REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #345

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ALGARVE INFORMATIVO 2 de julho, 2022

«EXTRA ORDINÁRIO» DO COLECTIVO JAT 1

KICKBOXING EM MESSINES | MARCHAS POPULARES EM PORTIMÃO DIAS DO MUNICÍPIO DE CASTRO MARIM E TAVIRA | GISELA JOÃO |ALGARVE «LUGAR» INFORMATIVO #345 «AGUARTE * TORNA-TE ÁGUA» | «ADÁGIO PARA TRÊS IRMÃS» | «THE FOUNDATION»


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ÍNDICE Dia do Município de Castro Marim (pág. 20) Dia do Município de Tavira (pág. 28) «Aguarte * Torna-te Água» (pág. 38) Marchas Populares de Portimão (pág. 46) «Adágio para Três Irmãs» da Folha de Medronho no Auditório do Solar da Música Nova, em Loulé (pág. 56) «Extra Ordinário» do Colectivo JAT no Gimnásio Clube de Faro (pág. 68) «The Foundation» da Urban Xpression no Cineteatro Louletano (pág. 84) «Lugar» em Lagoa e Lagos (pág. 100) Gisela João em Tavira (pág. 110) Kickboxing em Messines (pág. 120)

OPINIÃO Adília César (pág. 128) ALGARVE INFORMATIVO #345

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CASTRO MARIM FESTEJOU DIA DO MUNICÍPIO COM A ÁGUA NO CENTRO DAS ATENÇÕES Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina astro Marim celebrou, no dia 24 de junho, o seu feriado municipal, sendo que este ano esteve particularmente em ALGARVE INFORMATIVO #345

foco a temática da escassez da água, pelo que a sessão solene contou com a especial participação da Agência Portuguesa do Ambiente, com uma abordagem genérica sobre a gestão de recursos hídricos. Foi também apresentado um vídeo, promovido pelas 20


«Águas do Algarve», sobre a reutilização de águas tratadas e uma evidência da obra em curso que vai permitir que os campos de golfe Quinta do Vale e Castro Marim Golf se consigam regar através da água proveniente da ETAR de Vila Real de Santo António. Com esta permanente preocupação, o Município de Castro Marim, que desenvolve também um trabalho na área da educação, apresentou o seu mais recente projeto de sensibilização, o livro infantojuvenil «Vamos Salvar o Dragão», inspirado na Barragem de Odeleite, conhecida como «Dragão Azul». Escrito e ilustrado por jovens designers castromarinenses, a obra fala sobre a transversalidade da água nos setores da agricultura, consumo humano e atividades económicas. A sessão solene foi também marcada

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pelas distinções dos melhores alunos, a quem o Município de Castro Marim atribuiu uma viagem, e dos alunos de Quadro de Valor e Excelência, aos quais se deram vales de 150 euros para matéria escolar e/ou informático. No mesmo âmbito de empenho, compromisso, esforço e dedicação, foram homenageados, pela muita competência e humildade com que têm servido Castro Marim, o treinador de futsal, coordenador desportivo e dirigente do União Desportiva Castromarinense, Luís Vicente, e o médico veterinário Mário Fernandes da Silva. Foi ainda distinguida a Associação Cegonha Branca, na pessoa do seu dirigente Amadeu Chaves, pelo trabalho desenvolvido no Centro Infantil de Altura e Lar e Centro de Dia de Altura. O dia começou, porém, com o tradicional Hastear da Bandeira e a Arruada da Banda Musical

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Castromarinense, com a bênção da nova viatura da Proteção Civil e com a missa na Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Mártires. “Quando cheguei a Castro

Marim, há pouco mais de oito anos, havia 57 povoações no concelho sem água potável, eram abastecidas por fontenários, e no Verão nem nos fontenários existia água. A rede de água e saneamento básico da vila de Castro Marim tem mais de 70 anos e todos os dias rompe. Foi um esforço financeiro enorme para conseguirmos dar a volta a este cenário”, referiu, logo pela manhã,

mas a luta prossegue, garante o edil.

“Praticamente todos os Municípios de Portugal aproveitaram os fundos comunitários para concretizar estas obras de grande envergadura, menos Castro Marim, e agora temos que fazer tudo sem qualquer ajuda da União Europeia”, desabafa o entrevistado. Mais satisfeito está com a parceria com a «Águas do Algarve» para aproveitar a água tratada na ETAR para regar os campos de golfe do concelho, uma obra que deverá estar a funcionar ainda durante o corrente ano. “É um

Francisco Amaral ao Algarve Informativo.

exemplo que deveria ser replicado em todo o Algarve”, entende.

