REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #396

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ALGARVE INFORMATIVO 22 de julho, 2023

«ANTES DE MORRER» DO PROJETO INCORPORA | «ERA UMA VEZ» DA TEIA D’IMPULSOS JAPONESA 1 «A ÚLTIMA BORBOLETA» DA FERA TEATRO | «LOS VIAJES DE BOWA» DA LA GATA ALGARVE INFORMATIVO #396 CELERATOR AVANÇA EM PORTIMÃO | FEIRA POPULAR DE LOULÉ | LOULETANO DESPORTOS CLUBE


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ÍNDICE Louletano Desportos Clube recebeu Medalha de Honra ao Mérito Desportivo (pág. 24) Parque tecnológico Celerator deverá ser inaugurado no último dia de 2023 (pág. 34) Carminho e Jorge Palma brilharam na Feira Popular de Loulé (pág. 42) La Gata Japonesa trouxe «Los Viajes de Bowa» a Tavira (pág. 56) Freguesia de Portimão festejou aniversário com mega concerto dos The Gift (pág. 70) Pojeto Incorpora apresentou «Antes de Morrer» no Teatro Lethes (pág. 86) Dança inclusiva da Teia d’Impulsos visitou o «planeta» do Principezinho (pág. 100) A FERA Teatro deu a conhecer «A Última Borboleta» no IPDJ (pág. 112)

OPINIÃO Paulo Cunha (pág. 124) Adília César (pág. 126) Sílvia Quinteiro (pág. 128) Lina Messias (pág. 130)

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Louletano Desportos Clube recebeu Medalha de Honra ao Mérito Desportivo Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Louletano Desporto Clube recebeu, no dia 15 de julho, em cerimónia realizada no Salão Nobre da Câmara Municipal de Loulé, a Medalha de Honra ao Mérito Desportivo atribuída pelo Governo Português, na pessoa do Secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Correia. A medalha destina-se a galardoar individualidades e ALGARVE INFORMATIVO #396

coletividades, nacionais e internacionais, pelos serviços prestados em prol do desporto nacional e pela continuidade ou repetição de ações ou factos relevantes que prestigiam o desporto nacional e o nome de Portugal. Como se pode imaginar, o anfitrião da cerimónia, Vítor Aleixo, não podia estar mais contente por uma entidade do concelho de Loulé receber esta distinção, e numa sala cheia de autarcas, dirigentes desportivos, atletas e treinadores do 24


emblema. “O Louletano celebra este

desporto em Loulé”, declarou o edil,

ano o seu centenário e já recebeu, no Dia do Município, a Medalha de Mérito Municipal de Grau Ouro. Por esta instituição passaram muitas gerações de atletas, um clube eclético que tem diversas modalidades, todas elas importantes, porque, felizmente, em Loulé não impera a monocultura do futebol”, enalteceu

com um sorriso.

o presidente da Câmara Municipal de Loulé, que lembrou que o ciclismo do Louletano há várias décadas que leva o nome de Loulé por esse país fora.

“Ganhou inclusive uma Volta a Portugal, com um ciclista inglês, o que também exemplifica o cosmopolitismo do Algarve. É mais um grande momento, viva o

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Depois de receber a medalha e o respetivo diploma, António do Adro, presidente da direção do Louletano Desportos Clube, destacou o papel preponderante que a formação desempenha no futebol, futsal, ginástica, natação, ciclismo, triatlo e powerlifting, entre outras modalidades. “Somos o

clube mais eclético e antigo do concelho e é para nós um enorme orgulho recebermos esta distinção. E somos o que somos muito graças ao apoio da Câmara Municipal de Loulé, seja a nível das infraestruturas e transportes, como dos contratos-programa”, frisou o dirigente.

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anos 20 e 30 do século passado, “uma No uso da palavra, João Paulo Correia deu os parabéns ao Louletano por se juntar ao lote restrito dos clubes centenários de Portugal e recordou os ALGARVE INFORMATIVO #396

época em que o país conheceu as novidades do mundo e na qual o desporto começou a tomar conta 26


do território nacional”. “Muitas eram as novas modalidades que conquistavam a simpatia dos 27

populares e muitos homens e mulheres da terra, por contacto com outras geografias ou por ALGARVE INFORMATIVO #396


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informações obtidas através de familiares, tiveram a iniciativa de fundar clubes desportivos. O Louletano Desportos Clube é conhecido no resto do país pelas suas grandes equipas de ciclismo, mas possui múltiplas disciplinas desportivas e é, por isso, uma referência regional”, salientou o governante. “É uma marca identitária do concelho de Loulé e da região do Algarve, com uma filosofia eclética, porque o desporto não começa e acaba no futebol”, reforçou. O Secretário de Estado da Juventude e 29

