T1845 - Revista de Seguros - out/nov/dez de 2008_2008

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REVISTA ^SEGUROS

ÓRGÃO ÒFICiAL DA FENASÈC ^ ANO 88 N°867 QimJBRG/NGVEMBRO/DEZEMBRÓ DE 2008 vv-.:'v-' •' i - * V, ".'r'.:;'»? I éU t * ' KJV. ■• ij^-. >• 4' .í ' ' i-;-/;/' ./k>M'../ ij-í. fe -■ vV' '» •í i ' ^''' w p entrevistaexclusivacom o economista ROBERTO MACEDO SOBRE LEGISLAÇÃOTRABALHISTA,TEMAQUEVAI SER DESTAQUE EM 2009

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SUMARIO 8 18

ENTREVISTA

O economista Roberto Macedo acredita que,para evitar uma crise dramática de empregos, é preciso fíexibilizar a iegislação trabalhista

CENÁRIOS 2009

28

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MUDANÇAS CLIMÁTICAS

O ciclo vicioso da degradação ambiental põe o Brasil em uma das mais delicadas situações ante os esforços contra osgases de efeito estufa

MICRn.S.SFRIIRn

Depois de crescer5% ao ano, País enfrentará a desaceleração imposta pela redução do capital aplicado nasinstituições financeiras

SFRlIRn RÍIRAI

Crise não deve afetarsegmento agrícoia, mas crédito mais caro e iimitado pode provocar uma redução da área plantada

TRANSITO

Várias cidadesse mobilizaram em manifestações em memória das vítimas de acidentes para debater e refletir o problema do trânsito

24

SAÚDE

Apesar da grande utilização do uso off-label pelos médicos, aAnvisa reprova o emprego desta práticasem estudos científicos comprovados

32

Microinsurance Conference 2008 revela interesse mundialpelo assunto e dizcomo o setor pode ajudar na sustentabiiidade dos países

SFRIIRP DF CRFDITn

Risco comercial movimentou cerca de R$ 200 milhões até setembro de2008,8% a mais que o mesmo período de 2007,e ganha espaço com a crise

34

30 20

O setor vaicontinuara adquirir aplicativos em ritmo acelerado, mantendo em alta os investimentos dasempresas em tecnologia

36

NDRMAS CnNTARFLS yAnfes da eclosão da crise, novas leis e normasda Susep, CVM e BC criaram regras para melhorar a informação contábil no Pais

E Mais... • 4 - ao leitor •27 - biblioteca•33• funenseg •ssOPINIÃO

AFederação Nacional das Empresas de F^ndSGQ Seguros Privados e de Capitalização

REVISTA DE SEGUROS

PBESIOENTt-

Sp^iotíos^tos.JavmeGrasIl üjij Carlos Trabuco Cappl, Nllton Q iJo Nascimento,Patrlck Antonlo Kírí'^Lucase fllcartío José da "IRETORES;

Oa«>9"o. Mério José Smu? ,, Novaes do Albuquertjue c Marraccinl e Pedro de Fretes

cfBttvos: Roberto Chamtwrlain da Costa, Pereira dos Santos0 Lúcio Antonio

Pomano Fumâ,José Maria Costa 0 Luü Sadao Shibutan)

CONSaHO SUPERIOR

PRESIDENTE: joãaOisio F0naz de Campos

Membros: Acado Rosa da Queiroz Riiw,Aibeiio OswaWo ConJnentino do Afíujo, Antonio Cássio dos Santos,Carlos dos Santos,Etíuanio BapOsla Manna,fWerico Barogiio, Francisco Caiuby Mdigai,Ja/me Brasil Caitinkei,João Giibarto PDssiade, Jorge Estácio da Silva,.'orge Hilário Gou^ Vieira,José Américo Peén do Sá, José Castro Araújo Rudgo, José Roberto Marmo LoufBira, Luis Bniílo Mauretfe, Luiz Carlos Ttabuco Cap^, Manuel Sebastião Soares Povoas,Mário José Gonzaga Potrelll, Miguel Junqueira Pereira, Nilton Molina, Osvaldo do Nascimento, Patifck Antonio Claude de Lariagortl Lucas Pedro Pereira de Freitas, Pedro Purm Juniof, Ricardo José da Costa Rores 0 Tlüerry Marc Claude Claudon ConseHwdereprasentarrtes: Antonio Tavares da Câmara,.toSo Gilberto Pcssiede Ludano Macedo do Uma,UHzTavares Pereira Riho, Mauro César Batista, Miguel Junqueira Petaíta, Míido Novaes de Albuquerque Cevalcanú. Paulo Lâckmann

Úrgâo Informativo da Federação

Nacional das Empresas de Segui»

Privados a de CapHalização -Fensseg.

PUDUCAÇAO INTEGRANTE

00 CONVBJIO DE IMPRENSADO

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Em corr/unto com SIOEMA (Serviço

IntemadVD do Mercado Segurador da República Argentina),

aPRODUCTOR(PubHcaçãúda

Associação de Agentes e Produtores de Segum te RepúUica Orientai do Uruguai) e Jornal dcsSeguros(FVbiicação do Sindicalo dos Oonetores de Seguros e de Captelização do Estado do São Paulo).

«WSOilOBimXUAL Membros Angela Cun!», Geraldo Bolda, Luiz Peregrbio, Newsl Rodrigues Freitas,Solai^ Beatriz PaMn)

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Erfitor-chefa: Angela Cunha iMTMUI2,555) Cowdensçk ErfltDtlai: VWTBaOAG.DE comunicação viatextDevi3texto,com,br

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Jomalists Responsável; tenia Mezaxtato-MTB14.S50 Assistente de produção: Fernanda Good

Colabondores: Adriana Simões, Danieíla Ctark, Oenlse Buerw,Edna Simao,Fernanda Good,Fernanda Ttiurier,Jorge Ciapp, Larissa Morais, Márcia Alves, Ntíson Moreira, Oiga de Mello, Rui Santos e Sônia Araiipe.

