Iniciativa bem-sucedida revela celeiro de talentos do mercado segurador
Regulamentação do Microsseguro, além de favorecer as classes C e D, beneficia também os pequenos empresários. Mercado agora se prepara para enfrentar o desafio de tornar esse tipo de proteção uma realidade no País
órgão de divulgação do mercado segurador ano 88 nº879 outubro/ novembro/ dezembro de 2011
5 Entrevista
O professor Silvio Meira fala da necessidade de as empresas investirem na inovação de produtos e procedimentos para se manterem sustentáveis e competitivas
8 Capa
Prêmio Inovação em Seguros reconhece iniciativas das empresas para a melhoria da relação com o consumidor e a evolução do mercado
12 Microsseguros
Os milhões de brasileiros que ascenderam socialmente e ingressaram no mercado de consumo buscam agora a proteção dos seguros
20 ‘Estou Seguro’
Segunda fase do projeto, fruto de uma parceria entre a CNseg e o IETS, é lançada na comunidade Santa Marta, em Botafogo
26 Rio+20
Conferência da ONU vai avaliar o progresso dos compromissos assumidos na Rio-92 e buscar caminhos para um novo modelo de desenvolvimento sustentável
30 Desempenho do Setor
Consolidados até novembro, os números de 2011 apontam para um crescimento de 17%, o que resultará num faturamento de R$ 218,6 bilhões
34 Insurance Meeting
Área de TI tem como desafio desenvolver processos e procedimentos que atendam às diferentes gerações e classes sociais
38
42 Linhas Financeiras
Investimento no mercado de capitais, aumento de fusões e volume de licitações em curso impulsionam a contratação de seguros
E Mais... 4 – Editorial; 18 – Regulamentação/Microsseguros; 25 – Artigo Jurídico; 33 – Associação de Genebra; 36 – Congresso dos Corretores; 44 – Escola Nacional de Seguros; 45 – Biblioteca e 46 – Opinião
CONVIDADOS
Luiz Tavares Pereira Filho e Renato Campos Martins Filho
CONSELHO FISCAL
Efetivos
CONSELHEIROS NOTÁVEIS
Alberto Oswaldo Continentino de Araújo Eduardo Baptista Vianna, João Elisio Ferraz de Campos e José Américo Peón de Sá CONSELHEIROS – SINDICATOS
CONSELHO EDITORIAL
Ângela Cunha, Luiz Peregrino Fernandes Vieira da Cunha, José Cechin, José Ismar
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Revista de Seguros – 3
Sumário
Um ano de muitas conquistas e inovações
Este foi mais um ano de grande movimentação no mercado segurador. Não apenas pelo crescimento na casa de dois dígitos, que confirma a pujança do setor, e pelos fóruns de debates realizados sobre os mais diversos temas, mas, principalmente, em razão de duas importantes conquistas: o Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga Inovação em Seguros, e a regulamentação do Microsseguro.
A ideia de revelar, homenagear e estimular os inovadores do setor ganhou vida em tempo recorde. Em apenas quatro meses, o prêmio mobilizou profissionais do mercado, foi notícia em diversos veículos da mídia especializada e da grande imprensa e contou com um corpo de jurados de altíssimo nível. Um deles, inclusive, o professor Silvio Meira, especialista em inovação, é o entrevistado desta edição. Mas vale destacar que o prêmio, em tão pouco tempo, conquistou a confiança de todos.
Nada mais apropriado e justo do que fazer a entrega da premiação no tradicional encontro de final de ano do mercado. A reportagem de capa traz a cobertura completa desse grande momento, revelando os talentos que fizeram a diferença. E também uma análise sobre o desempenho de 2011 e as perspectivas para 2012 dos segmentos de Seguros, Previdência e Capitalização. Assunto que ganha espaço em outra matéria, que traz informações complementares.
O Microsseguro foi um dos principais temas do ano que se finda, com várias ações promovidas pelas entidades e empresas do setor. Entre elas, a 7ª Conferência Internacional de Microsseguro e o lançamento da segunda fase do Projeto ‘Estou Seguro’, desenvolvido no Morro Santa Marta, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ambas são retratadas nesta edição.
Mas o momento mais aguardado pelo mercado veio quase ao apagar das luzes, com a regulamentação do Microsseguro que, por sua função social, é entendido como um divisor de águas. Além de proteger vidas e as conquistas das classes de menor renda, tirando milhares de famílias da pobreza, funciona também como mecanismo de educação financeira. Definidas as linhas gerais – e em breve as regras complementares a serem editadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) –, as matérias sobre o assunto aqui publicadas mostram que o ano de 2012 será de muitos desafios.
A edição atualiza o leitor também sobre os vários fóruns de debates realizados no último trimestre e traz informações importantes sobre o assunto que tomará conta do cenário brasileiro, a Conferência da ONU Rio+20.
Boa leitura e um ótimo 2012!
ÂNGELA CUNHA Editora
‘ESTOU SEGURO’, SEGUNDA FASE
Uma ação da segunda fase do projeto ‘Estou Seguro’ mudou a rotina da comunidade Santa Marta, em Botafogo, na manhã do último dia 17. Divididos em cinco equipes, voluntários e moradores participaram de um mutirão de limpeza que resultou na coleta de mais de seis toneladas de detritos. A iniciativa, que contou com o apoio técnico de oito garis da Comlurb, é a primeira de uma série prevista para 2012. Enquanto os adultos limpavam becos e vielas, cerca de cem crianças participaram de uma Oficina de Material Reciclável, conduzida por quatro instrutores do Núcleo de Justiça Comunitária, que ensinaram a fazer brinquedos com sucata e a separar o lixo.
Revista de Seguros – 4 Editorial
MARCELO BRAvO
Entrevista
Silvio Meira
A inovação exige investimento em tempo e dinheiro
Admirador do pensamento de Peter Drucker, um dos mais influentes estudiosos de gestão do século XX, o professor Silvio Meira é enfático quando aponta a principal necessidade das empresas brasileiras para garantir sua sustentabilidade no mercado: inovação. Na sua opinião, não haverá saída para as companhias nacionais na competição com seus pares estrangeiros a não ser reinventar seus produtos e procedimentos. Mas ele faz uma ressalva: não será uma tarefa fácil, pois todo processo de mudança é doloroso e requer muito trabalho.
Por SUZANA LISKAUSKAS
Considerado um dos pesquisadores mais influentes no Brasil e no mundo, quando o assunto é Ciência da Computação e Inovação, o professor Silvio Meira, engenheiro formado pelo Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), não para. Responsável por grandes projetos, como o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (www.cesar.org.br) e Porto Digital (www.portodigital.org) – o parque tecnológico de software e indústrias criativas no centro antigo do Recife – e ainda criador do programa de Doutorado em Ciência da Computação na Universidade de Pernambuco (UFPE), Meira é uma referência quando o assunto é inovação. E não é só no meio acadêmico que sua estrela brilha. O professor acaba de ser escolhido um dos protagonistas da nova campanha publicitária do whisky Johnnie Walker no Brasil. Mas engana-se quem espera respostas rebuscadas e raciocínios inalcançáveis em um colóquio com Meira.
Com a simplicidade de quem enxerga a evolução da sociedade muito além de bits e bytes, Meira diz que a inovação tem uma forte presença na periferia das economias e dos negócios, e num tipo de atendimento que leva
ao encantamento. E ainda é taxativo ao afirmar que ninguém inova porque é louvável, mas sim por necessidade. “A inovação está diretamente ligada à criação de um diferencial de sustentabilidade”, diz. A frase tem seu efeito, mas faz todo sentido para a realidade brasileira.
Revista de Seguros – 5
Ex CLUSI v A BRF ERNANDA A CIOL y
Entrevista
Revista de Seguros: Como o senhor analisa o processo de inovação no cenário econômico nacional?
Silvio Meira – Em um país que ganhou destaque no cenário econômico mundial nos últimos dez anos, a maioria das empresas ainda não compete em mercados abertos. Além disso, grande parte das companhias no Brasil atua na área de commodities, e a maior parte do valor gerado não retorna para elas. Soma-se a tudo isso o fato de as empresas nacionais sofrerem uma grande pressão burocrática e produzirem para pagar o custo dos impostos. Assim, não sobra muito tempo para gerar valor a ser investido em inovação ou sequer pensar em inovação.
Isso significa que o Brasil ainda tem muito a caminhar em termos de inovação?
Tenho uma visão muito realista do cenário econômico e acho que estamos vivendo no Brasil um momento semelhante à situação exposta pelo físico Fritjof Capra em seu livro “Ponto de mutação”. É uma situação limítrofe. As empresas brasileiras vão precisar inovar para garantir sua sustentabilidade no mercado. Não haverá saída. Há muitos mercados no Brasil, como o da aviação comercial, em que as empresas estrangeiras chegam com experiências e práticas criadas para atrair o consumidor. Isso não deixa saída para as empresas nacionais, que vão precisar reinventar seus produtos e procedimentos.
Como o senhor definiria inovação?
Este ano fiz muitas palestras em federações do Comércio e da Indústria de diversos estados brasileiros, além de instituições como o Sebrae. Em todos esses eventos, sou categórico ao afirmar que a inovação não é um fim, mas um meio para garantir a sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo. Minha visão de inovação está em linha com o pensamento de Peter Drucker, um dos mais influentes estudiosos de gestão do século xx . O primeiro passo é mudar um comportamento, sempre acompanhado de investimento de trabalho e dinheiro. Drucker identificou quatro oportunidades de inovação
dentro de uma corporação (ocorrências inesperadas, incongruências, processos necessários, mudanças na indústria e no mercado) e três fora dela (mudanças demográficas, mudanças de percepção e novo conhecimento).
O senhor acha que os empresários brasileiros, dos mais variados setores, estão dispostos a investir em inovação?
Tenho uma visão realista e crua sobre inovação, por isso, destaco outro fator que pode retardar ou asfixiar os processos inovadores no dia a dia das corporações. Toda inovação envolve um investimento de tempo e dinheiro, ela também compromete o lucro dos executivos. Como grande parte das empresas tem um sistema de bonificação e resultados de curto prazo, além de haver uma grande rotatividade nas gestões, colocar em prática um processo de inovação que se materialize em uma condição mais positiva, para clientes e fornecedores, vai comprometer a bonificação dos executivos. O que os leva a rifar o futuro e pensar, de forma bem mais objetiva, no presente, criado por um passado que não vai se sustentar por muito tempo.
Então, estaríamos fadados no Brasil a não inovar?
As empresas vão precisar mudar posturas para admitir a inovação no seu plano de negócios, o que será imprescindível para sua continuidade. Porém, como o ser humano quer estabilidade, e todo processo de mudança é doloroso e requer muito trabalho, não será uma tarefa fácil.
Se os profissionais brasileiros de um futuro próximo devem se habituar a desenvolver processos inovadores, qual seria o papel do ambiente acadêmico neste cenário?
O principal papel da universidade é gerar capital humano de qualidade e em quantidade para atender à demanda do mercado e da sociedade, a custos aceitáveis pelo mercado. Assim teremos profissionais capazes para inovar. E não basta gerar, é preciso reter esses profissionais no País. Por conta da iminência desse êxodo de cérebros, fomos obrigados a inovar no mercado
Revista de Seguros – 6
“ As empresas estão simplificando os processos associados a seguros, o que descomplica a vida do cliente e reduz custos internos.
É capaz até de melhorar o nível de governança – processos complexos demais são muito difíceis de controlar e auditar”
de trabalho em Pernambuco ao criar o Cesar. Ao perceber que muitos alunos que passavam pela UFPE migravam para outras cidades, por conta da competição no mercado de trabalho, concebemos o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife com colegas do Centro de Informática da universidade. Trata-se de um centro de inovação privado, sem fins lucrativos, que também é um gerador de startups de tecnologia e que já ganhou dois prêmios Finep como melhor instituição de inovação do Brasil.
O senhor Integrou a Comissão Julgadora do Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros. Quais são as principais características desse mercado quando o assunto é inovação?
Primeiro, as empresas estão investindo na simplificação dos processos associados a seguros, o que descomplica a vida do cliente e reduz custos internos. É capaz até de melhorar o nível de governança – os processos complexos demais são muito difíceis de controlar e auditar. Depois, já há um esforço considerável para se criar serviços online, desintermediando a relação entre seguradoras e segurados – e quanto mais simples for este processo, mais interessante será para todos. Uma ação simples capaz de cativar um cliente pode ser um grande processo inovador. Processos complexos, informatizados, não são mais acessíveis só porque estão na web. Há um espaço gigantesco, e ainda pouco explorado, de uso de tecnologias de informação e comunicação no negócio, especialmente no lado cliente.
O senhor avalia que os clientes do mercado consumidor estão preparados para lidar com procedimentos inovadores?
Os clientes do mercado segurador nacional parecem estar preparados para usar uma oferta muito maior de tecnologia. Já são mais de 30 milhões de smartphones no Brasil, por exemplo, e aplicações relacionadas a seguros que agregassem valor ao cotidiano dos clientes poderiam encontrar comunidades de prática muito significativas em um número de cenários. É preciso investir para ver o que vai acontecer. Porque inovação também é a execução imperfeita do
desconhecido. Não dá para se saber o que vai acontecer se não se tentar.
O senhor costuma dizer que, para inovar, mais que buscar respostas, as empresas deveriam fazer perguntas? Que perguntas seriam essas?
A primeira pergunta é: “o que eu não sei?”. Olhando o mercado do ponto de vista estrutural (eu para o mercado) e conjuntural (do mercado para mim), como eu reinterpreto as coisas que já estão estabelecidas e encontro novas formas de olhar o mundo? Há métodos e processos que permitem fazer isto de forma estruturada, pela construção de um processo de análise. Temos uma dinâmica muito pouco inovadora no Brasil, porque as empresas tendem a acompanhar o que já está acontecendo e não a fazer com que aconteça. Acompanhar significa ser puxada pelo mercado e tentar fazer com que aconteça significa desenhar o mercado. No cenário de seguros, que tem um órgão regulador forte e sistemas de defesa do consumidor bem estabelecidos, este desenho vai muito além do projeto de uma empresa. Eventualmente, é preciso mudar as regras do cenário como um todo – e isso faz parte das perguntas: como seria se eu mudasse uma regra que vem do órgão fiscalizador ou da defesa do consumidor? Como posso manter os preceitos gerais da competitividade e garantir os direitos do consumidor e ao mesmo tempo fazer as coisas de outro modo? Esse olhar múltiplo ao redor de perguntas também múltiplas cria necessariamente novas conjunturas – e é disso que estamos precisando.
Qual é a maior ou melhor inovação da história da humanidade?
