Jornal Contexto - Edição 43 (Junho - Setembro/ 2014). Especial Turismo em Sergipe.

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Contexto Ano 12- Nº 43

EDIÇÃO ESPECIAL

Jornal Laboratório dos alunos de Jornalismo da Universidade Federal de Sergipe www.facebook.com/contextoufsimpresso

o sm

i r Tu em e p i g r e S

Cursos de Formação

Sergipe capacita turismólogos e gestores

Opções de Turismo

Museus públicos de Aracaju

Roteiro gastronômico

Cultura e Arte

O sabor que Sergipe tem

Sergipe em versos e sons

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Editoria

Junho-Setembro/2014

Editorial Contexto

Expediente Universidade

Federal de Sergipe Campus Prof. José Aloísio de Campos Av. Marechal Rondon, s/n, São Cristóvão - SE Reitor: Prof. Dr. Angelo Roberto Antoniolli Vice- Reitor: Prof. Dr. André Maurício C. Souza Pró- Reitor de Graduação: Prof. Dr. Jonatas Silva Meneses Diretora do CECH: Drª. Iara Maria Campelo Lima

Contexto

N

esta edição do Contexto, convidamos você leitor para conhecer o potencial turístico de Sergipe em números, sabores, cores, texturas, lugares e possibilidades. Não foi uma tarefa fácil. Assim como também foi difícil a escolha dos temas que compõem essa edição especial. Algumas pautas tiveram que ficar de fora – faz parte da rotina produtiva de qualquer jornal! Mas, nossa equipe procurou de forma criteriosa escolher assuntos que devem ajudar você leitor – sergipano ou não – a conhecer um pouco mais sobre as perspectivas do negócio do turismo no Estado. O pontapé desta edição é a questão da formação do profissional de turismo, seja em nível técnico ou superior. Apresentamos os cursos ofertados pela UFS, IFS e Senac, em uma perspectiva crítica e bem curiosa: há um mercado ávido por profissionais qualificados e a procura pela especialização neste segmento é significativa. Por outro lado, se há a procura pela especialização da mão de obra, fomos

Jornal Laboratório do curso de Jornalismo Coordenação editorial: Prof. Msc Michele Tavares Departamento de Comunicação Social (DCOS) Chefe: Drª. Raquel Marques Carriço Ferreira

em busca dos órgãos competentes para verificar como estão sendo desenvolvidas as ações de divulgação do turismo, dentro e fora de Sergipe. Os resultados ainda não são os mais animadores: apesar de ser uma das atividades econômicas que mais crescem no mundo, o faturamento do turismo em Sergipe está muito aquém de seu potencial - o número não chega a 1%. Há muita potencialidade a ser explorada. Isso é fato! Veremos com a reportagem sobre o Turismo de Base Comunitária que estudos revelam a potencialidade do entorno do Parque Nacional da Serra de Itabaiana como região propícia para a implantação da atividade na região. Além disso, a rede hoteleira de Aracaju está aderindo ao sistema de classificação de meios de hospedagem, que assegura a qualidade na oferta desse serviço. Outro segmento que se destaca é a procura por pacotes de viagem para o público da melhor idade, “eles estão ganhando o mundo”.

E para quem não conhece nossos sabores, nossa arte e nossa identidade sergipana, fica o convite para folhear as páginas que preparamos e que podem dar água na boca! Como opção para visitação, indicamos um roteiro com os museus públicos de Aracaju que revelam detalhes da história e cultura sergipanas. Para os apreciadores dos sabores do nordeste, preparamos um caprichado roteiro gastronômico que inclui a culinária local e a internacional. E por falar em sabor: você sabia que que a mangaba é uma fruta legalmente sergipana? Claro que nesse passeio pelas potencialidades de nosso Estado, não poderíamos esquecer das expressões culturais e artísticas: nosso artesanato e os espaços de comercialização dos produtos; a pintura marcante de José Fernandes; e, nossos sons e versos genuínos como o forró, o repente e o cordel. O que está esperando então? Siga em frente e boa Leitura!

Índice Sergipe capacita turismólogos e gestores...................................3 Em busca das estrelas.....................4 A comunidade como atrativo...........................5

Sergipe no mapa do turismo.......................................6

Fone: 2105-6919/ 2105-6921 email: dcos.ufs@gmail.com Equipe Contexto Aline Silva Souza Érika Rodrigues Eudorica Luciana Almeida Leão Francielle Couto Igor Sá Jéssica Santos Feitoza Leonardo Vasconcelos Luciana Maria Nascimento Santos Luzia Nunes Maria Beatriz Campos Regiane Sá Samara Pedral dos Santos Vanessa Monteiro

Ilustração:http://thenounproject.com/

Museus públicos de Aracaju.......................................8 Terceira idade ganha o mundo..........................9

O sabor que Sergipe tem......................................10 Mangaba: fruto da terra, símbolo de Sergipe...........12

Arte com as mãos: O artesanato em Sergipe ................13 A sensibilidade artística de José Fernandes..........14 Sergipe em versos e sons.........................................16


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Formação e Mercado

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Sergipe capacita turismólogos e gestores Mas, a absorção do mercado de trabalho na área do Turismo ainda é pequena Regiane Sá regiiane_sa@yahoo.com.br

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mercado de trabalho na área do turismo em Sergipe vem se desenvolvendo ao longo dos anos, e por isso a busca por mão de obra especializada está gerando uma grande demanda na oferta e procura por cursos de formação nesse segmento. Na Universidade Federal de Sergipe (UFS) ingressam 50 alunos anualmente, para o curso de bacharelado em Turismo. Enquanto no Instituto Federal de Sergipe (IFS) essa mesma quantidade é matriculada a cada semestre no curso de Gestão de Turismo e mais 40 em cada um dos cursos técnicos de Hospedagem e de Guia de Turismo Todo profissional da área turística, de uma maneira geral, é responsável por transmitir conceitos, ideias e a cultura do povo onde está inserido, isso o faz ser uma figura importante para a disseminação da diversidade cultural, colaborando assim no desenvolvimento local e regional. Fotos: Regiane Sá

Laboratório de Hospedagem do IFS

Curso de graduação na UFS O curso de Turismo na UFS, que tem a duração de 4 anos, possui o objetivo de formar turismólogos capazes de desenvolver atividades voltadas à gestão de empreendimentos turísticos, ao planejamento e desenvolvimento de projetos e à pesquisa do turismo. É um curso vespertino que na maioria dos casos se estende também para o horário noturno. Do ponto de vista pedagógico o curso dispõem de dois laboratórios, um de Planejamento e Organização de Eventos e outro de Estudos Interdisciplinares em Turismo e realiza visitas técnicas em Hotéis e em alguns pontos turísticos de Sergipe. Segundo um professor do curso, Joab Almeida, os profissionais formados saem da UFS com condição de contribuir com o poder público em áreas técnicas de planejamento de marketing, de roteirização e com o setor privado em serviços de consultoria voltada para o desenvolvimento do turismo, análise do mercado turístico em

obras, agências de turismo, guiamentos, meios de hospedagens, bares e restaurantes. Ainda de acordo com Joab, a condição do profissional no mercado envolve uma série de habilidades que são próprias dele e é necessário que haja uma identidade com a área que optar. “É um campo de atuação diverso. Do ponto de vista do planejamento, os alunos saem aptos a contribuir para o mercado, mas precisam definir cedo que área seguir.”, ressalta.

É o caso de Agildo Pereira, que está no último semestre do curso de Gestão de Turismo e mesmo já tento atuado na área de hotelaria, decidiu que vai seguir a área acadêmica. “Eu fui meio que conquistado pela área da pesquisa e pretendo trabalhar com pesquisa, inclusive estou trabalhando com produção acadêmica para fins de seleção de mestrado para especialização.”, comenta.

Na questão prática o IFS disponibiliza visiO estudante do 7º período, Nicholas Lobão, tas técnicas no mercado sergipano (em hotéis, diz que optou por Turismo, pois sempre gos- por exemplo) e dois micro-estágios obrigatórios tou muito de viajar, mas que quando começou por turma, que são feitos em locais fora do esa estudar viu que a tado onde pode-se finalidade do curbuscar aspectos reso não era esta, e lacionados à gestão que as disciplinas do turismo. Além ajudam a desendisso, dispõe de volver habilidades laboratórios para de planejamento as aulas práticas, o e organização. Nide Hospedagem, cholas já estagia há que atualmente mais de um ano na está passando por área de hotelaria e uma ampliação, o pretende continude Ecoturismo que ar nessa vertente, está unido ao de talvez fazer uma Turismo e Inclusão pós ou mestrado Social, o de Alina área de gestão mentos e Bebidas voltada à hotelaria, Nicholas no Hotel onde estagia que está em fase e acredita que, em de implementação e Sergipe, as expectativas de mercado são basica- os equipamentos já estão sendo comprados e o mente em hotelaria e agências. Escritório Modelo de Turismo onde os alunos podem adquirir prática em consultoria. Cursos ofertados no IFS No nível técnico, há no IFS os cursos de HosEntre os cursos disponibilizados pelo IFS está pedagem e o de Guia de turismo, chamados de o de Gestão de Turismo, que ocorre no perío- cursos subseqüentes, ambos no período noturdo da manhã e tem uma durabilidade de 3 anos. no e com duração de um ano e meio. Dos 50 alunos que ingressam por semestre 50% vem de um processo seletivo e os outros 50% Clesia Rodrigues concluiu o curso de Hosatravés das vagas disponibilizadas pelo Siste- pedagem em 2008 e diz que não seguiu nesse ma de Seleção Unificada (Sisu), obedecendo ao ramo, pois considera o mercado complicado, sistema de cotas. É um curso de graduação, de tanto quando se formou quanto agora e seguntecnologia, que surgiu de uma necessidade de do ela há uma desvalorização da mão de obra mercado, pois ao longo do tempo percebeu-se especializada. Sobre isso o coordenador de Hosque existiam poucos gestores de turismo, que pitalidade e Lazer do IFS Jorginaldo Calazans atuassem de uma maneira mais abrangente nos explica que, uma das grandes problemáticas diversos segmentos do turismo, e a melhor for- enfrentadas é em relação a chamada “hotelaria ma que o Governo Federal encontrou para su- do passado”, que é mais familiar, onde os proprir essa insuficiência foi investir, em 2008, na prietários não tinham entendimento da imporcriação desse curso nos Institutos Federais. tância do profissional formado na área. “Mas, hoje com a entrada de novas administradoras “Aqui nós incentivamos bastante a questão internacionais, que já estão começando a ganhar de empreendedorismo, para que os alunos pos- espaço aqui em Sergipe, e entendem a importânsam estar aptos a montar seu próprio negócio, cia desse profissional já formado, é uma questão ser gestor do seu próprio negócio.”, relata Jai- de tempo.”, ressalta. me Barros, coordenador do curso no IFS. Mas, segundo ele, são diversas as áreas no mercado No quesito prático para o curso de Hospedaque absorvem estes profissionais qualificados gem há visitas técnicas anualmente em Resort’s tanto na gestão pública quanto na gestão pri- fora do estado e estágio obrigatório. E para o vada. Além disso, existe uma demanda muito de Guia, há um projeto integrador, uma prática grande de alunos que seguem a carreira acadê- acompanhada em cada um dos três períodos: no mica, a cada semestre uma média de pelo menos primeiro, com o foco em Aracaju, no segundo, três alunos ingressam em cursos de mestrado na o regional, visitando os principais pontos de SerUFS, na Universidade Federal da Paraíba e na gipe e, no terceiro, onde o projeto é nacional, da Bahia. focado nos outros estados.

