Revista de Seeuros
REOACÇÂO:
RUA 1- DE MARÇO, 66 (Edificio da Bolsa) RIO
DIRECTOR ANNO
n
DE
JANEIRO
Director-gerente Cândido de Oliveira
Abilio de Carvalho NOVEMBRO
DE^92'I
NUM.
S i i u poi palpites i segurado Póde-se dizer que muitos directores e agentes de companhias de seguros ignoram os princípios que regem este instituto. Homens vindos de outras profissões e paia os quaes o cargo de Director é muitas vezes um Jogar de descanso, uma aposentadoria, elles não se esforçam por conhecer ;os direitos e deveres dos seguradores e dos segurados. Nunca abriram os Códigos Civil e Commerciai para terem unia noção superficial, embora, do que elles dispõem sobre a matéria. Com a indolência pela leitura que caracterisa os povios catholicos — que não são obrigados a ella por uma necessidade da própria fé religiosa, — elles não lêm nem mesmo as publicações que mais de perto interessam a esse ramo' commsr ciai. Na insc:-encia em que se mantêm, conservam também os seus auxiliares, os mais graduados, lhes não .facultando a leitura das referidas publicações . A lei, por ser nobre, não deixa de estar ao alcance das intelligencias medíocres ou de • pouca i Ilustração. Quando ella é bem feita torna-se muito clara. Ninguém se escusa aos seus preceitos pela allegação de inão con<hecel-a. Ha a presumpção de direito de que todos conhecem as, leis que regem as suas ralações no seio da sociedade. Sabemos de directores de companhias de seguros que nunca leram as cláusulas impressas das suas próprias apólices! Os seus còntractos são assignados de cruz. •Deste desleixo com que são tratados assumptos de grande importância, nasce a situação angustiosa em que se encontram muitas companhias de seguros . Divididas por competições pequeninas, numa época em que as classes mais modestas e incultas da sociedade se organisam para a defesa dos seus interesses, só os seguradores dão o triste exemplo da rivalidade, da inveja contra os que prosperam, do emprego de meios desleaes na caça •do seguro, do abaixamento dos prêmios, numa
época em que tudo subio, sem verem que estão cavando a própria ruina ! No ramo aommercial mesmo elles têm o exemplo da união que faz a força. Os hoteleiros, os industriaes, os vendedores de autos, os retaDhistas, os açougueiros, os padeiros têm as suas associações. Cada dia cresce a especulação oom o seguro. Cada vez o segurado é mais exigente, fraudulento ou especulador. A idéa de que o seguro deve pagar tudo, além do contracto e da lei, se generalisa e perverte a própria instituição. Ha decisões judiciarias que se afastam da' natureza do contracto, que é d!e indemnisação de damno e o convertem em especulação lucrativa, dispensando o segurado da prova do prejuízo soffrido e violando a lei, a cláusula da apólice e a doutrina universalmente acceita, que exigem esta prova. As seguradoras espoliadas pela ignorância que revelam esses julgados, calanr-se. .Não têm um orgãio pelo qual possam gritar o velho: Aqui, dei rey. Esse órgão deveria ser moldado nos termos do nosso artigo de Agosto ultimo, sob o titulo "Liga das Seguradoras". A muita gente não oceorre' o pensamento de que as indemnisações são - pagas com os prêmios accumulados grão a igrão e que no dia em que aquelles excederem estes e affectarem o capital e as reservas, o seguro desapparecerá e isto será uma grande desgraça para o commercio. Para o equilíbrio deste instituto de previdência é preciso restringir as indemnisações ao rigorosamente justo. Normalmente, honestamente, numa grande porção de còntractos de seguros, os prêmios devem exceder ao valor dos sinistros, pois estes constituirão uma excepção. Quando se vê neste paiz uma só companhia pagar num anno mais de seis mil e seiscentos contos de réis de indemnisação de sinistros marítimos e terrestres, se pôde imaginar a quantidade de fraudes e crimes postos em pratica pelos segurados ou por terceiros, nos casos de fur-