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ALGARVE INFORMATIVO 5 de agosto, 2023

1 «CENAS NA RUA» | ANDRÉ GOMES É O NOVO PRESIDENTE DO TURISMO DO ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO #398 | ARTE DOCE

FEIRA DA SERRA | FESTIVAL PIRATA | «JAZZ EM TAVIRA» | OVELHAS À SOLTA EM TAVIRA


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ÍNDICE Arte Doce em Lagos (pág. 24) Feira da Serra em São Brás de Alportel (pág. 38) Festival Pirata em Olhão (pág. 56) André Gomes é o novo presidente da Região de Turismo do Algarve (pág. 62) Ginastas da APAGL brilharam em Itália (pág. 72) «Jazz em Tavira» (pág. 100) «Cenas na Rua» em Tavira (pág. 112) Ovelhas à solta em Tavira (pág. 122)

OPINIÃO Mirian Tavares (pág. 132) Ana Isabel Soares (pág. 134) Adília César (pág. 136) Sílvia Quinteiro (pág. 138) João Ministro (pág. 140) Carlos Manso (pág. 142) Teresa Fernandes (pág. 144)

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Arte Doce fez as delícias de milhares de visitantes em Lagos Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e Ricardo Coelho 34.ª edição do Arte Doce, evento âncora do concelho lacobrigense, decorreu, com enorme sucesso, entre 26 e 30 de julho, no Complexo Desportivo de Lagos, com a doçaria, artesanato, tasquinhas, produtos regionais e espaço infantil muito bem condimentados por diversos espetáculos musicais, com particular destaque para os concertos de Xutos e Pontapés, Vitor Kley, Álvaro de Luna, Wet Bed Gang e Carminho. ALGARVE INFORMATIVO #398

As celebrações dos 450 anos da elevação de Lagos a cidade deram o mote para o tema obrigatório do concurso de doçaria, «Lagos – Passado, Presente e Futuro», com a vertente de competição a continuar a estar no coração deste certame, incentivando doceiras e doceiros a aproveitarem o seu talento e imaginação para apresentarem criativos doces que celebrem a doçaria algarvia: Concurso «Arte Doce», Concurso «Doces de Inovação» e Concurso «Qualidade na Tradição» (Melhor Dom Rodrigo, Doce Fino, Morgado e Doce de Figo). 24


O espaço do recinto, no Complexo Desportivo e área envolvente, também foi maior, permitindo integrar uma nova área lounge onde foi possível descontrair ao som da música dos artistas Paulo Ribeiro, Pedro Cestinho e Orquestra de Jazz do Algarve. Este aumento permitiu também acolher um maior número de stands em relação a edições anteriores, com 35 de doçaria (interior do pavilhão), 41 de artesanato, 11 de tasquinhas, 15 rulotes e 12 de produtos alimentares. Para os mais pequenos, o Espaço Doçura ou Travessura oferecia equipamentos e ateliês. Quem teve curiosidade em saber 25

como se confecionam as deliciosas iguarias do concelho de Lagos assistiu a showcookings, demonstrações e degustações de receitas como o Doce Fino e o Dom Rodrigo (ADRA – Associação dos Doces Regionais do Algarve) e um prato algarvio (Teresa Couto). Este ano, Lagos escolheu a Beira Litoral como região convidada, marcando presença através de stands de sabores e artesanato, mas também dos showcookings, pelo chef André Cabrita, e artistas que passarão pelo palco ALGARVE INFORMATIVO #398


secundário, nomeadamente, os Burleskeys e ISECOTUNA. Música não faltou, de facto, ao longo dos cinco dias de evento, com artistas locais a passar pelo palco Arte Doce – Staccato Limão, Orquestra Ligeira de Lagos, Plasticine, Tanya, DJ TobyONE, Tino Costa e Marta Alves. O palco principal (Palco Lagos) acolheu os Xutos e Pontapés, Vitor Kley (com abertura de Marta Lima), Álvaro de Luna, Wet Bed Gang (com abertura de MICHIE) e Carminho Premiados da 34.ª Feira Concurso Arte Doce Concurso «Arte Doce» Tema Livre (18 participantes): 1.º lugar – Os Docinhos da Gena 2.º lugar – Lucília Batista ALGARVE INFORMATIVO #398

3.º lugar – Luísa Mariano Tema Obrigatório «Lagos – Passado, Presente e Futuro» (13 participantes): 1.º lugar – Pastelaria Bolo Doce 2.º lugar – Cantinho Doce da Fernanda 3º. lugar – Atelier dos Sabores Concurso «Qualidade na tradição» Melhor Morgado (16 participantes) – Os Docinhos da Graça Carvalho Melhor D. Rodrigo (15 participantes) – Os Docinhos da Graça Carvalho Melhor Doce Fino (17 participantes) – Atelier dos Sabores Melhor Doce de Figo (13 participantes) – Pastelaria Doce e Arte Concurso «Doces de inovação» (10 participantes) – Gracinda Baptista . 26


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Feira da Serra com novo recorde a ultrapassar os 40 mil visitantes Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina antendo as suas raízes na promoção do Algarve genuíno, tanto na cultura como nos saberes e sabores, a Feira da Serra de São Brás de Alportel tem vindo a provar a sua jovialidade e capacidade de inovar e a surpreender a cada ano, a par de um cartaz de espetáculos atrativo para diferentes gerações. Ingredientes que, por certo, tiveram peso na hora da escolha dos mais de 40 mil visitantes que este ano se estima terem passado pelo recinto entre 27 e 30 de julho. Um ALGARVE INFORMATIVO #398

número que superou os 38 mil e 600 da edição de 2022, até àquela data a mais concorrida de sempre Ao longo de quatro dias, visitantes de todas as idades, nacionalidades e interesses tiveram oportunidade de despertar todos os seus sentidos nos 18 espaços temáticos, nas muitas zonas de degustação gastronómica e nos palcos de animação, onde puderam assistir a mais de 60 horas de espetáculos. Nesta edição, com um cartaz de espetáculos a prestar tributo à música nacional, a Feira da Serra foi o epicentro de grandes concertos que por certo marcaram todos quantos assistiram. Os cabeças de cartaz 38


«Resistência», João Pedro Pais, Bárbara Tinoco e José Cid estiveram ao seu melhor nível no Palco Principal, a par de bandas e artistas da região a DString, a banda revelação ArtMusa, os lendários Íris e o conceituado Luís Guilherme, proporcionando momentos memoráveis de interação e animação com o público. Pelo Palco Sonoridades foram muitos os artistas presentes nos quatro dias do certame, enquanto o Palco Jovem foi um verdadeiro desfile de talentos, com destaque para o grande momento de apresentação da exclusiva Banda Feira da Serra Jovem. A diversidade de espetáculos, espaços e atividades para todos os gostos e idades, a genuinidade preservada do artesanato e dos produtos locais, a par da inovação revelada com múltiplos projetos empreendedores, assim como a preocupação com a acessibilidade para todos ao longo do recinto, e com o conforto e segurança, 39

tudo contribuiu para atrair milhares de visitantes ao «coração do Algarve». A sessão inaugural, no dia 27, contou com a presença do Secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel, entre inúmeras entidades regionais e locais. “É de saudar a Câmara

Municipal porque apostar na Feira é apostar na economia local, é apostar naquilo que são os produtos endógenos e é apostar no desenvolvimento dessa economia. Traz economia para o interior da Feira, mas também para o exterior”, disse Carlos Miguel, concluindo que “são quatro dias de promoção do território e da sua atividade e de convívio”. Os discursos inaugurais estiveram a cargo do Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Vítor Guerreiro, ALGARVE INFORMATIVO #398


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da Presidente da Comissão Organizadora da Feira da Serra e vice-presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Marlene Guerreiro, assim como do então Presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes, do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, José Apolinário e do Secretário de Estado, Carlos Miguel. “Este evento é

um bom exemplo de coesão territorial porque aqui queremos envolver e dar a conhecer aquele Algarve que está mais escondido, as suas potencialidades e as suas riquezas”, afirmou Vítor Guerreiro, assegurando que o evento prima “pela valorização da inovação, das tradições e das pessoas que aqui nascem e aquelas que escolheram esta região para viver, para passar 41

férias, mas também para inovar e investir”. “É um evento com alma e coração porque é executado com carinho e com paixão”, frisou, destacando ainda que é um evento jovem, transversal, inclusivo e inovador que tem impacto económico local e regional muito superior ao imediato do evento. A inauguração da Feira da Serra 2023 ficou ainda marcada pela apresentação do Cocktail da Feira da Serra, criado pelo campeão mundial de after dinner cocktail de 2022, Renato Pires, que se inspirou no produto estrela desta edição: a amêndoa. Para este momento, o são-brasense Renato Pires contou com uma parceria com a Amarguinha. A assinatura da carta de intenção de adesão do Município de São Brás de Alportel à Associação de Municípios Portugueses do Vinho foi ALGARVE INFORMATIVO #398


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outro dos momentos que marcou a inauguração do certame, tendo contado com a presença do presidente da Câmara Municipal de Lagoa, também presidente da Direção da Associação dos Municípios Portugueses do Vinho, Luís Encarnação, e do presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe, da Comunidade Intermunicipal do Douro e do Douro Cidade Europeia do Vinho 2023, Carlos Silva. São Brás de Alportel associa-se a esta associação enquanto município produtor de azeite e cortiça. Além de ter sido a edição mais concorrida de sempre, este ano a Feira da Serra de São Brás de Alportel foi também a mais jovem e florida de sempre, como salientou a Vice-presidente da Câmara

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Municipal de São Brás de Alportel, Marlene Guerreiro. E porque a juventude da Feira da Serra não se mede só na idade, mas também na capacidade de inovação e irreverência aliada à tradição, Marlene Guerreiro destacou com nota positiva a presença de projetos inovadores relacionados com a amêndoa e que foram muito além da tradicional utilização na doçaria e gastronomia. Projetos empreendedores ligados à cosmética para humanos, mas também para os amigos de quatro patas, dietética e saúde marcaram presença na Feira, provando que a amêndoa é um produto com um potencial imenso que merece ser valorizado .