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Pn^eto GriAco:Jo AcsIMozart Acs

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Soda]-Fenaseg Adriana Beltrão, CfaudiaMarae Vagner Ricardo. Rua Senador Dantas,74/1? aidar.Cetrtre •Rio da Janein),RjCEP 20031-201

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Autorizacio pelo 3 Outubro - Novr-mbro - Dezembro 2003 Revista deSeguros - W"867

DESTAQUE

Cultivando a esperança e o otimismo

Nosúltimos quatro meses,a violência no trânsito deixou de ser um dos

principais focos de atenção do País, face à crise financeira mundial. Como não poderia deixar de ser, a crise também chegou ao Brasil, afe tando diversos setores da economia. A previsão para 2009, como mostra a reportagem de capa desta edição, é de desaceleração econômica.

O mercado segurador, porém, continuará com sua trajetória de crescimento, com menor velocidade, é verdade, mas mantendo a taxa de dois dígitos, algo entre 12% e 15%. Além da solidez conquistada pelo perfil conservador de suas aplicações financeiras, o setor de seguros tem ainda a seu favor o fato de estar focado no mercado consumidor interno.

Ainda que a situação da economia ocupe boa parte das nossas preocupações,em nenhum momento, porém, nos afestamos da questão da violência do trânsito. Tan to, que o mercado segurador continua trabalhando para ajudar a reduzir o número de vítimas de acidentes e seus efeitos negativos. Por isso, o assunto continua em pau ta na Revista de Seguros, dessa vez, com matéria sobre as manifestações realizadas em diversas cidades brasileiras no Dia Mundial em Memória das Vitimas de Trân sito, instituído pela ONU.A reportagem traz ainda estatísticas que mostram que as mortes diminuíram, embora os acidentes tenham aumentado, e que, entre as cri anças,o trânsito é a primeira causa de morte. E também o depoimento emocionante de uma mãe que perdeu o filho, vítima de acidente de trânsito.

Esta edição aborda ainda assuntos de vital importância para o bom fun cionamento operacional do mercado, como as novas normas contábeis e os estudos para minimizar os efeitos das mudanças climáticas e o interesse mundial pelo microsseguro.

Como se vê, 2009 será um ano de muitos desafios, em que o otimismo e a esperança devem e precisam ser mais do que nunca cultivados. A

Novas regras para o SAC

O O mercado de seguros está entre os setores regulados pelo governo e, portanto, inserido nas novas regras definidas para os Serviços de Atendimento ao Consumidor (SACs),em vigor desde 1 de dezembro. Entre as novidades está a obrigatoriedade de prestar atendimento telefônico 24 horasserviço que as seguradoras já ofereciam há mais de 20 anos. O mercado acompanhou o processo de elaboração do texto através do Grupo Técnico de Atendimento ao Cliente, da CNSeg,que trabalhou em conjunto com o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor para levantar as particularidades do setor. O decreto exclui o atendimento de sinistros e socorro 24 horas. Os cancelamentos de seguros fechados com corretoras também não serão cancelados pelo SAC das empresas, porque são contratos intermediados por corretores e a norma vigente só se refere a acordos firmados por via telefônica. ▲

ENTREVISTA I ROBERTO MACEDO

Flexibilização das regras do trabalho pode evitar desemprego

Economista Roberto Macedo,professor da USP e Mackenzie e especialista no tema, adverte que emprego irá cair ainda mais em 2009 e que flexibilizar a legislação trabalhista é a única saída para evitar uma crise ainda mais dramática

Nem há como. Com a autoridade de quem é considerado um Naolhe peçam bo emprego e renda,o economista Roberto Macedo, ja mostram, a" 8 toda crise abre oportunidades, uma destas, recomenda Xcedo em entrevista exclusiva à Revista de Seguros, é a flexibilização das regras traMWstas "Tudo negociado de forma transparente, e claro, e com participação dos próprios trabalhadores Dois os líderes sindicais têm seu emprego garantido e costumam, por hábito, inclusive demagógico, gritar contra". O professor acredita que nao deve ser perdida esta janela de oportunidade "Quando a economia cresce forte os trabalhadores nao querem saber de flexibiliza ção" retorça A seguir a integra da entrevista concedida na virada do ano de 2008 para 2009. 4

AO LEITOR
csrVal^ Mendonça
4 Outubro - Novembro Dezembro P.009 ■ Revista de Seguros - o"867 5 Outubro-Wovembro-Oe2t'mò(L)2008 -RewsífldeSfiguros - n^S6?

Em geral, uma crise econômica atinge menos os setores que produzem bense serviços de primeira necessidade, como a produção de feijão e o transporte coletivo

Revista de Seguros - Que cenário o senhor traça para a economia brasileira em 2009 diante da crise global?

O Roberto Macedo - Sabemos a direção do efeito, ou seja, a taxa de crescimento vai cair, mas não há como dimensionar a sua intensidade. Até quanto vai cair? Ninguém sabe exatamente. Essas previsões de um crescimento de 'tantos por cento' em 2008 não vão muito além de chutes eruditos. Mas já se sabe que esta crise não será marola e o nosso timoneiro maior, o presidente Lula, que se cuide.

Quais são os refíexos para o emprego? Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (o Caged do Ministério do Trabalho e Emprego) indicam a perda de 40 mil postos de trabalho em novembro de 2008, comparado com outubro. Pela primeira vez, desde o início do primeiro mandato do presidente Lula, em 2003, houve queda no número de postos de emprego em novembro, em relação ao mês anterior. Na sua avaliação, esta é uma tendência que deverá se aprofundar ainda mais ao longo de 2009?

O O nível do emprego vai cair, medido nas empresas e outros empregadores. Exceto o governo que continua contratando, pagando mais que o mercado e fazendo concursos absurdos como este recente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Aliás, o nível do emprego já está caindo, conforme os números de novembro demonstram. O desemprego, medido nas famílias, deve subir em algum momento, descontados os fatores sazonais.

Esta crise deverá atingir de forma indistinta todos os setores ou alguns mais do que outros? Seguradoras também sentirão os reflexos?

