REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #329

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ALGARVE INFORMATIVO 5 de março, 2022

DIA INTERNACIONAL DA PROTEÇÃO CIVIL | FUTSAL | «HAMLET» | REINALDO TEIXEIRA | YUCA «UMA PEÇA FELIZ E DIRETA SOBRE A TRISTEZA» | TRAVESSIA AÉREA DO ATLÂNTICO SUL 1 ALGARVE INFORMATIVO #329


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SUMÁRIO OPINIÃO 132 - Ana Isabel Soares 134 - Alexandra Rodrigues Gonçalves

36 - Taça da Liga Placard de Futsal

14 - São Brás comemora centenário da Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul 22 - Dia Internacional da Proteção Civil

50 - Reinaldo Teixeira 124 - Yuca no Choque Frontal ao Vivo

86 - «Uma peça feliz e direta sobre a tristeza» no Cineteatro Louletano ALGARVE INFORMATIVO #329

100 - «Carnaval dos Animais» do CAMADA 8


64 - «Hamlet» da Companhia de Teatro de Braga 9

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CENTENÁRIO DA PRIMEIRA TRAVESSIA AÉREA DO ATLÂNTICO SUL ASSINALADO EM SÃO BRÁS DE ALPORTEL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ão Brás de Alportel deu início às comemorações do Centenário da Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul no dia 17 de fevereiro, precisamente a data de aniversário de Gago Coutinho, cujo nome voltou a ser proposta, devido às suas raízes algarvias, para patrono do Aeroporto de Faro. A cerimónia decorreu no exterior das Piscinas Municipais Cobertas de São Brás de Alportel, tendo como pano de fundo a réplica do ALGARVE INFORMATIVO #329

Hidroavião Fairey III «Santa Cruz» criada pelo artista algarvio Carlos de Oliveira Correia, e que homenageia o feito protagonizada por Gago Coutinho e Sacadura Cabral e que marcou toda a história da aviação mundial. O monumento conta agora com uma Placa Comemorativa que foi descerrada pelo Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Vítor Guerreiro, e pelo representante da Comissão Aeronaval das Comemorações do 14


Centenário da Primeira Travessia do Atlântico Sul – 100TAAS (de âmbito nacional), o Tenente-General António Carlos Mimoso e Carvalho. “As

viver o presente e projetar o futuro, tendo como fonte de inspiração esta travessia épica”.

Comemorações do Centenário, às quais o Município de São Brás de Alportel tem a honra de se associar, conferem a merecida dignidade e relevância a esta verdadeira epopeia que marcou a nossa trajetória coletiva, a formação da nossa entidade nacional e afirmação alémfronteiras”, referiu o edil são-brasense, adiantando que “esta é uma excelente oportunidade para valorizar a nossa Memória Comum, o nosso passado, a nossa história e as nossas gentes, para se

Este sentimento de respeito e orgulho nestes heróis nacionais motivou a proposta do Movimento «Cidadãos pelo Aeroporto Gago Coutinho», representado na cerimónia pelo são-brasense Almirante Martins Guerreiro. “Atribuir

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ao Aeroporto de Faro o nome de «Aeroporto Almirante Gago Coutinho» seria uma forma de nos projetarmos no mundo, lembrando o engenho e a capacidade criativa da gente portuguesa e o seu contributo para o desenvolvimento da humanidade”, justificou, considerando que este ato “seria uma forma de ALGARVE INFORMATIVO #329


saldar uma dívida histórica para com um dos nossos maiores”. A proposta conta com o apoio do Município de São Brás de Alportel, tendo merecido aprovação unânime da Assembleia Municipal e tendo sido apresentada na Comunidade Intermunicipal do Algarve em 2019. A sua votação foi, contudo, protelada pela pandemia e o Movimento entende que 2022 é o ano certo para retomar a proposta. A cerimónia contou ainda com uma alocução proferida pelo Tenente-General António Carlos Mimoso e Carvalho, que deu a conhecer o percurso, conquistas e as vicissitudes da travessia, antes de se proceder à inauguração da exposição itinerante «1.ª Travessia Aérea do Atlântico Sul», preparada pela Comissão ALGARVE INFORMATIVO #329

Aeronaval das Comemorações do Centenário da Travessia Aérea do Atlântico Sul (100TAAS) e que esteve patente no átrio das Piscinas Municipais Cobertas de São Brás de Alportel até dia 27 de fevereiro. Entretanto, o programa são-brasense que assinala os 100 anos da Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul vai desenvolver-se até ao final de 2022 com momentos musicais, artísticos, literários e infantojuvenis, entre outros. “Um

programa que queremos que seja universal, mas profundamente local e intergeracional, não apenas para assistir, mas para viver e envolver a nossa comunidade”, afirmou a vice-presidente da Câmara 16


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Municipal de São Brás de Alportel, Marlene Guerreiro.

os quais um realizado pela Banda de Música da Armada, no dia 28 de maio.

Um programa que já contemplou, no dia 27 de fevereiro, o Ciclo de Passeios Natureza dedicado a Gago Coutinho que deu a conhecer a «Rota Gago Coutinho – a Geodesia em São Brás de Alportel», um percurso pelos 14 marcos geodésicos do território são-brasense e que foi recentemente alvo de requalificação. A Biblioteca Municipal Dr. Estando Louro, parceira desta iniciativa, irá apresentar, entre 30 de março e 17 de junho, uma exposição documental e de colecionismo dedicado à Travessia, que terá continuidade numa exposição de rua centrada neste feito histórico. O Cineteatro São Brás e os espaços públicos do Município serão palco de vários concertos e espetáculos de dança, entre

As atividades dirigidas ao público infantojuvenil também já tiveram início com a disponibilização do livro «A enigmática travessia do Atlântico Sul 1922», da autoria de Marco Pitt. “Ciclos

