A

jude-nos a manter Vilamoura mais limpa!» é o mote da nova campanha lançada para reforçar o civismo e acabar com comportamentos inadequados no espaço público de Vilamoura e Vila Sol, um território cuja gestão é frequentemente apontada como exemplo de boas-práticas. A campanha de sensibilização ambiental e cívica está centrada na correta deposição de resíduos e na limpeza e higiene urbana, tendo arrancado durante a época alta do turismo balnear e prolongando-se até final do ano. Nesse sentido foi desenvolvido um logótipo para a marca «Inspira Vilamoura» e produzida sinalética relativa aos resíduos urbanos, que foi aplicada em placas estrategicamente colocadas junto aos contentores, apelando à correta deposição e informando das coimas aplicáveis. A campanha inclui ações de comunicação em vários meios como: mupis e outdoors, ação de rua com a oferta de giveaways alusivos à campanha, folhetos e boletins informativos, assim como publicações nas redes sociais e website da Inframoura (www.inframoura.pt). “Vilamoura está na moda e é um dos mais procurados 83

destinos de férias do país. Nesta época do ano, recebemos milhares de visitantes de todo o mundo, aumentando expressivamente a população. Por isso, durante o Verão ainda dedicamos mais atenção à limpeza urbana e à gestão dos resíduos, serviços essenciais para garantirmos os elevados padrões de qualidade de vida que caracterizam Vilamoura”, refere a presidente do conselho de administração da Inframoura, Fátima Catarina. Recorde-se que a Inframoura é responsável pela recolha dos resíduos indiferenciados e que a ALGAR, Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A. assegurar a recolha seletiva de resíduos . ALGARVE INFORMATIVO #117


ATUALIDADE

CENTRO HOSPITALAR E UNIVERSITÁRIO DO ALGARVE FOI APROVADO EM CONSELHO DE MINISTROS

F

oi aprovado pelo Conselho de Ministros, no dia 20 de julho, o decreto-lei que altera a denominação do Centro Hospitalar do Algarve para Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, de modo a intensificar a integração das atividades de ensino superior, investigação e transmissão do conhecimento científico na prestação de cuidados de saúde e, assim, aumentar a qualidade destes cuidados e contribuir para a fixação de profissionais qualificados na região. O diploma procede também à transferência para este Hospital das competências da Administração Regional de Saúde do ALGARVE INFORMATIVO #117

Algarve relativas ao Centro de Medicina Física e de Reabilitação do Sul, de modo a aproveitar sinergias, garantir uma utilização mais eficiente dos recursos humanos e financeiros disponíveis e obter ganhos de racionalidade e qualidade. Esta importante decisão de ponto vista estratégico para o Serviço Nacional de Saúde vai contribuir para ultrapassar os problemas estruturais da Saúde no Algarve, tal como o Presidente do Conselho Diretivo da ARS Algarve, Paulo Morgado, defendeu quando iniciou funções, em março do corrente ano. Neste processo, a ARS Algarve apostou no diálogo com os trabalhadores, com o Reitor da Universidade do Algarve, 84


com as câmaras municipais, com as entidades sindicais e as ordens profissionais e dessas audições resultou um consenso generalizado de todos os trabalhadores, sindicatos e de todo espectro político que constitui uma oportunidade única. O Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) será composto por quatro pólos: duas unidades hospitalares (uma em Portimão/Lagos e outra em Faro), o Centro de Medicina de Reabilitação do Sul e um polo de investigação e de ligação com a Universidade do Algarve, que vão trabalhar em conjunto e com grande autonomia. O objetivo é aumentar a atratividade do CHUA para que possa receber mais médicos, enfermeiros e outros técnicos de saúde, e ao mesmo tempo reforçar a ligação à Universidade, nomeadamente fortalecer e potencializar o curso de Medicina, para poder oferecer aos profissionais de saúde uma oportunidade de crescer também no plano de investigação e dessa maneira criar uma estrutura hospitalar forte, atrativa e dinâmica. O Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, sublinhou, na conferência de imprensa do Conselho de Ministros, que a criação do CHUA, para além dos «impactos diretos» que vai ter nos hospitais de Faro e de Portimão, e na relação com a Universidade do Algarve e a Faculdade de Medicina, também “resolve um problema que se arrastava há anos” no Centro de Medicina Física e de Reabilitação do Sul, que agora passa para um «regime de Entidade Pública Empresarial», assim “solucionando todos os constrangimentos em termos de contratação de recursos humanos” para toda a região . 85

