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ALGARVE INFORMATIVO 8 de julho, 2017

TURISMO RURAL | CENTRO DE CIÊNCIAS DO MAR CENAS NA RUA| OUTRAS HISTÓRIAS DA APATRIS 21

ANA1MOURA & COMPANHIA ENCHERAM ZONA HISTÓRICA LOULÉ ALGARVE DE INFORMATIVO #115


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CONTEÚDOS ARTIGOS 12 - Festival MED 24 - Cenas na Rua 34 - Centro de Ciências do Mar 46 - Pentateuco 52 - Turismo Rural 62 - Outras Histórias da APATRIS 21 82 - Atualidade

OPINIÃO 70 - Paulo Cunha 72 - Mirian Tavares 74 - Adília César 76 - Fábio Jesuíno 78 - Carlos Gouveia Martins 79 - Diogo Agostinho

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Propostas arrojadas do MED atraíram milhares à Zona Histórica de Loulé Texto:

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uatro noites com casa cheia, ruas com um ambiente único, bandas dos quatro cantos do mundo com as mais diversas sonoridades e um conjunto significativo de experiências culturais marcaram a 14.ª edição do Festival MED que, de 29 de junho a 2 de julho, teve lugar na Zona Histórica de Loulé. No ano em que este evento recebeu o prémio de «Melhor Festival de Média Dimensão» da Península Ibérica, as expetativas eram elevadas e o cartaz do Festival MED deu aos seus seguidores, e a todos os que pela primeira vez foram a Loulé, uma oferta de elevada qualidade, com nomes aclamados internacionalmente, artistas portugueses que se têm destacado no circuito das músicas do mundo e, sobretudo, projetos ALGARVE INFORMATIVO #115

inovadores, alguns dos quais em estreia absoluta no nosso país, e que surpreenderam o público. Nos três palcos principais – Matriz, Cerca e Castelo – ouviu-se a tradição musical, por exemplo, de países como Cabo Verde, através das vozes femininas de Lura, Mayra Andrade ou Teté Alhinho, do sul de Itália, com os alegres Canzioniere Gracanico Salentino, ou a frenética Fanfare Ciocarlia, um digníssimo representante dos Balcãs. Numa vertente mais inovadora e contemporânea, a fusão de sonoridades em projetos verdadeiramente arrebatadores como as duas bandas sulamericanas Che Sudaka (Argentina/Colômbia) e Boogat (México) trouxe um entusiasmo natural à plateia 14


que dançou e cantou ao som de cumbias entrelaçadas com ska ou de hip-hop mesclado com reggaeton. Exímio na execução instrumental, com raízes profundas na Guadalupe, o grupo Delgres, liderado pelo francês Pascal Danae, levou a assistência numa viagem musical ao nascimento dos blues, mas foi sobretudo um dos instrumentos em palco – o sousafone – que mais surpreendeu o público. O Fado esteve presente ao seu mais alto nível, com a diva Ana Moura a ser o principal motivo da enchente da noite inaugural do MED, mas também Hélder Moutinho e Fábia Rebordão a atuarem no Palco Castelo perante uma plateia amante da mais genuína manifestação musical portuguesa. Fado que, de resto, voltou a ter um palco próprio – MED Fado, no Claustro do Convento Espírito Santo – dando a conhecer fadistas algarvios.

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Pelo Palco Bica, programado em parceria com a Casa da Cultura de Loulé, passaram outros talentos da região, alguns ainda pouco conhecidos, mas que têm no Festival MED um importante veículo de promoção do seu trabalho, enquanto que, no Palco Arco, o conceito «One Man Show» voltou a imperar. A música clássica ecoou no interior da Igreja Matriz, património histórico da cidade, e no fantástico miradouro do Jardim dos Amuados foram os sons mais tradicionais dos países do Magreb que se fizeram ouvir. Contudo, não só de música se fez o MED e outras propostas culturais estiveram em destaque. Nas artes plásticas, evidência para a tradicional exposição de rua patente, este ano com o tema «A Magia da Mala» para dar a

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conhecer a visão de 17 artistas sobre um universo de viagem, de descoberta e mistério à volta de um objeto: a mala de viagem. Criatividade foi algo que não faltou estes dias em Loulé e o projeto do Município de valorização da identidade do território «Loulé Criativo» associou-se ao festival para dar a conhecer aos visitantes o trabalho que tem sido realizado ao nível do apoio à formação, inovação e atividade de artesãos e profissionais do setor criativo do Concelho, bem como o programa de experiências de aprendizagem que dão ao turista a possibilidade de experimentar «hands on» a cultura de um lugar, através da arte, do artesanato, da gastronomia, do património. Numa antiga alfaiataria na Rua do Município, a par de uma exposição de trabalhos do fotógrafo Vítor Pina, a rede de parceiros e facilitadores prestaram alguns esclarecimentos sobre o projeto. ALGARVE INFORMATIVO #115

Os animadores de serviço proporcionaram momentos únicos ao visitante que, logo à entrada do recinto, era «brindado» com um original concerto suspenso no interior do Mercado Municipal. Teatro de rua, fanfarras, espetáculos de fogo, um cantautor com música de intervenção ou um cantor de música de inspiração islâmica, acompanhado por uma bailarina de dança do ventre, protagonizaram muita animação e interação com o público. Os grupos de cantares alentejanos e os ranchos folclóricos mereceram uma atenção especial, sobretudo por parte dos muitos turistas internacionais deliciados com estas manifestações etnográficas características do Sul de Portugal.

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A Poesia do Mundo contou este ano com declamadores de poesia de autores de vários países que, nas respetivas línguas e em português, juntaram mais um ingrediente multicultural ao MED, o mesmo sucedendo com o Cinema de vários países que, nas vésperas do arranque do Festival, marcou presença na Alcaidaria do Castelo. Foi também nesse espaço que Miguel Cadete, diretor da Revista Blitz, Pedro Esteves, jornalista do «Observador» e Pedro Primo de Figueiredo, jornalista da Agência LUSA, com a moderação de Edgar Canelas, da Antena 1, debateram a importância da Comunicação Social na projeção e credibilização dos festivais de música. A título de balanço, o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, sublinhou o sucesso desta 14ª edição do ALGARVE INFORMATIVO #115

MED. “Desde o primeiro dia foi mais uma edição com um cartaz riquíssimo e com muita gente que se deslocou a Loulé para assistir ao evento. Tudo correu muito bem, um numeroso público e muitas propostas musicais e noutras vertentes culturais de elevada qualidade”, considerou, frisando ainda os muitos turistas que estiveram em Loulé vindos de vários pontos da Europa mas não só. “Já sabíamos que o MED tinha a capacidade de atrair turistas de Espanha mas este ano pudemos verificar que também vieram pessoas de outros países europeus e, inclusivamente, de outros continentes, para assistir ao MED. Este é um facto assinalável e só pode regozijar-nos e estimular-nos a fazer cada vez melhor, com mais qualidade e sempre com patamares de exigência mais acima”, garantiu Vítor Aleixo. 18


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De acordo com um estudo do Turismo de Portugal realizado em 2015, 40 por cento do Festival MED são estrangeiros, com destaque para os espanhóis, britânicos, franceses, alemães e holandeses. Nesse sentido, Carlos Carmo, coordenador do evento acredita que, cada vez mais, deverá ser feita uma forte promoção internacional. “O MED já não é só um festival de Loulé ou do Algarve, é um festival de Portugal e de além-fronteiras”, disse. “Foi mais um sucesso ao nível da afluência, com três dias em crescendo, que culminaram com um sábado que voltou a ultrapassar as expetativas da organização. Tivemos o recinto completamente cheio e inclusivamente tivemos que pôr em prática um plano alternativo de circulação das pessoas dada a forte afluência”, explicou . 21

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REPORTAGEM

CENAS NA RUA AQUECEM NOITES DE TAVIRA Texto:

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ascido em 2005, o Festival Internacional de Teatro e Artes na Rua de Tavira «Cenas na Rua» é um dos principais certames do género levado a cabo em território nacional, não apenas pela sua duração, cerca de duas semanas, mas também pela variedade de espetáculos de diversas origens, direcionado para todos os públicos e idades. Este ano não é exceção e, no âmbito do programa cultural «Verão em Tavira», o «Cenas na Rua» volta ao terreno, de 2 a 15 de julho, com muitas novidades e alguns dos melhores grupos e projetos portugueses e internacionais. Os espetáculos intimistas e visuais têm uma forte interação com o público e realizam-se normalmente no Pátio do Palácio da Galeria e na Praça da República. No dia 4 de julho, várias dezenas de pessoas juntaram-se no Pátio do Palácio da Galeria para assistir a «Mythos», do Teatro Extremo, um espetáculo de inspiração clownesca para

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toda a família e com interpretação de Bibi Gomes, Fernando Jorge Lopes e Rui Cerveira. Trata-se de uma criação original, com direção artística de Joseph Collard, clown belga cofundador da companhia «Les Funambules» e que integra o elenco do espetáculo «Ovo» do Cirque du Soleil. Na génese da ação está uma conferência sobre a Mitologia, com os personagens a fazerem uma «viagem», em tom de comédia, em demanda da curiosidade e da imaginação universal, glosando os mitos universais e urbanos para expor a condição humana na nossa sociedade contemporânea. No dia seguinte foi a vez de centenas de pessoas vibrarem, na Praça da República, com o «Vincles» do Circ Bover, de Palma de Maiorca. Os espanhóis conceberam este espetáculo de circo contemporâneo quando celebraram, em 2015, a primeira década de existência como companhia e, a partir de simples canas de bambu, conseguem transmitir a elegância e técnica das artes circenses numa montagem totalmente diferente. Os elementos cénicos transformam-se com as emoções, surgindo diferentes números de circo que demonstram ao público como, partindo do essencial, de elementos simples, se pode chegar à sofisticação artística e técnica . ALGARVE INFORMATIVO #115