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de Tertúlias, conferências, publicações e conteúdos em formato digital integram ainda este programa concebido para dignificar a memória destes homens de grande dimensão e genialidade, que se pretende inspirador para as novas gerações e promotor de um olhar perspicaz para o futuro”, sublinhou Marlene Guerreiro . 18


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PORTIMÃO INAUGUROU SEGUNDA FASE DO CENTRO MUNICIPAL DE EMERGÊNCIA E PROTEÇÃO CIVIL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina oi oficialmente inaugurada, no dia 1 de março, Dia Internacional da Proteção Civil, a segunda fase do Centro Municipal de Emergência e Proteção Civil de Portimão, localizado no edifício dos Bombeiros de Portimão, numa manhã em que se ficou a conhecer melhor todos os meios e recursos disponíveis, assim como a Base de Apoio Logístico Municipal, com destaque para os investimentos realizados no âmbito da ALGARVE INFORMATIVO #329

pandemia Covid-19. Na ocasião foi ainda apresentado um novo veículo tático de salvamento que vai integrar a capacidade de resposta do dispositivo operacional da Proteção Civil e Bombeiros e que está, a partir de agora, apto para apoiar a assistência nas praias do concelho. Recorde-se que, em 2014, nasceu uma parceria entre a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Portimão e o Município de Portimão, com vista a uma partilha efetiva de meios e recursos de proteção e socorro, um conceito 22


inovador que relaciona o Corpo de Bombeiros, a quem compete a resposta operacional no âmbito da proteção e socorro, e o Serviço Municipal de Proteção Civil, que congrega as atribuições de planeamento, logística, sensibilização e informação pública, bem como a dinamização do Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil. Em 2015 surgiu o Centro Municipal de Emergência e Proteção Civil de Portimão, o primeiro da sua geração em Portugal e que depressa se tornou numa referência a nível nacional pelos resultados que acompanham a sua dinâmica. A inauguração da segunda fase foi, entretanto, adiada por dois anos devido ao aparecimento da pandemia Covid-19 e foi precisamente o que foi realizado durante este período que foi explicado por Luís Mestre, Coordenador Municipal de Proteção Civil. 23

Presente no momento solene esteve o Comandante Carlos Jaime, vicepresidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, que confessou que regressaria a Lisboa “com o ego cheio com aquilo que aqui vi”. Antes de partir, porém, foi o porta-voz de uma justa homenagem a Álvaro Bila, presidente da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Portimão, expresidente da Junta de Freguesia de Portimão e atual vice-presidente da Câmara Municipal de Portimão, entregando o Crachá de Ouro “a um

bombeiro sem farda que muito tem dado a Portimão e aos seus bombeiros”. Emocionado pela surpresa, Álvaro Bila declarou que “mais não fiz do que ALGARVE INFORMATIVO #329


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Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão

aquilo que tinha que fazer, esta é a minha terra, é por ela que tenho que trabalhar”. Falou, depois, da importância do Sistema de Proteção Civil, criado internacionalmente em 1949, para a prevenção e para a coordenação de esforços em caso de emergência ou calamidade. “Hoje, mais do que

nunca, é importante relembrar o quão estruturante é uma abordagem centrada numa cultura de prevenção nas sociedades humanas, para que sejam seguras e estejam preparadas para enfrentar situações de perigo e catástrofe, independentemente da 25

sua natureza. Qualquer nação ou sistema, por mais bem estruturado, organizado, equipado e treinado que seja na sua componente de assistência e socorro e de proteção à população, defronta-se sempre com dificuldades e desafios acrescidos para responder aos efeitos dos acidentes e catástrofes”, indicou o dirigente e autarca. Consciente desta realidade e das limitações existentes a nível de infraestruturas e equipamentos, a direção da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Portimão lançou um importante desafio ao ALGARVE INFORMATIVO #329


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Álvaro Bila, presidente da direção da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Portimão executivo municipal liderado por Isilda Gomes que assenta, por um lado, no desenvolvimento e implementação de um modelo integrado de organização, planeamento e execução de todos os intervenientes nas operações e, por outro, na criação de infraestruturas de suporte e resposta e de equipas operacionais nas diferentes áreas de atuação do Corpo de Bombeiros de Portimão. “Com o inexcedível apoio

do Município de Portimão e com recursos aos programas de financiamento comunitário, foi possível realizar importantes investimentos na requalificação do nosso quartel, permitindo acolher, desde 2015, o Centro Municipal de Proteção Civil, de Operações e Socorro. Simultaneamente, foram 27

criadas duas Equipas de Intervenção Permanente, devidamente equipadas e treinadas, que diariamente asseguram uma pronta resposta à população, residentes e turistas, num modelo que se tem revelado um sucesso”, destacou Álvaro Bila. Seguiu-se no uso da palavra o Comandante Operacional Distrital Richard Marques, que de imediato sublinhou que “a causa dos

bombeiros tem beneficiado muito com a dedicação desinteressada do Álvaro Bila em prol do que de melhor se pode desejar para este setor”, acrescentando que Portimão tem o único executivo municipal do país ALGARVE INFORMATIVO #329


com o Crachá de Ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses. “No final

desta jornada não posso deixar de enaltecer esta equipa que todos os dias trabalha para que o Algarve seja um destino turístico apetecível, não só pelas atrações que tão bem conhecemos, mas porque é seguro e constrói a resiliência que qualquer cidadão procura no local que escolhe para viver ou passar férias”, indicou o antigo Comandante do Corpo de Bombeiros de Portimão. “Acabados de

sair de uma pandemia inimaginável, também a imaginação não antevia uma guerra na Europa. A verdade é que a sociedade exige estruturas de ALGARVE INFORMATIVO #329

resposta de mitigação e recuperação cada vez mais fortes e sustentadas e o patamar municipal é o que está mais próximo das pessoas, é aquele que todos os dias marca a diferença na vida do cidadão e que, nos momentos mais exigentes, se afirma como a única esperança de sobrevivência”, afirmou, recordando tudo o que foi feito para combater a pandemia covid-19.

