TRANSFORMANDO TRAÇOS EM OURO. por João Pedro “JP” Lima Lima Barreto dispensa apresentações. Para evitar repetir todos os elogios merecidos e consolidados já feitos a esse homem, me focarei na pessoa responsável por essa adaptação. Daniel Araujo desenha, produz vídeos, faz roteiros, é profissional em simpatia. E fez um trabalho incrível com essa adaptação. Usando da linguagem sequencial dos quadrinhos, Araujo consegue enfatizar os temas principais da história de Barreto. Há humor, tragédia, ganância, os preconceitos da época (que não mudaram tanto assim), e a cultura de fofocas e construção de boatos de uma cidade ribeirinha. Traduzir para outra forma narrativa um conto clássico não é tarefa fácil, mas nesse quadrinho a narrativa flui da página e provoca sorrisos de canto de boca, caretas de nojo e expressões de pesar. Não sei precisar se um anacrônico Lima Barreto vivo nos dias de hoje teria orgulho da adaptação, mas, na falta de tão excelsa figura, cometo a ousadia de dar minha opinião. O que você tem em mãos é uma ótima adaptação de um conto fantástico escrito por um grande autor e trazido para a linguagem da arte sequencial por outro profissional notável do desenho e da narrativa. Essa história talvez não ensine a transmutar substâncias exóticas em ouro, mas eu garanto que poderá enriquecer quem a ler de outras maneiras.
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