Correio da Venezuela 275

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22 Opinião.

Correio da VeNezuela.

11 a 17 de Setembro de 2008.

Jamais desistamos

Q

uais as características que mais ressaltam da passagem para uma etapa superior do desenvolvimento do indivíduo? Um aspecto que vai aumentando à medida que a pessoa evolui é o da compreensão. Tomando um exemplo simples, compreendemos que dois mais dois são quatro e que cinco mais cinco são dez. Se nos perguntassem como nos damos conta disso, diríamos que é óbvio, que não precisamos de demonstração. No entanto, estamos a esquecer que houve uma etapa da nossa vida, quando éramos muito pequenos, que esses resultados não nos pareciam tão óbvios e nem sequer entendíamos o que era a soma e muito menos uma multiplicação e uma divisão. Da mesma forma, uma pessoa que evoluiu contempla com compreensão a conduta das outras pessoas que se encontram numa etapa inferior, dando-se de conta de que agem da maneira que o fazem porque não podem fazê-lo de outra maneira. Ou seja, o seu comportamento é " óbvio" , tendo em conta a etapa de desenvolvimento em que se encontram. Por isso costuma dizer-se que compreen-

Antonio López Villegas altatribuna@ yahoo.com

“Há pessoas que se levantam cedo para trabalhar e outros que se dedicam à delinquência”

der é perdoar, porque se compreendemos que determinada pessoa age da única maneira que lhe é possível, não devemos sentir ira ou ressentimento, ainda que o seu comportamento não seja o que desejaríamos. Neste sentido, considero uma obrigação daqueles que evoluíram ajudar a compreender aqueles que ainda não puderam fazê-lo. Sei por experiência própria que não é fácil explicar a essas pessoas o que salta à vista. É um erro deixar de tentar, mas não nos resta outro caminho. Enganamo-nos quando nos convencemos de que jamais entenderão, quando desistimos e renunciamos a seguir em frente. O erro maior que cometemos é quando, por medo de nos enganarmos, deixamos de nos arriscar na viagem até aos nossos objectivos. E um dos nossos objectivos é tirar das trevas um bom número de venezuelanos que ainda não despertaram para as realidades que nos caem em cima se não nos juntamos hoje todos numa campanha constante contra o que sabemos que não funcionará de maneira nenhuma. Amanhã poderá ser tarde, porque jamais poderemos ser iguais uns aos outros. Há pessoas que se levantam

cedo para trabalhar e outros que se dedicam à delinquência; uns acreditam no estudo, outros não estudam; uns esforçam-se por crescer e outros não o fazem. Enfim, cada pessoa é diferente porque pensa de forma diferente e assim haverá de ser sempre. Assim, a pretensão de nos igualar e uniformizar num comunismo jamais poderá instalarse na mente dos venezuelanos porque sabemos que é uma ilusão e isso ficou demonstrado na história. Acho que chegámos a um ponto muito perigoso de não retorno e sei que é um trabalho titânico convencer um grupo significativo de venezuelanos que ainda acreditam que " a lua é pão de forno porque é redonda" . Devemos continuar a tentar salvar a Venezuela de cair nas garras deste sistema político e para isso é necessário torná-lo mais sério. Não fiquemos paralisados, ensaiemos diferentes caminhos para alcançar o objectivo, que os nossos filhos não reclamem depois da nossa apatia. A liberdade não se negoceia e no final do caminho recebermos a gratidão até daqueles que até agora apoiaram essa loucura que jamais havíamos visto nesta " terra de graça" .

Comparações entre a Venezuela e Portugal ( II)

N

a passada edição, eu escrevi sobre a Venezuela e Portugal e muitas das minhas análises mostravam uma comparação crítica sobre as duas nações. Para muitos foram críticas fortes que se encontravam fora do senso comum. Mas eu penso que foram apenas uma breve reflexão sobre o que estamos a viver e como estamos sendo vistos lá de fora. Se um país é governado pelos piores filhos que a Pátria gerou, não podemos ter outros resultados que não o fracasso. Nunca dará frutos. Na vida, há gente que nasceu para governar, e outros para ser governados. Para se viver como ricos há que trabalhar, os fortes pelos pobres, assim como se faz na Europa. Assim deveríamos fazer aqui. É uma situação de desassossego. Amamos as duas nações. Aquela em que nascemos e a que nos recebeu

Armindo Teixeira Baeta

“Queremos

ter o melhor das duas terras ao mesmo tempo”

de braços abertos e nos deu a oportunidade de ressurgir espiritual e economicamente. Mais do 70% dos imigrantes casaram com venezuelanas e têm formado suas famílias nesta terra quente. O resultado da irmandade podemos observa-la nos matrimónios entre luso-descendentes. Temo-nos integrado em nações, porque queremos estar lá e cá todo o tempo. Queremos ter o melhor das duas terras ao mesmo tempo. Dou uma salva de palmas pela boa gerência. Em Portugal conseguem-se muitas coisas que aqui não são possível, pelo menos por enquanto. Por exemplo, vivendas para todos os gostos, muito económicas e com muitas facilidades de pagamento. As vias rápidas não apresentam engarrafamentos, acompanhados de longos atrasos e desordem. Contudo, apesar dos problemas que nesta terra tropical passamos

todos os dias da nossa vida, este é o melhor lugar onde chegámos. Convido todos meus colegas para que visitem sua terra natal, não custa tanto como muitos pensam. Cada dia que está a passar é um dia menos que deixamos de valorizar as melhores coisas da vida. Não podemos deixar-nos levar pelo poder do dinheiro. Isso é algo vazio, que ajuda em muitos momentos, mas não dá a felicidade total como o amor dá. As 13 semanas que passei na Madeira foram suficientes para ter em conta o muito que se têm por lá, e o mau que são os governantes daqui, em vez de avançar cada vez voltamos para trás e não podemos fazer nada por contrariar esta situação. Muitos são os livros que li, más nenhum tem mostrado a realidade, a que nós vivemos todos os dias e à que estamos costumados.

Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Erika Correia Rodríguez Jornalistas: Jean Carlos de Abreu, Tomás Ramírez, António da Silva, Rebeca Fandiño, Magnalis Tavares, Anaís Castrellón, Andreína de Abreu Correspondentes: Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Edgar Barreto (Punto Fijo) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Valéria Costa (Margarita) Francisco Figuera (Valencia) Silvia K Gonçalves (Guayana) Colaborações: Raúl Caires (Madeira) António de Abreu, Arelys Gonçalves Antonio López Villegas, Luís Barreira, Álvaro Dias, Luis Jorge Sandra Rodríguez, Ysabel Velásquez Gerente Executivo Aurelio Antunes Publicidade e Marketing: Carla Vieira Ventas Ricardo de León Preparação Gráfica: DN-Madeira Produção: María Alexandra Monteverde C. Fotografia Leo Merchán Administradora de conteúdos Web Juliet Linarez Distribuição: Juan Fernández e Enrique Figueroa Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela Endereço: Av. Principal Las Mercedes. Edif. Centro Vectorial (Banco Plaza). Pent House, Urb. Las Mercedes, Baruta Caracas (Ao lado de CONAVI). Telefones: (0212) 9932026 / 9571 Telefax: (0212) 9916448 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodevenezuela.com Tiragem deste número: 15.000 exemplares Fontes de Informação: Agência de Notícias Lusa, Diário de Notícias, Diário de Notícias da Madeira, Ilhapress, Portuguese News Network e intercâmbio com publicações em língua portuguesa, de diferentes partes do Mundo.


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