Revista Abranet . edição 37 . fevereiro/março/abril 2022

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ano X . edição 37 . fev/mar/abr 2022

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editorial Eduardo Neger Presidente da Abranet

A demanda por internet... cada vez aumenta mais O ano de 2022 promete trazer muitas transformações para o nosso segmento. E a primeira edição deste ano da Revista Abranet não poderia estar mais antenada com isso. O que está por vir? Fale-se mais do que nunca em metaverso, NFTs e Web 3.0 como mudanças efetivas em curso. A verdade, como nos mostra a matéria de capa, é que a internet está em constante evolução e a cada dia surgem novas aplicações e modos de uso. Independentemente de quais sejam as inovações – e se elas vão vingar ou não –, há uma demanda crescente por alta capacidade e alta qualidade de banda larga. E aqui estamos nós, prestadoras de serviços de telecom e de internet, trabalhando dia a dia para atender a esse público em todo o Brasil. O consumidor está mais exigente, agora que descobriu que pode ter muita coisa em seu trabalho e em sua residência, e quer cada vez mais capacidade, sem perder a qualidade. Nosso papel é nos aperfeiçoarmos para fidelizar os clientes e atender a essa demanda. Mas temos sempre de lembrar que a internet não é só infraestrutura. Como diz o diretor-presidente do NIC. br, Demi Getschko, é preciso manter a internet íntegra. Um dos gurus da internet brasileira, Getschko registra: “Existe a internet, que espero que continue íntegra, e tem a construção sobre a internet, que não é a internet. Por exemplo: você tem eletricidade e pode construir uma cadeira elétrica. O mau uso não é culpa da eletricidade. Isso vale para a internet.” Encontrar alternativas ao tradicional também faz parte do nosso trabalho. Com a escassez e o alto custo de recursos, a busca por novas formas de atuar é imperiosa. A substituição da energia elétrica convencional da rede das concessionárias pela autogeração através da energia solar fotovoltaica tem sido feita por empresas de diferentes atividades e tamanhos, inclusive prestadoras

de serviços de telecomunicações, como é o caso da Um Telecom, associada à Abranet, que conta como e porque instalou uma usina fotovoltaica com capacidade de 1,215 milhão de megawatt-hora/ano. Passamos dois anos muito duros, mas a vacinação em massa nos permite voltar a pensar numa rotina com mais esperança, ainda que a guerra na Ucrânia nos traga tristeza e incertezas. As expectativas de expansão do mercado brasileiro de TIC são as maiores dos últimos oito anos, mesmo diante de um cenário de crescimento econômico moderado na América Latina e em um período de eleições no Brasil. Tudo por conta da adoção de novas tendências, como o uso maior dos dados para impulsionar os negócios, colocando analytics, inteligência artificial, machine learning e data management na pauta prioritária de quase metade das empresas nacionais. Que as boas previsões se confirmem e venham novos negócios. Busca-se também uma saída para um dos temas mais conflitantes dos últimos tempos na área – o uso dos postes –, com a participação da Aneel, a agência reguladora de energia, e a Anatel, de telecomunicações, a partir de uma nova consulta pública. Nós, da Abranet, acreditamos na possibilidade de acordos. E apresentamos nesta edição um movimento que lideramos em Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo. É possível, sim, sentar e fazer algo em comum; basta estarmos dispostos. Boa leitura! abranet.org.br fevereiro / março / abril 2022

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índice 05 | opinião A nuvem e a escassez de insumos na cadeia de suprimentos Por Leandro Lopes Diretor de Engenharia de Sistemas da Nutanix para AL

06 | abranet responde O que muda no Simples Nacional com o Relp? A adesão ao novo programa de renegociação de dívidas com a União deverá ser efetuada até 29.04.2022, data em que também deverá ser feito o pagamento da primeira parcela.

Conselho Editorial Eduardo Neger neger@abranet.org.br

Eduardo Parajo

parajo@abranet.org.br

Gerência Executiva Roseli Ruiz Vazquez gerente@abranet.org.br

08 | capa

Metaverso, NFTs, Web 3.0...

o que está por vir na internet? Seja qual for a evolução das tecnologias, as demandas por capacidade e qualidade de conexão e de serviços só aumentam. Entender as tendências é essencial para as prestadoras de serviços de telecomunicações se prepararem para o futuro.

Projeto, Produção e Edição

Editora Convergência Digital editora@convergenciadigital.com.br Tel: 011-3045-3481

Direção Editorial / Editora-chefe

Ana Paula Lobo

analobo@convergenciadigital.com.br Edição

Bia Alvim

14 | esg Energia solar vive expansão e chega às empresas de internet e telecom. A adoção da energia fotovoltaica como substituição parcial ou total da energia elétrica convencional tem sido prática de empresas de diferentes atividades e tamanhos, inclusive prestadoras de serviços de telecomunicações.

bia.alvim@pebcomunicacao.com Reportagem / Redação

Roberta Prescott

prescottroberta@gmail.com

Luis Osvaldo Grossmann ruivo@convergenciadigital.com.br

18 | tecnologia Um novo padrão para o Wi-Fi. A versão 7 está em discussão e irá possibilitar novas aplicações, maiores velocidades e menores latências, mas a adoção do Wi-Fi 6 ainda está longe de ser disseminada.

Edição de Arte e Diagramação

Pedro Costa

pedro@convergenciadigital.com.br

22 | tendências Muito além da transformação digital. As tendências para 2022 incluem avanços em datacenters, redes 5G, explosão de dados móveis e inteligência artificial.

26 | Infraestrutura Uso de postes ainda está em debate. Aneel e Anatel buscam solucionar a questão do uso de postes do setor elétrico pelas grandes e pequenas prestadoras de serviços de telecomunicações. Prazo para enviar contribuições à consulta pública foi prorrogado até 18 de abril.

28 | CONEXÃO Novas regras para as fintechs podem se tornar barreiras. Moedas digitais não vão substituir o dinheiro. Wi-Fi 6E chega ao Brasil. Numeração para SCM vai ter de esperar. Open Banking não decola. LACNIC e a RedCLARA: rede de blockchain. Pesquisa mostra acesso desigual à internet no Brasil.

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opinião Leandro Lopes Diretor de Engenharia de Sistemas da Nutanix para AL

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A nuvem e a escassez de insumos na cadeia de suprimentos A escassez global de insumos e semicondutores da cadeia de suprimentos está impactando várias indústrias (automobilismo, manufatura, tecnologia da informação etc.). Com relação à TI, afeta tanto a disponibilidade quanto o preço dos equipamentos. Desde o início da pandemia, há uma forte demanda reprimida das empresas por semicondutores e elementos necessários para a infraestrutura de TI. É muito provável que essa escassez não seja resolvida neste ano, uma vez que o processo de extração de silício é mais lento do que gostaríamos, com consequente atraso na produção de chips. Então vale pensar em alternativas e analisar melhor os recursos da nuvem, rumo à Transformação Digital. Ainda vemos CIOs encontrando obstáculos ao buscar a transição de sua infraestrutura de TI, temporária ou de longo prazo, para a nuvem. Por exemplo, exigir que as aplicações, incluindo as mais críticas aos negócios, funcionem em nuvem pública quando não foram construídas para essa finalidade requer um processo caro e demorado de refactoring (alterar o software sem mudar o seu comportamento externo, melhorando sua infraestrutura). Muitas vezes isso é tão complicado que simplesmente não é uma opção para muitos e, definitivamente, não é uma solução rápida. As operações também costumam ser interrompidas ao passar de um datacenter local para a nuvem pública, pois os dois exigem diferentes conjuntos de ações para gerenciar, bem como diferentes políticas de segurança, proteção de dados e governança. Isso deixa os líderes de TI com alternativas limitadas para gerenciar os problemas de supply chain. A plataforma híbrida multicloud é uma forma de ajudar. 1. Flexibilidade e agilidade O sistema híbrido multicloud permite uma mobilidade de aplicação eficaz entre as instalações e as diferentes nuvens

Divulgação

públicas, sem fazer nenhuma alteração na aplicação. A flexibilidade da multicloud híbrida proporciona acesso a recursos elásticos sob demanda para impulsionar a escala e a agilidade de custos conforme necessário. Custos e operações simplificados com um plano de gerenciamento unificado garantem flexibilidade na escolha da nuvem certa para cada carga de trabalho, sem custos adicionais operacionais e técnicos. 2. Capacidade de expansão De acordo com a ESG (Environmental, Social and Corporate Governance), as empresas podem ter uma implantação de infraestrutura na nuvem até 97% mais rápida no primeiro dia que no modelo on premises. Um benefício importante para multicloud híbrida é a possibilidade de escalar rapidamente, mas é preciso escolher a nuvem certa para cada carga de trabalho, incluindo a opção de movê-la de volta. Essa abordagem dá às organizações a oportunidade de descobrir qual capacidade é necessária sem o processo dispendioso e demorado de desligar os serviços e migrá-los manualmente. 3. Agilizar as operações Algumas das principais vantagens da multicloud híbrida são a continuidade dos negócios, a proteção de dados e o desempenho entre nuvens públicas e datacenter local. Essa consistência e operações simplificadas em diferentes locais minimizam o trabalho necessário para começar a operar e, ao mesmo tempo, garantem a eficiência e reduzem os riscos. Um plano de gerenciamento unificado pode fornecer a mesma infraestrutura e carga de trabalho em qualquer lugar. Uma plataforma única de gerenciamento também elimina a necessidade de equipes distintas para gerenciar cada ambiente ou a requalificação de equipes, simplificando a mobilidade de aplicações entre nuvens.

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abranet responde Tem uma dúvida? Quer que um especialista da Associação Brasileira de Internet responda? Escreva para o Abranet Responde. O e-mail é abranetresponde@abranet.org.br

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O que muda no Simples Nacional com o Relp? A adesão ao novo programa de renegociação de dívidas com a União deverá ser efetuada até 29.04.2022, data em que também deverá ser feito o pagamento da primeira parcela. A Lei Complementar nº 193, que institui o Programa de Reescalonamento do Pagamento de Débitos no Âmbito do Simples Nacional (Relp), permite a renegociação de dívidas com a União para empresas de micro e pequeno porte e MEIs - Microempreendedores Individuais. De acordo com o Sebrae, pelo menos 437 mil empresas aderentes ao regime serão beneficiadas. A adesão ao Relp deverá ser efetuada até 29.04.2022 e solicitada ao órgão responsável pela administração da dívida. O deferimento do pedido de adesão fica condicionado ao pagamento da primeira parcela, também até 29.04.2022. “Como grande parte dos programas de parcelamentos de débitos, este também é bastante interessante, mas é importante que as empresas se planejem para a adesão, fazendo um levantamento de todos os débitos existentes e tendo previsão no orçamento para honrar o pagamento”, avalia Welinton Mota, diretor tributário da Confirp Consultoria Contábil.

