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Molecagem Palhares Press

A PONTE HERCÍLIO LUZ E A LEI DA GRAVIDADE A velha ponte Hercílio Luz, principal cartão postal de Florianópolis (e de Santa Catarina), está há décadas cai-não-cai. Isso não é surpresa pra ninguém que tenha vivido na capital... nas últimas décadas. Desde que diagnosticaram uma fraqueza justamente no ponto que deveria ser mais firme e forte (o tal de olhal, que une os elos das correntes que seguram o vão central), que existe a possibilidade concreta e real de que, a qualquer momento, o monumento venha abaixo. Projetada em 1922, na época era a maior ponte pênsil de correntes do mundo. As correntes, que substituem os cabos de outras pontes semelhantes, têm pontos fracos nos olhais: a união entre um elo e outro. Se ocorrer uma corrosão ali, danou-se. Todo mundo que já passou alguma temporada à beira mar ou tem casa de praia, sabe que a maresia é poderosa. Exige manutenção constante, materiais próprios para resistir ao salitre e muita atenção. E uma ponte sobre um braço de água salgada, exposta aos ventos

nem sempre carinhosos do sul e do nordeste, precisaria ser tratada como, por exemplo, tratam a torre Eiffel. Se é que realmente querem que dure muito tempo.

A DESCONSTRUÇÃO Agora, a cidade e o estado assistem, perplexos, um debate de estarrecer: o consórcio que foi escolhido

para a grande obra, com medo de perder a boquinha, vem a público dizer que a ponte pode cair a qualquer momento. E o governo, por seus portavozes, dá a entender que a ponte não tem solução. Mais ou menos como se estivesse dizendo que, se em 30 anos vários governos não conseguiram fazer manutenção correta da ponte, não seria agora, com tudo meio carcomido, que iriam dar jeito. Os manezinhos mais paranóicos já estão chorando pelos cantos a ponte derrubada: “o governo vai derrubar a ponte, Colombo não tem compromisso com a ponte”. A ponte, que levou uns três anos e meio para ser construída, pode levar uns 40 anos sendo reformada. E provavelmente já consumiu várias vezes o valor gasto com sua construção. E engordado vários bolsos. Ou vocês acham que não? Os mais pragmáticos já pensam se não seria melhor, então, fazer uma nova, igualmente monumental, que nos desse uma nova imagem para o cartão postal, mas parasse de consumir dinheiro público.

O deputado Bolsonaro é um entusiasta dos governos militares, tem idéias fascistas sobre a organização social e defende seus pontos de vista utilizando o mandato e a imunidade que seus eleitores, que provavelmente acham que ele é o máximo, lhe outorgaram. Desde que foi eleito pela primeira vez, mostrou que era um direitão raivoso. Mas foi preciso que levasse suas idéias a um programa de TV (CQC, da rede Bandeirantes), para que o Brasil inteiro (não vamos exagerar, é só uma parte do país que liga pra essas coisas) começasse a rediscutir velhos temas: liberdade, tolerância, limites da liberdade, etc.

Assim como talvez Bolsonaro e sua turma gostariam de colocar os negros em guetos, internar homossexuais e entregar o poder para os militares, dos outros lados tem muita gente que defende a cassação do deputado, sua prisão ou qualquer outra medida que impeça que ele expresse suas idéias. Há intolerância, portanto, nos vários lados em que os seres humanos se colocam, quando pensam sobre a vida. E o Brasil, embora apareça diante do mundo como nação tolerante, sem racismo, sem muros internos é, cá entre nós, um lugar muito complicado. A discriminação corre solta e é tão difundida que nem nos damos

conta do ódio que nos rodeia. Tratamos diferente quem está bem vestido. Tratamos diferente quem tem outro sotaque. Tratamos diferente quem nos parece feio. E definitivamente desprezamos quem é pobre. Ou mais pobre que a gente. Mesmo que não sejamos ricos. Mesmo que nossos pais sejam ou tenham sido pobres. E é nesse ambiente que surge a discussão principal: a liberdade de expressão. Será que ela só vale quando o beneficiado tem as mesmas idéias que a gente? E quando não concordamos com as idéias, é legal suprimir a liberdade de expressá-las? Liberdade relativa? Tolerância de mão única?

A RECONSTRUÇÃO O governo LHS não foi muito diferente dos anteriores, no quesito “empurrar o problema da ponte HL com a barriga”. Mas inovou no quesito “bomba de efeito retardado”. Imaginou uma reforma da ponte que implicaria em trocar as correntes de sustentação. Para isso, é preciso construir uma espécie de ponte sob o vão central, que o apoie quando as correntes forem retiradas para substituição. Não é obra simples, nem barata, nem rápida. E foi iniciada, pelo que se depreende dos resmungos do governo Raimundo, sem que o estado disponha dos recursos para completá-la.