O Em geral, uma crise econômica atinge menos os setores que produzem bens e serviços de primeira necessidade, como a produção de feijão e o transporte coletivo. Na outra ponta, são mais

afetados os bens de consumo durável, cuja aquisição pode ser postergada, e os bens de capital, que dependem dos investimentos das empresas, muitos dos quais são adiados. Nestes dois últimos casos, também há o efeito de juros mais elevados, de contenção do crédito e da taxa de câmbio, que desestimula a importação e, felizmente, favorece a indústria nacional. Regional e localmente, o efeito depende dos setores aí localizados. O Estado de São Paulo costuma ser o epicentro de crises econômicas, pois nele se concentra a produção de bens duráveis e de capital.

O presidente da Vale, Roger Âgnelligrupo que demitiu recentemente 1,3 mil funcionários - defendeu a flexibilização da legislação trabalhista. O senhor acredita que esta possa ser uma boa saída para a situação atual? Terá realmente efeito positivo nos empregos?

O Sou inteiramente a favor de flexibilização. Os ajustes de folha de salários se tornara inevitáveis e sabemos que isso pode ser feito de duas formas: ou via preços (salários e outros custos trabalhistas) ou via quantidades (empregos). A idéia da flexibilização é de fazer mais ajustes do primeiro tipo, para preservar os empregos. Tudo negociado de forma transparente, é claro, e com participação dos próprios trabalhadores, pois os líderes sindicais têm seu emprego garantido e costumam, por hábito, inclusive demagógico, gritar contra. É uma das oportunidades da crise, pois quando a economia cresce forte, os trabalhadores, e muito menos esses líderes, não querem saber de flexibilização.

Que mudanças deveriam ser pensadas neste sentido, na sua opinião? O que seriam boas mudanças para empresas e também para os trabalhadores?

O As mudanças devem se concentrar no preço, ou seja, na remuneração, tendo como contrapartida a maior preservação

possível do emprego. Portanto, salários e tudo que vem junto, como adicionais por horas extras (que costumam existir mesmo na crise), redução de horas trabalhadas (o que também reduz a folha), adicionais sobre férias, participação nos lucros e resultados, e tudo o mais.

As reformas - tributária, previdenciâria e trabalhista - até hoje não foram concluídas. Qual a sua expectativa em relação a estes projetos no Congresso? Serão aprovados em 2009?

^ Acho difícil, só se o Lula se movimentar. Tirando a micro reforma da previdência dos servidores públicos (que não foi concluída, e agora 3grava os custos nessa área), praticamente não houve qualquer reforma nessas áreas nestes seis anos. E não o vejo como um estadista capaz de levantar a bandeira das reformas num momento como este. ^as, torço para estar errado. Será outro erro histórico não aproveitar essa oportunidade.

Apesar da crise, há pressão por novos cargos para vereadores, mais verbas para alguns setores e mais gastos públicos. O senhor espera que haverá pressão também por reajustes de salários em 2009?

^ No Governo Federal, o gasto com salário continua alto. Muitas remunerações chegaram a níveis fbsurdos, em particular nos cargos iniciais de carreiras. E há também as maiores vantagens em termos de aposentadorias maiores que no INSS e estabilidade no emprego. Dadas estas ^ vantagens, os salários propriamente ditos deveriam ser menores no setor público 9ne no setor privado, para ocupações equivalentes em termos de responsabilidades e requisitos educacionais. Mas, hoje ocorre o contrário, e nele vive-se uma situação de supersalários, conforme demonstrado pelo enorme número de candidatos que procuram os concursos públicos federais,

e pelas comparações que podem ser feitas com os salários privados.

E a renda, como deverá se comportar em 2009?

O Também vai cair, seja pelo efeito da perda do emprego, da maior rotatividade (com substituição de quem ganha mais por quem ganha menos), e também porque os salários terão maiores dificuldades de acompanhar a inflação. O mercado informal de trabalho será também atingido com a queda do formal e da renda de outros segmentos [empresários, profissionais liberais etc.).

Por último, mas não menos importante, quanto ao mercado de seguros, que cenário o senhor prevê? Acredita que ainda falta liberalizar de uma vez o mercado brasileiro, abrir de vez o mercado de acidentes de trabalho?

S O mercado de seguros também será afetado pela crise global. Já está sendo. Vimos lá fora as mudanças pela qual estão passando grandes grupos internacionais. Na melhor das hipóteses, aqui no Brasil crescerá menos, como no caso do seguro de automóveis, onde a produção e as vendas já caíram. No mercado de acidentes do trabalho, praticamente monopolizado pelo governo, infelizmente não vejo condições da União renunciar a uma arrecadação mais voltada para o orçamento da seguridade social do que à prevenção dos riscos por si mesmos.

Mas, é preciso insistir na liberalização já que este monopólio estatal (como todos os outros) gera tanta ineficiência. Ademais, como ainda é fraca a cultura de seguros no Brasil, infelizmente crises como esta, e mesmo desastres como o de Santa Catarina, também representam oportunidades para difundir ainda mais a cultura de seguros, junto com a da poupança, à qual aquela integra. E refiro-me tanto à poupança privada como à pública. ▲

O mercado de seguros também será afetado pela crise global. Já está sendo. Vimos lá fora as mudanças pela qual estão passando grandes grupos internacionais

ENTREVISTA
tf Outubro - Novembro Dezembro 2008 ■ Revista de Seguros - n"867 ,/l„„,^„.^.^yr,^«,y,hr/>.nP7ítnbro2008 -Revista de Seguros-n"867

CB Arquivo SulAmenca

• Newton Rosa:

"Consumo e investimento são as forças que movem uma economia.Se perdem o vigor,a desaceleração é inevitáver

A conseqüência direta da crise foi a redução do dinheiro nas instituições financeiras - sem crédito, as pessoas compram menos,e as empresas reduzem os investimentos

Crise levará à desaceleração econômica

CB Arquivo Pessoal ADRIANA SlMÕES

Omundovive momentostortuososeincer

tro anos, o Real forte ajudou a segurar os preços. Agora,o dólar valorizou-se 46% em três meses e tomou-se uma ameaça. A segunda força sobre a inflação é a desaceleração da economia, quejoga os preços para baixo. Esta segunda força terá maior intensidade, mas insuficiente para puxar a inflação para o centro da meta do Banco Central, de 4,5% ao ano. Em 2008, a economia aquecida jogou a inflação para perto do teto da meta6,5%. Para 2009, a expectativa é de 5%."Com a inflação acima da meta, haverá pouco espaço para corte dejuros", alerta o economista Arman do Castelar, da Gávea Investimentos.

