Revista Abranet . 30

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cApTure o cÓDiGo AciMA pArA Ter eSTA eDição DA reviSTA eM Seu SMArTpHoNe

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INTERNET

abranet.org.br

ano VIII . edição 30 . fevereiro-abril 2020

Veja detalhes na página 2

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EDITORIAL Eduardo Neger

cApTure o cÓDiGo pArA Ter eSTA páGiNA eM Seu SMArTpHoNe

Presidente da Abranet

INTERNET MAIS SEGURA É INTERNET ENGAJADA E FORTE ENGAJAMENTO é a palavra mais forte neste momento de instabilidade global provocada pela pandemia do novo coronavírus, o Covid-19. Na Abranet, adotamos todas as medidas de proteção possíveis e recomendamos aos nossos associados que cada empresa, dentro de suas limitações e escopo de atuação, ajude a sociedade brasileira. O momento é de contribuição e sinergia coletiva. As empresas de internet sabem o papel que desempenham na economia nacional e estão atuando de forma transparente e colaborativa. A matéria de capa desta edição enfatiza a relevância do engajamento ao mostrar que uma internet mais segura depende da ação conjunta de todos os atores do ecossistema. A nós, prestadores de serviços de internet, cabe cuidar de nossas configurações com o objetivo de reduzir os incidentes gerados por vulnerabilidades e falhas. Atualmente, o Brasil ocupa o quarto lugar entre os endereços IPs com serviços SNMP mal configurados, mas estamos fazendo um esforço coordenado para mudar esse cenário por meio do “Programa por uma Internet mais Segura”, elaborado pelo CGI.br. O resultado já aparece: o número de IPs mal configurados no País teve uma redução de 62%. A Revista Abranet também trata do leilão das frequências do 5G, tecnologia que vai gerar uma oportunidade de negócios ímpar no mundo. A Anatel informa que serão 400 MHz de espectro ofertados na banda de 3,5 GHz. O edital – que está em debate em consulta pública – separa 60 MHz exclusivos para pequenos prestadores. O texto definitivo para estabelecer as regras de como o 5G vai chegar ao Brasil será elaborado a partir dessas sugestões. Então, nós, prestadores, temos de participar e mostrar as nossas realidades e expectativas. A exemplo do que temos feito nas últimas edições, lembramos aos nossos associados que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) será uma realidade para todo o mercado brasileiro. Inicialmente, a vigência está prevista para agosto deste ano. Como empresas de internet, somos obrigadas a investir em compliance como requisito de negócio. Mas estamos fazendo o dever de casa para dar mais segurança aos dados e investindo nas práticas de governança? Pesquisas mostram que várias verticais não estão fazendo a lição e correm o risco de não estarem adequadas à legislação. Haverá consequências – no bolso e no negócio. O Brasil e o mundo vivem uma situação fora da normalidade. A hora é de cuidar da saúde, mas também estamos cientes de que a internet tem um papel decisivo para manter as operações, a economia e a sustentabilidade dos negócios e também o relacionamento entre as pessoas. Engajados, vamos superar todas as adversidades. Boa leitura! abranet.org.br fevereiro / março / abril 2020

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ÍNDICE 05 | ABRANET RESPONDE eSocial: mudança nas alíquotas da Previdência. A adequação do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial) ao novo Regime Geral de Previdência Social trouxe mudanças relevantes. Fique atento e saiba quais foram as alterações.

06 | CAPA

CONSELHO EDITORIAL Eduardo Neger neger@abranet.org.br

Eduardo Parajo

parajo@abranet.org.br

GERÊNCIA EXECUTIVA Roseli Ruiz Vazquez gerente@abranet.org.br

INTERNET SEGURA:

FAÇA A SUA PARTE E CONFIGURE CORRETAMENTE SEUS EQUIPAMENTOS A segurança depende da ação conjunta entre todos os atores do ecossistema da internet. Reduzir os incidentes gerados por vulnerabilidades e falhas é um objetivo comum. PROJETO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO

10 | TENDÊNCIAS Para onde vai o Brasil? Ao apresentar 10 previsões para 2020 no mercado nacional, a IDC destaca que o segmento de dispositivos como serviço é filão para empresas de internet.

16 | CIDADANIA DIGITAL Civilidade digital: o que podemos fazer mais. Em um mundo cada vez mais conectado, é missão tornar a Internet uma plataforma capaz de engajar os brasileiros na conquista de uma sociedade melhor.

18 | 5G 5G expande modelos de negócios. Ainda que não comprem espectro, as empresas prestadoras de serviços de internet têm um papel relevante a desempenhar no desembarque da tecnologia no País.

22 | INOVAÇÃO Avançam novos arranjos de pagamento no Brasil. Banco Central anunciou o sistema de pagamentos instantâneos PIX e grupo de trabalho de open banking, no qual a Abranet é participante como representante das empresas de internet.

24 | LGPD

Como a sua empresa está se adequando à Lei de Dados Pessoais? Pesquisas mostram que muitas companhias não estão fazendo o dever de casa e correm risco de não estarem adequadas à legislação que entra em vigência em agosto. Empresas de internet — obrigadas a investir em compliance como requisito de negócio — agora têm de investir ainda mais na segurança de dados e na governança corporativa.

Editora Convergência Digital editora@convergenciadigital.com.br Tel: 011-3045-3481

DIREÇÃO EDITORIAL / EDITORA-CHEFE

Ana Paula Lobo

analobo@convergenciadigital.com.br EDIÇÃO

Bia Alvim

bia.alvim@pebcomunicacao.com REPORTAGEM / REDAÇÃO

Roberta Prescott

prescottroberta@gmail.com

Luis Osvaldo Grossmann ruivo@convergenciadigital.com.br EDIÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO

Pedro Costa

pedro@convergenciadigital.com.br IMPRESSÃO

Gráfica Pigma

27 | CONEXÃO Após saída da Google, Americanet negocia com novos parceiros para Wi-Fi público. Ligue investe na expansão de FTTH. Governo sob ataque cibernético. VMAX Telecom expande rede de fibra óptica para apoiar crescimento. Wiki Telecom ilumina 3 mil km de redes ópticas. Brasil terá quase 200 milhões de usuários da internet até 2023.

30 | OPINIÃO . Por Bruno Maia, Head de Inovação do SAS América Latina Quando a saída é o trabalho remoto, como fica a segurança dos dados? O trabalho remoto ganhou um impulso ainda maior com o receio sobre o impacto do coronavírus no ambiente de trabalho. Mas um descuido no trato de dados sensíveis pode ter impactos inimagináveis.

Rua MMDC, 450 cj 304 - Butantã - São Paulo / SP CEP: 05510-020 Fone: ( 11 ) 4564-7227 www.abranet.org.br facebook.com/abranetoficial bit.ly/LinkedIn_Abranet @abranet_brasil Youtube.com/AbranetBrasil

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ABRANET RESPONDE Tem uma dúvida? Quer que um especialista da Associação Brasileira de Internet responda? Escreva para o Abranet Responde. O e-mail é abranetresponde@abranet.org.br

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ESOCIAL: MUDANÇA NAS ALÍQUOTAS DA PREVIDÊNCIA tinuarão pagando as alíquotas atualmente existentes, cuja alíquota-base é de 20%, para salários de contribuição superiores ao salário mínimo. Para salários de contribuição igual ao valor do salário mínimo, deverá ser observado: I . Para o contribuinte individual que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiAS ALÍQUOTAS PROGRESSIVAS inseridas pela reforma parado e o segurado facultativo, o recolhimento poderá da Previdência entraram em vigor no dia 01 de março. No ser mediante aplicação de alíquota de 11% sobre o valor Regime Geral de Previdência Social (RGPS), as novas do salário mínimo; alíquotas valerão para contribuintes empregados, inclu- II . para o microempreendedor individual e para o sive para empregados domésticos, e para trabalhadores segurado facultativo sem renda própria que se dedique avulsos. Não haverá mudança para os trabalhadores autô- exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua nomos (contribuintes individuais), inclusive, prestadores residência – desde que pertencente a família de baixa de serviços a empresas e para os segurados facultativos, renda inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais informa o Ministério da Economia. do Governo Federal (CadÚnico) – o recolhimento deverá As alíquotas progressivas incidirão sobre cada faixa ser feito mediante a aplicação de alíquota de 5% sobre o de remuneração, de forma semelhante ao cálculo do valor do salário mínimo; Imposto de Renda. Quem recebe um salário mínimo por III . o contribuinte individual que presta serviço a mês, por exemplo, terá alíquota de 7,5%. Já um trabalha- empresa ou equiparado terá retido pela empresa o perdor que ganhe exatamente centual de 11% sobre o o teto do Regime Geral – valor recebido pelo serviSALÁRIO-CONTRIBUIÇÃO ALÍQUOTA também conhecido como ço prestado e estará obriAté um salário mínimo (R$ 1.045,00) 7,5% Teto do INSS, atualmente gado a complementar, diDe R$ 1.045,01 a R$ 2.089,60 9% R$ 6.101,06 – pagará uma retamente, a contribuição De R$ 2.089,61 a R$ 3.134,40 12% alíquota efetiva total de até o valor mínimo mensal De R$ 3.134,41 a R$ 6.101,06 14% 11,69%, resultado da soma do salário de contribuição, De R$ 6.101,07 a R$ 10.448,00 14,5% das diferentes alíquotas quando as remunerações que incidirão sobre cada recebidas no mês, por De R$ 10.448,01 a R$ 20.896,00 16,5% faixa da remuneração. serviços prestados a emDe R$ 20.896,01 a R$ 40.747,20 19% Contribuintes indivipresas, forem inferiores ao Acima de R$ 40.747,20 22% duais e facultativos consalário mínimo.

A adequação do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial) ao novo Regime Geral de Previdência Social trouxe mudanças relevantes. Fique atento e saiba quais foram as alterações.