TAÍ UMA QUINTA-FEIRA GORDA! HOJE OS MÉDICOS NÃO ATENDEM PLANOS DE SAÚDE Os médicos estão em guerra com os tais convênios de assistência médica (tipo Unimed), pela forma como são tratados e pagos. Mas, como em toda briga de grande, sempre sobra pro pequeno. Eles escolheram justamente hoje, que é o Dia Mundial da Saúde, para fazer essa espécie de “greve de advertência”. Com isso, quem tinha consulta marcada pelo plano de saúde pra hoje, dançou. O caso é sério: os planos cobram uma banana da gente e dão uma banana pros prestadores de serviços. Isso cria uma situação ruim, onde o cliente, que paga muito e quer um serviço à altura, acaba sendo tratado como se tivesse culpa no cartório. O mais curioso é que o principal plano de saúde em Santa Catarina, quase monopólio, é uma cooperativa de médicos. Que teve eleições há poucos dias, com grande troca de farpas. Mas continuou a mesma turma de antes. Donde, talvez, o aumento da pressão.

O ROLO DO MERCADO PÚBLICO À medida em que se aproxima a data determinada pela Justiça para licitação dos boxes do Mercado Público de Florianópolis, a turma vai esperneando cada vez mais. Um dos esperneios foi uma ação popular na Justiça Federal, proposta pelo presidente da Associação dos Comerciantes Varejistas do Mercado (que atende pela sonora sigla de Acovemapuf). Deu em nada. Nesta terça a juiza Marjôrie (com circunflexo e tudo) extinguiu a ação sem julgamento, pelo simples fato de que a União não tem nada a ver com o caso. Nem se trata de defesa de patrimônio público, é defesa de interesses particulares, dos comerciantes que estão ocupando os boxes e não querem sair.

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ELEFANTE BRANCO DA ERA LHS VAI A DEBATE NA ALESC Na chegada a Canasvieiras, o visitante poderá ver, à direita, uma enorme estrutura inacabada (tá parada desde 2009). É um dos mais escandalosos elefantes brancos da megalomanoera do trio LHS, Gallina (secretário regional) e Dário (prefeito queridinho do LHS). Chama-se de “Arena Multiuso”, mas também é conhecida como “Ginásio dos Trapalhões”. Hoje, a partir das 14h, terá uma audiência pública no plenário da Assembléia Legislativa justamente para debater esse monstrengo comedor de dinheiro. Proposta pela deputada Ângela Albino (PCdoB), a audiência quer respostas para várias perguntas, do tipo destas aqui: Por que o governo federal suspendeu o repasse dos R$ 7,8 milhões previstos para a obra? Por que fizeram a arena a poucos metros de um dos trevos mais movimentados do Norte da Ilha? Por que tem só 1,5 mil vagas no estacionamento se tem capacidade para 5 mil pessoas?

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O CAOS DA SAÚDE PÚBLICA TAMBÉM TEM AUDIÊNCIA A manezada que fica injuriada com os maus tratos nos hospitais públicos costuma dizer que, quando os políticos (e os riquinhos) tiverem que ser atendidos pelo SUS, a coisa melhora. Eles acham que ninguém dá bola para a situação porque os bacanas não precisam ficar na fila, nem esperar meses pela consulta, nem têm que ficar na maca, no corredor. O deputado (e ex-prefeito de Itajaí) Volnei Morastoni (PT), à frente da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa, tá tentando levantar o tapete que esconde o tal “caos da saúde” na região da capital. Primeiro, fez uma série de visitas de surpresa. Hoje de manhã (a partir das 9h), promove uma audiência pública no Plenário da Alesc, para debater “A atenção básica em saúde nos municípios da Grande Florianópolis e os hospitais”. Entram na dança alguns dos principais hospitais públicos do estado, todos em grave crise: Regional, Infantil, Celso Ramos, Nereu Ramos e Florianópolis. Palhares Press

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SÓ SOBRARAM ELES! O outono é uma das melhores estações para usufruir o que Florianópolis tem de melhor. Clima ameno, dias ensolarados, pouco turista... A foto acima foi tirada ontem de manhã e mostra a praia de Jurerê num dia quente, com céu azul e mar iluminado. Vazia. Nos finais de semana ainda aparece mais gente. Mas dia de semana, mesmo com sol e calor, tem mais vendedor de roupa (chinesa?), do que gente aproveitando a paisagem. Uma pena. “DEIXEM-NOS EM PAZ” Na terça-feira, os comerciantes do mercado fizeram uma passeata até a prefeitura (que fica ali pertinho), com palavras de ordem do tipo “queremos trabalhar”. Depois, deram um abraço simbólico no mercado porque, claro, não querem nem pensar em entregar aquilo sem luta. Eles temem que, na licitação, percam os espaços para empresas grandes e melhor estruturadas.

HEREDITARIEDADE Por mais simpáticos que sejam os ocupantes dos boxes do mercado, o fato é que aquilo ali é um bem público, que não pode passar de pai pra filho como se fosse uma capitarina hereditária. As cidades estão cheias desses pequenos donatários vitalícios em praças, mercados e outros espaços. Chegam de mansinho e vão ficando, pro resto da vida.