Desporto chamou a atenção para os valores da inclusão, da integração, da solidariedade e da paz, e realçou ainda a enorme força social que o desporto possui. “Foi o primeiro sector da

sociedade internacional a aplicar sanções à Rússia pela invasão militar à Ucrânia. Foram as vozes do desporto que se manifestaram de imediato contra a agressão militar da Rússia à Ucrânia e que levaram certamente os governantes dos seus países a tomarem as decisões rápidas que tinham que tomar”, lembrou João Paulo Correia, que sublinhou igualmente o contributo do desporto para a ALGARVE INFORMATIVO #396


reputação de Portugal. “O nome do

Cristiano Ronaldo é conhecido em todos os cantos do mundo, porque os grandes ídolos das crianças ultrapassam todas as fronteiras. Todos nós tivemos os nossos ídolos no desporto, alguém cujas pisadas tentámos seguir. O desporto tem que ser olhado, acima de tudo, como uma força social que representa os valores que queremos transmitir aos nossos jovens, e os clubes são uma escola essencial para a cidadania, para o percurso de qualquer cidadão”, manifestou. O Secretário de Estado indicou ainda que as 61 federações com utilidade pública existentes em Portugal têm mais de 700 mil atletas inscritos, um valor ALGARVE INFORMATIVO #396

histórico e superior ao de 2019, antes da pandemia, “o que significa que

temos seguido o caminho certo em termos de políticas públicas, o que também se deve ao apoio das câmaras municipais e das juntas de freguesia”. “O desporto em Portugal tem crescido também por conta da ajuda do poder local, na construção e reabilitação de infraestruturas, na cedência de transportes, no apoio à formação. Todos sabemos que a economia local já não apoia tanto os clubes desportivos como no século passado, o que os fragilizou financeiramente, e as autarquias deram um passo em frente para colmatar essa lacuna”, elogiou João Paulo Correia . 30


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José Apolinário, Paulo Pinheiro, Teresa Mendes e Paulo Águas

Parque Tecnológico Celerator deverá ser inaugurado no último dia de 2023 Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Autódromo Internacional do Algarve e a Universidade do Algarve associaram-se para lançar um novo parque tecnológico na Europa para a investigação, desenvolvimento e teste de tecnologias e soluções nas áreas da mobilidade, energia e sustentabilidade. Localizado nas mesmas instalações do ALGARVE INFORMATIVO #396

mundialmente famoso Autódromo Internacional do Algarve onde a F1, Moto GP e todas as outras grandes marcas e equipas se deslocam para competir e testar os seus veículos, e onde as melhores OEM – Original Equipment Manufacturer de nível mundial testam, desenvolvem e lançam os seus componentes para veículos, o Celerator é o resultado de uma união entre a Universidade do Algarve – um centro de conhecimento e ensino superior, 34


composto por profissionais dos mais elevados padrões de qualidade e especialização – e o Autódromo Internacional do Algarve. Ganhando por estar tão próximo do circuito e ter a Universidade como membro fundador, o objetivo do Celerator é ser uma infraestrutura de aprimoramento de conhecimento tecnológico para o desenvolvimento de know-how e tecnologia, para internacionalização de empresas e aceleração de entrada no mercado, com produtos e serviços de alto valor, reunindo assim as fases de criação, desenvolvimento, transferência e adoção pelo mercado de soluções de mobilidade, descarbonização, combate às alterações climáticas ou inovação energética. “A

empreitada vai avançar no terreno

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amanhã e serão cerca de cinco meses intensos para concluirmos uma obra com mais de 2 mil metros quadrados. É um desafio enorme e complexo, mas que nos enche de orgulho, porque será o primeiro edifício do Algarve apto para albergar empresas relacionadas com as novas tecnologias da indústria automóvel e das energias renováveis”, referiu Paulo Pinheiro, Presidente do Celerator e CEO da Parkalgar, no dia 13 de julho, aquando do ato de consignação formal da obra. De acordo com Paulo Pinheiro, o futuro passa pela mobilidade elétrica, mas, fundamentalmente, a médio e longo

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prazo, por novas formas de energia para motores de combustão interna, que necessitam de combustíveis sintéticos que têm como vantagem a não emissão de CO2. “Portugal já tem uma

por via de uma transformação, de uma aplicação e de módulos de gestão interessantes”, entende o

política clara sobre o hidrogénio verde, mas ele, por si, não consegue fazer nada, precisa de aplicações finais. E outro problema que se vai começar a colocar à sociedade dentre de poucos anos, e de forma muito forte, tem a ver com a segunda vida das baterias de todos os veículos elétricos e híbridos. Apesar de já não ser suficiente para servir o seu propósito principal, elas continuam a ter um potencial energético que pode ser utilizado

automóveis, na sua génese, têm uma preocupação ambiental e, se não houver um fim ecológico para estas baterias, continuam com um problema por resolver, e nós queremos fazer parte da solução”,