Para mim, a inovação mais importante para a humanidade, que surgiu de uma forma quase caótica, aleatória e levou muito tempo para se estabelecer, é a capacidade humana de se comunicar. Depois veio a escrita da comunicação. Foram desenvolvidos mecanismos efetivos de comunicação que permitiram que nós criássemos o tempo: saímos do presente para falar do passado e aprender sobre ele, além de fazer planos para o futuro. Para mim, a maior inovação de todos os tempos é a linguagem. •
Revista de Seguros – 7
“ Há uma dinâmica muito pouco inovadora no Brasil, porque as empresas tendem a acompanhar o que já está acontecendo e não a fazer com que aconteça. Acompanhar é ser puxada pelo mercado e tentar fazer com que aconteça é desenhar o mercado”
Tecnologia para procedimento de saúde vence a premiação
segundo a premiada. “Foi um projeto que desenvolvemos com paixão e, mesmo sem saber nada sobre os ‘cases’ concorrentes, tínhamos muita expectativa”, afirmou Roberta Navarro, da SulAmérica, ao lado do parceiro Raphael Watanabe, que desenvolveu o produto.
Os premiados da pr
Uma solução desenvolvida pela SulAmérica Seguros, com base em pesquisas realizadas junto à rede referenciada de saúde, foi a grande vencedora da primeira edição do “Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros”. Criado pela CNseg, a premiação objetiva estimular o desenvolvimento do setor e o aprimoramento das relações com o consumidor, a partir da adoção de ideias inovadoras referentes a serviços e procedimentos – além de apoiar as iniciativas que vão delinear o perfil do mercado segurador no futuro.
O ‘case’ vencedor é baseado numa ferramenta de autorização prévia de procedimentos de saúde, que autoriza automaticamente até internações hospitalares, reduzindo drasticamente o tempo de espera, que chegava a dez horas. O nível de reclamação na empresa, que já era baixo, teve 30% de redução desde julho, quando o projeto começou a ser implantado,
A última etapa da premiação, que previa a avaliação seletiva dos cases, ficou sob a responsabilidade de um time de jurados formado por profissionais de áreas distintas: Antonio Penteado Mendonça, advogado, radialista e colunista de Seguros e Previdência; Helio Portocarrero, diretor-executivo da Fundação Casa de Rui Barbosa; Joaquim Falcão, professor de Direito Constitucional e diretor da Escola de Direito da FGv-RJ; Nadja Sampaio, jornalista e editora da Coluna Defesa do Consumidor de O Globo; e Silvio Meira, pesquisador na área de Engenharia de Software. Conheça a seguir os vencedores da primeira edição do prêmio Inovação em Seguros.
1º lugar
• Roberta Ruiz Navarro e Raphael Shoji Hinata Watanabe
SulAmérica Seguros
“Sistema SulAmérica de validação prévia de procedimentos e materiais especiais”
Revista de Seguros – 8
Por
Prêmio Inovação
vANIA MEZZONATO
Ao final do evento foi exibido um vídeo com depoimento dos jurados e a definição de “inovação” ouvida nas ruas da cidade
Ranking disputado
Ao todo, foram inscritos 38 trabalhos – 19 deles selecionados e seis finalistas disputaram os três primeiros lugares do ranking da premiação. O terceiro lugar foi dividido entre dois ‘cases’, que ficaram empatados, na avaliação do júri. Os vencedores receberam o troféu Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros e cheques no valor de R$ 15 mil (1º lugar), R$ 10 mil (2º) e R$ 5 mil (3º). O quinto e sexto lugares ficaram, respectivamente, com Rodrigo Caixeta e Guillermo Reid (“Smartia - Líder em Seguros Online”) e Maria Beatriz Padilha Soares e Marina de Castro Frid (“ vacinas do viajante – Bradesco Saúde Concierge”).
A festa da premiação aconteceu durante almoço de confraternização de final de ano do mercado no Hotel Copacabana Palace, em 14 de dezembro, no Rio de Janeiro, com a presença maciça de autoridades, empresários e executivos do mercado, além de Antonio Carlos de Almeida Braga, o renomado empresário do setor, carinhosamente chamado de Braguinha, que emprestou
imeira edição
seu nome à iniciativa.
No discurso de abertura do evento, o presidente da CNseg, Jorge Hilário Gouvêa vieira, destacou a pujança do mercado de seguros brasileiro – mesmo em situações macroeconômicas
2º lugar
• Waldir de Menezes Junior e Mario
Montenegro Gasparini
Interface Seguros
“Tornando o Turismo do Brasil Mais Seguro”
3º lugar
• Paulo Eduardo Fernandes Rossi e Diretoria de Marketing
Grupo Segurador Branco do Brasil e Mapfre
“Traduzindo o segurês”
• Alessandro Ramos
Bradesco Seguros
“Serviço de Atendimento ao Cliente nas Mídias Sociais”
Revista de Seguros – 9
“ Queremos que seja perceptível o papel do setor no desenvolvimento econômico e social do País”
Jorge Hilário
Os premiados: Roberta Ruiz Navarro (SulAmérica), Waldir de Menezes Junior (Interface), Paulo Eduardo Fernandes Rossi (BB/Mapfre) e Alessandro Ramos Rebello (Bradesco)
Rebello
FOTOS R OSANA B IKIERMAN
O desempenho dos quatros segmentos em 2011
Final de ano é hora de fazer balanço dos resultados. No evento do Prêmio Inovação, os presidentes das quatro federações que compõem a CNseg –FenaCap, FenaPrevi, FenaSaúde e FenSeg –, respectivamente, Paulo Rogério Caffarelli, Marco Antonio Rossi, Márcio de Araújo Coriolano e Jayme Garfinkel, mostraram o desempenho de suas áreas em números (resumidos a seguir) e fizeram projeções otimistas para 2012, apesar da crise na zona do euro, que ainda ronda as economias mundiais (veja pág. 30).
FenaCap
O ano se finda com cerca de 40 milhões de brasileiros portando um título de Capitalização.
Revista de Seguros – 10
Prêmio Inovação
do PIB nacional, significa responder à complexidade com simplicidade”
Silvio Meira
“ Espero que no ano que vem o setor continue compromissado com os anseios de seus
Autoridades, empresários e executivos do mercado prestigiaram a premiação que aconteceu durante almoço no Copacabana Palace
mais desfavoráveis –, o crescimento anual acima do registrado pelo PIB e a importância para o País dos investimentos na formação da poupança in terna. “Nosso grande desafio é conquistar o reco nhecimento da sociedade, de maneira geral, e do governo, em particular, pela importância do setor de seguros para a economia brasileira. Queremos que seja perceptível o seu papel no desenvolvi mento econômico e social do País”, afirmou.
Nível de excelência
Para Solange Beatriz Palheiro Mendes, direto ra-executiva da CNseg, apontar os vencedores da primeira edição do prêmio foi um grande desafio para os jurados, em função do número expres sivo de trabalhos inscritos, que superou todas as expectativas iniciais, e do nível de excelência que apresentavam. “A preocupação com o consumi dor é uma tônica não só do próprio mercado, para efeito de competição, mas é também da Confederação, que objetiva travar um contato mais estreito com seu público”, salientou.
O regulamento da edição 2012 do “Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros” será publicado no início do se
O número representa um crescimento de 15% em relação ao registrado no ano passado. “O desafio para o ano que vem é manter o desempenho no mesmo ritmo e capacitar agentes de venda. O grande atrativo dos títulos é reunir a proteção ao risco do sorteio”, disse Caffarelli.
FenaPrevi
Para o setor de previdência, 2011 ficará na lembrança como um ano de crescimento virtuoso e de desenvolvimento. O acúmulo de reservas chegou a cerca de R$ 300 bilhões, com 400 milhões de clientes. “Nossa participação no PIB ainda é relativamente pequena, mas as ações do governo e a economia estável têm colaborado para a construção de um novo mercado de Previdência no Brasil”, resumiu Rossi.
FenaSaúde
Movido pelo ‘combustível’ emprego e renda, o segmento cresceu 10% em vendas. O empre -
gundo semestre. Segundo Solange Beatriz, o lançamento deste segundo ano da premiação contará com ações mais efetivas na própria Confederação e também junto às seguradoras, com a promoção de eventos e palestras.
Ela adiantou que o foco será o comprometimento do setor com a sustentabilidade, lembrando que, na Conferência Mundial para o Meio Ambiente, a Rio+20, que acontece em junho, no Rio de Janeiro, o setor vai apresentar seus princípios e compromissos com a sustentabilidade ambiental. “Desejo um ano promissor a todos e espero que no ano que vem o setor continue compromissado com os anseios de seus segurados e consumidores”, concluiu.
Segundo o palestrante Silvio Meira, pesquisador na área de Engenharia de Software e uma das autoridades nacionais quando o assunto é Inovação, o público consumidor quer ofertas absolutamente simples, em temos de acesso e uso, para resolver seus problemas mais complexos. “Inovar num mercado como esse, que representa 5,4% do PIB nacional, significa responder à complexidade com simplicidade”, resumiu. •
go responde por 75% dos seguros de saúde do país, custeados pelas empresas. Com mais emprego e mais dinheiro no bolso, as famílias de baixa renda elegeram os planos de saúde como uma de suas prioridades. “Foi um ano de intensa atividade regulatória, mas também o mais importante da última década para o segmento”, comparou Coriolano.
FenSeg
Ressaltando a complexidade da federação, que reúne muitos ramos, Jayme Garfinkel apresentou o crescimento de cada um deles: Automóvel (6,5%), Patrimoniais (16%), Riscos financeiros (53%), Rural (29%), Transportes (19,6%) e Responsabilidade geral (22,5%). A frota segurada de automóveis cresceu 6,5% e representa 28% do seguro DPvAT. “Espero que os projetos em andamento no setor se realizem e que a FenSeg continue a ser um local de concórdia”.
Paulo Rogério Caffarelli
Marco Antonio Rossi
Márcio Coriolano
Jayme Garfinkel
Maior mercado de microsseguros da América Latina, o País tem uma das menores penetrações do setor no PIB da região
empregada doméstica Nilza Silva, mãe de dois filhos menores, perdeu o marido de forma brutal: assassinado antes de completar 35 anos. Graças a duas apólices de seguros, compradas junto com o financiamento de uma televisão e uma geladeira nas Casas Bahia, o destino da família seguiu um caminho próspero. Uma apólice de seguro prestamista quitou a dívida, evitando assim a retomada do bem, e outra de acidentes pessoais pagou um capital suficiente para que ela pudesse comprar um terreno e iniciar a construção da casa própria na sua cidade natal, no interior da Bahia, para onde voltou a fim de criar seus filhos junto à família.
As apólices que mudaram a vida de Nilza foram o tema do 7ª Conferência Internacional de Microsseguros, realizada no Rio de Janeiro, entre 8 e 10 de novembro de 2011. Organizado pela Munich Re Foundation, com apoio da CNseg e da Microinsurance Network, o evento reuniu 450 representantes de países que já possuem alguma experiência no tema, como Índia, África do Sul e Gana.
Trata-se de um segmento que surgiu no mundo há 15 anos e já conta com 500 milhões de pessoas protegidas por apólices que custam até US$ 10 por mês. Boa parte dos contratos tem o objetivo de garantir uma indenização para que a família possa se organizar financeiramente frente à perda do mantenedor, seja por uma doença inesperada ou mesmo da queda brusca da receita de uma safra, como nos microsseguros da Índia, onde boa parte da população ainda vive na área rural.
Exemplo da Índia
O Brasil discute a regulamentação do seguro popular A
Segundo estudos da Microinsurance Network, uma rede mundial que reúne grandes instituições privadas e públicas, além de estudiosos e especialistas no assunto, a Índia concentra 50% desse mercado em termos de apólices vendidas. “Estudos recentes estimam que, nos próximos dez anos, chegaremos a um bilhão de pessoas de baixa renda protegidas por um microsseguro”, disse Craig Churchill, presidente da Microinsurance Network.
O Brasil foi escolhido para sediar tão importante debate por ser, oficialmente, o mais novo integrante deste segmento ao começar a esboçar as primeiras normas para regulamentar o segmento. “O Brasil pode ser a Índia da América Latina”, diz Dirk Reinhard, da Munich Re Foundation, citando dados do crescimento econômico na última década, motivado principalmente pela inclusão social.
O bom ciclo econômico do Brasil possibilitou que mais de 30 milhões de pessoas dei -
Revista de Seguros – 12
Por CLAUDIO SOUZA e DENISE BUENO
Microsseguros
xassem as classes de renda E e D e ingressassem na classe C, na última década, tornandose parte principal do mercado de consumo. “Podemos perceber o comprometimento do mercado de seguros em desenvolver ferramentas de gerenciamento de risco mais eficazes, para evitar que essas pessoas retornem ao estágio inicial de pobreza”, elogiou Graig.
Educação financeira
Durante três dias, 70 palestrantes expuseram e debateram experiências em 22 sessões. Algumas premissas já são certas. Um dos pontos centrais para que os projetos de microsseguros deslanchem em qualquer lugar do mundo está nas Parcerias Público Privadas (PPP). O projeto tem cunho social, por isso, requer a presença de governos. Do ponto de vista privado, o projeto precisa se pagar para que o acionista aposte na iniciativa de ajudar a desenvolver a educação financeira em comunidades carentes.
Dirk Reinhard ressalta que todos perdem, na ocorrência de uma catástrofe, por exemplo, com a morte de centenas de pessoas. O governo é obrigado a despender recursos para reconstruir a região afetada, as empresas perdem mão de obra e a sociedade sofre em consequência do aumento do número de pessoas abaixo da linha da pobreza. “É um mercado que necessita do apoio de todos”, frisou o especialista.
Seguro, no entanto, não é a resposta para todos os problemas sociais que podem comprometer a renda de uma família, na avaliação Stefan Dercon, pesquisador da Universidade de Oxford, nos Estados Unidos. “Seguro é uma parte da organização financeira de uma pessoa, desde que ele seja visto como um valor agregado na vida das famílias, retirando-as da pobreza”, afirmou.
Produtos parecidos
Roberto Junguito, presidente da Fasecolda, Federação das Seguradoras Colombianas, país que já acumula uma rica experiência no assunto, afirma que há muita coisa diferente
no mundo em termos de microsseguro. Culturas são diversas, regulamentações desenhadas sob medida, cada qual tem um risco. Na Índia, a oscilação de preço das commodities pode acabar com a renda de uma família. Já na Indonésia, a fúria da natureza é capaz de atrasar em décadas o avanço da economia local. “Mas uma coisa é certa: os produtos são muito parecidos”, afirma.