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CAPA

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Roberta Prescott

INTERNET SEGURA: Faça a sua parte e configure corretamente seus equipamentos A segurança depende da ação conjunta entre todos os atores do ecossistema da internet. Reduzir os incidentes gerados por vulnerabilidades é uma missão constante. A SEGURANÇA DA INTERNET depende de ação conjunta entre operadores e provedores de serviços. Todos eles precisam cuidar de suas configurações com o objetivo de reduzir os incidentes gerados por vulnerabilidades e falhas de configuração. Atualmente, o Brasil ocupa o quarto lugar entre os endereços IPs com serviços SNMP mal configurados, mas, desde a criação do “Programa Por Uma Internet Mais Segura”, elaborado pelo CGI.br, o número de IPs mal

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configurados no País teve uma redução de 62%. Lançado pelo CGI.br e NIC.br no Painel do IX Fórum 11, em dezembro de 2017, o programa tem como objetivo atuar em apoio à comunidade técnica da Internet para diminuir os ataques de negação de serviço originados nas redes brasileiras; reduzir o sequestro de prefixos, vazamento de rotas e falsificação de IP de origem; e reduzir as vulnerabilidades e falhas de configuração presentes nos elementos da rede. Para isto,


é feita a aproximação das diferentes equipes responsáveis pela segurança e estabilidade da rede com vista a incentivar o crescimento de uma cultura de segurança. O programa visa a criar cultura de segurança com divulgação de boas práticas para a infraestrutura de rede, tanto na parte de correção de configurações para redução de ataques DDoS, quanto no mapeamento de ameaças, mitigação de riscos e adoção de correções. Os ataques mais comuns são DDoS, sequestro de prefixos e vazamento de rotas, sendo que os ataques DDoS são os que mais crescem e, dentre as notificações que o CERT.br recebe, o maior volume refere-se àquelas relacionadas a ataques que saem das redes brasileiras e afetam diversas organizações. “É importante que as empresas entendam a importância delas no todo, ao pensar não apenas em se proteger contra quem está atacando, mas também, olhando no médio e longo prazos, para o que está saindo da rede delas. Faço uma analogia com a água do rio: se pega limpa e devolve suja, o que vai acontecer com o rio? É a mesma coisa com a internet”, explica Gilberto Zorello, coordenador do Programa Por Uma Internet Mais Segura do NIC.br. Neste processo, a conscientização é vital para que todos os que operam a internet cuidem de suas respectivas redes para que não possam ser usadas para atacar outras. As empresas de Internet devem cuidar das configurações dos equipamentos de sua rede, tanto do seu core, quanto dos equipamentos que estão instalados nos seus clientes. Visando à redução dos ataques DDoS por amplificação, o CERT.br notifica

mensalmente todos os responsáveis pelos endereços IP que possuem serviços mal configurados no Brasil. A entidade também faz um acompanhamento sistemático da resolução dos problemas, atuando junto às operadoras e provedores. Mapear as ameaças e os riscos dentro da rede, escolher melhores senhas para quem acessa os equipamentos, dar permissão para acessar os equipamentos somente àqueles que tiverem a devida formação para a tarefa, usar criptografia, fechar o que não está sendo usado para não ser acessado por alguém malicioso, manter os sistemas sempre atualizados, armazenar registros de alteração (saber quem altera, saber se fez errado) e manter o relógio atualizado são algumas das recomendações. O programa aponta para diversas melhores práticas (leia mais na página 9). Contra ataques de amplificação, a orientação é configurar corretamente serviços que podem ser abusados em ataques deste tipo. Nas configurações de roteamento, é necessário implementar as ações de segurança de roteamento preconizadas pelo MANRS. E mapear ameaças, mitigar riscos e adotar ações corretivas são essenciais para hardening. Há ainda uma ação do NIC junto com os grupos LACNOG1 (Grupo de Operadores de Redes da América Latina e o Caribe) e M3AAWG (Messaging, Malware and Mobile Anti-Abuse Working Group), cujo documento conjunto – LACNOG-M3AAWG – indica as melhores práticas operacionais sobre requisitos mínimos

IPs notificados recentemente por serviço

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de segurança para aquisição de equipamentos para conexão de assinantes. Quando o programa foi criado, o maior problema era com as operadoras. “De início não nos preocupamos com os ISPs. Trouxemos todas as operadoras, que se comprometeram a trabalhar com a gente no programa, mas de maneira bilateral – ou seja, NIC e operadora, sendo que o trabalho feito com uma não era divulgado para outra”, conta Zorello. O trabalho avançou com as operadoras, tanto que, atualmente, o maior índice de IPs mal configurados está com os ISPs. notiFicações Em maio de 2018, eram 575 mil IPs notificados de grandes operadoras e 148 mil de ISPs e ASN corporativos, e hoje são 107 mil das telcos e 170 mil de ISPs e ASN corporativos. “Houve uma redução total dos IPs notificados em 62% desde o início do programa”, aponta Gilberto Zorello, do NIC.br. Com relação ao aumento no número de IPs referentes a ISP, ele explica que tanto os ISPs não resolveram os problemas como novos passaram a ser notificados. “Hoje notificamos mais provedores regionais que grandes operadoras”, diz. Na segmentação dos IPs notificados, os ISPs respondem por 60% do total, seguidos das operadoras (39%) e dos corporativos (1%). A dificuldade, porém, em trabalhar com ISPs, diz Zorello, é a quantidade. “Hoje temos 7 mil sistemas autônomos; das operadoras são 15 ASs, então, o grosso está com ISPs e mercado corporativo, como

datacenters”, acrescenta. No caso dos provedores, a partir das medições, são verificadas as maiores vulnerabilidades e onde elas estão. Depois, as associações são procuradas para passar os contatos dos provedores para que os problemas sejam solucionados. Uma recomendação importante, assinala Zorello, é validar a permissão para recebimento de e-mails com origem cert@cert.br para receber as notificações. “Estamos sentindo resultado positivo do contato com provedores. Eles entendem o problema e vão em busca de soluções.” Os próximos passos, diz Zorello, incluem a continuidade das ações com as grandes operadoras com reuniões bilaterais e acompanhamento das ações; a seleção de provedores para reuniões bilaterais, em função dos indicadores, e realização de contato com apoio das associações; a continuidade da realização de cursos, treinamento e tutoriais pelo CEPTRO; a continuidade da realização de palestras nos IX Fóruns regionais e eventos de associações de provedores; e a evolução do site do programa. Mitigar o tráfego malicioso que entra na rede é caro, necessita de equipamentos destinados a este fim. Analisar o que sai da própria rede é mais fácil e barato, conforme explica Gilberto Zorello, do NIC.br. “A segurança de cada rede depende das demais redes, estamos todos juntos. Trata-se de um ecossistema onde a segurança de cada participante depende da segurança implementada pelos outros participantes”, diz.

”Validar a permissão para recebimento de e-mails com origem cert@cert.br para receber as notificações é um passo obrigatório das empresas.” GILBERTO ZORELLO Coordenador do Programa Por Uma Internet Mais Segura do NIC.br

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Ricardo Matsukawa


Melhores práticas

I II

III

Ações de correção de configurações indicadas pelo CERT.br evitam que a rede da empresa de Internet tenha sua infraestrutura abusada e seja participante de ataques DDoS a outras redes orquestrados por agentes externos. Como consequência, tem seus recursos comprometidos (links e equipamentos) e leva o nome da empresa a ser envolvido nesses ataques. A adoção de procedimentos de segurança oferece à empresa um diferencial competitivo em um mercado em que todos oferecem serviços semelhantes.

O MANRS – Mutually Agreed Norms for Routing Security é uma iniciativa global, suportada pela Internet Society, que fornece recomendações para redução das ameaças mais comuns de roteamento. a . Filtros para prevenir a propagação de informações de roteamento incorretas: evitam a ocorrência de ataques do tipo sequestro de prefixos e vazamento de rotas. b . Filtros para prevenir tráfego com endereço IP de origem alterado: ajuda a evitar ataques DDoS por amplificação. c . Facilitar a comunicação global e coordenação entre os operadores das redes: facilita a resolução de problemas de segurança na rede. d . Registro de dados da política de roteamento utilizada pelo operador da empresa de Internet: facilita a validação de informação de roteamento em escala global.

Mapear ameaças, mitigar riscos e adotar ações corretivas: a . Autenticação: verificação do usuário que acessa a rede com login único e senha segura. b . Autorização: diferenciação de privilégios de cada operador da rede. c . Acesso: o acesso aos equipamentos da rede deve ser feito utilizando protocolos com recursos de segurança e atualizados, portas e interfaces não utilizadas devem ser desabilitadas e devem ser executadas outras ações que protegem contra ataques por escaneamento externo. d . Desativar todos os serviços não utilizados ou inseguros; se estes forem necessários, implementar restrição de acesso. e . Manter os sistemas sempre atualizados, aplicando todas as atualizações de segurança. f . Manter backup das configurações atuais. g . Armazenar registros da operação e configuração da rede. h . Data e horário devem estar sincronizados com o NTP.br. Resumo das melhores práticas: https://bcp.nic.br/i+seg/

IV

Utilizar a recomendação Requisitos Mínimos para Aquisição de CPEs: a . Identifica um conjunto mínimo de requisitos de segurança que devem ser especificados no processo de compra de CPEs pelas empresas de Internet. b . Reduz riscos de comprometimento da rede do provedor e da Internet como um todo. c . Reduz os custos e perdas resultantes do abuso dos equipamentos por invasores: degradação ou indisponibilidade de serviços, suporte técnico e retrabalho.

Acesso à recomendação em português: https://www.m3aawg.org/sites/default/files/lac-bcop-1-m3aawg-v1-portuguese-final.pdf

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TENDÊNCIAS

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Roberta Prescott

Para onde vai

O BRASIL? Ao apresentar 10 previsões para 2020 no mercado nacional, a IDC destaca que o segmento de dispositivos como serviço é filão para empresas de internet.

perspectivas para o Mercado

A COMERCIALIZAÇÃO de produtos de informática como serviço pode ser um campo fértil de mercado para as empresas prestadoras de serviços de internet. Ao apontar dez previsões para 2020 e projeções de crescimento dos mercados de tecnologia da informação e comunicação, a IDC disse que o DaaS (device as a service) é uma prática que ganha força devido ao momento atual. “Gerenciar como serviço, muito além da venda, é rentável e cativa o cliente, gerando ampla gama de oportunidades de negócios”, destacou Reinaldo Sakis, gerente de pesquisa e consultoria de consumer devices da IDC Brasil. Sakis lembrou que o modelo de negócio não é novo, que há décadas se pratica, mas que na conjuntura atual, com o mercado mais maduro e em baixo crescimento, tende-se a buscar nichos de atuação. “O Brasil apresentará um aumento expressivo na comercialização de produtos como serviço para as empresas, visto que o País ainda tem um grande po-

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tencial na venda de dispositivos B2B”, disse. Neste sentido, DaaS tem sido uma alternativa no Brasil para fabricantes e provedores. Do lado de quem contrata, representa trocar Capex por Opex, o que deixa o modelo mais atraente. Questionado sobre quem poderia vender este modelo de negócio, Sakis ressaltou que as empresas que ofertam conectividade, como os ISPs, além de integradores de TI, são aderentes a ele. É preciso, contudo, capacitação para vender como serviço. Segundo a IDC, os modelos como serviço representam casos de sucesso em todo o mercado de TIC; uma vez que avaliar Opex no lugar de Capex pode ser mais vantajoso. Inicialmente oferecido a grandes empresas, atualmente, as pequenas e médias são o motor de crescimento deste tipo de oferta. Traduzido em números, o mercado de DaaS apresenta mais oportunidades de médio e longo prazos do que o mer-

previsão 1 . eXpecTATivA pelA lGpD Investimentos em segurança avançarão, alavancados por consultorias e serviços especializados, que têm crescimento esperado de 9,6% em 2020, atingindo uS$ 456M. A atualização/adequação de aplicações gera um impacto positivo no mercado de desenvolvimento customizado, que deve alcançar uS$ 968M em 2020, numa retomada mais acentuada a partir de 2021, que se conecta ao movimento de modernização de aplicações e de Cloud.

