Revista Bancari@s

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Memória

Uma vida à serviço da liberdade Neste país sem memória a história de luta de muitas pessoas não chega a ser registrada. Quantos abriram mão de uma família, pegaram em armas, foram torturados e morreram por uma causa? E quantas pessoas encorparam os movimentos que pregavam ideais de liberdade e mudança? Sem elas, todas as teses e slogans seriam apenas palavras ao vento. A Bancari@s, portanto, sempre fará a sua parte na construção da memória dos movimentos de luta, sempre relegada pela grande mídia. Nosso personagem nesta edição é Helena da Silva Quadros de Capriles, nascida em 1928, com uma vida marcada por atitudes de vanguarda, no plano pessoal e polí-

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tico. Helena foi uma das primeiras mulheres a militar no Partido Comunista, ingressar em uma universidade e trabalhar em uma redação de jornal, além de estar na linha de frente da luta revolucionária socialista em todas essas décadas. No plano pessoal adotou atitudes até hoje consideradas anticonvencionais como a união com pessoas com grande diferença de idade. Ainda jovem, em plenos anos 50, morou, estudou e sustentou-se sozinha.

Uma educação marxista Seu pai era um armador de pequenas embarcações em Paranaguá, com ideais comunistas, e sua mãe dona de casa. Esta educação revelou uma jovem diferente do

padrão para a época, extremamente inteligente, cujo prazer era a leitura e a busca pelo saber. Durante a 2ª Guerra, quando ainda tinha 15 anos, participou da Organização Feminina Auxiliar da Guerra (OFAG). Com o Partido Comunista saindo da ilegalidade, em 1945, participou da fundação do primeiro diretório do PCB em Paranaguá, engajando-se na Juventude Comunista. Na cidade, participou do primeiro comício da campanha “O Petróleo é Nosso”, com a presença de líderes como Euzébio da Rocha e personalidades como o escritor Monteiro Lobato. Ainda em 1945, participou de uma grande greve no porto, sendo presa e entregue ao DOPS (Departamento de Ordem Pública e Social) de Curitiba onde ficou por quase dois meses. Depois disso mudou-se para São Paulo, onde foi uma das primeiras mulheres a graduar-se em Jornalismo. Paralelamente começou a trabalhar no Jornal “A Noite”, conquistando sua autonomia financeira, rompendo com o padrão do início da década de 50, no qual a vida doméstica deveria ser o ideal das mulheres. Na redação, conviveu com Menotti del Picchia, Cláudio e Fúlvio Abramo, entre outros. Em seguida mais uma vez confrontou os padrões da época ao unir-se a


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