REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #388

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ALGARVE INFORMATIVO 20 de maio, 2023 #388 DIA DA CIDADE DE QUARTEIRA | BUBBA BROTHERS | «CONVENTO LEVANTE» «O QUE É UM PROBLEMA?» | IV GRANDE GALA OURO SOBRE AZUL: ESPELHO D’ÁGUA WALKING FESTIVAL AMEIXIAL | 12.ª GRANDE MOSTRA DE VINHOS DE PORTUGAL

ÍNDICE

Dia da Cidade de Quarteira (pág. 20)

Grande Mostra de Vinhos de Portugal em Albufeira (pág. 30)

Walking Festival Ameixial (pág. 38)

Bubba Brothers no Rooftop Eva (pág. 56)

«O que é um problema?» no Cineteatro Louletano (pág. 72)

IV Grande Gala Ouro sobre Azul: Espelho d’Água em Tavira (pág. 82)

Festival Mochila levou «Spotlight» a Loulé (pág. 94)

Ideias do Levante organizou «ConVento Levante» (pág. 106)

OPINIÃO

Paulo Cunha (pág. 114)

Mirian Tavares (pág. 116)

Ana Isabel Soares (pág. 118)

Adília César (pág. 120)

Dora Gago (pág. 122)

Lina Messias (pág. 124)

Edifício Sociocultural na Praça do Mar inaugurado no Dia da Cidade de Quarteira

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina uarteira

comemorou o Dia da Cidade a 13 de maio e as celebrações arrancaram, como de costume, no Largo do Centro Autárquico, com o hastear da bandeira, musicado pela Banda Filarmónica Artistas de Minerva, e com formatura dos Bombeiros Municipais de Loulé. O Edifício Sociocultural localizado na Praça do Mar, em Quarteira, foi depois oficialmente inaugurado e irá acolher ações de

formação e protocolos com diversas entidades e associações locais, bem como atividades desenvolvidas no âmbito do Programa «Quarteira –Longevidade com Qualidade», nomeadamente, pela Academia do Saber, um projeto de intervenção comunitária que movimenta centenas de formandos em torno do envelhecimento ativo e saudável.

Na ocasião, Telmo Pinto destacou os 24 anos de grandes mudanças e de crescimento registados na cidade de Quarteira e afirmou que, “no nosso

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projeto autárquico, ouvir as pessoas com proximidade e responder com rapidez e assertividade sempre tem sido o principal objetivo”. “Escutámos, percebemos, começámos a responder e tudo se tornou evidente. Já são mais de 35 mil atendimentos de proximidade feitos por ano nos espaços da Junta de Freguesia com os recursos humanos da casa”, evidenciou, lembrando o protocolo assinado com a AMA – Agência para a

Modernização Administrativa que permitiu a abertura do Espaço Cidadão e a descentralização de mais de 70 serviços; assim como os protocolos celebrados com a Segurança Social, com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, com os SPMS – Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, com a Associação Oncológica do Algarve, com a Universidade do Algarve e o ABC –Algarve Biomedical Center, com a ASMAL e o Centro Qualifica, entre outros.

Na Academia do Saber, diretamente gerida pela Junta de Freguesia de

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Quarteira, são mais de 50 módulos e 600 alunos, com várias dezenas de formações, workshops, teatro, dança e muito mais inseridos no projeto «Longevidade com Qualidade». “É para tudo isto que estes espaços servem. Criámos a necessidade e a resposta apareceu. Numa junta de freguesia que, em 2013, tinha pouco menos de 1 milhão de euros para responder a todas as necessidades, passámos agora para 6 milhões de euros que nos trazem a capacidade de investir e resolver. E o investimento não são só as grandes obras, mas também as pequenas coisas para as pessoas”, frisou Telmo Pinto, que a dois anos de terminar o seu ciclo como presidente da Junta de Freguesia de

Quarteira garantiu que “não iremos baixar os braços, continuaremos ainda com mais energia do que aquela que tivemos até ao dia de hoje, pois estamos na reta final e queremos deixar trabalho feito que nos orgulhe”

Nesse sentido, Telmo Pinto e a sua equipa pretendem melhorar ainda mais os serviços da Junta de Freguesia de Quarteira em todas as suas áreas, nomeadamente, no atendimento geral para continuar a agilizar os processos para facilitar a vida de todos; e na limpeza urbana e espaços verdes, duas recentes competências que são responsáveis por grande parte do volume do trabalho da junta. “Nunca esquecer que também nestas áreas temos todos

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uma responsabilidade acrescida, pois o mundo só muda quando nós próprios mudarmos os nossos hábitos”, avisou o autarca, que falou ainda da intenção da Câmara Municipal de Loulé lançar, no segundo semestre do corrente ano, as obras do Casino Velho e do Mercado de Quarteira.

A finalizar o discurso, Telmo Pinto deixou uma forte palavra de agradecimento ao edil louletano Vítor Aleixo, que há 10 anos o convidou para se candidatar ao cargo de presidente da Junta de Freguesia de Quarteira. “Neste período, muitos foram os momentos em que concordámos

um com o outro, mas também muitos foram aqueles em que não concordámos um com o outro, e esses deram bastante luta, mas valeu a pena, pois hoje temos uma junta de freguesia que é uma referência no país e que é uma das 9, em breve 11, que contribuem para um concelho que também é único, que foi onde nasci, onde vivo, onde trabalho e para o qual, com toda a certeza, e que não hajam dúvidas, continuarei a trabalhar no futuro”, concluiu.

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No uso da palavra, Vítor Aleixo reconheceu que as obras físicas continuam a ser uma vertente bastante importante do trabalho de qualquer câmara municipal ou junta de freguesia, “sem elas não andamos para a frente”, mas reforçou a importância de se olhar cada vez mais para as pessoas. “Havemos de construir no concelho de Loulé um ecossistema de cuidados para o envelhecimento ativo e saudável e para tal temos, ultimamente, celebrado protocolos e anunciado projetos pioneiros que depois se vão alastrar ao resto do país. E

vamos em breve lançar duas obras que vão marcar o futuro desta terra, o CasinoVelho e o Mercado”, confirmou o presidente da Câmara Municipal de Loulé, manifestando ainda que “hoje, na administração pública portuguesa, é muito complexo fazer-se obras” “É um processo burocrático e exigente, o escrutínio é feito ao milímetro, diário e permanente, não se pode falhar rigorosamente em nada, daí ser tudo mais demorado.Vamos abrir o concurso público internacional para o Mercado de Quarteira, que será uma obra icónica e de grande beleza estética, e adaptada à mudança do clima que estamos a viver em todo o mundo. Espero que ainda este ano se consiga avançar para o terreno com essa empreitada”

Vítor Aleixo sublinhou igualmente o facto de Quarteira ser uma terra acolhedora que atrai gente de todas as latitudes, um mérito que partilha com os executivos que o antecederam. “Só indo para além das lógicas partidárias é que podemos evoluir enquanto comunidade e com a menor conflitualidade possível. A divergência faz parte da Democracia, mas nunca devemos perder de vista que, mais importante do que os nossos partidos políticos, são os interesses da comunidade”,

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defendeu, apelando ainda ao bom-senso e sentido de equilíbrio nos tempos que correm. “Quarteira é muito apetecível do ponto de vista imobiliário. Toda a gente quer construir aqui, porque vende bem e rápido, mas futuros licenciamentos, futuras ocupações e consumos de mais solo, devem ser feitas com muito critério e sentido de responsabilidade.