Prova disso foi uma empreitada inaugurada em 2021 que leva água a mais de 30 povoações do interior do concelho,

Esta escassez de água levou, inclusive, um empreendimento do concelho a abdicar do seu campo de golfe, tendo

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sido substituído no projeto por uma extensa área verde com plantação de novas árvores. “Temos as barragens

do Beliche e de Odeleite em Castro Marim e pretendíamos que o governo avançasse com a Barragem da Foupana, mas não foi esse o seu entendimento. No que toca à Barragem de Odeleite, está em curso uma empreitada de valor superior a um milhão de euros para o sistema de rega das várzeas, que é o melhor terreno do concelho para a agricultura”, recorda Francisco Amaral. Apesar dos vários constrangimentos inerentes aos territórios de baixa densidade, o presidente da Câmara Municipal de Castro encara o futuro do concelho com bastante otimismo, uma

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vez que vão avançar projetos de hotéis de cinco estrelas na Verde Lago, Quinta do Vale e Almada de Ouro que irão gerar emprego de qualidade. “Neste

momento, a minha grande preocupação é a falta de habitação, um problema que é geral no Algarve e em Portugal. Temos uma Estratégia Local de Habitação para se construir a preços controlados e que esperamos que avance brevemente, mas, em simultâneo, estamos a rever o Regulamento de Ação Social, para permitir ajudas ao arrendamento e para se facilitar a fixação de jovens casais. Notase, curiosamente, uma maior dinâmica na construção e recuperação de casas na serra,

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nomeadamente nas freguesias do Azinhal e de Odeleite, mas depois há a questão das acessibilidades terrestres e das telecomunicações”, declara o autarca. Francisco Amaral falou também de um Plano de Pormenor que esteve «encalhado» vários anos em Altura e que já foi desbloqueado para dar origem a mais uma centena de casas. “Portugal

é um país de muita burocracia, de pareceres bastante limitativos e que só criam obstáculos, pelo que, nos concelhos do interior, quase que temos que «andar ao colo» com os poucos investidores que aqui aparecem. O facto é que esses empreendimentos estão finalmente a avançar e a um ritmo 25

muito interessante”, sublinha. “Há uns anos tentou-se criar uma associação de municípios do Algarve com colegas da Província de Huelva, foi tanta a burocracia que acabamos por desistir. A Eurocidade do Guadiana engloba os concelhos de Ayamonte, Vila Real de Santo António e Castro Marim e estamos a desenvolver um plano estratégico, em parceria com as Universidades do Algarve e de Huelva, porque há que saber «vender» um território que está entre dois aeroportos internacionais e numa posição privilegiada caracterizada por um clima, segurança e paz de invejar”, finalizou Francisco Amaral . ALGARVE INFORMATIVO #345


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“IDEIAS, PROJETOS E UMA VONTADE ENORME DE CONCRETIZAR E FAZER ACONTECER NÃO NOS FALTAM”, GARANTE ANA PAULA MARTINS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina m pleno Dia de São João, 24 de junho, Tavira assinalou mais um Dia do Município, com um programa que incluiu o tradicional Hastear das Bandeiras nos Paços do Concelho e a Sessão Solene na Biblioteca Municipal Álvaro de Campos, durante a qual foram homenageados vários funcionários da autarquia, bem como entidades que têm contribuído, ao longo ALGARVE INFORMATIVO #345

do tempo, para o desenvolvimento do concelho de Tavira e das suas gentes. Mas a festa começou logo na noite anterior, com as ruas enfeitadas e repletas de cor e alegria, bailaricos, sardinha assada com fartura e um majestoso fogo-de-artifício para comemorar os Santos Populares. Por isso mesmo, Ana Paula Martins, presidente da Câmara Municipal de Tavira, começou o seu discurso na Sessão 28


Solene com um agradecimento à Associação Amigos de São João, pelo seu empenho e dedicação na realização da decoração e dos enfeites que embelezam a cidade de Tavira nesta data, bem como aos trabalhadores municipais que ajudaram a montar todo este colorido cenário. Dirigiu, depois, palavras de apreço aos funcionários da autarquia,

“pois são o nosso maior ativo e, através das suas funções, ajudamnos a cumprir a nossa missão municipal e a servir a nossa população”. Do mesmo modo, realçou o papel de José Otílio Baía, que recebeu a Medalha de Mérito de Grau Ouro; Luís Andrade (a título póstumo), o casal Albino e Cláudia Martins e o Clube Recreativo Tavirense, a quem foram concedidas a Medalha de Mérito de Grau Prata; e José Marcelino Rosa, Casa do

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Povo de Santo Estêvão, Associação Internacional de Paremiologia e Associação em Contato, distinguidos com a Medalha de Mérito de Grau Cobre. Tendo um novo ciclo autárquico arrancado em outubro de 2021, Ana Paula Martins lembrou que a atividade municipal foi, e continua a ser, influenciada pela pandemia que se vive desde 2020, uma situação agora mais agravada com o ataque militar lançado pela Rússia à Ucrânia em fevereiro deste ano. “Esta guerra tem um forte

impacto na economia mundial, devido ao aumento do preço dos combustíveis, da energia e dos cereais, o que se traduz no disparar da inflação com um efeito direto no rendimento das famílias, das empresas, das instituições e