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Piratas «invadiram» Olhão Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina s noites quentes do final de julho trouxeram consigo mais uma edição do Festival Pirata, que levou muita animação ao Jardim Patrão Joaquim Lopes, na zona ribeirinha de Olhão. De 25 a 29 de julho regressou-se, assim, ao passado, com recriações a fazer lembrar o quotidiano de outros tempos. ALGARVE INFORMATIVO #398

A baixa da cidade cubista e da capital da Ria Formosa foi, deste modo, povoada durante cinco dias por personagens que protagonizaram situações características de uma época que ocupa um lugar especial no imaginário do público. O evento, organizado pelo Município de Olhão com o apoio da empresa municipal Fesnima, foi pautado por muita animação, fogo, lutas, dramatizações, música e danças de época que encantaram a assistência . 56


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André Gomes é o novo presidente da Região de Turismo do Algarve Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina s órgãos sociais da Região de Turismo do Algarve para o mandato 20232028 tomaram posse, no dia 1 de agosto, em cerimónia realizada no Autódromo Internacional do Algarve e na qual marcaram presença, para além de inúmeros autarcas, dirigentes e empresários algarvios, o Secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda, o Ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, a Secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, o Secretário ALGARVE INFORMATIVO #398

de Estado do Ambiente, Hugo Pires, e o Presidente do Turismo de Portugal, Carlos Abade. Hélder Martins continua a liderar a Assembleia Geral e recordou que o anterior mandato foi pautado por vários acontecimentos que dificultaram a vida do setor, desde a pandemia à escassez de água e aos incêndios rurais e florestais.

“Neste momento verifica-se uma ligeira diminuição da ocupação das unidades hoteleiras, apesar do Aeroporto de Faro receber mais passageiros. Falta claramente o mercado nacional, o que se deve ao agravamento dos encargos dos 62


portugueses com a banca e que os impede de viajar nas suas férias. Não há uma baixa muito grande na hotelaria, mas ela existe, e a restauração também está a viver alguma apreensão”, analisou o também presidente da AHETA – Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve. Neste contexto, Hélder Martins lamenta que o Algarve não possua condições financeiras para realizar uma campanha promocional junto do mercado interno.

“Não me devo enganar muito se disser que, hoje, o orçamento da RTA será bastante idêntico ao da altura em que fui presidente desta entidade, há 20 anos, pelo que seria importante que o Algarve tivesse alguns meios complementares para a promoção turística”, referiu, sublinhando

ter perdido alguns eventos estruturantes como a Fórmula 1 e o Rali de Portugal, e eventualmente o Portugal Masters.

“Resta-nos a Volta ao Algarve em Bicicleta e alguns eventos que acontecem no Autódromo Internacional do Algarve, pelo que temos todos que dar as mãos e lutar por acontecimentos que são importantes pelo retorno em termos de imagem, mas também pelo negócio que geram na época baixa. Outras regiões organizam grandes eventos e criam grandes estruturas que ficam para o futuro e é nesse campeonato que o Algarve precisa estar”, defendeu Hélder Martins. O novo homem forte do Turismo do Algarve é André Gomes, que depressa agradeceu “a vontade de todos em

contribuir para a construção de um

igualmente a preocupação da região por

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futuro mais próspero, mais sustentável e mais coeso para o Algarve”, mas também rapidamente frisou que “é necessário investimento público do Estado central”. “Precisamos de mais do que compromissos, precisamos de estabilidade e segurança para a concretização regular e contínua de eventos na região. Os agentes económicos, públicos e privados, da região, e o país, precisam e só têm a ganhar com este investimento. Com o apoio da equipa que aqui me acompanha, serei firme e determinado perante os poderes públicos nacionais, na defesa dos interesses da região e, ALGARVE INFORMATIVO #398

em particular, da Região de Turismo do Algarve”, afirmou. Reivindicações que começam, desde logo, pelo financiamento da RTA, lembrando que, se o orçamento das regiões de turismo tivesse beneficiado da devida atualização da dotação financeira segundo a evolução do índice de preços ao consumidor, “hoje estaríamos a

falar de um financiamento anual da RTA para 2023 na ordem dos 5,5 milhões de euros”. “Um valor bem mais realista do que os exíguos 4,1 milhões de euros destinados pelo Estado central à região de turismo mais importante do país. Aos quais acrescem ainda as cativações que estrangulam o nosso orçamento e, 64


por conseguinte, a promoção de um território que contribui como nenhum outro para aquele que é por todos assumido como um dos motores da economia portuguesa: o Turismo”, declarou André Gomes, manifestando, perante o Secretário de Estado do Turismo e o Presidente do Turismo de Portugal, “a minha

determinação e empenho na procura de soluções e na apresentação e discussão de propostas para reforçarmos a promoção do destino Algarve, no mercado interno e internacional, desenvolvida pela RTA e pela ATA, da qual assumo também hoje a Presidência”. André Gomes indicou que o próximo Programa Regional Algarve 2030 vai mobilizar 257 milhões de euros para a

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inovação e competitividade das micro, pequenas e médias empresas, no que se refere à inovação na criação e desenvolvimento de novos produtos, serviços ou processos, melhoria organizacional e sua introdução na atividade económica. Algarve que tem demonstrado uma grande eficácia na boa concretização dos fundos, com taxas de compromisso e de execução que se cifram em 106 e 79 por cento, respetivamente, segundo informação da CCDR Algarve. “São números muito

positivos que nos permitem antever melhorias significativas no que se refere à competitividade da economia e, consequentemente, à melhoria das condições de vida da população algarvia. Num território que não deixa de viver desafios permanentes, para os quais entidades como o Turismo do Algarve, a CCDR e a AMAL, em

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representação dos 16 Municípios, tentam encontrar respostas fundamentadas e eficazes, numa colaboração conjunta que pretendo e queremos todos certamente continuar a desenvolver”. Um dos mais prementes desafios na atualidade é, sem sombra de dúvida, a sustentabilidade do Algarve, principalmente no que concerne à gestão da água, com André Gomes a reconhecer que existem muito bons projetos estruturais já em curso, como o aproveitamento de águas residuais tratadas, o reforço do sistema multimunicipal e a aposta em novas origens de água. “Mas também aqui o

sector do turismo em termos regionais, nomeadamente o setor privado, tem mostrado o seu ALGARVE INFORMATIVO #398

empenho e está a fazer a sua parte. Temos excelentes exemplos disso em diversas infraestruturas turísticas da região, casos dos campos de golfe, com um conjunto vasto de investimentos previstos e em concretização no âmbito do Pacto da Água regional. Mas também ao nível da animação turística e do alojamento, como os investimentos recentes efetuados pelo Zoomarine e por alguns grupos e unidades hoteleiras da região. Mas é preciso atrair mais investimento do setor das águas para mitigar o grave problema da escassez e permitir maior poupança deste recurso fundamental à vida e, naturalmente, ao turismo”, frisou. 66


André Gomes falou também do potencial que a cobrança de taxa turística pelos municípios do Algarve pode ter como fonte de financiamento adicional para a promoção turística e para o desenvolvimento de infraestruturas capazes de dar resposta às necessidades e vivência de residentes e visitantes.