Precisamos de jardins, de espaços de descompressão urbanística, de mais árvores”, enfatizou, preocupado.

Na Semana do Município de Loulé vai ser, entretanto, homenageado o antigo presidente de Junta de Freguesia Filipe Viegas, “um homem do povo, generoso, muito dedicado a Quarteira, acessível a toda a hora, querido das pessoas”, anunciou Vítor

Aleixo, antes de abordar algumas iniciativas que estão a ser levadas a cabo em torno da segurança no concelho. “Não há nada mais bonito e precioso do que podermos andar tranquilos na rua, a qualquer hora do dia, e sabendo que os nossos bens estão em segurança.Temos trabalhado junto da tutela para que haja um reforço dos efetivos humanos e esta tarde vamos assinar um protocolo com a GNR para a introdução da vigilância eletrónica na zona envolvente à Marina deVilamoura. O ideal seria ter mais pessoas, mas os recursos do Estado são o que são, e acreditamos que este será mais um meio dissuasor para evitar práticas a todos os títulos condenáveis”, declarou .

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Grande Mostra de Vinhos de Portugal voltou a Albufeira

Grande Mostra de Vinhos de Portugal voltou a animar Albufeira, após o interregno causado pela pandemia, com três dias onde foi possível degustar centenas de vinhos. Personalidades reconhecidas ligadas ao mundo da gastronomia e dos vinhos, entidades oficiais, apreciadores e curiosos, muitos foram aqueles que se deslocaram ao Espaço Multiusos de Albufeira entre 12 e 14 de maio, com a organização a estimar em cerca de 9 mil o total de visitantes.

Com uma grande parte do público nacional já conhecedor do evento, a Mostra é cada vez mais procurada por um

público estrangeiro residente ou visitante, atraído pelo crescente prestígio dos vinhos nacionais dentro e fora de portas. Na sua 12.ª edição, a Mostra voltou a incluir o Concurso de Vinhos de Portugal, na sua oitava edição, com as provas a decorrerem nos dias 6 e 7 de maio, tendo os prémios sido atribuídos no jantar oficial que aconteceu, no dia 12, no Hotel Vila Petra.

Com cerca de 120 vinhos a concurso, foram atribuídas um total de 33 medalhas: 1 Excelência, 2 Grande Ouro, 27 Ouro e 3 Prata. Os produtores algarvios tiveram uma prestação muito positiva, com 11 medalhas, incluindo uma Grande Ouro, e 10 de Ouro. Números que confirmam a evolução positiva do setor em toda a região, assim como a

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qualidade crescente dos néctares algarvios.

O Presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, participou na inauguração e no jantar oficial, onde teve oportunidade de felicitar a Confraria “por voltar a organizar este evento que era já uma marca no calendário da região e que, após a pausa forçada pelas circunstâncias conhecidas, voltará com certeza a ser um sucesso, pois os vinhos e a gastronomia são fatores que suscitam cada vez mais interesse junto de quem nos visita”. Pedro Valadas Monteiro, Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, destacou “a centralidade de Albufeira e o seu peso turístico como excelentes

fatores para acolher um evento desta natureza e que é também uma montra daquilo que a região e o país sabem fazer com qualidade”.

No final do evento, Carlos Oliveira, Chanceler da Confraria do Bacchus de Albufeira, fez um balanço positivo da Mostra, frisando que “este é um evento muito dinâmico que dá oportunidade para conhecermos, no mesmo espaço à distância de alguns metros, centenas de vinhos de qualidade, grande parte deles de pequena produção que não se encontram nas grandes superfícies, o que torna este formato bastante apelativo” .

Walking Festival Ameixial: A celebração da natureza

Texto: Vico Ughetto| Fotografia: Vico Ughetto

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Ameixial: natureza em convívio

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omo já vem sendo hábito, a pitoresca aldeia do Ameixial recebeu, de 28 a 30 de abril, mais uma edição do WFA –Walking Festival Ameixial. Um nome pomposo que visa a internacionalização e a captação de caminhantes de outras paragens. E, este ano, dos 450 inscritos para as mais de 50 atividades do evento houve 8 nacionalidades diferentes, a maioria europeia, mas também do outro lado do Atlântico, com uma presença dos EUA. Este país é, aliás, um dos que João Ministro, um dos organizadores da empresa Proactivetur, destaca como sendo “um dos que tem enorme potencial de crescimento neste setor”. E a organização IVV trouxe este

ano 40 caminhantes luxemburgueses de propósito ao Ameixial para esta edição.

O que pessoalmente destacaria de muito particular no WFA é o lado familiar. O festival é aquela oportunidade de encontrar os amigos, os conhecidos, os guias, e aqueles caminhantes com que nos cruzamos em edições passadas e com os quais desenvolvemos uma amizade que não foi possível cultivar no resto do ano. É esta proximidade com todos, desde a organização, às pessoas que são voluntárias, passando pelas que trabalham na restauração local, que, a meu ver, tornam o WFA um evento imperdível, combinando natureza com caminhadas, cultura e património, tudo isto partilhado com uma família que se junta durante três dias.

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Miguel Judas (7.º a contar da direita) é jornalista sobre temas de viagens, natureza e percursos pedestres, com livros publicados na área. Já esteve no WFA e regressou este ano para guiar este grupo num percurso e participar noutro de trail uma das suas paixões

O ICNF realizou no dia 28 de abril o evento de encerramento da iniciativa Missão Natureza 22. Em cada local foi debatido um objetivo, cabendo ao Ameixial receber no WFA o debate sobre o 7.º – Inovar o investimento em biodiversidade – que contou com a presença de Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, de Nuno Banza do ICNF e de João Ferreira da APCOR

A presença da natureza é uma constante no WFA

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O balanço do WFA, que atingiu este ano o bonito marco de 10 edições, foi, no entender de João Ministro, perfeitamente alcançado e ultrapassado nos seus objetivos. No entanto, os desafios para as próximas edições começam a complicarse segundo o próprio, pois “o alojamento no local ou proximidades continua a ser uma dificuldade acrescida, a que se junta a necessidade de ter percursos novos e apelativos marcados”. Este ano, a dificuldade no alojamento foi contornada com uma parceria com a empresa Domo Camp, que instalou uma zona de «glamping», ou seja, camping com glamour, onde tendas equipadas com mobiliário e eletricidade dão algum conforto adicional.