A. re.sposta de cada setor Muitos setores já sentem os impactos. Os Exportadores, até pouco tempo locomotivas do crescimento, foram os primeiros a sofrer, tanto pela brusca secura nas linhas de crédito mundiais

os efeitos", explica Nelson de Souza. Assim, empresários deixarão de ampliar a capacidade produtiva,desaquecendo a cadeia defornecedo res. No momento seguinte, no segundo semes tre, aumentam as demissões. A massa salarial cai, trazendo pessunismo ao consumidor, que pode fazer corte na lista do supermercado. Nes se momento, o impacto chegará à indústria de bens não-duráveis. "É um círculo vicioso", diz Nelson de Souza.

O setor de seguros terá comportamentos distintos dentro de cada ramo. Os de automó veis e residenciais devem sofrer com a menor venda de canos e casas. Segmentos como a pre vidência, porém, devem manter o vigor, garan tindo a expansão do segmento econômico no mesmo patamar do PIB. "A idéia de que o Governo não poderá prover aposentadona a todos está cada vez mais disseminada", pontua o professor Lauro Vieira, da Escola Nacional de Seguros (Funenseg).

Círculo virtuoso

3Arquivo Pessoal r

•Lauro Vieira:

"A idéia de que o Governo não poderá prover aposentadoria a todos está cada vez mais disseminada"

• Nelson de Souza:

"Setores que cresceram com o crédito agora vão 5ofrer.com a escassez de financiamentos"

tos provocados pelo que tem sido consi derada a pior crise econômica desde a Grande Depressão de 1929. E, ao contrário do que se chegou a supor, não há mais dúvidas de que o Brasü sentirá o impacto. Depois de conse guir crescer a patamar acima de 5% ao ano (fechou 2007 em 5,4% e deverá ser de 5,2%,em 2008), o País terá de lidar com a desaceleração econômica em 2009. As previsões oscilam entre 2% e 3%, reflexo direto do cenário externo. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a economia mundial desacelerará de 3,9% para 2,2% no ano que vem. "No Brasil, não podia ser diferente. Nosso crescimento nos últi mos anos foi puxado pelas exportações e pela expansão mundial", avalia o economista-chefe da RC Consultores, Mareei Pereira.

O desencadear da crise secou as fontes de crédito e a liquidez em todo o mundo. Para emergentes como o Brasil, a conseqüência dire ta foi a redução do dinheiro que abastecia as instituições financeiras - minguando um impor tante canal de recursos tanto para o consumo quanto para os investimentos das empresas. Sem crédito, as pessoas compram menos, e as empresas reduzem os investimentos."Consumo e investimento são as forças internas que movem uma economia. Ao perderem o vigor, devido ao encolhimento do capital, a desacele ração é inevitável", diz Newton Rosa, economis ta-chefe da SulAmérica Investimentos.

Na política monetária, a expectativa é que a taxa básica de juros deva ficar perto dos atuais 13,75%, com leve tendência de queda. Isso é necessário, segundo especialistas, para segurar a inflação, sobre a qual atuarão duas forças. A primeira delas é o do câmbio. Nos últimos qua

flnanto com a redução de encomendas. A minera ção brasileira, que impôs aumentos de 300% no ®nnério de ferro às siderúrgicas do mundo desde 2005, agora corta produção e preços. Produtores agrícolas também vêm sentindo os efeitos. A indústria de bens duráveis - como automóveis e eletmdomésticos - vai sofrer alta nos custos (os ^fiuipamentos importados ficam mais caros com c dólar alto) e também viverá dias diferentes dos 9ne desfrutou nos últimos anos. Também não são i^oas as perspectivas para a construção civil, que ...ÍL _ 1 r ne>~ nilP rrPS-

as perspectivas para a construção civn, já vem sofrendo os efeitos. "São setores que cres ceram - - c.-ífrpT eom a com o crédito, e agora vão sofrer com a escassez de financiamentos", diz o professor Nel son de Souza, do Ibmec-Rio.

Como se não bastassem os fatos, ainda há e efeito psicológico conspirando contra a econo"A crise mundial alimenta o pessunismo fle empresários e consumidores, aprofundando

Não há dúvida, porém, de que o Brasil enfrenta a crise mais preparado do que nunca. Prova disso é que o País deverá crescer na média mundial, e não menos. Estabihdade monetária, reservas de 200 bilhões de dótos e contas externas arrumadas ajudaram a reduzir o impacto. O crescimento mundial dos últimos cinco anos, o superciclo de alta nas commodities e a estabifidade criaram ura cfrculo virtuo so de investimentos no País. Isso ajudou o setor produtivo a se tomar mais competitivo, um no momento de crise. "O Govemo tam bém tem tomado medidas para reduzir os impactos, direcionando recursos para bancos prímdos poderem repassar Unhas de crédito, sem falar nas iniciativas para segurar o dólar", avaUa o economista Mailson da Nóbrega, sócio da Tendências Consultoria.

