Correio de Venezuela 694

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Sexta-feira 5 a Quinta-feira 11 de Maio de 2017 | Correio da Venezuela

Portugal será o 28.º país nos caminhos do Papa

Francisco discursou diante do PE e apelou a um despertar humanista numa Europa “envelhecida”, “pessimista” e sem vigor. “Chegou a hora de construir juntos a Europa que gira, não em torno da economia, mas da sacralidade da pessoa humana”, disse então o líder da Igreja Católica, dirigindo-se directamente aos eurodeputados. A registar fica o facto de o papa Francisco não ter visitado, desde o início do seu pontificado, nenhuma grande capital europeia. Poucos dias depois desta visita

a Estrasburgo, o papa iria à Turquia, onde se encontrou com o patriarca de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu I, para uma oração ecuménica em Istambul. Em 2015, Jorge Bergoglio também fez cinco viagens apostólicas que passaram por 11 países: Sri Lanka, Filipinas, Bósnia-Herzegóvina, Equador, Bolívia, Paraguai, Cuba, Estados Unidos, Quénia, Uganda e República Centro-Africana. Durante a visita às Filipinas, em Janeiro desse ano, Francisco presidiu à maior missa de sempre com a presença de cerca de seis milhões de pessoas, superando então outra celebração que tinha ocorrido em 1995 naquela cidade e que tinha reunido mais de cinco milhões de fiéis. Em setembro, a viagem papal a Cuba e aos Estados Unidos aconteceu dois meses depois destes antigos inimigos da Guerra Fria terem restabelecido relações diplomáticas ao fim de meio século de afastamento. Quando Washington e Havana anunciaram em Dezembro de 2014 a decisão de iniciar negociações para o restabelecimento de relações diplomáticas e económicas, foi também divulgado que o Vaticano e o próprio papa Francisco tinham tido uma intervenção direita no processo, nomeadamente na mediação de 18 meses de negociações secretas.

pública portuguesa foi financiada pelo “setor oficial”. São cerca de 34.000 milhões de euros em Obrigações do Tesouro detidas pelo Banco Central Europeu (BCE) e Banco de Portugal (BdP), no âmbito do programa alargado de compra de dívida (PSPP - ‘Public Sector Purchase Program - 24.600 milhões de euros), bem como do Securities Market Programme (SMP, 9.500 milhões de euros), observam o PS e BE no relatório. Somando este valor aos 68.000 milhões detidos ainda pela ‘troika’ são 102.000 milhões de euros, o que significa que 43% dos 236.400 milhões de euros de dívida pública portuguesa registados no final do ano passado eram detidos por fundos europeus, FMI, BCE e BdP. O grupo de trabalho composto por PS e BE estima também que os fundos controlados pelo setor público (como o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social ou os Fundos de Reserva da Caixa Geral de Aposentações) detinham um total de 20.400 milhões de euros da dívida direta do Estado. Além disso, os depósitos a prazo das instituições públicas junto do

IGCP somavam 5.300 milhões de euros no final de 2016. “Em resultado, estima-se que no final de 2016, dos 236.400 milhões de euros da dívida direta do Estado, cerca de 126.200 milhões de euros sejam detidos pelo setor oficial nacional ou internacional e somente cerca de 110.200 milhões de euros sejam transacionados no ‘mercado’”, referem. No relatório, os dois grupos parlamentares salientam que, desses 110.200 milhões de euros “cerca de 24.200 milhões de euros corresponde a dívida não transacionável (Certificados de Aforro e Certificados do Tesouro), detida por aforradores particulares, sobretudo residentes”, o chamado mercado de retalho. “Em suma, na realidade, excluindo a dívida detida pelo setor oficial e a dívida não transacionável detida por investidores de retalho, predominantemente residentes, concluímos que a DDE transacionada nos mercados financeiros e detida por investidores institucionais privados e públicos nacionais e internacionais não ultrapassa os 86 mil milhões de euros (46,4% do PIB de 2016)”, concluem.