Além das caminhadas, o festival proporcionou percursos temáticos e atividades lúdicas para toda a família, tornando-se uma experiência inesquecível para os participantes. Os percursos são cuidadosamente selecionados para oferecer uma variedade de desafios e cenários deslumbrantes da Serra Algarvia, aqui no limite com o Alentejo, e proporcionar uma conexão singular com a natureza.

O lado lúdico e de participação das crianças tem uma tónica forte. Durante a manhã há várias opções para as famílias em percursos didáticos e, à tarde, animação musical e oficinas tradicionais para os mais novos, e, em alternativa, palestras e conversas para os menos novos. Para quem quiser descansar o

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O Manuel e a Otília são um casal muito genuíno e divertido que participam na atividade de recuperação do palheiro tradicional da Corte d’Ouro. Com uma técnica ancestral, o sr. Manuel mostra a uma participante como se faz o entrançado com palha de centeio para a cobertura

O WFA tem vindo a mudar a paisagem da freguesia do Ameixial, inspirando-se na escrita do Sudoeste e nos seus símbolos únicos

A inauguração da exposição fotográfica nas ruas do Ameixial que se seguiu à palestra com o historiador ameixialense Luís Palma suscitou forte interesse logo a abrir o evento

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corpo e a mente, o espaço único da Seiceira, com a sua piscina natural e a sessão de yoga, são mais do que argumentos para uma tarde bem passada.

À noite, as atividades propostas são igualmente apelativas e logo no primeiro dia, depois de um jantar convívio, há uma caminhada noturna que finaliza num dos momentos altos do evento – a hora da tiborna – que conta com o pão caseiro amassado por Ricardo Marques, outro dos membros da família WFA. Ao todo, o festival mexe nos bastidores com um conjunto vasto de colaboradores. João Ministro é a face mais visível e comercial do projeto, mas há elementos chave discretos que são a cola do evento, que seria seguramente diferente sem um Bruno Rodrigues, um Pedro Barros, ou o incansável staff da secretaria que apenas

parece presente durante o momento das inscrições, mas que tem muito trabalho de bastidores e administrativo acumulado.

E depois há os guias voluntários, a grande maioria profissionais do setor e com empresas próprias. Alguns até descobriram a vocação como participantes do WFA. É o caso do Carlos Glória, que gere a Zen Trekk, que na zona do barlavento se dedica ao Turismo de Natureza desde 2016, tendo o «bichinho» para a atividade começado no WFA de 2014. Para Carlos Glória, o festival “é uma

. “São

os

a partir daqui passam a gostar e se interessam depois em continuar”, refere o responsável da Zen Trekk, uma

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forma de promoção das caminhadas e da própria empresa”
muitos
que
A já célebre caminhada noturna que abre o primeiro percurso do WFA tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos

Um jantar de convívio familiar com os participantes, e que contou com a prestação do contador de histórias Luís Carmelo

A gastronomia serrana é um dos ex-libris que o Ameixial tem conseguido manter de forma genuína e saborosa a preços acessíveis

Hora da tiborna. Renato Marques tem sido o padeiro de serviço de várias edições e já muitos perguntam logo pela tarde pela tiborna caseira

Percursos mais curtos envolvem também as crianças e adultos menos experimentados

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empresa um pouco singular, pois a sua grande base de clientes são residentes e não estrangeiros como habitualmente, o que “obriga a uma busca pela diversidade e variedade sempre constante”. Para Carlos Glória, “fazer o mesmo percurso semanalmente não é possível e noVerão adaptome com outras atividades de Natureza, como o caiaque ou caminhadas ao nascer do sol”

Para o ano haverá novo WFA, que será a primeira edição capicua, e que muito provavelmente terá alteração na data, passando para o início de abril. As alterações climáticas afetam de forma muito concreta as caminhadas, sendo notório o aumento da temperatura e a escassez de água nos ribeiros e zonas de retenção, o que prejudica a realização do evento .

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Trilhos mais sinuosos ou estreitos são sempre do agrado dos participantes mais aventureiros

A ribeira do Vascão é uma das que ainda tem água, mas com um caudal muito reduzido para esta época do ano

Envolver os mais jovens em atividades didáticas é uma forma de valorizarem a natureza e incentivá-los a preservá-la

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No topo: O Geoparque Algarvensis trouxe ao WFA uma oficina que explica os fósseis e a sua origem com um momento prático mesmo ao gosto da pequenada. Em cima: Os momentos musicais que apelam à participação e interação dos mais pequenos são sempre muito participados

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Yoga no Parque da Seiceira, um momento zen e de relaxamento para recuperar força mental para o dia seguinte

Este ano não foi possível fazer o passeio com o pastor. Então foram os participantes ter com o pastor e ver in loco as cabras do pastor Leonel que este ano deram mais de uma centena de crias

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Um dos momentos altos é sempre o baile de sábado com as danças do mundo a cargo do projeto musical Piajon

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Um dos percursos mais desafiantes é a caminhada radical do Vascão, quase toda feita na água, embora este ano, uma zona assim tão profunda seja rara de encontrar e só em área de maior vegetação

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BUBBA BROTHERS DERAM

«PONTAPÉ-DE-SAÍDA» PARA A NOVA TEMPORADA COM

MEGA FESTA NO ROOFTOP EVA

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

s Bubba Brothers continuam nas «bocas do mundo» e nos top mundiais da música eletrónica e deram início à sua temporada de 2023 com uma grande festa no dia 13 de maio, no Rooftop Eva, em Faro. E a dupla de djs algarvia voltou a mostrar ao público, de forma efusiva, o porquê de se ter tornado, nos últimos anos, numa das grandes referências do Velho Continente neste género musical, com os seus temas a figurarem nos tops da Bearport e da EDM Charts. “Já estamos habituados a ser recebidos de forma fantástica nesta casa extraordinária, foi o

kick off ideal para uma season em que vamos estar em Ibiza, em Londres e noutros locais da Europa. Lançamos ontem um EP com três faixas que entraram diretamente para os tops, algo raro de acontecer, pelo que estamos duplamente felizes”, referiu Eliseu Correia.