“Perante um evento que afetou transversalmente todos os municípios e que normalmente se entreajudam, emerge a verdadeira essência do princípio da subsidiariedade que assiste à proteção civil e em que a capacitação do patamar local marcou a diferença. Obrigado 28


presidente Isilda Gomes por capacitar”, agradeceu o Comandante

para os resultados alcançados. Mantenha-se firme nessa missão”,

Richard Marques.

apelou, em final de intervenção.

O Comandante Operacional Distrital revelou ainda que Portimão foi selecionado para representar o Algarve no objetivo operacional de publicar um guia de boas-práticas e lições aprendidas à escala municipal com a pandemia covid-19, coordenado pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.

“A determinação da presidente da Câmara Municipal de Portimão em salvaguardar os seus munícipes, sem esquecer todos aqueles que passam por Portimão, e a disponibilidade permanente para nos ajudar a cumprir a nossa missão, têm sido fundamentais

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“PORTIMÃO É UMA SOCIEDADE SOLIDÁRIA” Porque a proteção civil somos todos nós, esteve igualmente presente nas comemorações do Dia Internacional da Proteção Civil em Portimão o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, José Apolinário, que começou por destacar a importância da proximidade e da subsidiariedade, da valorização do poder local e de estruturas capacitadas, da interligação municipal. “Em

Portimão, porque as competências da educação já estavam

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José Apolinário, presidente da CCDR Algarve

descentralizadas, encerrou-se a primeira escola do país em plena pandemia. A presidente de Câmara Isilda Gomes assumiu essa posição inclusive contra alguns membros do Governo. Em Portimão, quando em determinado momento se equacionou se podia haver apoios às empresas em dificuldades, constatamos que a lei não permitia que as autarquias o fizessem, porque estas tinham uma atividade económica de rentabilidade. Foi necessário fazer um lobby para se introduzir alterações à lei que possibilitassem esses planos de solidariedade”, lembrou o presidente da CCDR Algarve.

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José Apolinário indicou ainda que, de acordo com um relatório do Tribunal de Contas, Portimão foi uma das 10 autarquias portuguesas que mais verbas alocou no apoio ao combate à covid-19, estando igualmente Albufeira incluída nesse leque. “O lema do Tribunal de

Contas é ajudar o Estado a governar melhor os dinheiros públicos e aqui está um bom exemplo do que é feito em Portugal”, enalteceu, acreditando que o próximo pacote de fundos europeus possa reforçar a componente de prevenção em relação aos riscos, catástrofes e tsunamis. “Esta guerra

acontece num ponto nevrálgico onde, há 80 anos, morreram milhões de pessoas. É uma guerra 30


Comandante Richard Marques, Comandante Operacional Distrital da Proteção Civil

que nos afeta muito, porque a comunidade ucraniana está bem inserida na sociedade portuguesa e espero que haja capacidade de ultrapassar este momento difícil”, finalizou, antes de passar a palavra a Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão, para quem “a

segurança tem que ser um valor assumido por todos nós”. “Espero

que o Portugal 2030 tenha capacidade para apoiar as nossas associações humanitárias e os nossos bombeiros voluntários, mas também os profissionais, porque, hoje em dia, praticamente já não existem 31

associações humanitárias puras. Isto implica encargos para as autarquias que devem ser tidos em consideração pelo Mecanismo Internacional de Proteção Civil. E, ao longo destes dois últimos anos, tivemos em Portimão capacidade de resiliência e de resistência, de conseguir dar resposta às questões mais difíceis, porque nunca sabíamos o que ia acontecer no dia seguinte. Era uma autêntica vertigem”, conta Isilda Gomes.

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Luís Mestre, Coordenador Municipal de Proteção Civil

A pandemia foi “dos momentos

Primeiro-Ministro mandava encerrar as escolas todas”, lembrou,

mais difíceis por que alguém pode passar”, mas, na opinião da edil

defendendo, logo de seguida, que os portimonenses “devem ter orgulho

portimonense, trouxe também alguns ensinamentos para o futuro, nomeadamente a importância de se estar preparado para quaisquer eventualidades e de se trabalhar em rede. “Esta rede

nos homens e nas mulheres que envergam estas fardas, são operacionais de corpo inteiro e, se for preciso estão aqui 365 dias por ano, 24 horas por dia”. “Lamentamos não ter sido possível salvar toda a gente, mas posso garantir que houve, da parte de todos os profissionais, o maior empenhamento para que toda a gente se salvasse. Fui testemunha dos milagres que se fizeram no hospital de campanha instalado no Portimão Arena. Apoiamos os doentes e as suas famílias.

fantástica que existe em Portimão é de malha muito apertada e foi ela que conseguiu sustentar a resposta às situações complicadas que vivemos. Tomar a decisão de fechar duas escolas não foi fácil quando ainda estava tudo aberto e houve um membro do Governo que foi contra essa medida. A verdade é que, dois dias depois, o ALGARVE INFORMATIVO #329

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Comandante Carlos Jaime, vice-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses

Portimão é uma sociedade solidária, não há ninguém a quem tenhamos pedido ajuda que não tenha dado uma resposta positiva”, enalteceu Isilda Gomes. A presidente do Município de Portimão deu ainda os parabéns à Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Portimão por ter rentabilizado todos os fundos camarários que ali têm sido aplicados no passado recente. “Sei que,

quando me pedem alguma coisa, é porque é precisa e se justifica. Esperamos continuar todos a trabalhar nesta rede de malha apertada, que estejamos todos a remar para o mesmo lado, sobretudo que saibamos honrar, dignificar e agradecer o trabalho que é feito nesta casa. Temos que 33

estar gratos a esta gente”, reforçou Isilda Gomes, prosseguindo: “É extremamente importante que, a nível da Europa, se discutam as experiências e as necessidades, mas também a liberdade que se está a perder em alguns pontos da Europa. Portimão está disponível para tudo o que for necessário. Esperemos que a paz venha a ser uma realidade e que aquele senhor que está sentado num trono dourado seja iluminado por alguém e que pare com esta autêntica barbárie. Sejamos todos solidários com quem sofre. Uma sociedade mais justa e mais igual para todos, em que todos se sintam melhor, tem que ser este o nosso objetivo do dia-a-dia”, concluiu . ALGARVE INFORMATIVO #329