Profissionais autônomos Os guias turísticos são inseridos no mercado de trabalho com mais facilidade, pois o mercado absorve cerca de 90% dos que se formam. Até porque o guia é um profissional autônomo que pode estar ligado a uma agência ou pode trabalhar por conta própria, com grupos de outros estados já montados, que chegando aqui o contato sendo feito permite-o realizar seu trabalho. Essa informação é confirmada pelo recém formado em Guia de Turismo Jonhatan Dorea, que relata que as agências de turismo sempre estão fazendo oferta de contratação após a conclusão do curso. E também é uma área rica em conhecimento geral e histórico, que possibilita ampliar os horizontes, em relação aos locais visitados. No entanto, para quem está atuando no mercado de trabalho nesse âmbito há uma certa crítica. É o que relata Edney Santos, formado em Hospedagem pelo IFS e atualmente cursa bacharelado em Turismo na UFS, dono da sua agência de turismo: “ O mercado é fraco e pouco rentável, devido a desvalorização da classe, além de ter outros profissionais ocupando as vagas que seriam dos turismólogos, tenho que travar uma guerra dia a dia, o turismo é uma área totalmente instável.” De acordo com o presidente do Sindicato das empresas de turismo do estado de Sergipe (Sindetur-SE) e Diretor Geral da empresa AeroTur, Ravison Souza, no curso agrega-se conhecimento, mas a dinâmica do dia a dia é mais objetiva, é necessário se aperfeiçoar porque o turismo muda muito. Ele afirma ainda que o mercado está carente, mas o profissional precisa estar dedicado e disposto a aprender, pois não é porque está formado que será um bom profissional. “O agente precisa “matar um leão por dia”, porque hoje as próprias empresas aéreas são nossas concorrentes se tornam nossas concorrentes, elas acabam incentivando o cliente a comprar direto no site, tem que batalhar e procurar prestar um bom serviço ao cliente.”, finaliza. C

Agência de Turismo


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Formação e Mercado

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Contexto

Em busca das estrelas Hoteis de Sergipe aderem parcialmente ao novo sistema de classificação de meios de hospedagem Leonardo Vasconcelos

Foto: Leonardo Vasconcelos

leovasconcelos.ufs@gmail.com

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uando você pensa em fazer uma viagem e precisa escolher um lugar para ficar, que critérios costuma levar em consideração na sua escolha? Você é do tipo que faz pesquisas na internet para conhecer a avaliação de outras pessoas, que segue a recomendação de um amigo ou nenhum dos dois? Seja qual for o seu perfil, saiba que desde 2011 está em vigor no Brasil um novo sistema que classifica os meios de hospedagem de todo o país através da atribuição de estrelas. É o chamado Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem (SBClass). Ele foi desenvolvido a partir da parceria entre o Ministério do Turismo, Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM) e Sociedade civil. Com ele, os estabelecimentos de hospedagem cadastrados no site de pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor do turismo, o Cadastur, ligado ao Ministério do Turismo, são divididos em sete grupos: Hotel, Resort, Hotel-Fazenda, Cama e Café, Hotel histórico, Pousada e Flat/Apart-Hotel. É dentro de cada um deles que ocorre a atribuição das notas na forma de estrelas, através de avaliação feita pelo Inmetro. A adesão ao SBClass não é obrigatória, mas os meios de hospedagem que quiserem fazer parte desse sistema de classificação, precisam estar cadastrados no Cadastur e passar por inspeção do Inmetro. O órgão avalia a qualidade da infraestrutura, da prestação de serviços e as ações voltadas à sustentabilidade. Os quesitos avaliados são classificados em dois tipos: mandatórios, ou seja, cujo cumprimento é obrigatório, e eletivos, aqueles que o meio de hospedagem cumpre se quiser. De acordo com o site do Ministério do Turismo, para que seja classificado na categoria pretendida, o estabelecimento precisa comprovar o cumprimento de 100% dos requisitos obrigatórios e de, pelo menos, 30% dos eletivos. Esse tipo de classificação é defendido por José Roberto de Lima, diretor-presidente da Empresa Sergipana de Turismo (EMSETUR). Para ele, o SBClass, ao levar em consideração critérios objetivos, permite uma avaliação padronizada dos meios de hospedagem. “O sistema de classificação segue um critério objetivo. Desse modo, você induz os empresários a ter um padrão de infraestrutura e de serviços que referende um tipo de classificação”, afirma. Em Sergipe, segundo Paulo Sérgio Barros, coordenador regional do Cadastur, 112 meios de hospedagem es-

Confira abaixo as etapas que os meios de hospedagem precisam seguir para obter a classificação pelo SBClass: 1. Preenchimento do formulário de solicitação da classificação através do site: www.cadastur.turismo.gov.br 2. Preenchimento dos seguintes documentos: termo de compromisso, declaração do fornecedor e autoavaliação.

Hoteis localizados na Av. Santos Dumont, próximo à orla da Atalaia.

tão cadastrados no site do Ministério do Turismo. Desse número, 74 estão em situação regular, 34 estão com os cadastros vencidos e 4 estão em fase de implantação. Como a classificação no SBClass não é obrigatória, apenas 3 hotéis sergipanos já aderiram a esse novo sistema de classificação: Aquarios Praia Hotel, Sandrin Praia Hotel e União Empreendimentos Turísticos. Outros dois hotéis ainda aguardam a finalização do processo de classificação. Para o diretor-presidente da EMSETUR, a adesão ao SBClass, apesar de não ser obrigatória, é mais uma oportunidade para as empresas divulgarem sua imagem no mercado. “O que a gente vem percebendo é que aqueles hotéis que pretendem se posicionar no mercado de forma diferenciada aderem também ao sistema de classificação porque isso acaba sendo um cartão de apresentação do hotel”, afirma. Essa também é a avaliação de Gilvando Melo, chefe de recepção do Aquarios Praia Hotel, classificado pelo SBClass como hotel quatro estrelas. Ele considera que fazer parte desse sistema de classificação é um atrativo a mais para o hotel. “Isso é ótimo para qualquer empresa que não tem medo de mostrar o que está vendendo”, destaca. No Brasil, segundo dados do Ministério do Turismo, do total de 8.010 meios de hospedagem cadastrados no Cadastur, apenas 57 foram classificados pelo SBClass. O destaque é para os estados de São Foto: Leonardo Vasconcelos

José Roberto de Lima, diretor-presidente da EMSETUR

Paulo, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Paraná e Bahia, que possuem o maior número de meios de hospedagem classificados. Do outro lado, estados como Amazonas, Ceará, Pará e Tocantins possuem apenas um meio de hospedagem que faz parte do SBClass. Do total de meios de hospedagem já classificados, 25 ganharam três estrelas, 15 foram classificados com cinco estrelas, 14 ficaram com quatro estrelas, 2 com duas estrelas e apenas 1 ganhou uma estrela. Dos hoteis sergipanos que foram classificados pelo SBClass, dois ficaram com quatro estrelas (Aquarios Praia Hotel e União Empreendimentos Turísticos) e um foi classificado como hotel três estrelas (Sandrin Praia Hotel). Avaliação feita pelos hóspedes O SBClass, apesar de ser a única forma de avaliação dos meios de hospedagem chancelada pelo Ministério do Turismo, não é o único modo pelo qual esse tipo de estabelecimento pode ser avaliado. Na internet, existem sites especializados, como tripadvisor.com e booking.com, em que é possível conferir a avaliação das pessoas para os lugares em que já se hospedaram. Neles, os clientes podem atribuir notas e deixar comentários sobre diversos quesitos, como atendimento, limpeza, localização, custo-benefício, entre outros. Em uma pesquisa feita nesses sites, a equipe do jornal Contexto, constatou que, em geral, os hotéis de Aracaju são bem avaliados. O diretor-presidente da EMSETUR diz reconhecer a importância da avaliação feita pelos próprios hóspedes. “São duas classificações que se completam. Você acaba ajudando na escolha do consumidor tendo essas duas classificações: tendo um parâmetro de classificação mais estático, de serviços e infraestrutura, e um padrão de classificação mais dinâmico”, ressalta. Quando questionado se o Aquarios Praia Hotel leva em consideração a avaliação feita nesses sites, Gilvando Melo foi enfático. “Com certeza. A gente tenta fazer o que foi pedido para que no futuro não tenha mais esse tipo de reclamação”, ressalta. C

3. Encaminhamento dos documentos ao Órgão Oficial de Turismo do estado onde estiver localizado o meio de hospedagem. 4. Análise pelo Órgão Oficial de Turismo em até 10 dias dos documentos enviados pelo meio de hospedagem. 5. Se a solicitação e a documentação estiverem corretas, o Órgão Oficial de Turismo encaminha o comunicado referente à abertura do processo ao meio de hospedagem e ao representante legal do Inmetro no estado. Caso a documentação não esteja correta, o meio de hospedagem é informado pelo Órgão Oficial de Turismo. As correções devem ser feitas em até 60 dias. 6. O representante legal do Inmetro emite a Guia de Recolhimento da União (GRU) e a envia ao meio de hospedagem. 7. Nessa etapa, ocorre a definição do avaliador e agendamento da avaliação inicial em comum acordo com o meio de hospedagem. 8. O representante legal do Inmetro realiza a avaliação no meio de hospedagem a partir das informações fornecidas na autoavaliação. 9. Concluída a avaliação, o representante do Inmetro entrega o registro preliminar, onde devem constar as conformidades e não conformidades encontradas. 10. Em seguida, emite-se o relatório final, incluindo as não conformidades, se encontradas, para que possam ser definidas as ações corretivas. Nesse caso, o representante legal do Inmetro deve definir com o meio de hospedagem o prazo e a forma para apresentar as evidências de ações tomadas para atendimento às exigências, bem como o retorno ao local, se for o caso, em até 90 dias da data da avaliação. No caso de impossibilidade das ações corretivas, por falta de conformidade, o processo deve ser encerrado pelo representante legal do Inmetro. 11. Caso não ocorram não conformidades ou estas sejam sanadas dentro do tempo definido, o Ministério do Turismo emite o certificado de classificação. Fonte: Site do Ministério do Turismo


Formação e Mercado

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A comunidade como atrativo O Turismo de Base Comunitária propõe valorização cultural e preservação do meio ambiente Érika Rodrigues elor.jor@gmail.com

Vista da Serra de Itabaiana

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entre as máximas difundidas no senso comum está aquela que diz que para conhecer verdadeiramente um local é preciso fazer parte dele. Esta é uma das propostas do Turismo de Base Comunitária, desenvolvido como alternativa aos roteiros tradicionais, esta modalidade turística alia desenvolvimento local a preservação dos recursos naturais. O turismo é uma atividade em pleno desenvolvimento no cenário mundial e muito desse crescimento está relacionado aos aspectos comerciais que colaboram positivamente com a economia das regiões. No entanto, muitas das estratégias de atração de público são feita sem planejamento para minimizar os riscos ao meio ambiente e a preservação da cultura da comunidade local. Como forma de potencializar os lucros advindos das atividades turísticas, há ainda a configuração de espaços exclusivamente voltados para o consumo em pontos turísticos, como é o caso dos shoppings centers ou de ruas como a Oscar Freire, na cidade de São Paulo. A ideia central do Turismo de Base Comunitária (TCB) vai à contração do turismo de compras e foca no turismo de experiência. O visitante é convidado a se hospedar na casa do seu João, morador da comunidade há mais de 30 anos, e se alimenta da comida feita pela dona Maria, esposa do seu João, e vai visitar os pontos turísticos acompanhado de outros moradores da comunidade que se comportarão como guias. E assim, amplia os conhecimentos sobre determinada região ao se inserir por completo na realidade da cidade visitada. Gregório Faccioli, professor do Departamento de Turismo da Universidade Federal de Sergipe, explica que o TBC é um segmento do turismo que tem como função principal a troca de experiências entre os visitantes e a população local. “O Turismo de Base Comunitária valoriza os aspectos da cultura local e permite o desenvolvimento sustentável de regiões de preservação ambiental”, esclarece. Cleomar Macêdo, turismólogo, explica que “o TCB surgiu como alternativa aos pontos negativos do turismo convencional”. Ainda de acordo com Macêdo, os benefícios dessa atividade vão além e permitem o resgate e preservação da cultura e a redução do êxodo rural Essas iniciativas baseadas na utilização do modo de vida local como fonte de renda já são consolidadas em países como Portugal e Holanda, no entanto o cenário nacional ainda dá os primeiros passos nessa direção. Em Sergipe, por exemplo, não há registros oficiais sobre o desenvolvimento da atividade ou mesmo políticas públicas que busquem investigar as potencialidades do estado. O que se observa, em âmbito local, são iniciativas pessoais a fim de demostrar viabilidade do Turismo de Base Comunitária em Sergipe.