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www.cityofmoorhead.com

Mudar a capital? Como assim?

esde que me entendo por gente ouço falar numa idéias recorrente: mudar a capital de Santa Catarina. É uma idéia tão antiga que levou à construção da ponte Hercílio Luz, na década de 20 do século passado, para acabar com o isolamento físico da ilha capital. A campanha recente tem, como diferença das anteriores, o discurso de que a mudança “será melhor para Florianópolis, que se livrará dos malas”. A criação de Brasília e a mudança da capital do Rio de Janeiro para o planalto central foi um evento único, engendrado e realizado numa conjuntura política e econômica que não se repetiu, mas deixou sequelas. Uma delas, talvez a principal, é a idéia de que é viável fazer novas cidades e lá instalar capitais. Sonham com isso tanto os corruptos gananciosos, quanto os bem intencionados. Outro exemplo que também pode influenciar essas idéias, é a criação do estado do Tocantins e a construção de Palmas, sua capital. Que teve, por falar nisso alguma participação catarinense que não cabe agora detalhar. No caso, a capital não existia. Desmembrado de Goiás, sem nenhum centro urbano de maior expressão, o novo estado precisou ser literalmente criado do zero. Mas fez a felicidade, a alegria e a fortuna de muita gente. UMA COISA É UMA COISA… O que poderia acontecer com Florianópolis, se os deputados e suas famílias desistissem de morar no litoral, se os desembargadores e suas famílias estivessem cansados dos apartamentos à beira mar, se os ocupantes dos milhares de cargos de confiança não quisessem mais ficar longe de seus municípios de origem, submetidos ao vento nordeste, à luminosidade marinha e à geografia caprichosa da Ilha de Santa Catarina? Primeiro, um fantástico rombo nas contas públicas. Porque mesmo tendo como origem alguma cidade ao lado da nova capital, duvi-d-o-dó que o barnabé de qualquer poder se mude de Florianópolis sem receber substancial ajuda de custo, gratifica-

ções de incentivo, auxílio para adaptação e tícket “saudade do mar”. Sem falar nas passagens (aéreas, claro, do novíssimo aeroporto da nova capital para o velhíssimo campo de aviação da velha capital), para poder voltar a Florianópolis, onde continuarão a viver as famílias. As amigas, os amigos. E as casas de praia. Depois, outro estouro espetacular nas burras da viúva, porque o metro quadrado de construção e o preço da terra que hoje são praticados no interior, subirão para a estratosfera assim que a mudança for anunciada. Quem acha que os preços em Florianópolis são altos, verá que não há limites para a ganância humana. E tudo isso, acrescido naturalmente de uma taxa de urgência, fará a felicidade, a alegria e a fortuna de muita gente. E OUTRA COISA É OUTRA COISA… Há quem tenha fundados temores sobre o efeito deletério que a economia da ex-capital poderá sofrer, com a brusca queda do poder aquisitivo de seus moradores remanescentes. Hoje a economia da região ainda é muito dependente da generosa irrigação dos proventos dos servidores públicos. Sem isso, restaria uma cidade sustentada apenas por um turismo que tem movimentação significativa três meses por ano, se tanto. Particularmente acho que, com a profissionalização dos operadores de turismo e a implantação de algumas obras de infraestrutura, a tendência é que Florianópolis se consolide como destino turístico o ano todo. E, tal como Miami, receba um volume grande de aposentados que querem um lugar tranquilo para usufruir sua boa situação financeira. Isso vai ocorrer independentemente do volume de barnabés que disputarem espaço nas ruas, avenidas e praias. E quem ingenuamente acha que “tirar a capital de Florianópolis” pode melhorar alguma coisa na cidade, precisa repensar suas ilusões: se como sede de governo a cidade não consegue resolver alguns de seus principais problemas, como balneário sem expressão política, terá ainda maiores dificuldades. Es-

tar no litoral e ter belezas naturais não garante nada. Que o digam Laguna, Balneário Camboriú, Itajaí e São Francisco do Sul. E ao pessoal do interior, que sonha com alguma melhoria pelo fato da capital ficar mais perto, devemos dizer exatamente a mesma coisa: se a região de Florianópolis não conseguiu resolver seus principais problemas sendo sede do governo por tantos anos, quando será que a região da outra sede de governo conseguirá resolver seus probemas? E preparem-se para a invasão de gente em busca de emprego, com a inevitável criação de cinturões de pobreza que caracteriza as capitais brasileiras.