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LOULÉ FOI CAPITAL DO FUTSAL DURANTE QUATRO DIAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Diogo Pinto/FPF

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oulé recebeu, de 24 a 27 de fevereiro, mais uma edição da Taça da Liga de Futsal Placard, com as melhoras equipas portuguesas da atualidade a fazerem vibrar o público que se deslocou ao Pavilhão Municipal Professor Joaquim Vairinhos. Na final masculina, o Sporting venceu o Benfica por 5-2 e conquistou, deste modo, o troféu pela quarta vez na sua história. As águias começaram melhor a partida e criaram diversas oportunidades, mas a expulsão de Rocha aos sete minutos veio inverter a tendência do jogo e o Sporting marcou, por Merlim, o golo inaugural. A vantagem leonina aumentou ainda durante a primeira parte, novamente por Merlim. ALGARVE INFORMATIVO #329

Na segunda parte, o Benfica foi atrás do prejuízo, mas foi novamente o Sporting a marcar, por Pauleta. A resposta benfiquista aconteceu logo de seguida por Bruno Cintra e Chishkala e, com o relógio a funcionar a seu desfavor, teve que correr mais riscos. O Sporting aproveitou para ampliar a vantagem por duas vezes por Pany Varela. A vitória em Loulé tornou, assim, o Sporting na equipa com mais conquistas deste troféu no historial da competição. Benfica que também foi derrotado na vertente feminina, desta feita pelo GCR Nun'Álvares, por 2-1. A equipa de Fafe adiantou-se no marcador por intermédio de Liana Alves aos seis minutos da primeira parte e a sua organização defensiva poucas oportunidades proporcionou ao Benfica para bater a 38


guardiã e internacional portuguesa. De tal forma que foi mesmo o GCR Nun'Álvares a faturar outra vez na primeira parte, com Cátia Morgado a executar um excelente chapéu à guarda-redes das águias, Ana Catarina. A inspiração do Benfica não melhorou na segunda parte que, somente a dois segundos do apito final, conseguiu finalmente marcar, por Angélica Alves. O GCR Nun'Álvares conquistava, assim, a Taça da Liga de Futsal Feminino pela primeira vez na sua história e quebrando igualmente uma série invencível do SL Benfica que já durava desde 2018 .

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“É PRECISO HONRAR O PASSADO, DIGNIFICAR O PRESENTE E PROJETAR O FUTURO”, AFIRMA REINALDO TEIXEIRA, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE FUTEBOL DO ALGARVE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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as últimas semanas, o Algarve acolheu a 28.ª Algarve Cup de futebol feminino, vencida pela Suécia, e a 7.ª Taça da Liga de Futsal, com o triunfo a caber ao Sporting Clube de Portugal, atestando a apetência da região para acolher grandes competições destas modalidades. Futebol, futsal e ALGARVE INFORMATIVO #329

arbitragem que são os três focos da atuação da Associação de Futebol do Algarve, que completou, no dia 22 de janeiro, o seu 100.º aniversário. À frente da centenária entidade está Reinaldo Teixeira, num mandato que ficou logo marcado pelo surgimento da pandemia por covid-19, mas a verdade é que muitas das promessas feitas durante o período eleitoral já foram cumpridas, 52


tão reconhecido como deveria ser”, declara o empresário e dirigente, não esquecendo, claro, o importante papel desempenhado em toda esta matéria pelos Municípios do Algarve.

“Sem eles não há desporto na região e não estou a falar apenas em dinheiro, mas nas infraestruturas e nos meios humanos que disponibilizam para a prática desportiva. Neste momento difícil que ainda estamos a viver, a Federação Portuguesa de Futebol também ajudou os clubes a manter as dinâmicas que têm no terreno, porque, apesar da interrupção das competições, as estruturas não podiam desaparecer”. Tendo em conta a realidade vivida desde 2020, o balanço feito por Reinaldo Teixeira à frente da Associação de Futebol do Algarve é, por isso, positivo e permitiu aos órgãos sociais – Direção, Conselho de Arbitragem, Conselho de Disciplina, Conselho Fiscal e Conselho de Justiça – ter um melhor conhecimento do que se passa no terreno. “A direção

“sempre com o sentimento de que muito mais se pode ainda fazer”. “Esta caminhada tem sido mais fácil devido ao contributo dos clubes e aos seus incansáveis dirigentes, foram exímios na sua dedicação às causas, aos atletas e à comunidade. É um trabalho coletivo cujo impacto social não é 53

reúne-se quinzenalmente desde que iniciamos esta nossa caminhada e todos os membros têm sido também incansáveis. E tínhamos previstas reuniões em todos os concelhos do Algarve com os clubes e as câmaras municipais por ocasião do centenário da Associação de Futebol do Algarve, mas tal não foi possível devido à ALGARVE INFORMATIVO #329


pandemia. Realizamos, ao invés disso, tertúlias para homenagearmos todos aqueles que se distinguiram no futebol, no futsal, no dirigismo e na arbitragem. É preciso honrar o passado, dignificar o presente e projetar o futuro e se estamos, hoje, nesta casa, é porque houve antecessores que a construíram e que percorreram um caminho árduo e difícil para aqui chegarem”, enaltece o entrevistado. Dois anos de pandemia em que o futebol e o futsal sofreram bastante, tanto as vertentes amadoras e de formação como as profissionais, com interrupção das competições e ausência de público nas bancadas, mas Reinaldo Teixeira observa, com satisfação, que as coisas estão gradualmente a regressar à normalidade. “A Associação de

Futebol do Algarve vive das receitas das inscrições e pouco mais; os clubes vivem dos apoios financeiros das autarquias e dos seus patrocinadores, a bilhética é residual, não tem grande expressão, a que se somam as quotizações dos atletas e sócios. Nós, por exemplo, restituímos os montantes que já tínhamos recebido dos clubes quando as provas foram interrompidas e a estrutura manteve-se. Foi necessário um grande esforço de todos os envolvidos, Federação incluída, a que se juntou a ALGARVE INFORMATIVO #329

criatividade e a boa-vontade de querer ajudar, para que a situação fosse ultrapassada. E, em fevereiro, quase que atingimos o número de praticantes que tínhamos antes da pandemia”, salienta, voltando a realçar o empenho e dedicação dos clubes e seus dirigentes.