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dos Municípios. Uma vez mais estamos perante uma conjuntura adversa que exigirá da nossa parte uma especial atenção e um esforço redobrado na gestão municipal”, avisou a presidente da Câmara Municipal de Tavira. “Também o aumento dos

preços de algumas matériasprimas e a escassez de mão-deobra no sector da construção civil serão condicionantes importantes para a concretização dos projetos municipais, tornando-se necessário priorizar os investimentos a realizar no mandato, pois começa a ser recorrente os procedimentos de empreitada ficarem desertos, havendo a necessidade de rever os preços, que em muitos casos

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praticamente que duplicam”, acrescentou a edil. Ana Paula Martins lembrou ainda o desafio da receção de novas competências nas áreas da saúde, educação e ação social, mas também nas praias, zonas ribeirinhas e transporte fluvial. “Para melhorar a atuação

nestas áreas será necessário dotar o Município de novos recursos humanos e materiais que permitam a resposta eficaz e prática de que as populações carecem. E, embora essas competências cheguem com alguma receita, a experiência diznos que as verbas em causa poderão ser insuficientes, o que nos obrigará a uma monitorização constante e a um diálogo aberto

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com o governo para que possam ser reforçadas”, indicou a autarca, que, apesar de todas estas incertezas e desafios, se mostra confiante na capacidade do executivo municipal que lidera para cumprir o programa eleitoral sufragado a 26 de setembro de 2021. Prova disso são as intervenções a decorrer ou que foram recentemente concluídas no concelho num valor superior aos 13 milhões de euros, dando o exemplo da reabilitação do Cineteatro António Pinheiro, a requalificação da Rua Capitão Jorge Ribeiro em Cabanas, a conservação e restauro do património integrado na Igreja Matriz Santa Maria do Castelo, a intervenção no Mercado da Ribeira, a beneficiação da Ecovia do Litoral, a valorização dos espaços exteriores da Atalaia, as obras de conservação na EM 397 e Monte dos 31

Corrais e na rede viária de Tavira e Santa Luzia, a alteração da instalação elétrica e telecomunicações do Edifício do Compromisso Marítimo, a requalificação da Praceta Diogo Mendonça Corte-Real, o Centro de Meios Aéreos do Cachopo e a intervenção da EB 1 N.º D. Manuel. Do mesmo modo está perspetivado avançar, nos próximos meses, a reabilitação dos balneários da Escola D. Manuel, a reabilitação da Escola Básica de Santa Catarina e espaço envolvente, a aquisição da mecânica de cena e equipamentos audiovisuais do Cineteatro António Pinheiro, a instalação de sanitários na Ilha de Tavira e a requalificação da Rua do Cais. A falta de habitação continua a ser uma das maiores preocupações do Município de Tavira, estando a ser desenvolvidos os projetos de arquitetura para posterior ALGARVE INFORMATIVO #345


construção de 24 fogos de habitação social em Cabanas, de 17 fogos a custos controlados em Cachopo, de 8 fogos a custos controlados em Santa Catarina e de mais 8 fogos a custos controlados em Santo Estêvão. “As pessoas e as ALGARVE INFORMATIVO #345

famílias continuam a ser a nossa principal prioridade, queremos que Tavira seja um concelho com mais igualdade de oportunidades para quem cá vive, pelo que a aposta na educação e no apoio social a quem 32


mais precisa estarão na linha da frente da nossa atuação. Continuaremos a aprofundar o trabalho realizado pela rede social, de modo a desenvolver respostas adequadas às necessidades da 33

população”, salientou Ana Paula Martins. O desporto vai manter-se em destaque no concelho de Tavira, como atestam a empreitada de reforço estrutural do Pavilhão da Luz de Tavira e a substituição ALGARVE INFORMATIVO #345


do relvado do campo de jogos do Ginásio Clube de Tavira. “Queremos dotar os

nossos equipamentos desportivos de condições para fazer face à crescente prática desportiva que se verifica em Tavira nos últimos anos e estamos mesmo a estudar a possibilidade de converter alguns polidesportivos em espaços fechados”, adiantou Ana Paula Martins, antes de virar a atenção para a saúde, lembrando que está previsto, no PRR, um investimento significativo na ampliação do Centro de Saúde de Tavira e na dotação de meios de diagnóstico complementares. “A cultura

continuará a ser uma prioridade em Tavira, assim como o apoio às associações culturais e recreativas e a requalificação do nosso património religioso. Pretendemos ALGARVE INFORMATIVO #345

aumentar a sustentabilidade do concelho através da proteção do ambiente, do desenvolvimento de medidas potenciadores da mobilidade sustentável, da promoção da eficiência dos recursos energéticos e das energias renováveis. E queremos ser uma referência nacional na área do bem-estar animal. Ideias, projetos e uma vontade enorme de concretizar e fazer acontecer não nos faltam. Queremos uma Tavira que olhe para o futuro, mas que respeite o seu passado. Queremos uma Tavira inclusiva, segura e sustentável. Queremos uma Tavira que seja moderna, distinta e única. Queremos uma Tavira onde as pessoas estão em primeiro lugar”, terminou Ana Paula Martins . 34