ESTÃO FALANDO SÉRIO? Outro dia ouvi um dos defensores da mudança da capital dizer que seria bom faze-la porque tirariam os deputados, secretários, desembargadores e outros barnabés da poluição, dos engarrafamentos e da violência da Grande Florianópolis. Em que mundo será que vive uma pessoa que pensa dessa forma? Decerto nunca foi a Brasília. E se foi nunca prestou atenção nos pedintes, na violência crescente, no trânsito complicado e, principalmente, na corrupção que nasce da ocupação de terras e sua utilização e chega ao governo distrital e ao Congresso Nacional. Quaisquer que sejam os argumentos, não consigo ver um só milímetro de seriedade nas várias propostas. Ou é gente que tem terras que quer valorizar, gente que tem ligações com construtoras, gente que tem necessidade de aparecer, gente que não tem noção, gente que tem a perfeita noção de como colocar a mão no baleiro e uns poucos ingênuos que embarcaram no bonde, acham que são protagonistas, mas não passam de figuração pitoresca, porque “não inflóem nem contribóem”. Guardadas as proporções, coisas como mudar a capital e mudar de partido se equivalem: quando o sujeito está “sem espaço” sempre pensa nessas opções, para ir para um “novo mundo” onde, se não puder ser rei, pelo menos seja amigo do rei. Ou do tesoureiro.


DEFASAGEM CRÔNICA As obras públicas em Santa Catarina parece que têm a sina de já nascerem defasadas. Quando ficam prontas já não atendem mais à demanda. Ou vocês acham que a parte duplicada da BR dá conta perfeitamente do movimento? Claro que não. Já está pedindo uma terceira pista. Isso acontece também com o novo aeroporto de Florianópolis, cujo projeto, que nem começou a sair do papel, tem uma previsão de movimento inferior ao que o velho aeroporto teve em 2010. Lá por 2014, quando começar a ficar pronto, já estará ultrapassado. A “via expressa” que liga a BR 101 ao centro de Florianópolis, poderia perfeitamente ter oito pistas para dar conta do movimento. Tem quatro. E agora começam a falar em colocar mais duas. SENSAÇÃO DE ABANDONO Nos últimos 15 dias os bandidos já incendiaram cinco carros na Grande Florianópolis. Ninguém sabe se é um recado para a polícia, se estão só “zoando” com a cara das autoridades. O fato é que a estrutura da (in)segurança não parece muito preocupada com isso. O último carro incendiado foi uma kombi, na madrugada de ontem. Testemunhas viram os malacos fazendo arruaça e chamaram a polícia. Ali pelas 3h da madrugada. Os caras soltaram rojões, tentaram tocar fogo no carro, mas não deu muito certo. Saíram, voltaram com gasolina e aí o fogo pegou. Uma hora depois de terem começado a festa, os malacos foram embora, tranquilamente. Só então, é claro, apareceram os bombeiros e a polícia, não necessariamente nessa ordem. Desnecessário dizer que ninguém foi preso. Mas se é um evento que está se repetindo, eles não deveriam ter um pouco mais de pressa?

Palhaço, eu?

A turma resolveu se unir (finalmente!) para pressionar o governo federal, que anda duplicando o trecho sul da BR 101 a passos de cágado manco. O tal Fórum Parlamentar, que reúne deputados catarinenses de todos os partidos, levou governador e outras autoridades estaduais para uma reunião em Brasília. Deram com a cara na porta. Sorte que estavam com narizes de palhaço que, como vocês sabem, são acolchoados e macios. Na reunião não apareceu nem o ministro dos Transportes, nem o diretor do DNIT em Santa Catarina, que poderia explicar a embromation, enrolation e pouca vergonhation que tem ocorrido. Ele “saiu de férias” pouco antes da reunião. E os principais execu-

tivos das empreiteiras contratadas para os trechos em questão também não deram o ar da graça. Os ilustres representantes catarinenses ouviram o diretor geral do DNIT contar o que estavam cansados de saber: que as obras estão indo devagarzinho e que devem terminar lá por 2014. Se não chover. Ontem, no começo da tarde, o governador tentou, no tuíter (onde atende pelo nome de @ RaimundoColombo), fazer de conta que não estava muito chateado com a falta de respeito: “Sobre a BR 101/Sul: não falo em frustração e sim em esperança. Vamos cobrar e fiscalizar, briga política não constrói nada. Bom senso é tudo”

ILUSTRAÇÃO: Molecagem sobre foto do a.c.mafalda/secom

“DO QUE ADIANTA?” Um dos atentos e preocupados leitores desta coluna manda um comentário que é bem a síntese do que todos pensamos a respeito: “De que adianta registar uma ocorrência, se o policial diz que nada pode fazer, a não ser que eu diga quem praticou o delito? E de que adianta chamar a PM no momento em que se vê a prática de um crime, se a mesma demora tanto a aparecer que dá tempo para os bandidos fugirem a pé?” O PAPEL(ÃO) DA UFSC A Universidade Federal de Santa Catarina, quando foi criada, na década de 60, ocupava uma chácara, longe do centro da cidade. Mas a capital cresceu e hoje, como grande geradora de tráfego e centro de cultura e informação, era de se esperar que a UFSC ajudasse a cidade a resolver seus problemas.