Brandon Mathews, diretor-geral de microsseguros do grupo suíço Zurich, um dos mais atuantes no mundo e também no Brasil, afirma que o sucesso da operação será definido na criação do produto. “A empresa que quiser ter sucesso nesse segmento tem de “
Revista de Seguros – 13
“Estudos recentes estimam que, nos próximos dez anos, chegaremos a um bilhão de pessoas de baixa renda protegidas por um microsseguro”
Craig Churchill
O mercado de seguros está comprometido com o gerenciamento de risco mais eficaz, para evitar que essas pessoas retornem ao estágio inicial de pobreza”
F OTOS DE P EDRO M ENA
Dirk Reinhard
Microsseguros
do produto, o Palminhas, que sai por R$ 10 a anuidade. O boca a boca na comunidade, onde vivem 30 mil pessoas, ajudou a vender 1,7 mil apólices em um ano.
Ambiente de confiança
Um ponto fundamental em seguros vendidos em comunidades é criar um ambiente de confiança, que envolva todo o processo, da regulamentação por parte do governo até a ética do profissional que efetuará a venda. Caso contrário, a operação não avança. “As pessoas têm de confiar na instituição que pede o dinheiro delas para devolver somente quando as coisas estiverem mal”, enfatiza Stefan Dercon, da Universidade da Geórgia.
fazer um produto que traga vantagens para todos os envolvidos, sem comprometer o preço final e o atendimento. É preciso que seja bom para todos. Caso contrário, não vai dar certo”, apregoa o especialista que já participou de muitos projetos ao redor do mundo.
No Brasil, o principal projeto da Zurich é com o Banco Palmas. O produto oferece coberturas de vida, assistência funeral e sorteio por R$ 35 a anuidade. Este projeto foi lançado de forma pioneira em Fortaleza, em novembro de 2010, e vem sendo expandido para outras cidades por meio da Rede Brasileira de Bancos Comunitários. Atualmente, ainda é oferecida uma versão simplificada
Craig Churchill vai além: “direitos e deveres devem estar claros, de forma muito simples, no processo de venda. Isso reduzirá o número de conflitos e ajudará a criar um relacionamento duradouro”. Mas tudo tem de ter um equilíbrio. Flexibilidade e simplicidade têm de andar juntas. Na África do Sul, por exemplo, uma empresa tentou explicar demais o seguro. O prospecto ficou tão complexo que as pessoas não conseguiram comprar. Ou seja, foi um fracasso. Segundo Wladimir Chinchio, da vayon, consultoria especializada em soluções para o segmento, há quatro premissas para o sucesso do microsseguro: oferta em locais que as pessoas de baixa renda frequentam com regularidade; venda consultiva para que os clientes tomem decisões bem fundamentadas; facilidade de atendimento ao segurado com conveniência e agilidade; presença na vida do cliente através de modelos de relacionamento inovadores para cativar a fidelidade. Tudo isso sem esquecer o controle dos custos operacionais, num segmento caracterizado pela baixa margem de retorno.
Condições mínimas
Apesar de o assunto estar entre as prioridades dos executivos do setor e também do governo brasileiro desde 2004, parte da regulamentação necessária para se estabelecer as condições mínimas deste segmento só foi aprovada no final de novembro de 2011 pelo Conselho
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“Seguro é uma parte da organização financeira de uma pessoa, desde que ele seja visto como um valor agregado na vida das famílias, retirandoas da pobreza”
Stefan Dercon
“A empresa que quiser ter sucesso nesse segmento tem de fazer um produto que traga vantagens para todos os envolvidos, sem comprometer o preço final”
Brandon Mathews
Nacional de Seguros Privados (CNSP), órgão presidido pelo Ministério da Fazenda.
Até agora, todas as iniciativas brasileiras são contabilizadas nas apólices de seguros normais. Acredita-se que, com estatísticas apartadas, o Brasil será o maior país em microsseguro da América Latina. “E estará entre os maiores do mundo”, aposta Eugênio velásquez, diretor da Bradesco e da Comissão de Microsseguros da CNseg.
Luciano Santanna, superintendente da Susep, que presidiu a reunião do CNSP, disse que o órgão regulador diminuiu a exigência de capital para as seguradoras que vão atuar no ramo para 20% do capital exigido para os seguros tradicionais e também flexibilizou a exigência de aplicações das reservas técnicas. “A regulação inicial tem como meta reduzir custos para estimular a entrada de companhias especializadas no setor e garantir que os produtos cheguem aos consumidores de forma adequada, por meio de corretores especializados”, afirmou.
Subsídio ao prêmio
Definir a formatação de produtos, como valores mínimos e máximos do preço do seguro, bem como da importância segurada, está no cronograma de outra etapa regulatória, prevista para ser concluída até o início do segundo semestre de 2012. O subsídio ao prêmio, prática adotada em vários países do mundo, ficou para outra rodada de negociações com o governo. “Aqui no Brasil não será desta forma. Por isso, o mercado terá que buscar experiências de sucesso e, acima de tudo, eficiência para competir”, comentou o presidente da CNseg, Jorge Hilário Gouvêa v ieira.
A entrada dos correspondentes bancários na venda de microsseguros, até então autorizados apenas a vender serviços financeiros simples, é um estímulo e tanto ao setor que veio com a regulamentação já aprovada. São cerca de 150 mil novos postos de venda, com acesso à população que nunca teve acesso a produtos bancários. Além deles, a Susep autorizou a venda remota de microsseguros por internet e celulares, bem como corretores especializados
vinculados às seguradoras.
Para velasques, a discussão sobre a regulamentação em andamento deve ser específica para o mercado brasileiro, sem copiar modelos do exterior. “O mais importante para o segmento deslanchar é a educação financeira, pois os maiores entraves estão na cabeça das pessoas e não na regulamentação ou na tecnologia”, analisou.
Eis aí um tema que interessa às instituições de fomento, como o Inter-American Development Bank (IADB). “Sabemos pouco do Brasil, pois as informações não estão consolidadas. Mas temos cases muito interessantes no País, como as parcerias com empresas do varejo que chegam às camadas mais pobres da população”, informou
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“Aqui no Brasil não será desta forma (com subsídio). Por isso, o mercado terá que buscar experiências de sucesso e, acima de tudo, eficiência para competir”
Jorge Hilário
“O mais importante para o segmento é a educação financeira, pois os maiores entraves estão na cabeça das pessoas e não na regulamentação ou na tecnologia”
Eugênio Velasques
Microsseguros
mos que o Brasil é o maior mercado da América Latina e que a penetração do setor no PIB da região está entre as menores do mundo, o que nos faz ter muito interesse em apoiar projetos”, afirma a técnica do IADB.
Potencial brasileiro
Nancy Lee, técnica IADB, instituição que estuda como desenvolver microfinanças há 17 anos. “Temos quase mil projetos, formando um grande grupo de conhecedores da área”, acrescentou. Ainda não se sabe ao certo qual o tamanho do mercado brasileiro em microsseguros. “Sabe -
De acordo com estimativas do Centro para Regulação e Inclusão Financeira (Cenfri), da África do Sul, que considera pessoas com renda de até três salários mínimos, o Brasil tem potencial de atingir 128 milhões de brasileiros. Admitindo que a penetração das vendas seja 60% em dez anos, o cálculo leva para um público-alvo de 74 milhões de pessoas, que não tem qualquer apólice de seguro – ou, se tem, o produto é incompleto para garantir o ciclo de vida.
A filosofia do banco multilateral é de que pessoas mais conscientes do uso do dinheiro são capazes de progredir com o uso do cré -
Abordagem simples para difundir a cultura da proteção
Maria Elena Bidino, diretora da CNseg, relatou ao público presente no evento a experiência brasileira do projeto ‘Estou Seguro’, implementado na Morro Santa Marta, uma das maiores comunidades carentes do Rio de Janeiro. Foi realizada uma pesquisa com 608 moradores da comunidade e três grupos de discussão para um levantamento socioeconômico da região. A pesquisa constatou que 87% da população local jamais cogitariam fazer um seguro em razão de preço e desconhecimento.
Com base nessa pesquisa, o primeiro passo foi iniciar uma abordagem simples, para difundir a cultura de seguros de forma clara e objetiva. “Nossa mensagem ainda é introduzir o conceito de seguro, mostrando para a população que o produto não é só para ricos. Pelo contrário. Foi feito especialmente para protegê-los num momento de dificuldade,
“
O governo está aberto a apoiar iniciativas nesse segmento, pois vê uma oportunidade única de negócios que se mostra sustentável no longo prazo”
Renata Cavalcanti
como a morte ou a invalidez”, diz Maria Elena. A subsecretária estadual de Desenvolvimento e Energia do Rio de Janeiro, Renata Cavalcanti, que representou o governador Sérgio Cabral no evento, a presença do seguro nas comunidades pacificadas, que já somam 17 no Rio, ajudará muito o governo na implementação de políticas sociais. “O governo está aberto a apoiar iniciativas nesse segmento, pois vê uma oportunidade única de negócios que se mostra sustentável no longo prazo”.
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“A meta é reduzir custos para estimular a entrada de companhias especializadas e garantir que os produtos cheguem aos consumidores de forma adequada”
Luciano Santanna
dito e o hábito de poupar. No entanto, riscos como a morte, doenças e perdas imprevistas, como as causadas pela fúria da natureza, precisam ser considerados para evitar que as famílias retornem a linha de pobreza e exijam do governo recursos volumosos para a retomada do ciclo virtuoso das famílias carentes.
Os projetos educacionais, segundo os palestrantes reunidos no evento, levaram muito mais tempo para serem implementados do que o inicialmente previsto. Isso porque é preciso entender uma nova realidade de consumidores, pouco atendidos mundialmente pelas instituições financeiras. É preciso ter pessoas dispostas a desenvolver projetos sociais.
“Não estamos preocupados em vender hoje. Estamos preocupados que as pessoas comprem bem um seguro de US$ 2 hoje para que elas comprem US$ 20 em proteção amanhã como consequência de ter construído um patrimônio em
função da orientação que recebeu. Essa é a nossa prioridade”, ressalta velásquez. Hoje, os principais produtos ofertados para a população de menor renda no Brasil são de vida, residência e funeral.
Cobertura obrigatória
No mundo, a área de saúde é uma das mais demandadas. No Brasil, o setor lamenta que os microsseguros nesse segmento são inviáveis pela regulamentação da cobertura obrigatória, que não permite que as seguradoras ofereçam planos com tíquetes mais baixos.
“Os 13% da população brasileira que ganham até três salários mínimos mensais nunca foram a um dentista, por exemplo. Então, precisam de seguro pra isso”, afirmou a diretora-executiva da CNseg, Solange Beatriz. A ideia é inserir serviços no Bolsa Família e também nos benefícios sociais, como saúde e previdência.
Segundo velásquez, o grupo Bradesco e outras entidades interessadas no assunto já fizeram mais de 80 pesquisas com moradores de comunidades para saber o que o público deseja. “O primeiro paradigma foi parar de falar em seguro e começar a falar em proteção”, disse. O segundo paradigma quebrado foi o tipo de risco que aflige a pessoa de menor renda. Não é saúde que o preocupa. Esse risco é o último da lista. Os riscos mais temidos pela população de menor renda são de morte acidental, desemprego e funeral. •
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“Sabemos pouco do Brasil, mas há cases muito interessantes no País, como as parcerias com empresas do varejo que chegam às camadas mais pobres da população”
Nancy Lee
“Os 13% da população brasileira que ganham até três salários mínimos mensais nunca foram a um dentista, por exemplo. Então, precisam de seguro pra isso”
Solange Beatriz
Regulamentação Microsseguro
Pequenas empresas serão alvo do microsseguro
CNSP aprova resolução com regras básicas para a venda do produto
Um nicho de mercado que pode englobar até 100 milhões de brasileiros, o microsseguro está perto de se tornar realidade. Aprovada no dia 29 de novembro, foi publicada no Diário Oficial da União em 07 de dezembro, a Reso lução 244/2011 do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), que cria o marco regulatório do microsseguro e estabelece as normas básicas para a venda do produto.
A Susep editará as regras complementares. Segundo o presidente da Comissão de Microsseguro e Seguros Populares da CNseg, Eugênio velasques, sete seguradoras já comercializam produtos com características muito semelhantes e estão prontas para explorar esse nicho, além dos grupos com experiência internacional.
O microsseguro atenderá também a um universo imenso de pequenas e microempresas. velasques prevê, inclusive, que a atenção das seguradoras estará voltada para esse público no primeiro momento. “São quatro milhões
de empresas que poderão contratar seguros funerais, de incapacidade temporária, vida ou perda de renda, entre outros”, observa.
Vendas pela internet
Uma das principais novidades estabelecidas pela norma é que a venda do microsseguro poderá ser realizada por meios remotos, como celulares e a Internet. A Susep admite, inclusive, a possibilidade de, no futuro, estender essa possibilidade a todos os tipos de seguros. Caberá à autarquia definir o teto máximo do valor segurado, que servirá de parâmetro para que o produto seja considerado microsseguro. Além disso, em vez de apólices, serão emitidos bilhetes, trazendo as informações mais relevantes sobre o produto adquirido. Qualquer seguradora ou corretor poderá atuar nesse segmento. No entanto, a norma prevê a atuação de microsseguradoras com capital inicial correspondente a apenas 20% do valor exigido atualmente das seguradoras tradicionais e de corretores de microsseguros, formados pela Escola Nacional de Seguros. Está prevista ainda a figura do correspondente de microsseguro, pessoa jurídica que ficará vinculada à seguradora e que não poderá ter a venda do seguro como atividade principal – que poderão ser associações comunitárias ou redes de varejo, além dos correspondentes bancários. •
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Por JORGE CLAPP
Projeto chega à 2ª fase, difundindo a cultura do seguro
Lançamento foi em novembro, na Comunidade Santa Marta, palco da primeira fase do projeto-piloto
Uma das iniciativas da agenda de sustentabilidade do mercado segurador, o projeto ‘Estou Seguro’, voltado para a educação financeira de comunidades carentes, com foco em seguros, representa um passo decisivo para os esforços de inclusão socioeconômica da população. Concebido pela CNseg em parceira com o IETS (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), o programa bem-sucedido teve sua segunda fase lançada em 6 de novembro, na comunidade Santa Marta, em Botafogo, a primeira a receber uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
“Junto com os moradores, vamos avançar neste projeto de educação financeira, que objetiva ampliar a percepção das famílias sobre a importância do seguro como um instrumento estratégico de organização financeira”, disse na abertura do evento Solange Beatriz Palheiro Mendes, diretora-executiva da CNseg.
Preço e desconhecimento
Iniciado há pouco mais de um ano, o projeto envolveu um levantamento socioeconômico da população local e um trabalho intenso de comunicação e educação. A pes-
quisa, com 608 moradores da comunidade e três grupos de discussão, apontou que 87% da população local jamais haviam cogitado fazer um seguro em função de preço e do desconhecimento.