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ENTREVISTA

“O FUNDAMENTAL NA CIÊNCIA É O CAPITAL HUMANO”, GARANTE ADELINO CANÁRIO Foi apresentado há algumas semanas um projeto de requalificação urbana para o Porto Comercial de Faro em que uma das pedras basilares seriam as novas instalações do CCMAR – Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve. O tema motivou uma conversa com o diretor Adelino Canário, para ficarmos a conhecer um pouco melhor a realidade de um dos centros de investigação ligados ao mar mais prestigiados do planeta. Texto: Fotografia:

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azáfama é uma constante nos laboratórios do Campus das Gambelas da Universidade do Algarve, com as várias equipas de investigadores do CCMAR – Centro de Ciências do Mar envolvidas em múltiplos projetos, daí o sonho da construção de raiz de novas instalações, com um local onde se pudessem manter organismos vivos em boas condições e que viria substituir o espaço situado no Canal do Ramalhete, nas traseiras do Aeroporto Internacional de Faro. “Só a «bicharada» mais resistente é que consegue lá estar, porque a zona está sujeita a grandes rotações ambientais”, conta, em tom de brincadeira, Adelino Canário. “Também há determinadas áreas de investigação que funcionam melhor junto ao mar e gostaríamos de colocar equipas diferentes a trabalhar no mesmo sítio. Nas Gambelas, estamos espalhados por vários edifícios que não foram pensados para fins de investigação, portanto, seria bastante interessante termos instalações que fossem desenhadas e planeadas, desde o início, para esse efeito”, acrescenta o diretor do CCMAR.

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Adelino Canário lembra que a ciência funciona muito por cooperação, mas também por competição, de modo que é preciso estar sempre na vanguarda do conhecimento e a trabalhar com as tecnologias mais atuais. Para além disso, a possível mudança para o Porto de Recreio de Faro permitiria que empresas ligadas ao setor do mar funcionassem numa maior proximidade com o centro de investigação, o que traria benefícios claros para ambas as partes. “Já para não falar de se concentrar naquele local toda a formação pós-graduada da área do mar da Universidade do Algarve. Na realidade, seria quase como que criar um novo campus universitário ligado ao mar, com todas as vantagens de estar junto ao mar e de ligar pessoas com formações e competências muito diferentes”, observa o entrevistado, considerando que esse polo seria bastante atrativo para investigadores nacionais e estrangeiros. “A ciência tem esta vertente de interação com pessoas que pensam de forma distinta ou que têm outras perspetivas dos mesmos

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assuntos e isso contribuiria igualmente para a captação de novos alunos”. O Mar que constitui, de facto, uma fatia extremamente importante do dia-a-dia da Universidade do Algarve, mais do que o comum cidadão imagina, por associar mais rapidamente a região algarvia ao turismo, lazer, hotelaria, desportos náuticos, do que propriamente à investigação científica. “É evidente que o turismo é muito importante para o Algarve, representa 80 por cento da economia da região, e ninguém está a pensar em acabar ou diminuir o seu peso. A área ligada ao Mar desenvolveu-se rapidamente na Universidade do Algarve por existirem condições naturais para tal e, hoje, mais de 50 por cento da produção científica e do financiamento captado é feito através do CCMAR”, indica Adelino Canário. Financiamento que é sempre a parte mais complicada para quem trabalha em ciência, sabendo-se que os projetos não podem estar muito tempo parados à espera de meios financeiros, sob risco de, quando finalmente avançarem para o terreno, já outras equipas terem chegado à 37

meta. “Essa é a nossa luta diária. Temos que ser eficientes e rápidos porque vivemos numa eterna competição e, em determinadas áreas mais de ponta, às vezes há muitas equipas a fazerem a mesma coisa. De qualquer modo, penso que houve uma grande evolução em Portugal e não é justo dizer que o país não é «amigo» da Ciência. Claro que as coisas poderiam funcionar melhor mas, no geral, até sobrevivemos melhor à crise do que, por exemplo, os nossos colegas de Espanha, onde muitos investigadores partiram para outros países”, analisa Adelino Canário. Mais importante, na prática, para o diretor do CCMAR é saber conviver com a incerteza do que será o dia de amanhã, mas trabalhar com as mesmas ferramentas é, sem dúvida, essencial na Ciência. “A ideia de que os portugueses são mais inteligentes do que os outros é errada, somos exatamente iguais, mas há países que podem ter vantagens específicas em função das suas políticas de educação, de apoios ou de organização. Isso influencia, depois, a capacidade de se atrair os melhores ALGARVE INFORMATIVO #115


investigadores porque, na Ciência, o capital humano é que marca a diferença. Portugal está ainda numa fase juvenil da Ciência e beneficiamos muito da vinda de investigadores mais experientes”, assegura o professor, lamentando que o Algarve seja a região do país que menos apoios recebe do poder central nesta matéria. “Estamos na cauda nacional do investimento em ciência”, garante.

INVESTIGAR NO MAR É MUITO MAIS COMPLICADO DO QUE EM TERRA O dinheiro não abunda e as condições nem sempre são as melhores mas, apesar disso, o Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve é bastante reconhecido em termos internacionais, com Adelino Canário a enaltecer a dinâmica dos homens e mulheres do

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CCMAR, nomeadamente até na obtenção de apoios financeiros provenientes da União Europeia e do meio empresarial. “Vamos procurando sempre arranjar maneiras de tirar vantagens do que existe no mercado e, até agora, temos tido essa capacidade”, afirma o entrevistado, falando em cerca de 14 equipas de investigação a atuar em áreas diversas como as pescas, aquacultura, biotecnologia, ecologia, biomedicina ou remediação ambiental. Investigadores seniores, com doutoramento, ultrapassam a centena e, à volta destes, há investigadores mais jovens, com a estrutura do CCMAR a rondar os 250 elementos. Uma vantagem do CCMAR é que a esmagadora maioria dos seus investigadores dedica-se apenas à investigação, não acumulando funções de docente na Universidade do Algarve.

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“Somos perto de 30 professores/investigadores, todos os outros são apenas investigadores e essa é uma das razões do nosso sucesso. O tempo médio de lecionação é muito elevado em Portugal e não é fácil fazer investigação em simultâneo”, assume Adelino Canário, concordando que muito do trabalho realizado pelo centro, no dia-adia, não é de fácil compreensão para a sociedade civil. “Na investigação, é muito difícil prever o que vamos encontrar e há coisas que podem parecer perfeitamente desinteressantes para as pessoas, e até mesmo para outros investigadores e, de repente, descobre-se algo com bastante importância. Por isso, no CCMAR temos elementos que estão a fazer investigação pelo simples ato de descobrir, sem estarem preocupados para o que é que aquilo vai servir; e temos outros que

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fazem investigação para responder a questões concretas colocadas por empresas”, distingue o diretor. Tendo a investigação esta componente de incerteza, para além da sua complexidade, Adelino Canário reconhece a importância de um relacionamento mais estreito com o público em geral, com a comunidade local, com a sociedade civil. “Temos a preocupação de tentar disseminar essa informação pelo maior número possível de pessoas, somos frequentemente visitados por alunos das nossas escolas e participamos em feiras e iniciativas abertas ao público em centros comerciais. É uma área que queremos reforçar porque, quanto mais esclarecidos os cidadãos estiverem, maior valor dão àquilo que fazemos e

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isso, depois, pode refletir-se em termos de financiamento”, justifica. Certo é que o Mar se tornou uma prioridade para a Europa, porque as questões das alterações climáticas estão muito associadas a ele, mas Adelino Canário sublinha que é muito mais complicado investigar-se dentro de água do que em terra. “A água é viscosa, é difícil penetrar nela em profundidade e também é bastante mais barato percorrer 100 quilómetros de carro do que de navio. É natural que as prioridades sejam definidas em função da vertente económica, mas Portugal sempre teve uma forte ligação ao Mar e esse interesse reavivou-se no passado recente. Hoje, estamos melhor posicionados para 41

desempenharmos um papel importante nesta matéria do que há um século atrás”, refere o diretor do CCMAR. Entretanto, passar dos laboratórios para o mercado, para a casa dos consumidores, depende do setor em que decorrem as investigações, sendo o processo mais moroso quando envolve a saúde humana. “Por vezes, o estudo até pode não ser suficientemente útil para se investir milhões e milhões até ser utilizado 15 anos depois. Há casos em que o know-how é transferido quase imediatamente, noutros, pode haver necessidade de se negociarem cedências de direitos e patentes. Aliás, já damos maior importância a um departamento de assuntos jurídicos ALGARVE INFORMATIVO #115


para lidar com essas questões de propriedade intelectual”, revela Adelino Canário. “Temos projetos praticamente em todo o mundo, desde as regiões polares do Norte às do Sul, na Austrália e na China. A Europa é um ponto fundamental, pelo financiamento e pela proximidade, e o principal parceiro de Portugal, na Ciência, é a Espanha. E, se dividirmos a produção científica portuguesa, na área do Mar, pelo número de habitantes, somos o segundo país no ranking europeu, apenas atrás da Noruega”, destaca. O cenário não é, assim, tão cinzento quanto se possa imaginar, mas isso não significa que seja muito fácil cativar as novas gerações para abraçar uma carreira na investigação. “Os nossos cursos da Universidade do Algarve continuam a ter bastante procura, nacional e internacional, e os próprios estudantes ALGARVE INFORMATIVO #115

vão passando a palavra. Depois, avançar para a investigação depende de conseguirem garantir uma regularidade de trabalho que lhes assegure a sustentabilidade, o que é um pouco mais difícil”, reconhece Adelino Canário, voltando a falar do problema de planear o futuro, o que não impede que haja projetos preparados para avançar no curto e médio prazo. “Até agora temos estado muito concentrados em Faro e pretendemos dar maior importância à Costa Vicentina e à zona de Sagres, com a instalação de um polo permanente para melhor cobrirmos a região sul. Temos também planos para os países de expressão portuguesa, desde arranjar parceiros locais a desenvolver projetos que envolvam entidades locais e não-governamentais. Tirando isso, é procurar estar na crista da onda em termos de investigação e ter o máximo de impacto local” . 42