“Permitir-nos-á, com maior capacidade e eficiência, investir em estratégias que atraiam a atenção de empresas e investidores, e promover o Algarve como um destino turístico atraente e de excelência para sediar infraestruturas e eventos internacionais, garantindo a satisfação dos participantes. Constituirá um estímulo à economia local, uma vez que grandes eventos internacionais trazem consigo um grande fluxo de turistas, participantes e patrocinadores, beneficiando hotéis, restaurantes, comércio e outros setores, criando empregos temporários e permanentes na região, fortalecendo a imagem do nosso destino e gerando impactos positivos a longo prazo”, apontou, acrescentando, no entanto, que é importante que a cobrança desta taxa ocorra de uma forma planeada e transparente e com uma comunicação clara aos residentes e turistas sobre como os recursos serão utilizados. Olhando para os postos de turismo da região do Algarve, que desempenham um 67

papel crucial na prestação de informação turística e são uma fonte confiável de suporte ao turista, André Gomes revelou que realizam cerca de meio milhão de atendimentos presenciais por ano, mais as respostas por escrito a centenas de pedidos de informação turística que recebem diariamente. “Prestam uma

informação direcionada e contribuem para a diversificação das experiências dos visitantes, fornecendo informações específicas e direcionadas a estes, ajudando-os a planear a sua estadia na região, oferecendo detalhes sobre as atrações locais, transportes, eventos e atividades culturais, opções de alojamento e restaurantes, facilitando a experiência do turista na nossa região. Consciencializam também os nossos turistas sobre práticas sustentáveis, promovendo um turismo responsável e preservando o meio ambiente e o património cultural da região, ao mesmo tempo que nos permitem recolher dados importantes sobre o perfil dos nossos visitantes, as suas preferências e necessidades”, enalteceu, informações essas que são depois valiosas para a tomada de decisões estratégicas no desenvolvimento do turismo na região, nomeadamente ao nível da elaboração do Plano de Marketing Estratégico da RTA e do trabalho que se pretende que se venha a desenvolver no âmbito do criado Observatório do Turismo do Algarve, em ALGARVE INFORMATIVO #398


colaboração com a Universidade do Algarve. A finalizar o seu discurso, André Gomes recordou que, olhando para o acumulado de janeiro a junho, o turismo no Algarve cresceu cerca de 6 por cento face a 2019, que tinha sido o melhor ano de sempre, e cerca de 35 por cento em proveitos globais face a 2019. “Queremos ser

uma voz ativa na luta por condições e investimentos promotores da coesão territorial, designadamente em infraestruturas. Não estarei sozinho nesse propósito, nem apenas com a equipa que me rodeia, pois estou seguro de que estarei com todos os algarvios que querem o melhor para a nossa região. As minhas causas, com todo o empenho e dedicação, serão também as nossas causas: ALGARVE INFORMATIVO #398

elevar ainda mais a qualidade da oferta turística do Algarve, reforçar a diversificação e valorização do nosso produto turístico, liderar na sustentabilidade das operações e na qualificação do elemento mais importante do Turismo, que são as nossas pessoas. Vamos levar mais alto e mais longe o principal destino turístico português”, concluiu o presidente da Região de Turismo do Algarve.

“Queremos continuar a crescer, mas bem” No uso da palavra, Nuno Fazenda, Secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, confirmou que o turismo representa quase 20 por cento do total das exportações de bens e serviços e que as receitas turísticas em 2022 foram 15 por cento superiores às registadas em 68


2019. Uma tendência que se mantém no primeiro semestre de 2023, com mais 10,7 por cento de dormidas do que em 2019. “Este crescimento deve-se às

empresas turísticas, aos seus trabalhadores, às instituições e às políticas públicas implementadas, e queremos continuar a crescer, mas bem, com sustentabilidade e autenticidade, preservando a base da matéria-prima do turismo, o ambiente, assegurando a defesa do nosso património natural e cultural”, manifestou o governante. Crescer ao longo de todo o território e ao longo de todo o ano é outro desafio que se coloca a Portugal, e para os resultados históricos alcançados muito tem contribuído o Algarve, “um

destino de referência internacional, a região com mais procura turística, que possui das melhores praias e campos de golfe do mundo, a par de uma gastronomia única”. “Temos que continuar a reforçar o apoio à valorização do Algarve, a começar por um território preservado, da nossa orla costeira, das praias, das paisagens protegidas. Neste campo insere-se o Pacto da Água no Algarve, com articulação dos vários atores, da AMAL, da RTA, das associações empresariais, com uma discussão muito profícua para se encontrar respostas para aquele que é, provavelmente, o principal 69

desafio que se coloca ao Algarve”, indicou Nuno Fazenda, que não esqueceu, igualmente, a necessidade de se reforçar a competitividade das empresas, nomeadamente no que toca à transição digital e climática, à internacionalização e à eficiência energética. “Há também, como é

sabido, uma escassez de mão-deobra qualificada e o governo tem agido em várias frentes para enfrentar esse desafio. No âmbito do PRR existem instrumentos com apoios a fundo perdido para auxiliar a contratação estável, e os salários são outro ponto chave para se atrair e reter o talento. Os rendimentos e os salários têm aumentado nos últimos anos, mas, no setor da hotelaria, restauração e similares, isso tem acontecido 34 por cento abaixo da média”, reconheceu. A propósito das reivindicações de André Gomes por mais fundos para se promover o Algarve, o Secretário de Estado aproveitou para revelar que haverá um reforço extraordinário, para 2023 e 2024, de três milhões de euros para esse fim.

“Temos estratégia, regional e nacional, e nunca Portugal dispôs de tantos fundos financeiros para potenciar o seu desenvolvimento, mas só conseguiremos vencer se trabalharmos em conjunto, e temos encontrado bons exemplos desta mentalidade no Algarve”, terminou Nuno Fazenda . ALGARVE INFORMATIVO #398


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GINASTAS DA APAGL BRILHARAM EM ITÁLIA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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erminou da melhor forma possível a época desportiva 2022/2023 da APAGL – Associação de Pais e Amigos da Ginástica de Loulé, com a delegação algarvia de ginástica acrobática a participar, de 7 a 9 de julho, no Turin Acro CUP 2023, na Itália, e a trazer para casa três medalhas de ouro e oito de prata, com Beatriz Deodato/Leonor Agostinho/Matilde Figueiras e Lara Rodrigues/Kateryna Ilchyshyn/Núria Gil a conquistarem, respetivamente, o 1.º e 2.º lugares em Trio Feminino YOUTH, Lara Gonçalves/Carina Passarinho/Diana Agostinho a obterem o 2.º lugar em Trio

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Feminino AG1 e Helma Caetano/Mariana António a registarem também o 2.º lugar, mas em Par Feminino AG2. Um sentimento de alegria, orgulho e euforia que ainda estava bem visível, dias depois, no estágio de final de época que a APAGL levou a cabo no pavilhão da EB1 da Fonte Santa, e que reuniu cerca de oito dezenas de ginastas. “A ida a Itália começou a

ser preparada logo no início da temporada, estivemos presentes com oito pares/grupos e sete deles foram às finais”, disse a treinadora Lígia Silva, sorridente. “É esta experiência incrível que qualquer treinador sonha proporcionar às suas ginastas e justificou todas as dificuldades que tivemos que

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ultrapassar para conseguirmos ir à prova. Claro que todos os ginastas ambicionam um lugar no pódio, mas a nossa mensagem para eles, no dia-a-dia, é que deem o seu melhor e que saiam das provas realizados. As medalhas vêm por acréscimo, embora sejam uma parte importante do processo competitivo”, acrescenta Rita Nascimento. Esta foi a primeira presença da APAGL nesta prestigiada prova internacional disputada em Itália, daí que não existiam grandes expetativas em termos de medalhas, o mais importante, era, de facto, a experiência, lembrou, por sua vez, Carina Rosa. “Não fazíamos ideia

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de qual o nível competitivo que íamos encontrar e ficamos muito felizes por constatar que aquilo que fazemos aqui no Algarve já é bastante bom”, afirmou a treinadora numa pequena pausa do estágio que estava a ter lugar em Quarteira. E se a classe de competição treina habitualmente em Loulé, existem mais três classes de formação em Almancil, Quarteira e Loulé. “Estamos aqui em

modo de festa, todas juntas a fazer umas brincadeiras, mas já a experimentar algumas coisas a pensar na próxima época. Temos níveis muito diferentes e a ideia é que elas se conheçam melhor umas às outras fora do contexto de competição”, indicou Lígia Silva.

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Lara Rodrigues, Kateryna Ilchyshyn e Núria Gil

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Rita Nascimento, Lígia Silva e Carina Rosa com as ginastas medalhadas na Itália

Jovens ginastas que, nos polos de formação, têm três treinos por semana, de uma hora e meia a duas horas por treino, ao passo que a classe de competição treina praticamente todos os dias da semana, o que obriga a uma gestão rigorosa do Pavilhão Municipal Joaquim Vairinhos, que é utilizado pelos três clubes de ginástica existentes na cidade de Loulé. “É um processo

contínuo em que tudo conta, com a ginástica acrobática a ter características de modalidade individual, mas também de modalidade coletiva”, explica Lígia Silva, com Rita Nascimento a reconhecer que nem sempre é fácil lidar com tantas crianças e adolescentes ao mesmo tempo. “As mais velhas estão numa

fase em que há muitas emoções à 79

flor da pele, mas dão-se todas bem e temos conseguido construir uma equipa coesa. Tentamos ensiná-las a lidar com as situações que vão aparecendo, porque todas passamos mais ou menos pelas mesmas coisas”. Treinadoras que acabam por ser umas segundas mães ou irmãs mais velhas, confirma Carina Rosa.

“Às vezes somos mais psicólogas do que treinadoras, porque aquilo que lhes vai na cabeça depois influencia o que fazem no praticável. A técnica sabemos ensinar, a cabeça nem sempre é fácil de moldar. Conhecemo-nos há muitos anos, há coisas que elas contam mais facilmente a uma ou a outra treinadora, mas vamos resolvendo os problemas que vão ALGARVE INFORMATIVO #398


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Lara Gonçalves, Carina Passarinho e Diana Agostinho

surgindo”, aponta Carina Rosa, num processo que, de acordo com Lígia Silva, também é crucial o papel dos pais.