Como funciona o Relp

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Débitos que podem ser incluídos

Poderão ser pagos ou parcelados no âmbito do Relp os débitos apurados na forma do Simples Nacional, desde que vencidos até 28.02.2022. Também poderão ser liquidados no Relp os seguintes débitos: a) parcelamento do Simples Nacional em até 60 vezes (parágrafos 15 a 24 do art. 21 da LC nº 123/2006) b) parcelamento do Simples Nacional em até 120 vezes (art. 9º da LC nº 155/2016) c) parcelamento Pert-SN em até 180 vezes (art. 1º da LC nº 162/2018)

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Para fins da inclusão dos parcelamentos citados nas letras “a” a “c”, o pedido de parcelamento implicará a desistência definitiva de parcelamento anterior, sem restabelecimento dos parcelamentos rescindidos caso não seja efetuado o pagamento da 1ª prestação. O parcelamento abrange débitos constituídos ou não, parcelados ou não e inscritos ou não em dívida ativa do respectivo ente federativo, mesmo em fase de execução fiscal já ajuizada.

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Modalidades de pagamento

As modalidades de pagamento estão vinculadas ao


percentual de redução do faturamento de março a dezembro/2020, comparado a março a dezembro/2019, ou inatividade da empresa. A pessoa jurídica deverá pagar: uma entrada em até 8 parcelas e o saldo remanescente em até 180 parcelas (totalizando 188 parcelas, ou 15 anos e meio). É importante reforçar que no tocante aos débitos de INSS (patronal e empregados), a quantidade máxima será de 60 parcelas mensais e sucessivas (art. 5º, § 6º).

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sALDO REMANESCENTE

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O saldo remanescente (após o pagamento da entrada em 8 parcelas) poderá ser parcelado em até 180 parcelas mensais e sucessivas, vencíveis a partir de maio/2022, calculadas de modo a observar os seguintes percentuais mínimos, aplicados sobre o saldo da dívida consolidada: da 1ª à 12ª prestação: 0,4% da 13ª à 24ª prestação: 0,5% da 25ª à 36ª prestação: 0,6% e da 37ª prestação em diante: percentual correspondente ao saldo remanescente da dívida consolidada com reduções, em até 144 prestações mensais e sucessivas (Simples Nacional) e 16 parcelas para INSS (patronal e empregados)

Observado o devido processo administrativo, implicará exclusão do aderente ao Relp e a exigibilidade imediata da totalidade do débito confessado e ainda não pago: a) a falta de pagamento de 3 parcelas consecutivas ou de 6 alternadas b) a falta de pagamento de 1 parcela, se todas as demais estiverem pagas c) a constatação, pelo órgão que administra o débito, de qualquer ato tendente ao esvaziamento patrimonial do devedor como forma de fraudar o cumprimento do parcelamento d) a decretação de falência ou a extinção, pela liquidação, da pessoa jurídica aderente e) a concessão de medida cautelar fiscal em desfavor do aderente (Lei nº 8.397/1992) f) a declaração de inaptidão da inscrição no CNPJ (arts. 80 e 81 da Lei nº 9.430/1996) ou g) a inobservância do dever de pagar regularmente as parcelas do Relp e do FGTS por 3 meses consecutivos ou por 6 meses alternados

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b)

c)

aTUALIZAÇÃO DAS PARCELAS

O valor de cada parcela mensal será acrescido de juros Selic, acumulado mensalmente, calculados a partir do mês subsequente ao da consolidação até o mês anterior ao do pagamento, e de 1% relativamente ao mês em que o pagamento for efetuado.

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Débitos em discussão administrativa ou judicial - desistência de processos

Para incluir débitos em discussão administrativa ou judicial, o devedor deverá desistir previamente das impugnações ou dos recursos administrativos e das ações judiciais, bem como renunciar a quaisquer alegações de direito (art. 6º).

rESCISÃO

d) e)

eFEITOS DA ADESÃO

A adesão ao Relp implica (art. 3º, § 2º): a confissão irrevogável e irretratável dos débitos em nome do devedor, na condição de contribuinte ou responsável, e por ele indicados a aceitação plena e irretratável pelo devedor, na condição de contribuinte ou responsável, das condições do Relp estabelecidas na Lei Complementar nº 193/2022 o dever de pagar regularmente as parcelas dos débitos consolidados no Relp e os débitos que venham a vencer a partir da data de adesão ao Relp, inscritos ou não em dívida ativa o cumprimento regular das obrigações para com o FGTS e durante o prazo de 188 meses, contado do mês de adesão ao Relp, a vedação da inclusão dos débitos vencidos ou que vierem a vencer nesse prazo em quaisquer outras modalidades de parcelamento, incluindo redução dos valores do principal, das multas, dos juros e dos encargos legais, com exceção do parcelamento em 36 vezes de empresa em recuperação judicial (inciso II do art. 71 da Lei nº 11.101/2005)

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Roberta Prescott

Metaverso, NFTs, Web 3.0...

o que está por vir na internet? Seja qual for a evolução das tecnologias, as demandas por capacidade e qualidade de conexão e de serviços só aumentam. Entender as tendências é essencial para as prestadoras de serviços de telecomunicações se prepararem para o futuro. Metaverso, NFTs, Web 3.0... a internet segue em constante evolução e a cada dia surgem novas aplicações e modos de uso. Independentemente de quais sejam as inovações em curso, em comum, há a crescente demanda por muita capacidade e qualidade de banda larga, tanto fixa quanto móvel. Para além do que essas tendências significarão para as prestadoras, é preciso entender que o consumo de internet só tende a aumentar. “As empresas de internet estão, atualmente, trabalhando para oferecer conectividade e não explorando o metaverso, por exemplo. Atender à demanda é crucial em um primeiro momento”, diz o diretor de inovação e startups da Abranet, Telmo Teramoto. Para ele, metaverso é uma nova tendência, mas ainda não está muito claro até que ponto será adotada e quão rápido isso se dará. “Já tivemos o Second Life, mas não tinha Facebook com a forma que temos hoje. As prestadoras de serviços vão ter de atender à demanda por capacidade de internet. Quanto mais o meta-

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“Quanto mais as pessoas se habituam com altas capacidades, mais vão demandar. E, quanto mais aumenta nos centros urbanos, a tendência é aumentar também em áreas mais remotas.” Telmo Teramoto Diretor de inovação e startups da Abranet

verso estiver preponderante na sociedade, maior será a demanda, e é preciso estar preparado”, completa. Além de metaverso, NFTs e Web 3.0, Teramoto destaca o blockchain como uma tecnologia que vem ganhando espaço e será cada vez mais relevante, porque permite não só rastreabilidade, como também automação a partir de, por exemplo, contratos inteligentes. “NFTs e blockchain são parecidos com o que era a internet nos anos 1990, em termos de estágio de adoção. Blockchain é para ser jogado em time; tem de construir uma rede com players que queiram trabalhar em conjunto”, destaca. O desafio para as prestadoras de serviços de internet, diz, é conseguir entregar banda, uma vez que o usuário comum está mais familiarizado e dependente de alta capacidade de internet. “Quanto mais as pessoas se habituam com altas capacidades, mais vão demandar. E, quanto mais aumenta nos centros urbanos, a tendência é aumentar também em áreas mais remotas. As prestadoras de serviços de internet têm de ficar atentas às novas tecnologias e às tendências para atender bem e ter um planejamento de desenvolvimento”, sinaliza Teramoto. Paulo Melo, gerente sênior de novos negócios no Sidia Instituto de Ciência e Tecnologia, centro de pesquisa, desenvolvimento e inovação sediado em Manaus (AM), acrescenta que metaverso, NFTs e Web 3.0 vão demandar não apenas muita qualidade de banda larga, mas também estabilidade. “Vamos, cada vez mais, exigir uma internet mais imersiva, que vai nos levar para ambientes, para uma realidade paralela, que hoje não conseguimos nem similar”, diz. O metaverso desafia o conceito da descentralização e deve provocar profundas mudanças, alertou o professor Gil Giardelli, especialista em cultura digital, ao participar recentemente de um evento. “As

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tecnologias que propiciam o metaverso estão praticamente prontas. Quem não está pronta é a sociedade”, adverte, chamando a atenção para a dicotomia existente entre a formação das pessoas e as demandas. “Nem todo emprego cabe no século 21”, diz. Mesmo que as tecnologias necessárias estejam disponíveis e que haja conexão à internet boa o suficiente para suportar, o metaverso ainda está em processo inicial de adoção. Questionado se haverá um dono do metaverso ou concentração, o especialista disse acreditar que não – e explicou que com blockchain fica difícil ter um dono. “A colaboração nunca foi tão importante.” Internet íntegra À parte as tendências, Demi Getschko, diretor-presidente do NIC.br, prega que se mantenha a internet íntegra. “Existe a internet, que espero que continue íntegra, e tem a construção sobre a internet, que não é a internet.

Por exemplo: você tem eletricidade e pode construir uma cadeira elétrica. O mau uso não é culpa da eletricidade. O mesmo vale para a internet”, detalha, defendendo que não se regule a internet, mas que se puna quem fizer algo nocivo. “Se não separar isso, vai acabar quebrando a internet em diversos pedaços, porque quebra o ambiente”, diz. Seja qual for o caminho, ele faz um alerta: ainda que seja preciso ter mecanismos para proteger os usuários desprovidos de discernimento e crítica para não receber coisas que não possa digerir, é necessário preservar a neutralidade de rede. “Defendemos que a rede tem de ser neutra e ninguém pode impedir ninguém de acessar. Mas, se eu cometo algo ilegal, tenho de ser punido. Não se pode violar as leis nacionais, mas a solução não é impedir. O certo é que cada indivíduo seja responsável pelos seus atos e tenha a chance de errar; querer impedir o erro tornando-o impossível não melhora a situação moral de ninguém”, aponta.

