
2 minute read
“AS VOCA•≥ES EXISTEM. ß PRECISO DESCOBRI-LAS”
Para visitar a história, é necessário perceber o movimento cultural ocorrido neste tempo que vem forjando um novo jeito de despertar vocações ao sacerdócio. Antigamente, os adolescentes eram oriundos de famílias com uma experi- ência do campo. Hoje, os adolescentes vivem uma experiência de realidade urbana, com todos os recursos tecnológicos possíveis e acesso à informação. As famílias também diminuíram com o passar dos anos e ganharam destaque outras possibilidades profissionais.

Advertisement

Na leitura de Pe. Milton Wermann, diretor espiritual do Seminário São Cura d’Ars, a realidade vocacional passa por essas transformações, mas é preciso continuar a missão. Com seus 41 anos de sacerdócio, ele afirma: “Cada tempo tem as suas particularidades.

Nós estamos agora num tempo aonde a tecnologia está muito presente. Mas as vocações existem. É preciso descobri-las. É um trabalho que deve ser feito constantemente, pois Deus continua passando e chamando”.
Para que possam brotar novas vocações, Pe. Milton louva o trabalho realizado com os coroinhas e acólitos, bem como considera que é necessário incentivo e testemunho da família, comunidade e dos próprios seminaristas e sacerdotes. “Oração e testemunho são muito importantes”, avalia.
Com a celebração dos 40 anos do Seminário, ele se sente muito feliz ao recordar a passagem de tantos jovens pela casa de formação. “Alguns são sacerdotes, outros são pais de família. Isso é motivo de alegria e de ver que vale a pena o trabalho do Seminário. Faz três anos que estou participando um pouco mais de perto. É gratifi cante ver que novas vocações vão surgindo e jovens que dão seu sim ao chamado do Senhor. Eu afirmo que é muito importante rezar, de modo especial neste Ano Vocacional, pelo menos um mistério do Terço pelas vocações”, salienta.



A FORMA•°O DE UM CORA•°O MISERICORDIOSO
Um seminário não é feito apenas de paredes. A estrutura física é um ambiente necessário, mas que só cumpre sua finalidade se conta com recursos humanos capacitados para esta atividade. Pessoas com formações em áreas que visam contribuir no discernimento vocacional dos garotos. Afinal, além das aulas no ensino regular, pois fazem o ensino médio, eles também contam aulas no ambiente do seminário, ministradas por leigos, padres e religiosos que auxiliam processo formativo geral. São aqueles que se dedicam em oferecer as chamadas disciplinas ministeriais, as quais favorecem o amadurecimento dessa vocação. Os garotos aprendem métodos de estudos, organização, redação, iniciação cristã, iniciação à vida espiritual, formação vocacional, entre outras que formam um conjunto de conteúdos com a proposta de ajudar em seus passos na caminhada.
Uma das linhas formativas que o Seminário São Cura d’Ars vem adotando passa pelo ícone da misericórdia. Segundo o reitor, Pe. Marcelo, esse é um caminho para superar as intolerâncias e os sofrimentos das pessoas, pois elas esperam isso dos seus padres. Logo, as obras de misericórdia são estimuladas junto aos seminaristas com atividades mensais de contato com as pessoas em situação de fragilidade.
Em visita à Fazenda da Esperança Cristo Rei, cada seminarista conheceu a realidade daqueles que querem deixar a dependência química e vícios, e depois eles relatam a experiência e como se sentiram nesse ambiente. “Outro dia fizemos a obra de misericórdia ao visitar os enfermos em Toledo. Tivemos a companhia dos Ministros Auxiliares da Comunidade (MAC) da Paróquia Santa Rita de Cássia. Em outro momento, fomos ao cemitério de Quatro Pontes, rezar pelos padres falecidos”, conta Pe. Marcelo. “Na organização desses momentos, precisamos preparar o coração dos meninos porque se lida com preconceitos, com as gracinhas que eles fazem, com a imaturidade juvenil própria da idade, e também prepará-los para o contato com as pobrezas humanas. Essas atividades vão configurando um jeito mais compassivo, manso”, avalia.
Nesse itinerário, são incluídas as reflexões sobre as Bem-aventuranças, pois para pensar na misericórdia, esse é um caminho possível. “As Bem-aventuranças são muito importante para nós no sentido de formar esse espírito, percebendo que sempre nos identificamos com uma delas no processo formativo”, diz. Mas o centro dessa história é que os próprios seminaristas trazem sua vida à reflexão, com as experiências positivas e negativas. Assim, são conduzidos a ler a sua história com misericórdia.