“Tentamos sempre resolver as coisas da ginástica na ginástica, mas, quando vemos que é necessário, não hesitamos em conversar com os pais, para todos em conjunto encontrarmos a melhor forma de as ajudar a crescer. O desporto é uma escola de vida, queremos que cresçam enquanto pessoas, que aprendam a lidar com as suas emoções, com as alegrias e frustrações, com os sucessos e insucessos”. Pais que, reforçam as treinadoras, são realmente peças fundamentais nos sucessos alcançados pelo APAGL, conforme se constatou na recente deslocação a Itália. 81

“Tivemos uma claque espetacular em Turim a apoiar as nossas ginastas, e as outras portuguesas em prova”, recorda Lígia Silva. Como se ensinar as técnicas, tratar da parte emocional e gerir as diferentes personalidades já não fosse suficiente, a ginástica acrobática não é uma ciência exata e o que funciona com um par/grupo pode não funcionar com outro. Por isso, há todo um puzzle para montar. “Temos

que encontrar o pacote completo de características. Por vezes pensamos que tecnicamente estão mais ou menos adaptadas umas às outras e que ficam bem esteticamente, mas depois os feitios não encaixam. Depois, há jovens com muita aptidão inata ALGARVE INFORMATIVO #398


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Beatriz Deodato, Leonor Agostinho e Matilde Figueiras

para a ginástica, mas falta-lhes algum compromisso para trabalhar todo esse potencial e, do lado oposto, jovens com menos talento natural, mas com um empenho tremendo que as ajuda a atingir patamares superiores. O ideal é terem todas o mesmo grau de compromisso e mais ou menos aptidões semelhantes”, sublinha Carina Rosa, com Rita Nascimento a falar ainda da preocupação em que ninguém fique de fora. “Tentamos que todos

estejam envolvidos, que tenham um par/grupo. Cada escalão tem um intervalo de idades dentro do qual têm que estar as bases e volantes e, no início de cada época, há sempre uma 83

reestruturação dos grupos”, revela. “O nosso objetivo é que deem sempre o seu melhor, que não pensem nos resultados, porque são muitos pares/grupos em competição e só três é que vão ao pódio. Tentamos motivá-las também com figuras novas para que os resultados dentro do praticável sejam sempre melhores”, diz Lígia Silva, e a meta, para a próxima temporada, é, precisamente, tentar subir mais um pouco a fasquia. “É uma escada que

se vai subindo degrau a degrau, melhorando a técnica para se tentar atingir a perfeição e, se elas tiverem uma grande paixão por aquilo que fazem, as medalhas ALGARVE INFORMATIVO #398


sénior, no que toca ao lazer e bem-estar.

acabam por aparecer com naturalidade”, assegura Carina Rosa.

Uma referência nacional e internacional na acrobática e nos trampolins A APAGL – Associação de Pais e Amigos da Ginástica de Loulé surgiu, em 1992, com o intuito de criar um movimento próprio e com uma orientação diferente dos clubes de ginástica que já existiam no concelho de Loulé, sendo presidida, desde 2020, por Ângela Correia. À data, são 384 ginastas, desde os 3 aos 86 anos de idade, às «ordens» de 13 treinadores e divididos pela ginástica acrobática e ginástica de trampolins, em termos competitivos, e pelo pilates e ginástica ALGARVE INFORMATIVO #398

“A grande maioria chega simplesmente para ter uma atividade física, mas depois entusiasmam-se com as modalidades. Os miúdos gostam imenso da sensação de voar nos trampolins e a beleza da acrobática seduz as meninas … e os três meninos que também estão na APAGL”, observa a professora de profissão. Associação que vive principalmente das quotas mensais – que não são aumentadas há mais de uma década, indica a entrevistada, “porque não

queremos limitar a vida desportiva de nenhum ginasta por questões 84


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Helma Caetano e Mariana António

financeiras” – mas também dos contratos-programa assinados com o Município de Loulé e de iniciativas organizadas com vista à angariação de fundos. “Temos uma prova

internacional muito conceituada, a Loulé Cup, que se realiza em outubro, a par de algumas provas distritais e nacionais que nos ajudam a compor o orçamento. E, com o apoio da Câmara Municipal, exploramos uma banca de bebidas no Festival MED e na Noite Branca. Do tecido empresarial chegam apenas apoios pontuais”, refere a presidente da direção da APAGL. Infraestruturas desportivas existem em Loulé e espalhadas um pouco por todo o 87

concelho, mas também há outros clubes a utilizar os mesmos espaços, de modo que a gestão dos horários não é fácil.

“Temos um espaço arrendado que nos permite ter alguma margem de manobra no que diz respeito aos trampolins, mas, na ginástica acrobática, é preciso estar um praticável instalado em permanência no chão. Isso limitanos bastante os treinos, mas percebemos que não há forma de contornar esta situação, porque a mancha horária do equipamento está efetivamente toda ocupada”, observa Ângela Correia, adiantando ainda que são os pais que tratam do transporte dos alunos para os treinos. “A

associação apoia os ginastas nas competições com as inscrições, os ALGARVE INFORMATIVO #398


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Ângela Correia

transportes e todas as despesas de alojamento e alimentação, os pais contribuem com um valor simbólico. E isso obriga-nos a organizar várias atividades de angariação de fundos”. A estas despesas somam-se ainda, por exemplo, os custos de aquisição dos equipamentos, com um maillot de acrobática a poder chegar aos 600 euros, e a substituição de uma lona de trampolim vai para os dois mil euros. “Um trampolim custa à

volta dos 17 mil euros, um praticável ultrapassa os 20 mil euros. E nós até gostaríamos de encontrar um espaço que pudesse albergar os nossos equipamentos, mas o aluguer seria uma despesa 89

mensal incomportável”, admite a dirigente. À semelhança das treinadoras, Ângela Correia não poupa elogios aos pais das ginastas, “que percebem a paixão

dos seus filhos e acabam por entrar também dentro desta vida desportiva”. “Com muita frequência acompanham os ginastas nas competições locais e nacionais e vários foram com os filhos a Turim. Os ginastas só faltam aos treinos se estiverem doentes ou tiverem testes e pedimos regularmente aos pais para fazerem bolos para vendermos nos eventos que ALGARVE INFORMATIVO #398


organizamos. Compreendem a dinâmica do clube, que conseguimos ajudar os filhos graças às coisas extra que realizamos, pelo que respondem sempre de forma positiva aos nossos desafios”, agradece a presidente. O resultado de todo este empenho, de ginastas, pais, treinadores, dirigentes, ALGARVE INFORMATIVO #398

são os resultados alcançados ao longo dos anos, com a APAGL a ser já uma referência no panorama nacional.

“Fomos a Itália sem qualquer expetativa e os resultados foram bons. A classe de acrobática está a crescer com bastante qualidade, o que nos orgulha imenso, pois é uma modalidade difícil, com uma componente desportiva e outra artística associadas. Nos 90


Um percurso em crescendo que sofreu alguns percalços durante a pandemia, nomeadamente na ginástica acrobática, que exige um maior contato entre as praticantes, mas na época desportiva 2022/2023 já houve listas de espera.

“Não queremos encher as nossas classes em demasia para não perdermos qualidade no treino, mas foi um ano de boom autêntico. Temos o problema de os miúdos, quando chegam a determinada idade, partirem para outros sítios, normalmente por causa da universidade, e o seu talento e condição física depois são aproveitados por outros clubes. Contudo, somos um clube de província, isso é algo que nos foge ao controlo”, admite Ângela Correia. “Quem anda cá é por gosto e pelo orgulho em ser ginasta, porque não estamos perante uma carreira desportiva rentável. Só mesmo os ginastas que estão no projeto olímpico é que têm uma remuneração”. trampolins temos tido diversos campeões nacionais e pódios internacionais, medalhados em campeonatos do mundo e, neste momento, temos um ginasta que está em processo de apuramento olímpico. O Gabriel Albuquerque já é falado em todo o mundo e corre o sério risco de ser um dos 16 que vai a Paris em 2024”, destaca. 91

Termina uma época desportiva, mas as férias são curtas, porque em meados de agosto arranca mais uma temporada liderara por uma equipa de direção que

“está sempre insatisfeita e com vontade de «inventar» mais coisas”. “Gostaríamos de reativar o baby gym para miúdos dos seis meses até aos três anos, estamos à procura de um instrutor com ALGARVE INFORMATIVO #398


formação específica. Em Quarteira vamos abrir uma classe de hip-hop kids, de teor lúdico, que investe no bem-estar dos miúdos e na prática física. Queríamos igualmente organizar uma competição internacional de ginástica acrobática, semelhante à que temos para a ginástica de trampolins, mas ainda há dificuldades para ultrapassar”, revela Ângela Correia. “Os dirigentes são dedicados e irrequietos, os nossos treinadores são incansáveis, temos um grande orgulho nos nossos ginastas, portanto, os resultados vão continuar a aparecer”, finaliza a presidente da direção da APAGL . ALGARVE INFORMATIVO #398