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perspectivas para o Mercado

previsão 2 . ANAlYTicS ou Ai? As soluções de software voltadas para Analytics e Ai crescem 11,5% e, juntas, devem somar US$ 548M em 2020. Interesse em consultoria de negócios promoverá um crescimento de 6,2% neste ano para este tipo de serviço, trazendo oportunidades não apenas para grandes players, mas também para boutiques e provedores de nicho.

perspectivas para o Mercado

previsão 3 . NuveM pArA cADA NeceSSiDADe O mercado de nuvem pública no Brasil deve alcançar uS$ 3,5B em 2020, o que representa um crescimento de 36,6% sobre o ano anterior. A adoção de nuvem privada continuará em ascensão, fazendo com que este mercado atinja uS$ 1,3B neste ano – impulsionado principalmente por empresas de grande porte e pela vertical de finanças.

perspectivas para o Mercado

previsão 4 . NuveM GereNciADA A estimativa da IDC para 2020 é que os serviços gerenciados voltados para ambientes de nuvem totalizem r$ 1,2B, o que representa um crescimento de quase 40% contra o ano anterior. Esse total é oriundo da conversão de serviços focado em ambientes tradicionais para ambientes de nuvem.

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cado de consumo na venda de dispositivos. Muito embora as ofertas no Brasil sejam feitas a ambos os clientes (pessoas físicas e jurídicas), a maior parte dos novos clientes serão empresas, disse a IDC. Em 2020, este mercado deve superar R$ 2 bilhões, o que representará um crescimento de 12% em relação ao ano anterior. Segundo a IDC, o mercado de DaaS fechará o ano com uma participação de 12% no valor de vendas de dispositivos para empresas no Brasil.

perspectivas para o Mercado

tic Computação em nuvem puxará os investimentos em TI em 2020. A previsão da IDC é que o mercado bra-

sileiro de tecnologia da informação aumente 5,8%, impulsionado pela nuvem e pela aceleração do mercado de software. No geral, a consultoria prevê para 2020 um crescimento do setor de tecnologia da informação e comunicação de 4,9%, mesmo porcentual que a consultoria projetou para o ano de 2019 – segundo Luciano Ramos, gerente de pesquisa e consultoria de software e serviços da IDC Brasil, ainda que os números não estejam fechados, a IDC acredita que a previsão para 2019 vai se concretizar. O setor que mais crescerá será o da TI empresarial (ou seja, excluindo-se o mercado para consumidor final), com projeção de aumento de 7,6%. Na análise do setor, TI avança 5,8%, sob efeito do crescimento da nuvem e aceleração do mercado de software, enquanto telecom, segmento no qual os ISPs estão inseridos, terá crescimento discreto de 0,7%, impulsionado por serviços de dados.

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previsão 5 . MoDerNiZAção De AplicAçÕeS Em 2020, veremos a aceleração de paaS, que deverá crescer 46% e alcançar uS$ 678M no Brasil. Esse efeito deve se estender ao longo de 2021 e 2022. Veremos também o uso de containers em aplicações críticas, saindo de 18% em 2018 para cerca de 26% já em 2020, com perspectiva de atingir 42% das aplicações em 2022.

Fonte: IDC Predictions Brazil 2020

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Perspectivas Para o Mercado

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Previsão 6 . SD-WAN Será Alavanca na Adoção de Serviços Gerenciados de Rede e Segurança Mais da metade das empresas que possuem formação de redes de dados terá implementado alguma iniciativa de SD-WAN até o término do ano de 2020. Estudos da IDC revelam que 47% dessas empresas consideram players diferentes das operadoras para essa implementação. A contínua adoção desse serviço indica um crescimento de mais de 70% em 2020.

Perspectivas Para o Mercado

A nuvem pública tem sido o centro das discussões, pontuou Luciano Ramos, gerente de pesquisa e consultoria de software e serviços da IDC Brasil. Atualmente, mais de dois terços das companhias têm algum tipo de iniciativa em nuvem pública. Além de infraestrutura como serviço (IaaS), já consolidado como modelo de infraestrutura flexível e escalável, a IDC aponta plataforma como serviço (PaaS) ganhando relevância e com maior adoção. Contudo, ainda se trata de um mercado concentrado, com os cinco principais provedores de PaaS somando hoje mais de 65% de market share. Já as nuvens privadas estão focadas para atender às necessidades específicas de modernização e controle. Em grandes empresas, a IDC identifica até 25% do orçamento externo de TI voltado para modelos de nuvem privada. Assim, genericamente falando, as empresas têm olhado para ambos os modelos, aplicando nuvem pública ou nuvem privada segundo as necessidades, com as empresas de pequeno e médio portes tendendo a apoiarem-se mais fortemente em nuvem pública, ainda que de forma integrada a seus legados de TI. Traduzindo em números, a IDC projeta que o mercado de nuvem pública no Brasil alcance US$ 3,5 bilhões em 2020, o que representa um crescimento de 36,6% sobre o ano anterior. A nuvem privada continuará em ascensão e atingirá US$ 1,3 bilhão neste ano – impulsionada principalmente por empresas de grande porte e pela vertical de finanças. O avanço acelerado para a nuvem e mescla de ambientes criaram dificuldades de gestão. “A necessidade de se gerenciar as nuvens, otimizando o consumo de recursos e

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mantendo níveis de disponibilidade, precisou ser endereçada. E isto foi motivador para contratação de serviços gerenciados para a nuvem”, explicou Ramos, ao falar sobre o mercado que nasce de nuvem gerenciada. A IDC aponta que mais de 80% das empresas consideram que esses temas são motivadores importantes para contratação de serviços gerenciados para nuvem. A utilização de múltiplas nuvens também corrobora a necessidade de maior controle sobre os recursos e, atualmente, das organizações que utilizam IaaS em nuvem pública, cerca de 41% fazem uso de mais de um provedor. De acordo com a IDC, as ofertas de serviços gerenciados para nuvem proliferam, tanto de provedores tradicionais como de novos players, e as empresas já estão prevendo esse gasto em seus orçamentos. A perspectiva, aponta a IDC, é de ampliação para os próximos anos, acompanhando o crescimento da computação em nuvem. A estimativa da IDC para 2020 é que os serviços gerenciados voltados para ambientes de nuvem totalizem R$ 1,2 bilhão, o que representa um crescimento de quase 40% contra o ano anterior. O total é oriundo da conversão de serviços focado em ambientes tradicionais para ambientes de nuvem. Modernização de aplicações Outra consequência do amadurecimento da computação em nuvem é a necessidade de modernização das aplicações. As empresas estão começando a entender que apenas levar os workloads como estão para a nuvem

Previsão 7 . Em 2020, IoT Será o Elemento Central da Automação nas Empresas Os provedores de soluções precisam estar preparados para justificar o ROI aos executivos de LOB. Diferentes setores têm KPIs diferentes (por exemplo, satisfação do cliente para o setor de saúde, redução de custos no varejo, aumento de produtividade na manufatura). Globalmente, em 2020, 90% das organizações determinarão KPIs de negócio para medir o sucesso de seus projetos de IoT. O crescimento desse mercado, que representará US$ 9,9B no ano de 2020, será próximo de 20%, considerando Hardware, Software, Conectividade e Serviços.

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IoT: sem tecnologia matadora

perspectivas para o Mercado

O ambiente de internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) não deve ter uma tecnologia de conectividade vencedora. Pelo contrário: LoRa, NB-IoT, M2M, Wi-Fi Mesh e outras estarão cada vez mais presentes no cotidiano das empresas, segundo apontou Luciano Saboia, gerente de pesquisa e consultoria de TIC da IDC Brasil, em sua apresentação das previsões da consultoria para 2020. “Vamos ouvir muito em 2020 diferentes maneiras de conexão. Alguma sai vencedora? Depende da aplicação. Hoje, as redes móveis estão na frente”, disse Luciano Saboia, gerente de pesquisa e consultoria de TIC da IDC Brasil. O crescimento desse mercado, que representará US$ 9,9 bilhões no ano de 2020, será, segundo a IDC, próximo de 20%, considerando hardware, software, conectividade e serviços. Para ele, haverá o casamento de tecnologias de múltiplas conectividades. E, com isso, um aumento da complexidade de gerenciamento de múltiplas conectividades, bem como quantidade de contratos e provedores. Além disso, mobilidade, computação em nuvem, inteligência artificial e machine learning são tecnologias que caminham juntas com o desenvolvimento de projetos de IoT, bem como necessidades de edge computing. Pietro Delai, Latin America cloud & software program manager da IDC, opinou que IoT vem avançando mesmo sem ter padrão definido. “Tudo está andando em paralelo e gerando produtividade;

e o interessante de IoT é que você consegue demonstrar os benefícios”, disse, fazendo referência ao Plano Nacional de IoT. “A publicação formal do plano não fez grande mudança, mas o fato de se fazer o plano foi importante para mostrar quais setores o País quer beneficiar. Depois não veio algo da mesma envergadura em relação a financiamento, não teve trabalho tão grande de alavancar isto. Mas o fato é que IoT está andando, o pessoal está fazendo, estão tendo benefícios. IoT está sendo mais feita do que falada”, reforçou. Diferentes setores têm indicadores de desempenho (KPIs) distintos, podendo ser de satisfação do cliente para o setor de saúde, redução de custos no varejo e aumento de produtividade na manufatura. Globalmente, em 2020, 90% das organizações determinarão KPIs de negócio para medir o sucesso de seus projetos de IoT, destacou a IDC. “IoT será o elemento central da automação das empresas. Em 2020, ela se torna a ferramenta capaz de permitir que a automação seja efetivamente realizada e na escala que as organizações precisam”, afirmou. O recado para os provedores de soluções também foi claro: eles precisam estar preparados para justificar o retorno dos investimentos aos executivos de negócio. “Tem espaço para todo mundo, de ponta a ponta, desde o sensor até quem está lá em cima tirando insights em tempo real”, apontou Delai. Na mesma linha, Saboia acredita que não haverá um provedor único para as aplicações IoT.

