TESTE - LIVRO HUGO BORIN

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ADEUS, AMIGO



VICTOR HÉCRIN

ADEUS, AMIGO 1ª Edição

Florianópolis - SC Edição do Autor

2019


ADEUS, AMIGO Copyright © 2019 by Victor Hécrin Projeto Gráfico, Designer da Capa e Diagramação Peter de Andrade Guimarães (www.superdiagramador.com.br) Revisão Caroline Cabral Ferreira, Denize Gonzaga Santos e Anderson Hander Brito Xavier Catalogação na fonte elaborada por Camila Koerich Burin – CRB14/9649

H449a Hécrin, Victor Adeus, amigo / Victor Hécrin. – Florianópolis: Edição do Autor, 2019. 112 p. ISBN 978-65-900051-0-6 1. Literatura brasileira. I. Hécrin, Victor. II. Título. CDD B869 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por qualquer meio, sem autorização prévia e por escrito do autor.


Quem não vai atrás de seus sonhos, padece envolto a pesadelos. Victor Hécrin



SUMÁRIO

I – Privê ...................................................................................... 09 II – Morro dos Amores ............................................................... 13 III – Max´s Life .......................................................................... 16 IV – Sonhos ................................................................................ 19 V – Sorte no jogo ........................................................................ 22 VI – Diligências .......................................................................... 26 VII – Ir ou não Iris .................................................................... 29 VIII – Revelações ....................................................................... 32 IX – Ligação ................................................................................ 35 X – Padaria dos Sonhos ............................................................. 37 XI – Só mais cinco! .................................................................... 41 XII – Blefe .................................................................................. 46 XIII – Fuga ................................................................................ 50 XIV – Privê II – Fim de jogo ..................................................... 53 XV – O Grande Leão .................................................................. 57 XVI – Pista quente ..................................................................... 63 XVII – Oitivas ............................................................................ 70 XVIII – O matador de coelhos ................................................... 74 XIX – Que sacanagem? ............................................................. 78 XX – Oitivas II ........................................................................... 84 XXI – Novidades? ...................................................................... 95 XXII – Casa dos Sonhos .......................................................... 101 XXIII – Solenemente ................................................................ 108



I Privê

Apesar do conflito interior, seu verdadeiro eu estava convicto: iria até o fim. Já era quase meia-noite e acabara de chegar ao local que o jornal anunciava. Tratava-se de uma avenida estreita, repleta de prédios residenciais de no máximo seis andares. Estranhou. O que uma zona estava fazendo ali? Conferiu de novo o jornal, constatando que o endereço batia. Entrou no prédio. A porta da frente permanecia aberta e não havia porteiro. Novamente estranhou. Mesmo assim, subiu os pesados lances de escada, um por andar, até chegar ao destino almejado: número 201. Diferente dos demais, apenas o tapete vermelho escrito “Welcome” em letras pretas. Apertou a campainha. Não demorou muito e a porta foi aberta por um homem mulato, forte e que trajava um terno preto. Ele estava sentado em um banco alto, tipo de bar. Com uma leve música ao fundo, ouviu o segurança perguntar: — Já conhece a casa?

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— Não! — respondeu Cavarro, pensando que deveria existir alguma norma oculta para a contratação desses leões de chácara. Afinal, eram todos iguais. Diante da negativa, o sisudo segurança continuou: — São dez reais, com direito a uma cerveja... Ah, têm quatro meninas lá dentro. Cavarro reparou que entrara em um pequeno corredor de uns dois metros de comprimento por um de largura, construído com divisórias reforçadas de madeira compensada. Meio distraído, sacou dez reais de sua carteira e entregou o dinheiro ao segurança, que o guiou rapidamente até o fim do estreito corredor e abriu-lhe a porta. Ingressou e continuava em um corredor. Mais à frente, viu outra entrada por abrir. O segurança voltou para seu posto, fechando a porta da qual viera. Cavarro, no escuro, tateava para encontrar a maçaneta e sair da penumbra. Logo conseguiu e entrou em outro ambiente. Agora a música, que até então era coadjuvante, virou personagem principal. Apesar de mais baixo que em uma balada, o som, em estilo disco, estava presente. Cavarro deu uma rápida olhada no recinto. É o fim dos tempos! Uma zona em pleno prédio residencial. Por que me surpreende? Foda-se! A sala estava à meia-luz e era razoavelmente grande. Possuía uns sessenta metros quadrados. À sua direita, podia ver uma pequena bancada de bar com quatro banquetas à frente. Encostados a duas paredes estavam os sofás e, à frente deles, seis mesinhas redondas. No alto de uma das paredes, havia uma televisão grande transmitindo Flamengo e Vasco. Puta que pariu!, pensou consigo, como pude esquecer-me da final da Copa do Brasil? Por instantes ficou imóvel 10


tentando ver o placar do jogo, e a zona não o interessava mais. Sentou meio de lado em um dos bancos situados na frente do bar, de onde conseguia ver a partida, e pediu a cerveja a que tinha direito. Neste ínterim, uma moça que estava atrás da bancada lhe perguntou: — Skol ou Brahma? Antes de responder, verificou que o jogo estava terminando e que o Flamengo ganhava por um a zero. Não havendo mais ao que assistir, redirecionou sua atenção à boate, ou mais especificamente àquela encantadora jovem que acabara de lhe oferecer a cerveja. — Pode ser Brahma! — respondeu. Pensou em emendar, perguntando quanto ela cobrava pelo programa, mas ao realizar uma breve análise das duas mulheres, não muito atraentes, que conversavam com dois clientes no sofá, percebeu que a roupa e a beleza da jovem não condiziam com as das demais. Concluiu que ela provavelmente não era prostituta. Nem perderia seu tempo. — O segurança falou que tinha quatro meninas aqui. Só vi duas?! — Verdade! Uma está no quarto e a outra já está chegando — confirmou a garçonete, com uma voz suave e mostrando um singular sorriso ao final. Cavarro não resistiu: — Que pena! Com todo o respeito, estava torcendo para que você falasse que uma estava no quarto e a outra era você.