Nesta altura do campeonato, os Bubba Brothers já contam com mais de uma dezena de temas em posições cimeiras do Beatport, “mas cada entrada é especial e como se fosse a primeira”, assegurou Eliseu Correia, um sucesso que se espalhou igualmente à

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plataforma Spotify. “O que nos interessa verdadeiramente é que as pessoas gostem da nossa música, que se divirtam quando estamos a atuar, tudo o resto é secundário”, afirmou, reconhecendo ainda que criar música numa zona paradisíaca como o Algarve é um privilégio e um fator extra de criatividade. “Somos algarvios com todo o orgulho e tocar nestes sítios é incrível, não há palavras suficientes para o descrever. Este Verão estaremos em várias frentes, inclusive com uma residência em Ibiza, a meca da música eletrónica, a Champions”.

Antes de entrarem em cena os algarvios

Eliseu Correia e Justino Santos, subiu ao palco o espanhol Frink, nome sobejamente reconhecido no mundo da deep music. Sedeada na bela ilha de Maiorca, a sua música tem o som característico do balear house, imbuído de um groove único e uma profunda compreensão do underground house. As suas criações já lhe granjearam uma aclamação generalizada, com temas a aparecerem consistentemente nas listas do Beatport há mais de 15 anos. Frink é um dos artistas mais talentosos do mundo desta sonoridade, mas o espanhol continua a explorar novos sons e a experimentar diferentes estilos para criar uma música única e inesquecível, conformou constatou a plateia do Rooftop Eva .

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CINETEATRO LOULETANO UM PROBLEMA?» DE BEATRIZ

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

RECEBEU «O QUE É

BEATRIZ VALENTIM

LOULETANO
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que é um problema e como descobrimos que ele existe é a mote para a nova criação que Beatriz Valentim trouxe ao Cineteatro Louletano nos dias 4 e 5 de maio. “Começamos no vazio, onde existe um problema por resolver, e partimos à descoberta num caminho que se adivinha complexo e desafiante. Encontram-se problemas no próprio corpo e nas suas limitações: Como lidar com esses limites, contornando e encontrando alternativas? Que caminho percorremos para resolver o problema na arquitetura do nosso corpo como metáfora para a questão do problema geral?”, questiona a coreógrafa.

Neste espetáculo, o corpo, curioso e

perspicaz, procura e dá a mão a um percurso prestes a ser descoberto através do movimento, da construção, do desenho e dos sons. “Procura-se, constantemente, ativar as respostas físicas, sensoriais e emocionais para ultrapassar os problemas e encontrar as soluções, ou não”, refere Beatriz Valentim sobre esta criação dedicada ao público juvenil que se constrói em palco, com duas bailarinas, uma delas também artista plástica, e um músico.

Com Direção Artística e Coreografia de Beatriz Valentim, «O que é um problema?» tem interpretação e conceção cenográfica de Beatriz

Valentim e Ana Caetano, com música original ao vivo e sonoplastia a cargo de Pedro Souza. A coprodução do Cineteatro Louletano, Festival

Cumplicidades / São Luiz Teatro Municipal e Teatro Municipal do Porto conta com o apoio financeiro da República Portuguesa através da DGARTES – Direção-Geral das Artes

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IV GRANDE GALA OURO SOBRE AZUL: ESPELHO D’ÁGUA

EM TAVIRA FOI MAIS UM SUCESSO ESTRONDOSO

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Miguel Pires
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anfiteatro do Clube de Tavira acolheu, no dia 6 de maio, a IV Grande Gala Ouro sobre Azul: Espelho d'Água, um sucesso absoluto que contou com a participação de WildFire Dance, Sofia Cardoso, Ariana da Academia de Ballet Contemporâneo, Barbara Sicilliani, Linda Xennon e Hélio Martins, entre outros artistas, que proporcionaram momentos inesquecíveis ao público presente.

Durante a gala, o grupo de teatro «Desafiar» apresentou uma performance fantástica de teatro revista com Maria de Fátima Liberato, Sandra Falcão, Marcia

Caetano, Maria Beatriz Figueiredo e Bruno Pimpão, com um empenho que foi bastante elogiado. “Além disso, as projeções e músicas durante o espetáculo foram excecionais, graças ao apoio do Afonso e do Rodrigo”, reconhece a organização.

A presidente do Município de Tavira, Ana Paula Martins, não faltou ao evento e entregou algumas das distinções. Este ano, o «Desafiar» atribuiu o prémio carreira «Ouro sobre Azul» a Paulo Vasco, do Teatro Maria Vitória, a João Frizza, do Teatro Politeama, e a Diogo Chamorra, da Caixa de Cena Produções. Com a sua homenagem «Acreditar» premiou também Miguel Pires, Sofia Cardoso e Sandra Falcão. Esta última surpreendeu a

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plateia com uma exaltação a Maria de Fátima Liberato, Rodrigo Simão e Bruno Pimpão, demonstrando a gratidão pelo empenho demonstrado durante os eventos do grupo de teatro «Desafiar».

A IV Grande Gala Ouro sobre Azul:

Espelho d'Água foi, de facto, um evento inesquecível, onde a arte e a cultura foram celebradas com muita emoção e excelência, pelo que todos os artistas e envolvidos merecem os parabéns pelo sucesso desta noite que perdurará nas memórias dos presentes .

FESTIVAL MOCHILA PASSOU POR LOULÉ COM «SPOTLIGHT»

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

MOCHILA –Festival Internacional de Teatro para Crianças e Jovens nasceu em 2021, em Faro, e tem como principais objetivos a promoção da descentralização da oferta cultural, a democratização do acesso a uma programação artística multidisciplinar de qualidade composta por companhias e artistas nacionais e internacionais de referência, e a capacitação do público e das comunidades para o desenvolvimento de um pensamento crítico sobre o mundo contemporâneo.

Paralelamente à oferta programática da MOCHILA decorrem diversas ações de mediação cultural, nomeadamente o ESTOJO – Laboratório Pedagógico do LAMA Teatro, que conta com a participação de elementos da comunidade residente na região do Algarve.

Foi neste âmbito que foi apresentado, no auditório do Convento do Espírito Santo, em Loulé, no dia 9 de maio, «Spotlight», que parte da questão «se tivessem um minuto em que todas as pessoas do mundo vos estivessem a escutar, o que diriam?». “Cada vez mais percebemos a pertinência da

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questão, mesmo que não tenhamos resposta para ela, por isso, criámos um debate performativo. Um debate onde todos podemos pensar em conjunto sobre a questão: o que temos a dizer ao mundo?”, indica João de Brito, responsável do LAMA Teatro.