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responsável do Autódromo Internacional do Algarve. “Os fabricantes de

acrescenta. Parceiro indispensável neste projeto é a Universidade do Algarve, a outra sócia da Associação Celerator, que, a par dos cerca de 10 mil alunos que frequentam este estabelecimento de ensino superior, possui vários centros de investigação e tem uma forte ligação com o tecido 36


empresarial da região. “Estamos

convictos de que este parque tecnológico vai ser mais um laboratório para as nossas equipas de investigadores trabalharem e assim contribuírem para uma maior transferência de conhecimento para a população e para a sociedade. A Universidade é de todo o Algarve, apesar de ter a sua sede em Faro”, frisou o reitor Paulo Águas. Outro parceiro imprescindível nesta empreitada é a Câmara Municipal de Portimão, representada pela vereadora Teresa Mendes, que destacou a importância da formação e da diversificação económica inerentes a este parque tecnológico. “Estamos

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concentrados em criar um campus universitário em Portimão focado nas tecnologias, de modo a que os jovens, assim que começam a sua formação de base, até depois à sua especialização, tenham um laboratório in loco, perto, para fazerem a diferença na economia local e regional. É uma parceria essencial para que, um dia mais tarde, se rentabilize ainda mais o investimento que hoje aqui vai ser feito. Estamos imensamente gratos por, todos juntos, conseguirmos ter visão e coragem para se avançar para esta obra”, declarou Teresa Mendes. O momento formal terminou com as palavras de José Apolinário, presidente

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da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, que elogiou um projeto “que visa

posicionar o Algarve no domínio das novas soluções energéticas, dos combustíveis sintéticos, do hidrogénio verde, no fundo, dos desafios da transição climática”. Depois de ajustamentos ao projeto para garantir a sua plena execução, o investimento total vai rondar os 3,4 milhões de euros, com uma parte substancial suportada pela Parkalgar e outra por fundos europeus. “Já temos

um centro tecnológico virado para a área do digital em Faro, queremos agora ter um centro tecnológico no Barlavento, centrado nas novas energias e na ALGARVE INFORMATIVO #396

transição climática, numa visão ampla de território. E, nos Centros Tecnológicos Educativos, investimentos assegurados pelo PRR nas escolas secundárias, houve uma concertação para garantir formação nestas novas áreas, para que tudo isto faça sentido”, sublinhou José Apolinário, lembrando ainda que este novo parque tecnológico tem uma forte aptidão para depois acolher várias empresas. “Temos

que olhar para o futuro, ter aqui um centro de transferência de tecnologia, ver o que se está a passar no mundo automóvel, na questão dos combustíveis e baterias, com uma área empresarial que poderá 38


consolidar-se em redor do Celerator”, apontou o líder da CCDR Algarve, que falou ainda da necessidade de se aplicarem mais fundos na Investigação & Desenvolvimento na região. E, de facto, projetos e empresas poderão arrendar uma área no amplo espaço do Celerator, independentemente do seu nível de prontidão tecnológica, e ter acesso aos equipamentos e hardware já existentes. “A qualidade e

qualificação dos recursos humanos que temos em Portugal, a parceria com a Universidade, a

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proximidade por avião a todas as grandes cidades europeias – sem esquecer o magnífico clima típico da região – são uma proposta de valor único que fará do Celerator um parque tecnológico único”, reforça Paulo Pinheiro. Após a conclusão e equipamento do edifício, o parque tecnológico fará parte de um complexo que tem nas suas instalações um circuito de desportos motorizados, um parque todo-o-terreno, um kartódromo, uma incubadora de startups, um hotel e resort de 5 estrelas e 25 Mw de painéis solares que fornecem energia verde a todo o complexo .

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Carminho e Jorge Palma brilharam na Feira Popular de Loulé Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Largo do Monumento Eng.º Duarte Pacheco e o Parque Municipal de Loulé acolheram, de 13 a 16 de julho, mais uma edição da Feira Popular de Loulé, com noites repletas de muita animação e abrilhantada por dois grandes nomes da música nacional, nomeadamente, a fadista Carminho e o músico Jorge Palma. O certame pretendeu reavivar o ambiente do antigo ALGARVE INFORMATIVO #396

evento de beneficência que, nos idos anos 40 e 50, animou a antiga Quinta do Pombal (hoje Parque Municipal de Loulé), com assinalável êxito, e oferecer à cidade e aos seus habitantes uma opção diversificada de entretenimento e animação nas noites quentes de verão. Levar à cidade algumas tradições do interior serrano, os seus produtos e os seus artesãos, foi um dos grandes objetivos da organização, com o certame a contar com exposição e venda de artesanato e produtos agroalimentares, 42


tasquinhas com petiscos regionais que foram bastante apreciados pelos visitantes, uma área de animação infantil dedicada aos mais novos e espetáculos musicais diários. Por estes dias a moda também esteve em destaque, já que, integrado na Feira, se realizou, no Parque Municipal, o Stock & Chic, uma iniciativa conjunta entre a Câmara Municipal de Loulé e comerciantes, com o apoio da ACRAL, que desafiou os lojistas do concelho a escoarem os seus produtos a preços convidativos, e a oferecer, em simultâneo, uma opção diversificada de entretenimento.