ALGARVE INFORMATIVO #117


ATUALIDADE

INEM REFORÇA MEIOS DE EMERGÊNCIA NO ALGARVE E ATRIBUI AMBULÂNCIA A ALCOUTIM

M

ais sete ambulâncias e dois motociclos vão reforçar o dispositivo de meios do INEM da Região do Algarve nos meses de Verão. A celebração dos protocolos de cooperação entre o INEM, os Bombeiros e a Cruz Vermelha Portuguesa, com vista a reforçar os meios de emergência e a capacidade de resposta a situações de acidente ou doença súbita, realizou-se, no dia 17 de julho, na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, em Faro. A cerimónia juntou o Presidente do Conselho Diretivo do INEM, Luís Meira, o Presidente do Conselho Diretivo da ARS Algarve, Paulo Morgado, o Presidente do Conselho Executivo da Liga de Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, o Presidente da Delegação de Faro da Cruz Vermelha Portuguesa, Norberto Martins, e o Vice-Presidente da CCDR Algarve, Adriano Guerra, e incluiu ainda a assinatura de um protocolo para constituição de um Posto de Emergência Médica no Corpo de Bombeiros Voluntários de Alcoutim. No decorrer da sessão, Paulo Morgado enalteceu a disponibilidade da Cruz Vermelha Portuguesa e dos Bombeiros para assumirem esta colaboração com o INEM e considerou ser este um dia muito importante para o Algarve. “Com estes protocolos consegue-se fazer um reforço de meios do INEM na Região que representa o dobro daquele que foi feito ALGARVE INFORMATIVO #117

no ano passado. Este esforço que o INEM está a fazer significa dinheiro. Quanto mais meios existirem no terreno, maior é o investimento que o INEM faz, portanto, agradeço ao INEM que, apesar das dificuldades, soube encontrar os meios para conseguir colocar no terreno um dispositivo que conseguirá prestar um serviço melhor e mais segurança à nossa população”, salientou o presidente da ARS Algarve, destacando ainda o Posto de Emergência Médica aberto em Alcoutim “Estamos a caminhar para ter o Algarve todo coberto com meios de emergência facilmente acessíveis e com equidade para todos os cidadãos, quer eles vivam na serra, no barrocal ou nas zonas do litoral”. O Presidente do Conselho Diretivo do INEM, Luís Meira, também reconheceu a importância destes protocolos de colaboração com os Bombeiros e com a Cruz Vermelha Portuguesa para, em conjunto, se conseguir responder às necessidades da população, quer em acidentes, quer em situações de doença súbita. “Estamos em condições de assegurar o socorro e assistência em emergência seja feita com a capacidade, a competência e os recursos necessários no terreno. É importante começar a olhar para o Algarve não só no Verão mas ao longo de todo o ano, visto que a sazonalidade do turismo vai-se esbatendo e a região consegue ter cada vez mais visitantes todos os meses do ano”. Na sua intervenção o Presidente do Conselho Executivo da Liga de Bombeiros 86


Portugueses, Jaime Marta Soares, elogiou este juntar de vontades e realçou que a cerimónia, apesar de simples, demonstra que se está a seguir por “um novo e melhor caminho na melhoria da prestação de cuidados às nossas populações, o que mostra uma nova abertura do INEM e reforço de uma coabitação e parceria com os bombeiros para servir melhor e com confiança as nossas populações”. No mesmo sentido, o Presidente da Delegação de Faro da Cruz Vermelha Portuguesa, Norberto Martins, destacou a vasta experiência e tradição da Cruz Vermelha Portuguesa nesta área de intervenção, mostrando-se convicto de que estão capacitados para dar uma resposta adequada em articulação com o INEM. Assim sendo, ao dispositivo já existente durante o resto do ano, composto por 37 meios de emergência médica disponíveis em permanência, o reforço sazonal de meios do INEM prevê mais sete 87