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REPORTAGEM

RELANÇAMENTO DO PENTATEUCO RECORDA INÍCIO DA TIPOGRAFIA EM PORTUGAL A PARTIR DE FARO O Seminário Diocesano de Faro acolheu, no dia 30 de junho, o lançamento de uma edição comemorativa do Pentateuco, o primeiro livro impresso em Portugal, há 530 anos, precisamente na capital algarvia. Entre as muitas individualidades presentes, destaque para a participação na sessão da Embaixadora de Israel em Portugal, Tzipora Rimon. Texto:

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impressão do Pentateuco, em Faro, em 1487, marcou o início da tipografia em Portugal, facto que foi recordado, no dia 30 de junho, com a apresentação de uma edição comemorativa da passagem dos 530 anos da impressão, realizada por Samuel Gacon, do incunábulo depositado na British Library, em Londres. Trata-se de um dos momentos mais significativos da história da região pelo que tem de inaugural e, em simultâneo, pela evocação de um tempo em que o Algarve estava em coincidência com os movimentos de vanguarda intelectuais e tecnológicos, inscrevendo a cultura portuguesa no quadro amplo do Renascimento, aproveitando, pela primeira vez, o prelo e carateres móveis de Gutenberg. A publicação da obra resulta da coincidência de vontades e do esforço

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conjunto da editora «Sul, Sol e Sal» e do Círculo Teixeira Gomes – Associação pelo Algarve, e o local escolhido para a ocasião foi a Biblioteca do Seminário Diocesano de Faro, em consideração à entidade de pertença do incunábulo, da qual foi retirado durante a incursão do Conde de Essex por terras algarvias. A obra é acompanhada por um estudo introdutório de Manuel Cadafaz de Matos, da Academia Portuguesa da História, que contextualiza a edição na história da imprensa incunabular hebraica portuguesa e que foi traduzida para inglês por Ana Isabel Soares, do CIAC – Centro de Investigação em Artes e Comunicação, da Universidade do Algarve. Em simultâneo com o lançamento da versão fac-simile do Pentateuco, foi publicado um texto escrito e ilustrado

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O Bispo do Algarve, D. Manuel Neto Quintas e Luís Andrade, da Federação Portuguesa das Comunicações

pelos alunos das escolas E.B. Alto de Rodas e E.B. do Carmo, de nome «Uma Grande Aventura… No rasto do tesouro perdido», que tem como pano de fundo a incursão da armada que saqueou e incendiou Faro, levando, entre outras coisas, parte da biblioteca do Bispo do Algarve, D. Fernando Martins Mascarenhas, da qual constava precisamente o Pentateuco. Outra novidade foi o anúncio pela Fundação Portuguesa das Comunicações de que parte do acervo do seu museu será emprestado a um núcleo museológico a ser criado no Seminário Diocesano de Faro, sobre a escrita e a imprensa, e de onde sobressairá uma réplica do prelo de Gutenberg. Recorde-se que a Fundação Portuguesa das Comunicações foi criada, em 1997, tendo como instituidores a ANACOM – Autoridade Nacional de Comunicações, os ALGARVE INFORMATIVO #115

CTT - Correios de Portugal e a Portugal Telecom, sendo herdeira do antigo Museu dos CTT. “A nossa missão é guardar, preservar, promover e divulgar o património histórico, científico e tecnológico das telecomunicações em Portugal, sendo que a comunicação sempre foi o cerne da atividade humana em todas as esferas da vida. As sociedades fundam-se na comunicação e a história da evolução do homem espelha-se nos meios e modos de comunicar”, destacou Luís Andrade, presidente do Conselho Executivo desta fundação privada sem fins lucrativos. Luís Andrade lembrou que a escrita permitiu ao ser humano fixar acontecimentos, conhecimentos, reflexões, memórias, pensamentos e emoções, mas o seu valor só aumentou quando houve possibilidade de replicá48


la, primeiro através dos copistas e, mais tarde, da imprensa. Depois, houve que vencer as distâncias e o primeiro serviço de correio nasceu, em Portugal, em 1520, pelas mãos de D. Manuel I. “Antes disso, o povo não tinha acesso à troca de informação e conhecimento, que estava limitada à Igreja Católica e às Universidades”, recordou. “Hoje, temos tudo, ou quase tudo o que precisamos, em matéria de informação e conhecimento, na palma das nossas mãos, num telemóvel”, acrescentou o presidente da FPC. “Com base naquilo que se passou antes e no que está a acontecer agora, é muito importante que consigamos refletir e antecipar tendências do que será este mundo global onde todos falaremos com todos diariamente”. A finalizar a sessão, o Bispo do Algarve D. Manuel Neto Quintas sublinhou que a Igreja se interessa por tudo o que tenha a

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ver com a Cultura, motivo pelo qual prontamente se associou a esta iniciativa. “A Igreja está no Algarve desde o início do Século IV, somos protagonistas e devemos preservar, defender e desfrutar da cultura, em geral, e da cultura que tem particularmente a ver connosco. Estamos abertos para colaborar na promoção deste livro, bem como para criar espaços para acolher, se for possível e necessário, a réplica do prelo de Gutenberg”, afirmou, satisfeito por ver o auditório repleto de pessoas provenientes de vários pontos do Algarve. “A Diocese do Algarve e a Câmara Municipal de Faro estão a estudar a possibilidade de criarmos um Museu da Imprensa, na antiga Tipografia, que é uma fonte de cultura centenária impressionante”, confirmou ainda D. Manuel Neto Quintas .

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ENTREVISTA

TURISMO RURAL CONHECE UMA SEGUNDA VIDA NO ALGARVE… MAS NÃO É «PÊRA-DOCE»

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O Turismo Rural tem registado um grande fulgor nos últimos anos, com a recuperação de antigas unidades e o nascimento de novos hotéis rurais melhor apetrechados para responder aos desafios atuais do mercado e às exigências dos clientes modernos. Exemplo disso é o Hotel Quinta do Marco, localizado em Santa Catarina, concelho de Tavira, onde estivemos à conversa com o proprietário Hélder Martins. Texto:

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a estrada que liga Santa Catarina a Tavira encontrase o Hotel Quinta do Marco, uma unidade de turismo rural nascida há cerca de nove anos e que, depois de ter encerrado em 2014, foi adquirida e reaberta, em 2016, pelo conhecido empresário e antigo presidente da Região de Turismo do Algarve, Hélder Martins. Com 60 camas divididas por 24 quartos duplos, triplos e familiares, possui restaurante, bar, spa, sauna e banho-turco, piscina aquecida com jacuzzi, ou seja, praticamente tudo o que existe num tradicional hotel urbano. A tudo isto somam-se, contudo, 18 hectares de terreno onde se desenvolvem múltiplas atividades com os animais residentes e onde existem mais de 11 mil laranjeiras, porque a propriedade dedicava-se à produção agrícola antes de ser reconvertida para o turismo rural. “Toda esta zona era vista, há uns tempos, como um Algarve «de segunda» e agora é o mais procurado pelas pessoas que gostam do Algarve mais preservado e sossegado, com praias de qualidade, onde se aposta na gastronomia, nas tradições, na autenticidade. Por isso, não temos os típicos ingleses como principais clientes, mas antes os portugueses, franceses, holandeses e alemães, que querem gozar desta tranquilidade e estar, ao mesmo tempo, próximos do litoral”, observa Hélder Martins. A receita de sucesso do turismo rural nos tempos modernos está à vista enquanto passeamos pelo Hotel Quinta do Marco, um conceito de estar na vida real, rodeado de árvores de fruto, desde as laranjeiras às nespereiras, figueiras, alfarrobeiras e amendoeiras, de acordar com o cantarolar ALGARVE INFORMATIVO #115

do galo, de ouvir o chilrear dos pássaros enquanto se lê um livro à beira da piscina, de beber um copo de champanhe com a cara-metade a vislumbrar o pôr-do-sol. “O turismo rural começou em Portugal há uns bons anos atrás com o restauro de quintas e casas senhoriais, essencialmente no Alentejo e no Norte, e depois foi-se espalhando um pouco por todo o país. No Algarve havia algumas unidades que trabalhavam sobretudo em Agosto e, no resto do ano, apenas aos fins-sesemana, mas o perfil do cliente e do empresário do turismo rural mudou bastante nestes últimos tempos”, analisa Hélder Martins. De acordo com o entrevistado, a primeira grande questão que se coloca é se o turismo rural será a atividade principal ou apenas um complemento à exploração agrícola, o que, na região, não é muito usual. “Em França e Itália, onde está a sua génese, havia agricultores com grandes propriedades e casas muito interessantes que adaptavam para receber hóspedes. No Algarve, alguns empresários que estavam neste negócio há 15 anos conseguiram adaptar-se, outros ficaram pelo caminho, porque estamos a falar de uma atividade de forte cariz familiar e nem todos os filhos querem seguir as pisadas dos pais”, explica, reforçando que os clientes atuais se preocupam imenso com o bem-estar e a saúde, querem participar em atividades físicas e provar a gastronomia local e tudo isso podem encontrar no turismo rural. “Claro que o cliente principal do Algarve continuará a ser o que procura o «sol e praia» - é esse o grande 54


Hélder Martins com a esposa Maria João Martins, no Hotel Quinta do Marco

negócio da região em termos de quantidade – mas há negócios complementares que até sentem menos os efeitos da sazonalidade e que são procurados especificamente por determinados clientes”. Prova disso é que Hélder Martins não realizou nenhuma campanha de publicidade antes da reabertura do Hotel Quinta do Marco, limitou-se a ter um sítio de internet institucional e estar presente nas redes sociais e os clientes começaram a chegar de forma natural. Um problema que se coloca, contudo, aos empresários do turismo rural é o relacionamento com os tradicionais operadores turísticos, devido à reduzida quantidade de quartos que têm para oferecer e às margens que podem praticar, um dos motivos pelos quais se está a tentar reativar a TelAlgarve – Associação de Turismo em Espaço Rural 55

do Algarve. “A vantagem é que um cliente, quando aqui chega, se sente em casa e vive uma experiência diferente”, garante, concordando que, quando se está a apostar tanto em produtos ligados à natureza, se deve dar uma atenção especial a este tipo de alojamento. “Tivemos grupos holandeses que vieram para cá uma semana, em regime de pensão completa, para fazer yoga. Outros fazem as suas caminhadas e passeios de bicicleta a partir daqui. Outros ainda chegam ao Aeroporto de Faro, a agência dá-lhes uma bicicleta e um GPS, um transfer traz-lhe as bagagens para o hotel e eles fazem logo essa viagem inicial a pedalar”, descreve. “Com a internet, consigo chegar facilmente a esses grupos para lhes propor os nossos serviços, do mesmo modo que, quando eles fazem uma pesquisa avançada com ALGARVE INFORMATIVO #115


aquilo que pretendem desfrutar, nos encontram rapidamente entre as alternativas disponíveis. Esse cliente não quer um apartamento ou quarto num hotel em cima do mar, quer estar no meio da natureza”.