Como é o caso da dissertação de mestrado “Análise da aptidão para o Turismo de Base Comunitária no entorno do Parque Nacional Serra de Itabaiana” que demonstrou a capacidade de se implantar a atividade na região. A pesquisa O Parque Nacional Serra de Itabaiana é uma unidade de conservação instalada oficialmente em 2005. A área, de cerca de oito mil hectares, é composta por regiões de Mata Atlântica e Caatinga e abriga várias espécies de répteis, anfíbios, mamíferos e mais de cem espécies de aves. Na região, existem 24 povoados onde predominam a agricultura familiar. O trabalho, desenvolvido por Cleomar Macêdo no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe, objetivou, por meio da observação participante e de entrevistas, conhecer a realidade de três comunidades (Serra, Bom Jardim e Rio das Pedras) localizadas no entorno do Parque e investigar junto aos moradores a disposição para se envolver nas atividades turísticas. De acordo com os levantamentos iniciais da pesquisa, a implantação do Parque gerou, entre os moradores, expectativas de emprego e renda, visto que se vislumbrou a oportunidade de criação de atividades ligadas ao turismo e ao lazer. Porém, não se desenvolveu nenhuma iniciativa com esse propósito. A pesquisa foi estruturada para identificar atrativos turísticos naturais, históricos e culturais das comunidades, identificar equipamentos e serviços com potencial turístico e mensurar a compreensão dos moradores do entorno sobre o Turismo de Base Comunitária. Com relação

aos atrativos naturais foram identificados cinco espaços com potencial para atividades turísticas. São eles: o Poço das Moças, o Salão dos Negros, a Gruta da Serra, a cachoeira do Véu de Noiva e o Riacho das Pedras. Muitos desses espaços já recebem visitantes de outros locais do Estado, mas não existe nenhuma espécie de integração com a comunidade nem mesmo divulgação desses locais nas rotas turísticas de Sergipe. Com relação à familiaridade com o TBC, 100% dos 105 entrevistados afirmou não ter conhecimento sobre esta modalidade turística. No entanto, após uma breve explanação sobre as potencialidades do turismo de base, 92% dos moradores se mostrou disposto a oferecer hospedagem em suas casas. A entrevista também revelou que 85% estariam dispostos a oferecer alimentação e 31% a guiar passeios. “Ao final do processo, chegamos à conclusão de que o Turismo de Base Comunitária na Serra de Itabaiana é extremamente viável. A comunidade se interessou pela possibilidade de ter uma fonte de renda sem deixar seu lugar de origem e pelo fato de que eles mesmos poderão gerenciar as atividades”, esclarece Macêdo. Mesmo tendo como premissa a minimização dos impactos ambientais oriundos da construção de hotéis e o esgotamento das reservas naturais em virtude do excesso de visitantes, o Turismo de Base comunitária ainda esbarra em aspectos culturais e burocráticos. Faccioli acredita que o principal desafio é conscientizar os moradores da importância de preservar as regiões circundantes as unidades de preservação. “É preciso ainda, mostrar a comunidade que existe um potencial de visitantes para o turismo rústico voltado para o intercâmbio cultural e para a contemplação da natureza”, destaca. Para Macêdo, é imprescindível firmar parce-

rias com órgãos públicos e com o setor privado para que a iniciativa possa ser implantada no Estado. “Sergipe tem um potencial impressionante e diversificado principalmente quando se trata de turismo ecológico, mas falta viabilizar esta modalidade e divulgar espaços como a Cachoeira de Macambira e a Ponta dos Mangues”, explica. Comunidade em movimento Localizada a 112 quilômetros de Aracaju, a cidade de Pacatuba, mais especificamente o povoado Ponta dos Mangues, inicia sua jornada rumo ao Turismo de Base Comunitária. A ideia partiu do engajamento e do esforço de Thatiana Carvalho, coordenadora do Projeto Tainha Turismo Comunitário. A iniciativa está em andamento desde agosto de 2012 e traz a essência do TCB: apresentar o modo de vida da comunidade como principal atrativo turístico e em contrapartida promover melhorias socioeconômicas e a educação ambiental. Para compor o projeto a equipe realizou cursos de capacitação da comunidade, como oficinas de fotografia, xilogravura, artesanato e um em específico sobre o Turismo de Base Comunitária. Thatiana Carvalho, em vídeo sobre o projeto, explica que ao desenvolver o TBC com a comunidade de Ponta dos Mangues antes que o desenvolvimento tão esperado chegue tem-se a oportunidade de trabalhar com mais cuidado com os recursos naturais, preservando a identidade local e gerando renda para a comunidade de forma sustentável. C Saiba mais: Projeto Tainha: https://www.facebook.com/ projetotainhatbc?fref=ts


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Ações de divulgação

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Contexto

Sergipe no mapa do turismo As ações oficiais de divulgação de Sergipe no turismo global Jessica Feitoza e Eudorica Leão

Foto: Jessica Feitoza

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turismo, e os negócios correlatos, é hoje uma das principais atividades econômicas e uma das que mais crescem no mundo. Na ultima década, este ramo cresceu tanto que seu faturamento tem sido colocado, comparativamente, ao lado de setores como o do petróleo, indústria financeira e indústria bélica. O turismo representa nacionalmente cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB). Em Sergipe, no entanto, o faturamento do turismo está muito aquém do potencial que o estado oferece: o numero não chega a 1%. Mas, apesar de sua representatividade ser consideravelmente mínima, nosso estado é um dos que mais cresce em novos atrativos. Para a professora de turismo ambiental da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Laura Almeida, Sergipe é um estado em grande ascensão turística do Brasil. “Isso deve aos famosos roteiros turísticos, principalmente os sustentáveis, a exemplo disso, temos o passeio de barca pelo cânion do Xingó, além disso, dados revelados por estudos feitos por estudantes da UFS mostram que só o parque hoteleiro no estado cresceu cerca de 6% nos últimos dois anos”, explica. O aumento do número de visitantes ao estado publicado pela imprensa sergipana mostra que as campanhas de divulgações feitas pela Empresa Sergipana de Turismo (Emsetur), com o intuito de inserir Sergipe no roteiro de turismo nacional e internacional, tem dado resultados positivos. Anualmente são gastos quase quatro milhões de reais em investimento para divulgações turísticas. O que ainda não é considerado uma quantia equivalente à importância que deveria ter a ação. De acordo com Carlos Alberto, coordenador de Marketing da Emsetur, durante os meses de janeiro, fevereiro, julho e dezembro, épocas em que os viajantes procuram as áreas mais quentes para passar o verão, Sergipe torna-se um dos lugares mais procurados para visitas no país. “Os estados que mais procuram nossa terra para fazer turismo são principalmente a Bahia e São Paulo. O primeiro pela proximidade regional e o se-

gundo estado pela diferença climática que há entre Sergipe e São Paulo. Mas tudo isso só é possível graças à afinada campanha de divulgação realizada pela Empresa Sergipana de Turismo em parceria com o estado e empresas conveniadas”, destaca. Dentre as principais ações, destacam-se: as feiras nacionais de exposições de produtos culturais de Sergipe, capacitações oferecidas aos jovens junto ás empresas de apoio como o Serviço Nacional de Aprendizagem (SENAI) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), divulgações em sites de turismo em diferentes estados como a Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, além das publicações em revistas de turismo como exemplo, as revistas paulistanas de viagens Brasilturis e VIAG, esta ultima, voltada a um publico homossexual. “Esse tipo de divulgação acaba saindo um pouco mais caro, pois cada pagina desses veículos, podem custar em média 30 mil. Por isso, acreditamos que a divulgação mais efetiva ainda é a do ‘boca a boca’, pois o maior desafio enfrentado pela Emsetur é fazer o povo entender o quanto o turismo é importante economicamente ao estado”, complementa o diretor de Marketing. Além dos exemplos de divulgações supracitados, a empresa de turismo ainda lida com outros tipos de materiais que são destinadas às redes hoteleiras e hotéis, como exemplo, cartilhas e panfletos contendo roteiros turísticos, gastronômicos, religiosos e históricos da capital e dos interiores. Sergipe para mundo 2013 e 2014 foram anos marcados por eventos internacionais sediados no Brasil, dentre eles, a Jornada Mundial da Juventude, a Copa do Mundo da FIFA, além de eventos ligados ao turismo de negócios que aconteceram em Sergipe. Com isso, a competição para atrair turistas não é tarefa que se restringe apenas entre os estados brasileiros conhecidos pelo tradicional “turismo doméstico”. Hoje em dia, os preços de viagem para o ex-

terior estão praticamente nivelados, ou seja, a globalização fez com que um cidadão que procura a França ou outro país para passar férias pode encontrar no valor da passagem o mesmo preço que uma viagem doméstica. Pensando nisso, foi criado em Sergipe vários materiais de divulgações em línguas estrangeiras como o espanhol, inglês, dinamarquês e norueguês. A idéia é atrair cada vez mais um maior número de turistas ao estado, não só com concentração na capital Aracaju, mas também em seus municípios e povoados. De acordo ainda com o Coordenador de Marketing Carlos Nascimento, o mais difícil é incluir alguns municípios no roteiro do estado. “Apesar desses municípios mostrarem atrativos e belezas naturais, infelizmente não têm ainda uma certa estrutura o suficiente para receber ou acomodar turistas”, diz. A importância da internet como suporte para divulgação não pode ser negada nem por um tecnófobo. O próprio Ministério do Turismo ressalta a importância da inserção digital, como a principal fonte de informações para 1,87 milhão de turistas estrangeiros que vieram ao Brasil, no ano de 2013. O site oficial da Secretaria do Estado de Sergipe encontra-se “temporariamente fora do ar”, em virtude do período eleitoral, no entanto é possível obter informações sobre o turismo local no site http://visitsergipe.com. De forma geral, as informações encontram-se disponíveis no site em três idiomas: português, inglês e espanhol. À exceção das abas “imprensa” e “descubra Sergipe”, que não estão disponíveis em nosso idioma pátrio, o que nos leva à conclusão de que o mesmo foi pensado para turistas de outros países, em especial os de língua espanhola. O potencial de alcance das redes sociais tem sido desprezado como fontes de divulgação de Sergipe como roteiro turístico. O Facebook lidera o ranking das redes sociais mais acessadas pelos brasileiros, com o percentual de 68,77% de participação de visitas. Várias secretárias de turismo estaduais contam com um perfil oficial, no qual divulgam

seus respectivos roteiros e atrações. Através de uma simples busca no meio digital, foi possível identificar perfis até de municípios sergipanos. No entanto, não há um perfil da Secretaria Estadual de Turismo de Sergipe. Para além da orla: outros Sergipes. A preocupação com o meio ambiente torna o ecoturismo como uma excelente opção de investimento. Em Sergipe, esse nicho ainda se mostra pouco explorado, apesar de alternativas como as trilhas na Rota do Cangaço, alto sertão localizado na divisa entre Sergipe e Alagoas, ou a possibilidade de vôo livre nas serras de Itabaiana e do Machado, esta última situada no município de Ribeirópolis. Ainda em Itabaiana é possível visitar o Parque dos Falcões, o único centro de criação, multiplicação e preservação de aves de rapina da América do Sul. A agente de viagem Alice Souza, que há 14 anos trabalha no ramo, ressalta que já se teve períodos de vendas bem melhores do que as atuais. “No momento, o período para vendas de pacotes de viagem está ruim. Apesar de não estarmos no alto da temporada de turismo, a agente afirma que isso se deve à fraca divulgação por parte da secretaria de turismo”, lamenta. Apesar do coordenador de Marketing da Emsetur afirmar que o material de divulgação como cartilhas e panfletos contendo roteiros turísticos, gastronômicos ter sido “mais do que suficiente”, a agente Alice Souza contrapõe, destacando que não recebeu nenhum material de divulgação em idiomas diferentes. Esse descompasso de declarações é um indicio de um possível mau gerenciamento de um setor tão promissor para a economia. Mal orquestradas, as ações de divulgação do turismo sergipano criam dissonância. C Saiba mais: www.facebook.com/contextoufsimpresso


Ações de divulgação

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Ações geram divergências.