O processo integrado no ESTOJO contou com três jovens participantes de Loulé, Emília Nunes, Mariana Soares,

Sofia Soares, que tiveram o arrojo e a disponibilidade para embarcar neste desafio, num espetáculo com coordenação de João de Brito e subcoordenação de Carolina Santos e Patrícia Amaral da Mákina de Cena, associação cultural sediada em Loulé. «Spotlight» teve o apoio institucional da Câmara Municipal de Loulé, ao passo que a LAMA Teatro é uma estrutura financiada pela República Portuguesa através da DGARTES – Direção-Geral das Artes .

IDEIAS DO LEVANTE ORGANIZOU «CONVENTO LEVANTE» EM LAGOA

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Ideias do Levante

associação cultural Ideias do Levante levou a cabo a quarta edição do «ConVento Levante» com um recital de música e um recital de poesia no Centro Cultural Convento de S. José, em Lagoa, no dia 22 de abril. Este ano, o evento propôs um desassossego cultural, trazendo música, músicos, poesia e poetas, desde o estreito de Gibraltar (Espanha, Marrocos e Reino Unido) até Sagres (Algarve, Portugal), num «levante» cultural.

O recital de música aconteceu na capela do Centro Cultural Convento de S. José,

em resultado de uma parceria entre o Município de Lagoa e a Ideias do Levante, e traduziu-se numa seleção de canções de amor romântico, de ciúmes e inocências, de corações desgarrados ou tons jocosos e desenfadados que se entrelaçaram num momento íntimo que abordou três séculos de música escrita para canto e guitarra. Carla Pontes, acompanhada por Chiqui García, ofereceram um ramalhete de peças de grande beleza que representam a simbiose entre o popular e o culto.

Tonos Humanos do Barroco Espanhol que se cantavam nos teatros de comédia e Seguidillas espanholas do século XIX de grande refinamento e beleza, reservada aos salões da burguesia. O recital

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completou-se com uma seleção de canções populares do poeta Federico García Lorca. Nos seus textos, misturamse a picardia, o humor e a ironia próprias dos cafés cantantes do princípio do século XX.

O recital de poesia, um ato performativo poético-musical com curadoria de Cobramor intitulado

«EVento: Liberdade», aconteceu no dia 29 de abril no Auditório do Centro Cultural Convento de S. José. A parceria entre o Município de Lagoa, a Ideias do

Levante e a associação cultural CAL de Albufeira pretendeu, de uma forma sentida e honesta, proporcionar uma pequena viagem interpretativa e declamativa, por literatura poética com raiz no sul da Península Ibérica, entre Sagres e Gibraltar, declamada por Carla Moreira e Martim Santos (também conhecido por Lágrima) e acompanhada pelo toque musical e original de Guilherme Limão. Sarah Greenwood, uma das autoras dos textos declamados, honrou o evento com a sua presença .

o dia 12 de abril de 2015, quando foi publicada a minha primeira crónica na revista online Algarve Informativo (n.º 3) estava longe de imaginar que volvidos oito anos ainda aqui continuaria a escrever. Para que isso acontecesse muito contribuiu a liberdade e o respeito editorial que sempre me foi concedido pelo jornalista/editor Daniel Pina. Tendo assinalado os meus primeiros três anos de escrita assídua e persistente com a edição por parte da editora Algarcongress do livro «CEM desabafos… SEM espinhas», eis que fui novamente desafiado pela mesma editora e pela Associação Cultural Música XXI para disponibilizar todos os restantes textos, posteriormente escritos, para a edição do livro «Subscrevo – Reflexões e Provocações!?».

Se já anteriormente me tinha sentido um privilegiado por ter visto a minha escrita publicada e, em grande parte, vendida, o que dizer do convite para uma edição conjunta de crónicas que foram motivo de leitura, escrutínio e apreciação por parte de muitos leitores que nos últimos cinco anos manifestaram as suas opiniões numa rede social? De imediato aceitei o convite! Era altura de fechar o ciclo (ou o círculo) e deixar os meus modestos testemunhos e opiniões perpetuados em papel. Se a primeira

capa tinha sido branca, neste segundo livro teria de ser preta. E assim foi, a preto e branco, 360 páginas deram o azimute a mais de 100 leitores que já adquiriram um livro lançado e apresentado ao público no dia 6 de maio de 2023, num espaço privilegiado de leitura a sul: a Biblioteca Municipal de Faro.

Sabendo que o mercado livreiro não se encontra de feição para desconhecidos escrevinhadores de província, sensata e inteligentemente, as duas editoras investiram numa edição conjunta de apenas 300 livros, pois sabem que muita gente gosta de gostar, mas não gosta de investir em literatura. Nada que nos surpreenda, pois como diz o povo: “De boas intenções está o inferno cheio!”. De tal forma que, recentemente, confidenciei a um amigo romancista que se um quarto de todos aqueles que dizem apreciar a minha escrita, que me deram os parabéns e desejaram sucesso, tivessem materializado o seu desejo na aquisição de um livro, a primeira edição já teria esgotado. É caso para perguntar: o que é, afinal das contas feitas, ter sucesso na escrita?

Muito agradeço às editoras Cláudia Aragão (Algarcongress) e Ana Oliveira (Associação Cultural Música XXI), para além do risco no investimento, o apreço e o carinho colocados nas seguintes palavras que sobre a obra (que vos

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“Desejo muito sucesso!”
Paulo Cunha (Professor)

convido a ler) proferiram: “Neste segundo livro de crónicas, Paulo Cunha continua a fazer-nos refletir sobre assuntos que lhe tocam a alma: a família, os amigos, os afetos, mas também as desigualdades, as injustiças, o ambiente, a cultura, a educação (ou a falta dela) e o Algarve sempre no seu coração. As suas conversas fazem-nos refletir e questionar sobre o que nos rodeia, mesmo que sejam apenas episódios do nosso quotidiano, alertando-nos para a veleidade com que por vezes deixamos o tempo passar e esquecemos a

importância de (grandes) pequenas coisas”; “Paulo Cunha intitulou o seu livro de crónicas com uma provocação. Assumiu a palavra Subscrevo, seguida de uma exclamação e de uma interrogação. É caso para perguntar: quantos dos leitores subscrevem estas ideias? Quantos leitores se interrogam sobre a pertinência destes textos? Quantos concordam, quantos se afastam destes textos que são, a um tempo, reflexões que provocam e provocações que convidam a refletir? Em cada crónica uma chamada de atenção, em cada página uma gota de esperança. Palavras que no fim esperam pelo juízo de cada leitor. Exclamativamente, ou não… subscrevo”.

Querendo chegar a todos, o mais rapidamente possível e a um valor próximo do preço de custo, solicitei a estas duas editoras algarvias que providenciassem uma forma prática e célere de, na forma de um livro, eu poder entrar nos vossos lares. Ficou assim decidido que, numa primeira fase, bastaria os interessados consultarem as páginas sociais da Algarcongress e da Associação Cultural Música XXI no Facebook e encomendarem-no. Porque um livro só cumprirá a sua função quando for lido, relido, manuseado e partilhado. Mas para que isso aconteça terá de ser adquirido. Isso sim, será Sucesso! .