Só o que se ouve falar, é que a UFSC não quer ceder na negociação para duplicar uma avenida que margeia o campus (e que beneficiaria inclusive seus alunos e professores). Ou que está difícil ampliar o aeroporto porque a UFSC tem um terreno lá perto que não usa, mas não troca por qualquer coisa. Claro que a administração da universidade enumera várias razões para agir assim. Mas pra quem amarga nos engarrafamentos fica a sensação que a cidade e seus habitantes, que cederam em primeiro lugar o espaço onde a UFSC se instalou, agora está sendo inconveniente ao exigir, da sua universidade, maior colaboração. Sem falar no fato que a administração municipal da capital e a UFSC nunca se uniram para buscar soluções tecnicamente adequadas para o planejamento da cidade. Parece que vivem em planetas distantes e não na mesma e apertada ilha.


QUADRIFÔNICO QUADRILÁTERO Falar, tal como escrever, exige um certo conhecimento. Alguns, que precisam falar em público, procuram estudar, para fazerem-se entender melhor. Mas desde que tivemos um presidente que se gabava da falta de estudo e se orgulhava de falar pelos cotovelos sobre qualquer assunto tendo apenas um curso técnico de torneiro mecânico, parece que virou moda ostentar uma certa ignorância. Ontem, no rádio, o prefeito de Florianópolis, Dário Berger, estava indignado, com toda razão, com a falta de obras do governo federal na região em que ele e seu irmão Djalma têm suas capitanias municipais. Nada contra os prefeitos da Grande Florianópolis, que começam a se organizar para pressionar pelo anel viário da BR 101 e pela... Putz, é justamente aí que o caldo entorna, que a coisa engrossa e que a falta de noção vocabular do alcaide aflora: o Dário (e todos nós), quer que o governo federal amplie a via expressa que liga a BR 101 ao centro de Florianópolis, mas não sabe dizer isso corretamente. Hoje a via tem duas faixas de rolamento em cada uma das duas pistas. Duas pra ir, duas pra voltar. O que se reivindica é que a rodovia seja duplicada: ganhe mais duas faixas em cada direção. Tem quatro, passará a ter oito. O raciocínio prefeitural, contudo, não alcança essas sutilezas. Para o prefeito, é importante “quadruplicar” a rodovia. E não se enganem, o prefei-t-o-Dário não quer 16 faixas (oito em cada pista), que seria o resultado de uma efetiva quadruplicação. Quer apenas quatro faixas em cada pista. Como são quatro, ele acha correto dizer, alto e bom som, que a solução é “quadruplicar”. E tem “jornalistas” que entram na dele. TEM PM QUE É CEGO Próximo ao heliponto da avenida Beira Mar Norte (que, por coincidência, fica bem em frente ao hotel Majestic) estava estacionada ontem, no começo da tarde, uma vistosa viatura de monitoramento de câmeras de vigilância. Ou coisa parecida. O fato é que ali estavam vários policiais e até uma viatura comum, de patrulha. Decerto para aumentar a tal “sensação de segurança”. Só que diante deles, a poucos metros, nas sinaleiras que ficam em frente, um grupo grande de garotos, com no máximo doze anos, circulava entre os carros, pedindo dinheiro. Alguns ainda paravam à frente, quando o sinal estava fechado, fazendo malabarismo com limões. Na sinaleira ao lado do Shopping Beira Mar, também ali perto, outros

Invasão consentida ou estimulada? A imagem aérea acima, roubada do seu Google, mostra um trecho da rodovia que leva ao aeroporto de Florianópolis (e ao estádio da Ressacada). É logo depois daquele novíssimo viaduto-funil no assim chamado “Trevo da Seta”. Mas podia ser qualquer outro lugar, onde áreas de preservação, como mangues, estão sendo invadidas pelo casario. Essa história também é comum a vários municípios brasileiros: passa uma estrada e a seguir suas margens começam a ser invadidas. Se é mangue, área em que não se deveria edificar nada, ou se é lugar próprio para moradia, não importa. A turma entra de qualquer jeito. Bom, quer dizer, de qualquer jeito, não. Sempre há alguém interessado em que essa ocupação prospere. Seja o candidato ou grupo de candidatos que estão de olho nos títulos eleitorais, segarotos, da mesma idade, também esmolavam entre os carros. Como a prefeitura tem uma política de tirar os pedintes dos semáforos e até oferece um telefone para denunciar os casos, fazia tempo que isso não acontecia. Aí fiquei imaginando: vai ver que a PM faz de conta que não vê, porque essa deve ser mais uma tarefa que passaram para a Guarda Municipal. E aí, como a GM não faz nada além de multar carros com tiquete vencido na zona azul, a gurizada tomou conta dos cruzamento. Cada vez mais a gente se convence que ninguém quer nada com nada na capital dos catarinenses. O problema é sempre responsabilidade do outro que, lógico, não está ali. O REI DO FUNIL O prefei-t-o-Dário está desenvolvendo uma técnica espetacular na construção de viadutos. Além dos