“Vamos cada vez mais exigir uma internet mais imersiva, que vai nos levar para ambientes, para uma realidade paralela que hoje não conseguimos nem similar.” Paulo Melo Gerente sênior de novos negócios no Sidia Instituto de Ciência e Tecnologia

Web 3.0 marca a volta da descentralização Tim Berners-Lee, o inventor da world wide web, está colocando em curso esforços para retornar a web ao que ela era originalmente. Em entrevistas, ele propaga a ideia de soberania dos dados, ou seja, que os usuários tenham poder sobre seus próprios dados. Isso significa recuperar o controle das informações pessoais que são entregues às grandes empresas, no que ele chama de uma coleta invasiva de dados por governos e corporações. Na descrição de Berners-Lee, o cenário atual está dominado por alguns gigantes da tecnologia, prosperando em um sistema de “capitalismo de vigilância”, no qual dados pessoais extraídos e colhidos por gigantes online são usados para direcionar anúncios. Seria, portanto, um

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esforço de recuperar a web, voltando-a para sua essência, e liberá-la da excessiva concentração – ainda que venha a ter alguma concentração, até porque significa conforto para o usuário encontrar tudo em um lugar só. Demi Getschko, diretor-presidente do NIC.br, avalia


que a Web 3.0 significa justamente a web voltar a ser descentralizada, com maior disseminação de conteúdo por toda rede, porém, ele teme que isso esteja virando algo mais financeiro. “A web é uma teia de sítios, usando hipertextos, para andar de um para outro. Essa era ideia original, mas acabou calcificando em grandes portais”, explica. “Eu gostaria de ver a web recuperando a ideia original”, diz. “Certamente queremos preservar a internet. Ainda confio muito na comunidade internet, que sempre se defendeu contra ideias não saudáveis”, acrescenta. Para o diretor de inovação e startups da Abranet, Telmo Teramoto, o caminho da Web 3.0 passa pela descentrali-

zação do uso da internet e das aplicações. “É um jogo de mais times e de mais players, mas as grandes empresas não estão querendo perder o controle”, pondera. Com uma visão mais holística, Paulo Melo, do Sidia Instituto de Ciência e Tecnologia, defende que a Web 3.0 é o local onde as novas tendências, como metaverso e NFTs, estarão presentes. “É diferente do que temos hoje, que é 2.0. Na 3.0, é o mundo virtual conectado ao mundo real. É um nível acima de sofisticação e até os elementos virtuais estarão conectados. Você pode ter em um ambiente 3.0 um espaço em metaverso em que você compra NFT e compra com criptomoeda”, explica.

“As tecnologias que propiciam o metaverso estão praticamente prontas. Quem não está pronta é a sociedade.” Gil Giardelli Professor e especialista em cultura digital

Está havendo uma releitura do Second Life? Em meados dos anos 2000, o mundo virtual Second Life despontou, chamando a atenção não apenas de usuários individuais, mas também de empresas, que desenvolveram uma série de estratégias de negócios para atuarem na plataforma. Era possível socializar com amigos, passear em diversos ambientes, comprar terrenos virtuais, ir a shows, promover desfiles de modas e ser artista, político ou professor. Foi uma febre, mas não durou – talvez por uma questão de timing. “O Second Life foi lançado na época errada. Faltavam tecnologias. Hoje, você olha o Minecraft metaverso e vê que é uma versão repaginada do Second Life, mas tem muito mais elementos, como fake double, IA, machine learning, [os geradores de rostos que não existem] ‘This Person Does Not Exist’”, diz Omarson Costa, consultor e conselheiro de empresas. Até mesmo o criador do Second Life, Philip Rosedale, já levantou dúvidas sobre os planos do Facebook de criar seu próprio metaverso. Em entrevista ao portal de notícias norte-americano Axios, ele alertou que isso é algo que precisa ser minuciosamente estudado para que não haja

consequências indesejadas. Contudo, o metaverso é – ou deveria ser – mais que algo apenas do Facebook. O Gartner define metaverso como um espaço virtual compartilhado e coletivo, criado pela convergência da realidade física e digital virtualmente aprimorada. É persistente, proporcionando experiências imersivas melhores, bem como independente de e acessível por qualquer tipo de dispositivo, de tablets a monitores montados na cabeça. O Gartner enfatiza que nenhum fornecedor será o proprietário do metaverso e por isso espera que ele tenha uma economia virtual habilitada por moedas digitais e tokens nãofungíveis (NFTs), ou não-substituíveis. A consultoria alerta abranet.org.br fevereiro / março / abril 2022

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que o metaverso impactará todos os negócios com os quais os consumidores interagem todos os dias e estima que, até 2026, 25% das pessoas passarão pelo menos uma hora por dia no metaverso para trabalho, compras, educação, interação social e/ou entretenimento; e 30% das organizações do mundo terão produtos e serviços prontos para o metaverso. Paulo Melo, do Sidia Instituto de Ciência e Tecnologia, explica que o ambiente virtual do metaverso espera que você tenha vida paralela. Ele reconhece as similaridades com o Second Life, mas pontua que de lá para cá a tecnologia evoluiu muito, principalmente, a conexão à internet e a capacidade de processamento. “O momento atual é muito mais propício de o metaverso dar certo do que foi com o Second Life, até porque o Second Life era uma empresa e metaverso não é”, analisa. Para ele, uma lição que ficou do Second Life foi a descentralização como parte essencial. “Para uma tecnologia dar certo, ela precisa ser distribuída, com mais gente sendo envolvida e criando uma comunidade de desenvolvedores para aquilo que está sendo proposto”, sinaliza. André Miceli, coordenador do MBA em marketing e inteligência de negócios digitais da FGV, vai na mesma linha de Melo e acredita no potencial do metaverso. “O Second Life foi na época errada; não vejo o metaverso fracassar. Pode ser que não seja na velocidade que autores e empresas estão propagando, mas estamos em uma fase mais madura que vai trazer um ambiente de negócios diferente”, justifica. Miceli argumenta que o ambiente atual é outro e as tecnologias estão mais evoluídas. A experiência, assim, é mais rica e ficará ainda mais com o incremento da banda larga, principalmente, com a entrada do 5G. “Temos uma performance melhor e maiores velocidade e estabilidade de rede, que resultam em melhor experiência de uso”, diz. Do lado do usuário, assim como destaca o consultor Omarson Costa sobre o Minecraft, o acadêmico aponta que

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o metaverso pode revolucionar jogos virtuais, como Roblox e Fortnite, e encontra ambiente propício para isso, uma vez que o grupo de usuários é muito grande, e são jovens ávidos por tecnologia. “Essas plataformas já têm comercialização de roupas e realização de eventos ao vivo reunindo milhares de pessoas, mas só quem tinha o jogo poderia participar. Assim, o jogo se torna alvo dos patrocinadores”, diz Miceli. São oportunidades de negócios. Para Rafael Marenco Barella, advogado associado na área de tecnologia e inovação do Cescon Barrieu Advogados, a digitalização dos relacionamentos e a (talvez animadora) perspectiva de fazer negócios em um ambiente totalmente digital, além do aspecto do metaverso de oferecer um ambiente sem distâncias e sem fronteiras, são pontos que chamam a atenção no que se refere à realização de negócios na plataforma. “É a chance de atrair e transacionar com alguém que a empresa não conseguiria atingir fora dele. O pioneirismo pode ser a chave para associar o nome da empresa com o metaverso.” A orientação é saber com quem você está transacionando, uma vez que essa iniciativa não escapa dos riscos, sendo os principais os relacionados a fraudes, à idoneidade e à proteção de dados pessoais. “Aqueles que optarem por procurar o metaverso para expandir os horizontes dos negócios devem estar atentos às regras de proteção de dados aplicáveis. No Brasil, isso significa respeito e aderência à LGPD, que estabelece os limites e propósitos da coleta e tratamento dos dados pessoais de consumidores e usuários”, aponta Barella. Miceli acrescenta que o metaverso ainda vive uma fase muito rudimentar no que se refere a negócios, mas aponta que há sandboxes voltados para o mercado corporativo. “Estamos em fase embrionária, tem muito a acontecer em termos de experiência, até porque não temos os equipamentos. Como as operadoras financiavam celulares, vamos ver empresas também financiando os equipamen-


tos”, diz. Ele aposta que haverá diversos metaversos de fornecedores diferentes, o que significa que muitas empresas terão de criar os seus ambientes em plataformas diferentes. “Você vai ter seu ambiente de metaverso no

Facebook, Nvidia, Microsoft… talvez tenha alguma interoperabilidade. Mas será assim como em uma rede social que você não enxerga o post feito em outra rede social. É descentralizado”, avalia.

“Existe a internet, que espero que continue íntegra, e tem a construção sobre a internet, que não é a internet. Se não separar isso, vai acabar quebrando a internet em diversos pedaços, porque quebra o ambiente.” Demi Getschko Diretor-presidente do NIC.br

NFTs fazem sentido? A sigla para non-fungible token – que, em tradução livre, significa algo como token não-fungível – ganhou espaço na mídia nos últimos meses, principalmente, após personalidades como o jogador de futebol Neymar e o cantor Justin Bieber terem gasto o equivalente a R$ 6 milhões ou R$ 7 milhões em arte de coleções do Bored Ape Yacht Club. O NFT, assim como as criptomoedas, estão se popularizando rapidamente. Rafael Marenco Barella, do Cescon Barrieu Advogados, aponta que, com a expansão do metaverso, esses criptoativos ganham funções ainda mais importantes. “Em um mundo digitalizado, qual é a moeda que deve ser utilizada em transações?”, questiona. “Da mesma forma que as empresas vendem bens de consumo com entrega em domicílio, elas podem utilizar a tecnologia blockchain para vender NFTs no metaverso, expandindo as suas linhas de produtos”, completa. NFTs são, por natureza, únicos, o que pode significar um certo grau de escassez para um bem digital, em que esse conceito tipicamente não se aplica. É justamente por isso que Demi Getschko, diretor-presidente da NIC.br, vê com cautela o movimento. “Em uma época digital, que você consegue duplicar coisas, é esquisito que tenha um modelo em cima disso”, disse, confessando não ser muito fã de NFTs e não ter usado. “Temos sempre de tomar cuidado, porque muitas destas coisas são balões de ensaio. Vejo ceticamente o negócio de NFTs”, completa. Alguns cuidados devem ser tomados, tanto por quem oferece NFTs como por quem compra. O primeiro, diz Barella, é a idoneidade do vendedor. “Quem compra NFT deve ter a segurança de que a transação é legítima, para

evitar fraudes. As transações em blockchain são finais e irreversíveis. Antes de comprar criptoativos, a pessoa deve procurar todas as informações necessárias sobre como fazê-lo e quais as consequências de fazê-lo”, ensina. Não há ainda uma regulação para o metaverso ou para os criptoativos, uma situação que, segundo o advogado, não deve durar por muito tempo. “À medida que a popularidade do metaverso cresce e a tecnologia se difunde, o Legislativo terá também mais subsídios para propor uma regulamentação para o espaço”, pondera. Para o consultor Omarson Costa, com poucas iniciativas, o metaverso ainda está muito incipiente, não é algo que se concretiza em 2022, ao contrário de NFTs, que estão um pouco à frente na adoção, mesmo que as pessoas não compreendam seu uso para além da obra de arte. “Desses três – metaverso, Web 3.0 e NFTs –, NFT é o mais tangível. Os outros estão bem soltos. Algo concreto é o uso de voz como interface. É a voz o sistema operacional do futuro. Você vai interagir com IoT por meio de voz.” Nesse sentido, ele chama a atenção para ferramentas de voz usando computação quântica, inteligência artificial e machine learning, que elevam a cognição, aumentam a acurácia e melhoram o detalhamento em termos de resultados.

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esg

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Roberta Prescott

Energia solar vive expansão e chega às empresas de internet e telecom

Passo a passo

A adoção da energia fotovoltaica como substituição parcial ou total da energia elétrica convencional tem sido prática de empresas de diferentes atividades e tamanhos, inclusive prestadoras de serviços de telecomunicações, como é o caso da Um Telecom, associada à Abranet com sede em Pernambuco e atuação em vários estados.