ambulâncias e dois motociclos. Alguns dos meios que integram o dispositivo de reforço sazonal estão já em atividade desde o dia 1 de junho e vão continuar até ao dia 30 de setembro. Entretanto, com a constituição de um Posto de Emergência Médica no Corpo de Bombeiros Voluntários de Alcoutim o INEM capacita, à exceção do concelho de Castro Marim - que não dispõe de Bombeiros ou CVP - a totalidade dos concelhos do Algarve com uma Ambulância do INEM. A partir desta data, este Corpo de Bombeiros inicia o processo conducente à operacionalização de uma Ambulância de Socorro subsidiada pelo INEM e que se destina a prestar cuidados pré-hospitalares à população do concelho, reforçando a assistência médica préhospitalar a situações de acidente ou doença súbita. O INEM reforçou também a sua presença no Algarve com a recente reativação funcional da sua Delegação Regional, que havia sido desativada em 2012 . ALGARVE INFORMATIVO #117


ATUALIDADE

CAFÉ CALCINHA REABRIU E PROMETE DINAMIZAR LOULÉ

P

assado mais de um ano encerrado para ser alvo de uma intervenção profunda, na ordem dos 120 mil euros, o Café Calcinha abriu portas, no dia 14 de julho, naquele que foi mais um momento marcante para a história de Loulé, com muitos louletanos a quererem conhecer a nova imagem deste emblemático espaço de tertúlia da cidade. Um Calcinha “com todo o seu esplendor, absolutamente recuperado, lindíssimo e com uma atmosfera fantástica”, como referiu Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé. ALGARVE INFORMATIVO #117

As obras visaram reabilitar o local cuja memória se funde com a vida e obra do poeta António Aleixo, que ali escreveu grande parte das suas quadras, mas mantendo a sua traça e mobiliário originais, nomeadamente as cadeiras e mesas de madeira e mármore, com o modelo do início do século XX, e os candeeiros Art Deco, entretanto recuperados. A exploração do espaço, propriedade da Autarquia, foi concessionada a três jovens empresários da cidade (João Apolónia, Bruno Inácio e Tiago Soares), através de um concurso público. Em termos conceptuais, o Calcinha continuará a 88


funcionar como um estabelecimento misto de restauração e bebidas, agora também com alguma programação de âmbito social e cultural. Apresentação de livros, tertúlias, debates, momentos musicais serão algumas das propostas que irão dinamizar aquele que é um dos cafés que integra a «Rota dos Cafés de Portugal com História». Até ao mês de setembro, o Café Calcinha estará em fase de pré-abertura, período durante o qual a gerência pretende adequar o espaço ao seu funcionamento ideal, acrescentando gradualmente um conjunto de produtos e serviços que irão de encontro à preferência dos clientes. “Estes jovens empreendedores têm as melhores referências e tenho a certeza que, com a exploração deste espaço, vão dignificar em muito a memória do Calcinha e vão dar um contributo muito importante para a reanimação do sentido urbano desta cidade”, considerou Vítor Aleixo. O autarca aproveitou este momento importante da vida do Calcinha para recordar outros que também marcaram a sua história, nomeadamente a inauguração, em 1996, da escultura de António Aleixo, da autoria do Mestre Lagoa Henriques, e que foi apadrinhado com a presença de Mário Viegas, ator, poeta, dramaturgo. “Não podemos esquecer que este espaço está em muito ligado à figura do poeta Aleixo, meu avô, que regularmente convivia neste espaço com os seus amigos e bebia diariamente o seu galãozinho. Se recuarmos na memória, se formos fazer a história deste espaço, ele está cheio de momento culturais e sociais muito interessantes ligados à melhor memória dos louletanos