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«VERÃO EM TAVIRA» TAMBÉM TEVE MUITO JAZZ Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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ntre 20 e 23 de julho, a Praça da República acolheu mais um ciclo do «Jazz em Tavira», com L.U.M.E. – Lisbon Underground Music Ensemble, Maria Mendes, SUL – Bernardo Couto, Bernardo Moreira, Luis Figueiredo e Mário Barreiros com Quarteto Pacífico. O ciclo iniciou-se, no dia 20, com L.U.M.E., um ensemble de 15 instrumentistas músicos de jazz e de música erudita que se move entre as ALGARVE INFORMATIVO #398

afinidades com o modelo clássico da Big Band. Lançado em 2021, o terceiro disco de originais da banda, «Las Californias», revela a efervescência criativa do ensemble que reúne estes músicos em torno da procura por caminhos inesperados e improváveis na tensão constante entre composição e improvisação. No dia 21 teve lugar o espetáculo de Maria Mendes, baseado em «Saudade, Colour of Love», o seu novo trabalho gravado ao vivo e que tem recebido os maiores elogios da crítica musical 102


internacional. Maria apresentou-se em Tavira em formato de quarteto, naquilo que tem sido descrito como um «casamento perfeito» entre o fado e o jazz sinfónico, uma mistura inteligente e provocativa em introduções de orquestra ao estilo Sinatra, com interlúdios ricos em swing e devaneios pianísticos criativos. No dia 22 foi a vez de «Sul» com Bernardo Couto, Bernardo Moreira e Luis Figueiredo. Bernardo Couto (guitarra portuguesa), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Luís Figueiredo (piano) são músicos extremamente ativos na cena musical portuguesa da atualidade, trabalhando regularmente nas áreas do fado, do jazz, da música erudita e da música tradicional. «Sul» interpreta uma seleção de música feita em Portugal,

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incluindo fados, composições de jazz e canções tradicionais. O projeto dá destaque a alguns dos compositores mais proeminentes, em Portugal, e é um testemunho da vibrante cena musical portuguesa contemporânea. A encerrar este ciclo de jazz apresentouse o Quarteto Pacífico com Mário Barreiros, no dia 23 de julho, com Ricardo Toscano no saxofone alto, Abe Rábade no piano e Carlos Barretto no contrabaixo. O repertório do Mário Barreiros Quarteto consiste na apresentação de originais dos seus elementos registado no disco «Dois Quartetos Sobre o Mar» .

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«CENAS NA RUA» VOLTOU A SER UM SUCESSO TREMENDO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Município de Tavira

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Festival Internacional de Teatro e Artes na Rua de Tavira – Cenas na Rua esteve em destaque, de 5 a 16 de julho, na programação cultural «Verão em Tavira», com os objetivos de assegurar a fruição cultural e de divulgar diferentes disciplinas e géneros artísticos, como poesia, comédia, cinema, música, teatro, novo circo, malabarismo, dança, assim como dar a conhecer e permitir uma nova leitura sobre a cidade de Tavira. ALGARVE INFORMATIVO #398

No dia 12, a Antiga Lota recebeu «Poi», espetáculo de novo circo da Cia. D’es Tro (Espanha) que conta a história de um homem do campo preso desde a infância pelo efeito giroscópico de seu pião. Uma viagem de reviravoltas que nos transporta para o jogo, um dos estados mais importantes da vida. No dia 13 subiu ao palco da Praça da República «RUGE», o mais recente projeto de Rodrigo Guedes de Carvalho com Daniela Onís e Ruben Alves. Trata-se de um encontro de poesia e música no cruzamento entre a palavra escrita, cantada e falada, um espetáculo sobre o 114


amor e tudo em volta, sobre paixão e revolta. “Nasceu da paixão pelas

palavras que se juntaram em frases. Depois cresceram e tornaram-se uma urgência para ser dita e escutada. Há dramas e desabafos, e riso mal escondido nas ironias. Sem nenhum medo de mostrar emoções, RUGE é uma narrativa de poemas e canções sobre todos nós”, descreve o trio. A 14 de julho, a Praça da República vibrou com «Smashed» dos britânicos 115

Gandini Juggling, onde a manipulação do fruto proibido lança um olhar sagaz sobre as tensas relações entre homens e mulheres, utilizando o malabarismo tradicional e o circo contemporâneo. O espetáculo envolve nove malabaristas habilidosos, 100 maçãs vermelhas e uma trilha sonora com canções populares que vão de Tammy Wynette a Music Hall e Bach. No dia 15 foi a vez do Quorum Ballet de Daniel Cardoso apresentar, na Praça da República, o fantástico «Hashtag#Free», com oito bailarinos e um coreógrafo em palco, “sem ideias predefinidas, ALGARVE INFORMATIVO #398


sem pretensões de seguir correntes artísticas ou estilos, esquecemos toda a inibição, negando o controlo e deixando tudo para trás”. “No presente fica o corpo que se faz preencher pelos sentimentos, a música, o ritmo, o movimento que vive num espaço onde o simples é rotina e o espontâneo real”, explica Daniel Cardoso, num espetáculo de dança contemporânea em que se pretende explorar e interpretar valores intemporais como os direitos humanos, sentimento ALGARVE INFORMATIVO #398

de fraternidade, paz e respeito pela diferença. O «Cenas na Rua» chegou ao fim, no dia 16, no Jardim de São Francisco, com «Poesia no Jardim» pela Armação do Artista. Trata-se de uma performance poética de cariz intimista, interpretada pelo ator Vítor Correia e envolvida numa especial sonoridade musical da responsabilidade do pianista e compositor Luís Conceição, numa atmosfera videográfica realizada por Miguel Andrade e com cenografia de Miguel Martinho . 116


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OVELHAS À SOLTA EM TAVIRA Texto: Vico Ughetto| Fotografia: Vico Ughetto

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nstalação interativa de arte digital, com curadoria do Museu Zer0, homenageia as(os) pastoras(es) e inspira-se nos chocalhos e badalos das ovelhas. Fazendo o elo entre o passado – representado pela Ermida e pelos chocalhos – e o futuro – a tecnologia – a peça audiovisual «Ovelhas à Solta – Maestras do Carrilhão» serve-se da nova linguagem transmedia, recorrendo a sensores de movimento, câmaras, algoritmos computacionais e, sobretudo, muitos chocalhos, sinos e badalos de vários tamanhos para causar uma imersão interativa aos visitantes que passem (a entrada é livre) até 13 de agosto na Ermida de São Roque em Tavira. A instalação tem a curadoria do Museu Zer0 e conta com o apoio do Município de Tavira, que tem apostado também na ALGARVE INFORMATIVO #398

arte digital como forma de atração de um público cultural diverso. Composta por três zonas distintas, o visitante faz soar os carrilhões de chocalhos e campainhas, sem necessidade de tocar neles, mas apenas usando o seu movimento corporal, captado pelos sensores de movimento e depois traduzidos em luzes, cores e movimentos mecânicos. A dupla de artistas João Louro e Pushkhy criou esta obra digital, não apenas com o mero propósito de entreter os visitantes, mas provocar reflexões diversas no público. A inspiração artística surgiu pela observação das vidas transumantes dos homens e mulheres que pastoreiam ovelhas e cabras e num mundo rural que tende gradualmente a extinguir-se, e a tornar mais pobre as comunidades do interior rural. João e Pushkhy querem ir mais longe e esperam que a visita provoque uma visão mais filosófica sobre a relação do Homem 124


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e a domesticação dos animais, referindo que “as ovelhas são livres de nos

dar o seu leite, usar o guiso que nos convier e terminar no guisado que melhor nos souber”. Acrescentam ainda que a reflexão poderá até passar pelo indivíduo questionar

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sobre “a ovelha que existe dentro

de cada um de nós, e de como manifestamos individual e colectivamente o poder e a fraqueza dessa manada latente”. Portanto, para ver e refletir .

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Das férias Mirian Tavares (Professora) És um senhor tão bonito Quanto a cara do meu filho Tempo, tempo, tempo, tempo Vou te fazer um pedido (…) Caetano Veloso unca senti tanta vontade de parar – nada a fazer, dormir tarde, vendo filmes tontos, lendo romances policias (vício antigo) e me deixar dominar pela deliciosa sensação de que não é preciso pensar sequer. Nunca tinha sentido a real necessidade de um tempo longe, de um tempo para nada fazer. Tempo, como disse Borges: “Y, en todo caso, el tiempo es más real que nosotros. Ahora, también podría decirse y eso lo he dicho muchas veces que nuestra sustancia es el tiempo, que estamos hechos de tiempo. Porque, podríamos no estar hechos de carne y hueso: por ejemplo, cuando soñamos, nuestro cuerpo físico no importa, lo que importa es nuestra memoria y las imaginaciones que urdimos con esa memoria. Y eso es evidentemente temporal y no espacial”. És um senhor tão bonito, como a cara do meu filho... tempo, tempo, tempo, tempo, vou te fazer um pedido... E o que peço ao tempo, é TEMPO. Não muito. O suficiente para me desligar um bocado e não lembrar que há relógios, dias, horas marcadas. Dias que durem infinitos ALGARVE INFORMATIVO #398

minutos de gozo e descanso. Horas que se arrastem preguiçosas ao som do barulho do mar. Tenho uma ideia para umas férias de sonho: uns 15 dias num resort à beira-mar plantado, numa zona do planeta de clima ameno e com a água do mar quentinha. Passar os dias a ler romances policias na praia, numa bela espreguiçadeira e com muita água de coco. E como o sonho é meu, o resort só teria como hóspedes, figurantes contratados para dar um ar animado ao local. Não muitos e, muito menos, nada barulhentos. Dia 1 de agosto cometi a insanidade de ir à praia no fim da tarde e tive a certeza de que Sartre passou por cá – o inferno são os outros. E cada vez são em maior número. Alguém abriu as portas do inferno e a malta resolveu abancar por aqui .