Uma eventual decisão do Governo de aumentar gastos para manter a economia aque cida é vista com reservas pelos especiaUstas. "Não vejo problemasem expandir os gastos,des de que restrito a investimentos, e não a despe sas", avalia Armando Castelar. Errar na dose para manter a economia artificialmente acelera da é um erro que embute riscos. "Nos anos 70, o País recorreu à medida, e acabamos em uma grave crise na década seguinte. Desacelerar com o mundo é salutar", alerta Armando Castelar. A

3Arquivo pessoal

•Mailson da Nóbrega: "O Governo também tem tomado medidas para reduzir os impactos,sem falar nas mícíat/vas para segurar o dólar"

CENÁRIOS
2009 - ECONOMIA
f
8 Outubro - Novembro - Dezembro 200S Revista de Seguros - 867

As perspectivas do setoldiante das previsões de crise

Mesmo com as restrições econômicas, a expectativa do mercado segurador é de crescimento no próximo ano. As quatro Federações mentem o otimismo, mas são cautelosas nas suas projeções

FenSeg -Jayme Garfinkel

3Fotos: Arquivo Fenaseg

Os seguros de bens patrimoniais e de res ponsabilidade civil, debaixo do guarda-chuva da Federação Nacional de Seguros (FenSeg), sentiram pouco os efeitos da crise financeira em 2008. As vendas mantiveram-se em alta, benefi ciadas pelos seguros financeiros, de crédito e os ligados aos projetos de infra-estrutura. "Quando se fala em crise, as pessoas ficam mais sensíveis a riscos e este sentimento ajuda a divulgar mais a atividade seguradora", diz Jayme Garfinkel, presidente da FenSeg.

Ninguém mais duvida de que a crise financeira atin girá a todos os países. Uns mais, outros menos. O custo para os Estados Unidos já supera US$ 4 tri- jtões. Na Europa, vários países já entraram em recessão. A coa notícia é que o Brasil será um dos países menos afeta^os, segundo declarações dos mais renovamos economistas

e organismos multilaterais. Dentro da América Latina, o País é tido como o mais atraente pelos investidores, inclu sive por ter uma democracia mais estável, um sistema financeiro sólido e indicadores macroeconômicos consis tentes. Os presidentes das quatro federações institucionais dos segmentos de saúde, seguros, capitalização, previdên cia e vida são unânimes em apostar no crescimento de seus setores em 2009. ▲

considerável o risco", diz Jayme Garfinkel.

haver uma recomposição de tarifas e uma rigi dez maior na aceitação de riscos".

•Jayme Garfinkel:

"Quando se fala em crise, as pessoas ficam mais sensíveis a riscos e este sentimento ajuda a divulgar mais a atividade seguradora"

Outros produtos são mais suscetíveis, como o seguro de carro, principal segmento dentro da FenSeg. Os sucessivos recordes de vendas registrados pela indústria automobilísti ca impulsionaram as vendas de seguro até setembro. Com a falta de liquidez gerada pela crise financeira, houve uma forte retração do financiamento, motor do bom desempenho das montadoras. "Este cenário deverá afetar as ven das das seguradoras, mas mesmo assim o cres cimento da carteira deverá ficar entre 10% a 13%", diz Jayme Garfinkel.

Avesso a projeções futuras, Jayme Garfin kel diz que se concretizado o cenário de desem prego para 2009, conseqüentemente as vendas terão uma evolução abaixo da registrada neste ano. "Uma preocupação maior da FenSeg é o aumento da violência e da fraude como conse qüência da crise financeira", diz. O índice de sinistralidade já apresentou pioras em 2008."Se a situação se agravar no próximo ano, poderá

A Fenseg tem grandes desafios para 2009. Um deles, na verdade,faz parte de uma onda mundial: encontrar formas de cuidar melhor do planeta e minimizar os efeitos das mudanças climáticas. Em 2008, foi criada uma comissão para estudar este assunto. "Precisamos achar caminhos para mitigar ris cos e captar dados que ajudem as seguradoras a definir quais coberturas podem ser oferta das, e a que preço, nos produtos onde as mudanças climáticas podem agravar de forma

Um outro produto na mira da federação é o seguro agrícola, que vem crescendo 40% ao ano desde 2006. O incremento se deve à subvenção fio prêmio pelo Governo, que somou R$ 25 milhões em 2005 e saltou para R$ 160 milhões cm 2008. Para 2009, a expectativa é de R$ 270 milhões segundo orçamento anunciado pelo Governo Federal. Além deste apoio federal, há também iniciativas dos Governos estaduais de São Paulo e Minas Gerais.

A grande expectativa para o próximo ano é com a aprovação do fundo de catástrofe, um modelo totalmente diferente do que existe hoje, conhecido como Fundo de Estabilização do Seguro Rural. Isso traz estabilidade ao setor, ao

CNSeg criou fórum paf^ ^®bater efeitos da crise

o o Brasil e a Indústria de seguros não poderiam ficar imunes à crise intemacional, mas os efeitos no País e no setor tendem a ser mais amenos. Para acompanhar o desenrolar da crise, avaliar os reflexos no mercado segurador e propor medidas para os dirigentes do setor, a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização(CNSeg)criou um fórum de acompanhamento e debates.

O primeiro estudo apresentado do fórum foi de Lauro Vieira de Faria, economista, professor da Fundação Getúlio Vargas(FGV) e consultor da Escola Nacional de Seguros(Funenseg). Para ele. a perspectiva é de desaceleração para a indústria de seguros brasileira, em 2009,acompanhando o viés de baixa esperado para a economia brasileira."Se a economia crescer 3% em termos reais, podemos esperar uma expansão dos

prevenir qualquer evento que fuja da normalida de dos cálculos atuariais tradicionais.

O microsseguro, que tem produtos de vida em sua concepção,também será alvo da FenSeg. 'A Federação quer desenvolver apõHces para que a população de menor poder aquisitivo possa proteger seus bens e devemos avançar neste assunto em 2009", diz. Outra expectativa, que também depende do aval do Governo com mcentivos fiscais, é o seguro popular de carro.

A consolidação do seguro obrigatório DPVAT na seguradora Líder está listada entre as conquistas da FenSeg em 2008. "A criação da seguradora focada neste produto foi importante para o setor e traz mais transparência na gestão de um seguro obrigatório", diz.

uma expansão dos

negócios de 4.5% acima da inflaçã^,estima. Um dos alertas trazido com a cnse foi a necessidade de revisão das normas que regulam os mercados."Todo o mundo esta revendys práticas contábeis, que até então par^iam assegurar a solvência das instiftJlçoes e os Ssdos cidadãos",diz Armando Vergi^io titular da Superintendência de /«^iiseoi "E aqui no Brasil nao sera diferente. A adoção do International Financial Report^^ng Standards(IFRS)já estava em discuM^ indústria de seguros e de nersoectivas de implementação ate 2010. Com a crise no entanto, deverá passar por uma Smundial."Mas isso não tira a urgência do tema de melhorar as regras e a solvência das empresas do setor para garantir ainda mais segurança ao consumidor ,diz Armando Vergílio.