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Em termos musicais, destaque, no palco principal, para os concertos com Carminho, um dos nomes maiores do Fado que apresentou o seu novo disco «Portuguesa»; e com um dos mais consagrados nomes da música portuguesa, Jorge Palma, que fez o público sonhar com temas incontornáveis que marcam a sua já longa carreira, tais como «A Gente vai Continuar», «Deixame Rir», «Bairro do Amor» ou «Encostate a mim» .

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LA GATA JAPONESA TROUXE «LOS VIAJES DE BOWA» A TAVIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Antiga Lota de Tavira assistiu, no dia 11 de julho, no âmbito do «Cenas na Rua», a «Los Viajes de Bowa», da responsabilidade da companhia espanhola La Gata Japonesa. Bowa, protagonizada pela fantástica artista circense Elena Vives, é uma nómada, órfã de raízes e sonhos, que um dia se deparou com uma garrafa à beira-mar. Lá dentro encontrou uma mensagem e algo a levou a encetar uma busca pelo seu destinatário.

emocionais da personagem que são sustentados por uma linguagem circense multidisciplinar, com a magia a surgir acidentalmente e a reforçar a peculiaridade daquele espaço. Um espaço onde acontece uma verdadeira investigação sobre as garrafas, com a manipulação, equilíbrio e desmistificação do objeto, tornando-o personagem, cenário ou mero elemento de suporte. Um espetáculo recheado de acrobacias aéreas, humor e poesia como elementos transversais que deliciaram a assistência que encheu por completo o espaço localizado junto ao Mercado da Ribeira, em Tavira .

O espetáculo retrata diferentes estados ALGARVE INFORMATIVO #396

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FREGUESIA DE PORTIMÃO FESTEJOU ANIVERSÁRIO COM MEGA CONCERTO DOS THE GIFT Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Freguesia de Portimão assinalou mais um aniversário com um fantástico concerto, no dia 8 de julho, com os The Gift, que encheram a Alameda da Praça da República de uma imensa multidão em delírio para escutar e cantar os êxitos da icónica banda liderada pela irreverente Sónia Tavares. Uma noite ALGARVE INFORMATIVO #396

mágica em que o grupo de pop/rock nascido em Alcobaça há quase 30 anos apresentou temas do mais recente disco «Coral», e sucessos intemporais como «Ok! Do you want something simple?», «Clássico», «Fácil de Entender», «Primavera», «Verão», «Driving you slow» ou os mais recentes «Big Fish» e «Love without violins». Simplesmente fantástico o concerto, como seria de esperar . 72


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PROJETO INCORPORA «ANTES DE MORRER» Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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APRESENTOU NO TEATRO LETHES

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Teatro Lethes, em Faro, assistiu, nos dias 8 e 9 de julho, a «Antes de Morrer», mais uma criação do Projeto Incorpora dirigido por Filipa Rodrigues. “A morte

não é um assunto tabu, mas sim a única certeza que temos na vida. A questão é: O que vais fazer antes de morrer?”, pergunta a bailarina,

«Antes de morrer» é um espetáculo onde a dança brinca com a palavra e juntos embalam a alma. Com ideia e conceção de Filipa Rodrigues, foi interpretado por Ana Rybak, Ana Teresa, Beatriz Marques, Constança Vazquez, Constança Pinto, Inês Rodrigues, Lara Ornelas, Maria Fernandes, Vallo del Vall e Rita Pereira, contando ainda com o apoio à palavra de Patrícia Amaral e o apoio à residência do LAMA Teatro .

professora e coreógrafa. ALGARVE INFORMATIVO #396

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DANÇA INCLUSIVA DA TE O «PLANETA» DO PRINCIP Texto: Daniel Pina | Fotografia: Teia D’Impulsos

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EIA D’IMPULSOS VISITOU PEZINHO

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Teia D’Impulsos deu as boas vindas ao mês de julho com um espetáculo de dança inspirado na história do Principezinho, contada por pequenas e grandes bailarinas da sua Academia de Ballet e pelos jovens dançarinos, com e sem deficiência, do projeto ECOS – Oficina de Dança Inclusiva. Foi no dia 1 de julho que o Auditório do Museu de Portimão recebeu «Era uma vez» para recordar aos adultos da importância de ouvir a «linguagem do coração» das crianças e jovens que, com casa cheia de familiares e amigos, se despediram de mais um ano letivo com muita imaginação, conduzidos pela professora de dança Ana Brito e pela terapeuta ocupacional Inês Reis. “Os ALGARVE INFORMATIVO #396

adultos não percebem nada do que as crianças lhes querem dizer. Por muitos estudos e pedagogia que se faça, continua a existir uma distância enorme entre aquilo que nos querem comunicar e aquilo que apreendemos, e a nossa capacidade de comunicar com eles e de tentar fazer deles melhores pessoas do que nós somos”, declarou, na ocasião, o presidente da direção desta associação sediada em Portimão, Luís Brito. No espetáculo, o Município de Portimão fez-se representar por Teresa Mendes, vereadora da Educação e do Movimento Associativo, entre outros pelouros, que acrescentou: “Uma das grandes

diferenças entre estes meninos e 102


nós, os mais crescidos, é que eles veem com o coração e nós vemos com a cabeça. E nem sempre o coração e a cabeça comunicam bem. Por isso, às vezes, nós não entendemos a linguagem do coração que eles nos falam, e cada vez mais é importante olhar para as mensagens que eles nos transmitem”. A autarca recordou ainda que “os últimos três anos foram muito difíceis para estas crianças” e reconheceu o quão desafiante é também para os pais e familiares, que