As ações de comunicação incluíram iniciativas criativas, como um vídeo curta-metragem, oito peças de teatro de rua, oito spots de rádio em forma de radionovela e um concurso de samba, todos realizados com participação ativa da comunidade. O concurso foi vencido pelo grupo local ‘Bom Clima’, que tocou no evento. No lançamento da segunda fase, uma nova pesquisa apontou que 15,59% já tinham conhecimento sobre seguros, 1,15% já havia adquirido algum produto e 72% tinham intenção de comprar alguma modalidade de seguro.
“Todos podem obter ganhos neste programa. A comunidade porque, com transparência e participação, é capaz de mostrar o valor que tem, conquistar avanços sociais e ter conscientização” reforça Maurício Blanco, coordenador-técnico do IETS. “Para as seguradoras a vantagem é o aprendizado e, para o IETS, foi uma das mais belas experiências, porque vimos jovens participando e pessoas refletindo e discutindo sobre a temática”, reforçou.
Revista de Seguros – 20
Por CARMEN NERy
‘Estou Seguro’
Marco Antonio Rossi, presidente da FenaPrevi e da Bradesco Seguros, ressaltou que embora o mercado segurador tenha uma forma diferente de se comunicar, que aparentemente parece complexa, na essência o que faz é garantir proteção. “Este trabalho procurou mostrar para a comunidade que o seguro é simples e importante, porque, infelizmente, os imprevistos acontecem”, afirmou.
Cartilha e livro
Também foi elaborada a cartilha ‘Família Estou Seguro’ – preparada a partir da identificação das necessidades das famílias para ser distribuída em todo o País – e produzido um livro com ensaios fotográficos dos moradores e textos de Itamar Silva, presidente do Grupo Ecos, organização social desde 1976 na comunidade. O livro conta a história do morro e foi
entregue simbolicamente a alguns moradores retratados pelo fotógrafo Rodrigo Bueno.
Na parceria, o Grupo Ecos condicionou sua participação ao compartilhamento com a população de todo o conhecimento produzido. “A comunidade precisava se olhar e se ver, porque este é um processo de fortalecimento da identidade” observou Silva.
Para Maria Elena Bidino, superintendente de Assuntos Institucionais da CNseg, o trabalho é importante para ajudar o mercado a identificar a linguagem ideal, o melhor desenho para os produtos e a futura formação dos corretores de microsseguros. “A CNseg vai ser solicitada a apresentar uma proposta de programa de formação de corretor de microsseguros e esta experiência será muito útil. Foi um conhecimento mútuo e o importante é a confiança que conquistamos”, resume.
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“
Ao longo destes meses de trabalho, a quantidade de prêmio auferida foi pequena e não altera nossos resultados, mas trouxe um conhecimento que representa muito”
Eugênio Velasques
Solange Beatriz no evento na comunidade: “Vamos avançar neste projeto que objetiva ampliar a percepção das famílias sobre a importância do seguro”
FOTOS DE MARCELO BRAvO
“
A comunidade precisava se olhar e se ver, porque este é um processo de fortalecimento da identidade”
Itamar Silva
‘Estou
Seguro’
Difundindo o seguro
A primeira fase contou com a participação de 17 seguradoras. Na segunda, serão instalados quiosques móveis com profissionais treinados a orientar os moradores; haverá distribuição da cartilha; e promoção de atividades na ‘Casa do Seguro’, espaço criado para interação com moradores. Um mutirão de limpeza ambiental também foi organizado para levar às pessoas conceitos de gerenciamento de riscos e sustentabilidade.
“Foram dez meses de intenso e árduo trabalho para aferir uma pequena quantidade de prêmio, que não altera nossos resultados, mas nos trouxe o conhecimento de um grupo que representa muito”, afirmou Eugênio velasques, presidente da Comissão de Microsseguros da CNseg e diretor-executivo da Bradesco Seguros.
A Capemisa já atua em comunidades carentes do Rio desde 2008. Começou com uma sucursal na Rocinha, depois no Morro do Alemão e, no ano passado, no Santa Marta. Em breve será a vez da Mangueira. “São mais
de cem pessoas atuando nestas comunidades, vendendo e difundindo o seguro por meio de palestras e apresentações. Cabe às seguradoras fazer este mercado acontecer”, diz o presidente da empresa, José Augusto da Costa Tatagiba.
Com produtos para baixa renda desde os anos 80, a BB Mapfre teve forte atuação na primeira fase e também aderiu à segunda, estimulada pela oportunidade de ganhar conhecimento. “Para nós foi um laboratório e pretendemos levar a experiência a outras comunidades pacificados do Rio”, sinaliza Bento Zanzi, diretor-geral da empresa.
Pedro Bulcão, diretor da Sinaf, diz que a empresa já tem uma razoável especialização nesta área e na segunda fase já está preparada para oferecer produtos específicos. “Para a Sinaf este já é um mercado bem conhecido. Quando se fizer uma adequação da regulamentação, haverá produtos a preço melhor, porque o excesso de regulamentação impacta no preço”, observa. •
Projeto garante profissão aos moradores da comunidade
A Escola Nacional de Seguros anunciou a criação de um programa mais abrangente de formação de corretor e o Programa Amigo do Seguro, que atende a jovens de 16 a 18 anos e ensina sobre comportamento, informática, o trabalho em escritórios e os princípios do seguro. “Já formamos 2 mil jovens dos quais mais de 500 foram aproveitados pelo mercado de trabalho”, informa Renato Campos, diretor-executivo da Escola Nacional de Seguros.
No evento, foram entregues simbolicamente as credenciais dos primeiros quatro corretores formados que já estão atuando na comunidade. “O mais importante é que o projeto gerou emprego e renda para alguns moradores do Dona Marta”, comemora José Mario Hilário, presidente da associação de moradores.
Professor de Muay Thay, Ricardo Pires, 30 anos, viu no projeto uma oportunidade para conquistar nova carreira. “Quando o projeto acabou fiquei sem trabalhar e até achei que aquela esperança que surgiu acabaria. Mas o projeto voltou com força total, em um único mês vendi 116 apólices”, diz Pires.
Carlos Antonio Alvez de Araújo, o Carlinhos, 33 anos, mora há 16 anos na comunidade e participou ativamente como ator das peças de teatro e como um dos ilustradores da cartilha. Convidado para fazer o curso, passou a conciliar a atividade de cabeleireiro com a de corretor. “Com o teatro e a radionovela foi possível mostrar que seguro é proteção e hoje até me param na rua para tirar dúvidas”, conta.
Morando desde que nasceu na comunidade, Érica Nascimento, 25 anos, considera o projeto uma oportunidade única na sua vida. Ela trabalha como secretária na Faetec à tarde e vai reservar as manhãs para a venda de seguros. “Minha ideia é também estender o projeto a outras comunidades, levando o trabalho para as associações de moradores, e propor a conscientização dessas comunidades para quebrar o tabu de que seguros é só para ricos”, diz. Aos 42 anos, Sidmar Augusto mora na comunidade e trabalha como vigilante. Resolveu fazer o curso de olho em uma oportunidade a mais. “Espero seguir adiante na carreira de corretor”, diz.
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Lições aprendidas que podem ser duplicadas
1 – ENTRADA
n Mapeamento das instituições locais para estabelecimento de parceiras.
n Estabelecer parceria, para implantar o projeto, com instituição que já mantém uma relação de confiança com a comunidade.
n Engajar as lideranças da comunidade no projeto.
n Manter diálogo contínuo, transparente e sincero com as lideranças.
2 – PESQUISAS QUALITATIVAS E QUANTITATIVAS
n Conhecer previamente o perfil socioeconômico da comunidade.
n Elaborar todos os questionários das pesquisas antes do início do projeto.
n Fazer entrevistas domiciliares junto com um representante da comunidade.
n Compartilhar e disponibilizar para a comunidade todo o conhecimento produzido durante o projeto.
3 – DESENHO E DIFUSÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
n Elaborar roteiros que sejam adequados e acessíveis à comunidade.
n Utilizar recursos humanos da comunidade.
n Identificar canais de difusão adequados.
n Promover atrações sobre seguros, com atividades artísticas identificadas com o perfil da comunidade.
n Adotar mais de um roteiro para cada meio de comunicação utilizado.
n Criar símbolos que identifiquem o projeto junto à comunidade.
4 – VENDA DE SEGUROS
n Utilizar recursos humanos da comunidade.
n Identificar perfil de microempreendedores.
n Criar sinergia entre seguradoras e comunidade.
n Informar o mercado sobre as necessidades da comunidade.
n Manter canal aberto entre os corretores e seguradoras.
n Adotar material educativo também impresso.
5 – TRANSVERSAL
n Manter diálogo contínuo, transparente e sincero com as lideranças.
n Identificar fatores que agreguem valor à comunidade.
n Buscar ações em que a comunidade possa fortalecer sua identidade.
n Construir e alimentar uma esfera pública: setor privado, comunidade e academia.
n Constituir um grupo multidisciplinar para elaborar, avaliar e monitorar o projeto, incluindo representantes da comunidade.
6 – DISSEMINAÇÃO DA METODOLOGIA EMPREGADA
n Construir o Kit metodológico do projeto.
n Realizar seminários sobre o projeto para o mercado de seguros.
n Criar um ambiente no site para divulgar as ações do projeto.
Entre Renato Campos (Escola Nacional de Seguros), Emílio Rodrigues Gomes (corretor oficial da fase 1 do projeto) e Henrique Brandão (SincorRJ), os moradores da comunidade que ampliaram suas áreas de atuação profissional com o projeto: Carlinhos Alvez, Sidmar Augusto e Ricardo Pires
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Projeto ‘Estou Seguro’ II
Mutirão de limpeza recolhe toneladas de lixo na Santa Marta
Ação pretende desenvolver conceitos de gerenciamento de riscos e de prevenção de doenças
“O objetivo é desenvolver entre os moradores conceitos de gerenciamento de riscos e prevenção de doenças e de acidentes pessoais”, explicou Solange Beatriz. Este foi o primeiro mutirão de coleta seletiva da segunda fase do projeto. Estão programados mais quatro até o fim de 2012.
Apoio técnico
Voluntários ajudam a recolher o lixo dos principais pontos de passagem da comunidade
Um mutirão de coleta seletiva recolheu mais de seis toneladas de lixo da comunidade Santa Marta, em Botafogo, na manhã do dia 17. A ação, que faz parte do Projeto ‘Estou Seguro’, realizado pela CNseg e o IETS, mobilizou cerca de 80 moradores e contou com a presença de Solange Beatriz Palheiro Mendes, diretora-executiva da CNseg; Marcio Coriolano; presidente da FenaSaúde; Eugênio velasques e Rodolfo Ern, respectivamente, presidente e membro da Comissão de Microsseguro e Seguros Populares da CNseg; e Manuel Thedin, diretor-executivo do IETS.
Divididos em cinco equipes de limpeza, com apoio técnico de oito garis da Comlurb, voluntários e moradores varreram, recolheram lixo e lavaram as valas e becos dos pontos principais de passagem. “Esse tipo de iniciativa é importante porque envolve e conscientiza os moradores sobre a importância de manter o ambiente limpo e organizado”, afirmou Roberto Gonçalves, agente de limpeza urbana da Comlurb, acrescentando que são recolhidas, em média, 36 toneladas de lixo por semana da Santa Marta.
A turismóloga Sheila Souza, de 40 anos, levou o filho Erick, de 9 anos, para participar da atividade. “Acho importante envolvê-lo para que ele possa entender a importância de manter a comunidade limpa e organizada”, disse. A enfermeira Luana Rafael Helbing, de 29 anos, também foi voluntária. “É uma ação de prevenção e também de consciência social e ambiental”, afirmou ela, que faz parte do Grupo Eco, instituição parceira nesta ação.
Paralelamente ao mutirão, foi realizada uma Oficina de Material Reciclável com cerca de cem crianças da comunidade, conduzida por quatro instrutores do Núcleo de Justiça Comunitária, que ensinaram a fazer brinquedos com sucata e a separar o lixo. •
Revista de Seguros – 24
FOTOS DE MARCELO BRAvO
Por GLORIA FARIA
A regulamentação do segmento de microsseguros
Aedição da resolução CNSP nº 244 de 7 de dezembro de 2011 veio disciplinar as operações de microsseguros e sua intermediação, conforme preceituam seus 11 artigos, alguns ainda passíveis de regulamentação.
É natural que a regulação de uma novidade, como é o caso do microsseguro, provoque de início uma série de dúvidas. É difícil regular o novo, sobretudo o inédito. A própria conceituação de microsseguro, a definição de seu alcance, suas condições específicas e seu público-alvo são desafios que merecem conceituação precisa, objetiva e técnica.
As intenções do normativo são óbvias e da pretendida simplicidade que o óbvio encerra não devemos nos afastar. Trata-se de, prioritariamente, estender a proteção que o seguro carrega a um contingente de pessoas que até então se encontravam a margem dela, ainda que dela necessitassem.
Projeções iniciais apontam para a incorporação de 20 milhões de pessoas ao mercado de bens e serviços. E é nessa massa expressiva e significativa para o crescimento da demanda de proteção do seguro que as seguradoras concentram seus esforços no sentido de construir uma melhor comunicação com a denominada “nova classe média”.
A experiência das seguradoras que participaram do programa-piloto de difusão do microsseguro no morro Santa Marta demons-
trou que a população local conhecia alguns benefícios da proteção do seguro, sobretudo do seguro funeral. Entretanto, a avaliação era de que esta proteção “não caberia no bolso” ou não sabiam onde “comprá-la”.
A norma define como público-alvo dessa nova modalidade “a população de baixa renda ou os microempreendedores individuais na forma da lei complementar 123/2006” e a observância dentre outros de parâmetros quanto aos tipos de produtos e coberturas oferecidas, limite máximo de garantia ou capital segurado, prazo máximo para pagamento da indenização ou do capital segurado, prazo de vigência, formas de comercialização (incluídos meios remotos) e formas de contratação (admitidas formas simplificadas).
Outra novidade é a criação da figura do correspondente de seguro que poderá intermediar a comercialização. Essa, uma boa forma encontrada para simplificar e desonerar a operação, é complementada pela figura do correspondente bancário ou financeiro que, também, poderá intermediar o microsseguro como estabelecido no Art. 9º da Resolução.