Para 2009,o superintendente da Susep espera implementar medidas que foram agilizadas durante este ano, como a criação do fundo garantidor, que está em discussão no Congresso Nacional, e a aprovação da regulamentação da blindagem dos fundos de previdência complementar abertos já aprovada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Outra medida em andamento dentro da Susep é a criação de comitês de investimentos e de crédito."A indústria de seguros começa a tomar uma participação muito grande dentro dos grupos financeiros, o que nos obriga a criar uma política própria de investimentos, segregada do grupo controlador", argumenta. A expectativa é de que esta nova política, voltada para grandes e médias seguradoras, esteja implementada no primeiro semestre de 2009.

CENÁRIOS 2009 - MERCADO SEGURADOR
;,^J'nondo Verglho: em?^'^^"omia crescer3% podemos
10 Outubro - Novembro Dezembro 2008 - Revista de Seguros rr 867

2009 - MERCAOO SEGURADOR

FenaPrevi- Antonio Cássio dos Santos

CD Arquivo Fenaseg

FenaSaúde- Luiz Carlos Trabuco Cappi

O tsunamifinanceiro que fez desaparecer instituições centenárias e derreteu investimen tos em ações em todo o mundo poupou o seg mento de previdência privada aberta no Brasil. "As regras rígidas de aplicação agiram como uma blindagem para o setor", diz Antonio Cás sio dos Santos, presidente da Federação Nacio nal de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi).

•Antonio Cássio dos Santos:

"As regras rígidas de aplicação agiram como uma blindagem para o setor de previdência privada no Brasil"

Os seguros sob o guarda-chuva da repre sentação da FenaPrevi já representam 1,5% do PIB brasileiro. A expectativa do setor é encerrar 2008 com contribuições previdenciárias de R$ 30 bilhões e reservas de R$ 145 bilhões, ambos com aumento de 20%. Um índice bem acima do ritmo registrado pela economia brasileira.

Apesar da crise, os executivos da Fena Previ mantêm uma previsão otimista para 2009: repetir os resultados de 2008, com cres cimento entre 10% e 20%."A crise pode afetar os planos empresariais, se houver aumento no desemprego. E nos planos individuais, a ten dência é de que as pessoas da classe média deixem de consumir para poupar, temen do o futuro", avalia Antonio Cássio dos Santos, acrescentando que tal cenário, se concretizado, benefi cia a previdência, que é hoje a melhor opção entre os produtos financeiros de longo prazo.

Já no segmento vida, as perspectivas são menos oti mistas, mas indicam cresci mento. O seguro prestamista, que garante o pagamento de dívidas em caso de morte, invalidez e desemprego, ditou o crescimento do setor, acom panhando os índices recordes de concessão de crédito das ins tituições financeiras. "Se compro vado o aumento na inadimplência, teremos um primeiro trimestre de ajustes deste produto, que voltará a cres cer novamente a partir do segundo semestre", acredita o executivo.

Entre os desafios da FenaPrevi para 2009

está o desenvolvimento de uma regulamenta ção para o Brasil avançar no tema microsseguros, bem como os novos produtos de previdên cia voltados para a educação e saúde. "As dis cussões com o Governo sobre os incentivos fis cais avançaram em 2008, o que nos faz acredi tar que até o final do ano que vem as empresas poderão lançar o PreviSaúde e PreviEducaçâo, além de produtos de vida para as classes de menor renda", diz.

O desenvolvimento de uma tábua biométrica com dados brasileiros é outro desa fio que a FenaPrevi tem em sua pauta de tra balhos. "Temos nos dedicado ao desenvolvi mento de estatísticas nacionais há algum tempo e acredito que o trabalho estará con solidado já no primeiro trimestre de 2009, trazendo mais segurança atuarial para segu radoras e consumidores num cenário de lon gevidade mundial". A

Crescer em 2009, mesmo com as restri ções econômicas que poderão atingir o setor de saúde suplementar. Esta é a previsão de Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente da Federação Nacional de Saúde (FenaSaúde).

"Me arrisco a dizer que vamos crescer no pró ximo ano e nos subseqüentes, embora a taxas menores do que nos exercícios recentes", diz.

O principal vilão é o fantasma do desemprego, que tem assustado todo o mundo. Caso Laja demissões acima do normal, isto se refle tirá na concessão dos benefícios saúde e den tal, uma vez que a capacidade de pagamento das pessoas e famílias ficará restrita. "Como esses benefícios são considerados essenciais pelas pessoas e empresas, o impacto final deverá ser sempre menor para o setor de saútle suplementar", pondera Trabuco Cappi.

A FenaSaúde traçou diversos cenários para o ano novo, que serão ajustados ao longo do tempo para melhor o posicionamento estratégico. A taxa de câmbio, que afeta mate riais, equipamentos e medicamentos importa dos,também pode trazer fortes impactos para custos das empresas. "Devemos ficar aten tos à necessidade de redesenho dos planos de saúde e odoníológicos, de forma a possibilitar a manutenção dos benedos à reali dade que for apre sentada", diz o presi dente da Fena Saúde.

A melhoria da gestão, que há anos já é prioritária para o setor, será uma forma de oti mizar os efeitos da crise em 2009. A adequada gestão dos custos médicos - inclusive a ampliação de programas de

prevenção de doenças e promoção da saúde e o contingenciamento de despesas da opera ção serão a tônica da administração das empresas. "A competência técnica das opera doras para oferecer às empresas contratantes alternativas de redesenho dos seus planos, com economias, fará toda a diferença".