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Foto: Vasco Célio

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Octogésima primeira tabuinha: X Ana Isabel Soares(Professora) ive-se na imperfeição. (É nessa condição, aliás, lembrou o atual Papa no seu discurso aos jovens no seu Encontro Mundial, esta semana em Lisboa, que se entra no caminho espiritual do cristianismo). Penso numa imperfeição prosaica, quotidiana, profundamente humana: acordar com o cabelo desgrenhado a destoar do bom humor parece uma maneira de falhar a sintonia do mundo. Mas qual é a sintonia do mundo? Quando, há quinze anos, me inscrevi numa das mais apelativas redes sociais, o Twitter, não imagino o que terei pensado que seria o futuro – porém, dia após dia, certos hábitos fazem monges, tornei-me uma utilizadora ativa, dedicada, empenhada, até; apaixonada, mesmo. Foi através do Twitter (diz-se «no Twitter», como se fosse uma casa) que conheci pessoas que hoje considero amigas, próximas de mim, que me conhecem de um modo próprio daquele contexto. Algumas já as conheci «de verdade», com encontros em presença (como se há de marcar esta distinção que separa o «conhecer-se» alguém virtualmente e o abraço de uma ligação corpo a corpo?); outras mantêm-se um nome, o avatar que assumem e que não revela necessariamente o seu aspecto no mundo «real» – sem que por isso estejam menos próximas; outras ainda são ALGARVE INFORMATIVO #398

vislumbres que fazem com que confunda designações, discursos, géneros (“Eras tu que andavas à procura de posters de cinema, não eras?”). Quando era moça pequena, uma das minhas brincadeiras favoritas era juntar uma pilha de almofadas no chão do quarto e fingir que eram ao mesmo tempo paredes de uma casa, sofás, cadeiras, camas, mas tudo sem limites físicos, onde sonhava que reuniria todas as pessoas que conhecesse. Sei lá se diríamos uns aos outros alguma coisa – era só o estar reunidos que me chamava, e creio que é ainda essa reunião que me chama, independentemente de se tratar de alguém que tivesse entrado na minha vida desde a infância ou que acabasse de encontrar na rua. Aquela rede que tinha por símbolo um pequeno pássaro em voo, de perfil, com o papo bojudinho e azul como o céu em dias claros, passou de mãos. Quinze anos depois (para mim, pois o Twitter foi lançado fez há pouco dezassete anos), habituada a um lugar familiar, apanho um choque de realidade: o lugar não me pertence, nem a nenhuma família que imaginasse como minha; a ilusão que aceitei e se foi consolidando com o passar do tempo é mesmo uma ilusão, o fingimento alicerçado na crença de que há ao lado dos dias um mundo sem mestre, a funcionar com a energia de 134


Foto: Vasco Célio

trocas mais ou menos calibradas pela anarquia de aproximações e afastamentos livres, por palavras que se acham em comum, por opiniões que se vão demarcando em conjuntos – os conjuntos de almofadas a receber gente amiga, ou nada mais que pessoas sobre as quais se tem alguma curiosidade. Nada foi prometido, nada estava, de início, garantido: o passar dos dias é que vai construindo os lugares de conforto e confiança, que vai fazendo com que se baixem as guardas da suspeita e dando a esquecer que o mundo humano, seja mais ou menos sólido, mais ou menos virtual, mais ou menos corpóreo e tangível, segue as mesmas regras: as do 135

interesse individual, do ganho imediato, da necessidade de afirmação de alguém perante (sobretudo acima de) outros. Hoje, é um X. Uma incógnita que tanto marca o lugar onde se estatelou o acidentado como a localização exata de um tesouro. Abro a aplicação (onde estás, passarinho?) e sinto-me como um dos memes que mais povoaram, ao longo de década e meia os meus feeds: John Travolta de ar perdido, casaco pendurado no braço, a olhar de um lado para o outro à procura de alguma coisa que nem ele sabe o que é, mas que sente que perdeu e não vislumbra . ALGARVE INFORMATIVO #398


Adília César (Escritora) De um exílio não se regressa, ele é a nossa terra exausta, a nossa palavra exausta, a nossa escrita exausta. : Um homem pobre nunca será um exilado: encontrará em todos os caminhos a devastação da sua intimidade. Rui Nunes ejamos. Para muita gente, as inevitáveis férias chegaram (o mês de agosto devia escrever-se sempre com maiúscula, tal é a enormidade da linha assimptota que o caracteriza). Inspiro profundamente até ao fundo do mar. Volto atrás e leio o que acabei de escrever. Depois daquela estranha afirmação entre parêntesis não me apetece dizer mais nada. Ultimamente, os parêntesis ganharam novos contornos na minha vida, com nuances caóticas e efervescentes, nem sempre por causa do calor. O planeta Terra entrou em fase de ebulição e o meu espírito está em perfeita sintonia magmática, com pensamentos secos e esfarelados que, depois do fogo, vão encobrindo algumas dúvidas existenciais relacionadas com as alterações climáticas, a inteligência artificial, enfim, a espuma de uma vida tão difícil de dissipar para tantas pessoas. Vejamos. Proponho-me escrever uma crónica (ou, na pior das hipóteses, uma não-crónica). Contudo, sei que um texto dessa natureza – uma espécie de história contada de modo linear – deve conter um ALGARVE INFORMATIVO #398

número mínimo de palavras (sei lá, por exemplo, 700) e, assim, farei um esforço para deixar registado algo interessante sobre a silly season (desculpem-me o estrangeirismo, mas a tradução não funciona bem, tendo em conta as minhas intenções narrativas). Vejamos. Estive a ler… Bem, na verdade creio que não vos interessa o que eu estive a ler. Nem sequer onde eu irei passar as minhas férias. E muito menos interessará o que é que eu penso sobre o verão. Mas as 700 palavras ainda estão longe e… Vejamos. Recomecemos. Estive a ler o último livro do escritor Rui Nunes, um autor que sigo há muito tempo. O homem escreve de uma forma demolidora, em completa ruptura com as tradições narrativas a que vou tendo acesso como leitora. Fascinante. A editora que publicou a maioria dos seus livros – a Relógio D’Água – classifica-os na categoria Poesia. Certo. «Neve, Cão e Lava» e as respectivas aproximações assimptóticas, segundo o autor. Talvez poesia, sim. Vejamos. Nesta crónica, definir se a obra de Rui Nunes se encaixa numa categoria 136


poética não é relevante, pois não pretendo traçar um perfil do escritor em causa. Da epígrafe que seleccionei, ressalta quase tudo o que me apraz dizer sobre o meu tema de eleição – o verão. Estou de férias, mas não aprecio partilhar territórios veranis com os outros. Sou uma espécie de exilada no meu próprio país, porque se me atrevo a sair encontrarei, decerto, “em todos os caminhos, a devastação da sua [minha] intimidade”. Deste modo, faço uma aproximação assimptota aos paraísos comuns daquilo que se convenciona como sendo férias e refugiu-me nos meus paraísos interiores: eu, tu, os pássaros que cantam junto à janela, a frescura do jardim que ambos frequentamos diariamente, os livros e as percepções decorrentes de todos os acontecimentos que parecem não se relacionar com o que acontece aos outros. A terra exausta, a palavra exausta, a escrita exausta. Ou quase. Vejamos. Ainda agora o tempo da expectativa paradisíaca começou e já me sinto exausta… assimptoticamente, aproximo-me das 700 palavras, mas…. o dicionário Priberam vem em meu auxílio e vejo claramente “a linha recta que se dispõe em relação à ramificação infinita de uma curva, de modo a que a distância de um ponto da curva a esta recta tende para zero quando o ponto se afasta indefinidamente sobre a curva”. Vejamos. É verão e o tempo ferve, o tempo não pára de ferver. Derreteu a neve metafórica, definitivamente. Fez desaparecer a frescura da manhã. Parece que o tempo tem pressa de viver, como os turistas. Assim é o verão para mim: uma onda complexa, que não cabe, que não coincide, que não se toca. Assimptota. Um calendário desfeito pelo calor da lava que não se vê, mas que sabemos que está ali, a 137

explodir durante o mês de agosto. O cão é grande e negro, olha-nos confiante e deitase na relva, a nossos pés. O tempo parece ameno, aproximando-se em câmara lenta. Vejamos. Será tudo isto apenas um sonho? Respiro pesadamente e decido acordar do torpor quente da noite. Sorrio, confiante como aquele cão que ainda está deitado sobre a relva, mas que eu já não consigo alcançar na tela do horizonte. Afinal, é dos sonhos arriscados que reza a história dos audazes. Na mesa de cabeceira, o livro do Rui Nunes é o que é: um lugar onde o já e o ainda quase coincidem. Finalmente, já atingi as 700 palavras! Pois então, basta de intenções literárias por hoje. Amanhã ainda será agosto, assimptoticamente falando. Sinto-me febril, tenho que me tratar. Escrever é uma doença . ALGARVE INFORMATIVO #398