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Gestores defendem a implementação das ações de turismo. Comerciantes mostram insatisfação. Jessica Feitoza e Eudorica Leão

O empreendimento turístico para funcionar direito, deve assemelhar-se a uma orquestra. Todas as ações devem ser planejada em concordância com os resultados que pretendem obter. Para o governo, suas ações tem sido bem elaboradas e executadas., Sergipe tem sido divulgado a contento. Esse sentimento é compartilhado pelo sr. José Freire, conhecido como o “Careca”. Para o mais antigo vendedor no mercadão as coisas vão de vento em polpa: “Vendo meus artesanatos feitos de palha e madeira aqui há mais de 60 anos e nunca tive nenhuma dificuldade nas vendas” O chefe de recepção do Jatobá Praia Hotel , João Batista Oliveira, também está satisfeito com as ações de divulgação. O chefe avalia o movimento de forma

positiva. O hotel localizado na Orla de Atalaia recebeu matérias de divulgação em outros idiomas. No entanto, nem todos pensam assim. Para alguns dos comerciantes que vendem seus artesanatos no Mercadão do centro de Aracaju, as coisas não parecem tão boas. Wolfrand dos Santos é vendedor de produtos de artesanatos cerâmicos no mercado Albano Franco há mais de quarenta anos e diz estar insatisfeito com as vendas nos últimos anos: “De um tempo pra cá, o numero de visitantes só vem diminuindo, não se ver mais campanhas de divulgações para o mercado. Os turistas estão se concentrando apenas na zona sul, onde tem as praias e os hotéis”. No entanto, nem mesmo para as pousadas da zona sul, a situação está boa. Josy Araújo é gerente na pousada Orla Mar. A mesma fica situada em frente a Orla de Atalaia e segundo ela, “antigamente no feriado os quartos lotavam, mas hoje senti mos dificuldades em encontrar clientelas.” Ela disse que nem mesmo o

“Careca” do mercado. Foto: Jesica Feitoza

mundial da FIFA ajudou a lotar o hotel onde trabalha: “A copa foi um fracasso. Enfeitamos a pousada toda de verde e amarelo, mas não sentimos nenhum movimento diferenciado por parte desse evento. Até mesmo o São João deste ano não foi bom. “. Faltou mais divulgação de Sergipe nos outros estados disse ela. Afirmou também não ter recebido nenhum material da Emsetur. Só no São João, mas quando este veio já tinha quase terminado os festejos. Maria Auxiliadora trabalha no restaurante Portal da Praia disse que o movimento esta bom, mas o melhor mesmo é de quinta em diante quando fica próximo o fim de semana, mas diz que deveria haver mais divulgações por parte da secretaria de turismo. Ao visitar os hotéis e restaurantes ali da orla de Atalaia, foi notorio o baixo fluxo de visitantes naquela área, mas encontramos alguns turistas. Dentre eles a pernambucana Sandra Soares. Ela é natural de Recife e disse que está achando Sergipe uma maravilha. Ela conta ainda que esta aqui no estado há dois dias, veio a passeio com as amigas, mas ao contrario de muitas pessoas que procuram um estado para veronear, ela não chegou atraves de pacote de viagem. "Apesar de não ter vindo de maneira planejada como gostaria de ter vindo, estou gostando muito da viagem, até pretendo voltar aqui no próximo ano", afirma.

“Hoje, Sergipe participa não só do roteiro turístico nacional, mas também do roteiro internacional.” As ações de divulgações feitas principamente pela Emsetur tem dado boas visibilidades ao estado de Sergipe que compete de igual modo com outros estados da federação como a Bahia, Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte. " A participação de Sergipe não só no cenário regional, mas tambem no nacional acaba gerando uma competição que não se restringe apenas no turismo "domestico" mas em todo o cenário global". Mas, apesar de turismo ainda não representar muito para o Produto Interno Bruto PIB do stado, este é um dos setores que mais tem crescido nos ultimos anos. Isso gera o fomento da

econonomia possibilitando o emprego e renda de muitos sergipanos, entretudo, o grande desafil é fazer com que realmente a sociedade se inclua nesse pojeto turistico do estado no sentido de valorizar e perceber esse setor economico como uma fonte de sustentabilidade familiar.

Laura Almeida é Turismologa com mestrado em Turismo ambiental. Atualmente ensina na Universidade Federal de Sergipe(UFS).

Wolfrand dos Santos. Foto: Jessica Feitoza

José Antono Moura (65) tambem foi um turista que encontramos com a familia em um momento descontraido de fotografias e recordações, ele é natural de Brazilia e trouxe os parentes para passar um mês de férias: " Eu soube de Sergipe através de um amigo que me convidou para passear, da primeira vez eu vim só, não trouxe a familia, mas como agora já conheço o estado, voltei e trouxe minha esposa , meus primos e minha filha". Seu josé é um aposentado, disse que esta se sentindo em casa. Ele acha Sergipe um estado muito seguro e tranqüilo: "a capital dar para sair caminhando despreocupado, as pessoas são gentis, educadas e muito simpáticas, pretendo voltar a capital principalmente quando chegar o mês do são João, pois é uma epoca gostosa para se divertir", declarou. Com esse total de informações acerca das ações de divulgação realizadas pela secretaria de turismo Emsetur, o que se percebe é que ainda existem muitas pessoas insatisfeitas com o turismo no estado, principalmente os comerciantes e dono de hotéis. De acordo com o coordenador de marketing, Carlos Nascimento, “o negocio do turismo em nosso estado, ainda é uma área economica que precisa ser melhor desbravada, para isso, precisamos oontar com a ajuda da sociedade para que possamos obter resultados esperados, mas desde já, podemos afirmar que temos conseguido até hoje colocar o nosso estado entre aqueles que mais são procurados para passar férias, passeios e implantações de empresas multinacionais”, afirmou.


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Opções de Turismo

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Contexto

Museus Públicos de Aracaju Entretenimento gratuito para conhecer a cultura e a história de Sergipe Luciana M. N. Santos

Luciana M. N. Santos

lucianamans@gmail.com

A

cidade de Aracaju dispõe meios de entretenimentoque vão de parques a praias, sendo assim uma caixa de possibilidade para todos os gostos e idades. Mas, além disso, o aracajuano ou visitante na capital sergipana,que queira ter um lazer mais cultural pode encontrar opções atraentes e sem grandes custos nos museus e as galerias espalhadas pela cidade, podendo conhecer um pouco mais da história de Sergipe e das artes produzidas ao longo de sua história. A capital dispõe de cinco museus espalhados pela cidade, sendo A Ponte do Imperador, considerado um museu a céu aberto, o Memorial de Sergipe que é pago e mantido por uma das universidades particulares sergipana, a Universidade Tiradentes; e três de domínio público: o Museu Palácio Olímpio Campos; o Museu da Gente Sergipana e o Museu do Homem Sergipana, está fechado para reforma.

Acesso e conteúdo

Os museus públicos,que estão abertos à visitação no momento, são uma boa opção para quem não quer gastar muito. Além de serem de fácil acesso para quem se desloca de ônibus, por exemplo, os museus estão geograficamente próximos, fazendo com que o visitante tenha tempo de conhecer os espaços, obtendo conhecimento e aprendizado tranquilamente. Para quem vem pelo lado oeste da cidade de Aracaju, facilmente vai encontrar o museu Palácio Olímpios Campos. A antiga sede de governo e residência do governador, foi criada no século XIX após a mudança de capital de São Cristóvão para Aracaju. Localizado na Praça Fausto Cardoso no Centro da Cidade, o palácio está de portas abertas como museu desde 2010, após quase quatro anos de reforma, mas ainda é desconhecido por muitos sergipanos. Marieta Barbosa Oliveira, pedagoga e atual diretora do Museu, desde Outubro de 2013, diz que o trabalho de divulgação tem sido árduo nos últimos seis meses. “As redes sociaistem sido grandes aliadas na divulgação não só do museu em si, mas do grande acervo histórico-político e também artístico contido dentro do Palácio.” Com 60 funcionários atualmente, o Palácio ainda continua sendo sede do governo para eventos importantes que marcam o cenário político do estado, a exemplo do velório do ex-governador Marcelo Deda, ocorrido em dezembro de 2013. Além disso, a casa também contém um acervo de artes de grande valor, além de móveis e objetivos utilizados ao longo dos séculos XIX e XX por todos os governadores que passaram pelo estado de Sergipe. Para a diretora, a visitação dos sergipanos é importante, sendo ele uma pessoa ou estudante, pois a curiosidade que leva o visitante ao museu e a obtenção do conhecimento da história política sergipana ele pode repassar em casa e numa outra visita trazer a família, por exemplo.

Para quem vem do lado Sul da cidade e quer conhecer um pouco da cultura e da história do estado sergipano, na Avenida Rio Branco, ainda no centro, encontrará um dos museus mais importantes de Sergipe hoje em dia. O acervo que traz tecnologia de ponta e que foi fundado em dezembro de 2011 no antigo Atheneuzinho, o Museu da Genta Sergipana inova e traz a história do sergipano de forma dinâmica e divertida. O Museu, que hoje conta registra mais de 220 mil visitas contabilizadas, é o ponto de parada obrigatória não só de turistas, mas da própria população da capital e tem como objetivo de fazer com que o sergipano se reencontre e se descubra.O atual diretor de Programas e Projetos do Museu, Marcelo Rangel Lima, defende que o espaço museal deve ser voltado para promoção da cultura do local o qual se encontra. “O Museu da Gente Sergipana é voltado para a promoção da cultura popular, da memória do povo, dos saberes. Um lugar para os sergipanos se reencontrarem.” O diretor informa também que o maior número de visitantes são os próprios sergipanos e afirma que um local que retrata a história de um povo, tem que se tornar um atrativo para o público da cidade, primeiramente, e isso ocasiona em sua divulgação como potencial turístico. “Um museu se tornar um potencial turístico, tem que atrair o publico local. O grande potencial é fazer com que haja motivação para as pessoas virem e isso fará com que estas pessoas se conheçam, se encontrem.” O trabalho de divulgação das atividades do Museu é desempenhado na forma de comunicação organizacional. Segundo Marcelo, a ajuda com a imprensa e uso de redes sociais, como o Facebook faz com que a notoriedade ao museu cresça e o deixe mais conhecido entre a sociedade. O acesso ao museu é gratuito e está aberto ao público para visitação todos os dias, exceto as segundas-feiras. Em relação ao índice de visitação, Marcelo acredita que a procura do sergipano pela sua identidade, faz com que o número de visitantes cresça quando se trata da população local conhecendo os museus. As exposições também chamam atenção da população aracajuana e do visitante que está buscando a história do Estado. Segundo dados cedidos pelo diretor, o Museu da Gente Sergipana recebeu mais de 45 mil pessoas no primeiro semestre de 2014, sendo de pessoas sergipanas a maioria dos visitantes. O museu Olímpio Campos, que está com suas exposições suspensas por conta das Eleições deste ano, também teve um número considerável de visitantes. Mais de 8 mil pessoas visitaram o Museu do Palácio do Governo nos sete primeiros meses deste ano, um número bom para os dirigentes deste museu. Já o museu a céu aberto da Ponte do Imperador é livre para visitação para os curiosos,

Frente do Museu Palácio Olímpio Campos

contudo não há informações ou linguagens de apoio que expliquem sua história. Atualmente, se encontra em estado de falta de manutenção. O espaço já não é gerido pela Funcaju. A equipe do Contexto entrou em contato com alguns órgãos governamentais para obter esta informação, mas até o fechamento desta edição, não obtivemos resposta.

A visão dos sergipanos

Para Marcelo Rangel, um museu deve ter como objetivo principala promoção da cultura local, popular, da memória do povo, dos saberes, fazer com que os cidadãos da cidade se reencontrem. Para a graduanda em Psicologia, Ana Carolina (19), a motivação principal para ir ao museu em Aracaju é a forma diferenciada como as informações são passadas para o público. Ana acredita que o espaço museal já detém de conteúdo para um curioso que nunca foi visita-lo. “Às vezes, pode não ter um guia na hora que eu vou visitar, mas os museus por si só, contém muita informação.” Yan Souza (20), formando em Gestão de Turismo, acredita que os museus da cidade Aracaju têm boas estruturas e são práticos. “Os museus nos deixam entretido, pois tem tanta informação sobre a nossa cultura, nossas tradições, eles realmente contém informações precisas.”