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Foto: Daniel Santos

Do trabalho Mirian Tavares (Professora)

Dis donc camarade Soleil tu ne trouves pas que c'est plutôt con de donner une journée pareille à un patron?

Jacques Prévert

omerás o pão com o suor do teu rosto – o trabalho, no Génesis, aparece como uma condenação. Após comer o fruto proibido, Adão e Eva são expulsos do Paraíso e condenados a trabalhar para viver. Outro dia falava com uma amiga sobre um dos filhos que trabalha, desde há muito, numa empresa que lhe paga bem e com isso ele se permite viver bem. Ele não vive para trabalhar, mas trabalha para viver. Penso, muitas vezes, nessa sua escolha – somos levados a acreditar, desde cedo, e a cada dia mais cedo, nas saídas profissionais. Entra-se na universidade e não se vive o momento da universidade, passa-se por ela, como por um castigo, em busca da tal saída profissional. Que, idealmente, é na área para a qual são formados e ficarão muito felizes a trabalhar naquilo que gostam. O que não lhes dizemos é que poucas são as pessoas, diante da imensidão de gente que compõe a humanidade, que trabalham, efetivamente, no que gostam, naquilo que escolheram, na profissão para a qual se prepararam 3, 5 ou mais

anos nos bancos do Ensino Superior. A maior parte já se dá por feliz se encontrar trabalho, ponto. Se conseguir, com o suor do seu rosto, pagar a renda da casa, a comida, o transporte, quem sabe até ir de férias, vai sentir-se um felizardo. Ou um infeliz, pois passa metade da vida a queixar-se do trabalho que não o satisfaz. Não sei se o trabalho deve nos fazer felizes. Talvez devesse – num mundo ideal, mas, de facto, o trabalho é uma parte da nossa vida, não pode ser a vida toda. Conheço muita gente que, literalmente, mata-se de trabalhar, porque o trabalho lhe ocupa a cama e a mesa, as horas livres, os dias santos. Porque vive e respira trabalho e é levado a crer que está certo – o ócio é o inimigo a abater. Que fique claro, não sou contra o trabalho, nem o facto de termos de trabalhar – é uma ocupação necessária à nossa sobrevivência e também nos mantém ocupado, porque ainda temos o horror do vácuo, do espaço vazio que muitas vezes não sabemos como preencher. Um criador de conteúdos, que sigo no Instagram, disse que quando perguntamos a alguém como vai a vida e ela responde: a maior correria, quer dizer que a sua vida está uma chatice, um

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acumular de tarefas, feitas de forma mecânica, se calhar algumas delas até inúteis, mas a pessoa segue fazendo. Às vezes me vigio para não responder “cheia de trabalho” sempre que me perguntam –como vai? E sei que digo isso muitas vezes. Todos andamos cheios de trabalho, na maior correria, sem tempo para desfrutar da vida que existe lá fora, nos dias de sol. E muitas vezes pondero, como sugeriu Jacques Prévert :

Devant la porte de l'usine

le travailleur soudain s'arrête

le beau temps l'a tiré par la veste et comme il se retourne et regarde le soleil

tout rouge tout rond

souriant dans son ciel de plomb

il cligne de l'œil familièrement

Dis donc camarade Soleil

tu ne trouves pas que c'est plutôt con de donner une journée pareille à un patron? .

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Foto: Vasco Célio

Septuagésima sétima tabuinha - Torrão Ana Isabel Soares (Professora)

ue tal lhe parece o trigo, tio?”, sorrio e pergunto, ao vêlo esmagar na mão os grãos embainhados, a testar-lhes a densidade. “Está ruim – a meio bago. Mas a terra está ressequida, o que que se lhe pode pedir?”. O homem diz a frase e vira os olhos para o céu em vez de os dirigir ao chão. O torrão é o que é, está sabido: os pés estão nele seguros. Aquilo que se desconhece é o que vem de cima. “Dizia que chovia...”. Nada. É Dia da Espiga, Quinta-feira de Ascensão, e os campos de Beja estão à míngua de água. Ao final da tarde, antes que escureça, tem de se fazer o ramo para substituir, atrás das portas de entrada das casas, o da espiga do ano passado: número ímpar de espigas de trigo, de papoilas, de malmequeres, de raminho de oliveira, de raminho de romãzeira, é o básico. Das oliveiras, que têm a base dos troncos por esburricar, corta-se umas pernadinhas finas; o mesmo serve para a árvore das romãs (só não está mais carregada de flor porque a ventania tem derrubado um bom número delas). Das searas vizinhas colhe-se o número mínimo: é pão, não se pode desperdiçar. Este ano, de repente, aparecem montõezinhos de papoilas: muito vermelhas, muito vivas, muito eretas em estando no seu lugar: em sendo colhidas, tarda nada a ficarem despetaladas, mortiças, sem graça (desde

Qhá dois ou três anos, substituímos a corola natural por umas pétalas feitas de pano encarnado, vão-se adaptando estas falsas papoilas aos ramos de cada ciclo).

O ano passado foi esta flor que faltou, a papoila – por altura da Ascensão, não se achava uma. Este ano, há papoilas com fartura: mas, só para contrariar, é gritante a escassez de malmequeres: uns poucochinhos que aparecem à beira das estradas são mínimos e estão mirrados: cada flor tem o tamanho de um polegar de criança. No meio dos campos, nada. Se uma flor não se anima, como se animará um ramo?

É maio de 2023 e ainda mal caiu uma gota de água nestas terras desde o começo do ano. (Ao mesmo tempo que escrevo, sei que neste dia caiu uma carga de granizo em Monchique, castigo sólido sobre lugares penitenciados). Entro pelo campo de trigo, agacho-me e seguro com cuidado uma haste de trigo. A mão nem precisa de a puxar: sai da terra, sem qualquer esforço, um conjunto de sete ou oito hastes, soltas porque a raiz não se lhes conseguiu fixar na terra. A terra é um padrão de fendas vagas, estalada de secura, incapaz de amarrar em si o trigo. Esfarela-se entre os dedos. “Está ruim, Anazinha, o trigo. Só a meio bago” .

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Foto: Vasco Célio

Sir John Harington: Poetas e poetas Adília César (Escritora)

“Dizem que não há mulher feia Também não há má poesia. Que a natureza a tudo premeia”

Samuel Úria, Má Poesia Feia

ir John Harington nasceu em Kelston, Reino Unido (baptizado a 4 de agosto de 1560 e falecido a 20 de novembro de 1612), era um cortesão inglês, poeta e tradutor. O que muita gente não sabe, é que ele ficou na história como o inventor do autoclismo, apesar de se conhecer a existência de espaços sanitários públicos, em forma de bancos conjuntos, nas cidades greco-romanas da antiguidade.