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previsão 8 . TrANSForMAção DAS operADorAS AcelerANDo A MASSiFicAção De ServiçoS DiGiTAiS Serviços que orbitam a conectividade, como segurança, serviços gerenciados, serviços profissionais, IoT e infraestrutura (tanto equipamentos como IaaS), têm maior êxito. Teremos continuidade no estabelecimento de parcerias que proporcionem esse leque ampliado de serviços. Provedores de TI e empresas de software são vistos como principais parceiros. Juntas, as operadoras superarão o patamar de 10% do mercado total de Serviços Gerenciados em 2020 no Brasil, com mais de uma delas entre as Top 10.

Fonte: IDC Predictions Brazil 2020

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não é suficiente. Atualmente, somente 27% das aplicações proprietárias estão modernizadas em arquiteturas cloud-enabled. Estudos da IDC mostram que containers são a abordagem preferida para a modernização. Contudo, destacou Ramos, além do investimento necessário para modernizar, conhecer bem a tecnologia ainda é uma barreira, com pouco mais de um terço das empresas tendo algum nível de familiaridade com containers. “A necessidade de modernização alavanca a discussão de como transformar o ambiente”, disse Luciano Ramos, gerente de pesquisa e consultoria de software e serviços da IDC Brasil. Ele explicou que as áreas de negócio terão participação essencial neste processo e ressaltou que é neste ponto que, por vezes, processos também são redesenhados e modernizados. A IDC prevê que, em 2020, haverá aceleração de PaaS, que deverá crescer 46% e alcançar US$ 678 milhões no Brasil, com efeitos se estendendo ao longo de 2021 e 2022. O uso de containers em aplicações críticas sairá de 18% em 2018 para 26% já em 2020, com perspectiva de atingir 42% das aplicações em 2022. 5G

perspectivas para o Mercado

Já a quinta geração de telefonia móvel ficou fora das previsões da IDC para 2020. A justificativa, explicou Luciano Saboia, gerente de pesquisa e consultoria de TIC da IDC Brasil, deveu-se ao fato de 5G estar sendo muito falado na mídia, mas sem nada concreto no Brasil. “Não há negócios e nem números para o mercado brasileiro para colocarmos nas previsões. 5G não é real para o ano de 2020, mas é uma realidade. É um fato que vai acontecer no Brasil; o governo não está acelerando o cenário para leilão, as telcos, se puderem, vão retardar os investimentos para recuperar o que já investiram até agora. 5G vai chegar, mas não com número expressivo para 2020, porque não dá tempo”, ressaltou.

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Analytics e IA pedem projetos direcionados Analytics e inteligência artificial (IA) estão cada vez mais entrelaçados, buscando simplificar o consumo de um volume crescente de informações e gerando mais insights para os negócios, explicou Luciano Ramos, gerente de pesquisa e consultoria de software e serviços da IDC Brasil, durante apresentação das previsões da IDC para 2020. Houve, segundo ele, uma mudança importante no mindset das empresas, que passaram a ter projetos menores e mais direcionados de analytics e IA. “A ideia é resolver uma dor e, então, avançar para a próxima”, disse. Para tanto, as empresas estão buscando plataformas que sejam expansíveis. Outra tendência é a maior adoção de ferramentas open source ganhando em um modelo no qual as empresas privilegiam o autosserviço e a autonomia para a criação. O baixo custo de implementação de open source leva empresas à experimentação e à criação de um primeiro nível de conhecimento sobre o tema. Mas, ainda assim, 64% das empresas pretendem contratar consultorias especializadas (de TI ou de negócios) para auxiliá-las. No que tange a modelos de negócio, a IDC aponta que inteligência artificial continua sendo um tema central para UX, em especial, na automação do atendimento. “IA ainda é tema incipiente, com a maior parte de aplicações em analytics. Sempre são capacidades analíticas que trazem inteligência”, disse Ramos. A IDC estima que as soluções de software voltadas para analytics e IA cresçam 11,5% e, juntas, devem somar US$ 548 milhões em 2020.

previsão 9 . DAAS - uMA práTicA Que GANHA ForçA pelo MoMeNTo Do MercADo Mercado comercial apresenta mais oportunidades de médio e longo prazo do que o mercado de consumo na venda de dispositivos. Muito embora as ofertas no Brasil sejam feitas a ambos os clientes (P. Física e P. Jurídica), a maior parte dos novos clientes serão empresas. Em 2020, este mercado deve superar r$ 2B, o que representará um crescimento de 12% em relação ao ano anterior. O mercado de DaaS fechará o ano com uma participação de 12% no valor de vendas de dispositivos para empresas no Brasil.

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Redes definidas por software ganham escala

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As redes definidas por software (SDN, do inglês software-defined networking) ganham cada vez mais força. E a maior adoção delas vai impulsionar os serviços gerenciados de rede e de segurança, segundo apontou a IDC. “Começou-se a falar em SDN em 2016, mas, naquele ano, ainda não se tinha uma visão clara do conceito. No ano passado, observou-se um amadurecimento das ofertas de SD-WAN, tanto por parte das operadoras como também dos integradores de serviços de TI”, explicou Luciano Saboia, gerente de pesquisa e consultoria de TIC da IDC Brasil. O entendimento agora é que as redes devem ser tão ágeis quanto as aplicações que por elas passam. “A realidade imposta é formada por políticas centralizadas, redes híbridas, seleção dinâmica do tráfego, segurança, gerenciamento e analytics – que não eram comuns a esse tema”, disse Saboia. Para as empresas, gerenciamento de serviços representa uma grande porta para aumentar as receitas e emplacar projetos que vão além da conectividade. Já os clientes ainda estão pragmáticos, ao tomar decisões, inicialmente, baseadas em reduções de custos. Saboia disse que o amadurecimento do mercado indica uma consolidação com foco em serviços gerenciados (management services), com operadoras (e outros players) cada vez mais capazes de gerir serviços integrados. “As funções de rede e segurança serão cada vez mais virtualizadas: roteamento, Firewall e Next-gen Firewall, Session Border Controller - SBC, WAN Optimization, WLAN Controller, gerenciamento e Analytics para redes”, enumerou. Para Saboia, um dos impulsionadores para este movimento é a necessidade de modernização das aplicações com a migração para a nuvem. “Com o movimento de workloads para nuvem torna-se necessária uma rede definida por software para permitir que a comunicação ocorra de maneira eficiente”, disse. A IDC apontou que mais da metade das empresas que possuem formação de redes de dados terão implementado alguma iniciativa de SD-WAN até o término do ano de 2020. Estudos da consultoria revelam que 47% dessas empresas consideram players diferentes das operadoras para essa implantação. “Como o mercado está em estágio inicial, estamos estimando que a adoção desse serviço tenha um crescimento de mais de 70% em 2020, excluindo-se a conectividade”, disse.

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previsão 10 . A eSperADA eXpANSão Do MercADo De proDuToS SMArT coMeçA AGorA eM 2020 Wearables: crescerá 62% em unidades e 73% em valor (US$) pelas ofertas aos usuários de médio poder aquisitivo. Smart Speaker: crescerá acima dos 50% em unidades e mais de 40% em valor (US$), demonstrando o potencial destas novas tecnologias. Smart Home: deverá apresentar crescimento acima dos 55% em unidades, chegando a 40% em valor (US$), devido à redução de alguns preços e maior competição.

Fonte: IDC Predictions Brazil 2020

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CIDADANIA DIGITAL

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Roberta Prescott

CIVILIDADE DIGITAL: O QUE PODEMOS FAZER MAIS? Em um mundo cada vez mais conectado, é missão tornar a Internet uma plataforma capaz de engajar os brasileiros na conquista de uma sociedade melhor. UMA PESQUISA apontou um triste dado à sociedade glo- Alemanha (58%), Malásia bal e, em especial, para a brasileira. O Índice global de (59%) e os Estados UniCidadania Digital (DCI) da Microsoft, um meio de medir dos (60%). Os países com o tom das interações online, está em 70%, a maior classi- os menores níveis de civilidade digital foram Colômbia ficação de falta de civilidade desde o início da medição, (80%), Peru (81%) e África do Sul (83%), marcando a priem 2016. Tendências como dor emocional e psicológica meira vez que países atingem uma marca superior a 80%. O e consequências negativas decorrentes da exposição a índice brasileiro foi de 72%, menor que Argentina (76%), Chile (75%) e México (75%). riscos online também aumentaram Segundo 31% dos entrevistados, significativamente. Quanto menor a a aparência física e a política são os classificação do índice (numa escala EXPOSIÇÃO A RISCOS principais motivos para a falta de cide 0 a 100), menor a exposição a risEm escala global, o DCI revelou que a vilidade online, seguidas de orientaco das pessoas pesquisadas e maior o exposição a riscos online aumentou ção sexual (30%), religião (26%) e nível percebido de cidadania entre as significativamente, principalmente raça (25%). Em termos do local onde pessoas naquele país. nas seguintes áreas: esse comportamento ocorre, dois terO DCI é baseado em uma pesquiços (66%) dos entrevistados afirmasa concluída em maio do ano passado 1. coNTATo iNDeSeJADo ram que as redes sociais são o fórum para avaliar as atitudes e percepções 2. FArSAS/FrAuDeS/GolpeS mais frequente para a falta de civilide adolescentes (13 a 17 anos) e adul3. SeXTiNG iNDeSeJADo dade online. tos (18 a 74 anos) em 25 países sobre 4. TrATAMeNTo MAlDoSo o atual estado da cidadania digital. Em reAliDADe BrASileirA escala global, o estudo revelou que a 5. TrollAGeNS O Brasil teve um aumento de dois exposição a riscos online aumentou pontos porcentuais desde o ano passignificativamente, principalmente nas áreas de contato indesejado, farsas/fraudes/golpes, sado e atingiu, agora, um DCI de 72%, sendo classificado como 15º dentre os 25 países pesquisados. O aumento, de sexting indesejado, tratamento maldoso e trollagens. O Reino Unido se manteve no topo do Índice de Cida- acordo com a metodologia do índice, representa uma piora dania Digital durante três dos últimos quatro anos. No en- na civilidade digital no País. O estudo, que entrevistou 502 brasileiros, com idades tanto, o país teve um aumento da incivilidade online (52%), porcentual superior ao seu maior pico de 45% em 2016. A entre 13 e 74 anos, mostra que os principais riscos são Holanda estreou em segundo lugar, com 56%, seguida da contatos indesejáveis (42%), sexting indesejado (26%),

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farsas/fraudes/golpes (24%), assédio moral (24%) e assédio sexual (22%). Entre os temas que mais geraram conflitos na internet, estão: política (53%), orientação sexual (34%), religião (33%), aparência física (30%) e raça (29%). A relação com a internet entre os brasileiros revelou que os millennials (82%) compõem o maior grupo de risco entre os adultos. Dentre os jovens, 71% deles já vivenciaram um risco online, sendo que 78% sofreram com as consequências por conta dos riscos aos quais foram expostos. No entanto, apenas 48% deles pediram ajuda para os pais, e outros 63% afirmaram saber onde encontrar ajuda. Quanto à expectativa de mudança, 69% dos entrevistados acreditam que empresas de tecnologia e mídia social criarão ferramentas e políticas que encorajarão um comportamento online mais respeitável e civilizado.