As escolas e os Museus

A popularidade dos museus também faz com que as escolas espalhadas pelo estado de Sergipe façam visitas mensalmente. Tanto escolas públicas, como particulares são presenças garantidas com momentos recheados de conhecimento para crianças e adolescentes da capital e dos interiores. Marcelo Rangel afirma que a maioria do público do Museu da Gente Sergipana são alunos, ponto que ele considera muito positivo, não só pela notoriedade que o museu causa, mas pelo conhecimento que os jovens visitantes poderão ter. “Um quarto do nosso público é de alunos e já é uma parcela expressiva do nosso publico.

As escolas veem ao museu naturalmente. Por ser um museu de ponta tecnológica, eles vem devido a peculiaridade, a modernidade, a riqueza de conhecimento que está aqui”, explica. Marieta Barbosa, diretora do Palácio, acredita que a visita das escolas é um fator importante para a divulgação do museu, especialmente, para as pessoas do interior. “ As escolas veem ao museu e acaba gerando uma curiosidade que é levada para casa, que é compartilhada com a família e que ocasiona em uma nova visita no futuro.” Ela também informa que o Museu do Palácio tem projetos para levar o que há no acervo histórico-político do espaço para as instituições educacionais que não tem condições de ir ao Museu fazer uma visita.

Horário de Funcionamento Os museus, na capital, estão abertos para a visitação das Terças aos Domingos, Seus horários são diferenciados. Enquanto o Palácio abre das10 horas da manhã às 5 horas da tarde nos dias úteis e das 9 horas da manhã à 1 da tarde nos finais de semana, o Museu da Gente sergipana, abre das 10 horas da manhã até às 6 da tarde, com o mesmo horário os finais de semana. Memorial de Sergipe O Memorial de Sergipe que além de receber um público menor, possui uma pequena taxa de entrada. O interessado deve pagar dois reais para poder conhecer o acervo bibliográfico e museológico que está situado na Avenida Beiramar.


Opções de Turismo

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Terceira idade ganha o mundo Sem se preocupar com o calendário, idosos movimentam o turismo e chamam a atenção das agências Maria Beatriz Campos

Imagem: Portal Terra

É

na melhor idade que eles se divertem mais. Com a agenda mais folgada e muita vontade de viver, os mais de 23 milhões de idosos, que representam 12% da população brasileira, estão ganhando o mundo e movimentando o turismo no país. Segundo dados do Ministério do Turismo, metade dos brasileiros com idade superior a 60 anos de idade, viaja pelo menos duas vezes ao ano. Além disso, em 2012, a terceira idade movimentou cerca de 1,6 bilhão de reais no setor de turismo. Toda essa disposição da terceira idade tem feito agências de turismo investirem cada vez mais nesse público. Aos 64 anos, a professora de inglês Josefa Menezes tem aproveitado a sua aposentadoria para conhecer o mundo. Ela, que sempre foi uma apaixonada por viagens, tem aproveitado com mais intensidade depois da aposentadoria, seja com a família, amigos ou em grupo. Recém chegada da Europa, a professora aposentada comemora a chance de aproveitar a melhor idade para conhecer os lugares mais bonitos que existem no mundo. “Viajar é o grande remédio para o coração. É o rejuvenescer e um grande refrigério para o nosso corpo e muito mais para a nossa alma”, comemora a Josefa.

Foto: Arquivo Pessoal

A agência Nozes Tour, em Aracaju, vem promovendo, cada vez mais, viagens para a terceira idade, principalmente desde 2011, quando a procura aumentou consideravelmente. Os destinos mais procurados pelos idosos aventureiros, registrado pela Nozes Tour, são Mangue Seco, Foz do Rio São Francisco, e o Cânion de Xingó. “Os idosos procuram a nossa empresa com muita vontade de viajar e conhecer novos destinos. Em geral, eles tem pouco mais de 60 anos, mas chegamos a receber idosos com mais de 80 anos, geralmente acompanhados da família. É um público que está sempre em movimento, buscando novas experiências e movimentando ainda mais o mercado”, comemorou Tirzah. Para encantar a melhor idade, eles investem em passeios que conseguem aproximar os idosos da natureza e das belezas locais, sem exigir muito desgaste físico. “Notamos que os idosos gostam de estar em meio a natureza, mas nossos passeios não exigem trilhas ou longas caminhadas. Criamos um roteiro apto para a melhor idade, que não exige muito preparo físico deles e que os deixam muito a vontade durante a viagem”, disse Tirzah Duarte, gerente da Nozes Tur. Como diferencial, a fim de atrair ainda mais idosos aventureiros, a Agência de Turismo oferece a opção de buscá-los em casa. “A maioria dos nossos clientes acima de 60 anos adotam o serviço a domicílio. Nós nos responsabilizamos por buscá-los em casa ou no hotel e deixá-los após o passeio, para que possam aproveitar com muito mais facilidade e segurança”, garantiu Tirzah.

Viajando em grupo Segundo a pesquisa Hábitos de Turismo na Terceira Idade, realizada pelo Programa de Administração de Varejo, da Fundação Instituto de Administração (FIA), 32,9% das pessoas acima de 60 anos viajam de duas a três vezes por ano, e 54,3% permanecem mais de sete dias no destino escolhido. Além disso, 61,4% dos idosos gostam de viajar na baixa temporada, 23,4% em feriados prolongados e 15,2% no período de férias escolares. Como nem todo mundo tem uma agenda vazia e um bom pé de meia, fica ainda mais difícil para os idosos encontrarem companhia para explorar o mundo e para quem não gosta de viajar sozinho há uma luz no fim do túnel: as excursões. “Eu viajo sempre, mas nunca sozinha. Gosto muito de viajar com família e amigos mais próximos, mas quando não dá, recorro às excursões”, contou Josefa Menezes. Mas excursão não é só uma alternativa para quem não tem companhia, a servidora pública aposentada, Laís Angélica Bezerra de Menezes, de 69 anos, apaixonada por viagens, tem desbravado ainda mais o mundo após a aposentadoria, sempre na companhia do marido Antônio Gaspar Bezerra de Menezes, de 75 anos, professor aposentado. Mesmo tendo sempre a companhia garantida do marido, a viajante ainda prefere optar pelas excursões e auxílio de agências de viagem. “Eu adoro viajar com excursões, já saio do país com tudo resolvido e fico muito mais a vontade e despreocupada para conhecer cada pedaço da cidade. A maioria das pessoas reclama ter que cumprir horários dentro da excursão, mas sou muito pontual e isso acaba sendo uma vantagem para mim. Inclusive, há poucos anos, na França, marquei um serviço de táxi para nos levar ao aeroporto e entrei numa fria, o taxista não foi pontual e não cumpriu o horário que havíamos combinado, por pouco não perdemos

o nosso voo de volta, se estivássemos numa excursão isso dificilmente teria acontecido”, disse Laís Angélica. Para o setor comemorar Somente nos últimos 50 anos, o número de idosos no Brasil mais do que dobrou. Mas a expectativa é que em 2050, o número de pessoas com 60 anos ou mais chegue a representar 30% da população brasileira. O crescimento da terceira idade e a sua paixão pelo turismo promete movimentar ainda mais o setor. Facilidades Pensando em ampliar ainda mais o turismo na terceira idade, o Ministério do Turismo, lançou em 2017, o programa Viaja Mais Terceira Idade, que oferece descontos, a partir de 20% e financiamentos com taxas de juros reduzidas para aposentados e pensionistas com idade a partir de 60 anos. Segundo dados do Ministério do Turismo, o Programa Viaja Mais Melhor Idade já promoveu a a venda de 599 mil pacotes de viagem desde que foi lançado (setembro de 2007 a dezembro de 2010). Os destinos mais procurados na primeira edição foram Natal (RN), Fortaleza (CE), Lins (SP), Caldas Novas (GO) e Serra Gaúcha (RS). Mais informações podem ser obtidas através do site http://www.viajamais.gov.br/. C


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Roteiro Gastronômico

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Contexto

O sabor que Sergipe tem Os atrativos turísticos da culinária sergipana do tradicional ao mais requintado Aline Souza

silvalinepa@gmail.com Fotos: Igor Sá

S

ergipe é um paraíso quando falamos de sua culinária, rica em sabores, em temperos e condimentos. Seus atrativos e derivados do milho como bolos, canjicas, pamonhas, nhoque e pudins compõem o tradicional café da manhã, enquanto que os frutos do mar como sururu, ostra e camarão, estão na maioria dos pratos principais, servidos tantos nos restaurantes tradicionais como nos mais sofisticados. É toda essa diversidade que faz da gastronomia de sergipana uma das mais requisitadas da região pelos turistas. A culinária como atrativo turístico não é novidade, e em Sergipe, ela ganha uma composição diferente, são tantas as variedades de alimentos e especiarias, que o resultado é um cardápio variado, e o melhor é que não importa o tipo de estabelecimento, simples ou requintado, você sempre vai encontrar uma porção de pratos de dar água na boca. Os preços sempre muito convidativos, funcionam como um atrativo a mais para quem só quer uma desculpa para não deixar de experimentar o tempero sergipano.

do todas as sextas-feiras. O restaurante do seu Gonzaga, assim como é conhecido, é voltado tanto para os turistas quanto para o público local. “Temos 31 anos de tradição, então, não tem como não servir ao público local, porém, os turistas aqui não faltam. O nosso prato principal, o pirão de capão, acompanha a nossa trajetória e por isso é o mais requisitado, tanto pelos turistas quanto pelos conterrâneos, além de ser a cara do nosso estabelecimento”, argumenta seu Gonzaga, dono do restaurante. Dona Carminha, 32 anos de cozinha e esposa de seu Gonzaga, nos explica como é feito o prato mais pedido do restaurante, o pirão de capão. “Primeiro a gente corta o capão, cozinha bem cozinhadinho, depois côa, tira o caldo, mexe o pirão até o ponto, grosso ou fino, como a pessoa goste, e depois é só servir com vinagrete, arroz... é bastante gostoso, tanto que é o prato que mais sai”, nos explica Carminha.

Quem visita Sergipe não esquece o gostinho tipicamente regional, seja nos pratos principais, nas sobremesas, petiscos, sucos ou aperitivos, a comida sergipana é mesmo marcante, e neste passeio pela capital Aracaju, vamos mostrar um pouquinho do que encontramos aqui, quando o assunto é a riqueza do estado, a boa comida.

Dona Carminha

Alguns restaurantes, por exemplo, têm o churrasco e marisco como prato principal, é o caso do “Recanto Comida Caseira do Silvio”, o restaurante trabalha basicamente com comida regional e está situado na região central de Aracaju, próximo a Ceasa. Já outros, como o restaurante de seu Gonzaga, situado no mercado de Aracaju, ao lado do restaurante Caçarola, já tem fama quanto aos pratos servidos, que vão desde o pirão de peixe, a moqueca de peixe, moqueca de camarão, pirão de camarão, moqueca de bacalhau até os pratos mais tradicionais, como o pirão de capão e o bacalhau no gogo, este último servi-

Outro restaurante que nos chamou a atenção foi o Caçarola, da proprietária Meg Lavigne, seja pelos detalhes do ambiente, pelo atendimento, ou pela presença constante de turistas, mas principalmente pela variedades dos seus pratos, sobremesas e sucos. No cardápio, encontramos o prato mais pedido, o camarão de cueca, além de outros como, caçarola de frutos do mar, moqueca sergipana, pescada aracajuana, camarão da barra. Contamos também com sobremesas como amor perfeito, negão gostoso, veia fogosa e a mais pedida, a tal da moça virgem. O restaurante que está localizado na parte superior do

mercado, com vista para o Rio Sergipe, propicia um ambiente super agradável e natural para quem gosta de comer com tranquilidade, o local que também é um ponto turístico na cidade Aracaju, a Torre do Relógio, atrai turistas de toda parte.