“Há um trabalho feito no terreno que está a conseguir atrair os 54


atletas, seja aqueles que pararam com o aparecimento da pandemia, seja outros novos. O bichinho da relva e do convívio entre os jovens é bastante importante, e está-se a verificar um retorno às modalidades. Claro que temos que olhar para o número de habitantes da região e as suas classes etárias, 55

mas ainda temos muito potencial para crescer em termos de praticantes”. Reinaldo Teixeira distingue, porém, as competições distritais de futebol e futsal –masculino e feminino – da vertente de lazer, sendo que a Associação de Futebol do Algarve também está a tentar atrair para o seu seio todos os desportistas que ALGARVE INFORMATIVO #329


são funcionários de entidades e empresas da região. “Há margem para crescer

na competição, desde os praticantes petizes até aos veteranos, e há margem para crescer muito na parte feminina, seja no futebol, no futsal ou no futebol de praia, uma modalidade que deverá ter um maior peso naquele que é, precisamente, um dos principais destinos de praia do mundo”, entende o dirigente, defendendo, contudo, que não se deve pensar no futebol apenas como uma competição. “Não nos podemos

esquecer da importância que é trabalhar os meninos e as meninas, os mais jovens, para que pratiquem desporto, para que ALGARVE INFORMATIVO #329

convivam uns com os outros, para que tenham espírito de equipa, para os desviar de coisas que nada beneficiam os seus futuros. Quando somos adultos e olhamos para trás, o que é que nos marcou? A escola, o convívio com os colegas dos desportos que praticamos, a tropa, a faculdade e o trabalho. A formação e a qualidade de vida de um cidadão que pratica desporto são bem diferentes de quem não o faz”.

APROXIMAÇÃO DO DESPORTO ÀS ESCOLAS E DAS ESCOLAS AO DESPORTO É ESSENCIAL Nota-se uma grande vontade dos clubes do Algarve em ter mais praticantes e 56


equipas, uma vontade partilhada pelas próprias autarquias, mas nem sempre existem condições para tal, sobretudo no que toca a infraestruturas desportivas, com Reinaldo Teixeira a desejar que o Plano de Recuperação e Resiliência ajude a apoiar mais o desporto. “Se eu

praticar desporto tenho mais saúde e, para além do aumento da qualidade de vida, também estou a poupar dinheiro ao Serviço Nacional de Saúde, portanto, temos que olhar para isto como um investimento para o futuro”, aponta. O presidente da Associação de Futebol do Algarve reconhece, igualmente, que os desafios que se colocam aos dirigentes desportivos do século XXI não são os mesmos que enfrentaram os seus antecessores e nem sempre o amor à camisola é suficiente. Do mesmo modo, há que cativar mais treinadores e árbitros, duas profissões que, como bem sabemos, são alvo de fortes críticas quando os resultados desportivos não são os melhores. “Temos feito formação

para dirigentes em vários níveis, nomeadamente no que diz respeito às ferramentas e métodos de gestão, e a Federação Portuguesa de Futebol tem o programa «Crescer 2024» para ajudar as associações e os clubes nesta matéria. Temos realizado igualmente diversos cursos de formação de treinadores e mais estão na forja, o mesmo sucedendo em relação aos 57

árbitros”, garante o entrevistando, recordando, por exemplo, um projeto pioneiro da AFA que já foi replicado no resto do país. “Estabelecemos um

protocolo com um agrupamento de escolas do concelho de Faro para que as turmas de desporto do secundário tivessem um módulo de arbitragem, que teve uma grande adesão da parte dos meninos e meninas, e agora queremos ampliar isso ao resto do Algarve. A aproximação do desporto às escolas e das escolas ao desporto é essencial. Aliás, no que toca às seleções, mesmo que o atleta tenha qualidade técnica e capacidade para representar a Associação de Futebol do Algarve, ele não é convidado se não tiver um desempenho escolar adequado”, salienta o entrevistado. Reinaldo Teixeira lembra ainda que em praticamente todas as associações de futebol de Portugal não existem árbitros suficientes para o número de jogos que se disputam, o que leva a que muitas partidas dos escalões de formação não tenham estes elementos no campo. E reconhece também que é necessária uma mudança de mentalidade quando se olha para os árbitros, que frequentemente estão envolvidos em polémicas que nada tornam a profissão apelativa. “Hoje, os

árbitros dos escalões profissionais já têm condições financeiras razoáveis, mas, no início, andam mesmo pela carolice, por ALGARVE INFORMATIVO #329


gostarem do desporto. O mesmo acontece com os treinadores, muitos das camadas jovens não ganham nada e alguns dos seniores também pouco recebem de ordenado. Agora, esta cultura desportiva em torno da arbitragem tem que melhorar imenso”, desabafa. “O elemento que menos falha dentro do campo é o árbitro, qualquer jogador erra bastante mais entre passes, desarmes e remates. A diferença é que, quando um jogador falha, tentamos incentivá-lo a melhorar, não queremos que ele desanime com aquele erro. Em relação ao árbitro, ainda persiste a ideia de que tudo o que falha é com tendência, com intenção. A verdade é que, atualmente, com todos os critérios rigorosos que existem, os árbitros profissionais são os primeiros a não querer falhar”, indica o presidente da Associação de Futebol do Algarve. Os erros não são assim tantos, e tão graves, como se apregoa, sustenta Reinaldo Teixeira, para quem “o exemplo tem que vir de cima”.