PRINCÍPIOS DA CIDADANIA DIGITAL A Microsoft compartilhou os quatro princípios do Desafio da Cidadania Digital, que promovem interações seguras, saudáveis e respeitosas na internet. Todos podem se comprometer com o desafio, adotando hábitos e práticas positivas ao longo do ano. São eles: Viva a Regra de Ouro agindo com empatia, compaixão e bondade em todas as interações, e trate todos com quem você se conecta online com dignidade e respeito. Respeite as diferenças, honre perspectivas diversas e, quando as discordâncias surgirem, envolva-se cuidadosamente e evite xingamentos e ataques pessoais. Reflita antes de responder a coisas de que você discorda, e não poste ou envie algo que possa machucar outra pessoa, danificar uma reputação ou ameaçar a segurança de alguém. Defenda você mesmo e os outros apoiando aqueles que são alvo de abuso ou crueldade, relatando atividades agressivas e guardando evidências de comportamento inadequado ou inseguro.

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UMA FORMA DE REPRESENTATIVIDADE Outro aspecto da cidadania digital é seu exercício por meio de ações como manter um site para que o indivíduo possa se expressar publicamente, abrir uma reclamação, votar, subscrever um abaixo-assinado ou, ainda, tirar um documento online. “Se cidadania está associada a um povo, uma cultura, um país e seus cidadãos, a cidadania digital surge a partir de uma prática dos usuários de tecnologia em âmbito global”, aponta Dorian Lacerda, fundador e CEO na ISAT. A cidadania digital surge em um contexto no qual os cidadãos são usuários das tecnologias e da Internet, estão conectados e não têm fronteiras, explica Lacerda. Ela aplica-se a qualquer país onde o papel dos governantes é acompanhado digitalmente pela comunidade, pela sociedade civil, e, ainda, se fortalece com líderes capazes de influenciar pelo exemplo na rede. Para Lacerda, a cidadania digital se confunde com as perspectivas oferecidas por um governo digital. “Especificamente, no Brasil, o governo digital tem utilizado instrumentos da tecnologia para a prática da cidadania no contínuo aprimoramento dos mais diversos processos e ações requeridos à transparência necessária ao regime democrático em que vivemos. Acredito que esse cenário é muito importante como mecanismo de cidadania para os cidadãos brasileiros, tendo em vista as possibilidades de ampliação e participação do diálogo essencial entre os líderes, a máquina do governo e a sociedade civil”, afirma. Lacerda alerta para o fato de que a cidadania digital deve ser parte de uma base curricular que inclua as competências e habilidades no contexto (também digital) da educação e da formação de indivíduos que se comportem efetivamente como cidadãos, com especial destaque para crianças e adolescentes. E que é preciso considerar também uma perspectiva mais ampliada da educação para a cidadania voltada a diferentes faixas etárias e gerações. “Muitos de nós não nascemos digitais ou mesmo tivemos acesso ao pensamento digital em nossa jornada como cidadão”, explica.

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5G

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Roberta Prescott

G 5

Ainda que não comprem espectro, as empresas prestadoras de serviços de internet têm um papel relevante a desempenhar no desembarque da tecnologia no País.

APÓS MUITA EXPECTATIVA, entrou em consulta pública, no início de fevereiro, a proposta do edital para o leilão de frequências para acomodar a quinta geração da telefonia móvel (5G). A versão submetida à sociedade amplia para 400 MHz a oferta em banda média (3,5 GHz), separa 60 MHz exclusivos para pequenos provedores e mantém o modelo tradicional de leilões da Anatel. O leilão, propriamente dito, ainda não tem data definida. A expectativa é que ocorra no fim deste ano ou somente em 2021, mas, independentemente da data, empresas prestadoras de serviços de internet estão atentas às oportunidades que o 5G pode trazer. Ainda é cedo para bater o martelo sobre quais modelos sairão vencedores. O que já se dá como certo é a prerrogativa de que o 5G, mesmo que comece como uma evolução do 4G, não será mais do mesmo. “Em termos de serviços,

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EXPANDE MODELOS DE NEGÓCIOS

veremos, primeiro, uma evolução, porque alguns aspectos do padrão 5G ainda estão sendo elaborados e, hoje, o core da rede é 4G. A especificação deve acabar neste ano e há mais um ano até se ter o produto comercialmente disponível; e, sem este core, o 5G fica limitado a alguns usos de casos”, pondera Ari Lopes, consultor da Ovum. Contudo, passada esta fase inicial, a expectativa é que o 5G não seja apenas um 4G com velocidades mais rápidas. “A proposta do 5G é que tenha mais velocidade, mas a principal novidade não é esta, e sim a latência baixa em mais dispositivos e, com isto, que se possa montar coisas. E nem estou falando de telemedicina ou carros autônomos, mas coisas simples como medição de água, que é de fácil execução”, aponta João Paulo Bruder, consultor independente de TIC. O 5G, ele completa, também é diferente de um “super Wi-Fi”, porque a inteligência da rede e


SEGURANÇA EM 5G Um estudo global da Accenture apontou que as empresas acreditam que o 5G será a maior revolução já feita no desenvolvimento das redes de dados, mas elas ainda têm preocupações com a segurança da tecnologia. Com base em uma pesquisa com mais de 2.600 tomadores de decisão de negócios e tecnologia em 12 setores de mercado na Europa, América do Norte e ÁsiaPacífico, quatro em cada cinco entrevistados (79%) acreditam que o 5G terá um impacto significativo em sua organização, incluindo 57% que acreditam que será uma tecnologia revolucionária. No entanto, segundo a Accenture, esse otimismo não elimina as preocupações de segurança em torno do 5G, que cresceram em comparação com o ano passado. Especificamente, mais de um terço (35%) dos participantes da pesquisa recente expressou preocupações em relação à segurança do 5G, em comparação com 32% na pesquisa do ano passado. Além disso, 62% dos entrevistados expressaram temores de que o 5G os torne mais vulneráveis a

o tratamento das informações são o que vão gerar a maior parte do lucro e do retorno, sendo necessárias aplicações e datacenter para correlacionar tudo. Atualmente, diz Ari Lopes, há casos de uso de 5G com velocidades muito rápidas, chegando a 100 Mbps e permitindo serviços como realidade virtual e aumentada pelo celular e na rua. Mas os serviços que vão impactar o mercado corporativo, como os baseados em network slicing, segregação de parte da rede, dependem de o core da rede ser 5G. “Os casos de usos de vender conectividade ultrarrápida e garantir esta conexão fim a fim ainda vão demorar”, avalia Lopes, completando que para tanto todos os elementos de rede precisam ter capacidade de criar esta camada de rede. Neste contexto, a discussão sobre neutralidade de rede deve ganhar força, uma vez que muitos dos usos que estão sendo avaliados requerem

ataques cibernéticos, e as empresas acreditam que a maior parte do risco começará no nível do usuário, seja por meio dos dispositivos ou de pessoas. George Nazi, diretor-sênior e líder do setor de comunicações e mídia da Accenture, explica que os executivos acreditam que o 5G pode ajudar a proteger os negócios, mas que a arquitetura de rede do 5G também apresenta desafios inerentes em termos de privacidade do usuário, número de dispositivos e redes conectados e acesso a serviços e integridade da cadeia de suprimentos. A pesquisa sugere que 74% dos entrevistados esperam redefinir políticas e procedimentos relacionados à segurança à medida que o 5G surge. O custo de acomodar as mudanças que o 5G trará também é uma preocupação para os gestores de empresas. Em particular, o custo da operacionalização do 5G é um tópico importante, com quatro em cada cinco entrevistados (80%) acreditando que o custo do gerenciamento de sua infraestrutura e aplicativos de TI aumentará. Enquanto isso, quase um terço (31%) ainda acha que o custo inicial da implementação do 5G será muito alto.

segregação para garantir aplicações de missão crítica. De início, as aplicações estarão mais ligadas a uma banda larga móvel mais rápida, possibilitando, por exemplo, realidade virtual, além das redes fixo-wireless alcançarem qualidade de conexão comparável à fibra óptica, mas sem o custo de ter de passar a infraestrutura. As aplicações de Internet das Coisas poderão ser multiplicadas e ganharão muito mais força e competitividade ao serem operacionalizadas em rede 5G. No entanto, na mesma medida em que os modelos de negócios se multiplicam, a complexidade deles também aumenta. Para começar, o software que gerenciará as aplicações, provavelmente, estará hospedado na nuvem e ferramentas serão necessárias para analisar todos os dados – e serão dezenas de milhares – coletados. Nem sempre uma única empresa dará conta de fornecer todas as soluções abranet.org.br fevereiro / março / abril 2020

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fim a fim e, por isto, parcerias devem ganhar ainda mais relevância no ambiente do 5G. Provedores terão chance de se juntar a empresas de variados ramos, ofertando suas expertises com conexão. Há, inclusive, quem possa avançar na cadeia de valor, desenvolvendo ou adaptando aplicações. “Os provedores de internet têm de olhar para o que está acontecendo ao seu redor, estudar a área em que estão, quais são as necessidades delas. A fortaleza dos pequenos está no atendimento ao cliente, além de vender conectividade para as telcos na fibra óptica que já têm passada”, aponta o consultor João Paulo Bruder. coMprANDo FreQuÊNciAS Ao que tudo indica – a palavra final vem apenas com a publicação do edital do leilão de frequências – haverá uma

ANATEL AVALIA OUTORGAS DO 5G À BANDA LARGA FIXA Agência reguladora admite que para os prestadores de Internet flexibilizar a escolha pode fazer a diferença Com a proposta de edital do 5G ainda em consulta pública, a Anatel acena com uma mudança que pode ajudar na redução de custos, especialmente para pequenos provedores. É que embora na versão em debate os lotes em oferta prevejam, todos, outorgas associadas ao Serviço

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faixa de espectro reservada para pequenos prestadores de serviços de telecomunicações. Resta saber se estas empresas terão apetite para disputar o espectro. Bruder avalia que é preciso que essa a empresa tenha fôlego financeiro não apenas para adquirir a frequência, mas, depois, fazer uso dela. Em 2015, ISPs participaram do leilão de sobras, contudo, praticamente não há casos de uso levados a cabo por ISPs com as frequências adquiridas. Os provedores têm de ter em mente que trabalhar com rede celular é bem diferente de fibra óptica. “O core é caro e nem todos os fabricantes possuíam oferta de produtos para os ISPs em 4G. Em 5G, esses problemas são muito piores. Eles comprariam core 4G para depois atualizar? Justifica este investimento todo? Além disto, lançariam rede móvel ou só fixo-wireless? Na móvel, teriam de