Seu Gonzaga

Além dos pratos principais os restaurantes de Sergipe trabalham com o melhor dos ingredientes quando o assunto é comida local. O carro chefe da região, o caranguejo e camarão, estão presentes na maioria dos restaurantes de pequeno ou grande porte, a exemplo, o pirão de camarão, presente na maioria dos cardápios dos restaurantes locais. Do camarão e do caranguejo, é possível criar uma infinidade de novos pratos, como o bobó de camarão, caldinho de camarão e de caranguejo, quebradinho de caranguejo ao creme, risoto de camarão, camarão na moranga, estrogonofe de camarão, moqueca de camarão, casquinha de caranguejo, dentre outros. Para o café da manhã, o registro da região já se apresenta cedinho, estampado num cardápio variado e colorido, com gostosuras como a macaxeira com carne do sol, o cuscuz com galinha cozida, inhame, charque, bolos, tapiocas, batata doce, sucos diversificados das frutas da estação e muito mais, tudo bem regional, tudo tipicamente sergipano. Embora a grande maioria dos restaurantes que trabalham com a comida da região sejam bem apreciados e contam com grandes números de turistas, como o Caçarola, o que nos chamou a atenção foi o fato de não possuírem nenhum vínculo com empresas de divulgação, e não terem também, nenhuum sistema de as-

sessoria que vise ampliar seu empreendimento de modo a aumentar a sua clientela, mas mesmo assim, eles se sobressaem com destaque no mercado. Veja o que diz seu Gonzaga, com anos de experiência no ramo. “A propaganda mais importante do mundo é o boca a boca.” Tanto para seu Gonzaga como para Meg Lavigne, dona do restaurante Caçarola, procurar um meio de divulgação nunca foi problema, para ela o que conta é o trabalho profissional. “Quando se trabalha com honestidade e seriedade, as coisas dão certo. Então é isso! Quem divulga o meu restaurante e os serviços aqui prestados, são os próprios clientes, que gostam e acabam indicando para outras pessoas, ou ainda, não sei, divulgam na internet. Quem sabe mais pra frente, com mais organização, eu pense sim, nesta possibilidade, o que pretendo no momento, é ir aprimorando o meu estabelecimento, juntamente com os serviços que ofereço. Estou trabalhando para isso,” diz Meg.

Anderson (de cabeça baixa) e seu amigo Anderson é paulista, tem 37 anos e estava em Sergipe por curiosidade de conhecer o estado. “Confesso que fiquei fascinado com tudo, a emoção aqui é bastante diferente e eu já vim de São Paulo com indicação do restaurante Caçarola. Uma amiga minha, que inclusive morou aqui 6 anos me disse, oh, vai lá no Caçarola que você vai gostar, é um lugar tão convidativo, a gente se sente em casa. Ela me disse isso e... ela estava certa! Amei conhecer o Caçarola, tanto que pretendo voltar mais vezes”, explica o turista. C


Roteiro Gastronômico

Junho - Setembro/ 2014 Na oporunidade, pedimos para Meg nos explicar bem rapidinho, os ingredientes que fazem do “camarão de cueca” o prato mais pedido do cardápio. “O Camarão de cueca é um camarão feito com leite de coco, azeite de dendê, coentro e cebolinha. Acompanhado com pirão de camarão, vinagrete, farofa e arroz branco. Na semana temos uma variedade no cardápio, porém, o camarão de cueca é o único prato que sai a semana toda, por ser muito solicitado”, conta Meg. Alem das Múltiplas opções de restaurantes que se encontra no mercado central de Aracaju, na Passarela do Caranguejo ou em outros locais da orla da cidade, também é possível encontrar mais umas dezenas de restaurantes, todos eles oferecem o que Sergipe tem de melhor na sua culinária. Nesses restaurantes são servidas as casquinhas de siri recheadas com a própria carne do crustáceo e os caldinhos de sururu, ostra e camarão, tudo isso, para quem gosta de muitas opções tanto de lugar como de paladar. Outra coisa interessante é que, todas essas maravilhas da culinária sergipana são vindas dos lares das cozinhas das donas de casas, é lá onde as receitas são aprimoradas e de tão boas, conquistaram espaços nos restaurantes e no paladar de quem vem de fora. São as donas de casa que se dedicam no manuseio diário dos mais diversos alimentos, criam novas receitas e enriquecem cada vez mais a gastronomia sergipana.

Diversidade gastronômica sem sair de Aracaju Além das belas paisagens, pratos da gastronomia mundial também são destaque na cidade

Igor Sá

Igordavidsa@gmail.com Muito frequentados pelos turistas que visitam a cidade, Aracaju oferece opções de restaurantes para todos os gostos. A variedade é grande, e surpreende os paladares nacionais e estrangeiros com diferentes especialidades da cozinha mundial. Do francês ao italiano, do mexicano ao japonês, desde o mais simples ao mais requintado, a pluralidade de sabores se torna mais um atrativo para os turistas que sonham em conhecer a cidade. Pratos diversificados e deliciosos podem ser degustados em endereços famosos da capital, como a Orla de Atalaia, o bairro 13 de julho, entre outros.

La tavola

A culinária sergipana é rica por temperos específicos que diversificam o sabor dos alimentos, entre eles, o uso do coentro em grande parte dos pratos culinários. Dentre as suas especialidades estão as comidas relacionadas às espécies litorâneas, fáceis de serem encontradas devido ao ativo movimento da atividade pesqueira. Foi o caju, que inspirou o nome da capital do estado, e ele aparece todo bonito no cardápio, em forma de sucos e geléias, embora o destaque, neste quesito, esteja com a mangaba, visto que Sergipe é o maior produtor da fruta. Bom, acredito que já deu pra ficar na vontade não é? Quem é de sergipe, deleita-se, quem não é, basta vir logo visitar e degustar as gostosuras sergipana, o que está esperando? Quem te espera são os sergipanos, orgulhosos das rquezas do seu estado, e de braços abertos pra mostrar o que Sergipe tem de melhor com relação a sua gastronomia. C

seus clientes pratos da cozinha italiana, famosa pelas saborosas massas de diferentes tipos. As duas casas dispõem de uma diversificada carta de vinhos. Ainda para os amantes da comida italiana, a dica é a Cantina Ferreiro, que tem um festival de massas a um preço mais acessível. “O festival nos surpreendeu. A cantina é super charmosa, aconchegante, o ambiente é ótimo. O atendimento foi eficiente e educado, além do que, as massas estavam deliciosas”, afirmou a turista carioca, Marcela França. A gastronomia japonesa também conquistou um grande espaço na capital sergipana. Para quem gosta desse tipo de culinária, o Sushi Mori é um dos locais mais indicados. A casa recebe muitos turistas e oferece uma verdadeira arte sobre pratos. Muito frequentado por famosos que passam pela cidade, o restaurante tem como carro chefe o combinado japonês, que é composto por sushis, sashimis, hots roll, niguiri e salmão skin. Se o japonês não for a preferência, a cozinha mexicana também tem seu lugar na gastronomia aracajuana. O Arriba é comandado por um mexicano que veio morar em Sergipe. Seu Luís capricha na hora de servir a autêntica culinária de seu país.Carol Monteiro éamante dessa culinária picante. “Sempre opto pelas quesadillas, acompanhadas de guacamole. Uma boa pedida também é a costela ao molho barbecue, o burrito e o chilli”, revela. Para a chef de cozinha Raiane Pereira, a comida que é agradável ao paladar sempre circula pelo mundo. “Hoje em Aracaju as pessoas podem saborear pratos de várias culturas. Pode ser o sushi japonês, as massas italianas, as tortillas mexicanas ou os quibes árabes. Tudo isso quase sempre feito por talentos da nossa cozinha local”, destaca.

Sushi mori

Para quem busca uma opção requintada, vale a pena conhecer o Armazém Bacco, que tem opções elaboradas da culinária clássica francesa em seu cardápio e uma grande variedade de vinhos, além de um ambiente muito bem decorado e uma suave música ambiente. Outra opção para os que pretendem gastar mais é o La Távola ou o Cantina D’Itália, que oferecem aos

Segundo Raiane, a gastronomia internacional pode sofrer adaptações para agradar o paladar regional. Um exemplo disso é o petit gateaude doce de leite com sorvete de tapioca. A chef diz que pensa em coisas inovadoras para atrair clientes, mas também porque tem “paixão” pelo o que faz. “Isso me motiva muito para estar sempre inovando, buscando desafios”, diz. Como se vê, sem sair de Aracaju, é possível experimentar os sabores que são sucesso no mundo todo. Essa mistura resulta em boas opções para os paladares mais distintos, atraindo cada vez mais turistas para a cidade.

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Roteiro Gastronômico

Contexto

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Mangaba: Fruto da terra, símbolo de Sergipe Luzia Nunes

luzianunesb@gmail.com

Abundante no solo sergipano, a mangaba está incluida na Constituição como a fruta que simboliza o estado

S

e você pensa que o caju é a fruta representa Sergipe, está enganado. A mangaba é, por lei, símbolo sergipano, como estabelece o Decreto Lei 12.723 de 20 de janeiro de 1992, com base na concentração, significado econômico e cultural da mangabeira. A mangaba, de nome cientifico Hancornia speciosa, “Coisa de comer” em Tupi-Guarani, é reconhecida como fruto característico da cultura sergipana, da qual o estado é o maior produtor do país, 51,6%, metade da produção, como informa o Relatório de Conjuntura Mensal de junho de 2014 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a partir de dados de 2011 fornecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), onde consta que são extraídas 722 mil toneladas da fruta por ano. Há uma vasta gama de pratos em que a mangaba é o principal ingrediente: doces, licor, suco, picolé, sorvete, trufas, tortas, bombons, e balas. É contestante que programas de TV sobre culinária ou com temática agrícola dediquem espaço a apresentação de receitas nas quais essa fruta é o ingrediente principal, como mousse, compotas e bolos, que enriquecem ainda mais as opções para seus apreciadores. A presença do látex contribui como um dos elementos mais fortes da mangaba, ele proporciona o toque final da degustação do suco da fruta, através de um sutil grude nos lábios. Essa característica é responsável por levar algumas pessoas a definir rapidamente a mangaba como “a fruta que gruda”. Esse mesmo elemento foi objeto de pesquisa da UFMG em 2010 a respeito de seus efeitos medicinais no combate a hipertensão. Uma rápida busca na internet oferece considerável número de resultados sobre as qualidades curativas da mangaba sendo empregada em diversos tratamentos caseiros, o que traz um novo olhar sobre o uso dessa fruta, que não se restringe ao alimentício. A comercialização da mangaba se dar, principalmente, nas férias livres, em pontos das rodovias do estado, no Mercado Central e nas

Fotos: www.catadorasdemangaba.com.br

ruas da cidade e o preço pago ao extrativista é de, em média, R$ 2,55, de acordo com a Conab (2014). Esses produtos se encontram disponíveis na Unidade de Recepção e Distribuição dos Produtos das Catadoras de Mangaba em Aracaju, na Rua Moacyr Lopez Poconé, 350, Conj. Dos Motoristas, Bairro Luzia. Outro elemento da mangaba que recebe muita atenção é o leite (látex), retirado quando a fruta ainda está verde, é usado na elaboração de produtos cosméticos e medicinais.