“Quanto melhor for a imagem nos profissionais, maior é o incentivo para os ditos amadores, e é essa mensagem que temos que passar, nas escolas e nas nossas casas. E o excesso de clubite também não ajuda nada”, frisa. “Há jogadores ALGARVE INFORMATIVO #329

bons e menos bons na equipa A e na equipa B, temos que saber puxar pelo nosso clube e devemos respeitar os nossos adversários nas vitórias e nas derrotas. No Algarve, sendo uma região turística e sendo o turismo a «indústria da paz», devemos mostrar que as nossas 58


equipas são bastante combativas e competitivas dentro das quatro linhas, mas, acima de tudo, sabem acolher os seus oponentes e respeitar o espaço de cada um. Sentimos que os dirigentes, treinadores e atletas dos clubes algarvios se preocupam em ter 59

este tipo de comportamento: serem muito lutadores, mas com civismo e fair-play”. Olhando precisamente para a vertente competitiva, o Algarve tem somente o Portimonense na divisão principal do futebol profissional, com Reinaldo Teixeira a acreditar que a região podia ter ALGARVE INFORMATIVO #329


duas ou três equipas na primeira liga, uma ou duas na segunda liga e três ou quatro na terceira liga. No futsal, também o Portimonense está sozinho no principal escalão, mas o presidente da Associação de Futebol do Algarve não esquece os bons resultados que se alcançam na formação. “Queremos ter

mais? Sim. Podemos ter mais? Sim. Como é que se consegue lá chegar? Com uma boa base, uma boa formação. Disputam-se várias competições nacionais e internacionais no Algarve, muitas equipas profissionais fazem os seus estágios na região, podemos beneficiar com esse conhecimento. E este cenário ajuda igualmente a atrair mais investimento para o desporto”, analisa o dirigente. Em todo este processo a Associação de Futebol do Algarve quer ser um agente facilitador e dar um contributo para o desenvolvimento económico da região. “Não queremos ter uma associação com os cofres bem recheados e os clubes a passar por dificuldades. O nosso desejo, vontade e compromisso é arranjar receitas para assim minimizar os custos dos clubes com a associação”, diz Reinaldo Teixeira, e projetos não faltam, acrescenta. “Temos uma nova

imagem e um novo sítio na internet, com acesso a todas as competições nacionais e às principais ligas internacionais, para aproximar os clubes da associação e, ao mesmo tempo, levar a informação do Algarve a ALGARVE INFORMATIVO #329

qualquer parte do mundo. Também já apresentámos e aprovámos o projeto da remodelação e modernização da sede da Associação de Futebol do Algarve; gostaríamos de criar, aqui ao lado, um centro de medicina desportiva para apoiar os clubes; e de construir, na região, uma academia para os clubes e seleções do Algarve e para atrair estágios desportivos de clubes e seleções internacionais”, revela. “Há muitos desafios pela frente, haja saúde para irmos desenvolvendo e colocando em prática os nossos projetos, com estes órgãos sociais incansáveis, com gente nos clubes sempre com vontade de fazer mais e melhor. Assim como hoje temos orgulho no que foi feito nesta casa ao longo dos últimos 100 anos, quanto mais fizermos agora, melhor ficará a associação para os vindouros e, quando formos mais velhinhos, também sentiremos orgulho no contributo que demos. E a Associação de Futebol do Algarve quer que o futebol, o futsal e a arbitragem, masculino e feminino, cresçam, assim como todas as outras modalidades, e queremos estar envolvidos em todas as boas práticas que aconteçam no Algarve” .

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«HAMLET» DA COMPANHIA DE TEATRO DE BRAGA REFLETE SOBRE A VIDA E A MORTE NA ATUALIDADE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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ma das peças mais famosas de todos os tempos, «Hamlet», de William Shakespeare, foi a cena no Teatro Lethes, em Faro, no dia 26 de fevereiro, numa impactante e irreverente interpretação da Companhia de Teatro de Braga.

sobre a perceção da realidade moderna, logo, sobre fronteiras. A peça é sobre a possibilidade de olhar essa realidade a partir de dois polos dessa perceção: primeiro, que o mundo é virtual, depois, que o mundo é real”, refere

A tragédia reconta a história de como Hamlet, príncipe da Dinamarca, tenta vingar a morte de seu pai, Hamlet, o rei, que foi assassinado pelo irmão Cláudio, que de seguida assumiu o trono ao casarse com a rainha. A peça retrata um percurso de vida entre a loucura real e a loucura fingida, do sofrimento opressivo à raiva fervorosa, explorando temas como a traição, vingança, incesto, corrupção e m oralidade. “Esta é uma performance

A peça «Hamlet» é um confronto desses dois oponentes e o processo de interação entre eles, tendo sido protagonizada por André Laires, Carlos Feio, Eduarda Filipa, Rogério Boane e Solange Sá. “Dois homens, duas

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Alexej Schipenko, responsável pela adaptação, encenação e dramaturgia.

mulheres. Hamlet e Ofélia entendem o mundo como virtual. A mãe de Hamlet e o padrasto de Hamlet entendem o mundo como 66


real. Após a colisão dessas duas formas de perceção representantes da compreensão virtual do mundo, morrem fisicamente (Hamlet, Ofélia), e representantes da compreensão real (Mãe e Padrasto de Hamlet) permanecem vivos. Eles sobrevivem aos seus próprios filhos. Este foi o ponto de partida para o espetáculo que, entretanto, evoluiu”, acrescenta Alexej Schipenko .

