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Quaresma, caminho de esperança, para o encontro com o Ressuscitado
“Eis o tempo favorável, eis o dia da salvação”! (2Cor 6,2). As palavras de São Paulo dirigidas à comunidade de Corinto abrem o caminho da Quaresma, tempo de graça que o Senhor Jesus nos concede para retornar a Ele com todo o coração e recomeçar uma vida nova apesar de nossos fracassos. É um tempo de germinação, de um crescimento lento, um milagre da graça que tudo transforma e faz renascer a vida.
Durante a Quaresma, a Palavra de Deus, a oração e a caridade são os pontos fundamentais que sustentam a nossa fé. Os gestos de caridade, as orações, os frutos do jejum deste tempo de cuidado com nosso corpo e alma nos ajudarão a celebrar as festividades da Páscoa: tempo de vida nova, repleto de esperança.
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Tudo isso nos leva à conversão. Palavra temida nos dias atuais que privilegia a vida sem sofrimentos ou privações. A conversão, mudança de rota, é um convite que Deus nos faz, uma oportunidade de reconciliar-nos conosco mesmos e com Ele. Deus não nos promete uma vida sem sofrimento ou dificuldade porque ela não existe. Ele nos assegura sua proximidade, carinho e conforto na vivência do dia a dia. Jesus deve passar pelo caminho da cruz para depois experimentar a explosão de vida que vem através da Páscoa.
Carregamos dentro de nós esse desejo de mudança, de conversão. Nada do que existe ao nosso redor pode nos completar totalmente. Por isso o desejo de conversão é o movimento de busca, a sede que nos impulsa a buscar água, o empenho em ir ao encontro do outro que partilha conosco a vida e o mundo; é a busca incansável de Deus.
Na Bíblia a palavra “conversão” indica a busca e o desejo de Deus, procurar o seu rosto, dirigir o nosso coração para Ele. Atitude que exige de nós mudança de rota, rever o caminho e se, preciso, retomar outra direção. O cristão precisa de Deus como precisa de oxigênio. Devemos sentir falta de Deus como sentimos falta do ar.
Para nós, cristãos, a meta da conversão é a Páscoa: encontro com o Senhor da vida que vence a morte. No Evangelho, Jesus fala: “Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco” (Lc 22,15). Jesus se dirige aos seus discípulos pouco antes de celebrar a última Páscoa da antiga aliança para instaurar a primeira Páscoa da nova aliança. Na Páscoa hebraica se comia o cordeiro. Na Páscoa da nova aliança é o próprio Jesus que se oferece como alimento: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29).
Celebrar a Páscoa hoje exige da comunidade cristã retornar a Deus, aproximar-se da mesa eucarística, caminhar renovados pelo Cristo Ressuscitado. Durante a caminhada quaresmal tivemos inúmeras ocasiões para nos reconciliar com Deus recebendo o seu perdão. Tivemos a oportunidade de reconhecer os nossos limites e os nossos pecados.
O próprio Cristo nos convida a sua mesa onde ele mesmo é alimento para nossa vida. “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém come deste pão viverá eternamente”. Fortifi cados por Cristo podemos continuar caminhando, vivendo nossas vidas com entusiasmo, glorificando a Deus e testemunhando a todos a alegria do Cristo Ressuscitado.
Nestes tempos fortes de graça, Quaresma e Páscoa, Deus vem ao nosso encontro para renovar nossa vida, regenerar a adesão a Cristo, morto e ressuscitado. Tornar-se cristão é sempre um desafio que requer empenho e abertura de coração, capacidade de deixar conduzir por Cristo, conformando-se com Ele, para construir uma comunidade e um mundo melhor. Este processo teve início no nosso Batismo que deverá ser renovado sempre através do nosso esforço na escuta e acolhida da Palavra que salva. É para essa renovação que nos dirigimos. Precisamos dela para sermos alegres testemunhas do Cristo Ressuscitado no mundo hoje.