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Isabel Soares e António Eusébio da «Águas do Algarve» e Dora Luís da Cruz Vermelha Portuguesa Faro/Loulé

«ÁGUAS DO ALGARVE» E CRUZ VERMELHA PORTUGUESA UNIDAS NUM PROJETO SOCIAL DE CONSCIÊNCIA AMBIENTAL E EDUCAÇÃO PELA ARTE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina á muito tempo que a «Águas do Algarve», empresa responsável pelo abastecimento de água em alta no Algarve, vem avisando que o valor deste recurso não é adequadamente percecionado pela generalidade da sociedade civil, o que se traduz, depois, no seu contínuo desperdício e nas constantes críticas ao «preço» da água. Perante este cenário, e ALGARVE INFORMATIVO #345

por entender ser absolutamente fundamental alterar a perceção sobre este importante recurso, numa altura em que os desafios que se colocam relativamente à sua gestão são cada vez maiores e mais complexos, a «Águas do Algarve» remeteu um convite de parceria à Cruz Vermelha de Faro/Loulé com vista à união de esforços e competências no que diz respeito à conscientização social da água no desenvolvimento pessoal, humano e comunitário. 38


Esta parceria deu origem à criação do Projeto «Aguarte * Torna-te Água», inserido no «Águas sem Fronteiras», Projeto de Educação Ambiental da «Águas do Algarve», e cuja assinatura do protocolo teve lugar, no Edifício do Colégio de Santiago Maior, o conhecido Teatro Lethes, em Faro. “De carácter

inovador, este projeto prevê a utilização de diversas formas de expressão artística como meio transmissor da mensagem de preservação da água e o seu valor intrínseco à vida humana, não só no sentido biológico, mas também como arquétipo histórico de desenvolvimento social e económico. Neste, a água, além de matéria-prima essencial à vida

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humana, surge como elemento arquétipo ligado às emoções, conectando-se a tudo aquilo que nos torna humanos, as sensações, as emoções e a sua expressão artística”, explicam os responsáveis do projeto. Assim sendo, através de sessões grupais psico-educacionais com adolescentes e jovens, vai-se tentar revelar o potencial transformador da arte com uma abordagem integrativa, pretendendo-se mergulhar num caminho de reencontro com as capacidades expressivas que permitam ressignificar a relação com a água. Por via da voz-terapia quer-se dar voz a este elemento essencial à vida pela vibração do som e contactar a nossa voz ritual num reconhecimento deste elemento e o desenvolvimento de um

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olhar valorizador que nos reconecta com a natureza e a importância dos seus recursos. Através da Biodanza vai-se procurar experienciar a reconexão ao elemento água por via do movimento, reconhecendo e integrando as expressões do movimento associadas às características da água, como a fluidez, a capacidade de fusão e a cenestesia. Será igualmente criado um Grupo de Teatro Sénior centrado na escassez dos recursos hídricos, para desenvolver, a partir de experiências de vida, jogos dramáticos e de exercícios de concentração, flexibilidade e expressão, um processo de consciencialização para um uso consciente dos recursos hídricos. Ainda de acordo com a «Águas do Algarve», numa fase posterior o foco será a exibição de todos os trabalhos preparados ao longo do projeto, numa mostra pública das performances construídas no primeiro eixo e num espetáculo que incluirá performance de movimento e voz, teatro e exposição de trabalhos expressivos dos jovens. Tendo a Delegação de Faro/Loulé da Cruz Vermelha atuação em duas comunidades distintas, e com valências na área social que passam por diversos eixos como famílias, vítimas de violência doméstica, crianças, jovens, adolescentes, idosos, dependentes e vários projetos sociais a decorrer nos mais distintos contextos sociais, este projeto surge com naturalidade e integrado com os objetivos estabelecidos pela Comunicação e Educação Ambiental da «Águas do Algarve», no sentido de investir em ações de conscientização que despertem novos valores, tanto ALGARVE INFORMATIVO #345