O número de beneficiários assistidos pelo setor deverá ficar em torno de 52 milhões, em 2008. O faturamento deverá superar a marca de R$ 53 bilhões. Um dos desafios da FenaSaúde no ano foi consoli dar seu posicionamento estratégico como representação legítima de um elenco expressivo de operadoras privadas de saú de, representando 15 milhões de vidas e registrando uma participação de 37% no faturamento e no pagamento de benefícios do total do mercado.

Para manter resultados tão relevantes, a FenaSaúde enfrentou uma intensa agenda de trabalho em 2008. Foram vários estudos e propostas para a Agência Nacional de Saúde (ANS)e para o Congresso Nacional, além da discussão de temas de interesse específico das afiliadas. "Iniciamos o planejamento estratégico para os próximos anos, que con templa desde os assuntos prioritários, até propostas de fortalecimento institucional, como, por exemplo, a reestruturação técnica e operacional da Federação", comenta Tra buco Cappi.

O ritmo será mantido - e os desafios, também: além daqueles trazidos pela conjun tura econômica, a FenaSaúde enfrentará os desafios setoriais, como as propostas de regu lamentação da ANS. Entre elas, estão as regras dirigidas para a nova disciplina da con tratação de planos e seguros coletivos, a insti tuição da mobilidade entre planos com porta bilidade de carências e a padronização e tro ca eletrônica de contas entre operadoras e prestadores de serviços médicos, hospitalares e odontológicos. "A Fenasaüde confia que a ANS saberá regular esses assuntos de manei ra ponderada e de forma a não causar sobres saltos", afirma. A

• Trabuco Cappi: "Me arrisco a dizer que vamos crescer no próximo ano e nos subseqüentes, embora a taxas menores do que nos exercícios recentes"

1 CENÁRIOS
cs Arquivo Fenaseg
12 Outubro - Novembth •Dezervbro 2008 •Revista de Seguros - n°867

CENÁRIOS 2009 - MERCADO SEGURADOR

FenaCap- Ricardo Flores

3Arquivo Fenaseg rs

O próximo ano promete ser um bom ano para a venda de títulos de capitalização, com ou sem crise. "Os desafios são também oportunidades. Vamos procurar novas utili zações para os títulos de capitalização e reforçar o papel da indústria na formação da poupança financeira nacional", diz Ricardo Flores, presidente da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap).

• Ricardo Flores: "Com certeza a capitalização não sofrerá uma crise de confiança como a que o setor financeiro vivenciou no último trimestre de 2008"

rA expectativa é repetir em 2009 o cres cimento estável dos últimos dez anos, em torno de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB). O faturamento acumulado do setor deverá se confirmar em R$ 9,2 bilhões, para 2008, uma evolução de 15,7% comparado ao ano anterior. Para o ano novo, a projeção da FenaCap é de R$ 10 bilhões, crescimento de 11,7%. "Mas tudo dependerá do cenário macroeconômico que se desenvolverá no País", reforça Ricardo Flores.

Na sua avaliação, a capitalização será menos prejudicada do que outros segmentos caso o cenário econômico se deteriore no Brasil. "O título de capitalização é um ins trumento financeiro que permite ao titular

participar de eventos de risco, mas de uma posição defensiva, em que a possibilidade de ruína é nula", ressalta.

Apesar da crise, o setor começa o ano beneficiado pelas mudanças nas regras aprova das pela Superintendência de Seguros Priva dos (Susep) em 2008. Tanto a Federação como as empresas do setor adaptaram suas estrutu ras para as modificações ocorridas na regula ção ao longo do ano. "A nova regulamentação atende às características especificas das muitas operações que podem ser realizadas com o título de capitalização como um instrumento de poupança", informa Ricardo Flores.

A idéia é criar produtos com preços acessíveis e para os diferentes públicos. São vários modelos de títulos, cada um servindo para uma finalidade, tendo como base o sor teio e formação de poupança. Haverá títulos tanto para ser vendido ao consumidor final, em uma casa lotérica, como pacotes para empresas agregarem em seus produtos como um diferencial na hora do consumidor deci dir entre as marcas.

Outro grande desafio é tornar o produto mais conhecido. Um ponto de partida foi o lançamento do Manual de Melhores Práticas, que reafirma o compromisso ético das empresas. Trata-se de uma ferramenta de uso prático, com redação clara e objetiva, para facilitar a compreensão do funcionamento do produto pela população.

Caso ocorra um arrefecimen to no desempenho da economia, isto deve se refletir no faturamento do setor e no total de reservas. Os trabalhos em 2009, porém, continuarão intensos. A FenaCap também pretende realizar uma pesquisa com o público para implementar um plano de comunicação institucional. "Com certeza a capitalização não sofrerá uma crise de con fiança como a que o setor financeiro viven ciou no último trimestre de 2008". A

CENÁRIOS 2009 - RESSEGURO

Abertura promoveu um ano histórico para o setor

Mais de 33 resseguradoras entraram no País em 2008, mas o ano será encerrado com perdas recordes no mundo,num cenário de incertezas

Altas internacionais

^Arquivo Transatlantic Re DeNISE BuENO

•Paulo Pereira: "é preciso recompor o capital e buscar ''^ntabilidade adequada para que o acionista injete dinheiro na operação"

cs Arquivo IRB-Brasíl Re

uando o assunto é resseguro, a avaliaIção é de que 2008 foi um ano históri co. Até setembro, o movimento de ....«^leiros no País era intenso. Mais de 33 resseguradores e corretores de ^ resse^ros obtiveram a autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para atuar no Brasil. Mas a crise retardou a decisão dos investidores de abrir seus escritórios no Pais. Nos últimos três meses do ano, o cená rio mudou drasticamente. As maiores resseguradoras do mundo registraram per das recordes com ativos financeiros, rentabilidade de investimentos e redução de capital. Aliadas a este cenário, houve perdas ope racionais com catástrofes naturais e redução das ven das de seguros gerada pela retração econômica, com corte de investimentos e escassez de recursos para crédito. As indenizações para ' gos causados pelos furacões Ike e Gustav LLvam mais de US$ 30 bilhões ate

IRB Brasil Re ficou com 92% dos negócios de resseguros realizados no ano, apesar da concorrência

Nakao: O resseguro será ^^truturado para ''^duzir o prêmio e Ofender às ^^cessidades do ^^gurado"

cenário de queda de taxas, que vinha ocorrendo desde 2002, chegou ao fim. K mesI quem era conservador registrou perda natrimonial, operacional e financeira. E pre Lo recompor o capital e buscar rentabilida de adequada para que o acionista injete dinheiro na operação e para que as agencias de rating reavaliem a classificação de riscos d s resseguradoras", diz Paulo Pereira, presitte da®Transatlantic Re e ; Brasileira dos Resseguradores (Aber).

