Correio da Venezuela 275

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Venezuela. 11 a 17 de Setembro de 2008.

Correio DA VenezuelA.

“Ceia dos Cardeais” Diáspora ganha folclore vem a Caracas Marco Freitas DN Madeira

Paula Henriques DN Madeira Será em breve a peça de teatro madeirense que literalmente mais longe foi. Depois dos Açores, a 20 de Setembro, 'A Ceia dos Cardeais', uma produção da Criamar - Associação de Desenvolvimento de Apoio a Crianças e Adolescentes, parte na primeira semana de Novembro para os Estados Unidos onde deverá ser apresentada à comunidade portuguesa radicada em Fall River, Massachusetts. A este destino, junta-se também em Dezembro uma digressão a Caracas, onde João Carlos Abreu, Virgílio Teixeira e José António Barros vão apresentar o trabalho, baseado na obra de Júlio Dantas, que estrearam no Funchal, no passado dia 7 de Junho. Os convites surgiram de formas diferentes. O primeiro por um grupo de emigrantes que tem trabalhado em prol da língua portuguesa na diáspora e que se encontrava de férias no Porto Santo o segundo foi uma iniciativa de Dionísio Pestana, proprietário do Hotel Pestana Caracas, onde o trabalho será apresentado, adiantou o director da Criamar e também actor João Carlos Abreu. O ex-secretário do Turismo e Cultura está satisfeito com o acolhimento que o público tem dado a esta peça. Já houve mesmo quem desafiasse a Criamar a entrar na produção de espectáculos, contou. Mas não se vê a enveredar por esse caminho, até porque, justificou, não é esse o fim da Criamar e não tem uma equipa para poder fazê-lo. João Carlos Abreu descreveu como um espectáculo saudosista de 45 minutos que " não aborre-

João Carlos Abreu, Virgílio Teixeira e José António Barros vão apresentar a 'Ceia' em Dezembro.

João Carlos abreu, Virgílio Teixeira e José anTónio barros leVam peça ainda esTe ano

ce" e " não maça" . O director da Associação acredita que a peça terá boa receptividade, por um lado pela mensagem de saudade da Madeira que leva e por outro porque é uma forma das pessoas que estão do lado de lá colaborarem com a associação madeirense. As duas viagens são uma novidade. O que mesmo assim não invalida que em muito pouco tempo tenham já 'chovido' telefonemas à procura de confirmação e informações adicionais. pRomoVeR a madeiRa

Oficialmente já sem a camisola, mas sem a despir totalmente, João Carlos Abreu vai aproveitar as viagens do trio aos Estados Unidos e à Venezuela para promover a Região. Nesta deslocação, ao contrário da ida aos Açores, Miguel Albuquerque não está incluído. Mesmo assim,

João Carlos Abreu fez questão de dizer que gostaria de contar com a presença do presidente da Câmara do Funchal. 'A Ceia dos Cardeais' passa-se no Vaticano, durante o pontificado de Benedito XIV, no século XVIII. Conta a história de três cardeais, um português, um francês e um espanhol, que se juntam à mesa e numa viagem mental ao passado aproveitam para falar dos seus amores e das suas experiências amorosas, relatos de outros tempos que ficaram. João Carlos Abreu é o Cardeal Gonzaga Virgílio Pereira, o Cardeal de Montemorency e José António Barros, o encenador, o Cardeal Rufo. 'A Ceia dos Cardeais' tem estado em digressão pela Madeira. As vendas dos bilhetes revertem para as actividades da Associação sem fins lucrativos, criada pelo grupo Pestana.

Durante 24 dias e mais de 12 actuações, o Grupo de Folclore Danças e Cantares de Portugal, Puerto La Cruz, do Estado Anzoategui esteve na Madeira, onde divulgou a particularidade, tocam e dançam três estilos de etnografia: venezuelana, madeirense e portuense. O presidente do grupo, Rui Pereira, entrou nesta vida pelos pais, naturais do Porto e apreciadores de folclore, explica que a variedade de estilos tem origem nas raízes familiares dos 58 membros que o constitui, onde apenas sete são " venezuelanos puros" . Pela primeira vez na Madeira, o grupo que adoptou o nome há cinco anos, faz questão de manter a tradição e o rigor de cada estilo de folclore. " Queremos dançar o folclore como ele é. Na Venezuela dançamos o folclore mais rápido. Aqui é mais lento. Aprendemos muito até agora. Já percebemos que temos de corrigir muita coisa na maneira como dançamos" . RigoR pela tRadição

Questionado se as diferenças entre estes três estilos de folclore são significativas, Rui Pereira confirma essa situação. " Há muitas diferenças. Aqui a essência do folclore é respeitada, as pessoas bailam pausadamente. Na Venezuela bailamos mais rápido. É uma das coisas que estamos a aprender nesta viagem, sobretudo com o grupo da Camacha que nos está a ensinar muitas coisas" . Este rigor no respeito pela tradição origina um problema. " É difícil conseguir informação, instrumentos e trajes de cada local. É complicado arranjar os trajes de Portugal na Venezuela. Não há dólares para isso. Acabamos por comprar no mercado negro e são muito caros" , explicou. Apesar dos vários estilos de folclore,

o que mais sucesso fez durante esta estadia foi o da Venezuela. " Penso tem várias vantagens: É mais alegre, com mais ritmo e cativa as pessoas" .

Visita muito caRa

Para a estadia na Região o grupo, teve de juntar 300 milhões de bolívares - 100 mil euros. Uma verba conseguida directamente do bolso de cada membro e sem qualquer tipo de ajuda. " Não temos o apoio do governo venezuelano porque somos um Grupo de Folclore de Danças e Cantares Portugueses, mas também não temos o apoio do governo português porque somos um grupo venezuelano" . As limitações financeiras do grupo, marcam o dia-a-dia dos membros. Porque quando é necessário adquirir trajes ou instrumentos, compete a cada elemento disponibilizar a verba necessária. elogios VáRios

Sobre a estadia Rui Pereira só tem elogios, mas há um especial. " A professora Elsa Sá, da Casa do Povo da Camacha foi excelente. Recebeu-nos bem, fomos bem tratados. Nalguns casos melhor do que se estivéssemos em casa" . Já espectáculo que mais agradou ao grupo decorreu no jardim municipal com a organização do consolado venezuelano na Região. " Tinha muita gente a assistir. Actuamos durante mais de três horas, onde tocamos e dançamos folclore venezuelano, português e madeirense" . Convidado a comentar o que correu menos bem, o presidente do grupo de folclore apontou a falta de tempo nas actuações. " Não gostamos de actuar só 30 minutos, porque assim não demonstramos todo o nosso folclore" . E o maior lamento foi para o facto de não terem adiado a passagem para a Venezuela, de forma a participarem no Festival de Folclore da Ponta do Sol.

Pela primeira vez na Madeira, o grupo fez questão de manter a tradição e o rigor de cada estilo de folclore


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