89

que amam a sua cidade”, afirmou o presidente da Câmara. Localizado no centro de Loulé e no eixo comercial mais importante, o Café Calcinha foi durante o último século, e até aos dias de hoje, um marco sociocultural da população local e de todos os visitantes, sendo o único espaço de tertúlia na história da cidade, que lhe configurou o privilégio de ser o estabelecimento mais emblemático e referenciado na história local, integrando a «Rota dos Cafés de Portugal com História». Ao longo das décadas e no decurso da sua já longa história (foi implantado em 27 de agosto de 1927), muitos foram os nomes importantes da vila que o frequentaram e mais as histórias que por lá se contaram, de geração em geração, entre as tertúlias, os cafés, o medronho, o capilé ou a ginjinha e as cigarrilhas ou onças de tabaco. Dele fizeram parte figuras de prestígio da vida pública louletana e nacional, destacando-se Frutuoso da Silva, Bernardo Lopes, Bexiga Peres, Pedro de Freitas, Reais Pinto, José Inês ou Joaquim Magalhães. Mas nenhum deles, porém, atingira a notoriedade de António Aleixo, que se destacou pelas suas réplicas mordazes e subtis em quadras soltas e sábias; no exterior foi colocada uma estátua em bronze, numa homenagem mais do que justa ao poeta popular. É hoje um dos cartões-de-visita da cidade, sendo a sua fachada e o seu interior retratados em muitos folhetos turísticos e internet como ex-líbris de Loulé. Em 2012, foi classificado como Imóvel de Interesse Municipal e, em 2014, a Câmara Municipal de Loulé adquiriu este edifício, pelo valor de 180 mil euros .

ALGARVE INFORMATIVO #117


ATUALIDADE

PRIMEIRO-MINISTRO VISITOU EMPRESA LÍDER DE MERCADO EM OLHÃO

O

Primeiro-Ministro esteve Olhão, no dia 17 de julho, onde foi recebido pelo presidente da Câmara Municipal António Miguel Pina. Acompanhado pela Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, pelo Secretário de Estado das Pescas, José Apolinário, e por outros membros do poder central e local, António Costa começou a sua visita ao Algarve na Cidade da Restauração, onde visitou a empresa «Sparos», spin-off do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, que aqui se dedica à inovação e desenvolvimento de novos produtos, tecnologias e processos para a alimentação de peixes. No final da visita, o Primeiro-Ministro mostrou-se impressionado com a ALGARVE INFORMATIVO #117

qualidade do trabalho desenvolvido por esta empresa olhanense de projeção internacional. “A «Sparos» é um excelente exemplo de como uma empresa de conhecimento intensivo pode contribuir decisivamente para mudar aquilo que é, não só a indústria, mas também o perfil tecnológico do País e, sobretudo, concorrer para a sustentabilidade futura da qualidade da alimentação humana com base no peixe, que é, de facto, a opção de melhor qualidade”, afirmou, uma opinião secundada pelo presidente da Câmara Municipal, António Miguel Pina. “É um motivo de regozijo para todos nós podermos contar no concelho com uma empresa com um caráter tão inovador como a «Sparos». É este tipo de projetos, 90


dedicados à investigação, à inovação e, sobretudo, viradas para o mar, que queremos atrair para Olhão”. A «Sparos» é uma PME de cariz científico e tecnológico dedicada ao desenvolvimento de novos produtos e soluções nutricionais para o mercado da aquacultura, localizada em Olhão, mas

que serve todo o mercado europeu. Com um capital humano altamente especializado, procura soluções que respondam aos desafios de sustentabilidade da indústria, através da inovação em novos produtos e novos processos de alimentação e nutrição de peixes .

