O CTCV recordado 25 anos depois por Francisco Pegado, Conselho de Administração (1987-1996)
Em 1987 foi oficialmente criado o CTCV – Centro Tecno-
condução dos trabalhos objectiva mas descontraída e de
lógico da Cerâmica e do Vidro, que agora regista, portanto,
uma conversa iminentemente técnica, muito patrocinada
um quartel de existência. Tive a sorte de integrar os primei-
pelo Engº Vaz Serra, que todos nós, desde então, fizemos
ros conselhos de administração do mesmo, em representa-
questão que estivesse presente nas reuniões. Estas foram
ção do accionista IAPMEI, acrónimo, na altura, do Instituto
muitas, como é fácil de calcular, numa casa que estava a ser
de Apoio às Pequenas e Médias Empresas Industriais.
criada. Nem sempre foram pacíficas; os diferentes pontos
Solicitam-me agora, vinte e cinco anos passados, que es-
de vista e as orientações de que cada um era mandatário
creva “alguma coisa” sobre o Centro, na celebração desta
eram expostos claramente e com frontalidade. Contudo,
efeméride. Matéria não falta. Falta é a capacidade de es-
não me lembro que alguma vez fossem desagradáveis. Os
crever organizadamente alguma coisa com interesse para o
consensos obtinham-se com facilidade, por força dos mes-
leitor, não repetindo os textos de outros testemunhos, que
mos princípios de conduta, dos mesmos valores sociais e
me foram antecipadamente apresentados pelos respectivos
profissionais e do objectivo comum e único de pôr o CTCV
autores, numa sadia cumplicidade de vida e de trabalho,
a funcionar de forma sustentável. Esta forma de proceder
que dura, pelo menos, há outros tantos anos.
foi rapidamente passada pelo Engº Vaz Serra à equipa ope-
Optarei, por isso, por deixar algumas notas, que dão a
racional que se ia constituindo.
síntese dos factos e momentos que me marcaram ao ponto de, ainda hoje, deles me recordar com razoável nitidez.
2ª Nota: os recursos
Compreenderá o leitor que o faço em termos estritamente
Uma parte da equipa técnica já existia, contratada pela
pessoais, não comprometendo, assim, o IAPMEI, quer o da
comissão instaladora do CTCV. Apreciados os respectivos
altura, quer o actual.
curricula e perfis técnicos, foram, sempre que se tal revelava
Ora, vamos lá…
mais acertado, reafectados às unidades orgânicas onde se previa que dariam maior e melhor contributo.
1ª Nota: o início; a equipa
Mesmo assim, foi necessário proceder-se à contratação
Já não me recordo do dia em que o primeiro conselho de
de mais pessoal para garantir o pleno funcionamento das
administração se reuniu pela primeira vez. Mas recordo-me
unidades com que o Centro iria funcionar. Participei nas en-
que, para mim, foi um momento estranho; não conhecia
trevistas a pessoas que ainda hoje continuam a fazer parte
os meus colegas do sector público, nem os do sector priva-
da equipa do centro, o que me dá muita satisfação.
do, com excepção do presidente, Dr. António Mota de Fi-
Começou, de imediato, a formação dos técnicos, parte
gueiredo, com quem já tinha conversado algumas vezes em
dela no estrangeiro, duma forma tão intensiva que, em
encontros ocasionais de carácter profissional. Seriam talvez
pouco tempo já tínhamos verdadeiros especialistas em vá-
umas 10 horas quando a reunião começou, com um clima
rias áreas.
de formalidade que, durante o resto do dia se foi desvane-
Com o dinheiro disponível fomos também apetrechando
cendo, por força dos pontos de vista coincidentes, de uma
as instalações com o equipamento mais actualizado, recor-
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