Móvel Pessoal, a agência admite flexibilizar a escolha, permitindo que as faixas saiam outorgadas ao Serviço de Comunicação Multimídia. “A outorga de SCM é parte da discussão. Optou-se num primeiro momento por colocar a outorga de SMP como primária, a que será concedida. Mas sabemos que isso faz diferença quando falamos de prestadores de pequeno porte”, admitiu o superintendente de Planejamento e Regulamentação da Anatel, Nilo Pasquali, durante audiência pública realizada pela agência reguladora, no dia 12 de março, em Brasília. “Precisamos debater melhor se faz sentido deixar a opção entre diferentes outorgas para a faixa e o vencedor escolher a mais adequada quando for expedida. Por enquanto, a opção na consulta pública é que todas as outorgas vão sair como SMP. Mas precisamos mais debates para ter mais clareza. E pode ser que isso possa ser diferente em função dos diferentes lotes”, emendou. Na audiência pública houve a colocação para que a Anatel fragmente ainda mais a divisão regional, se possível em todas as frequências em oferta e não apenas no bloco de 60 MHz em 3,5 GHz, até aqui


fazer acordo de roaming”, enumera Lopes. André Gatt, diretor de telecomunicações, mídia e tecnologia da Cognizant no Brasil, escreveu recentemente em artigo que a previsão de leilão de blocos regionalizados, reservando espectro para prestadores de pequeno porte (PPPs) e também para possíveis novos entrantes, permitirá que a tecnologia 5G chegue mais rapidamente a regiões que não seriam atendidas inicialmente pelas grandes operadoras, as quais, naturalmente, devem focar investimentos iniciais nas áreas mais populosas e rentáveis. Entre ser um player de celular e atuar fornecendo acesso à internet usando as frequências de 5G no modelo fixo-wireless, a segunda opção soa mais razoável. Até porque, com os governos buscando avançar em cidades inteligentes, a demanda por conectividade, especialmente

a sem fio, aumenta. Ademais, boa parte das oportunidades em 5G está no mercado empresarial, como, por exemplo, conectando propriedades rurais. Um papel mais certo que as empresas prestadoras de serviços de internet podem desempenhar está na infraestrutura. São elas que estão levando fibra óptica para o interior e para os subúrbios do Brasil. Esta vasta rede de fibra óptica espalhada nos rincões do País será útil e necessária para a implantação do 5G. A quinta geração vai aportar uma grande capacidade para rede celular e, apesar de ser sem fio, vai demandar uma infraestrutura de transporte de fibra óptica muito robusta. De início, o 5G vai aumentar (e muito) o tráfego no backhaul. “A primeira oportunidade para os ISPs é oferecer rede de transporte para operadora que não tem capilaridade de rede de fibra óptica”, ressalta Lopes.

destinado exclusivamente para prestadores de pequeno porte. Esse pleito, no entanto, gera preocupações na agência, especialmente por questões técnicas, mas também econômicas. “Não obstante a demanda dos PPPs por uma granularidade municipal, há uma preocupação da área técnica com a questão da coordenação. Dentro do 5G, o New Radio do 3GPP, são mais de 200 tipos de quadros TDD, a maioria reservado. Mas a coordenação é um problema. No Brasil são 5.570 municípios e coordenar com um município vizinho – sendo que dependendo da altura da antena pode precisar coordenar a dezenas de quilômetros, porque no momento que uma estação está no downlink a outra pode estar no uplink, se as redes forem não sincronizadas –, isso preocupa muito”, afirmou o gerente de espectro da agência, Agostinho Linhares. E segundo o superintendente de Competição, Abraão Silva, há uma escala mínima para viabilizar a sustentabilidade dos negócios. “A entrada de pequenos prestadores no segmento móvel é uma tendência inevitável na perspectiva do desenvolvimento desses agentes e para onde caminha o setor, seja no uso de RF

para oferta de serviços moveis tradicionais ou outras aplicações que o 5G traz. Mas temos de entender que há uma escala mínima de produção, considerando não só o tamanho de faixa, mas escala do ponto de vista de deployment de rede para que a eficiência da alocação realmente aconteça. As áreas foram definidas tendo como premissa uma escala mínima de produção”, completou. Ele ressaltou, no entanto, que para além do leilão a agência já se debruça sobre outros caminhos para acesso ao espectro. “Fazendo uma análise concreta do que é necessário em termo de Capex para que haja sustentabilidade e melhor alocação até para fins de obrigação, a gente chegou nesse nível. Mas o mecanismo de acesso ao espectro não é necessariamente o leilão. Antes o leilão era a única porta de entrada para um agente atuar no setor. Ele continua, mas também é necessária uma regulação de acesso a espectro que gere outras situações, seja via acordos de compartilhamento, seja através de mercado secundário e outros tipos de ferramentas, e isso está no nosso roadmap.”

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INOVAÇÃO

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Roberta Prescott

AVANÇAM NOVOS

ARRANJOS DE PAGAMENTO Banco Central anunciou o sistema de pagamentos instantâneos PIX e grupo de banking, no trabalho de open banking qual a Abranet é participante como representante das empresas de internet. EM NOVEMBRO DESTE ANO, conforme o cronograma definido pelo Banco Central, entra em operação o PIX, um sistema de pagamento e transferência instantânea. O PIX foi anunciado em fevereiro pela Autoridade Monetária e promete agilidade e segurança para o usuário, em qualquer dia e hora do ano, realizar transações bancárias, tanto pagamento como recebimentos, de forma instantânea. O PIX é mais um passo do Brasil em direção ao modelo de open banking, que tem como principal objetivo aumentar a concorrência no setor financeiro e abrir novas oportunidades no serviço bancário. Uma das ações estratégicas do Banco Central foi a formação de um grupo de trabalho (GT) para discutir o modelo de open banking a ser implantado no Brasil, do qual a Abranet participa como representante das empresas de internet, interessadas em avançar na oferta de novos serviços. Participam ainda do GT: a Febraban, ABECS, ABBC, OCB, ABCD, Abipag, CâmaraNet e ABFintech. O GT é coordenado pelo chefe do departamento de regulação do Banco Central e terá prazo até 30 de abril para propor estrutura de governança, envolvendo a composição, as atribuições e as responsabilidades dos órgãos de natureza técnica, administrativa e estratégica de open banking no Brasil.

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NO BRASIL

Otávio Damaso, diretor de Normas do BC, explica que o open banking é tema prioritário para o Banco Central e faz parte da Agenda BC#. Segundo ele, o open banking será decisivo para a definição do sistema financeiro do futuro, em uma sociedade cada vez mais conectada e digital, e trará benefícios em termos de maior eficiência e competitividade, além de permitir o surgimento de novos modelos de negócios e a oferta de produtos cada vez mais adequados ao perfil dos clientes. Concebido pelo BC como instrumento para estimular o aumento da concorrência entre as instituições financeiras, o open banking prevê a operação de todo o sistema financeiro num modelo tecnológico padronizado. Por meio dele, um cliente pode acessar produtos e serviços de várias instituições financeiras num único aplicativo. A definição da estrutura de governança tem, segundo o BC, o objetivo de permitir a implantação homogênea, ágil e segura de open banking, bem como garantir a sustenta-


O open banking prevê a operação de todo o sistema financeiro num modelo tecnológico padronizado. Por meio dele, um cliente pode acessar produtos e serviços de várias instituições financeiras num único aplicativo.

bilidade e a efetividade do modelo no longo prazo. Para isso, essa estrutura deverá propor os padrões tecnológicos e procedimentos operacionais, canais para encaminhamento de demandas de clientes e de resolução de disputas entre instituições participantes, observado ainda o cronograma de implementação de open banking. pAGAMeNToS iNSTANTÂNeoS Outro tema que avança é o PIX, a plataforma do Banco Central por trás do pagamento instantâneo, ou seja, disponível 24 horas por dia e sete dias na semana. A promessa é que o PIX torne mais fácil e rápida a realização de pagamentos e transferências entre pessoas, empresas e entes governamentais. Trata-se de mais uma alternativa para se efetuar transações, além dos modelos tradicionais já existentes, como TED, DOC, boleto, cheque e cartões. Na coletiva de imprensa de anúncio do sistema, João Manoel Pinho de Mello, diretor de organização do sistema financeiro e de resolução do BC, destacou que, para além da rapidez e praticidade dos pagamentos instantâneos, a sociedade poderá sentir os benefícios da maior competição no mercado de pagamentos de varejo, com redução de custos e melhoria na qualidade dos serviços. Além disso, ele aponta que a iniciativa “está em linha com a revolução tecnológica em curso, possibilitando a

inovação e o surgimento de novos modelos de negócio e promovendo a eletronização dos pagamentos, reduzindo o risco operacional e as dificuldades relacionadas ao uso do dinheiro em espécie.” Para usar o PIX, será preciso que o pagador e o recebedor tenham conta em um banco, em uma instituição de pagamento ou em uma fintech – e não deve ser necessariamente uma conta corrente. As transações também poderão ser feitas usando uma conta de pagamento ou poupança. A diferença é que a liquidação será imediata, ou seja, o recebedor terá em poucos segundos os recursos disponíveis em sua conta. O BC destaca que, mais que celeridade, o PIX trará facilidade na realização das transações, que poderão ser feitas por meio de QR Code ou a partir da inserção de informações simples como número de celular, e-mail, CPF ou CNPJ (tecnicamente chamadas de chave ou apelido). Quanto aos QR Codes, o BC estabeleceu dois tipos: estático e dinâmico. O estático poderá ser usado em múltiplas transações e permitirá a definição de um valor fixo para um produto ou a inserção do valor pelo pagador. Poderá ser usado para uma transferência entre duas pessoas, por exemplo. Já o QR Code dinâmico será de uso exclusivo a cada transação e permitirá a inserção de informações adicionais, o que facilita a conciliação e automação comercial. Ele servirá para o pagamento de uma compra em um supermercado ou em um restaurante, entre outras possibilidades. abranet.org.br fevereiro / março / abril 2020

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LGPD

cApTure o cÓDiGo pArA Ter eSTA MATÉriA eM Seu SMArTpHoNe

COMO A SUA EMPRESA ESTÁ SE ADEQUANDO À

LEI DE DADOS

PESSOAIS?