O PESO DOS RECURSOS HUMANOS E DAS NOVAS TECNOLOGIAS Conhecido essencialmente como um destino de «sol e praia», o Algarve não é igual a tantas outras estâncias balneares espalhadas por esse mundo fora e o turismo rural pode assumir-se como mais um fator importante de diferenciação. Não pode é continuar a ser visto como o parente pobre do Turismo, defende Hélder Martins, embora reconheça que um hotel

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urbano tem mais quartos do que o conjunto de todas as unidades de turismo rural existentes na região. “O Algarve tem ofertas de turismo rural de muita qualidade, espalhadas de Aljezur a Alcoutim, e a nossa existência tem que ser encarada como um nicho de mercado relevante. O grande problema atual do Algarve é a escassez de recursos humanos e, neste negócio em particular, o segredo do sucesso passa por trabalhar com pessoas locais. Tenho 18 funcionários, dos quais 16 são de Santa Catarina, somos o maior empregador da freguesia”, conta o empresário. “São pessoas que, antigamente, trabalhavam no litoral, faziam 20 ou 30 quilómetros por dia, ou mais, e chegavam ao fim do dia exaustos. Agora, trabalham ao pé da porta e sentem este hotel como seu. Se

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Vista de um dos quartos do Hotel Quinta do Marco

formos buscar funcionários preparados para exercer as suas funções aqui, na China ou noutro lado qualquer, o tipo de serviço não é o mesmo”, alerta. Hélder Martins não duvida que o turismo rural tem capacidade para existir, coabitar e contribuir para puxar ainda mais a marca «Algarve» para cima, não concordando com aqueles que torcem o nariz quanto ao tipo de cliente que atraem, à semelhança do que fazem em relação aos hostels. “Recordo-me que, quando começamos a ter voos low-cost para o Algarve, diziam que traziam turistas «pé-descalço», mas percebeu-se que isso não é verdade. É apenas um cliente que prefere gastar mais dinheiro no alojamento e nas férias e poupar no avião. Os hostels são um nicho de mercado para clientes que querem uma coisa mais simples para dormir e, por exemplo, foram eles que trouxeram dinâmica à cidade de Faro, porque os 57

hotéis são os mesmos de há muitos anos”, sublinha. Sobre a questão do alojamento local, que não se deve confundir com turismo rural, Hélder Martins participou no início da discussão de como legalizar as camas paralelas, quando se olhou para o exemplo de Palma de Maiorca. “A partir do momento em que o alojamento local estava inscrito numa câmara municipal, ganhava com a promoção e estava controlado pelas finanças. Contudo, à boa-maneira portuguesa, fomos implementando esse modelo e, ao mesmo tempo, complicando as coisas”. O turismo rural está, de facto, na berra, mas Hélder Martins lamenta que estas unidades tenham exatamente o mesmo grau de exigências do que um hotel urbano de 200 ou mais quartos. “Temos uma central de reservas e um sistema informático exatamente igual, ALGARVE INFORMATIVO #115


Hélder Martins numa das varandas com uma vista panorâmica sobre o concelho de Tavira

uma central telefónica, uma central de incêndios, um técnico só para o HCCP. Como é óbvio, esses custos são mais difíceis de diluir quando temos poucos quartos”, explica, apelando a uma maior sensibilidade da parte das entidades competentes. “Há muitos anos que ouvimos falar da necessidade de se fixar pessoas no mundo rural, mas isso só é possível se houver criação de emprego. Ninguém vive no interior se tiver que trabalhar no litoral, se os filhos andarem numa escola a 10 quilómetros, se precisar conduzir sete quilómetros para ir a uma farmácia”. As exigências legais são muitas para se abrir portas, mas há ainda que ter em conta questões básicas como o saneamento básico, a qualidade das estradas, o acesso às novas tecnologias, porque um turismo rural não sobrevive, no ALGARVE INFORMATIVO #115

século XXI, apenas à conta da autenticidade, da natureza, de servir ao pequeno-almoço o sumo natural das laranjas ou os ovos das galinhas da propriedade. “É outra dor de cabeça e mais um fator de custos elevadíssimos. O turismo rural normalmente está localizado numa zona simpática, mas cujo acesso nem sempre é bom, e o cliente não aceita muito bem ter que percorrer alguns quilómetros em terra batida e sujar o carro todo. Depois, ter wi-fi, hoje, é tão importante como ter água quente e há grandes dificuldades em conseguir que as companhias de telecomunicações compreendam isso. Sem internet, não tenho reservas nem faturação, muito menos clientes satisfeitos”, frisa Hélder Martins. “Digase, em abono da verdade, que o Turismo de Portugal tem estado atento a esta situação e, por exemplo, há uma 58


fonte de financiamento para disponibilizar a internet com condições muito boas”. Resumindo, as dores de cabeça são muitas, o êxito exige bastante trabalho, o investimento é avultado e tem que ser encarado numa perspetiva de médio e longo prazo, pelo que só sobrevive quem «vestir a camisola». “A carolice e gostar-se do que se está a fazer são cruciais neste ramo e ninguém pense que pega numa unidade de turismo rural e enriquece no dia seguinte”, confirma o entrevistado. “Primeiro é preciso tentar que as receitas equilibrem os custos e muitos não o conseguem fazer. Felizmente que, no Algarve, conseguimos trabalhar seis, sete meses, com uma taxa de ocupação simpática e, nessa altura, temos que estar de corpo e alma no negócio. O cliente não

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pode dizer que gostava de fazer isto ou aquilo e receber um «não é possível» como resposta, porque ele só está cá dois ou três dias”, destaca Hélder Martins. “Eu procuro falar com todos os clientes pelo menos uma vez durante a estadia, para saber as suas opiniões e contar-lhe histórias sobre o que existe na propriedade. Hoje, vivemos numa «ditadura» das redes sociais onde todas as pessoas escrevem o que pensam, a «Booking» envia sempre um e-mail para os seus clientes para saber como foi a experiência, a «Tripadvisor» aceita os comentários dos utilizadores, e temos que estar atentos a tudo isto”, acrescenta ainda o proprietário do Hotel Quinta do Marco.

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REPORTAGEM

UTENTES DA APATRIS 21 CONTARAM «OUTRAS HISTÓRIAS» NO TEATRO LETHES Pelo sexto ano consecutivo, o Projeto Inclusão pela Arte levou diversos utentes da APATRIS 21 – Associação para Portadores de Trissomia 21 do Algarve a pisar o palco do Teatro Lethes, no dia 1 de julho, num espetáculo onde se abordou o amor, os gostos e receios de cada um de nós e destas pessoas com perturbações do desenvolvimento intelectual. Texto:

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Fotografia:

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noite estava quente e convidava a um passeio ao ar livre, as alternativas também eram muitas no que toca a eventos culturais, mas a plateia do Teatro Lethes estava cheia para se assistir a mais um espetáculo do Projeto Inclusão pela Arte, no dia 1 de julho. Familiares, amigos, colaboradores da associação, todos ávidos para ver o que os utentes da APRATIS 21 – Associação para Portadores de Trissomia 21 do Algarve levariam a cena nesta noite especial, mais uma vez numa encenação de Elisabete Martins, da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve. A parceria entre as duas entidades traduz-se, na prática, na realização de uma aula semanal, de duas horas, de expressão dramática para crianças e jovens com perturbações do desenvolvimento

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intelectual de diferentes etiologias, existe desde 2011 e dá lugar, no final de cada ano letivo, se assim se pode chamar, a uma performance numa das principais salas de espetáculos do Algarve. Desta vez, mais do que um texto com princípio, meio e fim, seriam contadas histórias surgidas a partir de conversas sobre o amor, os medos, os gostos e desejos de cada um. As coreografias não eram muito elaboradas ou fisicamente exigentes, porque alguns dos atores têm determinadas dificuldades motoras. As falas eram curtas, porque as palavras querem-se simples, sinceras, honestas. Não faltaram as músicas, os efeitos sonoros e os jogos de luz, tudo o que compõe uma normal peça de teatro. E, apesar de não estarmos na presença de atores de teatro, nem sequer dos mais 64


amadores dos amadores, a plateia estava de respiração suspensa, a escutar atentamente tudo o que era dito e a acompanhar o «enredo». Em palco estiveram Alice Panagopoulos, André Antunes, Carolina Palma, Carolina Vilão, Joana Ramalho, João Terremoto, Marta Flor, Mónica Flor, Pedro Mestre, Ricardo Miguel, José Vieira e Vera Revez, mas também três alunos estagiários da Escola Secundária Tomás Cabreira, designadamente Adriana Tincul, Catarina Morais e Mariana Monteiro. Ao longo da peça, muitas palmas, e lágrimas também, acreditamos, apesar das luzes apagadas não deixarem vislumbrar os rostos dos espetadores. Mas o simples facto destes jovens e adultos estarem em cima do palco, não renegando a sua «diferença», antes pelo contrário, abraçando-a, é um puro ato de coragem a que ninguém pode, nem deve, ficar indiferente.