jam os grileiros que não têm vergonha de vender terras públicas para pobres coitados. O fato é que a coisa leva anos, mas ninguém nota, vê ou impede. Em pouco tempo tem eletricidade e água potável. E, claro, chega o carnê do IPTU. Aí, quando a via precisa ser duplicada, o valor das indenizações quase entorna o caldo. Se alguém contesta e diz que não pode indenizar invasões irregulares, surge outro problema: “é preciso dar moradias dignas para essa gente”. E lá vamos nós irrigar, com dinheiro público, um golpe que, desde o primeiro rancho, levantado às pressas num final de semana, sabemos todos no que vai dar. Burros somos nós, que continuamos pagando impostos que ninguém sabe para onde vão e votando em espertalhões que se aproveitam da nossa cegueira.

pilares terem sempre o formato de pessoas com os braços levantados (mão ao alto?), tem sempre um afunilamento, uma curva ou os dois. O novíssimo viaduto da Rita Maria, que está em construção ao lado da rodoviária, será em curva. O do trevo da Seta, tem um acesso esquisito no sentido bairro-centro, que se o sujeito descuidar vai parar em cima dos carros da outra pista. O do Itacorubi, lançou a moda do funil viário: começa em duas pistas e termina em uma. E o da Av. Ivo Silveira não funciona direito porque um vereador (!!!) virou a planta e ele foi construído na direção errada. Mas viaduto, todos sabem, não é feito para resolver problemas viários. Dá uma amenizada e pronto. O essencial do viaduto é permitir que, na campanha eleitoral, sejam mostrados como “grandes obras”. É só pra isso que os viadutos são feitos. E também pra gastar nosso dinheiro.


RIQUINHOS NO PROTESTO Tem um prédio na avenida Beira Mar Norte, em Florianópolis, que é famoso por abrigar uma porção de caixas altas: o La Perle. Assim de cabeça lembro que moram ou já moraram lá o, Wilfredo Gomes (publicitário do LHS), o Sávio (ex-Flamengo/Avaí), o deputado/ secretário César Souza Júnior, o advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, o Gastãozinho e o empresário de futebol, Paulo Tonieto. Pois bem, um jornal da capital, ontem, publicou um edital do Cartório Silva Jardim (da Tabeliã Adelaide da Silva Jardim), onde se informa que o condomínio La Perle está sendo protestado pela Santa Rita Com. e Eng. S.A. e Banco do Brasil, por não ter pago um título de R$ 259,00. Muito estranho, porque isso deve equivaler a um décimo da taxa mensal de condomínio.

A CAPITAL DA (I)MOBILIDADE Ontem à tarde boa parte do centro de Florianópolis ficou sem energia elétrica. Segundo a Celesc o conserto demorou mais do que deveria, porque os técnicos e engenheiros não conseguiam chegar ao local: ficaram presos nos engarrafamento sque infernizam o dia-a-dia da capital. Como é véspera de feriado e não tinha luz em algumas sinaleiras, a coisa ficou ainda pior. Esse é um dos efeitos mais graves da falta de solução para os problemas de mobilidade: veículos de emergência também ficam retidos. Imagina deslocar um caminhão de bombeiros em ruas estreitas atulhadas de carros. Ou uma ambulância. Definitivamente, não dá pra resolver todos os problemas viários de uma cidade com a complexidade urbana de Florianópolis, só com alguns viadutinhos meia boca. Ou com lábia de político provinciano.

ACONTECEU EM LAGES (QUE É A NOVA JOINVILLE)

A SAIA JUSTA DO COMANDANTE

A.C. Mafalda/SECOM

POLÍTICA DE “PORTAS ABERTAS” Vai de vento em popa a implantação da política de “portas abertas” nas prisões, cadeiras e penitenciárias de Santa Catarina. Iniciada pelo já saudoso governador LHS, a gente pensava que o governador Raimundo fosse dar um freio na coisa, mas, pelo jeito, deve estar faltando fluido ou as pastilhas estão gastas. Ontem fugiram mais uns oito em Florianópolis. O sistema de câmeras de vigilância não está funcionando e a guarita que fica no local mais fácil de fugir, está sempre vazia. Os guardas, que não são tolos, têm medo de ficar ali, por causa da bandidagem. E bem fazem os PMs. Do jeito que a coisa está, com bomba e tiro pra cima dos postos policiais, ninguém vai ser louco de arriscar a vida só pra impedir que mais alguns fujam. Afinal, já saíram tantos que mais dez, menos dez, não faz diferença.