“têm que se desmultiplicar para conseguir dar o apoio a estes meninos e levá-los a todas estas atividades”. “Sei que é difícil na correria do dia a dia, mas tentem, todos os dias, nem que seja por

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meia hora, aproveitar o tempo deles. E vão ver que vão ganhar inúmeras meias horas ao longo da vida”, aconselhou Teresa Mendes. No final, Luís Brito deixou a convicção de que “na Teia D’Impulsos

acreditamos que podemos de alguma forma transformar o nosso pequeno planeta, neste caso, Portimão, através de pequenas ações com pequenos grupos, populações mais especiais, e é isso que vamos continuar a fazer todos os dias”. Teia D’Impulsos que é uma associação sem fins lucrativos cujo principal objetivo é o desenvolvimento de projetos de cariz social, cultural, desportivo, formativo e ambiental, alicerçados na igualdade de direitos e oportunidades entre todos os cidadãos .

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A FERA TEATRO DEU A CONHECER «A ÚLTIMA BORBOLETA» NO IPDJ Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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Auditório do Instituto Português do Desporto e Juventude, em Faro, acolheu, no dia 11 de junho, o espetáculo «A Última Borboleta» d’A FERA Teatro, inserido no MOMI – Festival Internacional de Teatro Físico Algarve, organizado pelo JAT – Janela Aberta Teatro. Com ideia original de Inês Mestrinho e criação artística e interpretação a cargo de Inês Mestrinho e Tânia, a história tem lugar num mundo frio e distante no qual uma única e pequena borboleta noturna carrega consigo o potencial da mudança, ALGARVE INFORMATIVO #396

contagiando o mundo a partir do seu casulo com todo o amor que consegue carregar. Uma história que, antes de nos fazer pensar, faz-nos sentir, através da música, dança, teatro físico e teatro de sombras, tudo sem palavras. Tânia Silva é Pós graduada em Comunicação, Cultura e Artes – Especialização em Teatro pela Universidade do Algarve e possui o Curso Profissional de Atores pela ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve, tendo tido formação com Andrzej Kowalski, António Branco, Dario Fo, Evegueni Beleaev, Franca Rame, Inês Barahona, José Carlos Garcia, José́ Louro, José Manuel Ávila Costa, José́ Mário Branco, Madalena Victorino, Manuela de Freitas, 114


Nuno Pino Custodio, Pedro Monteiro, Pedro Ramos, Sofia Cabrita, Tó Quintas, entre outros. Trabalhou com os criadores Luís Vicente, Joaquim Benite, Jorge Soares, Paulo Moreira, Paulo Matos, Pedro Monteiro, Isabel dos Santos, José́ Lourenço, José Carlos Garcia, João de Brito, Andrzej Kowalski, Gerhard Weber, Leszek Mądzik, Pierre‐Etienne Heymann, Ignacio García e Jean-Guy Lecat. Desde 2004, trabalha nas áreas do teatro, música e dança e, em 2016, cofundou a Associação Cultural A FERA. Inês Mestrinho é Licenciada em Biologia Marinha e Pescas pela Universidade do Algarve e, em paralelo, estudou teatro, música (flauta transversal) e dança

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clássica e contemporânea. Tem o curso de Danças do Mundo para Crianças com a formadora Mercedes Prieto e o Curso de Dança na Comunidade pela Associação Corpo de Hoje. Formada em Dança Terapia pela Escola de Dança Sarabanda de Milão, Itália, trabalha desde 2003 em educação pela arte, colaborando com várias entidades dentro e fora do país, como bibliotecas, escolas, museus, câmaras municipais, Centro de Ciência Viva e diversas associações. A partir de 2006 dedicou-se exclusivamente à dança, dando aulas de dança criativa para pessoas dos 3 aos 90 e trabalhando como terapeuta da dança, desenvolvendo metodologias próprias na área da dança e da educação pela arte .

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Amigos de sempre e para sempre Paulo Cunha (Professor) lguém disse que conforme envelhecemos tornamo-nos a pessoa que sempre deveríamos ter sido, e eu sinto que isso está a acontecer comigo!”. Depois de ter lido a referida citação do músico David Bowie, conhecendo um pouco do que foi a sua vida pessoal, imediatamente apeteceume concordar com ela. Depois de ter contextualizado e adaptado o conteúdo da frase aos meus (quase) sessenta anos, percebi que a mesma poderá aplicar-se à vida de muitos, mas – felizmente – não é o meu caso, nem, provavelmente, o vosso. Será porque, juntos, envelhecemos desde que nascemos?