individuais quanto coletivos, em todos os estratos sociais da comunidade, onde se incluem os mais desfavorecidos, muitas vezes de mais difícil acesso. Através deste projeto, a Cruz Vermelha amplia igualmente a sua atuação enquanto veículo de Educação Ambiental pelas artes junto das comunidades. “É um

projeto que vai fazer a diferença no modo como nos comportamos, social e ambientalmente, em relação à água, à forma como a utilizamos e gerimos. A água é, provavelmente, o elemento mais importante e recorrente em todas as culturas, quer no plano real como simbólico, e só é possível atribuir novos significados àquilo que consideramos importante”, referiu Dora Luís, presidente da Delegação de Faro/Loulé da Cruz Vermelha Portuguesa. A dirigente recordou as palavras de António Damásio, no virar do século, quando dizia que “o nosso

comportamento não é apenas resultado do nosso pensamento ou razão, mas também das nossas emoções”. “Antes dele, no início do século XX, o filósofo francês Maurice Merleau-Ponty refere que o ato de perceber ou percecionar, não é uma pura sensação, nem um julgamento intelectual, mas a experiência de nos dirigirmos com intenção ao mundo através do corpo. Assim, para compreender e mudar o mundo, é preciso pensá40


lo e senti-lo, e é neste ponto que este projeto é inovador, na medida em que ultrapassa a consciencialização a partir da mera aproximação racional, e propõe a utilização da arte e do corpo como ferramentas de ressignificação do valor da água e dos comportamentos, e também de ampliação do autoconhecimento”, frisou Dora Luís, acrescentando que tudo será feito pela Cruz Vermelha Portuguesa para que este projeto seja impactante e que alcance o estatuto de boa-prática replicável noutros concelhos. A outra assinatura no protocolo de colaboração foi a de António Eusébio, presidente da «Águas do Algarve», que rapidamente abordou a questão do «preço» da água. “No passado, 41

quando as pessoas se tinham que deslocar com os cântaros para ir buscar água às fontes, tinham mais cuidado no consumo desta água tratada, purificada, fresca. Hoje, recebemos milhões e milhões de metros cúbicos de água nas barragens, ou captamos água subterraneamente, tratamos essa água nas nossas ETA e ela depois chega confortavelmente às nossas casas por via das torneiras”, descreveu, acrescentando que, no Algarve, o consumo humano de água ronda os 70 milhões de metros cúbicos por ano. “Um garrafão de cinco

litros de água no supermercado custa-nos 1,5 euros. Nós fornecemos água em alta aos municípios a 50 cêntimos o metro ALGARVE INFORMATIVO #345


cúbico, ou seja, um garrafão comprado no supermercado equivale a 600 garrafões de água disponibilizada pela «Águas do Algarve». A água que sai das nossas torneiras não é cara”, esclareceu António Eusébio. O presidente da «Águas do Algarve» sublinhou ainda que é cada vez mais importante sensibilizar a população para o uso racional da água e deu o exemplo do sucedido em maio, um mês em que as autarquias algarvias fizeram um esforço extra para reduzir o seu consumo de água e, afinal, o consumo total foi 33% superior ao verificado em maio de 2021. “Vamos

ter um Algarve cheio de gente neste Verão, o que é bom em termos económicos, mas isso implicará um maior consumo deste bem precioso, numa altura em que, na ponta do Barlavento, na Barragem da Bravura, já só temos ALGARVE INFORMATIVO #345

água para consumo humano, já dificilmente se consegue fornecer água para a agricultura e para uns campos de golfe que existem naquela zona. Este é um problema sério e real, não é um problema para amanhã. Cada vez temos menos anos médios e húmidos e os anos secos vão-se acumulando”, alertou António Eusébio, motivo pelo qual o Algarve não consiga sair da situação de seca extrema. “Andamos

todos a procurar novas formas de captar água, não para aumentar o nosso consumo, mas simplesmente para manter os níveis atuais de consumo. E, numa região que precisa ser competitiva em termos turísticos e agrícolas, temos que descobrir a melhor forma de levar este barco para a frente”, concluiu . 42


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NOITES DE JUNHO FORAM RAINHAS COM DESFILES DAS MARCHAS E ARRAIAIS POPULARES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Filipe da Palma / Câmara Municipal de Portimão ealizou-se, no dia 25 de junho, o derradeiro desfile das Marchas Populares de Portimão, que percorreu a Avenida Tomás Cabreira até à Fortaleza de Santa Catarina, na Praia da Rocha. Na véspera, foi a vez da Zona Ribeirinha de Alvor ALGARVE INFORMATIVO #345

receber o desfile, com marchantes, turistas e residentes a descerem as ruas em busca da melhor vista sobre o casario e para uma das paisagens mais impressionantes do concelho de Portimão, a Ria de Alvor. A 21.ª edição da Marchas Populares teve início no Portimão Arena com centenas de pessoas a assistirem à 46