O novo comandante geral da Polícia Militar, coronel Nazareno Marcinero (na foto ao lado), foi o principal personagem da audiência pública que a Câmara de Vereadores de Lages realizou na última terça-feira à noite. Destacou-se tanto por ser o convidado especial, quanto por ter sido desafiado em público por um companheiro de farda, teoricamente seu subordinado. O imbroglio foi registrado no blog da Olivete Salmória, que contou a história sob o título “Audiência teve momentos de constrangimento”. Leiam alguns trechos: “(...) Depois, o presidente da Câmara, Adilson Appolinário, quebra o protocolo para dar espaço ao ex-comandante da PM em Lages, Coronel Paulo Della Giustina que por sua vez foi até agressivo com o comandante Marcineiro. Para começar, disse que títulos não garantem um bom trabalho ou trabalho eficiente. “Entre a teoria e a prática existe uma distância muito grande”. Se referia diretamente ao fato de que Marcineiro é um estudioso do assunto, e faz hoje doutorado na área. Por fim, os praças e soldados que lá estavam, inicialmente pensávamos que para prestigiar o comandante, se mantiveram em silêncio ao final da fala de Marcineiro,

e bateram palmas para Della Giustina. Talvez não gostaram do que colocou Marcineiro ao apontar os erros detectados na implantação da Polícia Comunitária em Lages (...). Em resposta, o coronel Della Guistina contestou toda a fala de Marceneiro(...). – “É preciso mudar o foco dessa polícia que temos e desafio para que atue nas comunidades”. E para concluir denunciou que: “Hoje se entrega droga com a viatura e a polícia não sabe. Porque a polícia está distante da comunidade”. O Milton Barão, outro blogueiro local, também comentou a confusão na audiência, dizendo que Marcinero foi agressivo com um repórter que o questionou “sobre o destino das motos, viaturas e dos celulares que a comunidade comprou e entregou para os Consegs”. Segundo Barão, o comandante, “além de não responder, partiu para outra linha, a de ataque”. Sendo Lages a base do governador Colombo, será que não teve uma única boa alma que avisasse o comandante do terreno politicamente minado em que pisaria? E ninguém avisou a ele que a polícia comunitária é uma questão delicada e controversa na cidade? Será que Colombo não tem amigos e apoiadores em Lages?


Montagem com fotos da neiva daltrozo/secom (bornhausens) e A.C. Mafalda/SECOM (raimundo)

O ÚLTIMO A SAIR APAGUE A LUZ... Vocês lembram o que o então presidente Lula disse em Joinville, no dia 13 de setembro de 2010? “Nós precisamos extirpar [o DEM] da política brasileira”. Era um discurso de campanha e Lula paz&amor pedia pros eleitores não votarem no Raimundo, que era de um partido que, segundo ele, “alimentava o ódio”. O PT não conseguiu acabar com o DEM nas urnas, Raimundo foi eleito, Ideli comeu poeira. Só que depois, por ironia do destino, o próprio DEM resolveu entrar em processo de extinção. Está sendo implodido diante dos olhos incrédulos de todos nós. O DEM, que já foi conhecido como o partido do Jorge Bornhausen, parece que vai ser desidratado a ponto de ficar apenas como partido dos Maia (Rodrigo e Cesar). Isso se ficar. GOVERNO PINGA-PINGA O governo Raimundo começa hoje, de ônibus, uma série de visitas às Secretarias do Desenvolvimento Regional (as afamadas SDRs). Repousa sobre esta iniciativa uma dúvida atroz: as SDR não tinham sido criadas, no reinado de Luiz XV, justamente para aproximar o governo do povo e evitar viagens como essa? Não era pra evitar que o pvo tivesse que ir à capital e que a capital tivesse que ir ao povo? Pois é, parece que não deu muito certo e o governo vai ter mesmo que embarcar num ônibus fretado para levar a administração central às regiões e cumprir as tarefas que

A debandada é geral e irrestrita. Quem não tem mandato, não tem problema nem de prazo nem de rumo. Quem tem mandato só pode ir pro novo partido (PSD). Ou esperar que aconteça alguma coisa espetacular como a) a fusão com o PSDB ou b) a extinção formal do DEM. Quem conhece os humores da política aposta que essas duas opções só vão ocorrer no dia de São Nunca do ano que vem. A saída, portanto, é esta que tantos já utilizaram: abraçar-se com o Kassab e vestir a camiseta do novo PSD. Claro que a turma nascida e criada na UDN gosta de pensar que o PSD do século XXI não tem nada a ver com o PSD daqueles tempos, quando mudar de partido era mais grave do que mudar de time. as SDR, pelo jeito, não conseguem. Acho que vai demorar para irem a todas as SDR. Eles vão, esta semana, a três delas. Faltam 33. Aliás, o texto oficial sobre a excursão, distribuído ontem pela Secretaria de Comunicação, atribui ao secretário do Planejamento, Filipe Mello (filho do Jorginho, não tem?), uma frase lapidar: “Este é o momento de colocar as pessoas em primeiro lugar e ultrapassar os muros das regionais até a população”. Como assim? Sua Excelência está afirmando que as regionais, meninas dos olhos do LHS, criaram muros? Hum...