ESCOLA EB 1 E JARDIM DE INFÂNCIA DO LARGO DA FEIRA ALVO DE INTERVENÇÃO

A

Câmara Municipal de Olhão está a proceder, durante o período de férias escolares de Verão, a um conjunto de empreitadas no parque escolar do concelho, por forma a proporcionar melhores condições aos alunos, pessoal docente e não-docente, já no início do próximo ano letivo. É o caso da Escola EB 1 e Jardim de Infância do Largo da Feira, que vai ser alvo de uma intervenção de pintura exterior em todos os edifícios. Também o campo de jogos e 91

a pista de atletismo da escola serão requalificados, através da substituição dos pisos desportivos. O contrato da empreitada, cujo prazo de execução é de 60 dias, foi assinado com a empresa A.M. Barriga – Engenharia e Construção, Lda., por um preço total de adjudicação de 92 mil e 987 euros. Uma vez concluída a intervenção, os edifícios centenários norte, sul e do pré-escolar terão o seu exterior renovado. No que diz respeito à intervenção nos equipamentos desportivos, contempla a substituição dos pisos desportivos do campo de jogos e da pista de atletismo por um piso que garante condições essenciais à sua utilização, como resistência, segurança, poupança de energia e isolamento térmico.

ALGARVE INFORMATIVO #117


ATUALIDADE

MONTE GORDO INAUGUROU MAIOR PASSADIÇO PEDONAL DO SOTAVENTO

O

município de Vila Real de Santo António inaugurou, no dia 14 de julho, o passadiço pedonal da praia de Monte Gordo. A estrutura, que contou com um investimento de um milhão de euros, possui três quilómetros de extensão e constitui já o maior passadiço sobrelevado do Sotavento algarvio. O evento decorreu em ambiente de festa, onde milhares de pessoas quiseram conhecer de perto aquela que será principal atração deste Verão e que constitui o primeiro passo da grande operação que renovará o rosto de Monte Gordo. A estrutura foi batizada como Passeio Marítimo Dr. António Almeida Santos, em homenagem ao ex-presidente ALGARVE INFORMATIVO #117

da Assembleia da República, frequentador assíduo desta localidade e que em muito contribuiu para a consolidação turística da praia de Monte Gordo, com a qual mantinha laços de afinidade. O passadiço está iluminado em toda a sua extensão, possuindo zonas de descanso, bem como um circuito pedonal e de lazer. Na ocasião, o presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António anunciou a construção da fase II do passadiço, que irá ligar o troço já existente à praia de Santo António (perto da foz do Rio Guadiana). O prolongamento está orçamentado em um milhão de euros e terá mais quatro quilómetros de extensão, sempre com o magnífico enquadramento da Mata Nacional das Dunas Litorais. Uma vez 92


terminado, será o maior do Algarve e um dos mais extensos do país. Além do acesso ao areal, o equipamento garante, este Verão, o acesso a todos os apoios de praia existentes em Monte Gordo, que poderão funcionar normalmente até ao dia 15 de outubro. Após essa data, os concessionários terão até ao dia 8 de fevereiro de 2018 para demolir as antigas estruturas e proceder à construção das novas, que ficarão ao mesmo nível do passadiço e possuirão uma arquitetura uniformizada. “Este é o passadiço de todos: da população, dos agentes económicos e empresariais e dos que escolhem a baía de Monte Gordo para passar férias. Queremos, pois, a reafirmação daquela que foi a primeira zona balnear do Algarve e onde nasceu o turismo algarvio, nos anos 60, com a

93

construção do Hotel Vasco da Gama. O passeio marítimo obrigou a uma grande concertação, mas os bons resultados estão à vista”, referiu Luís Gomes, presidente da Câmara Municipal de VRSA. Ao nível ambiental, será ainda recuperado o cordão dunar da praia, enquanto as construções a implementar serão sobrelevadas, de forma a evitar o pisoteio, e obedecerão a materiais e projetos sustentáveis. A reabilitação da praia de Monte Gordo junta-se ao processo de requalificação da frente de mar (calçadão), promovido pela autarquia de Vila Real de Santo António e avaliado em 2,2 milhões de euros. O passadiço será comparticipado pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos e pela Agência Portuguesa do Ambiente .

ALGARVE INFORMATIVO #117


ALGARVE INFORMATIVO #117

94


95

ALGARVE INFORMATIVO #117


DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 5852 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Fábio Mestrinho

A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos.

ALGARVE INFORMATIVO #117

96


97

ALGARVE INFORMATIVO #117


ALGARVE INFORMATIVO #117

98


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.