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Fonte: Absolar

O Brasil ultrapassou no início do ano a marca histórica de 14 gigawatts (GW) de potência operacional da fonte solar fotovoltaica, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia elétrica em telhados, fachadas e pequenos terrenos. O número foi divulgado pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), segundo a qual a fonte solar supera a potência instalada da usina hidrelétrica de Itaipu. A substituição da energia elétrica convencional da rede das concessio-

2010

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2012

Publicação da consulta pública nº 015/2010 da Aneel, com o objetivo de reduzir as barreiras para a instalação da geração distribuída (GD) a partir de fontes renováveis de energia no Brasil.

A portaria do Inmetro nº 004/2011 e a chamada pública nº 013/2011 aprimoram regras fundamentais e reúnem conhecimentos relevantes para subsidiar decisões sobre como a GD solar fotovoltaica deve operar no País.

Publicação da resolução normativa 482/2012: nasce o sistema de compensação de energia elétrica.

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Rodrigo Sauaia CEO da Absolar

“A fonte solar diversifica o suprimento de energia elétrica do País, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos e o risco de aumentos ainda maiores na conta de luz da população.”

nárias pela autogeração da energia solar fotovoltaica tem sido feita por empresas de diferentes atividades e tamanhos, inclusive prestadoras de serviços de telecomunicações, como é o caso da Um Telecom, associada à Abranet. A empresa, sediada em Pernambuco e especializada em telecomunicações e em soluções em infraestrutura de TI, instalou recentemente uma usina fotovoltaica com capacidade de 1,215 milhão de megawatt-hora/ano (leia a matéria Um Telecom inova com usina fotovoltaica na página 14). A adoção da energia solar na Um Telecom atende também aos critérios de ESG, sigla para environmental, social e governance, iniciativa que vem se impondo às empresas. “Estudamos alternativas que diminuíssem o impacto ambiental”, diz Adilson Gadelha, diretor-adjunto de controladoria da Um Telecom. A provedora de serviços de TIC começou, em 2019, a avaliar a viabilidade de captação da energia solar e o que deveria fazer para suprir toda a demanda por energia por parte de seus sites. A resposta encontrada foi construir uma usina solar. “Foi um projeto bem estruturado e elaborado do qual temos orgulho”, aponta. De acordo com a Absolar, a fonte solar já trouxe ao Brasil mais de R$ 74,6 bilhões em novos investimentos, R$ 20,9 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de 420 mil empregos acumulados desde 2012. Com

2013

2014

Fundação da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

Realização do primeiro leilão nacional de energia solar fotovoltaica, o Leilão de Energia de Reserva (LER), resultando em 31 contratos de energia solar fotovoltaica em larga escala, com capacidade total de 889,66 MWac.

Divulgação

Um Brasil mais verde As fontes alternativas de energia também estão chamando a atenção de fornecedores da indústria de tecnologia. A Intelbras fez, em fevereiro, a maior aquisição da sua história, de 100% da catarinense Renovigi Energia Solar, por R$ 334 milhões. O objetivo é ampliar a geração distribuída de energia limpa e sustentável, acelerando o processo de um Brasil mais verde. A compra da Renovigi faz parte da estratégia da Intelbras de se consolidar como uma empresa referência no mercado de energia solar. As operações de ambas as companhias, assim como as políticas comerciais e de produtos, continuarão independentes. De acordo com Altair Silvestri, CEO da Intelbras, a união das duas empresas traz mais força e robustez ao mercado de energia solar. A aquisição, diz, trará aos diversos canais de vendas e parceiros uma grande oportunidade de realização de negócios, ampliando ainda mais a disponibilidade de produtos ao mercado local, fazendo com que toda a cadeia seja beneficiada, o que inclui o consumidor final, pequenas, médias e grandes empresas. Com dez anos de história, faturamento de R$ 99,5 milhões e EBTIDA de R$49,8 milhões em 2021, a Renovigi tem sua matriz em Chapecó (SC) e 200 colaboradores. É referência em inovação transformadora por meio do desenvolvimento tecnológico de soluções fotovoltaicas. Dois dos principais sócios fundadores e atuais gestores da Renovigi – Gustavo Müller Martins e Carlos Tadashi – continuarão à frente do negócio e permanecem como integrantes do Conselho de Administração da empresa.

2015 abril

Publicação do convênio ICMS nº 16/2015, que autoriza os estados brasileiros a concederem isenção dos impostos estaduais sobre a energia injetada (net-metering). A isenção vale para os projetos de geração distribuída, nas modalidades de geração junto a carga e autoconsumo remoto, com até 1 MW de capacidade instalada.

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isso, também evitou a emissão de 18,0 milhões de toneladas de CO² na geração de eletricidade. Para o CEO da Absolar, Rodrigo Sauaia, o avanço da energia solar no País, via grandes usinas e pela geração própria em residências, pequenos negócios, propriedades rurais e prédios públicos, é fundamental para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do Brasil. Sauaia diz que “a fonte solar diversifica o suprimento de energia elétrica do País, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos e o risco de aumentos ainda maiores na conta de luz da população.” De acordo com Sauaia, as usinas solares de grande por-

te geram eletricidade a preços até dez vezes menores do que as termelétricas fósseis emergenciais ou a energia elétrica importada de países vizinhos, que são, atualmente, as duas das principais responsáveis pelo aumento tarifário. Segundo análise da Absolar, o setor espera um crescimento acelerado este ano nos sistemas solares em operação no Brasil, especialmente os de geração própria, em decorrência do aumento nas tarifas de energia elétrica e da entrada em vigor da lei n° 14.300/2022, que criou o marco legal da geração própria de energia. Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da Absolar, considera que agora é o melhor mo-

Um Telecom inova com

usina fotovoltaica A Um Telecom, operadora de telecomunicações e soluções digitais associada à Abranet, anunciou, recentemente, a instalação de uma usina fotovoltaica com capacidade de 1,215 milhão de Megawatt-hora/ano. A estrutura representa um investimento de R$ 5 milhões e tem como meta atender a 80% da demanda de energia da empresa. Com o empreendimento, a Um Telecom irá evitar a emissão de 125 toneladas de carbono anualmente. O parque solar está localizado no município de São Caetano (PE) e ocupa 10 mil metros quadrados, com estrutura para dobrar sua capacidade de acordo com o desenvolvimento de novos negócios da Um Telecom, tais como um novo datacenter. Além dos benefícios ambientais, a usina fotovoltaica apresenta outras vantagens, como a garantia de abastecimento a preço co-

nhecido e sem alterações tarifárias bruscas. Segundo Gadelha, o investimento foi orientado pela sustentabilidade e preocupação com energia limpa e renovável, mas a autoprodução de energia também proporciona previsibilidade de custos. A Um Telecom é precursora em Pernambuco nesse tipo de iniciativa e aponta que ainda falta muito para a disseminação. “Você vê terras improdutivas, que são mais áridas e não são aproveitadas como deveriam. Ainda falta muita difusão desta captação da energia solar”, ressalta Gadelha. Contudo, ele observa um movimento, ainda que embrionário, rumo à mudança de cultura. “Isso vem com mentes novas. Energia renovável não tem de ser modismo, mas um compromisso social que, de fato, esteja entranhado na cultura das organizações, tra-

2015

2015

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2018

A lei nº 13.169/2015 determina a isenção dos tributos federais PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) sobre a parcela de energia injetada, para os projetos de geração distribuída nas modalidades de geração junto a carga e autoconsumo remoto.

Criação do Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD).

A energia solar fotovoltaica participa pela primeira vez do Leilão de Energia Nova A-4, resultando em 20 contratos de grande escala.

A energia solar fotovoltaica atinge seu primeiro gigawatt (GW) de capacidade instalada no Brasil.

outubro

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dezembro

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mento para se investir em energia solar, devido ao novo aumento já previsto na conta de luz dos brasileiros e ao período de transição previsto na lei, que garante até 2045 a manutenção das regras atuais aos consumidores que instalarem um sistema solar no telhado até janeiro de 2023. O Brasil possui 4,7 GW de potência instalada em usinas solares de grande porte, o equivalente a 2,4% da matriz elétrica do País. Desde 2012, as grandes usinas solares já trouxeram ao Brasil mais de R$ 25,1 bilhões em novos investimentos e mais de 142 mil empregos acumulados, além de proporcionarem uma arrecadação de R$ 7,9 bilhões aos cofres públicos, segundo dados da Absolar.

balhado para um futuro melhor”, defende. Gadelha conta que internamente não houve nenhuma dificuldade para a construção da usina e a mudança de mindset sobre o uso de energia solar. “O corpo diretivo tem esta preocupação”, diz. Ao fazer esse tipo de investimento, as empresas colocam na balança o quanto deverá ser gasto no projeto e quando será o payback. Segundo Adilson Gadelha, o know-how que as empresas instaladoras têm vem facilitando o entendimento junto ao poder público e pavimentando o caminho para a instalação de parques de energia alternativa. Ao colocar o investimento e o retorno na balança, o projeto se mostrou viável financeiramente. Gadelha calcula que o ROI (retorno sobre o investimento) venha dentro de 60 meses. O parque fotovoltaico da Um Telecom foi instalado pela Insole, empresa especializada em energia solar, em um contrato de dez anos. Amplo espectro A usina solar é um reflexo do engajamento da Um Telecom nas melhores práticas de ESG. Mas não é a única faceta. Raquel Scarano, gerente de marketing e líder da implantação do projeto de ESG

“Estudamos alternativas que diminuíssem o impacto ambiental. A resposta encontrada foi construir uma usina solar. Foi um projeto bem estruturado e elaborado do qual temos orgulho.”

Adilson Gadelha Diretor-adjunto de controladoria da Um Telecom

na empresa, conta que as práticas de ESG começaram com ações menores, como a capacitação de jovens em idade escolar para ingressar no universo de telecomunicações, e ganharam corpo a ponto de se tornarem uma diretriz da empresa. O uso de energia limpa se soma a outras iniciativas ambientais da Um Telecom, como o banimento de uso de descartáveis nos escritórios, reciclagem e reúso de insumos e a redução máxima de detritos. Durante a pandemia, a empresa de internet fez uma série de ações – de apoio a artistas a levar a conectividade com qualidade a comunidades vulneráveis para que as pessoas pudessem trabalhar, assistir aulas e usar para lazer. “Estamos construindo a cultura ESG. O primeiro passo para implementá-la é se conhecer: quem são os colaboradores, para quem vendemos, de quem compramos etc. Hoje, estamos na fase de implementação de cultura com este mapeamento de identificar quem somos”, explica Raquel Scarano. Depois do levantamento, o segundo passo talvez seja um dos mais demorados: definir, de fato, o que vai ser o escopo principal. “ESG é compromisso nosso, não estamos na bolsa, não temos investidores, são vontades pessoais”, pontua.

2018

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2019

2019

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A Aneel abre a consulta pública nº 010/2018 para rever as regras para a geração distribuída solar fotovoltaica no Brasil.