Reféns e condicionados por escolhas feitas em função de carreiras profissionais, enriquecimento pecuniário e exposição e promoção social, tenho entre conhecidos e amigos, alguns que já não têm qualquer problema em, publicamente, assumir que, não tendo passado ao lado de uma grande carreira, deixaram que a vida passasse por eles, sem que tivessem disso dado conta. São os tais que, tal como os «Bowie da vida», acordaram tarde para a importância de aceitar o que, gratuita e generosamente, a vida todos os dias lhes concedeu e proporcionou. Tomando como analogia e referência o argumento do filme «Os amigos de Alex» (Lawrence Kasdan, 1983), registo que há cada vez mais gente a socorrer-se da morte ALGARVE INFORMATIVO #396

súbita e inesperada de «malta do seu tempo» para – finalmente – perceber que o tiro de partida já foi dado há muitas décadas. Talvez por isso, sempre preservei o contacto presencial e vivencial com os amigos de sempre e para sempre, pois a sua presença física sempre me ajudou a encontrar a minha verdadeira essência e a perspetivar o futuro. A amizade tem isso de bom: nos afetos que trocamos temos a garantia de verdade e de sinceridade. Há lá melhor? Estando sempre a tempo de mudar, há quem aguarde e veja na reforma/aposentação um sinal para reformar os seus hábitos e comportamentos. Gente que, talvez, demasiado tarde se venha a aperceber que uma verdadeira amizade demora uma vida a construir. Tal como uma árvore que se quer adubada, regada, podada e cuidada, a amizade precisa muito mais do que palavras, precisa da mão na mão, olhos nos olhos e de muito coração. Não levando nenhum bem material connosco quando morrermos, podemos legar a quem por cá ficar, e mais tarde nos seguir, a certeza de que, apesar da ausência física, deixámos uma herança que o tempo jamais destruirá nem apagará: Amizade convertida em felizes e inesquecíveis memórias. A amizade é feita de laços inquebráveis, que se entrecruzam e que habitam em nós para além da vida terrena. Por isso (e muito mais), onde quer que estejam, convosco brindo: “Aos amigos”! . 124


Foto: Daniel Santos

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Paula Rego: Inquietação, inquietação Adília César (Escritora) O desenho é uma pronúncia, como a da fala. Onde nascemos, que influência tiveram em nós as primeiras vozes que ouvimos, as corruptelas, o som e a intensidade que ele transmite, se de agressão ou carinho, tudo aparece no desenho da escrita. Agustina Bessa-Luís nquietação – é o que me ocorre quando observo as obras de Paula Rego. Inquietação – é o que sinto quando ouço as palmas de alguém que quer afugentar as centenas de pássaros chilreadores que regressam a casa, ao fim da tarde. Sim, é um espectáculo merecedor de palmas. Eles – os melros e os pardais – cantam, todos juntos, uma canção de reencontro que conta uma história, como se de um ritual se tratasse. Primeiro chegou a árvore, a explosão lenta de uma semente no meio do asfalto. Depois veio o primeiro pássaro para morar num pequeno ramo. A seguir, esse pássaro chamou todos os outros para habitarem a copa daquela enorme árvore entalada entre a estrada e o prédio de quatro andares. Inquietação e angústia. Sinto compaixão pelos pássaros, essas criaturas tão frágeis e preciosas, chilreadoras, mas que ninguém quer perto das suas janelas. As pessoas batem palmas e eles calam-se durante três segundos. E logo recomeçam o poderoso chilreio em voo vertiginoso. A liberdade dos pássaros é um espectáculo a que assisto, humildemente, ao crepúsculo. ALGARVE INFORMATIVO #396

Paula Rego foi estudar na Chelsea School of Art (1952), em Londres e, mais tarde, enquanto Artista Associada da National Gallery teve direito a um atelier no edifício do museu e a um salário. Isso permitia-lhe dedicar-se à pintura, a tempo inteiro. Era um espaço estranho, com um grande pé direito, sem janelas. Que impressão daria à artista? Atrevo-me a inferir que aquele atelier não seria o ideal para ela, uma vez que a amplitude do espaço poderia provocar-lhe uma sensação de contenção. O atelier: demasiado amplo, demasiado largo nas suas linhas direitas, nada reconfortante. Digo reconfortante no sentido da ingestão de comida que implica a adjectivação do paladar: doce, amargo, acre, ou apenas insonso. A obra de Paula Rego é tudo menos insonsa, tem qualquer coisa de grave e assustador. Paula Rego nasceu em 1935, em Portugal. Os seus temas de eleição partem de uma cultura familiar, e nos seus quadros são pintados os porquês das coisas que acontecem às pessoas retratadas. A pintora reconhecia os actos quotidianos como possibilidades de procedimentos artísticos complexos, os 126