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A moça sorriu novamente. Cavarro não era nenhum galã de cinema, mas possuía, no alto de seu um metro e oitenta e cinco, e de seus oitenta e oito quilos bem distribuídos, certo charme. — Júlia. Meu nome é Júlia. Infelizmente não trabalho nisso, meu bem. Só sirvo bebidas e drinques. Daqui a pouco a outra menina chega. Ela é bem legal! — disse com um ar de profissionalismo. Percebendo que não conseguiria nada com a moça, pegou a cerveja e foi sentar-se em um dos sofás livres. Coincidentemente, começou a tocar Love Hurts1.

1. Música da banda de rock escocesa Nazareth cujo título traduzido para o Português é “O amor fere”.

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II Morro dos Amores

Quando Pimenta chegou ao local do crime, não gostou nada do que viu. Mas, no instante em que notou Jorjão nas imediações, logo compreendeu por que tudo estava uma bagunça. Sem perder tempo, falou para Pedro: — Providencia o isolamento do local, arrola as testemunhas e chama a perícia. Já sabes, tira esses policiais caramelos2 e todos os curiosos daqui. Eram quase seis horas da manhã, e o sol já estava nascendo. Situado no alto de um morro, em um bairro nobre em que só existiam casas chiques, o local não era muito movimentado e possuía difícil acesso. Ao término de uma pequena trilha de uns trinta metros e fechada pela vegetação, mais especificamente em uma clareira do tamanho aproximado de meia quadra de voleibol, e atrás de uma caixa d’água que abastece a região, cintilava o corpo nu de uma bela mulher.

2. Maneira carinhosa com que o delegado Pimenta chamava os policiais militares, já que a farda desta corporação era cáqui. 13


Não tardou muito para que Pedro voltasse e informasse ao delegado Pimenta que já havia providenciado a perícia. Pimenta percebeu que os quatro policiais militares já estavam saindo do local. Também viu que dois homens, provavelmente curiosos, se retiravam. Nesse meio tempo, o delegado Jorge, mais comumente chamado de Jorjão, veio conversar com ele: — Bom dia, Pimenta! Não preciso nem dizer que este caso é seu. Pimenta, tentando esconder seu repúdio por Jorge e com tom de respeito, disse: — Sem problemas. Quais são as informações preliminares? — Os militares disseram que um dos trabalhadores da prefeitura encontrou o corpo hoje cedo. A princípio, não há sinais de violência. Provavelmente overdose. Correndo os olhos pela mulher desnuda, com o corpo deitado de lado, Pimenta retrucou: — Os bicos dos seios dela estão cortados. — Verdade! — exclamou Jorge. — É, Pimenta, parece que você terá trabalho neste caso. Boa sorte! Até mais. E o delegado Jorge foi embora, tão rápido como as poucas palavras que proferiu. Pimenta não gostava muito dele. Achava-o desleixado demais. Jorjão estava para se aposentar, não assumia mais nenhum inquérito, trabalhava apenas cumprindo o horário e esperando que seus dez meses de serviço rumo à aposentadoria passassem voando. Encontrava-se no local, pois era morador da região, e, ao perceber a movimentação da polícia militar, foi verificar o que havia ocorrido.

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Logo os responsáveis pela perícia chegaram. Pimenta tratou de orientá-los. — Pessoal, caprichem! Tanto na cena do crime quanto no corpo de delito. Quero todos os detalhes possíveis. — Sempre caprichamos, doutor! Pode ficar tranquilo! — exclamou o perito. Pimenta ainda deu mais uma olhada cuidadosa no local e na vítima, sempre prezando para não contaminar a cena do crime. Ficou intrigado. Aparentemente, os únicos ferimentos situavam-se nos bicos dos seios. Antes que pudesse completar um pensamento que surgiu em sua mente, ouviu um dos peritos gritar: — Putz! É a mulher de Max Richeri! Agora Pimenta conseguiu arrematar seu pensamento: realmente Jorge tinha razão. Terei trabalho com este caso.

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III Max’s Life

Max Richeri era um empresário muito admirado na cidade. Vinha de família humilde e teve uma ascensão vertiginosa. Muitos o chamavam de “O Rei da Cal”, apelido concedido por ser expert no mercado imobiliário. Os mais invejosos atribuíam seu sucesso à sorte, uma vez que começou a construir sua fortuna por meio de vendas de lotes que supervalorizaram repentinamente. Max morava no Morro dos Amores, área nobre da cidade. Tinha quarenta anos e era casado com Mary, uma linda jovem de vinte e cinco. Naquela manhã, estava em casa lendo jornal quando se deparou com uma ligação telefônica: — Bom dia, seu Max! Aqui é o delegado Pimenta da Polícia Investigativa Criminal, P.I.S.C. Sei que é cedo e o senhor deve ser muito ocupado, mas seria possível dar um pulo aqui na delegacia? — Bom dia, delegado! — respondeu Max, com tom de espanto, mas sereno. — O que aconteceu? O senhor não é de me ligar! Hoje estou com a agenda meio cheia. Poderia adiantar o assunto?

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