JFD 075

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www.jornalfalandodedanca.com.br ISSN 2237-468X

ANO 7 - Nº 75 DEZEMBRO/2013

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Histórias de salão

Leonor Costa

Meu nome no seu caderninho

“Eu queria ter meu nome no seu caderninho”. Esse gracejo há muito tempo em desuso ainda deve estar na lembrança de muitos dançarinos que frequentaram bailes de debutantes e formatura até meados do século passado, mas alguns talvez não se lembrem que sua origem está ligada a um acessório muito popular nos bailes de outrora: a caderneta (ou caderninho ou carnê) de dança. No século 19 e início do século 20 damas e cavalheiros costumavam receber, à entrada de grandes bailes, um impresso com um pequeno lápis preso por cordão. Em forma de caderneta, ele continha, de um lado, a relação das músicas que a orquestra executaria; e, de outro, um espaço em branco, para anotar o nome do par da vez. Isso era necessário por dois motivos principais. Primeiro, a formalidade dos costumes da época, que obrigava o cavalheiro a obter a permissão do responsável pela dama (normalmente pai, avô ou um tio) para tirá-la para dançar. Segundo, a lei da oferta e da procura. Antigamente, as famílias “prendiam” mais suas moças solteiras, que ficavam em casa, à espera da proposta de casamento de um bom

partido, e nem todos os pais permitiam que elas fossem aos bailes. Em consequência, havia menos damas que cavalheiros e estes disputavam a vez de dançar e dessa forma iniciar um flerte. Nas fotos ao lado, vemos as páginas da caderneta do acervo da biblioteca do Jornal Falando de Dança, de um baile de 1919, pertencente a um cavalheiro que não teve muita sorte em preenchê-la completamente. E reparem que a programação musical não era tão extensa assim: o baile começava com o hino nacional, às 21h30, seguido de sessão solene e cinco sets de músicas, em que dominavam o tango (9 execuções), a valsa (3 execuções) e três danças americanas da moda (ragtime, one step e two step). Finalizando, a tradicional quadrilha francesa. Após o baile, era comum rapazes e moças mostrarem aos amigos a relação das músicas dançadas, como um troféu. E, melhor, a última página da caderneta, contendo alguma mensagem deixada pelo(a) eleito(a) da noite. _____________ Leonor Costa é editora do JFD

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16

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