O jogo já começou e todos nós ganhamos. Aberto o acesso a essa nova forma de mecanismo de proteção social, é importante que os caminhos não se fechem com o pernicioso emaranhado da burocracia que pode, silenciosa e malignamente, sufocar mais uma conquista da “nova classe média”. •
Revista de Seguros – 25 Artigo Jurídico
“ A própria conceituação de microsseguro, a definição de seu alcance , suas condições específicas e seu público-alvo são desafios que merecem conceituação precisa, objetiva e técnica”
GlORIA FARIA Superintendente jurídica da CNseg
Por MARIA ELENA BIDINO (*)
A Conferência da ONU: RIO+20
demar Aguiar, o evento não ficará concentrado em um único espaço, como na Rio 92. As atividades estarão divididas entre a Cidade do Rock, o Autódromo e o Pier Mauá, e poderá ser incluída uma estrutura na Quinta da Boa v ista.
De acordo com o ministro, estão sendo esperados 100 chefes de Estado e 50 mil participantes. Mais de cinco mil jornalistas deverão ser credenciados prara cobrir a conferência, que será transmitida em tempo real para o mundo inteiro.
Há grandes expectativas em torno da realização da Rio+20, a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre desenvolvimento sustentável, que será realizada de 20 a 22 de junho de 2012, no Rio de Janeiro. Segundo o Secretário Nacional da Organização da Rio+20, ministro do Itamaraty Lau-
O objetivo da Rio+20 será avaliar o progresso dos compromissos assumidos na Rio 92 e buscar novos caminhos para a implementação do novo modelo de desenvolvimento sustentável, que se reflete na escolha dos dois temas centrais: transição para a economia verde, mais solidária e inclusiva, e a governança internacional para esse
Revista de Seguros – 26 Rio+20
A sustentabilidade entrou na agenda de todos os setores de todos os países, inclusive do Brasil
Maria Elena Bidino (de preto, no primeiro plano à esquerda), na reunião em Rüschlikon, Suíça, que reuniu 32 especialistas de 12 empresas de diferentes partes do mundo
desenvolvimento, colocando-o no centro de todos os fóruns internacionais e multilaterais.
A sustentabilidade entrou na agenda de todos os setores de todos os países, inclusive do Brasil. As propostas do governo brasileiro para a conferência baseiam-se em modelos de desenvolvimento global em favor da economia verde, da erradicação da pobreza e da adoção de práticas sutentáveis. Segunda a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o texto foi enviado em 01/11/11 ao secretário da conferência e fará parte do documento-base para as negociações que ocorrerão antes da Rio+20.
Esse documento da contribuição brasileira à Conferência Rio+20 trata de 25 temas e pode ser acessado no site: http://hotsite.mma.gov.br/rio20/ wpcontent/uploads/BRASIL_Rio_20_portugues.pdf.
A diretora-executiva da CNseg, Solange Beatriz Palheiro Mendes, entende ser necessária a inclusão do seguro nesse documento e pretende encaminhar proposta nesse sentido, considerando que gerenciamento de risco é parte essencial da atividade dos seguradores, sustentada na prevenção e indenização decorrentes das perdas seguradas. O seguro permeia as três dimensões do desenvolvimento sustentável: ambiental, social e econômico. •
mercado de seguros
A CNseg está engajada no compromisso de longo prazo da indústria de seguros para o desenvolvimento sustentável, e, por meio da sua comissão recém-criada de Sustentabilidade, formulará proposta de ações, alinhadas aos Princípios para Sustentabilidade de Seguros (PSS), nas questões: ambientais, sociais e de governança, identificados como riscos emergentes. Esses Princípios representam um estrutura de melhor prática global, para que o setor de seguro possa mitigar os riscos e, com isso, contribuir para atingir seu objetivo institucional: o desenvolvimento de uma sociedade sustentável.
A CNseg convida os players do mercado para colaborar com a pesquisa que tem o objetivo de identificar o estágio atual em que a indústria brasileira de seguros está em relação aos três PSS e a participar do lancamento dos Príncipios para Sustentabilidade em Seguros (PSS), pela UNEP FI, que ocorrerá no Seminário da IIS, de 17 a 20 de junho de 2012, cuja organização é compartilhada com a CNseg.
Revista de Seguros – 27
A presença da sustentabilidade no
(*) Maria Elena Bidino é superintendente de Assuntos Institucionais da CNseg.
DIv ULGAçãO
AMÉRICA DO NORTE 12 e 13 de junho Guelph, Ontario, Canadá
Em reunião entre os dias 7 e 9 de dezembro, no Swiss Re Center for Global Dialogue, em Rüschlikon, Suíça, com a participação de 32 especialistas representando 12 empresas de diferentes partes do mundo, foi cumprida uma robusta agenda de trabalho, que compreendeu a consolidação do resultado das consultas realizadas em diferentes regiões, conforme mapa a seguir:
O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DOS PPS: Global, Inclusivo e Consultativo
AMÉRICA DO NORTE 12 e 13 de junho Guelph, Ontario, Canadá
AMÉRICA LATINA E CARIBE 16 e 17 de maio São Paulo, Brasil
ÁFRICA 15 e 16 de março Johannesburg África do Sul
CNseg integrará o GT da Comissão de Seguros da UNEP FI
UNEP FI-PSI TEAM REUNIÃO GLOBAL 7 a 9 de dezembro Rüschlikon, Suíça
Com base no resultado dessa pesquisa consultiva, foi aprovada a alteração da estrutura dos PSS, conforme a estutura mostrada a seguir, antes e depois da reunião na Suíça:
UNEP FI MESA REDONDA GLOBAL 19 e 20 de outubro
AMÉRICA LATINA E CARIBE 16 e 17 de maio São Paulo, Brasil
ÁFRICA 15 e 16 de março Johannesburg África do Sul
EUROPA 25 e 26 de outubro Munique, Alemanha
OCEANIA 11 e 12 de agosto Auckland Nova Zelândia
ÁSIA 10 e 11 de novembro Tóquio, Japão
OCEANIA 11 e 12 de agosto
Auckland Nova Zelândia
APRIMORAMENTO DA ESTRUTURA DOS PRINCÍPIOS
Três áreas de influência apoiadas por relatórios Antes
Depois
Princípio 4 Relatórios
Princípio 3 Sociedade
Princípio 2 Cadeia de valor da indústria de seguros
Princípio 1
Princípios de negócios, estratégias e operações
Princípio 4 Relatórios
Princípio 3
Governo, órgãos reguladores, formuladores de políticas e outras partes relevantes interessadas
Princípio 2 Clientes e parceiros de negócios
Princípio 1 Negócio de Seguros
MIDDLE EAST & NORTE DA ÁFRICA 18 e 19 de setembro
Dubai UEA
Revista de Seguros – 28 Rio+20
MIDDLE EAST & NORTE DA ÁFRICA 18 e 19 de setembro Dubai UEA
Em decorrência, os PSS foram revisados e passam a ter a seguinte redação:
ACORDO DE RÜSCHLIKON ANTES/BEFORE DEPOIS/AFTER **
1. Consideraremos as questões ASG (*) em nossos princípios de negócios, de estratégias e de operações.
We will systematically consider ESG issues in our business principles, strategies and operations.
2. vamos interagir com os participantes da indústria de seguros para aumentar a conscientização sobre as questões ASG, reduzir os riscos e desenvolver soluções.
We will engage with insurance industry participants to raise awareness on ESG issues, reduce risk and develop solutions.
3. Trabalharemos em conjunto com a sociedade para melhorar a nossa efetividade na implementação dos Princípios.
We will work together with society to enhance our effectiveness in implementing the Principles.
4. Seremos transparentes, enviando relatórios sobre as nossas atividades ao implementar os Princípios.
We will be transparent by reporting on our activities in implementing the Principles.
(*) ASG : AMBIENTAIS, SOCIAIS E DE GOv ERNANCA
(**) Resultante da reunião realizada pela UNEP FI, de 7 a 9 de dezembro de 2011, na Suiça
A CNseg promoverá a divulgação dos PSS no mercado segurador brasileiro para que os mesmos sejam adotados e implementados, em harmonia com os objetivos da ONU:
1. Iremos incorporar em nosso processo de tomada de decisões as questões ambientais, sociais e de governanca – ASG – que sejam relevantes para o nosso negócio de seguros.
We will embed in our decision-making ESG issues relevant to our insurance business.
2. vamos interagir com nossos clientes e parceiros comerciais para aumentar a conscientização sobre as questões ASG, gerenciamento de riscos e desenvolvimento de soluções.
We will engage with insurance industry participants to raise awareness on ESG issues, reduce risk and develop solutions.
3. Trabalharemos em conjunto com governos, órgãos reguladores, formuladores de políticas e outras partes interessadas para promover ações coletivas no gerenciamento de riscos ASG.
We will work together with (government, regulators, policymakers) and other key stakeholders to promote collective actions in managing ESG risks.
4. Demonstraremos responsabilidade e transparência aos nossos stakeholders, divulgando periodicamente nossos progressos na implementação dos Princípios.
We will demonstrate accountability and transparency by disclosing to our stakeholders our progress in implementing the Principles.
TRANSFORMAR PRINCÍPIOS EM PRÁTICA
Uma iniciativa da indústria mundial de seguros apoiada pela ON para impulsionar a adoção e implementação dos princípios
ativa da indústria mund ulsionar a imp apoiada pela ONU os ial seguros plementação do
Parceria inovadora com a UNEP e Sistema da ONU
Pequisa global de seguro e centro de treinamento
Implementação dos princípios em todos os ramos de seguros e em todos os países
Players da indústria mundial de seguros como signatários
Política Predominante de Seguro Sustentável
Engajamento com governos e outras partes interessadas
Redes regionais, rede acadêmica
Revista de Seguros – 29
Seguradoras comemoram crescimento de 17% no ano
O bom desempenho foi puxado principalmente pelos resultados do segmento de vida e Previdência, que chegou a 25,6%
As seguradoras têm motivos de sobra para comemorar 2011. As vendas ficaram cinco pontos percentuais acima do previsto. A expectativa era crescer 12% e os números consolidados até novembro apontam avanço de 17%, o que resulta em faturamento de R$ 218,6 bilhões. Desse total, R$ 106 bilhões retornaram à sociedade em pagamento de indenizações, sorteios e resgate de planos de previdência. Trata-se de um número e tanto, considerando-se que a expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2011 fique abaixo de 3%.
“Esperamos ser surpreendidos novamente em 2012, com o índice de crescimento estimado em 12,8%, o que em números significa R$ 246,8 bi-
lhões, para uma evolução de 3,5% do PIB”, disse o presidente da CNseg, Jorge Hilário Gouvêa vieira. Caso se confirme, a participação do setor no PIB passará dos 5,1% de 2010 para 5,4% em 2011. Em investimentos, o setor acumulou em 2011 reservas de R$ 444 bilhões aplicadas no mercado financeiro. “Somos um dos maiores administradores de poupança doméstica. Isso significa uma forte contribuição para o desenvolvimento social e econômico do País”, ressalta o presidente da CNseg.
Apesar de o Brasil estar pouco exposto aos efeitos da crise na zona do euro, em termos de comércio internacional, ainda pode sofrer reflexos, caso haja redução do Investimento Estrangeiro Direto (IED), uma vez que 58% dos recursos vieram dos países europeus em 2011, sendo boa parte para tais projetos. São previstos R$ 300 bilhões em projetos de infraestrutura nos próximos cinco anos. Caso tais investimentos se concretizem, poderão gerar prêmios de R$ 8 bilhões para as seguradoras, principalmente nas carteiras de seguro garantia, riscos de engenharia e de responsabilidade civil.
Revista de Seguros – 30 Desempenho do Setor
Por DENISE BUENO
Crescimento/2010-2011 Seguros Gerais: R$ 42,6 bilhões 13,2% v ida e Previdência R$ 77,5 bilhões 25,6% (recorde) Saúde Suplementar (*) R$ 84,8 bilhões 10% Capitalização R$ 13,5 bilhões 15% (*) Inclui medicina de
Dados CNseg Resultado 2011
grupo, assistência médica e seguro saúde. Não inclui os planos odontológicos, que crescem a uma taxa de 20% ao ano.
FenSeg
Para Neival Rodrigues, diretor-executivo da FenSeg, o ano de 2011 foi marcado por grandes mudanças no segmento de Seguros Gerais, em virtude do crescimento expressivo dos ramos habitacional, transportes, garantia e de responsabilidades. O seguro de automóvel, que corresponde a 50% dos prêmios, teve o menor desempenho, com crescimento de 7%.
O desempenho foi afetado pelas medidas restritivas do crédito, uma vez que 80% da frota segurada são formados por veículos zero e com até seis anos de uso. As seguradoras também tiveram de driblar problemas causados pelo encarecimento das peças, em razão da lei da oferta e demanda; além da elevação dos custos de mão de obra. “Para tornar o cenário ainda mais tenso, o setor enfrenta a concorrência das associações e cooperativas, que operam irregularmente com proteção veicular”, comenta.
Em 2012, a FenSeg pretende ampliar a divulgação dos ramos menos conhecidos – garantia, rural e responsabilidade civil – e dar andamento às pendências para tornar realidade o seguro de carro popular. “Uma forma de baratear o seguro seria aprovar a lei de regulamentação dos desmanches”, avalia. Há dois projetos em pauta no Congresso, sem previsão para entrar na pauta de votação. Ao tornar o preço do seguro de carro mais acessível, mais de 20 milhões de veículos entre 6 e 15 anos de uso podem se tornar clientes das seguradoras.
Além do automóvel, que perde participação no mix de produtos em decorrência do crescimento de outros ramos, a federação vai desenvolver programas de treinamento, tanto para os profissionais das empresas seguradoras como para os corretores de seguros, com vistas a qualificá-los adequadamente para atender ao crescimento esperado para o mercado.
FenaPrevi
Em v ida e Previdência, o grande destaque do ano foi o vigoroso crescimento de 25,8%. Os efeitos da desaceleração da economia no último trimestre sequer foram sentidos, pois as empresas focaram a atenção no desenvolvimento de produtos para o consumidor de baixa renda. Segundo
Marco Antonio Rossi, presidente da FenaPrevi e da Bradesco Seguros, a área de previdência se mostra consolidada.
“Depois de anos de campanhas, as pessoas estão mais conscientes de que precisam poupar para o futuro. Já em v ida, apesar do forte crescimento, ainda há muito espaço para conquistar, principalmente por conta da regulamentação do microsseguros”, diz.