Foi na corte da Rainha Elisabeth I que J.H. se notabilizou, sendo conhecido como o seu «afilhado atrevido», mas a poesia e outros escritos tendencialmente críticos em relação à monarquia contribuíram para a sua desgraça, passando a ser repudiado pela rainha. «Um Novo Discurso de um Sujeito Velho, chamada Metamorfose de Ajax» data de 1596 e é um texto controverso, uma alegoria política e um ataque à monarquia, ainda que codificado. Sem dúvida, a sua obra mais conhecida. Neste «novo discurso», J.H. descreve aquilo que seria hoje uma sanita moderna com descarga (o «autoclismo»), a qual chegou a ser instalada na sua casa em Kelston: esta nova invenção seria melhorada em 1778, por Joseph Bramah.

O século XVI é referenciado como a época em que era vulgar o uso da cadeira de madeira com um recipiente colocado no seu interior, destinado à recolha os dejectos das pessoas, nas casas das famílias mais abastadas. Em 1739 é finalmente criado o primeiro WC público dividido por género feminino e masculino e, em 1885, Thomas Twyford lançou as inovadoras sanitas de porcelana que substituíram rapidamente, pelos motivos óbvios, as cadeiras de madeira: as peças de louça eram mais bonitas e de fácil limpeza. Sanitas com sifão foram colocadas à disposição dos potenciais utilizadores no final do século XIX, e no século XX a invenção ganhou popularidade: objectos funcionais e imprescindíveis no nosso dia a dia. É interessante referir que no livro As 100 maiores invenções da história, o escritor americano Tom Philbin classificou-o na 16.ª colocação.

Parecendo, esta crónica não é sobre sanitas e autoclismos, embora a introdução seja absolutamente necessária para a compreensão do que vem a seguir. Afinal o inventor do autoclismo também era poeta… Portanto, a minha reflexão vai para uma determinada linha de poesia rebuscada nos canos da inspiração e do sentimentalismo. Muitas pessoas que se

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dizem poetas escrevem com o coração, não usam a cabeça. Lamentavelmente, quando são assoberbados por algum súbito pensamento que lhes parece “luminoso e inspirador”, têm um problema de configuração e a máquina de construir poemas exibe as suas falhas.

Na verdade, cabeças há muitas; e ao contrário do que eu julgava até há bem pouco tempo, não há “cabeças ocas”. Contudo, há cabeças que não pensam por dentro, mas sim por fora. Em vez de se preocuparem com a sua essência, apoiamse numa existência baseada em comodismos, vaidades, peripécias inócuas, enfeites. Nas palavras de Homero Flor, essas pessoas habitam um «Olimpo de Fancarias», onde a afirmação do ego vale mais do que um pensamento altruísta.

A poesia, coitada, conspurcou-se. Agora, todos “têm vontade” e “sabem” escrever poemas, ou seja, ser poeta já não é uma condição inerente ao ofício literário, parecendo congregar funções terapêuticas, exibicionistas e decorativas, de modo insistente, obcessivo: desabafos salteados, solturas metafóricas, palavras cruzadas de semântica indigesta. Em suma, matéria biodegradável, de perenidade imediata, porém, sempre mediatizada, infelizmente. Há versos que são como dejectos, mas quando se trata de poemas inteiros, então, é preciso uma boa descarga de tolerância para higienizar o pensamento poético. Eu entendo: há poetas que são como autoclismos avariados, embora não o saibam. E quem tem coragem de lhes dizer a verdade? Poucos.

Validar a obra de um poeta é tarefa do crítico independente, mas também do

leitor atento, e nunca da editora que promove e vende os livros. Certezas: Luís de Camões, Fernando Pessoa e...? Só um sério e sistematizado trabalho de crítica literária elaborado por um número significativo de estudiosos (veja-se, por exemplo, o contributo de Luís Adriano Carlos), comprometidos com a sua difícil tarefa, ao longo de várias décadas, é que poderá chegar a outros nomes que, de facto, convençam. Acredito que o tempo é o crítico literário mais fiável, por poder ser um filtro daquilo que merece a pena: daqui a 100 anos, talvez surja esse 3.º nome que ninguém irá contestar.

Actualmente, o egotismo impera, a vaidade sobrepõe-se à obra e o caos instalou-se na pequenez das intervenções culturais. As redes sociais pouco têm contribuído para a educação do público leitor. Pelo contrário. O que resta? Um bom autoclismo .

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Irrealidades oníricas

Dora Gago (Professora)

abem aqueles sonhos em que vamos trabalhar nus ou em camisa de dormir? E nos sentimos envergonhados e desesperados? Ou um outro em que falamos uma língua que ninguém entende? Certamente que sim, mas o pior é quando eles se convertem em realidade. Hoje aconteceu comigo. Aliás, anos atrás já tinha tido um indício dessa ameaça de transposição do sonho para o real, quando no primeiro dia de aulas, saí de casa muito apressada, rumo à Escola Básica e Secundária onde leccionava e, de repente, ao contornar a rotunda para estacionar no parque, senti os meus pés muito levezinhos, confortáveis como se lhes tivessem nascido asinhas! Parei, estacionei, olhei para os meus pezinhos confortáveis para averiguar que metamorfose haviam sofrido. Afinal, as responsáveis por esse milagre de leveza e conforto eram as minhas pantufinhas corde-rosa, fofinhas, peludas, daquelas que quase imitam bicharocos. Com efeito, se entrasse numa sala de aula assim, num dia de apresentação... ficaria imediatamente apresentada! Por sorte, ainda tinha algum tempo e lá fui a «voar» novamente para casa.

Hoje, no meu apartamento no novo campus da Universidade, espero finalmente a visita de alguém para medir a janela e instalar uma rede mosquiteira – já que sou constantemente um delicioso petisco para qualquer mosquito, devido,

provavelmente ao grupo sanguíneo O –que dizem ser para eles um verdadeiro manjar gourmet.

Após uma noite mal dormida, mergulhada num ritmo frenético de trabalho, não me preocupo sequer com arrumações nem em arranjar-me para receber o funcionário, que entraria de fita métrica em riste, sem pronunciar palavra, e, se bem os conheço, só teria olhos para a dita janela e suas medidas. Aliás, em Macau, nem sequer é invulgar ver gente ao fim de semana no supermercado em pijama – resquícios, aliás, dos tempos em que ter um pijama era símbolo de estatuto social.