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Roberta Prescott

Pesquisas mostram que muitas companhias não estão fazendo o dever de casa e correm risco de não estarem adequadas à legislação que entra em vigência em agosto. Empresas de internet — obrigadas a investir em compliance como requisito de negócio — agora têm de investir ainda mais na segurança de dados e na governança corporativa. HÁ MUITAS MICRO E PEQUENAS empresas despreparadas para atender aos requisitos da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), com entrada em vigência, até agora, confirmada para agosto. Uma pesquisa realizada pela ICTS Protiviti, consultoria de gestão de riscos e compliance, mostrou que 58,3% de um total de 104 companhias ouvidas sequer iniciaram as ações necessárias para o cumprimento da nova legislação. Mais do que isso: muitos donos de empresas desconhecem que, a partir da lei vigente, quem pedir o CPF, e-mail ou qualquer dado pessoal, sem sinalizar para o cliente os motivos dessa coleta e o que será feito com os dados, poderá ser multado, o que pesará no bolso. Por outro lado, os que sabem que as mudanças estão chegando não imaginam por onde começar, pontua o diretor de compliance da ICTS Protiviti, Jefferson Kiyohara. Ponto preocupante é que, dentre as exigências da LGPD, aquela que está sendo menos atendida pelas micro e pequenas empresas é o mapeamento de dados pessoais e sensíveis. O estudo evidencia que 71,9% das companhias avaliadas ainda não possuem domínio sobre as informações sigilosas e sensíveis de seus clientes, tais como nome, telefone, endereço residencial, dentre outras. Esse mesmo porcentual de empresas indica não ter um programa de segurança da informação estruturado. Adicionalmente, 75% das empresas não possuem políticas ou normativos de segurança implementados, que são fundamentais para que seus colaboradores conheçam as


PRÁTICAS DIGITAIS EXIGEM NOVO RELACIONAMENTO COM O CLIENTE Coletar e tratar dados serão desafios das empresas em 2020. Mailings, formulários cadastrais, sorteios, promoções e outros ‘laços’ para estreitar o relacionamento terão de ser revistos nas companhias. Para Daniel Domeneghetti, especialista em práticas digitais no relacionamento com cliente e CEO da E-Consulting Corp, novas posturas serão exigidas de quem mexe direta e indiretamente com os dados dos clientes: do alto escalão ao colaborador menos estratégico, todos terão que ter o máximo de cuidado. “No Brasil corporativo, marcado pela ideia de que lei só vale quando mexe no bolso, a LGPD

regras e atuem de forma correta no tratamento e na garantia da privacidade dos dados pessoais e sensíveis que a organização possui. A pesquisa mostrou ainda que falta capacitação de mão de obra, com 85% das micros e pequenas empresas participantes do levantamento afirmando que ainda não capacitaram seus funcionários para lidarem com as novas normas. coMpliANce + SeGurANçA De DADoS Ao participar de um evento sobre cibersegurança no final do ano passado, em Brasília, o presidente da Abranet, Eduardo Neger, observou que as empresas de Internet já são obrigadas a cumprir boa parte das exigências feitas pela nova LGPD, uma vez que o compliance sempre foi um requisito essencial ao negócio. O diferente, adiantou Neger, é que, com o dado ganhando relevância, cuidar da informação se transformou em uma oportunidade de novos negócios. “O problema é que se fala muito em inovação, em novos

movimentará as estruturas empresariais. Coletar e tratar dados serão desafios das empresas em 2020. Mailings, formulários cadastrais, sorteios, promoções e outros ‘laços’ para estreitar o relacionamento terão de ser revistos nas companhias”, frisou em artigo distribuído à imprensa. Domeneghetti apontou que a figura do CEO será imprescindível para fomentar a cultura de privacidade na empresa e disse que 2020 é o ano do PMO (project management officer). Ele argumentou que esse profissional será a peça mais importante na condução e adequação da empresa à legislação de proteção de dados pessoais, uma vez que assume o papel de responsável por concatenar todas as áreas da organização por meio de ações necessárias em atividades sequenciais e complementares.

produtos e novos serviços, mas a perenidade deles depende de como a segurança é aplicada”, advertiu. Entre os especialistas, uma constatação: A adequação à LGPD permeará todas as atividades das companhias. Mas é preciso entender que os trabalhos demandam conhecimentos específicos de negócios e processos, os quais só as próprias empresas conhecem. “Ainda que sejam contratadas consultorias externas (o que, de fato, é recomendável), será necessário o envolvimento de colaboradores internos para tomar decisões intermediárias, fornecer informações necessárias e, quando for o caso, viabilizar os contatos com as áreas afetadas. A missão de adequar uma empresa à LGPD exige uma força-tarefa entre contratante e contratado”, pontuou, em artigo, o especialista na área Luis Fernando Prado Chaves, CIPP/E, e sócio responsável pela área de direito digital, privacidade e proteção de dados do escritório Daniel Law (veja box na página 26). Chaves ressaltou que, como a lei deu prazo de dois abranet.org.br fevereiro / março / abril 2020

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anos para que uma empresa se adeque às novas obriga- adequações necessárias nos processos de todas as áreas ções (o qual termina em agosto de 2020), muitas cor- de negócios que trabalham com informações dos clienporações “caem na pegadinha de achar que ainda há tes, tais como marketing, vendas, planejamento, admitempo”. Ele ressaltou que a experiência europeia com nistrativa, financeira e jurídica. Os projetos para adequação à LGPD, disse Bento, poo GDPR (Regulamento Europeu de Proteção de Dados, bastante similar à nossa Lei) mostra que esse prazo é cur- dem demorar de quatro a seis meses, dependendo do setor to. “Além disso, por lá o trabalho das empresas foi bem de atuação e tamanho da companhia, porque é preciso famenor, pois elas já estavam sujeitas a regulamentação zer uma imersão completa a fim de conhecer as diversas áreas, processos e metodologias, identificando pontos fortes semelhante, enquanto por aqui é tudo novo”, escreveu. e fracos. Um projeto de adapOutro aspecto que tem de tação à LGPD envolve diverestar no radar das empresas, sos aspectos e exige a atenção além das boas práticas e come disponibilidade de equipes pliance, diz respeito às evidênmultidisciplinares para analisar cias. “Tanto a Lei Anticorrupas bases jurídicas que devem ção de 2013, quanto a LGPD Luis Fernando Prado Chaves, CIPP/E, sócio ser consideradas para tratar dizem que podem ser soliciresponsável pela área de direito digital, privacidade os dados pessoais; bem como tadas às empresas evidências e proteção de dados do escritório Daniel Law, identificar e organizar a base de sobre a existência e a eficácia enumerou os cinco principais erros no processo dados, com atenção especial às do programa de compliance”, de adequação de uma empresa à Lei Geral de informações pessoais mais senexplicou, em nota à imprensa, Proteção de Dados. Se não há uma forma única de síveis, especialmente referentes Marcelo Erthal, CEO do cliimplementar as medidas necessárias para estar a crianças e adolescentes. ckCompliance, uma ferramenem conformidade com a nova lei, há pelo menos A everis adverte que as ta que automatiza a apuração algumas práticas que, como mostra a experiência, empresas deverão ter medidas de denúncias, o envio e a codevem ser evitadas. Veja quais são: técnicas, normas e políticas brança de aceites em políticas Subestimar os esforços necessários transparentes comprovando corporativas, comprovando para a condução do processo que estão em conformidade que o funcionário entendeu a com a LGPD, para apresenpolítica antes de aceitar. “FoNão garantir interdisciplinaridade tar caso sejam pedidas pelos camos em registrar dados que partir de premissas legais erradas cidadãos ou pela Autoridade comprovem às autoridades Nacional de Proteção de Daque a empresa, através do nosNão mudar a cultura dos (ANPD). Ou seja, a adeso software, tem se esforçado quação à LGPD está intrinsepara oferecer treinamentos de pensar que o processo tem uma camente ligada a boas práticas ética e anticorrupção, que tem linha de chegada de governança corporativa, cobrado o aceite em políticas conferidas de maneira conse que tem a participação da tante por critérios rigorosos de compliance. Neste sentido, alta administração no programa”, completou. Apesar de a LGPD exigir uma série de medidas das Bento ressaltou que não adianta adequar os sistemas de TI empresas de todos os setores e portes que garantam e os processos empresariais e jurídicos, sem investimentos transparência no armazenamento, análise, coleta e uso em uma mudança de cultura organizacional coerente. Por dos dados das pessoas físicas em quaisquer meios, a ade- isto, é necessário colocar em prática, simultaneamente, são ainda está baixa, conforme apontou Thiago Bento, um plano de formação e conscientização dos empregados, líder da área de proteção de dados da everis Brasil. Se- terceirizados e demais colaboradores sobre a importância gundo ele, é preciso correr contra o tempo para fazer as da privacidade dos dados pessoais.

5 ERROS

NA IMPLANTAÇÃO DA LGPD

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CONEXÃO

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Após saída da Google, Americanet negocia com novos parceiros para Wi-Fi público APÓS A GOOGLE anunciar o fim do Google Station, a Americanet, usuária da plataforma no Brasil, afirmou à Abranet que “utilizará de sua tecnologia para continuar provendo uma internet de qualidade e grátis para todos os cidadãos, independentemente do parceiro.” De acordo com Eduardo Vale, CTO da Americanet, a empresa está seguindo o cronograma planejado para 2020 e foi notificada formalmente sobre a saída do Google Station no Brasil e no mundo. “A Americanet está negociando com novos parceiros face à excelente oportunidade de divulgação de marca devido à grande quantidade de acessos/dia”, disse. O Brasil foi o oitavo país a receber o Google Station. O anúncio da plataforma para implantação de pontos de acesso Wi-Fi no País foi feito em junho de 2019 durante a

terceira edição do evento anual Google for Brasil, realizado em São Paulo. À época, a Americanet e a Linktel foram apresentadas como usuárias em hotspots espalhados na capital de São Paulo. Neste primeiro momento, os pontos de acesso têm patrocínio do Itaú. No ano passado, a Americanet anunciou a parceria com a prefeitura de São Paulo para expandir seus pontos de acesso à internet sem fio na cidade. A operadora, em maio do ano passado, divulgou a meta de, até 2020, colocar São Paulo como a metrópole com a maior rede pública de Wi-Fi da América Latina. Com a expansão da rede de conectividade, o objetivo era que São Paulo tivesse 621 pontos de acesso livre e gratuito à internet, incluindo equipamentos governamentais e pontos turísticos, sem onerar os cofres públicos.

Ligue investe na expansão de FTTH

Governo sob ataque cibernético

A LIGUE, operadora sediada em Campo Mourão (PR), fechou acordo com a DPR Telecomunicações e com a Nokia para execução do seu projeto de expansão de rede FTTH e construção do anel óptico. A primeira fase do contrato de turnkey visa a construção de 1.400 km de rede de fibra óptica distribuídos entre as cidades de Maringá, Jandaia do Sul, Mandaguari e Arapongas, todas no estado do Paraná. Com a conclusão do projeto, serão disponibilizadas 80 mil portas, o que elevará a capacidade de atendimento da empresa para 145 mil assinantes. A meta no médio prazo é ainda mais agressiva: atender 500 mil assinantes de FTTH até 2022, nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul.