A geração centralizada solar fotovoltaica atinge 2 GW de capacidade instalada acumulada e se torna a 7ª maior fonte de energia do Brasil, superando a nuclear.

Todos os estados brasileiros aderem ao convênio ICMS nº 16/2015, concedendo isenção fiscal estadual para o Sistema de Compensação de Energia Elétrica.

A fonte solar fotovoltaica participa pela primeira vez do Leilão de Energia Nova A-6, resultando em 11 contratos de larga escala.

A geração distribuída solar fotovoltaica atinge 4 GW de capacidade instalada.

maio

Divulgação

janeiro

agosto

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tecnologia

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Roberta Prescott

Um novo

padrão para o

wi-fi

A adoção de equipamentos Wi-Fi 6 mal começou, e a indústria já está de olho na próxima geração, a versão 7. Essa evolução tecnológica é rotineira. “Nos últimos anos, está havendo transição para uma nova geração de Wi-Fi a cada quatro anos. O Wi-Fi 6 foi lançado em 2019, mas lógico que demora um pouco para os produtos serem lançados. Então, se vemos Wi-Fi 7, estamos olhando para 2023 e 2024”, diz Carlos Cordeiro, Wireless CTO da Intel. A rápida evolução, conforme explica Samir Vani, country manager da MediaTek no Brasil, deve-se também ao surgimento de muitas possibilidades de novas aplicações e novos usos da internet, que irão consumir mais dados e necessitar de menor latência. Isso está impulsionando a chegada do Wi-Fi 7. O novo padrão promete entregar maiores velocidades de download e upload, assim como menor latência na conexão.

“Estamos falando de velocidades que chegam a ser de três vezes as do Wi-Fi 6, com capacidade de velocidades de até 30 Gbps! Além desses fatores, a tecnologia Wi-Fi 7 continuará melhorando sua robustez com relação a interferências”, destaca Vani. O novo padrão vem para endereçar, principalmente, duas tendências, segundo Cordeiro. A primeira é a transformação da rede com o avanço de computação em nuvem e de edge computing. Cada vez mais, a computação e os dados estão se movendo para bem perto do usuário. Ele pontua que uma das motivações é reduzir a latência e assegurar a confiabilidade do tempo real para as diversas aplicações. Portanto, não basta que as redes proporcionem baixa latência: é preciso que os equipamentos que propagam a internet sem fio também o façam. E isso se torna ainda mais necessário para aplicações usando realidades virtual e aumentada. Outra tendência é o que ele chamou de determinismo, ou seja, a entrega de pacotes com determinada latência e com confiabilidade. “O Wi-Fi 7 adiciona características para poder fazer com que não só tenhamos latências reduzidas mas também para poder garantir aplicações como nas áreas de realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA), que precisam não apenas de velocidade, mas o mais importante, que

“O Wi-Fi 6 foi lançado em 2019, mas demora um pouco para os produtos chegarem. Quanto ao Wi-Fi 7, estamos olhando para 2023 e 2024.” Carlos Cordeiro Wireless CTO da Intel

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A versão 7 está em discussão e irá possibilitar novas aplicações, maiores velocidades e menores latências, mas a adoção do Wi-Fi 6 ainda está longe de ser disseminada.


O que muda para as prestadoras? Para as PRESTADORAS de serviços de internet, o novo equipamento Wi-Fi 7 não deve causar restrições adicionais ou complexidade. Para Hugo Ramos, diretor de tecnologia para América Latina e Caribe da CommScope, o Wi-Fi 7 trará benefícios, dadas as novas funcionalidades. “Com o aumento de banda ofertada aos clientes e os novos requerimentos de qualidade de experiência demandados pelo uso de novas aplicações em tempo real, alguns provedores provavelmente irão precisar adicionar as funcionalidades que estão sendo incluídas nesse novo padrão”, detalha. Essa evolução ajudará que a experiência provada pelo cliente seja alta, tanto no acesso, quanto no domínio do Wi-Fi dentro de casa, com redução da interferência dos clientes no domínio Wi-Fi devido à menor duração das transmissões individuais dentro das casas e vizinhos. Esse conjunto contribui para melhorar o desempenho, dada a maior eficiência que esse novo padrão trará. No entanto, sinaliza Ramos, como acontece com toda nova tecnologia ou padrão quando lançados, inicialmente, deverá haver um aumento no custo do equipamento, mas que diminuirá rapidamente à medida que o uso do padrão se tornar mais amplo. Assim como em outras versões, as novas funcionalidades começarão a ser adicionadas em equipamentos de uso mais duradouro, como notebooks e smart TVs, de acordo com os lançamentos de novos chipsets Wi-Fi 7.

é a entrega de dados com a determinada latência que a aplicação necessita”, acrescenta. mudanças importantes O novo padrão do Wi-Fi 7 terá quatro pilares importantes de mudança, aponta Hugo Ramos, diretor de tecnologia para América Latina e Caribe da CommScope. São eles: o aumento de capacidade nominal; a mitigação de interferências; o aumento de eficiência do espectro; e a adição de funcionalidades importantes para suporte de aplicações em tempo real. “O aumento da capacidade nominal será obtido por meio do aumento do número de fluxos espaciais, da largura de banda do canal e da adição de técnicas de modulação mais densas, o que permitirá ao Wi-Fi 7 velocidades maiores do que o Wi-Fi 6.” Uma das melhorias do Wi-Fi 7 é a busca por mitigar a interferência, item de extrema importância na região da

Tal evolução se faz necessária tendo em vista o aumento constante de equipamentos nas casas dos usuários e também nas empresas. O cenário está mudando muito e bastante rápido. “Estamos colocando um número cada vez maior de equipamentos conectados em nossas casas, desde a TV até os interruptores de luz. O streaming de vídeo já está chegando a 8K em poucos anos, além dos novos usos de realidade virtual ou aumentada que são a próxima promessa da indústria. Com tudo isso em mente, temos de ter capacidade de trafegar dados, uma estrada onde tudo isso não venha a simplesmente colapsar em sua casa”, aponta Samir Vani, country manager da MediaTek no Brasil. As prestadoras, principalmente aquelas que proveem serviços de vídeo e TV, devem ficar atentas a esse cenário. Elas poderão oferecer Wi-Fi 7 a seus clientes que necessitarem de maior velocidade, robustez ou QoS em sua conexão. “Nossa visão é que sempre o próprio consumidor e suas necessidades impulsionam as empresas a ofertar novos serviços ou equipamentos”, diz Vani. Para ele, um cliente que tenha um consumo muito alto, como um consumidor que joga games utilizando um supercomputador gamer, com altíssimas especificações, deve acabar optando por adquirir um roteador Wi-Fi 7 independentemente da sua operadora. “Acredito que os ISPs estão super atentos a isso e irão querer monetizar esse uso”, acrescenta.

América Latina. Ramos explica que o Wi-Fi 7 adiciona recursos para mitigar a interferência entre os access points vizinhos, sendo projetado para ser mais robusto do que os oferecidos pelo Wi-Fi 6 atualmente. Além disso, o uso mais eficiente do espectro será obtido modificando formatos de quadros e incorporando recursos adicionais. “Seria como semáforos cronometrados perfeitamente para garantir que os engarrafamentos não ocorram, permitindo que o tráfego flua livremente”, assinala o diretor da CommScope. O padrão 802.11be está sendo chamado comercialmente de Wi-Fi 7 e suportará 16 fluxos de dados, o dobro do atual Wi-Fi 6. Há um grupo de trabalho dentro do IEEE definindo o padrão. Depois, a Wi-Fi Alliance codificará isso no que será conhecido como Wi-Fi 7 e como um padrão da indústria que possa ser usado e testado por diferentes fornecedores. “O trabalho nesse padrão comeabranet.org.br fevereiro / março / abril 2022

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Enquanto o Wi-Fi 7 não vem Os usuários de Wi-Fi exigem conectividade mais eficiente, confiável e segura. Os ambientes (IoT) continuarão a impulsionar a demanda por Wi-Fi de alta capacidade e baixa latência. Em 2022, quase 18 bilhões de dispositivos Wi-Fi estarão em uso. À medida que o impulso do Wi-Fi aumenta, a Wi-Fi Alliance elenca quatro tendências esperadas para este ano. São elas:

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Wi-Fi 6 e Wi-Fi 6E: adoção adicional em residências e empresas O Wi-Fi 6 alcançou 50% de adoção de mercado mais rapidamente do que as gerações anteriores de Wi-Fi, impulsionado pela demanda por Wi-Fi de alta qualidade e conectividade mais eficiente e confiável em telefones, tablets e pontos de acesso. Além disso, desempenho aprimorado, baixa latência e maior eficiência de energia permitem que o Wi-Fi 6 satisfaça diversas necessidades de IoT de maneiras incomparáveis. O aumento da disponibilidade de 6 GHz em todo o mundo, juntamente com a certificação de interoperabilidade Wi-Fi 6E, criou a base para um ecossistema diversificado de Wi-Fi 6E, pois mais de 350 milhões de dispositivos Wi-Fi 6E entrarão no mercado em 2022. Este ano, o Wi-Fi 6 e o Wi-Fi 6E se tornarão mais comuns na vida cotidiana, tanto em residências quanto em empresas.

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Wi-Fi Alliance avança a estrutura AFC Em 2022, a Wi-Fi Alliance continuará a liderar o desenvolvimento da estrutura de Coordenação de Frequência Automatizada (AFC, na sigla em inglês) para garantir um ecossistema diversificado de provedores de serviços necessários para maximizar a adoção de Wi-Fi 6E de energia externa e padrão em regiões que exigem AFC. O sistema AFC, já adotado na estrutura regulatória de 6 GHz no Canadá e nos EUA, também está sendo considerado por reguladores de outros países. A Wi-Fi Alliance anunciou ainda o lançamento de especificações e planos de teste para a implementação do sistema AFC.

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Wi-Fi atende a diversos requisitos de IoT O mercado global de casas inteligentes atingirá mais de US$ 53 bilhões em 2022, impulsionado pelo desejo do consumidor por aparelhos conectados, sistemas de segurança e alto-falantes inteligentes que ajudem a economizar energia, tempo e dinheiro. À medida que as empresas investem trilhões de dólares em IoT e os consumidores adicionam mais dispositivos conectados às suas casas, o Wi-Fi transformará ainda mais o mercado doméstico inteligente em 2022. O Wi-Fi tem sido a tecnologia de escolha para IoT e expandir o portfólio de Wi-Fi para IoT pode atender melhor às diversas necessidades de conectividade doméstica inteligente. O Wi-Fi 6 e o Wi-Fi 6E incluem recursos como acesso múltiplo por divisão de frequência ortogonal (OFDMA), que pode melhorar o desempenho em ambientes densos, enquanto o tempo de despertar alvo (TWT, na sigla em inglês) reduz o consumo de bateria e torna o WiFi uma solução ideal para dispositivos. O recém-lançado Wi-Fi CERTIFIED HaLow™ oferece Wi-Fi de longo alcance e baixo consumo de energia e permite uma variedade de novos casos de uso com eficiência de energia para ambientes residenciais de IoT e IIoT, bem como varejo, agricultura, saúde e casa inteligente. Todos os dispositivos certificados exigem forte segurança WPA3, com as mais altas proteções para ambientes IoT.