Subsistência e Cultura O cultivo e a extração da mangaba em Sergipe estão atrelados ao universo de mulheres dos municípios de Indiaroba, Barra dos Coqueiros, Estância, Japaratuba, Japoatã e Pirambu, conhecidas como Catadoras de Mangaba. Esse trabalho é responsável por gerar renda de várias famílias, através do Projeto “Catadoras de

Mangaba Gerando Renda e Tecendo a Vida em Sergipe”, criado em 2011 pela Associação Catadoras de Mangaba e Indiaroba (ASCAMAI), com patrocínio da Petrobrás, em parceria com a Universidade Federal de Sergipe e apoio do Movimento Catadoras de Mangaba. Seu objetivo é fortalecer e sustentar as comunidades extrativistas da mangaba, a implantação de noções de cooperativismo, agroecologia, associativismo e tecnologia social. Na primeira etapa, focou o cadastramento de 765 catadoras. Sua linha de ação traz como proposta a geração de renda e trabalho, tratando, ainda, de temas como gênero, igualdade racial e comunidades tradicionais, este último materializado pelo CD “Consolidação da Cultura Tradicional”. Atualmente, o projeto está na segunda fase, enquadrada no período de 2013 a 2015. Nesta, o destaque é o registro da Cooperativa de Comercialização das Catadoras da Mangaba do Estado de Sergipe e a criação da Identificação Geográfica para os produtos da mangaba com foco na

cultura da mangaba nacional e internacional, como é exposto no site http://www.catadorasdemangaba.com.br/, lançado em 2011 para fornecer informações o universo das catadoras de mangaba ao público. O cenário não somente favorável para a cultura da mangaba, como afirma o Movimento Catador de Mangada (MCM), criado em 2007, para lutar contra a perda de espaço para a plantação de cana de açúcar e a atividade turística por meio de da instalação de hotéis e a conseqüente especulação imobiliária nas áreas de plantio da mangabeira, ideia defendida também pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no mapa divulgado em 2010 sobre o extrativismo da mangaba em Sergipe. O texto que acompanha o relatório recebeu atenção do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) que o publicou em seu site. Outro problema que atualmente interfere, de forma significativa, na disponibilidade da mangaba para o comércio é a queda na safra por conta da pouca chuva, desde o ano de 2013, o que fica evidente pela falta da fruta no Mercado Municipal de Aracaju, um dos principais pontos de venda, que segundo os comerciantes não há onde comprar devido à safra ruim. C

Saiba mais: Hiperlink-Relatório 2014-Conab

Mensal

de

junho

de

http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/ arquivos/14_07_03_17_03_04_mangabafrutojunho2014.pdf http://www.catadorasdemangaba.com.br/ http://www.pnud.org.br/Noticia. aspx?id=2276


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ARTE COM AS MÃOS Samara Pedral dos Santos email@provedor

O ARTESÃO E SUA ARTE Fotos: Samara Pedral dos Santos

sozinha. “Foi Deus que me ensinou a bordar, nunca aprendi com ninguém fui aprendendo aos poucos.” A costureira simpática e de sorriso fácil comercializa suas rendas há mais de 24 anos na Praça Teófilo Dantas, onde está localizada a Catedral. Porém, dona Valdirene não consegue sobreviver só do artesanato, tem que complementar com outras atividades. De segunda a sábado, das oito da manhã às quatro da tarde. Assim é a rotina de dona Valda Bispo, artesã que comercializa acessórios como brincos, colares e bolsas de palha, semente, pedras, couro e pena na Praça da Catedral. O preço das peças varia de R$0,50 a R$40,00. Ela diz que produz esse tipo de artesanato há mais de 30 anos e, ao contrário de dona Valdirene, sobrevive integralmente da atividade.

Berço de diversas manifestações de arte popular Sergipe tem como traço marcante da sua cultura o artesanato produzido por pessoas simples que, muitas vezes, utilizam-se de formas arcaicas para criar belíssimas peças que retratam um pouquinho da cultura do estado. Os turistas podem encontrar as expressões do artesanato sergipano em diversos pontos de comercialização, seja na região central, em espaços como o Mercado Central e a Praça da Catedral ou na Orla de Atalaia. Além desses locais que já são tradicionais, podemos encontrar o artesanato em muitos outros lugares como no Centro de Arte e Cultura J.Inácio, Centro de Cultura e Arte de Sergipe, Feira livre de Artesanato da Orla, ambos situado na Orla de Atalaia, e o Centro de Turismo e Comercialização Artesanal no centro da cidade. Podemos ainda encontrar o artesanato nas diversas feiras organizadas pela iniciativa privada ou em espaços organizados pela rede pública. Ao darmos uma volta em locais que comercializam artesanato, nos deparamos com diversas obras de arte de diferentes tipos e formas. Peças que vão desde o barro, couro, sementes, fios e fibras, materiais esses que são utilizados

para dar forma a belas peças, como bordados e rendas, esculturas em barro e madeira, bolsas em fibras, colares, brincos e pulseiras de sementes. Além de diversas outras peças, como chinelos, chapéus, brinquedos, decoração para casa que vai desde o imã de geladeira ao porta guardanapo. Do ponto de cruz ao rendende, dona Valdirene Santos faz bordados de diversos tipos e formas e nos relata que aprendeu a bordar

Já a artesã Alesandra Oliveira diz que todas as peças que faz são criações dela e, quando vê pessoas utilizando as coisas que ela fez, se sente orgulhosa e gratificada. Artesã há mais de dez anos, relata que começou vendendo peças de outros artesãos e depois foi aprendendo. Hoje, tudo o que comercializa é produzido pelas suas mãos, peças que variam desde tecido até a madeira e a cerâmica.

Sergipe ele deve dirigir-se à Gerencia Geral das Atividades de Artesanato do NAT. “O artesão passa por avaliação de profissionais e, sendo aprovado, terá a emissão da carteira que deve ser renovada de dois em dois ano”, explica. O Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e pequenas Empresas (SEBRAE), trabalha junto aos artesãos sergipanos em etapas como a produção, gestão e divulgação de produtos de grupos atendidos. O Sebrae ainda promove participação em feiras, consultorias gerenciais e capacitação por meio de gestão empresarial. Anualmente, a instituição organiza a Feira de Sergipe durante o mês de janeiro. O evento marca o calendário cultural do Estado e potencializa suas ações em virtude do grande fluxo de turistas em visita à Aracaju. A feira agrega artesãos de vários municípios sergipanos e tem como principal objetivo ajudar no desenvolvimento artesanal, cultural e turístico do Estado de Sergipe, buscando criar oportunidades de divulgação e geração de novos negócios. C

Na relação com os turistas as opiniões das artesãs são divergentes: dona Valdirene diz que os turistas acham os preços dos artesanatos bons e que os sergipanos dizem que são caros, já dona Valda Bispo relata que tantos os sergipanos quantos os turistas reclamam dos preços e sempre estão querendo “pechinchar”. Em visita pela terceira vez ao Estado, o turista Anderson Chagas, que é da cidade de Presidente Prudente, em São Paulo, se diz encantado com o artesanato sergipano. “É diferente de tudo e bem característico, toda vez que venho levo alguma coisa”, diz ele. Maria Elizabeth Leite, que é esposa do Anderson e que estava visitando Sergipe pela primeira vez, se diz encantada com o que viu: “Nossa! Achei lindo e diferente!”, afirma. Hélio Fernandes, também de São Paulo, elogia o estado de Sergipe pela sua beleza e a hospitalidade do seu povo: “O artesanato é surpreendente e se percebe um diferencial, tem uma variedade muito grande”, diz o turista. A ARTE E O APERFEIÇOAMENTO

Na busca pelo aperfeiçoamento de novas técnicas e por uma maior divulgação do artesanato em Sergipe, algumas instituições no estado ministram cursos, palestras e organizam eventos com o intuito de promover os artesãos e o artesanato do estado. Desde 1995, a profissão de artesão foi regulamentada. De acordo com Nelma Melo, Técnica em Artesanato do Núcleo de Apoio ao Trabalhador (NAT), para que o artesão possa emitir a carteira de regularização em

Saiba mais: http://portal.mj.gov.br/sedh/pndh3/pndh3.pdf http://oexpressobandeirante.com/?p=1342 http://www.proconferencia.com.br http://www.fndc.org.br


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Contexto

A sensibilidade artística de José Fernandes A regionalidade e o universo feminino destacam o pintor aos olhos de Sergipe e do mundo Vanessa Monteiro vanessa.jornalista@hotmail.com

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expressão das artes plásticas em Sergipe têm crescido substancialmente, tanto em qualidade, como em diversidade, apesar dos poucos espaços destinados à exposição dessa modalidade artística na capital sergipana. A riqueza artística do Estado possui grandes nomes que influenciaram diversas gerações, entre eles o grande pintor Horácio Pinto da Hora, Jordão de Oliveira, J. Ignácio, Florival Santos, Álvaro Santos, Jenner Augusto e tantos outros que enriquecem o mundo da arte, agregam valores, elevam Sergipe e atraem turistas de diversas regiões que ficam encantados com a tradição artística local. Dentro deste universo de desenvolvimento artístico em Sergipe, nascia em 19 de outubro de 1959, no município de Lagarto, José Fernandes Alves dos Santos, fruto do casamento de José Alves do Santos e Maria do Carmo de Almeida. Ficou órfão de pai ainda criança, mas após o segundo casamento de sua mãe com Altamiro Carvalho ganhou um segundo pai. Altamiro foi eleito “Rei Momo de Aracaju por muitos anos”, era uma pessoa humilde e ao lado de Maria do Carmo transmitiu para o filho diversos valores. No ano de 1961, mudou-se com a mãe para Aracaju e desde menino, morando na Rua Lagarto, sempre mostrou o interesse por desenhos. Sua trajetória nas artes plásticas surgiu em meados de 1969, quando descobriu a pedra calcária e começou a desenhar pelas calçadas e depois de algum tempo deu início aos trabalhos em tela. No ano de 1972, estava produzindo em tela e assinando as primeiras obras. Na adolescência, trabalhou na Agência Nacional, depois conhecida como Empresa Brasileira de Notícias (EBN). Gostava de jogar bola com os amigos, mas sempre visitava a Galeria Álvaro Santos, em Aracaju. Já 1976, com apenas 17 anos, expôs pela primeira vez seus trabalhos assinados nesta galeria. Nos anos seguintes, em 1977 e 1978 realizou exposições coletivas na Aliança Francesa em Aracaju e na “Amostragem Sergipe”, na cidade

Foto: Vanessa Monteiro

José Fernandes exibe com orgulho alguns de seus trabalhos

baiana de Salvador. Ainda em 1978, foi premiado com a medalha de prata por uma exposição feita no Salão Atalaia, em Aracaju. Também recebeu o Prêmio Norcon, pela participação no Salão de Artes Plásticas do VII Festival de Arte de São Cristóvão/SE. Neste mesmo ano, foi integrante da equipe de restauração do Museu de Arte Sacra, através da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e da Empresa Sergipana de Turismo (EMSETUR). Em 1979, após ter sua primeira exposição individual realizada na Galeria Álvaro Santos, José Fernandes apresentou suas telas na exposição coletiva na Galeria Funarte, no Rio de Janeiro. E na década de 80, participou em Brasília da coletiva Artistas da América do Sul, e do evento 70 Salão da Fundação Cultural do Distrito Federal, onde foi agraciado com XX Prêmio de Aquisição na categoria pintura a óleo. Além de fundar o Arte Belle, na capital do Distrito Federal, e realizar diversas exposições em Sergipe e na Bahia. Nos anos 90, os trabalhos de José Fernandes foram exibidos na Dodge House Gallery, em Rhode Island, nos Estados Unidos. A arte de José Fernandes estava sendo apresentada para o mundo e atraindo olhares de diversas pessoas

para Sergipe. Após uma exposição feita na Galena Tina Zapolli, em Porto Alegre, onde teve a participação de 22 artistas do Brasil, Argentina e Uruguai, o jornal Zero Hora fez uma ressalva sobre o evento “A brasilidade, o lado onírico na pintura, aparece no trabalho do sergipano José Fernandes”. Nos últimos anos o artista plástico participou de diversas exposições, idealizou alguns projetos como o “Aracaju de Tótótó”, lançou um álbum de xilogravuras, fundou a Associação dos Artistas de Sergipe (Artes Plásticas), participou do Projeto Caju na Rua, teve quatro obras reproduzidas em latinhas que foram distribuídas como brindes em uma promoção de um shopping da Capital, entre outros trabalhos. C