primeira apresentação. Seguiu-se o desfile no campo de futebol da Mexilhoeira Grande e a zona ribeirinha de Portimão foi o terceiro local onde as coletividades primaram nas coreografias repletas de brilho, perante o olhar de centenas de curiosos. Os desfiles contaram com a participação das coletividades do concelho, nomeadamente, o Sporting Glória Ou Morte Portimonense, o Clube de Instrução e Recreio Mexilhoeirense, a Sociedade Recreativa Figueirense e a Marcha da Vila de Alvor. Este ano, as Marchas foram enriquecidas com a participação musical do «Cavalinho», que esteve a cargo da Sociedade Filarmónica Portimonense. As noites de junho em Portimão foram rainhas com os desfiles das Marchas 47

Populares de Portimão protagonizados pelas coletividades que durante o ano se empenharam para que esta festa fosse de todos. Por isso, a organização deixou um agradecimento muito especial a todos os que participaram nesta grande festa, incluindo as marchas convidadas (Associação Grupo de Amigos da Pedreira (Silves), o Clube Desportivo de Odiáxere (Lagos) e o Clube de Futebol «Os Estombarenses» (Lagoa). E não faltaram, claro, os afamados arraiais que encheram a Praça da República durante três sábados, com muita animação musical e bailes e as três barraquinhas, a cargo da Sociedade Vencedora Portimonense, do Clube União Portimonense e do Sporting Glória ou Morte Portimonense, a proporcionaram momentos de comes e bebes típicos dos arraiais .

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FOLHA DE MEDRONHO ESTREOU «ADÁGIO PARA TRÊS IRMÃS» NO AUDITÓRIO DO SOLAR DA MÚSICA NOVA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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texto «Três Irmãs» foi levado à cena pela primeira vez, em 1901, pelo Teatro de Arte de Moscovo e aborda uma Rússia na vertigem das grandes mudanças sociais que viriam a culminar na revolução de 1917, um tempocharneira, indefinido, entre o que tinha sido e que poderia vir a ser. «Adágio Para Três Irmãs» é a adaptação de Manuel Sanches e João de Mello Alvim do original de Tchékhov, e a dupla de dramaturgos concentra-se nas três irmãs – Olga, Masha e Irina – interpretadas por Alexandra Diogo, Beatriz Teodósio e Mariana Vasconcelos.

do Solar da Música Nova, em Loulé, e apresenta-nos então estas três irmãs que, desterradas numa província no interior da Rússia, levam o dia-a-dia pasmando entre as memórias de um passado feliz em Moscovo e os sonhos de um futuro promissor em que hão-de conseguir voltar para Moscovo, onde, “se Deus quiser, tudo se há-de arranjar”.

A nova criação da Folha de Medronho estreou, no dia 26 de junho, no Auditório

João de Mello Alvim, que assina igualmente a encenação .

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“Mas nesse quotidiano suspenso no tempo, repetitivo, nessa espera sem fim, mesmo existindo a perspetiva de mudança, nada acontece. Enquanto o tempo, enquanto a vidinha passa, como irmãs esquecem-se de que é preciso fazer alguma coisa, para que alguma coisa aconteça”, refere

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OFICINAS DE TEATRO FÍSICO E DE FORMAÇÃO DE ATORES DO COLECTIVO JAT CHEGARAM AO FIM COM «EXTRA ORDINÁRIO» Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Colectivo JAT – Janela Aberta Teatro apresentou o espetáculo final da quinta edição das Oficinas de Teatro Físico e Formação de Atores, nos dias 25 e 26 de junho, no Gimnásio Clube de Faro, com encenação de Diana Bernedo e Miguel Martins Pessoa. «Extra Ordinário» reúne um conjunto de criações, através de ALGARVE INFORMATIVO #345

diferentes linguagens teatrais, que foram trabalhadas ao longo do ano, contando no programa com números de Máscara Objeto e Máscara Corporal, Monólogos inspirados em notícias reais, e uma peça coral de Mimo que percorre o quotidiano da cidade de Faro. A companhia algarvia já nos habituou a espetáculos marcados por linguagens contemporâneas e uma estética muito própria, desenvolvendo um forte projeto 70


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pedagógico onde aprofunda disciplinas variadas do Teatro em geral e do Teatro Físico em particular, formando novos atores e também novos públicos. Para além de especialistas em Teatro Físico, o JAT desenvolve projetos de Teatro Comunitário, nomeadamente em Faro e Quarteira, com os grupos Teatro de VizinhEs e Quarteira Fora da Caixa. Quanto às formações do Colectivo JAT, contam com o apoio do Programa Arte sem Barreiras da Fundação GDA e da Câmara Municipal de Faro, bem como a parceria do Gimnásio Clube de Faro.

