Cultura nas mãos

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Folia e cinema

Também situada no norte mineiro, a pequena Nova Porteirinha recusa-se a deixar que a tradição da Folia de Reis desapareça dali. Expressão cultural típica do norte mineiro, inspiradora de músicos de porte, como Milton Nascimento, a Folia de Reis atrai poucos jovens nas regiões, o que a coloca em risco de desaparecer. “A ideia de fazer o projeto ‘Folia do Divino Espírito Santo’ surgiu da nossa determinação de não permitir que a tradição da Folia de Reis em nossa cidade acabe; os foliões já são idosos, temos de passar essa tradição para jovens e adolescentes”, diz mestre Sinvaldo, idealizador do projeto. O prêmio do edital foi destinado ao pagamento de instrutores e na compra de instrumentos e materiais usados nas oficinas. No Vale do Jequitinhonha, na cidade de Araçuaí, o Prêmio Microprojetos beneficiou o ‘Cinema no Sertão’ que propõe produzir e distribuir o audiovisual brasileiro. Os coordenadores desse projeto percorrem as áreas rurais de dez municípios vizinhos exibindo filmes para as populações locais. “Pensamos na possibilidade de levar entretenimento e conhecimento a pessoas que não têm acesso ao cinema ou a qualquer outro equipamento cultural”, explica José Pereira dos Santos. “Na maioria das cidades do País, não há salas de cinema, e aqui no Vale do Jequitinhonha a situação é ainda pior.”

Crochê e autoestima

A 320 quilômetros de Fortaleza, a cidade cearense de Nova Russas herdou e multiplicou uma tradição tipicamente européia: o crochê. Ocupada por descendentes de europeus há 300 anos, a cidade desenvolveu-se a partir de fazendas dedicadas à criação de gado. Durante estes três séculos, o crochê sempre esteve presente. Fazer crochê é, portanto, algo natural na cidade. É tradição as crocheteiras sentarem nas calçadas e formarem grupos para manusear suas agulhas há várias gerações. Hoje, além das crocheteiras de costume, vemos adolescentes e homens fazendo trabalhos em crochê. Esses grupos reforçam o orçamento das famílias. Contudo, grande parte dessa produção artesanal ainda é comercializada por atravessadores, que compram as peças por preços irrisórios e as revendem com grande lucro. O Projeto Saber na Ponta da Agulha foi criado com o objetivo de fortalecer a economia local, não só promovendo cursos de associativismo com vistas a formar cooperativas de produtores de crochê, como também aprofundar a identidade cultural da cidade com cursos de associativismo, gestão, design e estilismo. Proposto pela ARTCRON - Associação do Artesanato, Artista e Crochê Novarussense, fundada em 2005, o Saber na Ponta da Agulha também procura desenvolver o empreendedorismo de um modo geral, implementar a exportação das peças de crochê e, com as produções culturais, ativar o turismo e elevar a autoestima da população local.

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