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CINETEATRO LOULETANO ASSISTIU A UM CARROSSEL DE EMOÇÕES EM «UMA PEÇA FELIZ E DIRETA SOBRE A TRISTEZA» Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Cineteatro Louletano, em Loulé, foi palco, no dia 26 de fevereiro, de «Uma Peça Feliz e Direta Sobre a Tristeza», um trabalho para dois atores (Jaime Mears e Pacas) e um frigorífico, sobre um dos segredos mais bem guardados do século XXI: a depressão. “Cada um de

nós já esteve (ou conhece alguém que já esteve) dentro desse frigorífico. Um homem e uma mulher apaixonados recebem-nos na sua casa, onde vários opostos convivem: o homem e a mulher, o afro e o nórdico, a alegria e a tristeza, o corpo e a máquina”, descreve a encenadora Joana Pupo.

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Inspirados no livro «A Rainha do Norte» (de Joana Estrela) e na Lenda das Amendoeiras em Flor, Jaime Mears e Joana Pupo procuram falar sobre isolamento e desadaptação, numa peça que reconhece que ser sempre feliz e feliz para sempre é muito difícil.

“Priorizando o humor e a surpresa na vida, apontamos uma via em que a tristeza pode ser partilhada, investigada, e em que, nesse processo, podemos ficar mais fortes e a conhecer-nos melhor”, reforça Joana Pupo. «Uma Peça Feliz e Direta Sobre a Tristeza» tem ideia, proposta e dramaturgia de Jaime Mears e Joana Pupo, com encenação de Joana Pupo e cocriação e interpretação a cargo de Jaime Mears e Pacas . 88


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JOVENS ALUNOS DO CAMADA CENTRO COREOGRÁFICO INTERPRETARAM «CARNAVAL DOS ANIMAIS» DE SAINT-SAËNS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Auditório Pedro Ruivo, em Faro, recebeu, no dia 26 de fevereiro, «Carnaval dos Animais», um espetáculo que celebrou o Carnaval e deu corpo a toda a biodiversidade presente na obra musical de Saint-Saëns, para além de comemorar ALGARVE INFORMATIVO #329

o centenário da morte do compositor. A célebre suíte de 14 andamentos foi apresentada pela primeira vez a 9 de março de 1886, terça-feira de Carnaval, em Paris, e foi agora reinterpretada pelos alunos e professores da «Camada Formação», numa coreografia desenhada por Carolina Cantinho, Margarida Cantinho e Maria Dias .

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YUCA DELICIOU PÚBLICO DO «CHOQUE FRONTAL AO VIVO» Texto: Daniel Pina | Fotografia: Vera Lisa

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Grande Auditório do TEMPO – Teatro Municipal de Portimão voltou a ser palco, no dia 17 de fevereiro, do «Choque Frontal ao Vivo», que serviu igualmente para assinalar o quinto aniversário de exibição do programa dinamizado por Ricardo Coelho e Júlio Ferreira na Rádio Alvor. A convidada foi, desta feita, Yuca (Marta Vásquez), que deixou encantada a plateia com o seu Soul e R&B. ALGARVE INFORMATIVO #329

Acompanhada pelos «The Groove Valley», a cantora apresentou os singles que tem vindo a lançar no passado recente, mas também algumas canções inéditas, numa noite que viu esgotar os bilhetes em apenas cinco horas, assim demonstrando o papel importante que o «Choque Frontal ao Vivo» tem desempenhado na divulgação dos artistas regionais. E o próximo concerto acontece já no dia 17 de março, com os «The Mirandas», mais uma vez com entrada livre, sujeita a reserva prévia dos bilhetes. 126


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Quadragésima sexta tabuinha: Poeticamente Ana Isabel Soares (Professora universitária) s poetas vivem como centelhas da poesia. Ou: a poesia consubstancia-se na revelação da sua própria voz – e a sua própria voz é manifestada através dos poetas. Assim como um pensamento humano não se pode dizer que exista senão enquanto manifestação (num verbo, num gesto), o verso verbalizado é a possibilidade poética. Sobre essa possibilidade, enquanto condição errónea, escreveu Ralph Waldo Emerson, num ensaio com o título «O Poeta»: “É que a poesia foi toda escrita antes de haver o tempo, e, quando acontece estarmos tão finamente dispostos que conseguimos penetrar nessa região onde o ar é música, ouvimos esses balbuciares primevos e tentamos fixá-los na por escrito, mas perdemos aqui e ali uma palavra, um verso, e substituímo-los com qualquer coisa nossa, assim mal-escrevendo o poema”*. Nesta ideia muito romântica de poesia, os versos dos poetas oferecem como que frestas de incidência que dão para esse plano «onde o ar é música»; que permitem a quem conheça os versos imaginar-se fora do mundo que, ruidoso e cheio de lodo, vai corrompendo a estrada humana.

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Quando Christian Bobin escreve Le Plâtrier Siffleur («o estucador que assobia»?), começa por invocar Ernst Jünger, um destes clarividentes seres que verbalizaram o mundo para além do que ele se mostrava em cru, mas é de outro, de Friedrich Hölderlin, que vai repetindo um verso, “habitar poeticamente o mundo”. O poeta alemão escreveu numa das composições que não escandiu em verso: “Voll Verdienst, doch dichtersich, wohnet der Mensh auf dieser Erde.” Muito literalmente, a frase diz** que a pessoa habita esta terra como alguém que é merecedor absoluto. É entre vírgulas, parenteticamente, com uma adversativa a embalá-lo, que aparece o advérbio de modo: a pessoa habita com mérito, mas poeticamente, apesar de poeticamente. Como se poeticamente fosse condição independente da vontade ou do esforço humano (porque, Hölderlin deixa-o claro na frase a seguir, “der Mensch ... heisst ein Bild der Gottheit”, a pessoa é uma imagem da divindade). É um feixe elétrico que se faz de emersons, de jüngers e bobins, de hölderlins e outros poetas que veem no mundo para além do que o mundo mostra a quem quer que nele passe mais debruçado sobre si, sobre o volante de um automóvel, a tela de um telemóvel em 132