Para 2012, as expectativas são ainda melhores em razão da entrada de novos consumidores no setor, boa parte deles vindo das comunidades
Revista de Seguros – 31
“
O ano foi marcado por grandes mudanças no segmento, em virtude do crescimento expressivo dos ramos habitacional, transportes, garantia e de responsabilidades”
Neival Rodrigues
“
As pessoas estão mais conscientes de que precisam poupar para o futuro. Já em Vida, apesar do forte crescimento, ainda há muito espaço para conquistar”
Marco Antonio Rossi
ARQUI v O CN SEG
F OTOS DE R OSANA B IKIERMAN
pacificadas do Rio de Janeiro. O desenvolvimento de produtos e a comunicação com o público de menor renda estão entre as prioridades da FenaPrevi. “ vamos levar o projeto desenvolvido no Santa Marta para as diversas comunidades pacificadas e também para São Paulo e regiões Norte e Nordeste do Brasil”, afirmou.
FenaSaúde
Em Saúde, o crescimento das vendas, estimulado pelo baixo índice de desemprego e aumento da renda da população, foi o grande destaque do ano, segundo Márcio Coriolano, presidente da FenaSaúde e da Bradesco Saúde. Entre as conquistas do setor, está a flexibilização das exigências para as pequenas e médias operadoras.
“As perspectivas continuam positivas para o segmento de planos de saúde empresariais para pequenas e médias empresas e também de planos odontológicos, que crescem a uma taxa média anual de 20% há dez anos”, informa. Outro mercado que deve crescer é o seguro saúde por adesão de associações de caráter profissional.
Em 2012, o foco da FenaSaúde continuará no debate pela melhoria da regulamentação. “Há aspectos que podem ser revistos para que o custo do plano de saúde se torne mais acessível para a população, principalmente a de menor renda”, acrescentou. A FenaSaúde continuará estimulando os beneficiários a adotar hábitos saudáveis, mediante programas das empresas de promoção à saúde e prevenção de doenças.
FenaCap
O segmento de Capitalização prevê um ano novo cheio de novidades, depois de ter passado os últimos anos preparando produtos e serviços para atender a diversos segmentos da economia e classes de consumidores. A receita gerada por todos os títulos deverá ficar em R$ 13,5 bilhões, um crescimento de 15%, em relação a 2010. As provisões técnicas cresceram 10,9%, passando para R$ 18,6 bilhões. Deste total, o setor retornou à sociedade R$ 11,1 bilhões sob a forma de sorteios, para 300 mil ganhadores.
Segundo Paulo Rogério Caffarelli, presidente da FenaCap, em 2012 o setor deverá seguir o mesmo ritmo de crescimento. Entre as prioridades, está a educação financeira. A FenaCap elabora um manual de boas práticas – a exemplo de importantes entidades ligadas ao mercado financeiro – fundamentado nos princípios éticos, missão e valores do setor, dirigido aos colaboradores das empresas e aos canais de distribuição dos títulos de capitalização. •
Revista de Seguros – 32
“ Há aspectos que podem ser revistos para que o custo do plano de saúde se torne ainda mais acessível para a população, principalmente a de menor renda”
Márcio Coriolano
“ No ano de 2012, o setor deverá seguir o mesmo ritmo de crescimento. Entre as prioridades, está a educação financeira, e a FenaCap elabora um manual de boas práticas”
Paulo Caffarelli
O G-20 – Um governo mundial na sombra?
O grupo assumiu, no auge da crise financeira, a responsabilidade pela arquitetura do sistema regulador e fiscalizador mundial
Desde 2008 nossa pauta reguladora mundial tem sido fortemente influenciada pelo G-20. De modo bastante singular, o G-20 é somente uma rede de governos nacionais sem legitimação de tratado. Porém, os países representados no grupo (de facto por autonomeação) respondem por 80% do PIB mundial e pelos fluxos do comércio internacional, além de abrigar dois terços da população do planeta. Portanto, de certo modo, eles podem ser considerados uma espécie de governo mundial na sombra, enquanto os demais apoiam suas decisões.
Estes 19 países e um representante da União Europeia assumiram, no auge da altíssima crise financeira há três anos, a responsabilidade pela arquitetura do sistema regulador e fiscalizador mundial. Sua agenda geral incluiu, entre outras questões, um compromisso de que todos os mercados financeiros, produtos e participantes sejam regulamentados ou estejam sujeitos à supervisão. Incluiu ainda a elaboração de medidas abrangentes para solucionar o caso de instituições financeiras de importância sistêmica (SIFIs) e a identificação de problemas relativos à estabilidade financeira. Durante a recente crise, as SIFIs foram conside -
radas importantes demais para falirem e, desta maneira, tomaram enormes quantias da ajuda pública oferecida. Isto, por sua vez, converteuse em um aumento do déficit no setor público e deflagrou uma poderosa crise na dívida.
Em sua última reunião nos dias 3 e 4 de novembro, em Cannes, o G-20 finalmente aprovou a primeira lista de instituições financeiras mundiais de importância sistêmica do setor bancário (as chamadas G-SIFIs), que compreende 29 instituições de todo o mundo, incluindo Europa, Estados Unidos, China e Japão. A presença na lista tem seu preço: exigências especiais sobre resolução, maior capacidade de absorção de perda (de 1% para 3,5%) e, finalmente, mais supervisão. A lista será atualizada anualmente. As exigências sobre resolução precisarão ser cumpridas até o final de 2012 e serão necessárias elevadas despesas de capital, a partir de 2016.
Esta lista de instituições financeiras mundiais de importância sistêmica do setor bancário, quando conveniente, será complementada por entidades do setor não bancário. No caso das seguradoras, a questão deverá ser solucionada na próxima cúpula do G-20, em junho de 2012, no México. Com otimismo, esta questão será resolvida considerando-se inteiramente as especificidades do mercado de seguros e suas companhias. •
Revista de Seguros – 33 Associação de Genebra
Por JAN MONKIEWICZ (*)
(*) Vice-secretário geral, chefe do PROGRES e contato para o leste Europeu na Associação de Genebra.
Os países do grupo respondem por 80% do PIB mundial, além de abrigar dois terços da população do planeta
O desafio é atender aos diferentes públicos
respectivas estruturas e perspectivas. “Nesta reunião prévia, mostramos aos fornecedores de TI as necessidades da indústria de seguros, para que eles tragam, ao evento de 2012, soluções e processos de tecnologia que ajudem a popularizar e a baratear os produtos de seguros”, disse o presidente da Comissão de Processos e Tecnologia da Informação (CPTI) da CNseg, Roberto Almeida.
OFórum de Inovação CNseg, realizado em 30 de novembro na capital paulista, para identificar os assuntos de interesse do mercado que deverão ser debatidos durante o próximo Insurance Service Meeting, lançou um desafio aos fornecedores de tecnologia da informação para o setor de seguros: apresentar soluções e processos que possam atender às diferentes classes sociais e às novas gerações.
Além de profissionais do segmento de TI, o fórum reuniu representantes das quatro federações ligadas à CNseg (FenSeg, FenaPrevi, FenaSaúde e FenaCap), que apresentaram suas
O resultado do que ele classificou de brainstorming será analisado pelos membros da CPTI ainda neste ano e apresentado no Insurance Service Meeting, entre os dias 16 e 18 de março, em Agra dos Reis (RJ). “Existe uma diversidade de público e de produtos e serviços de seguros. Como a tecnologia pode ajudar a oferecer o produto certo para cada tipo de público é o grande desafio da área de TI”, reforçou.
Classes e gerações
A sociedade atual é complexa, na avaliação de Rafael Caetano, especialista em marketing on-line da Seguradora Porto Seguros. As gerações de veteranos, boomers, x, y e Z interagem entre si, mas cada qual apresenta comportamentos e valores bastante distintos. “Os veteranos valorizam mais o contato pessoal, mas as gerações y e Z adoram se relacionar pelos meios eletrônicos”, exemplificou.
Se não é fácil para o setor de seguros atingir esses consumidores, ainda existem outros fatores que dificultam mais o alcance do objetivo. Caso do excesso, ou, como nomeou Rafael Caetano “obesidade” da informação. Ele apontou, ainda, o aumento da jornada de trabalho e do número de divórcios (crescimento de 200%), o que, por sua
Revista de Seguros – 34 Insurance Meeting 2012
Por MÁRCIA
ALvES
“ Os veteranos valorizam mais o contato pessoal, mas as gerações Y e Z adoram se relacionar pelos meios eletrônicos”
Rafael Caetano
A tarefa do setor de TI é desenvolver soluções que atendam a todas as classes sociais e às novas gerações
vez, está mudando a estrutura familiar brasileira. As redes sociais, a mobilidade e a telefonia celular também interferem na forma de interação do consumidor com as empresas.
As federações
Luis Peregrino e Alexandre Penner, respectivamente, diretor-executivo e gerente da FenaPrevi, apresentaram a estrutura da entidade e os pro -
dutos oferecidos para cobrir os “infortúnios” da sociedade. Atualmente, os seguros de pessoas são comercializados por 65 seguradoras, que arrecadaram em prêmios R$ 36,7 bilhões, em 2010, e neste ano, até julho, R$ 30,4 bilhões. Já a previdência complementar é composta por 24 seguradoras, 20 entidades de previdência aberta sem fins lucrativos e cinco com fins lucrativos. Juntas, possuem mais de 187 mil planos coletivos com mais de 11 milhões de participantes.
De acordo com o gerente Joel Gomes, da FenSeg, de 2009 para 2010, os Seguros Gerais cresceram 14,2% em prêmios, passando de R$ 32,9 bilhões para R$ 37,6 bilhões. Entre as ações em andamento, ele destacou o seguro popular para o automóvel usado, cuja proposta aguarda aprovação da Susep desde 2008. Uma esperança é o Projeto de Lei do Senado 616/11, do senador Romero Jucá, que trata da desmontagem de veículos e que deverá substituir projeto semelhante do senador Romeu Tuma, vetado pela presidente da República. “Com a tramitação do PLS e a regulamentação das operações de microsseguro, poderemos discutir com a Susep as regras para o desenvolvimento do seguro popular para automóveis usados”, afirmou.
José Cechin, diretor-executivo da FenaSaúde, apresentou números grandiosos do segmento. Atualmente, 29 empresas divididas em 15 grupos empresariais participam da entidade, as quais respondem por 20,2 milhões de beneficiários, ou 33,6% do total do mercado de planos médicos e odontológicos. Em 2009, o segmento arcou com despesas assistenciais da ordem de R$ 19,7 bilhões e, em 2010, de R$ 21,3 bilhões.
Cechin reconheceu que o setor enfrenta inúmeros problemas, como o encarecimento da medicina devido à incorporação de novas tecnologias, as constantes mudanças na regulamentação e a judicialização. Entretanto, ele comentou sobre uma pesquisa recente que indicou o plano de saúde como o segundo objeto de desejo da população, perdendo apenas para a casa própria. “Temos de aproveitar o fantástico potencial de crescimento do País”, disse. No primeiro semestre de 2011, o setor de capitalização, segundo Carlos Pestana, da FenaCap, acumulou reservas de R$ 18 bilhões, atingindo o faturamento de R$ 6,6 bilhões. No mesmo período, a capitalização sorteou 133 milhões de títulos, que resultaram no pagamento de R$ 254 milhões. Embora o número de reclamações seja muito baixo – preciso 0,00903% dos 40 milhões de clientes–, Pestana apontou desafios, como “crescer com qualidade e aperfeiçoar a imagem do segmento”. Sobre ambos, argumentou que por ser um produto de oferta, a qualidade e a transparência são necessárias. •
Público no evento: debatedores mostraram as necessidades da indústria de seguros, para que os fornecedores de TI apresentem, no evento de 2012, soluções e processos de tecnologia para popularizar os produtos
Revista de Seguros – 35
“ Como a tecnologia pode ajudar a oferecer o produto certo para cada tipo de público é o grande desafio da área de TI”
F OTOS A NTRANIK
Roberto Almeida
Congresso dos Corretores
Apesar da crise, mercado manterá ritmo de expansão
Regulamento conservador de aplicação das reservas técnicas é uma salvaguarda para as seguradoras brasileiras
Orisco de uma nova recessão mundial é efetivo em 2012 e existe o perigo de algum contágio da economia brasileira, mas o mercado segurador brasileiro manterá a trajetória de expansão no próximo ano. Renda, emprego, juros menores e oferta de crédito, ingredientes para o mercado doméstico permanecer dinâmico, são também fatores que blindam o seguro da crise financeira mundial, desta vez a cargo dos países da Zona do Euro.
Nesse quadro, quase todos os ramos, sobretudo os mais tradicionais, como Automóvel, as apólices voltadas para infraestrutura, como Riscos de Engenharia ou Garantia, e os de benefícios, como Saúde, v ida e Previdência, estão aptos a consolidar novo crescimento. Os rumos do setor, da economia brasileira e do cenário mundial foram tratados durante o xvII Congresso Brasileiro dos Corretores de Seguros e I Congresso Brasileiro de Saúde Suplementar, eventos que ocorreram, em Brasília, de 23 a 25 de novembro. Na abertura do evento, o presidente da CNseg, Jorge Hilário Gouvêa vieira, destacou a evolução do mercado nas últimas décadas e ressaltou a importância do papel do corretor neste cenário. “A participação destes profissionais em nichos como microsseguros e seguros de infraestrutura, para as obras do PAC e dos grandes eventos esportivos, também será fundamental”, afirmou.
Economia mundial
Olhando as perspectivas do mercado mundial, a sensação é de alívio. O presidente da Zurich Seguros na América Latina, Antonio Cássio dos Santos, faz um prognóstico sombrio da economia mundial. Juros em queda, inflação
Revista de Seguros – 36
Por vAGNER
RICARDO
Representantes do mercado, na solenidade de abertura do evento, entre o presidente da CNseg, Jorge Hilário (à esquerda), e da Fenacor, Robert Bittar (à direita)
FOTOS GABRIEL HEUSI
em baixa, com risco de deflação, alta volatilidade dos ativos, enfim, um cenário bastante nebuloso.
A economista-chefe do Banco Icatu Seguros, v ictoria Werneck, concorda com o quadro desolador da economia mundial, “que conviverá com um crescimento anêmico ou de recessão na Zona do Euro”.
O economista Claudio Contador, da Escola Nacional de Seguros, assinala que o agravamento da crise da Europa poderá desencadear uma depreciação preocupante de ativos financeiros no mercado mundial, afetando duramente as seguradoras estrangeiras dos mercados desenvolvidos. Nos Estados Unidos, cujas reservas alcançavam U$$ 15,360 trilhões em 2010, a depreciação poderia atingir 31%; no Japão, com 419 bilhões de ienes, 28%, na Alemanha, com 750 bilhões de euros, 37%. Este é um grande problema do mercado segurador mundial, se a crise da Zona do Euro se aprofundar, destaca ele.