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«Extra Ordinário» tem formação e encenação de Diana Bernedo e Miguel Martins Pessoa e é interpretado pelos alunos da Oficina de Teatro Físico, Ana Brandão, Daniela Veiga, Elsa Fernandes, Graça Madeira, Ilda Nogueira, Joana Cabrita Martins, Luana Black Mendes, Rita Ramos Abreu e Vasco Seromenho, e da Oficina da Formação de Atores, Anabela Leite, Carolina Simões, Catarina Ferreira, Catarina Pérez, Constança Paulo, Daniela Veiga, Laura Silva, Maria Resende e Suzanne de Sousa .

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URBAN EXPRESSION APRESENTOU «THE FOUNDATION» NO CINETEATRO LOULETANO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Cineteatro Louletano, em Loulé, foi palco, no dia 19 de junho, de «The Foundation», uma produção da Urban Xpression que nos transporta para o mundo do hip hop, um movimento artístico e cultural que surgiu na década de 70 do século passado na cidade de Nova Iorque, mais precisamente no Bronx. “Este

movimento trouxe várias contribuições, não só para a ALGARVE INFORMATIVO #345

música, mas também para a dança, moda e arte em geral”, indicam os responsáveis da Urban Xpression que, através deste espetáculo, pretendem recordar como tudo começou, fazer uma viagem no tempo e contextualizar os elementos primordiais da história do hip hop em coreografias interpretadas pelos alunos da escola de formação de Loulé e de Dancehall, “e mostrar assim a

riqueza desta cultura, celebrando o seu crescimento, que hoje chega a casa de todos” . 86


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QUESTÃO REPETIDA E ARTIS XXI CONTINUAM A ENCANTAR LAGOA E LAGOS COM PROJETOS MULTIDISCIPLINARES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Maria Olas

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parceria entre a Questão Repetida e a Artis XXI continua a dar excelentes resultados e o mais recente foi «Lugar», projeto de criação artística multidisciplinar que foi a cena, nos dias 18 e 19 de junho, no Auditório Duval Pestana do Centro Cultural de Lagos e no Auditório Carlos do Carmo em Lagoa, respetivamente. O espetáculo concebido por Ana Falé e Elsa Mathei mistura música, fotografia, ilustração e vídeo, pretendendo cruzar épocas, pessoas e vivências num lugar-comum, mas remoto. As diretoras artísticas recordam que sobre o período do domínio muçulmano na ALGARVE INFORMATIVO #345

Península Ibérica contam-se cerca de cinco séculos em Terras Algarvias e, no imaginário popular, nos finos fios que o local tece sobre a ancestral memória coletiva, o «mouro» surge envolto na mística complexidade de admiração e temor, e é protagonista de uma miríade de lendas populares locais. “O

património imaterial da literatura oral é extremamente frágil, sustentado na memória oral, correndo o risco de perder-se à medida que a ritualização de trabalhos rurais e tradicionais desaparecem. Neste contexto, pretendemos homenagear a riqueza ancestral do Algarve que 102


nos determina e completa no presente, explorando os contos e lendas destes Lugares e trazendo duas das mais icónicas lendas algarvias: A lenda das Amendoeiras e a lenda de Floripes”. Em «Lugar» resgata-se, assim, também a arte de «contar um conto», uma das mais simples e deslumbrantes formas

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dramáticas, com estórias que traduzem e celebram a cultura, a história e os valores que unem as pessoas numa comunidade, e que são, quase sem exceção, transversais ao «Ser» humano. A música é da responsabilidade da compositora Teresa Gentil e foi interpretada, ao vivo, pela Orquestra Barroca D’Aquém Mar. A fotografia é de Jorge Marques e as ilustrações de Mónica Catalá .

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GISELA JOÃO AQUECEU NOITE DE TAVIRA NO DIA DA CIDADE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Miguel Pires (www.mpalgarve.com)

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avira festejou o seu Dia da Cidade, a 24 de junho, com um extenso programa que culminou, da melhor forma, com o fantástico concerto de Gisela João, numa Praça da República ALGARVE INFORMATIVO #345

completamente cheia de público. A fadista trouxe consigo o seu mais recente disco, «AuRora», lançado em 2021, bem como os êxitos do antecessor «Nua», e contagiou os espetadores com o calor da sua voz numa noite fria e ventosa que, desta forma, se tornou bem mais agradável . 112


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MESSINES AO RUBRO COM MAIS UMA GALA DE KICKBOXING Texto: Daniel Pina | Fotografia: João Pelica e Afonso Pelica ALGARVE INFORMATIVO #345

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Casa do Povo de São Bartolomeu de Messines foi palco, no dia 18 de junho, do Fighters Evolution 1, um evento de kickboxing organizado pela Top Team Messines e Rui Briceno cujo ponto alto foi a disputa do título nacional da WKU. Foi uma noite recheada de intensos e emocionantes combates que levaram o público ao rubro, assim como o atleta e treinador Rui Briceno, que não escondeu o orgulho pelo sucesso da gala. “Gostaria

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de deixar um especial agradecimento a todos os que tornaram este evento possível, desde a Câmara Municipal de Silves à Junta de Freguesia de Messines, a todos os patrocinadores e espetadores, a todos os atletas e treinadores, à equipa de arbitragem e ao incansável staff da Top Team”, afirmou, deixando ainda o convite para a próxima edição do Fighters Evolution, que terá lugar no dia 22 de outubro .