Foto: Vasco Célio

busca da notícia que explique uma guerra ou da mensagem com o número da sorte. É um feixe que conflui para uma urgência de salvação. Jünger (lido por Bobin) viu a beleza que falta ao ser humano na gruta de um pastor sardo que guardava o fogo, um punhado de favas e outro de sal (e fixou-o num dos relatos que escreveu das viagens à Sardenha, entre 1954 e 56); Bobin vê no relato jüngeriano o símbolo da tríade que nos conduzirá ao futuro: frugalidade, simplicidade e beleza. São dois homens necessitados do bem, pois passaram pelo terror das guerras (Jünger combateu em duas, perdeu o filho na segunda; Bobin escreve hoje – Le Plâtrier Siffleur é de 2018). Bobin, mais do que Jünger apela, escreve em tom de repto: “Habitar poeticamente seria talvez, antes de mais, olhar em paz, sem intenção de agarrar, sem mesmo procurar uma consolação, sem nada procurar”*** – subentende que está ao alcance humano esse modo de habitar (hipótese que não recordo em Jünger senão a partir de uma leitura simbólica, ou seja, que estará mais 133

em quem o lê do que nas palavras daquele que escreve). Aqueles que os inspiram, vozes anteriores como as de Emerson (1803-1882) e Hölderlin (1770-1843) reconhecem a condição humana como agrilhoada ao mundo dos deuses, que apenas vislumbra em momentos fugazes, poéticos (Emerson), ou quando sobre si mesma – porque é “imagem da divindade” (Hölderlin) se reflete .

*“For poetry was all written before time was, and whenever we are so finely organized that we can penetrate into that region where the air is music, we hear those primal warblings, and attempt to write them down, but we lose ever and anon a word, or a verse, and substitute something of our own, and thus miswrite the poem”. (https://emersoncentral.com/ebook/The Poet.pdf)

** Traduzida por Maria Teresa Dias Furtado, a frase está fixada na edição da Assírio & Alvim dos Hinos Tardios (2000) como “Cheio de mérito, mas poeticamente, vive o homem sobre esta Terra”. (p. 209) *** “Habiter poétiquement, ce serait peut-être d’abord regarder em paix, sans intention de prendre, sans chercher même une consolation, sans rien chercher”. Edição italiana bilingue, abitare poeticamente il mondo – le plâtrier siffleur, animamundi, 2019 (p. 34). ALGARVE INFORMATIVO #329


Pessoas, espaços e lugares - Faro 2027 Alexandra Rodrigues Gonçalves (Diretora da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da UAlg

É

sobre pessoas, espaços e lugares que hoje vos vou falar. A mensagem deste mês é curta e simples. É repetida de outros fóruns, porque, por vezes, é preciso insistir nas mensagens, por todos nós.

Este Sul Ocidental iniciou uma nova viagem global. É sobre esta nova viagem que fala a candidatura de Faro2027. A cultura é a essência de qualquer território. E na cultura temos que considerar todas as dimensões da nossa vida. Os problemas que a região hoje vive resultantes do seu modelo de desenvolvimento e de um crescimento demasiado dependente do Turismo são comuns a toda a Bacia do Mediterrâneo, e por isso, são um problema do Sul da Europa. Tantos outros já o disseram, mas cito-me: “a litoralização da região trouxe um ordenamento com vista para o mar com um efeito urbanístico perverso, mas comum a todo o Mar Mediterrâneo – crescimento em altura do edificado, aumento da especulação imobiliária na faixa litoral, deterioração e abandono das características da construção de caracter endógeno, aculturação pela introdução

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de padrões de estética dos outros, densificação dos aglomerados urbanos na zona costeira e despovoamento do interior, abandono das atividades primárias, terciarização da economia, entre outros impactos menos positivos” * (Gonçalves, 2022:95-6). Esta não é uma questão dos políticos ou só de Faro. Mais do que um cais de partida e de chegada, Faro e o Algarve necessitam de uma capitalidade cultural que permaneça para além de 2027 e que contagie todo o território num processo de transformação que é urgente e para o qual tem havido alguma dificuldade de concretização. Este sudoeste europeu necessita ser um melhor lugar para viver. Um lugar onde: não exista um dos mais elevados índices de pobreza infantil; as famílias consigam arrendar uma habitação condigna e viver dos rendimentos do seu trabalho; tenham emprego condignamente remunerado o ano inteiro; exista uma oferta de serviços adequada às necessidades dos que possuam alguma incapacidade; a água seja um bem ao alcance de todos; as preocupações ambientais e as alterações climáticas estejam ao centro das políticas públicas e 134


privadas; a inovação resulta dos recursos locais e de práticas sustentáveis da sua utilização, entre outras coisas. Para além dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, recomenda-se que leiam a Declaração de Barcelona de 2018 – Melhores sítios para Viver, Melhores sítios para Visitar – ou a Convenção de Faro (2005) – sobre o valor do Património Cultural para a Sociedade. Não são assuntos dos outros, são matérias nossas onde temos responsabilidade de intervir. A cultura pode assumir outras funções e hoje mais do que processos de regeneração urbana, de novos equipamentos ou eventos efémeros, é necessário o envolvimento de cada pessoa, de cada um de vós. É poético, mas é real. 135

Faro não está sozinho; o Algarve, Portugal e a Europa, precisam desta renovação, desta metamorfose, e é esse o caminho que já se iniciou e que não pode parar. Este é o caminho para outro Algarve. P.S. Em face do momento internacional que se vive e sabendo do pouco valor desta palavras individuais de suporte moral ao povo Ucraniano, quero partilhar convosco que espero convictamente que a paz possa chegar rapidamente, para bem do Mundo! . * Gonçalves, A. (2022) “Um Mar Novo, um novo Algarve, um novo caminho”. Faro 2027, e agora?. Epopeia Books: Teatro Municipal de Faro/Município de Faro, 94-106.

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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #329

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