De repente, tocam à campainha. Vou abrir de t-shirt comprida e chinelos –desta vez, nem fofinhos nem cor-de-rosa. Em lugar do homem da fita métrica, que vejo eu?? Um batalhão de dez pessoas, muito bem-trajadas, como se fossem a uma cerimónia. A primeira que entra, apresenta-se como sendo a funcionária que gere as questões da habitação, com a qual me correspondo há meses, seguem-se os outros todos e fico mesmo à espera de ver o Reitor, que felizmente não vem... Sinto vontade de lhes perguntar onde é a cerimónia e por que motivo não fui convidada. Mas eles entram todos em catadupa e eu com uma vontade tremenda de me eclipsar. Penso ainda em dizer que não estou em casa, ou seja, que a pessoa que vive ali não está e que vim só fazer umas limpezas, porém, nesse momento,

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um dos funcionários trata-me pelo nome, por isso, nada a fazer. Eles medem, escrevem, anotam, discutem ideias em mandarim, talvez até escrevam uma tese sobre a montagem de redes mosquiteiras que será citada largamente alimentando os índices de citação do google scholar e outras plataformas académicas. Porque afinal, também de muita banalidade e show off se faz cada vez mais o «saber».

A segunda parte da história diz respeito àquele pesadelo em que falamos em público numa língua que ninguém entende. Sim, essa parte concretiza-se a seguir.

Vou ao lançamento do livro de poesia de um colega do departamento de inglês que me convidou para fazer uma leitura dos seus poemas em português. O livro lançado tem o premonitório título de Nada, Coisíssima Nenhuma. Com efeito, olho ao meu redor e prevejo que ninguém irá entender nada daquilo que irei ler. Chega o momento, leio os poemas, transpondo-lhe a emoção possível, entrecortada pelos rugidos e a chiadeira de um microfone altamente rebelde a parecer um dragão aprisionado. A seguir, para quebrar o gelo, numa tentativa de integração em que desempenho o papel da exótica, aproximome das duas alunas responsáveis pelo momento musical e, em inglês, elogio-lhes o desempenho. Respondem às minhas palavras com um sequíssimo YES! Finalmente, um colega norte-americano, muito simpático aproxima-se para dizer “Thank you very much for your lecture, I didn´t understand any word!”.

Decido que é o momento de sair dali, de forma discreta, sem ninguém se aperceber, rumo a uma realidade mais plausível. Dirijo-me para o elevador. Carrego no

botão, mas como não funciona, insisto até ele soltar também um histérico som. De repente, sou rodeada por dois guardas que gestualmente me enviam para a outra ponta da sala, onde há um elevador que funciona... Discreta, imperceptível a minha saída com duas travessias pela sala em sentidos opostos, depois de ter arrancado grasnidos ao elevador, como aliás já fizera com o microfone. Nunca entendi este meu estranho dom de arrancar reacções de seres vivos a aparelhos, máquinas ou elevadores, isto de os fazer revoltarem-se como se fossem gente ou bichos, como se conseguisse insuflar o sopro da vida a criaturas inanimadas, a objectos. Na verdade, pensando bem, talvez tudo se resuma na magnânima palavra «aselhice».

A conclusão desta história é apenas uma mera banalidade, porque também delas são tecidos os dias: há sonhos que não queremos de todo ver transformados em realidade, por desafiarem as arestas aguçadas do absurdo .

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O som do silêncio Lina Messias (Especialista em Feng Shui)

á pouco mais de três anos mudei de casa!

Vivi mais de uma década perto do «olho do furacão» da conhecida Praia da Rocha, ainda assim, suficientemente afastada para ser considerada uma zona mais sossegada. No último ano em que lá morei, os poucos «buraquinhos» à volta que não estavam construídos foram escolhidos para novas construções e a bendita zona sossegada deixou de o ser.

Recordo que lidei muito mal com todo o ruído do novo entorno e percebi que, não só aprecio, mas também necessito do silêncio.

De acordo com dados de 2022, 56 por cento da população mundial vive em áreas urbanas, sendo que as previsões até 2050 apontam para um total de 70 por cento da população.

Neste tipo de ambientes somos naturalmente mais ruidosos, o nosso Mundo é acelerado e barulhento, não há espaço físico nem emocional para a quietude. Acordamos e ligamos as redes sociais ou a televisão, conduzimos com o rádio ligado, levamos o dia a falar ao telefone, vamos aos centros comerciais onde há sempre música, voltamos para casa e ligamos novamente a televisão…

Estamos prisioneiros do ruído, e muitos nem sabem lidar com a ausência dele. Está cientificamente provado que o ruído pode ser viciante, as pessoas que são constantemente expostas ao barulho sentem-se mal e desconfortáveis em ambientes silenciosos, como se este fosse uma droga.

O impacto negativo do ruído tem vindo a ser objecto de estudo desde os anos 60, e muitos neurocientistas têm constatado e partilhado a relação entre a exposição ao ruído e o aumento de vários distúrbios mentais e também de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer. Segundo alguns estudos, os altos níveis de ruído ativam a produção de cortisol, a hormona do stress, conhecido por ser responsável pelo aumento do risco de diabetes, hipertensão arterial, depressão, dificuldade na perda de peso, entre outros.

O silêncio, em contraposição, é já considerado por muitos especialistas em saúde, o antídoto e uma potencial cura de muitas destas patologias, uma vez que é um regenerador das células cerebrais.

Muitos estão a descobrir a dimensão terapêutica do silêncio: a procura por retiros holísticos na tranquilidade da Natureza tem aumentado significativamente, as vendas de livros sobre os inúmeros benefícios do silêncio

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subiram em flecha, a compra de casas mais afastadas dos centros urbanos tem sido uma constante…

Sem dúvida, a busca e a necessidade de estar em silêncio está a aumentar!

É verdade que o som do silêncio pode ser avassalador podendo ativar o sentimento de solidão e medo que dela advém. Muitas vezes é o ruído constante, o falso substituto da companhia que nos falta, é o que nos «distrai» da realidade e nos leva a esquecer de quem somos. O silêncio promove o autoconhecimento e o inevitável confronto com o Eu, e dependendo da consciência de cada um, este pode ser desafiante ou reconfortante. Quando calamos a voz,

começamos a ouvir a voz do coração e nem sempre estamos preparados para o que ela nos transmite.

Mesmo vivendo perto da cidade, consigo ter esse silêncio exterior que me permite usufruir do apaziguador silêncio interior. Desperto com o som dos pássaros e o burburinho da natureza a acordar, e muitos dias nem me lembro que tenho televisão. Nem sempre conseguimos controlar o caos e ruído exterior, mas dentro das nossas casas podemos e devemos promover o silêncio, para bem da nossa saúde física e mental.

O som do silêncio também é viciante! Experimente… e encontre a paz no que não é dito! .

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