Imagens Fantásticas do Carnaval do Recife

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Exemplificando: em uma das noites, pode ser que, ao mesmo tempo em que acontecem desfiles de moda e tenha uma tenda com música eletrônica no Polo Mangue, no Polo Marco Zero, pode estar ocorrendo shows com artistas de renome e, no Polo das Agremiações, pode haver apresentações de grupos de boi, ursos, maracatus, etc., que, mais tarde, seguem em cortejo pelas ruas da cidade e são seguidos por inúmeros foliões. No Polo Afro, as pessoas podem estar concentradas para a Noite dos Tambores Silenciosos, ao mesmo tempo em que no Polo de Todos os Frevos desfilam os blocos de pau e corda; e assim por diante.8 Portanto, como são muitas coisas ocorrendo ao mesmo tempo, tornou-se necessário um planejamento rigoroso para acompanhar os diferentes folguedos e suas apresentações nos diversos polos e palcos. A organização do livro acabou surgindo naturalmente a partir deste caminho percorrido e da própria configuração e divisão da festa recifense em seus diferentes ritmos e grupos de tradições culturais. A ordem das informações contidas nesta obra obedeceu, também, à minha necessidade particular de compreender o carnaval, que tanto me encanta, e de compreender o Recife, como se fosse possível entender e explicar o que nos afeta emocionalmente. Dessa profunda imersão, veio o que não poderia ser evitado: extrair do mundo e de mim mesma as imagens, como uma forma de criar minha visão da festa. Na Introdução do livro, exploro o item de número 4 do esquema – Interpretação/expressão artística do material etnográfico, também apresentado como narrativa visual. Para esta etapa do livro, produzi tanto desenhos em lápis de cor e aquarela quanto fotografias, as quais foram realizadas durante 24

os carnavais do Recife dos anos 2006 a 2011. As composições criadas representam a mistura e a ambivalência em que o cotidiano e o imaginário se unem, completam-se, passando a existir simultaneamente no universo fantástico do carnaval. A primeira parte “Evoluções do carnaval”, trata de uma breve revisão histórica da festa carnavalesca, passando por suas origens, descrevendo seus percursos e abordando algumas brincadeiras que se originaram em outros países e como se deu a chegada delas ao Brasil, particularmente no Recife. Já na segunda parte “O Carnaval do Recife”, abordei algumas manifestações culturais tradicionais como o frevo, o maracatu de baque solto, o maracatu de baque virado, os caboclinhos e as tribos de índios, o boi de carnaval, os ursos de carnaval e as turmas de mascarados. Infelizmente, apesar de minha vontade, não foi possível ampliar o número de manifestações culturais e folguedos a serem tratados pela pesquisa. Lamento, principalmente, por não ter incluído os afoxés e as escolas de samba neste livro, mas havia se tornado inviável realizar uma pesquisa que se tornasse mais ampla em tão pouco tempo.


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