Lembro das histórias que minhas tias (UDN roxas) contavam: anunciado o resultado das eleições elas iam, como se fossem moleques de rua, soltar rojões na frente das casas de seus desafetos pessedistas. E não se tinha notícia de um udenista ter virado pessedista ou vice-versa. Mas os tempos agora são outros. A começar pelos partidos, que brotaram às centenas e perderam consistência: deixaram de ser ideológicos e navegam no lodoso riacho da fisiologia. A filiação partidária obedece à conveniência do momento. Como Lula cansou de mostrar, os partidos são todos iguais. Fazem as mesmas coisas. Tanto faz estar aqui ou ali. Ou vocês conseguem ver alguma diferença visível entre DEM, PSDB, PSD, PCdoB, PT, PDT, PTB, PP, PSB, PMDB...?

“PAVAN DISSE MERDA” A frase chula acima não foi proferida por algum moleque nem foi lapidada em jornais malcriados como este nosso querido DIARINHO. Foi nada menos que o Secretário de Comunicação do governo Colombo, jornalista Derly Anunciação, que a divulgou publicamente, ontem. Disse o secretário no twitter (na internet, portanto), criticando, sem papas na língua, a entrevista do seu ex-chefe, no DC de ontem: “Amigo Pavan disse merda e cometeu injustiça hoje no Azevedo/ DC. O governo ficou distante da eleição do PSDB e sei de secretario q votou nele”


PÁ DE CAL NAS SDR Ontem Raimundo Colombo anunciava faceiro, no twitter, que iria se encontrar com mil estudantes, numa escola de Criciúma. A comitiva governamental está no sul do estado, teoricamente “visitando as SDR”, mas, na prática, estão fazendo aquilo para o que as Secretarias do Desenvolvimento Regional foram criadas: se aproximar do eleitor/contribuinte e ouvi-los. Aos poucos o governo Raimundo vai desmontando os principais ícones da gestão LHS, talvez porque sejam incomodos, talvez porque não funcionem, talvez porque foram mal engendrados. A “NOVA CELESC” O colega Paulo Alceu registrou a euforia do presidente da Celesc, Antonio Gavazzoni, que se reuniu ontem com investidores de grandes fundos, no Rio de Janeiro: “É outra empresa. Pode investir teu dinheiro na Celesc.” Taí mais um passo na “desconstrução do governo LHS”, levada a efeito pelo governo Raimundo. Os mais ranzinzas certamente entenderão, do que disse o presidente da “nova Celesc”, que antes não se poderia, ou não se deveria, investir na empresa. O SENADO QUE MERECEMOS Calheiros na comissão de ética, Requião roubando gravador, Sarney defendendo cinicamente o gesto violento e autoritário, Collor na reforma política, TV Senado com mais funcionários que a maioria das TVs...

Molecagem sobre foto do james tavares/secom

COLOMBO E O PESO DO “FATOR 2012” “Sem um partido com um bom tempo de TV, fundo partidário e com uma fundação de pesquisa adequada, a oposição está fadada ao fracasso.” Jorge Bornhausen Nessa frase aí o kaiser estava comentando a necessidade do PSDB e do DEM se unirem, mas ela resume bem o grande dilema que emperra a movimentação do governador Raimundo. Como vocês sabem o PSD, como partido novo, ainda não tem tempo de TV e não recebe repasse do fundo partidário. Segundo entendem os especialistas, os deputados que foram para o partido não o fazem ter tempo de TV automaticamente. A legislação diz que o tempo de propaganda obrigatória varia conforme o número de parlamentares eleitos pela sigla. Antes de disputar eleição, o partido não tem como eleger ninguém. O que faria o governador, na eleição de 2012, num partido que não terá tempo de TV nem fundo partidário (necessário, entre outras coisas, para pagar as pesquisas)? Para quem não tem mandato ou só acha que disputará em 2014, isso não tem problema nenhum. Mas esse não é o caso do governador e dos parlamentares que o acompanham. Como entrar numa campanha municipal sem uma estrutura

partidária nos principais municípios? O DEM tem até alguns prefeitos, em municípios importantes. Isso não se monta da noite para o dia. Já a fusão com o PSDB seria o melhor dos mundos: os tempos se somariam, teriam fundo partidário e garantiriam o discurso oposicionista (a neutralidade do PSD é certamente uma pedra no sapato para os Bornhausen). Donde o empenho do kaiser, em convencer os líderes tucanos. Mas aí o buraco é mais embaixo: o PSDB está refratário à idéia porque acha que a fusão abrirá a porteira para a debandada de seus quadros que estão loucos para se abraçar aos partidos do governo. O fato é que a coisa está feia para a oposição: se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. VAI OU NÃO VAI? Colombo, ao que tudo indica, está fazendo um jogo para a platéia, ao ameaçar ir para o PSD. Apostam algumas velhas raposas que, no final, ele tomará a decisão mais sensata e pragmática: ficará no DEM por enquanto, se não sair a fusão com o PSDB. E como ele disse várias vezes, tudo será feito de acordo com Jorge Bornhausen. É um movimento conjunto, de dois correligionários que sempre andaram de mãos dadas e não teriam por que se separar agora.


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