4

Redes Wi-Fi atingem novos níveis de otimização O número crescente de dispositivos e usuários que dependem de videoconferência, serviços de voz sobre IP, aplicativos de X Reality (XR - realidades virtual, aumentada e mix) e streaming de alta definição (UHD) em redes domésticas e corporativas sobrecarrega ainda mais os gerentes de rede e os provedores de serviços. O tráfego de dados adicional e os aplicativos avançados usados nas redes Wi-Fi atuais exigem um novo nível de otimização de rede.

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çou em 2018. Está previsto para ser concluído em 2024 e a revisão atual da especificação está no projeto 1.4, que foi lançado em janeiro deste ano”, aponta Ramos.

“Estamos falando de velocidades que chegam a ser de três vezes as do Wi-Fi 6, com capacidade de até 30 Gbps!”

especificações técnicas Samir Vani Mas o que muda em termos técnicos? Segundo da MediaTek no Brasil Country manager Hugo Ramos, da CommScope, o Wi-Fi 7 permitirá uma capacidade nominal muito maior e um único rádio, além da utilização de uma largura de canal vos poderão operar em mais múltiplos links ao mesmo temde banda única de 320 MHz versus 160 MHz. Também po. “Isso vai permitir não apenas velocidade maior – porque permitirá o uso de fluxos espaciais (MIMO) de oito para pacotes de aplicações vão poder ir com qualquer banda – mas 16 e uma taxa de modulação mais alta (4096 QAM) do também latência. Multilink vai também adicionar grau de efique era permitido no Wi-Fi 6, alcançando a taxa máxima ciência e performance, permitindo endereçar as tendências.” de PHY (camada física) de 46 Gbps, contra 9,6 Gbps do Com relação à cobertura, Ramos opina que o Wi-Fi 7 padrão anterior. não aumentará a área atingida, porque se baseia na energia O Wi-Fi 7 definirá ainda um recurso chamado Mul- de transmissão, que é regulada em cada país, porém, com ti-Link Operation (MLO), que, segundo Ramos, permite os aprimoramentos de mitigação de interferência, o ruído que o conteúdo seja transmitido e recebido em várias ban- induzido em um canal pode diminuir, permitindo, assim, das de frequência (rádios) simultaneamente. “Considere um aparente aumento na área de cobertura. isso como acrescentar pistas adicionais a uma rodovia e O Wi-Fi 7 deve funcionar nas mesmas faixas de frequênsomar rodovias para permitir que mais pacotes de dados cia que o Wi-Fi 6. Ou seja, em 2,4 GHz, 5 GHz e no espectro (carros) sejam enviados em paralelo e, portanto, que haja recém-adicionado de 6 GHz (Wi-Fi 6E). Vale lembrar que as menos congestionamento e melhor fluxo de tráfego”, ex- frequências permitidas e a energia de transmissão são regulaplica, acrescentando que, com o MLO, vários rádios po- das pelos países em que o equipamento é implantado. dem funcionar em paralelo, aumentando o throughput peCom relação à interoperabilidade, Ramos diz que a norlas capacidades adicionais desses rádios paralelos. ma 802.11 está escrita de tal forma que todos os protocolos Para Cordeiro, da Intel, a característica mais importante são compatíveis com os padrões anteriores. A interoperado Wi-Fi 7 é a operação multilink, uma vez que os dispositi- bilidade será imperceptível ao consumidor, uma vez que a tecnologia está sendo construída para que seja compatível com versões anteriores de Wi-Fi. “Isso quer dizer que seu aparelho com Wi-Fi 5 ou 6 poderá funcionar com seu novo roteador Wi-Fi 7, e o contrário também será verdadeiro. Obviamente os maiores ganhos serão quando os usuários tiverem equipamentos e roteadores Wi-Fi 7”, pondera Samir Vani, da MediaTek no Brasil. Para Vani, a capacidade de utilizar uma banda de frequência maior, de 320 MHz, que já é o dobro da banda utilizada no Wi-FI 6, é um fator muito importante. Ele explica que isso se dará por meio de Hugo Ramos novos meios de modulação de dados (QAM 4396 Diretor de tecnologia – OFDMA) e multiplexação espacial (UM-MIMO para América Latina e de até 16 usuários). Caribe da CommScope

“Os pilares importantes de mudança são: o aumento de capacidade nominal; a mitigação de interferências; o aumento de eficiência do espectro; e a adição de funcionalidades para suporte de aplicações em tempo real.”

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TENDÊNCIAS

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Roberta Prescott

Muito além da transformação digital As tendências para 2022 incluem avanços em datacenters, redes 5G, explosão de dados móveis e inteligência artificial O ano de 2022 deve ser marcado pela consolidação e universalização de algumas tendências que foram aceleradas em consequência da Covid-19, sendo a transformação digital a mais aparente. De acordo com a IDC, dispositivos, dados móveis, 5G e nuvem puxam expectativa de crescimento de 8,2% do setor de Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC) no Brasil. A edição deste ano do estudo IDC Predictions Brazil projeta para a TI uma expansão de 10,6%, que será impulsionada pelo comportamento do segmento de dispositivos como serviços. Em telecomunicações, o continuado avanço dos dados móveis e a expectativa sobre os impactos do 5G puxam o aumento de 4,0% previsto para este ano. No que toca à TI corporativa, a nuvem segue em alta. O avanço de cloud somado à retomada do mercado de serviços de TI e à boa perspectiva para o mercado de software resultam em uma previsão de 8,9% de crescimento. De acordo com a IDC, as principais iniciativas estratégicas que direcionarão os gastos de TI em 2022 são:

produtividade e controle de custos, customer experience, novos produtos e serviços, e atração e retenção de talentos. Para Denis Arcieri, country manager da IDC Brasil, a necessidade de gerar mais negócios está convidando as empresas a repensarem suas prioridades e, consecutivamente, aumentando a demanda por soluções de TI. As expectativas de expansão do mercado brasileiro de TIC em 2022 são as maiores dos últimos oito anos, mesmo diante de um cenário de crescimento econômico moderado na América Latina e em um período de eleições no Brasil. Na apresentação para a imprensa, Arcieri destacou que o crescimento de TIC não acompanha o do PIB: eles vêm se deslocando desde o início da pandemia. “Este deslocamento em relação ao PIB tem muito a ver com a TI tendo protagonismo dentro das companhias, com investimentos em digitalização, canais digitais”, explicou Arcieri.

“O deslocamento em relação ao PIB tem muito a ver com a TI tendo protagonismo dentro das companhias, com investimentos em digitalização, canais digitais.” Denis Arcieri Country manager da IDC Brasil 22

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Divulgação


Veja a apresentação completa do estudo IDC Predictions Brasil 2022:

http://www.idclatin.com/2022/Events/2_Feb_BR/predictions2022.pdf

A vez da IA As tendências ainda incluem um uso maior de dados para impulsionar os negócios, colocando analytics, inteligência artificial, machine learning e data management na pauta prioritária de mais de 47% das empresas, conforme apontou o estudo IDC Predictions Brazil que, anualmente, indica tendências e movimentos desses segmentos. Edge e 5G contribuem para esse movimento. Para Luciano Saboia, gerente de telecom da IDC Brasil, “estabelecer e difundir a cultura de dados e estabelecer métricas para ter indicadores corretos são dificuldades que muitas empresas enfrentam e desafios importantes a serem superados.” No entanto, Saboia esclareceu que as organizações evoluíram rapidamente o seu entendimento sobre a necessidade de ter insights acionáveis sobre seus dados, especialmente diante da ascensão dos canais digitais. Na média, as empresas no Brasil acreditam que, já em

2022, cerca de 27% de suas receitas virão de produtos ou serviços habilitados digitalmente. Segundo Saboia, o avanço do 5G impulsiona a proliferação da computação de borda (edge computing) e, com isso, é esperada a habilitação de novos casos de uso que implicarão na captura e processamento de uma quantidade ainda maior de dados. Globalmente, a IDC estima que serão gerados 97,8 ZB de dados em 2022. Destes, cerca de 17% estarão no edge. Ainda que a evolução seja clara, muitas empresas, apontou Saboia, ainda carecem de uma cultura de dados estabelecida e difundida nas áreas de negócios. Isso é necessário para que se possam estabelecer métricas e modelos de tomada de decisão ágeis, gerando maior competitividade. A gestão e a proteção dos dados passam pelos end points, no core ou no edge, e devem estar alinhadas às práticas de segurança: isso, disse o gerente, será uma preocupação para as lideranças de TI, que deverão investir adequadamente em soluções e processos. Com relação a números, a IDC espera que, em 2022, um total de US$ 2,9 bilhões seja direcionado para soluções e serviços relacionados a big data & analytics, o que representa crescimento de 10,8% sobre o ano anterior. Para IA e machine learning, o crescimento esperado para os gastos com soluções e serviços em 2022 é de 28% ano sobre ano, alcançando um montante de US$ 504 milhões. Ambientes híbridos em alta No que diz respeito à infraestrutura, há um movimento de as companhias buscarem uma arquitetura híbrida, mesclando capacidade tradicional à capacidade de nuvem. Segundo a IDC, os ambientes híbridos, que incluem cloud e recursos de TI tradicional, estarão presentes em

“Estabelecer e difundir a cultura de dados e estabelecer métricas para ter indicadores corretos são dificuldades que muitas empresas enfrentam.” Luciano Saboia Gerente de telecom da IDC Brasil abranet.org.br fevereiro / março / abril 2022

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mais de 70% das empresas de médio e grande portes. A explicação é que a necessidade de maior agilidade e flexibilidade na infraestrutura de TI tem impulsionado a adoção de nuvem no Brasil. Luciano Ramos, gerente da IDC para a área corporativa, explicou que, questionadas, aproximadamente 97% das empresas que já utilizam algum modelo de nuvem indicaram que manterão ou aumentarão o volume de workloads suportados por esse tipo de ambiente em 2022. Contudo, o datacenter tradicional não vai acabar. Ele mantém a sua importância para os negócios, seja para suportar cargas de trabalho de legado ou determinadas aplicações com requisitos específicos. A nuvem continuará crescendo e chegará a um mo-

mento de equilíbrio com o tradicional. Segundo estudos da IDC, mais de 87% das empresas afirmam que contarão com um datacenter próprio ou terceirizado em 2022. Com relação a números, a IDC estima que os gastos com infraestrutura como serviço (IaaS) na nuvem pública alcançarão US$ 1,9 bilhão em 2022, um crescimento acima de 36% em relação ao ano anterior. Dentro deste cenário, a nuvem privada mantém um ritmo de crescimento mais discreto, avançando cerca de 7,9% em relação a 2021 e atingindo gastos da ordem de US$ 540 milhões no Brasil. Ajustar as práticas de segurança de TI para abranger os ambientes de nuvem será o principal desafio dos gestores de TI, que buscarão ajuda nos provedores de serviços especializados. Ramos destacou que agilidade e experiência do cliente continuarão sendo temas centrais na discussão com as áreas de negócio, que buscarão soluções que possam integrar aplicações de negócio em SaaS com iniciativas de modernização de Luciano Ramos Gerente para a área corporativa da IDC Brasil processos e aplicações.