O concerto, a Virgem e o pão com chouriço Sílvia Quinteiro (Professora) os 40 anos anunciei à família que estava grávida. Era inesperado. Nunca tinha expressado o desejo de ter um segundo filho. ⎼ É lindo, filha. Mas que Deus te dê paciência! Eu não tinha! ⎼, soltou o sentido prático da minha mãe. Nessa altura, a necessidade de intervenção divina pareceu-me claramente exagerada. A ideia de que existe uma idade para ter filhos, absurda. Até ontem. Um concerto imperdível, em Loulé. Família avisada. Despachar rápido. Temos de chegar a tempo de ficar na primeira fila. Acelero. Jantar na mesa. ⎼ Onde estão os meus calções?, ⎼ Há águas no carro?, ⎼ Tenho mesmo de ir? … “– Tenho mesmo de ir?” – Como tens mesmo de ir? Como é que não estás vestido, penteado e a vibrar com a ideia? Um suspiro: ⎼ Que seca! – As quatro décadas que nos separam a descoberto, a cozinha enorme, mal o vejo lá ao fundo… A famosa generation gap apanha-me. O tema-massacre das aulas de inglês tornase realidade. Já no carro, ensaio geral. Rever as letras. Afinar as vozes. A excitação de saber que daí a pouco vamos entoar as mesmas palavras com o cantor. Última ALGARVE INFORMATIVO #398

tentativa de convencer o filho de que a música é muito boa, o músico fabuloso, e as letras... Ai, as letras... Ouve bem o que ele diz aqui… Sem resposta. Viro-me. Airpods, cara de frete, 1,90m de rapaz em forma de casulo. Não comento. Não desisto. Ao vivo é outra coisa. Ele vai perceber e gostar. Primeira fila garantida. O concerto está atrasado. Ais e suspiros, ao meu ouvido. Ignoro. Anseio pela música que os abafe. Há de render-se ao talento. No palco, em cima de um teclado, uma Nossa Senhora de Fátima, ou de Taiwan, fluorescente. A aparição da santa em palco causa estranheza. E, claro, as inevitáveis piadinhas: ⎼ Dizes que são bons, mas o músico confia mais na Virgem que no talento. ⎼ Até eles precisam da Virgem para aguentar isto até ao fim. Os músicos assumem os seus lugares em palco. Reparo que o teclista é muito jovem. Antecipava alguém com ar de quem traz terços e pinheiros de cheiro pendurados no retrovisor do carro. Música, finalmente. A banda é energia pura. Um sucesso a seguir ao outro. Os ensaios postos em prática. Os fãs vibram. Ao meu lado, uma pequena que não aparenta ter mais de 10 anos canta entusiasticamente. Pergunto-me onde falhei. O concerto prossegue. O cantor dá 138


lume ao público. A 20 metros dali, o «Rei do Pão com Chouriço» dá lume ao forno. Em poucos minutos, misturam-se no ar quente da noite louletana o cheiro a pão e enchidos com as vozes que asseguram que enquanto houver estrada para andar, a gente vai continuar. Concerto terminado. Estou rouca: ⎼ Então? Afinal gostaste? ⎼ O pão com chouriço era bom. Contenho-me. Nem uma palavra que denuncie o meu desalento e a minha derrota. Percebo que a inusitada Virgem em palco veio afinal em meu socorro. É lindo, mas Deus me dê paciência! . 139

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O Caminho do Turismo João Ministro (Engenheiro do Ambiente e empresário) alar de Turismo nos dias que correm implica falar necessariamente em Sustentabilidade. É inevitável. No discurso generalizado da indústria turística, seja o dos actores profissionais ou institucionais, há sempre uma mensagem alicerçada nas questões ambientais, culturais ou sociais, consciente do impacto que esta actividade exerce nos destinos onde se realiza. Se dúvidas existissem sobre isto, recomendo vivamente a visualização do seguinte documentário: «The Last Tourist»1. É chocante, perturbador até, mas real. É obvio que existem regiões do globo onde essa pressão é maior, mais nociva ou onde a actividade é mais regulada e controlada. Mas sejamos honestos: o que ali se retrata, com maior ou menor intensidade, é algo que já sabíamos ou que inclusivamente já assistimos. Estamos hoje mais conscientes do que nunca do que advém de uma actividade turística massiva, desregrada ou planeada. De uma procura centrada em determinados locais e épocas do ano, baseada em modelos de negócio assentes no preço baixo e da atracção de quantidades, desqualificada e despreocupada com o território e as pessoas. As notícias pululam em todos os meios de informação, com exemplos ALGARVE INFORMATIVO #398

claros, mas também de como estão a reagir alguns destinos. Veja-se, por exemplo, o que se passa com o turismo de cruzeiros e o que algumas cidades europeias estão a fazer, nomeadamente Amesterdão, Barcelona ou Marselha. Em Amesterdão proibiu-se a acostagem de navios acima de 25 mil toneladas num dos seus principais portos, levando-os a procurarem outros cais, e com isso reduziu em 95 por cento a afluência de cruzeiros nesta cidade. Noutros sítios estão a impor-se limites diários de desembarque de passageiros nas cidades. Tudo para reduzir significativamente a poluição aquática e atmosférica, sabendo que a esta actividade está associada uma forte peugada ambiental e nem por isso um retorno económico nos locais visitados, como recentemente alguns estudos o demonstraram. Curioso é também o facto de expressões como greenwashing ou overtourism estarem a emergir abundantemente no debate internacional, talvez na tentativa de sensibilizar a comunidade em geral, em particular os agentes de decisão, para assim controlar ou regular esses fenómenos. Muito recentemente, no Reino Unido, foi publicado um «código de reclamações verdes» (Green Claims Code) que visa proteger o consumidor de informação falsa propagandeada pela 140


indústria ao nível dos seus produtos ou serviços. O Turismo está também contemplado nessas normas e, como tal, os promotores de informações falsas podem incorrer em penalizações, inclusivamente criminais2. Este exemplo surge precisamente num momento, não por coincidência, em que o marketing enganoso do turismo dito sustentável e ecológico está a espalhar-se, sem controlo, recorrendo a mensagens noticiosas «maquilhadas», sem fundo de verdade. A este nível, diga-se, o Algarve está bem recheado de casos óbvios, escandalosos até. A pressão sobre os recursos naturais, nomeadamente a água, é outro exemplo claro de como a indústria está hoje sob holofotes. Um caso paradigmático, mesmo aqui ao lado, é o que se passa em Doñana e o contributo dos mega empreendimentos de Matalascañas na secagem de uma das mais importantes zonas húmidas da Europa. Por tudo isto – e muito mais – é plenamente natural e justificada que a discussão em torno do futuro do Turismo implique uma agenda ambiciosa, visionária, destemida, estratégica e 141

planeada. Tudo aquilo que não consegui antever dos vários textos publicados em torno da nova Comissão Executiva da Região de Turismo do Algarve. Posso estar enganado – assim sinceramente o espero – mas os primeiros sinais pouco apontam nesse sentido. Esperemos para ver. O Algarve tem enormes desafios pela frente, no imediato e nos próximos anos, sendo a gestão sustentada do recurso Água apenas um deles. E o Turismo tem um papel central nas decisões que vierem a tomar-se. Não reconhecer e agir sobre isso é renegar para um plano secundário a principal actividade económica do Algarve. É ignorar todos os alertas, avisos e recomendações regionais, nacionais e internacionais. É perder um comboio em andamento, que outros destinos turísticos já apanharam, em direcção a uma actividade responsável, integradora, mobilizadora de dinâmicas de desenvolvimento sustentado dos territórios. É desperdiçar uma enorme riqueza natural e cultural, decisiva na nossa diferenciação concorrencial perante os outros destinos. É desaproveitar as oportunidades únicas do ponto de vista financeiro hoje à disposição, tanto no seio do famoso PRR ou do futuro Portugal2030. É deixar, por fim, tudo igual, quando o que precisamos é de mudanças. Será esse o caminho que iremos manter? .

1 https://thelasttouristfilm.com/#trailer 2 Green Claims Code published; beware of claims about sustainable travel and the risk of greenwashing (adventuretravelnetworking.com) ALGARVE INFORMATIVO #398


Por uma Economia Regional Carlos Manso ( ) ecorria o ano de 2015 quando a jovem delegação regional dos Economistas do Algarve, que tinha sido criada apenas em 2014, teve como primeiro objetivo apresentar um modelo de desenvolvimento para o Algarve. Sob a liderança do primeiro coordenador regional, Pedro Pimpão, foi constituído um grupo de trabalho com várias personalidades com experiência reconhecida e conhecimento da região algarvia que permitisse uma visão integral dos desafios e soluções necessárias, nomeadamente personalidades vindas e reconhecidas no meio académico e empresarial e que contribuíram para a elaboração do documento «POR UMA ECONOMIA REGIONAL: Linhas orientadoras para um modelo económico regional do Algarve». Já nesse documento eram apontados, entre vários desafios, a falta de resiliência da região, a reduzida contribuição da economia algarvia para a riqueza do País e a perda de vigor económico nos anos recentes. Apesar da melhoria das qualificações das pessoas, a verdade é que o número de empregos adequados a essa melhoria de qualificação gerados na região não registava a mesma dinâmica.