O reconhecimento A obra de José Fernandes possui uma rica identidade cultural e apresenta diversos signos da cultura sergipana. Nos traços sempre marcantes, é frequente a presença da silhueta feminina, da figura da mulher e da pomba, representando a liberdade, o bode, o galo, o peixe, entre outros elementos que compõem a cultura local, retratam as mais diversas imagens do cotidiano e dão um significado a mais, visto que a obra não se esgota em si mesma, pois agrega diversos sentidos e valores em quem a admira. José Fernandes que realizou diversas exposições pelo Brasil, e até nos Estados Unidos, diz gostar de trabalhar no Estado onde nasceu. “Meu trabalho possui traços nordestinos, são bem trabalhados, com expressividade, é bem elaborado para não ser piegas, como uma música eu posso dizer que meu trabalho é cadenciado. Eu tenho trabalhos nos Estados Unidos, na Alemanha, no Japão. Os quadros ganharam o mundo, mas eu gosto de trabalhar em Sergipe, pois aqui eu tenho tranquilidade e meus amigos”, conta. No entanto, José Fernandes ressalta que não faz mais exposições. “Hoje eu não exponho meu trabalho em um lugar fixo, como galerias, também não tenho mais paciência para exposições, atualmente eu coloco meu trabalho na fanpage do Facebook e as pessoas que têm interesse normalmente entram em contato ou vem até o meu atelier”, esclareceu. Durante a entrevista o artista plástico ainda aproveitou para agradecer o público que admira suas obras e disse que os preços tiveram um aumento considerável. “As pessoas valorizam muito meu trabalho, eu vendo bastante para turistas do Rio, São Paulo, para turistas de diversas partes do mundo, mas em Sergipe é o maior celeiro de colecionadores. Ocorreu mais um leilão e meu preço triplicou, chegou a mais de 300%. Não existe um período de maior venda, depende muito do momento, às vezes vendemos mais no final do ano, outras vezes no início. Hoje, uma obra minha pode ser adquirida entre R$1.200 a R$4.000. Eu agradeço e tenho muito carinho pelo meu público, pela admiração que eles têm pelo meu trabalho”, ressaltou José Fernandes. O turista consegue enxergar nas obras de José Fernandes uma expressão cultural que representa diversos pontos da cultura de Sergipe, e isso atrai um público para o Estado que vem encontrar essas belezas. É o caso da baiana Vania Lima, que residia na cidade Senhor do Bonfim e ficou admirada com as telas do pintor. “Eu conheci a obra de José Fernandes através da minha filha que é arquiteta. Ela me presenteou com uma latinha que adquiriu em uma campanha que aconteceu no Shopping Jardins, e fiquei bastante impressionada com a arte e perguntei mais infor-


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FORRÓ: DOM DO ARTISTA SERGIPANO Antônia Amorosa *É cantora, compositora, membro da Academia Itabaianense de Letras, Jornalista e Diretora de Arte e Cultura da Funcaju.

Foto: Acervo pessoal da artista

Foto do arquivo pessoal do artista plástico (Extraida da Fanpage JoseFernandes)

mações sobre o artista. Hoje moro em Aracaju, e há um ano minha filha disse que viu os quadros em uma casa de molduras, então eu fui e adquiri duas obras dele. Minha leitura das obras de José Fernandes é que os quadros com a pombas representam a paz”, explicou Vânia. Vânia ainda relata que tem grande admiração pelos artistas plásticos sergipanos, mas diz que nem todos os artistas são valorizados. “Eu tenho em minha casa algumas telas de grandes artistas plásticos sergipanos, adquiri duas do José Fernandes, tenho mais três do Pedro Silva, uma datada de 1989, e também a última aquisição que foi uma tela do João Bosco. Muitos turistas admiram os trabalhos dos artistas sergipanos, mas na minha concepção nem todos os artistas são valorizados, como é o caso dos músicos, e alguns escritores. No caso da música, alguns artistas dão sorte de fazer sucesso no lugar de origem, mas normalmente fazem sucesso fora da cidade onde

Obras reproduzidas em calendário e outros brindes

vivem”, acrescentou. De acordo com um trecho extraído da fanpage de José Fernandes, o colecionador de artes Mário Brito descreve a obra do artista dessa forma: “A iconografia de José Fernandes, formada por quadros, murais e painéis, conjuga o real com onírico. Possuidor de estilo próprio, não segue escolas ou regras estéticas. Sua arte dispensa assinatura, pois o seu traço marcante e a sua inconfundível pincelada o denunciam ao primeiro olhar do observador. Sua obra figurativa é fulcrada em temas regionais e norteada por corpos e rostos femininos; feiras e mercados; pescadores e outros personagens do cotidiano; cavalos, peixes, galos e, sobretudo, pombas, uma de suas marcas e que o deixou conhecido como o artista das pombas. Para ele, a ave é “o símbolo universal da paz, do amor, da harmonia e da fraternidade”. C

A

influência mundial de diversas culturas, sobre outras, será sempre um fator natural dentro da dinâmica das convivências e acessos. No entanto, algumas regiões ainda mantêm tradições de décadas, e até seculares; uns pela consciência em valorizar sua própria história, e outros pela opção em defender uma linguagem que se identifica. O tradicional forró, aquele que tem sua base no xote, baião, xaxado e marcha - ritmos que se consolidaram no nordeste brasileiro, especialmente a partir das décadas de 40\50, com a musicalidade de artistas como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, Humberto Teixeira, João Silva, Zé Dantas e tantos outros, exerceu poderosa influência na vida de milhares de músicos nordestinos e, em Sergipe, não foi diferente. De Josa a Clemilda, Erivaldo de Carira aos seus filhos, Mestrinho, Erivaldinho e Thais, Luiz Paulo, Edgar do Acordeon, Cobra Verde, Antônio Carlos Du Aracaju, Joseane dy Josa, Virgínia Fontes, sem contar as centenas de trios Pés de Serra, dezenas de artistas solos que se renderam ao forró, bandas que nascem a cada ano, configura Sergipe entre os Estados mais prósperos neste segmento. De uma casa tradicional como a Casa de Forró Cariri aos eventos públicos ou particulares que acontecem no decorrer do ano, em todo o Estado, Sergipe escreve na sua história musical, uma forte identidade com o forró que se perpetua de geração em geração, influenciando jovens que organizam grupos voltados para o estilo que amplia ramificações cada vez mais democráticas, apesar da sua essência continuar sendo os ritmos acima citados. E, neste cenário, Sergipe possui um produto cultural altamente valorizado que propaga o nome do Estado pelo Brasil e até internacionalmente. Artistas sergipanos a exemplo de Cobra Verde, Luiz Paulo, Amorosa, Nino Karvan, citando estes, já levaram o forró dos sergipanos para estrangeiros, o que é uma demonstração que o estilo é aceitável em qualquer lugar do mundo. Apesar do estilo forró, ter seu ponto alto durante o mês de junho, ele dá retorno em qualquer época do ano. O que falta para Sergipe ampliar este produto que é identificado por seu povo e seus artistas é unicamente um projeto permanente de governos comprometidos com o fortalecimento do turismo, agregado à cultura do seu povo, no sentido de conceder, cada vez mais, novos espaços para sua promoção. Durante 30 anos de música sergipana, muitos artistas locais já divulgaram o nosso forró, como se costuma dizer no meio musical, “na pegada” do povo sergipano através dos seus músicos, para diversos estados brasileiros, além dos 75 municípios sergipanos. E a força desse estilo é tão forte em nosso meio, tanto no aspecto quantitativo, quanto na qualidade da obra, que é impossível tratar da pauta “música sergipana”, sem destacar centenas de trios, bandas, artistas e compositores sergipanos que contribuem para que ele continue sendo da gente, do nosso povo. Como cantava o estanciano Rogério, sendo para nós, “O País do Forró!”. C


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Sergipe em versos e sons Conheça expressões artísticas que o turista tem acesso de forma espontânea Francielle Couto Santos francielle.couto@contexto.br

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Dos mestres da nossa arte Outro importante atrativo turístico da região é a comercialização da literatura de cordel. Considerado como uma respeitável fonte de memória popular, o gênero literário escrito na forma rimada e exposto em barbantes é conhecido pela descrição poética dos fatos da vida cotidiana.

equeno no tamanho, mas rico em expressões culturais. Assim é Sergipe, um estado que destaca-se pela amplitude na arte e no turismo. Seja no forró, no repente ou no cordel, suas histórias são narradas o ano inteiro e difundidas por populares que oferecem ao turista atrativos diferenciados e bem peculiares. Quem experimentá-los certamente guardará boas lembranças dos encantos da terra e do povo sergipano.

Com temas amplamente variados, os folhetos ilustrados com o processo de xilogravura retratam o cangaço, a política, o sertão, a seca, fatos sobrenaturais e históricos, e até a biografia de personalidades ilustres. Em outras palavras, os cordéis são obras de arte peculiares, caracterizados pela produção em papel simples, pelo tom humorístico e pelo baixo preço. Em Sergipe, o turista pode encontrar bancas de cordéis espalhado por vários lugares. Geralmente a comercialização é feita pelos próprios autores, seja nas feiras do interior do estado, em pequenas lojas no centro da capital, na Orla de Atalaia, ou até no Mercado Municipal de Aracaju. Quem passar por essas bancas ouvirão falar de Manoel D’Almeida Filho, Ronaldo Dória Dantas, José Pacheco, Manoel Serafim, Zezé de Boquim, João Firmino Cabral, Zé Antônio dos Santos, dentre outros importantes influenciadores da literatura de cordel no estado. C

O baião, o pé de serra e a asa branca Os quatro cantos do estado são embalados pelo ritmo junino independente da época. O que não falta em Sergipe é festa e muita animação para celebrar! Na Orla de Atalaia, em Aracaju, se encontram os principais arraiás da cidade; e na praça central do Mercado Municipal é possível assistir a shows de grandes artistas sergipanos durante todo o ano. Mas é no São João que o forró se torna o ritmo do momento, já que os santos juninos fazem de junho o mês mais festejado entre os sergipanos. Nele há eventos típicos genuinamente tradicionais, como é o caso do espetáculo do barco de fogo, em Estância, das guerras de espadas em Areia Branca, e da festa do mastro em Capela. Outra festa bastante popular é o Forro Siri, nome dado ao São Pedro do município de Nossa Senhora do Socorro. Já na capital sergipana, é o Forró Caju o festejo mais aguardado. O evento conta com palcos principais e alternativos que oferecem aos turistas grandes apresentações nacionais e de grupos populares durante boa parte do mês. É um verdadeiro show de forró, xote, xaxado e baião para todos os ritmos, destinado a todas as gerações. E aos que procuram um forró de clássico acompanhado de danças e muita comida típica, o Arraiá do Povo é uma excelente opção.

Um show de poesia Variados assuntos, versos improvisados e apresentações em espaços populares. Juntando tudo isso nós temos o repente, um canto genuinamente nordestino que embala dia e noite os pontos turísticos da capital sergipana, e demais municípios do estado. E são as feiras e praças a inspiração e o palco dos repentistas e trovadores. É lá que suas rimas e poesias são interpretas na forma cantada e ao som da

‘‘Lá também tem violeiros Cantando lindo repente Falando a nossa turista Aquilo que o peito sente Fazendo versos na hora Sem rodeios, sem demora Encantando a tanta gente’’ (João Firmino Cabral)

João Firmino Cabral: poeta e folheteiro, cordelista verdadeiro Por 50 anos, João Firmino Cabral viveu da Literatura de Cordel. Sua vocação poética refletiu em cerca de 450 relatos descritos em folhetos, todos produzidos ao longo de sua carreira. Dentre eles destacam-se ‘’Lampião: herói ou bandido?’’, ‘’Zé Peixe, o amigo do mar’’, ‘’Luiz Gonzada, o rei do baião’’, ‘’Antônio Conselheiro: o revolucionário de canudo’’, ‘’O que vi e o que tem no mercado’’. Considerado um dos maiores cordelistas e patrono da literatura de Sergipe, Seu Firmino, como também era conhecido, não só comercializava seus livretos de cordel como também incentivava a produção de outros cordelistas locais. A prova disso está na única banca fixa de folhetos cordelianos do estado, cuja comercialização ficou por conta de Joelson Santana Cabral, filho do poeta. ‘’A literatura sergipana e seus autores, incluindo o meu pai, ainda são pouco conhecidos pelas pessoas de fora’’, explica Joelson. ‘’Por isso a importância de continuar este trabalho, devido a sua tradição cultural’’, aponta o comerciante. A banca encontra-se localizada na passarela das flores do Mercado Municipal Antônio Franco. Era lá onde Firmino recebia com frequência o carinho de poetas sergipanos e de outras regiões, além de estudantes, professores, pesquisadores e turistas do Brasil e do mundo.

Firmino faleceu em 1 de fevereiro de 2013, aos 73 anos, em decor-

Ilustração: Francielle Couto Santo | Fonte: Google imagens

Ainda é possível encontrar no estado o famoso concurso de quadrilhas, que reúne anualmente seus municípios em uma competição pra lá de criativa. A cada ano os grupos recebem uma nova roupagem à tradição já conhecida, com muita música da terra, cor e animação, fazendo de Sergipe um verdadeiro estado de alegria.


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