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Foi, sem dúvida, uma noite de emoções fortes e nem sequer faltou um pedido de casamento, perante o público, a uma psicóloga da APATRIS 21. Para alívio do noivo, e por entre muitas lágrimas da noiva e palmas da assistência, a resposta foi o tão desejado «Sim». Depois das cortinas fechadas, enquanto os utentes da associação conviviam com os familiares, Elisabete Martins exibia um sorriso, como que a dizer que tinha corrido tudo bem. “A APATRIS 21 entrou em contato com a ACTA para se levar este projeto por adiante e eu sempre gostei de trabalhar competências nesta vertente mais social, mas não sabia onde me ia meter”, recorda a atriz e encenadora, reconhecendo que não é fácil trabalhar com este género de «atores». “Ao fim de seis anos já estão habituados a tudo o que envolve estar em palco, mas o

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primeiro ano foi caótico. Nunca tive formação específica nesta área, aprendi a trabalhar de perto com as técnicas da associação, com as psicólogas e terapeutas da fala e de motricidade. O mais importante de tudo é criar rotinas e manter as coisas simples”. Elisabete Martins confirma que alguns utentes não têm real noção do que estão a executar ao longo da peça, devido a défices cognitivos mais acentuados, mas a exigência tem aumentado de ano para ano, seja ao nível da marcação ou da coreografia. “A cena dos chapéus-dechuva parece bastante básica mas demorou algum tempo até todos conseguirem dominar os movimentos, porque alguns têm dificuldades motoras que complicam o mais simples dos gestos. Com o tempo ganham rotinas mas, quando retomarmos as aulas, em outubro, é quase como começar do zero”, ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #115 #115 ALGARVE

conta a entrevistada, motivo pelo qual os primeiros meses são dedicados sobretudo às questões da motricidade, coordenação e postura. Vira o calendário e, em janeiro, definem-se os conceitos e as premissas do espetáculo a levar a cena no início do Verão e engane-se quem pensa que Elisabete Martins é uma encenadora mole e porreiraça. “Eu sou péssima, mando-lhes muitos berros, zango-me com eles porque, à mínima distração, partem logo para outra. As duas horas semanais são bastante duras para eles”, garante. “Quando comecei a trabalhar com estes utentes, falei com o Marco Paiva, do Teatro Crinabel, e ele disseme para lidar com eles da mesma maneira que com os atores sem qualquer deficiência. A única diferença é que se demora mais tempo a atingir o que pretendemos”. 66 66


Não estamos, portanto, perante nenhuns «coitadinhos», aliás, em palco esteve um Campeão da Europa de natação adaptada e outra atleta tinha conquistado três medalhas de ouro numa competição disputada no fim-de-semana anterior. “Tirando um ou outro, todos eles têm o seu emprego, apoiado, evidentemente, mas têm capacidades. Já tive alunos estagiários mais desorientados em palco do que eles”, assegura Elisabete Martins, um orgulho que não impede um grande nervosismo sempre que as cortinas se abrem. “Antes de entrarmos, o João estava a cantar em alta voz nos bastidores, a mais pequenina dizia que não queria ir, outra chamava pela mãe. A solução é empurrá-los para o palco e, depois de começarem, vão por ali afora e divertem-se à brava. Aqui trabalhamos as competências sociais e as aulas ao sábado são o momento em que eles todos se

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encontram, é uma festa”, conta, sem esconder as emoções ao ver que estas pessoas, a quem alguns chamam de «deficientes», estão realmente a curtir o momento e a aproveitar ao máximo o que a vida lhes proporciona. O pano desceu, o ano letivo terminou, mas o trabalho continua e algumas batalhas ainda não foram vencidas, pormenores simples como o acenar para os pais enquanto estão no palco. “Temos que criar essa quarta parede, de resto, têm perfeita noção dos lugares que devem ocupar em cena e que não podem estar a conversar uns com os outros, verificam se o material que precisam está no sítio certo”, indica Elisabete Martins. “Falta, agora, que a sociedade civil aceite totalmente esta diferença, porque eles estão incluídos. É tão bonito vê-los ali, caramba, fico de coração cheio” .

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OPINIÃO

O poder (oculto) dos Assessores Paulo Cunha (Professor)

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or muito só que alguém que exerça um cargo de chefia ou de direção esteja, ou por muito teimoso e intransigente que seja, nunca deixará de tomar uma decisão sem antes auscultar aqueles que lhe merecem maior confiança. Grande parte leva os assuntos em que as decisões são mais difíceis de tomar para casa, partilhando o fardo com a família e aliviando assim as dores da resolução final. Assessores, adjuntos, secretários, consultores, conselheiros, entre outros, todos eles, trabalhando na retaguarda (tapados e ocultados pela figura proeminente e iluminada do chefe) servem - inquestionável e abnegadamente - a causa a que juraram fidelidade. São eles que, na sombra, arquitetam e orquestram muito daquilo que a opinião pública louva ou vaia na ação das suas chefias. Se estiverem atentos e conseguirem ver para além do foco centralizado naqueles que gostam e precisam de aparecer, repararão que à volta deles gravitam, tal como cometas, uma série de pessoas sempre disponíveis para «o que der e vier». Não tendo o carisma, a apetência, a capacidade, a paciência e o desejo do presidente/diretor, estes solícitos funcionários servem-no, tomando também como suas as derrotas e as vitórias de outrem. Todos os pormenores contam nos cuidados a ter na construção de uma imagem e na gestão de uma carreira, e mesmo havendo líderes que têm o «killing instinct» e o «savoir faire» para o fazer naturalmente, poucos são os que abdicam da preciosa ajuda exterior no que à sua vida pública (e até privada) concerne. Desde o aconselhamento em relação aos pormenores mais básicos até à assessoria especializada, hoje, não são somente as empresas, instituições e governos que contam com estes diversos tipos de aconselhamento. Muitas personalidades públicas,

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como cantores, atores e atletas, recorrem a esses serviços, privilegiando os profissionais do ramo que mais facilmente lhes abrem o caminho para a comunicação social e imprensa. São cargos que exigem grande confiança, criando até uma relação de grande proximidade e intimidade entre o assessor e o assessorado. Mostrando pouco a cara, estes opinantes e conselheiros acabam por ter mais preponderância e influência do que muitos líderes, que veiculando as suas opiniões sofrem o desgaste e a erosão provocada pela constante exposição e escrutínio públicos. São cada vez mais uma classe profissional em ampla expansão e com um grande ascendente a vários níveis. Selecionados em determinadas «famílias», têm em comum características que os fazem merecer a total confiança e admiração dos seus empregadores, entre as quais os dotes da persuasão, da credibilização e do conhecimento teórico e técnico de várias matérias. Nalguns casos podem ser também um fator potenciador da «Síndrome de Hubris», um mal que ataca líderes que, devido à grande e continuada exposição ao poder, ficam cada vez mais atreitos à bajulação, imprudência, impulsividade e, em último caso, à omnipotência delirante. Como diria alguém ligado à política partidária: “Eles passam entre os pingos da chuva enquanto os seus líderes vão com a enxurrada!”. Não sei se assim é, pois falta-me conhecimento prático sobre a veracidade de tal afirmação. Sei apenas que muito do que neste país acontece, a eles se deve. Assessores com quatro S (maiúsculos): Sabedoria, Sagacidade, Sorte e Sucesso .

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OPINIÃO

Passagens – Samuel Rama Mirian Tavares (Professora) Que bonito salto no abismo, Não estamos cansados, parados a discutir um tema Temos o tempo por perto O vai e vem das suas correntes (…) A arte e a vida sem diferença. Leonilson

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amuel Rama é um artista que passeia entre técnicas diversas - a fotografia, a pintura, a escultura e o desenho. O seu trabalho estabelece um diálogo permanente consigo próprio, com as suas exposições e com a (i)materialidade do mundo que nos cerca. As suas imagens não buscam a visibilidade ou a representação - podemos considerá-las um dispositivo do visível, ou seja, cada fotografia, cada desenho, cada escultura é um suporte para um vir-a-ser em permanente movimento. Em cada obra, ou a cada exposição, percebemos que o artista está à procura de um sentido não só para a arte, mas para o mundo, as suas obras não se conformam em parecer, mas procuram, efetivamente, SER. Os desenhos apresentados nesta exposição, «Passagens», dão-nos a ver o processo de criação do artista através dos desenhos em papel de algodão - suporte paradoxal: aparenta uma delicadeza extrema, mas a sua resistência faz com

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que seja usado para imprimir documentos importantes e mesmo notas bancárias. O papel de algodão possui, além da resistência, uma textura e uma fluidez específicas, bem como uma grande capacidade de absorção. Muitos artistas escolhem este material por suas qualidades intrínsecas. No caso de Samuel Rama, o papel faz parte da obra, é um suporte que se torna objeto e que acolhe os traços dos desenhos, num diálogo permanente com as peças que o artista criou em exposições anteriores, como se seu projeto artístico fosse mesmo isso: um projeto em constante transformação e movimento. Uma passagem por materiais, por técnicas, por suportes e, sobretudo, uma passagem pelas fronteiras da arte e do mundo. A sua obra propõe ao espetador um salto no abismo que está para além da arte, um salto num abismo a que podemos chamar de vida .