ATÉ O INÍCIO DE MARÇO, o Brasil já havia barrado mais de 1.000 ataques às redes do governo, segundo o Centro de Tratamento e Resposta a Incidentes Cibernéticos de Governo (CTIR-Gov), em reportagem publicada no dia 9 do mesmo mês pelo jornal O Estado de São Paulo. Em 2019 – e os dados ainda não estão consolidados –, foram feitos 19.150 registros de notificações, e mais de 10 mil foram confirmados como ataques e classificados como “fraudes”, “vulnerabilidade” e “abuso de sítio”. Há 9 anos, quando os dados começaram a ser categorizados, foram registradas pouco mais de 10 mil notificações, das quais 6,2 mil confirmadas como ataques. O Brasil ocupa a 70º colocação no índice de segurança cibernética da União Internacional de Telecomunicações (ITU, na sigla em inglês). abranet.org.br fevereiro / março / abril 2020

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VMAX Telecom expande rede de fibra óptica para apoiar crescimento A VMAX TELECOM, provedora de internet e de telefonia fixa que atua há 15 anos no interior de São Paulo, está expandindo sua atuação para Minas Gerais, após a aquisição, em meados de 2019, de uma participação de 50% em um provedor mineiro da cidade de Passos. “A partir desta compra, tivemos acesso ao mercado do Sul de MG e outros provedores locais, sabendo da nossa entrada no estado, nos procuraram para firmar parceria, principalmente, interessados em nossos serviços de Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC)”, explicou Solange Menezes, diretora da VMAX Telecom, em entrevista à Abranet. A empresa tem licença da Anatel para prover STFC. “Este é um grande diferencial nosso no mercado”, acrescentou. Após, em dezembro último, chegar ao interior de Minas Gerais levando uma infraestrutura de rede baseada em soluções de fibra óptica da Furukawa, a VMAX Telecom, agora, está trabalhando na expansão dos investimentos na rede para levar conexão banda larga fixa e telefonia fixa para outras localidades mineiras. Com sede em Itatiba/SP, a VMAX Telecom atualmente atende usuários em 15 cidades do interior paulista, entre elas, Jundiaí, Campinas, Valinhos, Paulínia, Atibaia, Nazaré Paulista e Jacareí. Segundo Solange Menezes, mais de 90% da rede que cobre esses municípios é baseada em fibra óptica – a provedora

começou utilizando tecnologia de rádio, ainda disponível em algumas localidades. “Hoje já estamos com a rede em fibra óptica, incluindo locais remotos. Estimo que 5% da rede seja em rádio, para lugares muito longínquos. Mas chegamos, por exemplo, a puxar fibra óptica para um bairro de condomínios que está a 18 quilômetros do centro, na zona rural de Itatiba. Temos outro caso deste em Atibaia”, contou. Depois de adquirir participação no provedor de Passos, a VMAX inaugurou uma filial em Minas Gerais e já iniciou a oferta de serviços de internet e telefonia. “Em janeiro, ampliamos nossa rede para atender mais cinco cidades em Minas Gerais, com telefonia e internet, em parceria com outros provedores regionais”, explicou a executiva. A expansão também conta com o respaldo da parceria mantida com a Furukawa. O principal foco de atuação da VMAX é o mercado corporativo, mas a empresa também atende residências em contratos com condomínios verticais ou horizontais, principalmente, para provimento de serviços de interfonia IP. “Fazemos inclusive projetos de condomínios em outras regiões e estados. Nesses casos, fazemos parceria com provedores para assumir a rede”, disse a diretora. Os planos para 2020 incluem crescimento em Minas Gerais e também na área onde já atua. “A região é ampla; temos muitas áreas de exploração. Em MG, o foco é na telefonia STFC”, disse.

Em alta A FIBRA ÓPTICA ultrapassou o xDSL nos acessos banda larga fixa no Brasil, segundo dados da Anatel. Foram ativados 10,347 milhões de acessos via fibra em janeiro deste ano. Já os

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xDSL somaram 9,568 milhões. O resultado positivo da fibra está ligado aos contratos das prestadoras de pequeno porte (PPPs), que somaram 6,133 milhões, ou 59% da base. Seguindo tendência demonstrada nos últimos meses, os contratos de banda larga com velocidades acima


Wiki Telecom ilumina 3 mil km de redes ópticas

Brasil terá quase 200 milhões de usuários da internet até 2023

A WIKI TELECOM, provedora maranhense de serviços de telecomunicações associada à Abranet, expandiu a cobertura e a capacidade de transmissão de suas redes ópticas DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexing) nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Para iluminar suas novas rotas nessas regiões, a operadora contratou transponders, amplificadores ópticos e sistemas de proteção de rota da Padtec. Segundo a fabricante, os equipamentos garantem taxas de transmissão múltiplas de 100 Gb/s. No total, serão cerca de 3 mil quilômetros de redes ópticas iluminadas, que cruzarão três Estados nordestinos (Piauí, Maranhão e Ceará) e o Estado do Pará, na região Norte. Paulo Bayma, CEO da Wiki Telecom, destacou que a construção de uma rede própria de alta capacidade vai ao encontro do objetivo da provedora de aumentar sua oferta de serviços na região Nordeste para atender seus clientes nas demandas por banda e novos serviços – que crescem de maneira rápida e expressiva.

O BRASIL TERÁ 199,8 milhões de usuários totais da internet (92% da população) até 2023, contra 164,5 milhões (79% da população) em 2018, revelou o Cisco Annual Report. A conexão móvel segue sendo a impulsionadora do acesso à internet no Brasil: serão 181,1 milhões de usuários móveis totais (84% da população) até 2023, contra 169,7 milhões (81% da população) em 2018. O levantamento apontou ainda que, no mundo, serão 5,6 bilhões de pessoas conectadas em 2023, USUÁRIOS DE ou 66% da população mundial usando a internet. INTERNET NO PAÍS Dados da Cisco mostram que, no Brasil, serão 338,9 milhões de dispositivos vol164,5 milhões tados para a comunicação não humana conectados em rede em 2023; em 2018, eles eram 27%, ou 138,2 milhões. Ainda 199,8 milhões aqui no País, 44% de todos os dispositivos em rede terão conexão móvel até 2023 e 56% serão conectados via Wi-Fi. A rede 4G terá papel central na evolução das conexões. “É o pilar da conectividade, ao ser massificado para abrir espaço para o 5G”, disse Hugo Baeta, da Cisco Brasil. O levantamento apontou que 45% de todos os dispositivos em rede terão conexão móvel (3G ou inferior, 4G, 5G ou área ampla de baixa potência [LPWA, na sigla em inglês]) e 55% estarão conectados por cabo ou Wi-Fi. A Internet das Coisas é central para o avanço dos dispositivos M2M. Tanto que, segundo a Cisco, as conexões máquina a máquina (M2M) com suporte para uma ampla gama de aplicações de IoT representarão cerca de 50% (14,7 bilhões) do total mundial de dispositivos e conexões previstas para o Brasil em 2023: 29,6 bilhões. Ainda no Brasil, 24% de todos os dispositivos em rede estarão no segmento de negócios até 2023, contra 19% em 2018.

de 34 Mbps cresceram novamente em janeiro: 14 milhões de clientes contam com o nível de serviço, ou alta de 4,5% ante dezembro e de 64,7% em um ano. Ainda assim, a maior parte dos usuários – 7,597 milhões de consumidores – possuem contratos com velocidades entre 2 Mbps e 12 Mbps.

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OPINIÃO cApTure o cÓDiGo pArA Ter eSTA páGiNA eM Seu SMArTpHoNe

Bruno Maia Head de Inovação do SAS América Latina

QUANDO A SAÍDA É O TRABALHO REMOTO, COMO FICA A SEGURANÇA DOS DADOS? O trabalho remoto ganhou um impulso ainda maior com o receio sobre o impacto do COVID-19 (coronavírus) no ambiente de trabalho. Mas, nas empresas que sabem que dados são seu ativo de maior valor, um descuido no trato de dados sensíveis pode ter impactos inimagináveis. O RECEIO SOBRE O CORONAVÍRUS, o COVID-19, que já matou milhares de pessoas no mundo e segue em ritmo de expansão de contaminação, ocasionou um aumento exponencial na prática de trabalho remoto : a Ásia lidera o que é o maior experimento de home office já visto no mundo. De fato, quem ainda achava que era impossível produzir trabalhando longe do escritório não teve outra opção a não ser aceitar que essa era a nova forma de operar. Antes mesmo da epidemia se instalar, a evolução do work from home/work from anywhere, em que colaboradores podem viver e trabalhar onde quiserem, desde que façam suas entregas, já era uma realidade. Refletindo sobre as implicações relativas aos dados no contexto do aumento do remote working, o que tem atrapalhado é o trânsito entre o trabalho feito localmente, ou seja, nos nossos computadores, e a fonte: muita tecnologia ainda precisa ser envolvida para apresentar ou salvar o conteúdo com o qual precisamos trabalhar. A conectividade torna-se fun-

damental - e o 5G virará a chave nesse jogo, mas isso ainda é um cenário futuro. Considerando as coisas como são atualmente, um ponto a ser levado em conta é a segurança. Quando se está usando dados no escritório, normalmente assume-se uma rede contida da empresa, com um guarda-chuva de segurança da estrutura fixa. Em um contexto de home office, como é possível garantir a integridade dos dados corporativos? Em empresas que sabem que dados são seu ativo de maior valor, se um descuido no trato de dados sensíveis ficar evidente, isso chega na mesa da gestão. Empresas que permitem o home office responsável empregam toda a sorte de ferramentas como bitlocker, criptografia no computador e até nos pen drives. E, se você usa o mesmo computador para trabalhar e para suas atividades pessoais, terá que abrir mão de alguma privacidade, pois a empresa vai monitorar tudo: as suas coisas pessoais e as que dizem respeito à empresa. Empresas que flexibilizarem suas rotinas de trabalho no escritório, com funcionários longe dos recursos tecnológicos que forçam a aderência a políticas de segurança, precisam rever como tratam seus dados. Sem uma evolução do padrão de tecnologia, segurança e políticas associadas, vazamentos de dados e prejuízo para o cliente final se tornarão cada vez mais frequentes com o aumento do trabalho remoto. Epidemias à parte, este é um risco certamente real.

Se você usa o mesmo computador para trabalhar e para suas atividades pessoais, terá que abrir mão de alguma privacidade, pois a empresa vai monitorar tudo: as suas coisas pessoais e as que dizem respeito à empresa.

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