Reservas técnicas
O regulamento conservador para a aplicação das reservas técnicas tem salvado as seguradoras brasileiras de problemas dessa magnitude. Claudio Contador diz que o mercado tem condições de fechar o primeiro semestre de 2012 com crescimento real de 20%. v ictoria Werneck lembra que o consumo das famílias responde por 60% do PIB e que há condições de o País crescer continuamente até 2014. Pelos seus cálculos, os índices devem chegar a 3,2% (2011), 3,8% (2012); 4,3% (2013); e 4,5% (2014).
Mas a perspectiva de queda dos juros básicos reduzirá o fôlego do mercado para operar com resultado positivo, obrigando-o, dependendo do caso, a corrigir os valores dos prêmios, dada à queda dos ganhos financeiros das reservas técnicas. Na carteira de automóvel, por exemplo, o ajuste deve começar já, porque a Selic está em queda e a mão de obra, aquecida – nos 12 meses encerrados em agosto, subiu quase 30%.
Apesar disso, a exigência de prêmios maiores para compensar a redução dos ganhos financeiros das reservas técnicas não prejudica a expansão dos negócios no ramo de automóvel,
segundo garantiram executivos da Bradesco, SulAmérica, Porto Seguros, HDI, Zurich, presentes no encontro. Afinal, a produção de carros no País deve chegar a 2016 a 5 milhões, contra os atuais 3,7 milhões, ampliando o potencial do seguro.
Conjuntura favorável
Os juros em queda estimulam o consumo, abrindo um leque de oportunidades em ramos massificados, como garantia estendida e danos elétricos para eletrodomésticos, por exemplo. Há ainda negócios puxados pelas obras de infraestrutura, considerando-se os elevados investimentos para a Copa do Mundo de 2014, Olimpíadas e na área de energia.
A conjuntura é também favorável às apólices de benefícios. O presidente da FenaSaúde, Marcio Coriolano, chama a atenção para as perspectivas promissoras dos planos de saúde. Ele lembra que, apesar da desaceleração do PIB ocorrida este ano, o mercado de saúde suplementar surpreendeu, apresentando a mesma taxa de crescimento de 2010. Ou seja, uma taxa média de crescimento de 8% e uma receita próxima de R$ 90 bilhões. No caso dos grandes grupos, o faturamento estimado é de 15% sobre o de 2010. Renda e emprego são as duas palavras mágicas na dinâmica do setor, explica ele.
O mercado de 2012 ainda tem outras surpresas. A perspectiva de aprovação da Lei Geral de Seguros, tema esse que motivou a CNseg a constituir uma comissão para propor sugestão à legislação a ser aprovada pelo Congresso Nacional; a estreia do microsseguro, após a regulamento de seu marco regulatório; e esperança de alguma solução para os chamados riscos declináveis, tendo em vista o esforço do mercado em avaliar alternativas para as atividades com elevado nível de sinistralidade. Enfim, o ano promete boas novas. •
faz prognóstico sombrio da economia mundial e prevê um cenário bastante nebuloso
Revista de Seguros – 37
Antonio Cássio dos Santos
Brasil concentra as atenções da indústria global
OBrasil está no centro das atenções da indústria global de resseguros devido ao potencial deste mercado que deve arrecadar R$ 5,3 bilhões, até o final deste ano, segundo a CNseg – um crescimento de 15% sobre o ano anterior. Essas oportunidades, impulsionadas pelos grandes eventos previstos para o País e pelos investimentos na indústria do petróleo, foram apresentadas e debatidas por especialistas do Brasil e do exterior no 1º Encontro de Resseguro do Rio de Janeiro, realizado em conjunto pela CNseg, Aber, Abecor e Escola Nacional de Seguros, em 20 de outubro, no Hotel Sheraton.
“O crescimento do setor de seguros no Brasil é tão forte, que, quando falamos em pré-sal e Olimpíadas, isso é só uma parte do negócio. Há ainda seguro-garantia, por exemplo, que está ligado a todas as obras, como as do PAC”, afirmou José Américo Peón de Sá, que representou o presidente da CNseg, Jorge Hilário Gouvêa vieira, na abertura do encontro, promovido pela Confederação em parceria com a Aber (Associação Brasileira das Em-
presas de Resseguros), Abecor-Re (Associação Brasileira das Empresas de Corretagem de Resseguros) e pela Escola Nacional de Seguros.
No primeiro painel, o diretor Financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, apresentou o plano de investimentos da estatal para 2011 a 2015, que soma US$ 224,7 bilhões, dos quais US$ 53 bilhões na área do pré-sal. “Isso gera uma demanda imensa de seguros. Acho até que está na hora de a Petrobras criar uma resseguradora”, brincou Barbassa, lembrando que a companhia deve encomendar até 2020 cerca de 50 plataformas, com valor de mais de US$ 1 bilhão cada.
Volume de prêmios
Carlos v inicius Coutinho, coordenador de Risco Petróleo do IRB Brasil-Re, ressaltou que até julho de 2011, o mercado de seguros de risco de Exploração e Produção de petróleo no Brasil pagou prêmios de R$ 286 milhões, um volume maior que o observado ao longo de 2010. Do total registrado no primeiro semestre de 2011, 85% foram para as resseguradoras.
Revista de Seguros – 38 Resseguro
Por CLAUDIO DE SOUZA
A arrecadação do mercado brasileiro de resseguros deve chegar a R$ 5,3 bilhões este ano
“ Nos baseamos nas demandas enviadas pelo MP, beneficiários, prestadores de saúde e operadoras de planos de saúde”
Mauricio Ceschin
Coutinho afirmou que o Brasil é, atualmente, o País mais atrativo para a área de resseguros de óleo e gás do mundo. “O fato de o País estar praticamente livre de catástrofes naturais também o torna mais atrativo”, avaliou, lembrando que há projetos com valor total de até US$ 4 bilhões.
Susan Capocci Swails, da Chartis Insurance, ressaltou que os elevados valores da indústria de óleo e gás são os maiores desafios para a indústria de resseguros. “Mesmo quando um acidente não é manchete dos jornais, os prejuízos podem chegar a US$ 1 bilhão”, disse a especialista, lembrando que o custo do recente acidente no Golfo do México chegou a US$ 20 bilhões.
Maria Elena Bidino, da CNseg, que participou do mesmo painel de Susan, ressaltou o aprendizado da indústria nacional no setor. “Na década de 1980, a Petrobras levou cinco anos para fazer o seguro da plataforma de Enchova e, quando o fez, houve perda total no primeiro ano, com um valor de US$ 325 milhões. Depois disso, a companhia não hesitou mais em fazer seguros de suas plataformas”, disse Maria Elena.
Demanda por seguros
Além do pré-sal, os grandes eventos previstos na agenda do Rio de Janeiro até as Olimpíadas de 2016 também criarão uma forte demanda por seguros. O secretário municipal de Conservação e
Serviços Públicos, Carlos Roberto Osório, ressaltou que só para a infraestrutura dos Jogos Olímpicos estão previstos investimentos de US$ 11,6 bilhões. “O comitê organizador está ciente da necessidade de contratação de uma gama muito complexa de seguros e está trabalhando para isso. Podem ter certeza que haverá muita oportunidade de negócios nesse setor”, afirmou o secretário.
Duncan Fraser, executivo da JLT Re, falou sobre a experiência na estruturação de seguros das Olimpíadas de Londres, em 2012. Fraser lembrou que a contratação de seguros para as Olimpíadas ocorre antes, durante e depois do evento e para as mais variadas modalidades, mas exige uma cuidadosa política de subscrição de riscos.
“O mercado deve se preparar para o inesperado e não subestimar a grandiosidade de um evento como as Olimpíadas”, disse Fraser, citando exemplos de coberturas que vão de repatriação de convidados internacionais, a acidentes com o público e equipamentos de terceiros, além dos contratos de construção e operação da infraestrutura esportiva.
Alinhamento político
A criação do Centro Nacional de Resseguros no Rio de Janeiro ganhou força no evento. A secretária de Finanças do Rio de Janeiro, Eduarda de La Roque, que participou da cerimônia de abertura do evento, afirmou que é o momento certo para a concretização dessa reivindicação da CNseg, devido a dois principais motivos: a situação econômico-financeira extremamente favorável do Rio e o alinhamento político das esferas de poder.
O projeto é levar o Centro de Resseguros para a área portuária da cidade, que passa por um processo de revitalização. “Estamos fazendo um trabalho muito sério para revitalizar a área, com alinhamento das esferas de poder público e do setor privado. A área pode se transformar em um centro nacional e até internacional de resseguros”, afirmou Eduarda.
O diretor-executivo da Agência Rio de Negócios, Marcelo Haddad, informou que dez resseguradoras já demonstraram interesse em se instalar na área. “O Rio tem a maior concentração de talentos e mão de obra qualificada do setor”, acrescentou. •
Almir Barbassa, diretor Financeiro da Petrobras, apresentou o plano de investimentos da estatal para 2011 a 2015, que soma US$ 224,7 bilhões e gera uma demanda imensa de seguros
Revista de Seguros – 39
Paulo Pereira, presidente da Aber; Renato Campos, diretor-executivo da Escola Nacional de Seguros; Eduarda la Roque, secretária de Finanças do Estado do Rio de Janeiro; José Américo Peón de Sá, assessor da Presidência da CNseg; Luciano Santanna, superintendente da Susep; Carlos Alberto Protásio, presidente da Abecor
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O comitê organizador (das Olimpíadas) está ciente da necessidade de contratação de seguros. Podem ter certeza que haverá muita oportunidade de negócios nesse setor
Carlos Osório
FOTOS : A RI K A y E
Circular altera cláusulas e muda conceito do produto
O texto em análise na Susep muda as regras de comercialização e a forma de execução das apólices
Mudanças profundas estão previstas para o mercado de seguro garantia, modalidade que garante o total e fiel cumprimento das obrigações assumidas pelo tomador junto ao segurado, em contratos privados ou públicos e em licitações. Segundo o presidente da Comissão Técnica da Federação de Seguros Gerais (FenSeg), Rogério vergara, todas as cláusulas da Circular 232, em análise pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), e ainda sem data prevista para entrar em vigor, foram alteradas, trazendo mudanças para o conceito do produto, a forma de execução de uma apólice e de reclamação de um sinistro, entre outros.
O texto normativo estabelece as regras básicas para a elaboração e comercialização de planos de seguro relativos ao seguro garantia, além de divulgar condições padronizadas para os setores público e privado.
O seguro garantia tem a função de cobrir os prejuízos decorrentes do não cumprimento dos
contratos e, desta forma, além de proteger os beneficiários, também é um produto de qualificação das empresas. Dentro da Lei das Licitações, o seguro é a forma de caução mais barata e acessível aos tomadores, comparado aos títulos públicos federais ou às cartas de fiança bancária.
Para a execução de grandes obras, como as que estão sendo projetadas para a Copa do Mundo e as Olimpíadas, o garantia é uma das opções de fiança mais atraentes – que deve ser consolidada com as inovações da Circular 232.
Estrutura básica
As transformações no normativo que rege o segmento começam na estrutura básica do produto: antes havia seis ramos diferentes dentro do escopo do seguro garantia e, a partir da nova norma, serão apenas dois ramos, por exemplo. Além disso, as condições gerais estão muito mais específicas e detalhadas, contrastando com a superficialidade da norma até o momento. Dessa forma, a circular traz mais segurança para o segurado, o beneficiário e a empresa pública. Com a norma, a intenção da Susep é fazer com que o produto tenha o menor grau de modificação possível. Por um lado, para o consumidor final do produto garantia, que são as empresas públicas, isto é positivo porque faz com que os consumidores tenham um produto adequado e padronizado, proporcionando conforto aos beneficiários. Mas, por outro, a rigidez aplicada à nova circular pode dificultar o cumprimento de
Revista de Seguros – 40 Seguro Garantia
Por LENIR CAMIMURA
Rogério Vergara, entre Carlos Hayos (Fundacion Mapfre) e Alexandre Malucelli (Associação Panamericana de Fianças e Garantia), debate as sugestões da FenSeg
algumas necessidades específicas, que demandam um instrumento jurídico específico.
“Se após a publicação da Circular 232 for divulgada uma licitação da Agência Nacional de Petróleo (ANP), por exemplo, e no edital de licitação for pedida alguma cláusula específica, que terá de ser refletida nas apólices, não será possível cumprir com a exigência, porque não vai haver tempo hábil para que se prepare a cláusula, envie à Susep para análise e aprovação, até que essa especificidade seja incluída nas apólices”, explicou vergara.
Situações como essa demonstram que a Susep, em relação ao seguro garantia, tem uma boa percepção do produto, mas, como seu foco é a regulamentação, controle e fiscalização de seguradoras massivas, às vezes algumas aplicações são impostas também ao segmento de seguro garantia, que é muito mais específico.
vergara disse que o mercado sente falta de uma maior abertura da Susep para ouvir as reivindicações e propostas do setor a respeito das necessidades do consumidor final e da percepção do mercado. “Precisamos trocar mais informação com a Susep, aprofundar mais o conhecimento técnico da agência a respeito do produto”.
Consulta pública
A Circular 232 foi objeto de Consulta Pública na Susep por 30 dias. As sugestões enviadas pela FenSeg foram construídas em parceria com representantes de seguradoras, resseguradoras
e organismos públicos, durante o II Encontro de Seguro Garantia, realizado pela FenSeg, dias 25 e 26 de outubro, em Brasília.
O objetivo do encontro era aproximar as seguradoras do público consumidor final do produto garantia, criando um canal com as empresas públicas, a fim de conhecer as impressões acerca do produto e apresentar os problemas que cada player enfrenta. Esta foi a primeira vez que empresas públicas e seguradoras participaram de uma reunião conjunta na Comissão Técnica.
O II Encontro de Seguro Garantia possibilitou a abertura de um canal de comunicação com as empresas públicas, que determinam a necessidade de existência do seguro garantia, ainda que já seja possível notar que algumas empresas privadas, especialmente as que foram privatizadas, estão buscando garantias na tentativa de preservar um pouco mais a execução dos contratos.
O que a FenSeg pretende é mostrar às empresas públicas que o mercado de garantia está disposto a buscar soluções para que seus produtos continuem sendo aceitos nos processos licitatórios.