quais sempre me escaparam. Lembro-me que, até há bem pouco tempo, desviava o olhar dos seus quadros, com o pudor próprio de uma espectadora preconceituosa e submissa ao surrealismo romântico: eu. A pintora faleceu em 2022 e senti a imperiosa necessidade de pressupor que eu estaria, de facto, enganada a seu respeito. Acredito que devemos interessar-nos pela obra artística enquanto os artistas estão vivos e, deste modo, foi uma necessidade envergonhada, confesso, por tardia. Observei reproduções de obras de Paula Rego e dei por mim a inferir que os seus desenhos eram a sua escrita. Uma escrita intensamente barroca e complexa, mas ao mesmo tempo permissiva, deixando entrar as minhas próprias impressões leigas. Vislumbrei a realidade aguda dos universos femininos, simbólicos, controversos, que a artista quis deixar inscritos no tempo. A pintura «Fada Azul e Pinóquio» (1995) falou-me de temas da infância, esse universo onde fui plantada desde que nasci e de onde nunca mais saí: sou filha, mãe, sou educadora de infância. Sou mulher e também sou uma fada, tendo em conta tudo o que passei na resolução de inúmeros constrangimentos e problemas que assolaram a minha vida, de uma forma apenas subtil, quase por magia. As mulheres são assim, como fadas azuis para as crianças. A mãe, por exemplo. E 127

todas essas fadas acreditam que têm o condão de esculpir as crianças como se estas fossem bonecos de madeira, com recompensas e castigos. A mãe e o seu filho, por exemplo. Mas não: uma criança é muito mais do que matéria a esculpir e a fada de hoje já não faz magias. Paula Rego cumpriu o seu propósito de nos contar histórias de mulheres que não sabiam onde pousar o medo. Elas não sabiam, mas Paula Rego atirou esse medo para o sítio certo: a pele da tela. Agora, podemos olhar o medo de frente, durante o tempo que quisermos, sem termos medo daquele medo .

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Praia de Faro Sílvia Quinteiro (Professora) omingo, 8 da manhã de um dia de verão. O areal remexido. Pegadas de humanos, de cães e de pássaros; escavações e construções mais ou menos habilidosas, decoradas com conchas e pedrinhas e encimadas por torres de cana; beatas; uma pá esquecida; um ramo de rosas vermelhas. O caminho é o de sempre: em direção à Barrinha. Este lugar já foi um segredo sussurrado por poucos. Hoje são muitos os que o visitam, aproveitando a avenida que assoma quando escorre a maré. O chão fica mais firme e a caminhada mais leve. Move-os o exercício, a busca do isolamento, da sensação de que, apesar de tudo, ainda é possível ter uma praia só para si. Moveos, seguramente, a vista deslumbrante. A esta hora, apenas gaivotas. Espreguiçam-se nos cabeços postos a descoberto na baixa-mar. De um lado, o Atlântico, as ondas, uma promessa de mar aberto. África imaginada logo ali. O olhar tenta em vão descortinar Marrocos. Do outro lado, o fundo roxo dos cerros; Faro; um avião que ganha velocidade na pista e sobe. Identifico a companhia aérea pelas cores que ao longe destrinço. Imagino o seu destino, quem irá lá dentro. Será o início de uma viagem ou um regresso de férias? Este jogo é um hábito antigo. Resquícios da infância e da ALGARVE INFORMATIVO #396

adolescência. Das muitas horas passadas a observar os aviões, junto à rede do aeroporto, nas varandas da praceta, ou deitada na areia do Ilhote da Cobra. Percorro o horizonte com o olhar. Onde está o Ilhote? Demoliram as casas dos mariscadores. Não é fácil perceber. À memória vêm-me tempos em que a pequena ilha era o meu observatório. A partir dali que procurava o lugar onde agora me encontro. Só que não era o mesmo lugar, não era a mesma paisagem. Hoje a Barrinha é luminosa e convidativa, mas desde cedo aprendi a temer este corredor de mar. As narrativas dos pescadores e mariscadores eram aterradoras, dignas de um Cabo das Tormentas. Repetiam histórias de naufrágios com consequências dramáticas: afogaram-se, quase se afogaram, perderam as embarcações… Os náufragos? Gente do mar, nascida com os pés na água salgada, mas que raramente aprendia a nadar. Gente que fazia a temida travessia entre a ria e a costa por necessidade. Mas também turistas incautos, marinheiros de fim-desemana, que se deixavam levar por uma tranquilidade enganadora, ou que se atreviam a desafiar o Mostrengo, confiando numa sabedoria que a carta de marinheiro certificava. Os relatos lembravam insistentemente que o mar não é para brincadeiras, que mete respeito. Que distinguir a proa da 128


popa e um nó em oito de um nó direito, de pouco serve, numa aflição. – E depois somos nós que temos de ir buscá-los – desabafavam. As histórias eram partilhadas durante a maré cheia, quando o mar empurrava para terra e se jogava às cartas para passar o tempo. Jogava-se ao codilho, com rebuçados tão passados de mão em mão que já não eram comestíveis, mas que, naquela ilha, valiam o seu peso em amêijoa boa. Marido e mulher vão a jogo. Um contra o outro. Um duelo. Ela perde os últimos rebuçados e remata: – Ah, esgarçade! Havia de te dar uma tração tã grande que 129

morresses. Atirava-te à canal e ias pela Barrinha. Nem funeral te pagava, maldeçoade! As gargalhadas ainda me ecoam na cabeça. Descortino, lá ao fundo, o que penso ser o Ilhote. Começam a chegar pessoas. Uns, de barco, com pranchas de surf; outros empunham garrafas de água com conquilhas. Um homem atravessa a barra a pé. A água cobre-lhe o umbigo. Avança tranquilamente. Continuo sozinha, em busca de um qualquer vestígio que confirme as paisagens da minha memória. ALGARVE INFORMATIVO #396