AGÊNCIA LUSA

Portugal vai ser o 28.º país a ser visitado pelo papa Francisco desde que foi eleito a 13 de Março de 2013 no Vaticano e o segundo de língua portuguesa. Naquela que será a sua primeira deslocação ao território português, o papa estará em Fátima nos dias 12 e 13 de Maio por ocasião do centenário das “aparições” de 13 de Maio de 1917. Cinco meses depois de ter sucedido a Bento XVI (que renunciou ao pontificado a 28 de fevereiro de 2013), Francisco fez a sua primeira visita apostólica fora de Itália e o destino escolhido foi um país que fala português: Brasil. A assinalar a XXVIII Jornada Mundial da Juventude, o papa viajou para o Rio de Janeiro, cidade que o acolheu entre 22 e 29 de Julho de 2013. A visita à comunidade da Varginha, em Manguinhos, uma zona de uma favela pacificada, e a celebração de uma missa para três milhões de pessoas na praia de Copacabana, no encerramento das Jornadas da Juventude, foram alguns dos pontos altos desta viagem. No ano seguinte, o pontífice fez cinco deslocações ao estrangeiro. A primeira ocorreu em Maio e foi uma peregrinação à Terra Santa, por ocasião do 50.º aniversário do

encontro em Jerusalém entre o papa Paulo VI e o patriarca Atenágoras. Durante três dias (24 a 26 de Maio de 2014), Francisco passou pela Jordânia, Palestina e Israel. Entre outros momentos de Francisco, fica na memória a proposta que surpreendeu o mundo quando convidou o então presidente israelita Shimon Peres (que morreu em Setembro de 2016) e o líder palestiniano Mahmoud Abbas para uma jornada de oração pela paz no Vaticano, a oração (não agendada) que fez junto ao muro que separa a

Palestina de Israel e o encontro em que beijou a mão a sobreviventes do Holocausto. Em Agosto desse ano, o papa fez uma viagem apostólica à Coreia do Sul e marcou presença na VI Jornada da Juventude Asiática. No mês seguinte, seguiu-se uma visita de um dia a Tirana, capital da Albânia. A 25 de Novembro de 2014, o pontífice deslocou-se a Estrasburgo (França) para visitar o Parlamento Europeu (PE) e o Conselho Europeu. Vinte e seis anos depois de João Paulo II ter feito o mesmo (em 1988),

FMI

‘Troika’ ainda tem mais de um quarto dívida pública portuguesa AGÊNCIA LUSA

Os países da zona euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) detêm mais de um quarto da dívida pública portuguesa, devido aos empréstimos concedidos no resgate, o que significa que a ‘troika’ é o principal credor de Portugal. De acordo com a nota a investidores da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), do final de abril, 28% da dívida pública portuguesa era detida pelo FMI e países da zona euro, totalizando cerca de 68.000 milhões de euros. Segundo os dados mais recentes do Banco de Portugal, que dizem respeito ao período até março, a dívida pública representava 243.500 milhões de euros.

Portugal recebeu da ‘troika’ -FMI, Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (MEEF) - um total de 78.000 milhões de euros (26.000 milhões de euros de cada parte). O IGCP recorda que dos cerca de 26.000 milhões de euros emprestados pelo FMI o Estado português já reembolsou quase 14.500 milhões de euros - mais de metade do total concedido pelo fundo. Ainda de acordo com a nota aos investidores do IGCP, 48% da dívida dizia respeito a Obrigações do Tesouro, 10% a instrumentos de retalho (como Certificados de Aforro e do Tesouro) e 6% de outros instrumentos de curto prazo. O IGCP descreve também o tipo de investidor das emissões a 10 anos

feitas entre 2010 e 2017: este ano, as principais geografias dos investidores eram sobretudo o Reino Unido, Espanha e Portugal, sendo sobretudo gestores de ativos, bancos, fundos de pensões e de seguros, ‘hedge funds’ e instituições oficiais. Já em 2010, a maioria dos investidores estavam sediados em França, na Alemanha/Suíça/Áustria e em Portugal. Os gestores de ativos, os fundos de pensões e de seguros e bancos eram os principais perfis de investidores. Segundo o relatório “Sustentabilidade das Dívidas Externa e Pública”, elaborado por PS e Bloco de Esquerda (BE), e que deverá ser debatido num grupo de trabalho que a Comissão parlamentar de Orçamento e Finanças deve aprovar na próxima semana, quase metade da dívida


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