“Agilidade e experiência do cliente continuarão sendo temas centrais na discussão com as áreas de negócio.”

A revolução do edge computing Ao apresentar o Mapeamento das Oportunidades para Atração de Data Centers no Brasil, estudo coordenado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o diretor-geral da Frost & Sullivan, Renato Pasquini, afirmou que “a demanda vai explodir após 2023, quando o edge computing será uma presença bem relevante e a maior demanda das empresas.” Segundo o mapeamento, são esperados investimentos relevantes entre 2022 e 2024, mas políticas públicas e incentivos para esse mercado específico podem não só aumentar a oferta de datacenters nessas regiões, como também permitir que cresçam mercados no interior do País mais descentralizados e que o Brasil avance na questão do 5G. No cenário da Covid-19, houve uma escalada dos investimentos para suportar a demanda do mercado que, praticamente, dobrou e deve continuar acima de 50% até 2023, de acordo com o estudo. Segundo o mapeamento, 92% dos usuários finais já têm serviço de armazenamento de dados contratado e

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uma parte pretende investir nisso nos próximos anos. Entre as principais motivações para contratação de serviços de datacenters estão a otimização da performance da computação de armazenamento (52,9%), redução de riscos aos negócios (37,3%) e a ajuda no armazenamento de grandes ou crescentes quantidades de dados (27,5%). Entretanto, apenas 19,6% dos entrevistados disseram que dados empresariais não sensíveis são mantidos completamente em infraestrutura de terceiros; 45,1% mantêm, parcialmente, os dados em terceiros, e 33,3%, in house. O mapeamento aponta ainda que latência é um fator desconhecido para 21,6% dos entrevistados ou não importante para suas aplicações de missão crítica. Na hora de escolher um local para um datacenter, a pesquisa revelou que, para a grande maioria dos usuários finais, a proximidade não importa (78,4%) e, nesse caso, não há preferência para um local específico (62,7%). Apenas 19,6% relataram que deveria ser no mesmo país.


Top 10 em 2022 Um estudo elaborado pela Unidade de Deep Digital Business da LLYC indicou tendências decorrentes da transformação digital. Para Alejandro Domínguez, diretor-sênior de digital business da LLYC para a Europa, “devido às excepcionais circunstâncias que experimentamos nos últimos dois anos, como

sociedade avançamos a passos largos na adoção de uma consciência digital que teríamos normalmente demorado mais em adquirir.” Segundo ele, isso fará com que a transformação digital se acelere cada vez mais. O relatório Tendências Deep Digital Business 2022, elaborado pela LLYC, identifica dez dos principais aspectos que marcarão a transformação digital de empresas e instituições neste ano. São elas:

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IA para as boas relações: para todos que trabalham em marketing e comunicação, a inteligência artificial oferece a capacidade de alargar os horizontes, poder compreender as diversas realidades de cada um dos stakeholders e dar respostas personalizadas. É uma ferramenta muito poderosa na hora de definir as estratégias e o impacto das nossas ações.

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Democratização dos dados: apenas 5% das pessoas estão satisfeitas com a coleta e a análise de dados realizadas pelo departamento de marketing e comunicação. A Covid-19 potencializou a necessidade de tornar esses canais mais eficazes nas empresas, de modo a dispor de informações de valor mais rapidamente.

3

No cookies, no party: veremos o desenvolvimento de modelos de negócio de geração de informações não baseadas em cookies, mais limpas e transparentes. Por exemplo, através de teste de personalidades. A grande aposta das marcas é a criação de um first party data potente que compense as deficiências que possam ter na prospecção de novos públicos.

4

Metaverso e imersão no futuro: o CEO da META, Mark Zuckerberg, garante que em 10 anos já não “navegaremos” ou “olharemos” a internet, o que faremos será “viver” nela. Os pilares do que será o metaverso estão provocando a adesão de muita gente a um movimento coletivo que lembra os começos da rede no final da década de 90 do século passado.

5

Da era digital à quântica: um computador quântico nos permite processar, através de probabilidades estatísticas, volumes incalculáveis de informações a uma velocidade exponencial. Gigantes tecnológicos e potências como a China, os Estados Unidos, a Alemanha, a Rússia e a União Europeia já estão investindo grandes quantias de dinheiro para a pesquisa e desenvolvimento dessa tecnologia.

6

Públicos fluidos: a TikTok revelou que os comportamentos deixaram de pertencer apenas a um perfil demográfico/psicográfico e respondem mais ou menos a posturas individuais. A concepção de um público que não se define pela idade ou gênero, mas pela atitude à comunidade a qual pertence é parte do futuro de como entendemos a comunicação.

7

As arquiteturas multicloud: hoje a nuvem se converteu em algo mais que uma ferramenta de armazenamento de informações. As arquiteturas híbridas e multicloud permitem maiores inovação e automatização, além de mais segurança, confiabilidade, flexibilidade e rentabilidade. É um dos principais aliados das equipes de tecnologia para levar as capacidades de inteligência das empresas a novos limites.

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O momento do marketing inclusivo: a questão já não é se a tecnologia é boa ou prejudicial, mas como devemos reduzir as desigualdades digitais. O marketing digital deve dar um passo além e concentrar-se na inclusão de todos os seres humanos. O marketing inclusivo pensa em todas as pessoas, e não apenas na maioria. O todo é onde está incluída a diversidade.

9

A tecnologia no (e para o) talento: a busca e retenção do talento digital estão entre os maiores problemas enfrentados pelos departamentos de recursos humanos das empresas. Os profissionais podem não ter um currículo tradicional ou nem mesmo estar buscando emprego. Para chegar a eles, é necessário ir além.

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Deep Digital (& Social) leadership: a digitalização não só está mudando o modus operandi das empresas, como também a forma como elas são gerenciadas. Uma liderança transformadora requer pensar, agir e reagir de maneira diferente e, em termos de comunicação, isso está nos levando a modelos mais transparentes e dialéticos, com líderes que participam ativamente na conversação digital. abranet.org.br fevereiro / março / abril 2022

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Infraestrutura

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Roberta Prescott

Uso de postes

ainda está em debate

Aneel e Anatel buscam solucionar a questão do uso de postes do setor elétrico pelas grandes e pequenas prestadoras de serviços de telecomunicações. Prazo para enviar contribuições à consulta pública foi prorrogado até 18 de abril. A proposta de aprimoramentos da regulamentação relativa ao compartilhamento de infraestrutura entre os setores de distribuição de energia elétrica e de telecomunicações e a obtenção de subsídios para a Avaliação de Impacto Regulatório (AIR) estão em debate desde que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) colocou o tema em consulta pública (nº 073/2021). Trata-se de uma nova tentativa de solução para o uso dos postes do setor elétrico pelas operadoras de telecomunicações. A consulta pública, cujo prazo de recebimento de contribuições foi prorrogado até 18 de abril, prevê um novo regulamento de compartilhamento de postes entre os setores e impõe um plano de regularização anual. No foco estão 12 milhões de postes considerados prioritários entre os 46 milhões existentes no País. Esse plano anual, a durar pelo menos uma década, deve contemplar a regularização de 2% a 3% dos postes críticos em cada área de atuação das distribuidoras de energia envolvidas.

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Acesse a página da consulta pública 073/2021 no site da ANEEL:

https://bit.ly/ANEEL0732021

As principais mudanças da proposta atualmente em discussão são duas: a adoção de um preço único, a ser determinado pela Aneel, para cada ponto de fixação nos postes do setor elétrico; e a possibilidade de exploração comercial desses pontos de fixação por terceiros – de preferência nem ligados às telecomunicações, nem ao setor elétrico. A nova proposta está em discussão porque a tentativa anterior, de 2014, não teve resultados. Lá atrás, já existiam metas anuais de organização, contudo, elas não foram cumpridas. O texto para a consulta pública foi costurado entre a Aneel, que abriu a consulta ainda em 2021, e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O conselheiro Vicente Aquino não fez mudanças na proposta, mas defendeu que o setor se mobilize durante a consulta pública para reclamar dos custos que recaem predominantemente sobre as operadoras de telecom. Aquino destacou que a proposta prevê que tanto os custos da regularização dos espaços quanto a


execução do plano de postes prioritários sejam de responsabilidade apenas das prestadoras de telecomunicações. Disse ainda esperar que, durante a consulta pública, seja mais aprofundado que cada agente econômico envolvido arque com os custos na proporção de sua responsabilidade. Enel antecipa cobrança Em meio às discussões sobre a consulta pública, a distribuidora de energia Enel divulgou, em fevereiro, que passaria a cobrar de operadoras de telecomunicações de todas as áreas onde há sua infraestrutura um valor adicional além do que já é pago para uso dos postes. Atualmente, o grupo distribui energia nos estados do Ceará, Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo. Segundo a Enel, a cobrança estava prevista nos contratos de compartilhamento de infraestrutura assinados com as empresas de telecomunicações e se basearia na Resolução Conjunta Aneel/Anatel nº 4/2014, na Resolução Conjunta nº 001/99 e também na Resolução Normativa 797/2017 para exigir pagamento conforme os equipamentos colocados nos postes. No Ceará, as pequenas prestadoras de serviços de telecomunicações teriam sido notificadas sobre as cobranças adicionais no compartilhamento dos postes no dia 11 de fevereiro e o montante variaria de três a seis vezes o valor do ponto de fixação, a depender das condições contratuais de cada empresa. Em 22 de fevereiro, a distribuidora de energia elétrica se reuniu com deputados estaduais do Ceará e representantes do setor de telecomunicações para discutir o impasse na cobrança de uma taxa pelo uso dos postes por pequenas prestadoras de serviços de telecomunicações. Durante a reunião, ficou acordado a criação de um grupo de trabalho, junto com os empresários e a Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), para tratar do tema. Também ficou acordado que a cobrança avançaria à medida que o censo dos equipamentos realizado pela empresa de energia elétrica avance.