Mais vale dois pássaros a voar do que um na mão! Lina Messias (Especialista em Feng Shui) em sempre herdamos dos nossos progenitores as características mais apelativas e interessantes. Eu, por exemplo, gostaria de ter herdado o cabelo farto do meu pai e a assertividade da minha mãe, no entanto, herdei o cabelo de «rato» da minha mãe e uma grande dificuldade de expressar as minhas necessidades, claramente um traço do meu pai! Entre muitas outras, o que posso garantir que herdei dos dois, e só ultimamente é que tomei consciência, foi uma total incapacidade para me acomodar a situações, lugares e pessoas que não me proporcionam felicidade! A palavra «acomodar» pode ter vários significados, mas eu sinto-a quase sempre como uma limitação! Eu acomodo cuecas numa gaveta, acomodo móveis numa divisão, dou acomodação a uma visita… Ou seja, ajusto algo ao espaço existente, arrumando ou trazendo conforto ao ou a quem é acomodado, ajusto para caber, limito o meu potencial crescimento e necessidades em troca de espaço certo e confortável… Os meus pais nunca tiveram aquele trabalho «para sempre», onde muitos ALGARVE INFORMATIVO #396

aguardam pacientemente as devidas promoções e evolução na carreira até à idade da merecida reforma. Pelo que contam, oportunidades não faltaram, mas sempre houve aquela vontade de arriscar e lutar pelo seu próprio caminho e sucesso e esse espírito levou-os a grandes mudanças de vida, de casa e também de distrito. Foi assim que cheguei ao Algarve, abençoada a hora. Nem sempre as suas escolhas deram um excelente resultado, aliás, pensando bem, poucas deram, mas o que é certo é que nunca se acomodaram a situações onde o coração já não vibrava e os olhos já não brilhavam! Esta inquietude e inconformismo que muitas vezes julguei e até critiquei, presentemente é motivo de grande admiração e até de grande orgulho. Claro que não foi uma infância e adolescência fácil, as sucessivas mudanças e, muitas vezes, dificuldades económicas que daí surgiam não eram fáceis de gerir. Mas, mesmo na incerteza, esta pequena família de quatro sempre se manteve unida e a base sólida de bons princípios e uma grande capacidade de adaptação ao novo, que eu e o meu irmão recebemos, foi e é muito mais importante que qualquer herança material. Hoje, fazendo uma retrospectiva à minha vida (cenas que acontecem quando chegamos aos 50`s), posso 130


confirmar que herdei esta característica dos Messias! Desde que saí da casa dos meus pais, a constante tem sido a mudança. Muitas mudanças nada fáceis, mas instigadas pelo que começa num ligeiro desconforto e vai crescendo até ao ponto em que não é possível fingir que está tudo bem… Penso que todos recebemos sinais, a questão é que muitos de nós estamos tão ocupados a ouvir o ruído da mente que simplesmente não conseguimos ouvir os gritos do coração. Do alto da sabedoria dos 50`s já identifiquei alguns sinais e, no meu caso, quando há mais lágrimas que gargalhadas, chegou a hora de tomar decisões. Nenhuma decisão que tomei foi por impulso, ou de ânimo leve, em todas ganhei algo e perdi algo. Algumas mudanças levaram tudo em termos materiais, mas devolveram-me a liberdade e possibilidade de SER quem sou; outras mudanças afastaram-me de 131

quem amava, mas deram-me PAZ; houve mudanças que levaram emprego e ordenado (bom por sinal) certo, mas despertaram em mim capacidades de liderança e de ser autónoma que desconhecia. Sempre que fazemos uma escolha, há algo que deixamos ir. A grande dificuldade e resistência nas grandes mudanças de Vida existe porque nos focamos quase sempre no que estamos a perder e nos esquecemos do que podemos ganhar. A grande sabedoria popular portuguesa também não ajuda neste processo e grandes conselhos como “não dês o certo pelo incerto” ou, melhor ainda, “mais vale um pássaro na mão do que dois a voar”, instigam-nos ao medo do desconhecido, ao medo de sair da chamada zona de conforto, ao acomodar a vidas sem brilho nos olhos e a limitar a nossa existência a sobreviver, quando a Vida é tão mais bonita que isso! Obrigada aos meus queridos pais por uma herança tão valiosa! Para que é que eu quero um pássaro na mão, se posso ter dois a voar e conhecer o Mundo? .

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