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Notas Contemporâneas [45] Adília César (Escritora) “E se realmente não pensamos mais profundamente do que em Atenas, sob os plátanos da Academia, nem combatemos mais heroicamente do que no desfiladeiro das Termópilas – temos decerto repartido entre nós mais justiça do que no tempo dos Gracos, e há mais saber divulgado entre nós do que no tempo de Aristóteles. E nesse século XX, de que já nos ocupámos com tão paternal solicitude, haverá ainda mais saber espalhado, e haverá mais justiça realizada”. Eça de Queirós (1845-1900), in Notas Contemporâneas (1909, obra póstuma) MEU SÉCULO, diria Günter Grass, para revelar histórias de acontecimentos relevantes e outros triviais relativos ao século XX. No centro, o indivíduo enquanto coral dramático da narrativa protagoniza o quotidiano, os hábitos e os valores subjacentes: política, ciência, guerras, dúvidas, interrogações. A escrita é indagação, mesmo quando se assume como afirmativa. * O MEU SÉCULO XX é, em grande parte, um tempo perdido no tempo. Como falar da existência real do passado, se o que parece vida concreta é apenas o que está a acontecer neste preciso momento? A vida concreta é a vida presente. E deixemos de lado o futuro, porque ainda não existe, é pura especulação conceptual. Podemos, no entanto, falar de um certo legado que deixamos aos nossos herdeiros, os filhos e ALGARVE INFORMATIVO #345

os netos. Essa herança é responsabilidade nossa e chama-se «conhecimento». * SABEMOS HOJE MAIS do que no século passado. Mas sabemos hoje menos do que no século passado porque repetimos os mesmos erros de percepção a partir de acontecimentos diferentes. Se o século de Günter Grass é de grandeza e horror, tendo em conta a forma como o escritor o narra, não poderemos dizer muito mais sobre estes vinte e um anos do século XXI, a não ser, precisamente, grandeza e horror. * O FIM DO REMORSO aproxima-se nas imagens que se desvanecem, procuram palavras sem lembranças nem ideias. Procuro dar um passo atrás de olhos bem abertos. Ver a ideia como um todo e depois o vislumbre da cena até à moldura. A seguir, ver a fragância das coisas que querem sair de si próprias. Vejo-te. Tu dizes: isto sou eu, isto 128


não sou eu. Estás confuso. Vestes e despes os valores que o teu século te apresenta como se procurasses uma roupa com a medida perfeita, bem ajustada à ocasião, mas esqueces as medidas do teu espírito. * ÉS UM SER HUMANO e ousas a pretensão de seres destruidor, nesse lugar de onde não existe evasão. Penso no sem-abrigo que te estende a mão à porta do supermercado e que tu finges não ver. Tu tens fome e ele tem fome, mas não é a mesma fome, entendes? Todos os dias continuas a vestir e a despir esplêndidas fatiotas de ironia. Diz-me: também há saldos de emoções? Duas pelo preço de uma? Fica atento. Talvez encontres emoções em segunda mão. Ou então poderás pedi-las emprestadas ou até mesmo roubálas! É tentador, mas não resolve o problema da existência. * NA MINHA CABEÇA, há palavras que andam de baloiço. Brincam, geram confusão, não desistem. Parecem dizer-me que as emoções do meu século deviam ter outro nome: por exemplo, medo. Repito vezes sem conta que não tenho medo, logo, o medo não existe. A palavra medo não existe. A emoção medo não existe. Percepciono com clareza um estado divergente onde a realidade fecha todas as fronteiras. Visualizo o lugar onde agora me encontro: 129

uma galáxia imaginada ao pormenor, onde comando um exército de poetas iluminados para combater os incultos de todo o universo. Disseste que este plano bélico era apenas uma invenção da minha mente, que não era uma verdade real, que a poesia não serve para nada. Eu sei. Mas enquanto fujo de certas realidades específicas e flageladoras, aqui neste lugar onde me chamam louca, estou em paz e invisível. Na minha cabeça, sou uma pessoa e não tenho medo. Enquanto penso profundamente, o meu espírito desfila, triunfante, exibindo um soberbo vestido de justiça e esperança . ALGARVE INFORMATIVO #345


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #345

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