“O seguro garantia é muito mais acessível do que qualquer outro tipo de fiança hoje no mercado. Mas, se o órgão público não o aceita, ele pode exclui-lo da legislação e passar a privilegiar outras formas de garantia. Se o garantia não tem gerado a segurança e conforto que as empresas públicas buscam, é porque há uma série de exigências que dificultam sua contratação. Nosso objetivo é eliminar essas questões”, disse vergara. •
Rogério Vergara
Revista de Seguros – 41
“ Se o garantia não tem gerado a segurança e conforto que as empresas públicas buscam, é porque há uma série de exigências que dificultam sua contratação”
FOTOS DE GABRIEL HEUSI
Alexandre Santos
Economia favorece seguros de linhas financeiras
As
Oambiente econômico do País é favorável ao desenvolvimento dos seguros de linhas financeiras. O crescente número de empresas investidoras no mercado de capitais, o aumento das fusões e aquisições e o volume de licitações em curso favorecem a carteira, que tem coberturas cada vez mais amplas, inéditas e sofisticadas. A percepção foi partilhada no I Encontro Internacional de Seguros de Linhas Financeiras, realizado pela FenSeg, dia 4 de novembro, em São Paulo.
Além da economia, as penalidades e a responsabilização dos administradores de empresas pelo Judiciário e governo também influenciam o crescimento do seguro. “ vejo um ambiente de maior litigância no Brasil, a legislação está mudando e o Ministério Público está muito ativo”, disse o corretor Paulo Baptista, da Marsh.
No caso do seguro no D&O, o aumento da demanda tem relação direta com a atuação de dois órgãos de supervisão de mercado – a Comissão de valores Mobiliários (C vM) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) – que costumam oferecer às empresas e administradores a possibilidade de acordos como alternativa ao Judiciário.
Soluções de conflitos
A CvM adota o Termo de Compromisso (TC) para soluções de conflitos. Um dos casos mais famosos, segundo Celso Soares (Itaú Seguros), foi o TC aplicado à empresa francesa vivendi, em 2010, de R$ 150 milhões. Segundo Alexandre Pinheiro dos Santos, da CvM, este caso não foi coberto pelo D&O, mas o valor causou espanto ao mercado. “A CvM não tem uma fórmula para chegar ao valor do TC, apenas usa o critério que entende ser suficiente para desestimular práticas ilícitas”, justificou. Alessandro Octaviani informou que o Cade costuma aplicar o Termo de Cessação de Conduta (TCC) para encerrar práticas anticoncorrenciais
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coberturas específicas para este tipo de produto estão cada vez mais amplas, inéditas e sofisticadas
Por MÁRCIA ALvES
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A CVM não tem uma fórmula para chegar ao valor do TC, apenas usa o critério que entende ser suficiente para desestimular práticas ilícitas”
Alexandre Santos
Alessandro O. Luis
e o Termo de Compromisso de Desempenho (TCD) para evitar a concentração de mercado em caso de fusões. “Se há desrespeito ao TCC ou TCD, a lei responsabiliza a empresa e o administrador solidariamente”, explicou.
Hoje há dez seguradoras atuando no D&O, o que está aumentando a concorrência na carteira e beneficiando o consumidor, que passou a dispor de coberturas inéditas e sofisticadas. “Há produtos para obrigações tributárias, trabalhistas e alguns inovadores, como para penhora on-line, que não existe no mercado americano”, afirmou Dinir Salvador Rocha, da Azevedo Sette Advogados.
Fábio Cabral, da Chartis, afirmou que mais de 60% de todas as fusões na América Latina são realizadas no Brasil. Fabiana Campos, da Fator Seguradora, ressaltou o aumento no número de apólices, embora a carteira tenha apresentado um decréscimo em prêmios nos últimos tempos. “O Brasil é um polo de desenvolvimento e oferece oportunidades para todos os produtos de linhas financeiras”, disse.
Aumento da concorrência
Mas a ampliação de garantias e a queda de preços poderão prejudicar o desempenho do ramo, segundo alertou Matt Kelly, da vK Underwriters (Miami/EUA). “Muitos resseguradores locais estão analisando o D&O brasileiro com um olhar crítico, preocupados com a queda de preços e o aumento de coberturas, em virtude da con-
corrência, que deve se acirrar mais com a previsão de entrada de mais empresas nesse mercado. vocês estão numa encruzilhada”, afirmou.
Beatriz Araujo, da Willis, discorda, mas teme pelos efeitos da situação atual. “A regulamentação está aumentando, as coberturas estão mais amplas, os preços caindo e os sinistros pipocando. Precisamos mostrar aos clientes que a situação não está tão tranquila”, disse.
Mas o D&O está passando por certa instabilidade também fora do país, observou Carlos vairo, da General Re. “A tendência é que o mercado encontre o equilíbrio”, tranquilizou. Tony Pham, da Wortman Insurance (Houston/EUA), disse que falta experiência ao mercado brasileiro, que ainda está aprendendo a precificar os produtos.
Corretores despreparados
Questionado pelo mediador Sergio Narciso, da Transatlantic Re, se os corretores estão preparados para vender D&O, Álvaro Igrejas, da Willis, respondeu que “não”. Segundo ele, muitos ainda veem esse seguro como uma commodity. Mesmo assim, acredita que o D&O tem muito espaço para crescer.
Paulo Baptista reconheceu a deficiência dos corretores, mas ressaltou que, em contrapartida, os clientes estão mais esclarecidos. Ele orientou os profissionais a fazer uma lista de perguntas-chave. “Não temos a pretensão de conhecer todos os riscos. Mas a própria empresa tem essa noção”, disse. •
Revista de Seguros – 43
“ Se há desrespeito ao TCC ou TCD, a lei responsabiliza a empresa e o administrador solidariamente”
Alessandro Octaviani Luis, representante do Cade “
Há produtos para obrigações tributárias, trabalhistas e alguns inovadores, como para penhora on-line, que não existe no mercado americano”
Dinir Salvador Rocha “
Os resseguradores de Miami estão preocupados com a queda de preços e o aumento de coberturas, em virtude da concorrência, que deve se acirrar”
Matt Kelly
Dinir
S. Rocha Matt Kelly
Fabiana Campos
FOTOS: PEDRO MENA
Escola leva brasileiros para cursar mestrado em Londres
Por MARIA LUISA BARROS
Campus em Londres: local onde profissionais selecionados farão especialização em Ciências Atuariais em 2012 e 2013
Ocrescimento do mercado de seguros fez surgir uma nova demanda por atuários, os profissionais que calculam o valor dos prêmios em seguros e previdência e definem as reservas necessárias para garantir o pagamento dos benefícios aos segurados.
A fim de suprir essa carência, a Escola Nacional de Seguros firmou convênio com a Cass Business School para que profissionais brasileiros façam mestrado na City University London, uma das mais conceituadas da Inglaterra. O acordo foi celebrado em junho, como parte
Multiplicadores
Renato Campos Martins Filho, diretorexecutivo da Escola, explica que os bolsistas, quando retornarem, deverão repassar os conhecimentos adquiridos aos alunos de cursos e palestras promovidos pela instituição. “É uma contrapartida pelo investimento que fazemos. Eles serão multiplicadores e ajudarão a formar novos atuários no Brasil”, diz.
DI v ULGA
çã O do Programa de Apoio à Pesquisa da instituição. O programa vai selecionar bolsistas que já trabalham com Atuária para cursos de Ciências Atuariais ou em Gestão Atuarial, oferecidos pela universidade londrina no próximo ano letivo (2012 a 2013). Os estudantes aprovados no intercâmbio receberão ajuda de custo mensal de £1.000 (R$ 2.900), passagem aérea (ida e volta para Londres) e o custo integral do programa de mestrado, com um ano de duração.
Os interessados deverão atender aos três critérios de ingresso: proficiência em língua inglesa; diploma de nível superior em Matemática ou Estatística, com desempenho excelente comprovado em histórico escolar; e duas cartas de referência, uma obrigatoriamente de origem acadêmica.
Os candidatos aprovados deverão entrar em contato com a Escola Nacional de Seguros, pelo e-mail parcerias@esns.org.br, e encaminhar os seguintes documentos: cópia da carta de oferecimento incondicional de vaga no curso de Mestrado em Ciências Atuariais ou Gestão Atuarial da Cass Business School – City University; cópias dos documentos de identidade e CPF; cópias do diploma de nível superior e histórico escolar no curso de Matemática ou Estatística; currículo vitae em formato livre .
A documentação completa deve ser enviada até 29 de junho de 2012. Mais informações no www.cass.city.ac.uk/ ou pelo parcerias@esns.org.br. •
Revista de Seguros – 44 Formação Profissional
O curso será na City University London, uma das mais conceituadas universidades da Inglaterra
Inovação: a arte de Steve Jobs
Neste livro, o autor discorre sobre o assunto, sempre apoiado na forma de pensar do dono da Apple
Carmine Gallo, colunista da revista eletrônica BusinessWeek.com, consagrado autor do best seller “Faça como Steve Jobs”, nos brinda com um incrível trabalho forjado no entendimento deste ícone da inovação. Em “Inovação, a arte de Steve Jobs” o autor discorre sobre o assunto sempre apoiado na forma de pensar de Jobs.
Em 15 capítulos, são narrados sete princípios focados em inovação, apoiados em passagens ou comentários de Jobs ou por citações de outros conhecidos inovadores, como Curtis Carlsson: “Quando uma organização manda seus executivos descer um rio em uma balsa, para que eles aprendam a trabalhar em equipe, ou os faz construir aviões de papel muito colorido, para que eles aprendam a ser criativos, algo está profundamente errado”.
Dois capítulos foram dedicados a cada princípio, sendo que o primeiro de cada um revela como Jobs foi influenciado, e o segundo demonstra como outros grandes líderes, empreendedores ou profissionais o utilizaram.
Em “Faça o que você gosta”, o primeiro deles, Gallo discorre sobre aquilo que facilita sua vida. Citando mais uma vez Steve Jobs, ele escreve no capítulo 2: “Tenha coragem de seguir seu coração e sua intuição. Eles, de alguma forma, já sabem o que você realmente quer ser”.
“Ponha seu cérebro para funcionar” é o terceiro. O nome da empresa Apple caiu de uma árvore,
A Arte de Steve Jobs: princípios revolucionários sobre inovação para o sucesso em qualquer atividade Autor: Carmine Gallo Ed. Lua de Papel. 2010 237p.
literalmente, entrando direto na visão de Jobs sobre como um computador deveria ser: simples e acessível. Assim, Carmine Gallo inicia o capítulo 6, o primeiro dedicado a este interessante princípio que nos leva a pensar de forma inovadora.
“ venda sonhos em vez de produtos”, é o quarto, dedicado às atividades profissionais, qiue discorre sobre conceitos como “Preenchendo uma lacuna que os clientes não sabiam que tinham”, em que vamos encontrar, entre outras, esta citação de Jobs: “ vamos inventar o amanhã, em vez de pensar a respeito do que aconteceu ontem”.
“Diga não para mil coisas” é o quinto que se inicia com: “Sinto-me orgulhoso tanto do que não fizemos quanto do que fizemos”, mais uma vez citando Jobs, e segue com um exemplo de sua audácia em contrariar o status quo da indústria de software.
Resenha por: José Fernando Baron Analista de sistemas, pós-graduado em Gestão Estratégica da Informação pela UFMG Gerente de vendas da Sonda Software
Em“Crie experiências incríveis” o sexto, Carmine nos leva a uma visão do que provavelmente foi a razão do sucesso da Apple: a preocupação de dar ao usuário a sensação de estar vivendo uma experiência única. “A proposta da Apple era de enriquecer vidas. Isso é o que a Apple fez por mais de 30 anos”, disse Rob Johnson, vice-presidente Sênior para operações de varejo da Apple.
Em “Domine a mensagem” o sétimo e último princípio, o autor nos mostra como Jobs se tornou um mestre na arte de manter as pessoas ligadas ao que está dizendo, seja numa apresentação formal ou numa conversa íntima na sala de casa.
Não por acaso, optei por deixar para o final o segundo princípio: “Cause impacto no universo”, que mexe diretamente com nossa maneira de pensar, a visão que temos de nós mesmos, para onde queremos ir, se é que sabemos para onde queremos ir. Qual a minha visão, o que eu realmente quero ser?
Um livro envolvente, que se lê rapidamente, que nos faz pensar e querer mudar, inovar... •
Revista de Seguros – 45 Biblioteca
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O desafio do microsseguro
croempresas formais, atualmente, encontram seguros desenhados para suas necessidades.
De produtos altamente sofisticados até apólices muito simples, as seguradoras em operação no Brasil oferecem uma vasta gama de alternativas para os mais diversos riscos, o que dá à sociedade a confiança necessária para planejar investimentos que, poucos anos atrás, representariam um grande risco.
Por outro lado, de acordo com os últimos números publicados, o País ainda tem pouco mais de cem milhões de pessoas na pobreza, ou seja, sem proteção do governo ou das apólices, caso tente ser produtivo.
A função social do microsseguro num universo como este é exponencial. Por meio destes produtos, os mais de cem milhões de brasileiros que vivem na pobreza passam a ter a chance concreta de empreender e de iniciar atividades que hoje estão além de sua capacidade, por falta de recursos para assumir riscos.
Faz tempo que o Brasil discute o microsseguro. Desenhos os mais variados já entraram e saíram de pauta, mostrando que o tema envolve posições diferentes e interesses nem sempre harmônicos, o que não significa que sejam conflitantes.
Pelo contrário, se há unanimidade, é sobre a importância do assunto e sobre a necessidade da rápida implantação do microsseguro como uma ferramenta de proteção social indispensável para a ascensão econômica dos brasileiros mais pobres.
Sem o microsseguro, estas pessoas ficam permanentemente sujeitas aos infortúnios da vida e condenadas a voltarem para a miséria mais absoluta, se forem atingidas por um evento que lhes tolha a capacidade de atuação, pela falta de recursos para financiar um eventual recomeço.
As grandes corporações e as empresas de porte médio e até mesmo as pequenas e mi-
Se uma empresa segurada sofre uma perda, o seguro garante a reposição, permitindo que os planos de expansão ou outros investimentos não sejam comprometidos.
Se alguém que tem um pequeno negócio no fundo de uma favela sofre um incêndio no estabelecimento, ele perde tudo o que possui e, mais grave, não tem condições de repor as perdas, nem de recomeçar.
O microsseguro é a ferramenta para mudar este quadro. Com seguros muito simples e de importância segurada baixa é possível dar a estas pessoas a garantia da reposição do patrimônio afetado ou da capacidade de atuação.
Além disto, o microsseguro pode ser um importante campo de novos negócios. Ainda que com prêmios unitários baixos, o total do faturamento pode atingir soma significativa para o resultado das seguradoras. Ou seja, por tudo envolvido, é tempo da sua implantação em larga escala. •
Revista de Seguros – 46 Opinião ANTONIO PENTEADO MENDONçA
“ Se a empresa segurada sofre uma perda, o seguro garante a reposição, permitindo que os planos de expansão não sejam comprometidos
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- Jornalista
Se há unanimidade, é sobre a importância deste seguro como proteção social
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ANTONIO PENTEADO MENDONÇA
e especialista em seguros e previdência