Coleção Património a Norte - Nº 3

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Não foi preciso completar mais meia dúzia de anos para que, sob a designação de “Área Arqueológica do Freixo”, as ruínas arqueológicas e a própria aldeia fossem distinguidas com a mais elevada classificação atribuída ao património cultural nacional 2. O SÍTIO Antes de qualquer outra abordagem à conceção da exposição permanente do Centro Interpretativo de Tongobriga, houve necessidade de definir, com rigor, o seu objeto. Na realidade, o monumento “Área Arqueológica do Freixo”, como a sua designação oficial indica, vai, no tempo e no espaço, muito para aquém e além de Tongobriga, nascida nos últimos séculos antes da era cristã e caída no esquecimento algures entre os finais do século VI e os séculos IX/X, altura em que ressurge, rebatizada como Freixo, com uma igreja dedicada a Santa Maria e sede de uma paróquia com o mesmo nome 3. Assim sendo, a decisão de dedicar o centro interpretativo e a sua exposição a Tongobriga, implicava relegar para segundo plano os (pelo menos) treze séculos de ocupação humana 4 que, sabemos hoje, precederam o povoado fortificado castrejo (-briga) cujos habitantes se dedicaram a Tongo. Estaríamos também a dar menor relevo a outros tantos séculos de ocupação, posteriores ao desaparecimento de Tongobriga, núcleo urbano romano e paróquia sueva. Em boa verdade, o primeiro povoado, da Idade do Bronze, cujo nome, se o tinha, não é lembrado; a Tongobriga pré-romana; a Tongobriga romana; a Tongobria sueva; e as sucessivas etapas de construção da aldeia do Freixo; não só não ocupam uma área coincidente, como não têm um mesmo perímetro, nem sequer o mesmo centro. Assumimos, porém, que, mercê da monumentalidade das suas ruínas; do carácter único de algumas delas; da quantidade e diversidade do espólio que delas já foi exumado; do investimento sobre elas já realizado; da produção científica que já suscitaram, a nível nacional e internacional 5; e até mesmo do orgulho e sentimento de posse que suscitam nos habitantes do espaço geográfico a que pertencem; Tongobriga, ao longo do seu ciclo de vida de cerca de sete centúrias, merece que lhe seja dedicado o centro interpretativo. Dos outros tempos de vida deste monumento, e da sua relevância histórica, demos conta em artigos vários 6 e outras exposições.

O PROJETO A montagem do Centro Interpretativo de Tongobriga só foi possível graças a uma iniciativa conjunta da Direção Regional de Cultura do Norte e da Câmara Municipal de Marco de Canaveses, materializada na apresentação de uma candidatura a fundos comunitários, aprovada no âmbito do ON.2 (“O Novo Norte”) através do Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos (PROVERE).

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C EN T RO S I N T ERP RETAT I VO S : TÉCNICA S, E SPAÇOS, CONCE ITOS E DISCUR SOS


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