Exemplo em Santana de Parnaíba Enquanto não surge um consenso quanto à questão do compartilhamento de postes, a Abranet liderou um movimento no município de Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, em busca de uma solução harmônica para a ocupação de grandes e pequenas prestadoras de serviços de telecomunicações na infraestrutura elétrica. O projeto veio depois de a Eletropaulo, que administrava a distribuição de energia elétrica no município antes da Enel, cortar cabos que estavam realmente irregulares, porém, a ação afetou não apenas os cabos irregulares, mas também as empresas de telecomunicações, a própria prefeitura e os moradores e empresas. Isso foi em 2019 e acabou por desencadear uma série de ações para a melhoria dos cabos nos postes. Ainda em 2019, em uma reunião convocada pela prefeitura de Santana de Parnaíba, a Abranet teve papel decisivo de articulação. A associação sugeriu que fosse feita uma reorganização dos postes com todos os envolvidos e que durante o processo de reorganização fossem suspensos os cortes, pedido que também foi feito pelo prefeito à época, Elvis Cezar (PSDB). A Enel acatou, mas solicitou que os postes fossem organizados, porque estavam fora das normas. A partir daí, a Abranet fez ampla divulgação entre as pequenas prestadoras de telecomunicações atuantes na região quanto à necessidade de estarem em conformidade com as exigências. Ficou estabelecido que, dos seis pontos de fixação de cada poste, um deles seria destinado a esse grupo liderado pela Abranet para uso por todas as pequenas prestadoras interessadas – 12 pequenas prestadoras atuam na área. “Demos também a opção, para quem quisesse, de cada um ter seu cabo próprio. Mas passamos um cabo com capacidade para o compartilhamento do cabo e algumas pequenas prestadoras optaram pelo compartilhamento do cabo”, explicou Flávio Abreu, diretor da Abranet. Abreu detalhou que as prestadoras que tinham autorização na área do ponto de compartilhamento no poste foram as que ficaram responsáveis por cada trecho. A Abranet fez a conciliação com quem tinha a autorização e os interessados. O projeto contemplou cerca de 43 quilômetros de cabos. Entre os benefícios, a organização melhorou, não apenas visualmente, como também com relação à segurança, uma vez que, com tudo organizado, corre-se menos risco de os profissionais se acidentarem ou de causar um risco para a população que circula no local. Com a organização, foi eliminada a situação de uso de postes sem o respectivo contrato de compartilhamento e todas as ocupantes estão devidamente identificadas. abranet.org.br fevereiro / março / abril 2022

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conexão

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Novas regras para as fintechs podem se tornar barreiras O Banco Central do Brasil (BCB) ampliou, em 11/03, a exigência prudencial para instituições de pagamentos (IPs). De acordo com o BCB, as IPs terão regras proporcionais ao seu porte e à sua complexidade; e a nova regulação preserva a entrada facilitada para novos concorrentes no segmento de pagamentos. Para a ABFintechs, a autarquia criou certas dificuldades que podem se tornar barreiras para as fintechs de maior porte. A medida entra em vigor em janeiro de 2023, e a implementação completa está prevista para ocorrer em janeiro de 2025. Segundo Diego Perez, presidente da ABFintechs, as fintechs menores ou que fazem parte de um conglomerado somente de fintechs não terão tantos problemas. No entanto, a partir do momento em que tentarem sofisticar minimamente os seus serviços e ter na sua composição societária uma instituição financeira, mesmo que secundária ou de menor volume, terão um tratamento prudencial equivalente ao de um grande banco. Na prática, a autoridade monetária passa a exigir mais capital de instituições de pagamento maiores. A norma era esperada pelo mercado desde o ano passado. As novas normas estendem aos conglomerados financeiros liderados por IPs a proporcionalidade das exigências regulatórias já existentes para conglomerados de instituições financeiras. A agência de classificação de risco Moody’s considera que as novas regras de capital do Banco Central para instituições de pagamento (IPs) são positivas para a indústria financeira, mas ruins para empresas como Nubank, Stone e PagSeguro.

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Moedas digitais não vão substituir o dinheiro As moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs, da sigla Central Bank Digital Currency) não vão substituir o dinheiro, afirmou Drew Propson, líder de tecnologia e inovação do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), ao participar de webinar promovido pela Abranet e pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), que teve também a participação do ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, com mediação do cientista-chefe do ITS, Ronaldo Lemos. “CBDC não é uma tecnologia, mas uma aplicação de tecnologia que está em fase interessante”, detalhou Propson. O Brasil, assim como dezenas de outros países, está estudando a aplicação de CBDCs. O chamado ‘real digital’ já foi, inclusive anunciado pelo Banco Central do Brasil. “Todos os estudos sobre CBDCs são resultado de como incorporar as criptomoedas ao sistema formal”, assinalou Gustavo Franco.

Wi-Fi 6E chega ao Brasil Um ano depois da aprovação, pela Anatel, do uso da faixa de 6 GHz para equipamentos Wi-Fi, surgem equipamentos compatíveis com a tecnologia Wi-Fi 6E, cujo forte atrativo são taxas de transmissão na casa dos 10 Gbps e a capacidade de conectar muitos dispositivos simultaneamente. O uso efetivo está começando pelo mercado corporativo, foco inicial das operadoras. Desde que aprovou o uso da faixa de 6 GHz para equipamentos não licenciados – leia-se, para o W-iFi 6E –, a Anatel certificou uma série de dispositivos compatíveis. A agência já tem o registro de 10 roteadores, oito modelos de smartphones, 43 modelos de laptops e desktops e pelo menos de dois televisores. Segundo a Anatel, “tem sido crescente a disponibilidade de chipsets e plataformas Wi-Fi 6E pelos principais fornecedores.”


Numeração para SCM vai ter de esperar A Anatel aprovou mudanças no regulamento de numeração e, mais uma vez, deixou para o futuro a atribuição desses recursos a provedores de conexão à internet. Mais do que isso, avisou que um dia o Serviço de Conexão Multimídia (SCM) terá recurso de numeração, mas ele só virá após o fim das concessões de telefonia fixa. “A eliminação das restrições depende do fim das concessões do STFC, considerando-se o risco de causar desequilíbrio dos contratos, de alteração do plano geral de outorgas, da alteração do marco legal do SeAc, além de estudos de remuneração de redes e interconexão”, anotou o conselheiro Moisés Moreira, relator da revisão da norma. Na prática, a possibilidade de numeração para o SCM – normalizando chamadas “telefônicas” via internet – fará dessa modalidade de serviço a única sobrevivente

para as conexões fixas. Ou, nas palavras da Anatel, “o SCM passaria a ser o serviço fixo de interesse coletivo, mas depende do fim das concessões do STFC, considerando-se o risco de desequilíbrio dos contratos.” A revisão dos regulamentos de numeração agregou em uma única norma – com a revogação de 17 resoluções e 28 dispositivos – vários serviços. Entre as decisões da agência, prevaleceu não ser necessária uma numeração específica para os dispositivos M2M, pelo entendimento de que não há escassez de números, visto que a maioria usa numeração interna ou número IP. Outra decisão foi sobre o Serviço Móvel Global via Satélite. A agência desistiu de usar o mesmo plano de numeração dos celulares e preferiu estabelecer um plano específico ao SMGS, na expectativa de que ele se torne uma alternativa de serviço de voz em áreas sem acesso à telefonia fixa ou móvel.

Open Banking não decola

LACNIC e a RedCLARA: rede de blockchain

Ao completar um ano em operação, o open banking ainda enfrenta o desafio de aumentar a adesão das pessoas ao compartilhamento de seus dados. O mês de janeiro terminou com cerca de 100 milhões de conexões mensais e 3,3 milhões de consentimentos de clientes para compartilhamento de dados. Na prática, só a partir de agosto do ano passado foi introduzido o compartilhamento, quando os clientes começaram a receber ofertas de acordo com o perfil e histórico financeiro. Os 3,3 milhões de consentimentos parecem pequenos frente aos aproximadamente 180 milhões de correntistas do País, e especialmente diante das fortes expectativas do mercado. A terceira fase do open banking começou em outubro de 2021, quando os clientes passaram a acessar serviços de pagamento fora do próprio banco, solicitar empréstimos via app, e compartilhar históricos de informações financeiras. Na quarta etapa, que teve início em 15 de dezembro, o compartilhamento de dados, informações e histórico foi além do âmbito bancário, incluindo também serviços como seguros, investimentos e câmbio.

O LACNIC, que administra os registros de domínios de internet da América Latina e Caribe, se aliou à RedCLARA e ao BID Laboratório, no âmbito do programa regional LACChain, para lançar uma rede blockchain com permissão pública, em produção e de grau empresarial. Segundo divulgaram as entidades, a rede é baseada nos protocolos e experiência de LACChain e orquestrada pela LACNet, uma associação internacional neutra e sem fins lucrativos estabelecida no Uruguai para este fim. Para mais informações, acesse lacnet.lacchain.net

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Pesquisa mostra acesso desigual à internet no Brasil

para grande parte da população. O estudo apresenta um Índice de Privação On-Line, mostrando que a falta de qualidade no acesso à internet impacta principalmente as classes C, D e E e a população negra, enquanto menos de um terço da população pode ser considerada plenamente conectada (sobretudo A desigualdade de acesso à internet, brancos das classes A e B). a infraestrutura inadequada e a educação Entre as principais razões para a dificuldeficitária limitam significativamente as dade de acesso à internet, estão a baixa qualiAcesse o estudo completo: opções para o Brasil no contexto da transdade do sinal e o alto custo dos planos e dos https://pwc.to/3uGZVFH formação do mercado de trabalho. Embora equipamentos. A infraestrutura é deficitária investimentos em qualificação digital em todo o País, mas o problema é mais grave possam acrescentar US$ 6,5 trilhões ao em regiões periféricas, já que, quanto menor PIB global até 2030 e criar 5,3 milhões de a disponibilidade de infraestrutura (antenas), empregos, o abismo digital ameaça deixar menor a velocidade de conexão. Dados do o País para trás, sofrendo consequências movimento Antene-se apresentados no estudo como o aumento da informalidade, reindicam esta defasagem de infraestrutura em dução da produtividade, atraso no desenvolvimento todas as capitais brasileiras. humano e profissional e diminuição no acesso a serviO estudo também registra que 13,5 milhões de doços públicos por meios digitais. Esta é a conclusão do micílios têm conexão de banda larga móvel via modem estudo “O abismo digital no Brasil”, feito pela PwC ou chip, sendo que 9 em cada 10 destas residências Brasil em parceria com o Instituto Locomotiva. pertencem às classes C, D ou E. Esse tipo de conexão A pesquisa revela que, embora 81% da população é mais lenta e de menor qualidade em comparação brasileira acima dos 10 anos tenha acesso à internet, com a internet via cabo. O alto preço dos serviços foi somente 20% contam com uma conexão de qualidade. apontado por 68% dos participantes da pesquisa como Além disso, 58% dos brasileiros acessam a internet a principal causa para a ausência de redes de internet exclusivamente via smartphone. Essas condições redu- em casa. Ilustrando esse quadro, os usuários com renzem o acesso aos benefícios que a rede oferece, difida acima de 25 salários mínimos gastam mais de 30 cultando processos educacionais e, consequentemente, vezes com telefone, internet e TV do que os usuários ameaçando fechar as portas do mercado de trabalho com renda de até dois salários mínimos.

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Fonte: Estudo ”O abismo digital no Brasil”, feito pela PwC Brasil em parceria com o Instituto Locomotiva


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