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Em 2015, a economia regional assentava essencialmente em quatro setores chave: Construção; Comércio por Grosso e Retalho; Alojamento e Restauração; e atividades imobiliárias. Com a particularidade óbvia de que todos estes setores estavam diretamente relacionados com a dinâmica do turismo. Será que em 2023 será muito diferente? A nossa falta de capacidade para ultrapassar estes desafios, afirmava-se, residia em vários fatores entre os quais, a reduzida dimensão, densidade e resiliência do setor produtivo, distanciamento relativamente aos Centros de Decisão dificultando uma abordagem baseada em políticas «bottom-up» voltadas para as especificidades da Região e uma elevada concentração no setor do Turismo. Será que em 2023 será muito diferente? Para além dos desafios e dificuldades, o documento apresentava também soluções que o Grupo de Trabalho considerava importantes para tornar a economia regional mais robusta e resiliente, nomeadamente concentradas em três estratégias fundamentais que vou tentar resumir. - Reforçar o desenvolvimento do Turismo e os seus efeitos «linkage» e/ou complementares apostando no elevado know-how do setor e através da atividade turística ter a capacidade de «arraste 142


infraestruturas portuárias e ferroviárias). - Por último, a criação de uma Administração «amiga» do investimento e com capacidade política competitiva, cujo objetivo prioritário era o desenvolvimento da Região que permitisse aumentar o rendimento per capita da população residente, aliando uma Administração forte com poder de decisão a vários níveis, com especial destaque no ordenamento do território.

direto» (a montante e a jusante) de outras atividades, em particular uma maior incorporação na cadeia de valor dos produtos regionais, uma maior aposta no turismo de elevado valor acrescentado e um ajustamento e adaptação da fiscalidade, tornando-a mais competitiva, ou, no mínimo, tão competitiva em comparação com os mercados concorrentes. - O desenvolvimento de uma «nova» economia regional contemplando dois pilares fundamentais para o Algarve: o uso e exploração eficientes dos recursos naturais e a incorporação de tecnologia. Apresentava como exemplos a aposta numa economia baseada em recursos endógenos naturais como, na Agroindústria, Indústria de transformação de pescado, incluindo aquacultura e a aposta numa economia de base tecnológica exógena para investimentos baseados em fatores relativos à mão de obra especializada como, infraestruturas de acolhimento e apoio aos investimentos e negócios (telecomunicações, aeroporto, 143

Esta estratégia passava por continuar a apostar na qualificação dos recursos humanos, um aumento das competências das entidades regionais (por desconcentração e descentralização) e, através da fiscalidade e benefícios, incentivar uma maior concentração empresarial (verticalmente e horizontalmente) e que permitisse a transferência das sedes de empresas e grupos empresariais para a Região. Com estas três estratégias principais eram também apresentadas, para cada uma delas, um conjunto de medidas de ação que se acreditava que iriam permitir atingir os objetivos pretendidos. Muitos dos desafios descritos nesse documento continuam atuais, assim como muitas das soluções. Foi em 2015 e o tempo não espera por nós. Pensem nisto . Nota: Este artigo de opinião apenas reflete a opinião pessoal e técnica do Autor e não a opinião ou posição das entidades com quem colabora ou trabalha. ALGARVE INFORMATIVO #398


Escassez Hídrica: A Realidade Silenciosa que ameaça a Humanidade Teresa Fernandes (Coordenadora Nacional da Comissão Especializada de Comunicação e Educação Ambiental da APDA e responsável pelo Gabinete de Comunicação e Educação Ambiental da Águas do Algarve) O desafio da gestão sustentável da água exige que cada um de nós assuma a responsabilidade pelas suas ações e faça escolhas conscientes em relação ao consumo e conservação que faz destas escassez hídrica é uma realidade preocupante que ameaça a humanidade de forma silenciosa, colocando em risco a sobrevivência e o desenvolvimento sustentável de todas as espécies vivas do planeta! A escassez hídrica não é um problema distante que afetará apenas as gerações futuras. Já estamos vivenciando os seus efeitos em muitas partes do mundo. Num mundo cada vez mais suscetível à seca, é imperativo que busquemos inovações e adotemos práticas adaptáveis na gestão hídrica. Com o aumento da população global que soma 8,04 bilhões de pessoas, e o crescimento económico cada vez mais acelerado, a procura por água doce tem vindo a aumentar consideravelmente. Ao mesmo tempo, enfrentamos mudanças climáticas que exacerbam a escassez hídrica em muitas regiões do globo, ALGARVE INFORMATIVO #398

afetando atualmente milhões de pessoas, especialmente em áreas mais vulneráveis e menos desenvolvidas que enfrentam sérios desafios como são a escassez de alimentos, aumento dos preços da água, migração forçada e conflitos relacionados com a disputa pela água. Consequentemente, surgem os problemas de saúde pública, propagação de doenças, desnutrição e conflitos entre as comunidades pelo acesso aos recursos hídricos (in)disponíveis. Dados alarmantes revelam que cerca de 2,2 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a água potável, e 4,2 bilhões vivem em regiões afetadas pela escassez. Para além dos impactos diretos sobre a população, a escassez hídrica também ameaça a biodiversidade e os ecossistemas, causando a perda de habitats naturais e levando várias espécies à beira da extinção. Os ecossistemas aquáticos são fundamentais para a manutenção do equilíbrio ecológico, e a sua degradação 144


tem um efeito cascata em todo o ambiente que nos rodeia. Para enfrentar essa realidade, são necessárias medidas urgentes e efetivas. Investimento em tecnologias de conservação e uso eficiente da água, dotar a população de uma maior literacia sobre esta temática, associada a uma maior consciencialização sobre a importância da preservação deste recurso (veja-se o exemplo da campanha «Água é vida», em curso pela Águas do Algarve na região, e em todo o universo Águas de Portugal). As alterações climáticas estão a exacerbar os desafios relacionados com a escassez hídrica por todo o Planeta, e a Europa e Portugal são exemplo disso. As mudanças no padrão de chuvas, aumento das temperaturas e eventos climáticos extremos estão a afetar a disponibilidade e a distribuição da água também na nossa região. Vejamse os níveis úteis atuais das barragens que sustentam o abastecimento na região do Algarve – Odelouca 17 hm3, Odeleite 29 hm3, Beliche 10 hm3. A escassez hídrica é uma ameaça que precisa ser abordada com seriedade e compromisso, por todos sem exceção. Somente através de esforços conjuntos poderemos garantir um futuro onde todos tenham acesso a 145

água limpa e suficiente para viver com dignidade. Deixo o apelo para que ninguém fique indiferente à escassez de água que assola a nossa região. Cada um de nós tem o poder de fazer a diferença. Precisamos de repensar os nossos hábitos e adotar práticas sustentáveis todos os dias, e não apenas aquando de períodos de seca. A água é o bem mais precioso que temos, e o seu valor inestimável transcende qualquer outro recurso. Imagine um mundo onde os rios secam, e as nossas fontes de vida são reduzidas a meras lembranças. Falo para si, que está a ler ALGARVE INFORMATIVO #398


este artigo! É hora de agir, de assumir um papel ativo na preservação deste tesouro líquido. Cada gota conta, e desperdiçar água é permitir que este bem vital escorra por entre os nossos dedos. Juntos, podemos criar um movimento em prol da preservação hídrica. Partilhe esta ideia com amigos, familiares e colegas, despertando a consciência coletiva sobre a importância de cuidarmos deste recurso finito, e onde a indiferença ceda lugar à empatia e ao compromisso. Chame a atenção se identificar práticas de desperdício. Cada gota economizada é um ato de amor para com o planeta e com todas as espécies de vida, um ato que impactará positivamente a vida de bilhões de pessoas, e de todos os seres vivos. A hora é agora. Não desperdice água, seja parte da transformação. Vamos escrever uma história de mudança. Também a educação desempenha um papel fundamental na consciencialização da população sobre a escassez hídrica. Devemos buscar a disseminação de informações sobre a importância da água, os impactos de um consumo desenfreado e as práticas de conservação. Escolas, instituições e os media desempenham um papel importante nesta tarefa, fornecendo conhecimento e capacitando os cidadãos para fazerem escolhas conscientes. Faça parte da mudança, transforme pequenos hábitos em grandes atos. É importante lembrar que cada ação individual, por menor que seja, contribui para a abordagem geral e adaptação ao clima. É imperativo que cada um de nós reconheça o impacto das nossas ações ALGARVE INFORMATIVO #398

individuais no consumo de água. Pequenas mudanças no nosso estilo de vida podem fazer uma grande diferença. Tomar banhos mais curtos, fechar a torneira enquanto escovamos os dentes, consertar fugas, e utilizar sistemas de captação de água da chuva são algumas das medidas simples que podemos adotar no nosso dia a dia Ao adotar estas pequenas ações quotidianas podemos fazer uma grande diferença na preservação da água. A consciencialização e a atuação responsável da população são essenciais nesse processo. Não podemos esperar soluções milagrosas ou depender exclusivamente das ações governamentais. Ao longo dos anos, temos negligenciado a sua importância e tratando-a como um bem ilimitado e gratuito da natureza. A verdade é que a água é um recurso finito e está a tornarse cada vez mais rara e preciosa. A adaptação às novas circunstâncias da escassez hídrica decorrentes das alterações climáticas é um desafio complexo. Não podemos permitir que a escassez hídrica comprometa a nossa qualidade de vida, a nossa segurança alimentar e o equilíbrio dos ecossistemas. É hora de agir com inteligência, responsabilidade e consciência. A água é um recurso limitado, e só teremos um futuro promissor se aprendermos a preservá-la e utilizá-la de forma sustentável. A água é um tesouro partilhado por todos. Use-a com sabedoria, respeito e gratidão . 146


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