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OPINIÃO Paisagens Cénicas para a Educação de Infância Adília César (Escritora) «Há muita gente, por hipótese, que nunca viu uma representação teatral. Por hipótese – e porque não há quem para existir não represente, e não há sociedade alguma, nem grupo humano algum, que não pratique a personificação dramática, sob um qualquer aspecto». (Jorge de Sena, Do Teatro em Portugal, 1988)

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Teatro é a arte pública, pela comunicação e partilha entre actores e espectadores. Assim, seria a forma mais adequada para proporcionar desenvolvimento estético, uma vez que a actividade teatral ultrapassa a percepção individual. E se uma experiência só pode ser entendida como uma vivência partilhável e partilhada, não podemos ignorar a importância da recepção do espectador. Em contexto de educação de infância, as decisões tomadas em relação às experiências artísticas e estéticas a proporcionar às crianças ainda são questões de difícil solução. Em primeiro lugar é necessário ter presente uma concepção de infância, onde os modelos e teorias do desenvolvimento e da aprendizagem das crianças apresentam dados importantes que não podem ser negligenciados, sendo a psicologia essencial para a configuração da psicopedagogia enquanto corpo teórico consistente. Tendo em conta a psicologia, aliada à sociologia, à semiologia e à estética, seria possível investigar modos de recepção das crianças pequenas, de forma a dar respostas às questões relacionadas com a criançasujeito-espectador de teatro. Também as decisões do/a educador/a estão condicionadas pelo meio em que se insere e pelas disponibilidades culturais, sociais e económicas de outros parceiros no processo: companhias de teatro que proporcionam (ou não) espectáculos na área de influência; pais que autorizam (ou não) a deslocação do seu filho até ao local do espectáculo; autarquias que disponibilizam (ou não) o transporte necessário das crianças. Quantas vezes por ano usufruem as crianças de um espectáculo de teatro? Tendo em conta a conjunctura actual, não muitas. ALGARVE INFORMATIVO #115

Por outro lado, não se sabe muito bem o que é o teatro para a infância nem como se processa a recepção de um espectáculo de teatro na criança pequena. Aliás, tendo em conta o que se sabe sobre o que é uma criança, percebe-se que o adulto ainda não conseguiu encontrar um caminho adequado para a entrada no universo infantil, no qual impera a vida total e a imaginação. O desenvolvimento artístico e estético da criança pequena é vandalizado por uma intencionalidade que fraqueja e sufoca a cada mau espectáculo assistido, sendo também imperioso investir a nível do desenvolvimento da literacia artística e estética do/a próprio/a educador/a, de forma a salvar intencionalidades (artísticas e estéticas) facilitadoras da educação da criança enquanto cidadão total. Se o teatro é para todos, se queremos criar na criança a necessidade do teatro, esse contacto deve ser iniciado o mais cedo possível. É necessário inventar caminhos entre o universo real e o universo artístico e estético da infância, para que todas as crianças tenham a oportunidade, porque já têm o direito, de serem protagonistas do seu próprio desenvolvimento. Qual é, de facto, o papel das artes na educação: essencial, complementar ou apenas para divertir e distrair «quando há tempo»? Existem projectos relevantes nos jardins-de-infância, trabalha-se bastante a expressão dramática, mas a verdade é que as crianças não vão ao Teatro… E os adultos? Sendo a infância um tempo breve e urgente, as suas paisagens cénicas são ainda mil e uma utopias a intentar ser vida e verdade. Até quando?.

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OPINIÃO

Empreendedorismo contagiante Fábio Jesuíno (Empresário)

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fenómeno do empreendedorismo tem crescido a um ritmo elevado, é comum falar-se em startups e incubadoras como motores de desenvolvimento económico e social de regiões ou países. Atualmente, o empreendedorismo é considerado como um dos principais fatores de crescimento, de criação de emprego e inovação, despertando dessa forma o interesse generalizado sobre a temática. Empreender não se trata necessariamente da criação de um negócio, mas ter iniciativa e audácia. Pessoas de qualquer idade possuem sonhos, o caminho pela conquista desses sonhos é o que determina ser uma pessoa empreendedora. Os empreendedores estão renovando conceitos económicos, ultrapassando barreiras sociais e culturais, criando oportunidades nas mais diversas áreas. É um dos temas que desperta mais interesse na sociedade. Uma nova era que está a criar um novo tipo de relacionamento entre pessoas, mercados e países. Uma das principais características de um empreendedor é a sua motivação e a capacidade de arriscar em algo que acredita, não se contenta em ser mais um na multidão, é apaixonado pelo que faz, está constantemente a trabalhar para deixar uma marca na sociedade. A criatividade é um fator importante no empreendedorismo, é o motor de desenvolvimento de novos negócios, a grande ferramenta de transformação de ideias em

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realidade, promovendo dessa forma uma abertura a novas realidades. É muito importante promover o desenvolvimento de competências empreendedoras na sociedade, um caminho onde a educação permanente nessa área é importante e essencial em todos os níveis do ensino básico e secundário. Devem ser implementados programas educacionais onde o empreendedorismo entra como disciplina universal, conseguindo, dessa forma, um impacto e abrangência generalizada na população. Uma cultura empreendedora ativa pode ser aplicada na transformação das pessoas, mostrando que, a partir do momento em que está a criar uma solução que irá ajudar outras pessoas, está, dessa forma, a empreender e isso pode ser aplicado nas mais diversas situações. O empreendedorismo é uma ferramenta importante para combater a pobreza e reduzir a desigualdade social no mundo, é a chave de uma sociedade inovadora e desenvolvida para gerar riqueza e a sua distribuição para que gere bemestar. O desafio passa por criar ambientes que retenham, atraiam e promovam este impulso ao empreendedorismo .

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OPINIÃO

Casa roubada, Tancos à porta. Carlos Gouveia Martins (Portimonense)

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ma semana depois de o mundo descobrir que Portugal tinha paióis que estavam mal guardados, pouco ou nada mais se sabe de concreto sobre este assunto. Os grupos parlamentares retorquiram que mais facilmente tinham acesso à informação pelos órgãos de comunicação social do que via oficial, do nosso Governo. Mas há algo que também todo o país sabe por esta hora. A culpa foi passada de cabeça em cabeça, numa espécie de jogo do empurra, e, obviamente, só pôde sobrar para os militares. Rovisco Duarte, o nosso Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) afirmou que se sentia “humilhado” com a exposição do caso de Tancos. Mas não será de perguntar se não sente “envergonhado” também por exonerar cinco comandantes de funções, de forma temporária (existe isto!?), até serem conhecidas as conclusões das averiguações internas em curso? É pior a emenda que o soneto. Vejamos os factos. São dois meses entre o roubo e a informação de que havia cabimento orçamental para fazer as obras na vedação de Tancos com necessária autorização do ministro da Defesa, Azeredo Lopes. Não revela uma responsabilidade direta do Governo? Não desculpa o Exército e a atual hierarquia, mas não pode o poder político fugir da sua responsabilidade. Nem vou entrar na videovigilância, avariada há dois anos, que ia ser renovada em 2018 mas que, afinal, poderia ter sido antecipada para este ano… Ou as 20 horas sem rondas. Enfim, longe vão os casos da saída pela «salutar bofetada» de João Soares ou pelos «gestos pouco parlamentares» de Manuel Pinho. Talvez esses, mesmo na ausência de razão, tenham mais valor.

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Sobre Tancos, com mais ou menos “desleixo” segundo o CEME, com ou sem os seus “erros estruturais inadmissíveis”, não sei se é a sua “humilhação de repercussões internacionais” mas há algo que espero que não seja: A abertura de uma caixa de Pandora sobre a Segurança do nosso país. A segurança, ainda mais nos dias de hoje, é um pilar determinante para a competitividade de qualquer país e merece a mais profunda preocupação e atenção de quaisquer entidades competentes. Portugal, com carinho e especial ênfase para o enorme contributo do nosso Algarve, é um País que muito necessita de continuar a atrair gentes de fora e a capitalizar economicamente as mais-valias do Turismo. Portugal precisa que as AHETA’s desta vida continuem a divulgar médias de ocupação por quarto no Algarve a 81,8 por cento ou até mais nos próximos meses. Portugal tem de continuar a ter dos maiores hotspots turísticos da Europa como o Porto, Lisboa, Cascais ou as ilhas da Madeira e dos Açores. Mas, para isto continuar a ser retórica, é fundamental focar a importância da segurança. Ainda mais nos dias de hoje, as pessoas viajam para países seguros. Investe-se em países com segurança. Quer-se conhecer locais onde possamos levar a família, os amigos ou quem quer que seja, mas… com segurança. É um pilar basilar para o crescimento económico de um país que, casos (felizmente isolado!) como o dos paióis de Tancos podem prejudicar. Portugal é e quer-se seguro. Um Governo tem de ser e quer-se para todas as horas. Boas ou más. Em Lisboa ou Palma de Maiorca. Sempre .

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Do Barlavento ao Sotavento

Casa roubada, Tancos à porta. Diogo Agostinho (Farense)

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sta história em torno do roubo de armamento em Tancos é preocupante. Muito preocupante. Não quero entrar nas consequências políticas, nos pedidos de demissão ou no normal passa culpas de responsabilidades. O país é mesmo assim. Nunca ninguém viu, nunca ninguém se lembra, nunca ninguém pede desculpa. Mas a questão de Tancos tem uma forte componente que não podemos ignorar. Sobretudo, no que diz respeito ao nosso Algarve. Somos uma região privilegiada. Temos sol, praia, montanha e um peixe maravilhoso. Tudo se conjuga para um destino turístico de sonho. E nós, algarvios, sabemos bem que é. No entanto, o motor da nossa economia assenta e muito no turismo. O nosso Algarve, para além de todas as características que mencionei atrás, precisa de uma imagem externa de segurança. É um pilar do país, mas é, sem sombra de dúvida, um requisito fundamental quando alguém num determinado canto do mundo se prepara para planear uma viagem de férias. Não nos podemos iludir neste ponto. Segundo o ranking do Fórum Económico Mundial, Portugal surge a nível mundial como o 14.º país mais competitivo no sector turístico. Bem, os rankings valem o que valem, mas podemos continuar a olhar para este ranking e encontrar as razões deste honroso lugar. E bem destacado vem o item da segurança como o nosso ponto forte, em contraponto, o ambiente de negócios e os preços são os itens que nos puxam para baixo.

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Estamos, portanto, a falar de um tema fulcral para a manutenção deste boom turístico. Portugal não se pode dar ao luxo de neste ponto criar ruído e afastar o nosso «petróleo». O mundo globalizado de hoje permite saber ao minuto o que se passa em Tancos, em Londres ou em Ancara. Não há possibilidade de ocultar assuntos ou iludir a informação. Saber que se pode roubar armamento, desde granadas a armas, e não sentir da parte do Estado medidas fortes de, em primeira instância, busca do material roubado é alarmante. É sintomático como fechamos as fronteiras na vinda do Papa Francisco a Fátima mas, neste caso, não conhecemos tomadas de posição desta amplitude. E, numa segunda instância, é fulcral responder com firmeza e medidas adequadas. Este caso de Tancos é gravíssimo para a credibilidade e prestígio de Portugal. Ainda para mais num país da NATO. É um tiro na imagem de Portugal. Depois de tanto esforço, tantos stands mundiais, tantas ações de promoção, como fica o nosso país visto de fora? Não é um mero acontecimento de Verão ou um mero assalto. Estamos a falar de soberania nacional, de um pilar fundamental do Estado: a Segurança Nacional. É bom que o juízo chegue a quem tem responsabilidades governativas e pondere bem antes de proceder a cativações orçamentais. É que este caso afeta «só» 10 por cento do nosso PIB. Está em causa o nosso turismo. Que, no caso do Algarve, é tão preciso como de pão para a boca. Por isso, juízo .

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MOVIMENTO «ZERO DESPERDÍCIO» RECOLHEU PERTO DE 115 QUILOS DE ALIMENTOS NO FESTIVAL MED

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Festival MED 2017 associou-se ao Movimento «Zero Desperdício» com o objetivo de doar toda a comida não consumida durante os dias do evento a famílias em situação de maior vulnerabilidade do Concelho de Loulé. Esta ação contou com a participação de todos os stands alimentares e restaurantes existentes no recinto do festival, que prontamente aderiram à iniciativa, tendo doado durante os quatro dias em que decorreu o MED um total de 114,391 quilos de alimentos prontos a consumir. A operacionalização da ação ficou a cargo de uma equipa de voluntários do ALGARVE INFORMATIVO #115

Banco Local de Voluntariado de Loulé, bem como de técnicos da Divisão de Coesão Social e Saúde do Município, que durante a noite fizeram a recolha do excedente, garantindo todos parâmetros de segurança alimentar. A adesão a esta causa revelou-se muito positiva e facultou, de forma imediata, 229 refeições, distribuídas por famílias alargadas que se encontram em situação de vulnerabilidade social, através de uma ação concertada com a Associação EXISTIR. Com este tipo de iniciativas, o Município de Loulé minimiza o impacto ambiental causado pelos desperdícios alimentares, evitando 479 toneladas de CO2 e garantindo o direito à alimentação . 82


FESTAS EM HONRA DO IMACULADO TRADIÇÃO DE MARIA FORTALECEM TRADIÇÃO RELIGIOSA DE ALTURA

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ltura acolheu, de 30 de junho a 2 de julho, as Festas em Honra do Imaculado Coração de Maria, santa devota das gentes desta freguesia e cuja expressão de fé se traduz na realização da Procissão em honra da padroeira. Força motriz destas celebrações, a tradição religiosa tem-se consolidado de ano para ano, ganhando cada vez mais força junto da comunidade alturense, mas atraindo também os turistas que escolhem Altura como destino de férias. O artesanato é outro dos pilares destas celebrações, com mais de 50 expositores a animarem estas Festas, entre artesãos com demonstrações dos seus saberes

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artesanais e uma enorme variedade de venda de doces e iguarias locais e regionais. A animação musical começou com os grupos de dança das Arutla (Altura) e das Super Flash (Caldas da Rainha), que animaram a noite de sexta-feira. O concerto de Rita Guerra marcou o sábado e, no domingo, foi a vez do desfile etnográfico da Associação Cultural Amendoeiras em Flor, da Marcha Popular da Bordeira e dos «Corazón Cubano Band». As Festas em Honra do Imaculado Coração de Maria foram uma organização conjunta da Paróquia de Altura, Junta de Freguesia de Altura, Clube Recreativo Alturense e Câmara Municipal de Castro Marim .

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ATUALIDADE

FESTIVAL AL-BUHERA REGRESSA À PRAÇA DOS PESCADORES

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e 26 a 30 de julho, das 19h à 01h, o Festival Al-Buhera está de regresso a Albufeira, à Praça dos Pescadores, um dos espaços mais bonitos e emblemáticos da cidade, para cinco noites inteiramente dedicadas ao artesanato, à gastronomia e à música. O evento aposta forte no programa de animação, com os músicos da terra a dividir o palco com os melhores artistas nacionais. ALGARVE INFORMATIVO #115

Entre tendas e bancas coloridas vão estar mais de meia centena de artesãos com peças genuínas, produzidas a partir de materiais tradicionais como o cobre, madeira, cortiça, pedras e conchas da praia, artigos em couro, bijutaria, têxteis, pintura e objetos de decoração, passando pelo artesanato marroquino, do Equador e sandálias produzidas em Goa. Uma das atrações do Festival é ver alguns destes artesãos a trabalhar ao vivo, artes 84


consideradas milenares. Para além do artesanato, os visitantes podem encontrar excelentes produtos gastronómicos, nomeadamente frutos secos, compotas, mel, licores, conservas, doçaria regional e criativa, produtos alimentares e bebidas da Ilha da Madeira. Este ano há também uma componente de «Street Food», com algumas roulottes, estrategicamente distribuídas pelo espaço, a oferecerem ao visitante gelados artesanais, tostas gourmet, cerveja artesanal, Doner Kebab e o tradicional Porco no Espeto. O programa de animação, que tem sempre início marcado para as 21h, exceto a Animação de Rua que começa a partir das 19h, tem vindo a melhorar de ano para ano, tentando trazer os melhores artistas e bandas nacionais, sem

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esquecer os músicos da região, que ficam com a responsabilidade de fazer a primeira parte do espetáculo. No primeiro dia (26), o grupo albufeirense «Banda Alhada» faz as honras da casa ao subir ao palco antes do cantor e compositor angolano Matias Damásio. Na quinta-feira (27), Vítor Bacalhau abre o programa que prossegue com os The Black Mamba. No dia seguinte (28) é a vez dos Al-Buhera & Raquel Peters dividirem protagonismo com o grupo Resistência. No sábado (29), o grupo de música tradicional portuguesa José Praia & Aquaviva prepara o ambiente para receber Miguel Araújo e, no domingo (30), o festival despede-se até ao próximo ano com Ben & The Pirates na primeira parte e a banda portuguesa de soul e funk HMB a encerrar o programa .

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FARO INVESTE UM MILHÃO DE EUROS NO ASSOCIATIVISMO DO CONCELHO

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Câmara Municipal de Faro aprovou, no dia 28 de junho, por unanimidade, a proposta de atribuição dos apoios ao associativismo, resultante da apreciação das candidaturas ao programa destinado às associações de cariz social, cultural, desportivo e juvenil do concelho. O programa suporta, de uma forma transparente e criteriosa, as atividades levadas a cabo no corrente ano, em conformidade com o Regulamento de Apoio ao Associativismo do Município de Faro aprovado em 2016. ALGARVE INFORMATIVO #115

Este ano foi possível atribuir uma verba de cerca de 845 mil e 327,80 euros, o que representa um acréscimo de cerca de 15 mil euros em relação ao ano transato. Em matéria de associativismo desportivo, as 50 candidaturas aprovadas recebem um montante global de 414 mil e 364,08 euros; quanto aos apoios culturais, o valor total é de 229 mil e 975,46 euros, a distribuir por 48 associações do concelho; já os apoios financeiros ao associativismo social foram atribuídos a 26 candidaturas aprovadas, no montante de 159 mil e 421,86 euros. 86


Finalmente, para o associativismo juvenil, ficaram aprovados 31 mil e 33,20 euros, a entregar a cinco entidades. Na mesma reunião foram também aprovados apoios pontuais no montante de 156 mil e 700 euros relativos a propostas que não tinham cabimento no Programa mas que, ainda assim, eram fundamentais para a prossecução da política definida de desenvolvimento da imagem e da economia do concelho. São os casos do evento mototurístico «Portugal de Lés-a-Lés» e do Festival Nacional de Ginástica. Ainda neste âmbito, foi deliberado atribuir um montante de 65 mil euros à concretização de iniciativas de animação e promoção do comércio tradicional do concelho, a levar a cabo pelas associações ACRAL, AHISA e ACZHF (Associação dos Comerciantes da Zona Histórica de Faro) e, finalmente, um

apoio de 10 mil euros à Fábrica da Igreja Paroquial de Montenegro para a obra de recuperação da torre sineira do respetivo templo. Para o Presidente da autarquia, é fundamental valorizar o papel do associativismo, “em termos que correspondam ao valoroso contributo que as nossas coletividades e associações prestam ao desenvolvimento do concelho”. Sobre o aumento dos montantes a atribuir, Rogério Bacalhau justifica: “Se temos hoje capacidade para um apoio financeiro efetivo, isso é porque levámos a bom porto um duro processo de restauração das finanças e da operacionalidade da autarquia, que culminou este ano com a liquidação do PAEL e do Plano de Reequilíbrio Financeiro e, em consequência, com a recuperação da nossa operacionalidade e autonomia plenas” .

FARO VAI RECEBER UM RETIRO DOUTORAL EM MÉDIA-ARTE DIGITAL

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5.º Retiro Doutoral dos estudantes, professores e amigos do Doutoramento em Média-Arte Digital acontece em Faro, de 8 a 14 de julho, numa organização conjunta da Universidade do Algarve e da Universidade Aberta. Quando o Doutoramento em MédiaArte Digital foi criado, pensou-se logo na necessidade de se organizar um momento de partilha, um espaço para encontros e para disseminação dos saberes, um momento que fosse «retirado» do quotidiano, quer dos estudantes, quer 87

dos docentes, e que os lançasse a todos num outro espaço-tempo, talvez próximo de um estado religioso, desde que se pense religião como aquilo que liga, que une as pessoas. O retiro doutoral é, por isso, um momento de recolha e de partilha, de encontros que promovem acasos criadores e da disseminação de processos de criação, gestados ao longo do ano, ou dos anos, no ensino que é feito a distância. Este ano, o evento tem lugar em Faro, entre a Universidade do Algarve, o Centro de Ciência Viva, o Ginásio Clube de Faro, as ruas de Olhão e os percursos da Ria . ALGARVE INFORMATIVO #115


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GOLFE SOLIDÁRIO JUNTOU MAIS DE 18 MIL EUROS PARA A ASSOCIAÇÃO ONCOLÓGICA DO ALGARVE

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Chilli Boy Charity entregou à Associação Oncológica do Algarve o maior donativo de sempre arrecadado a favor desta instituição. No total, foram 18 mil e 451 euros angariados para ajudar esta associação cujo principal objetivo é prestar apoio social e humano a doentes oncológicos, mediante a promoção de todas as diligências necessárias à sua integração na comunidade. Durante uma cerimónia oficial, que decorreu no dia 4 de julho, no Campo do Benamor Golf Club, Tavira, a fundadora e ALGARVE INFORMATIVO #115

presidente da Associação Oncológica do Algarve, Maria de Lurdes Pereira, recebeu das mãos de Viv Thomas o cheque deste donativo. O valor foi totalmente doado pelos participantes do torneio de golfe «Chilli Boy Golf Challenge» que, este ano, se realizou na Africa do Sul e juntou jogadores de 13 nacionalidades, alguns dos quais já passaram por problemas oncológicos. Já na edição ano passado, que se realizou na zona de Vilamoura, este torneio tinha conseguido juntar cinco mil e 780 euros para entregar a esta instituição de solidariedade social .

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LAGOA VAI TER CENTRO OFICIAL DE RECOLHA DE ANIMAIS ERRANTES

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esde o dia 1 de junho que o Canil Municipal de Lagoa conta com os serviços da Médica Veterinária Luísa Isabel dos Santos Silva, que faz atendimento público todas as terçasfeiras, das 9h às 10h, disponibilizando vacinação antirrábica e colocação de microchip. No sentido de o transformar num Centro Oficial de Recolha de Animais Errantes, irão ser efetuadas obras no Canil Municipal que implementarão mais

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condições para o acolhimento desses animais, estando prevista uma sala especial para a realização da esterilização dos mesmos – conforme a Lei n.º 27/2016, de 23 de agosto, que aprova medidas para a criação de uma rede de centros de recolha oficial de animais e estabelece a proibição do abate de animais errantes como forma de controlo da população. O intuito é melhorar as condições de adoção e de bemestar dos animais abandonados ou sem dono .

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PRIMEIRO PARQUE CANINO DO ALGARVE FOI INAUGURADO EM OLHÃO

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Parque Canino de Olhão já foi inaugurado, estando situado no Parque Desportivo e de Lazer dos Pinheiros de Marim. Os frequentadores deste espaço com mais de quatro mil metros quadrados proporcionado pelo Município podem agora levar os seus amigos de quatro patas a passear e brincar em segurança. Num dia dedicado especialmente aos animais, o presidente da Câmara de Olhão, António Miguel Pina, aproveitou para anunciar a apresentação para breve do novo canil municipal. Quanto ao Parque Canino de Olhão, é o primeiro do Algarve com estas características e implicou um investimento de 69 mil euros, permitindo que os canídeos possam andar sem trela e brincar nos vários equipamentos existentes, como, por exemplo, um túnel, aro de salto, pontes, barras de salto ou sobe e desce ALGARVE INFORMATIVO #115

canino. Para além do espaço destinado a estes equipamentos específicos, que ocupam 800 metros quadrados, existem, entre outros apetrechos, um bebedouro, um dispensador de sacos e boxes de acolhimento, que no futuro poderão ser utilizadas para campanhas de adoção. Algumas das regras deste parque de entrada livre, que devem ser cumpridas por todos os frequentadores, incluem o acompanhamento do animal por indivíduo com idade mínima de 16 anos; só é permitida a entrada a canídeos com mais de quatro meses, com plano de vacinação atualizado, registo e licença válida; cães de raça potencialmente perigosa ou com comportamentos agressivos não poderão frequentar o local, assim como os que estejam doentes ou em tratamento; é obrigatória a recolha dos dejetos dos animais e a sua deposição nos recipientes existentes para o efeito . 90


INTERMARCHÉ DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO SOLIDÁRIO COM BOMBEIROS

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Intermarché de Vila Real de Santo António entregou uma ambulância de socorro e transporte de doentes aos Bombeiros Voluntários desta localidade do sotavento algarvio. “Dado o importante papel dos Bombeiros no apoio dado às populações, é fundamental que tenham os meios e equipamentos necessários para prestar esse auxílio. A existência de um meio de emergência como uma ambulância de socorro e transporte de doentes pode fazer a diferença entre a vida e a morte”, explicou Carlos Gomes, dono da loja do Intermarché de Vila Real de Santo António. O Grupo «Os Mosqueteiros», detentor das insígnias Intermarché, Bricomarché e Roady, tem vindo a apoiar os Bombeiros Portugueses durante os últimos anos das mais variadas formas. Primeiro, com a entrega de cerca de 50 viaturas de combate a incêndios florestais e, desde 2014, a partir de uma parceria com a Liga dos Bombeiros Portugueses, para a renovação de equipamentos, tendo já oferecido cerca de mil e 255 fatos completos de proteção individual de combate a incêndios florestais. Para além destes apoios centrais, importa referir que as 313 lojas do Grupo têm uma política ativa de

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apoio à comunidade local, auxiliando durante todo o ano as corporações das regiões onde estão implantadas, com ações como a entrega de produtos, abertura das estações de combustíveis para que os bombeiros possam abastecer, entre muitas outras atividades. O grupo está igualmente a preparar uma campanha nacional de apoio aos Bombeiros, que será lançada em breve.

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GRUTAS DO CONCELHO DE VILA DO BISPO FORAM ALVO DE INVESTIGAÇÃO ESPELEOARQUEOLÓGICA

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o longo das últimas semanas, as paisagens calcárias com potencial cavernícola do concelho de Vila do Bispo foram alvo de uma alargada campanha de prospeção espeleoarqueológica promovida no âmbito de três diferentes projetos que, naqueles dias, dividiram esforços no sentido de melhor alcançar objetivos comuns. Esta iniciativa multidisciplinar cruza Arqueologia, Espeleologia, Geologia, Geografia, terrestres e subaquáticas, e foi acolhida e apoiada pelo município de Vila do Bispo que, para o efeito, disponibilizou ALGARVE INFORMATIVO #115

mais uma vez o seu Núcleo de Investigação Arqueológica de Vila do Bispo (NIA-VB), um novo espaço de acolhimento à investigação, sediado em Budens, que reabilitou as instalações do antigo jardim-de-infância daquela localidade. Os resultados dos trabalhos de campo e de mar desta primeira campanha partilhada foram bastante positivos e confirmaram as potencialidades espeleológicas e arqueológicas das grutas da costa sul do Concelho de Vila do Bispo, encontrando-se previstas subsequentes intervenções multidisciplinares, sistematizadas e potenciadas pelo interesse e apoio do Município Vilabispense. 92


Assumindo a qualidade de entidade acolhedora, o projeto municipal Carta Arqueológica do Concelho de Vila do Bispo, sob a responsabilidade técnica e científica do arqueólogo Ricardo Soares, recebeu mais dois projetos que pretendem identificar e explorar grutas com vestígios de presença humana, desde o Paleolítico até épocas bem mais recentes. Um deles é o PaleoCoast Adaptações humanas costeiras durante o Paleolítico no sudoeste Peninsular, coordenado pelo ICArEHB - Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve e pelo CIMA Centro de Investigação Marinha e Ambiental da mesma universidade. A equipa do ICArEHB é constituída por Nuno Bicho, João Marreiros, coordenador da área da Arqueologia, e Frederico Tatá Regala; Duarte Duarte, coordenador da área da hidrodinâmica, geologia e das operações de mergulho científico, bem como Tiago Dores e João Santos. O projeto conta também com os seguintes consórcios: Câmara Municipal de Vila do Bispo, Associação de Arqueologia do Algarve, Arqueofactory, Cátedra UNESCO UAlg em Ecohidrologia: Água para os ecossistemas e sociedades, Federação Portuguesa de Atividades Subaquáticas (FPAS) e Confederação Mundial 93

de Atividades Subaquáticas. O outro projeto é o ProPEA - Projeto Património Espeleológico do Algarve, coordenado pelo espeleólogo e arqueólogo Francisco Tátá Regala, doutorando da Universidade do Algarve, técnico da Direção Regional de Cultura do Algarve e membro da AESDA Associação de Estudos Subterrâneos e Defesa do Ambiente. O Projeto Carta Arqueológica de Vila do Bispo, particularmente na sua vertente espeleológica, tem contado com a preciosa colaboração de Rui Francisco (Loia), espeleólogo da Federação Portuguesa de Espeleologia com vasta experiência em trabalhos multidisciplinares, designadamente em contextos da Serra da Arrábida, nos projetos Carta Arqueológica de Sesimbra (2006-2009) e Carta Arqueológica de Setúbal (2012-2015); e de Vítor Oliveira, geógrafo natural e residente em Lagos, cuja tese de mestrado em Geografia Física e Ordenamento do Território se intitula, justamente, «Levantamento Geopatrimónio do Concelho de Vila do Bispo» (2011) .

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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 5852 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina

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