No Brasil, os clientes de resseguros opta ram por manter seus contratos até que a gra vidade da crise ficasse mais clara - o que aca bou por beneficiar o IRB Brasil Re, que ficou com 92% dos negócios de resseguros realiza dos no ano, apesar da concorrência. Mas mesmo o IRB, que sempre foi um colchão para amenizar altas internacionais de preço do resseguro, tem sentido com o agravamento dos preços, restrição das coberturas e exigên cias mais severas para aceitação dos riscos. "O resseguro será estrutura do para reduzir o prêmio e atender às necessidades do segurado, que estará sujeito às flutuações de prêmios observadas no mercado internacional", diz Eduardo Nakao, presidente do IRB. O cenário internacio nal trará um aumento no preço do resseguro e outro efeito será a capacidade dis ponível dos 32 ressegurado res autorizados, na avalia ção de Cid Andrade, representante do Catlin, maior sindicato do Lloyd's of London. "Grandes riscos na casa de US$ 1 bilhão terão de utilizar esta capacidade e com certeza será difícil colocar riscos de property sem uma adequação de taxas", diz. A previsão é de que este cenário deverá permanecer por um período maior do que em 2001, quando as resseguradoras tiveram perdas recordes com os atentados terroristas aos Estados Unidos. "Naquele período o setor registrou novos entrantes e o capital foi rapidamente recomposto. Mas agora falta liquidez, o que inibe a entrada de novos players", avalia o presidente da Aber. .4

14 üídiibro - Novembro-Dezembro 2008 Revista de Seguros n''867 15 Outubro Novembro ■ ne7.en^bro 2008 - Revista de Seguros n'867

SACs tem novas regras desde dezembro

o serviço que traz a obrigatoriedade de prestar atendimento telefônico 24 horas leva em conta particularidades do setor de seguros e exclui os sinistros

• Ricardo

Morishita:

"Antes de concluir o texto,a proposta foi analisada por todos os setores interessados. Foi o momento de uma discussão ampla"

o decreto 6523/08 estabelece novas regras para os Serviços de Atendimen to ao Consumidor (SACs) em setores regula dos pelo Governo, como empresas de segu ros, telefonia, instituições financeiras, com panhias aéreas, transportes terrestres, pla nos de saúde, serviços de água e energia elé trica. Entre as novas regras está a obrigato riedade de prestar atendimento telefônico 24 horas - serviço que as seguradoras já ofere ciam há mais de 20 anos.

As novas normas levaram em considera ção regras já existentes e seguiram modelos adotados pela França, Canadá, México e Ale manha, informa o diretor do Departamento Nacional de Proteção e Defesa do Consumi dor, Ricardo Morishita. "O texto, elaborado por uma comissão de redação composta por integrantes do Sistema Nacional de Defesa do consumidor, é nitidamente inspirado na norma alemã, que, no entanto, não é gover namental, mas auto-regulatória", diz Ricardo Morishita, destacando que o decreto surgiu não de um evento circunstancial, mas de um histórico dos consumidores em relação ao serviço de atendimento telefônico. "Antes de concluir o texto, a proposta foi analisada por todos os setores interessados. Foi o momen to de uma discussão ampla em torno de pro cedimentos que, talvez, deveriam ter sido adotados há muito tempo", comentou.

Particularidades do setor

As empresas de seguros acompanharam o processo de elaboração do texto através do

Grupo Técnico de Atendimento ao Cliente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg).

Com o trabalho junto ao Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, foram levantadas algumas particularidades para o setor. Do decreto estão excluídos, por exem plo, o atendimento de sinistros e socorro 24 horas. Os cancelamentos - que pelo decreto têm de ser acatados imediatamente -, de seguros fechados com corretoras não serão cancelados pelo SAC das empresas,já que os contratos exigem a intermediação de um cor retor, enquanto a norma vigente só se refere a acordos firmados por via telefônica.

Para Cláudia Warton, que integrou o Grupo Técnico da CNSeg, o decreto, do ponto de vista do consumidor, é positivo, e, fora exigir treinamento e mais funcionários, além de uma readaptação de espaços físi cos, poucas diferenças trouxe para o atendi

mento aos segurados. "Como já mantinham serviços de atendimento 24 horas, as segu radoras praticamente não serão afetadas por cancelamentos telefônicos, pois nossos contratos são fechados através do corretor. Os custos de implantação dos novos proces sos, a contratação de funcionários, o treina mento e até a expansão física ou adaptação ^os call centers existentes para receber mais postos de trabalho variam em cada empresa. "Na Mapfre, a estimativa é que se tenha um impacto direto de IS% em gastos com pessoal", diz Cláudia Warton.

Guilherme Antônio Callado Ferreira, também participou do Grupo Técnico, estima que o impacto causado com a adequa ção das empresas ao decreto deverá ser per cebido em alguns meses. "O atendimento, formalmente, tende a ser maior no inicio do ^0, pois em dezembro, entra a época de festns e em janeiro férias, diminuindo assim a solicitação de informações sobre os serviços.

Superintendente da Ouvidoria da Bradesco Seguros, Guilherme Antônio Callado Fer reira acredita que o custo para implantação das novas medidas afete de um modo geral a todas as empresas - embora ressalte que isso também só será avaliado daqui a algum tem po, quando as companhias puderem perceber como o consumidor reagiu, e qual a necessi dade real de adequações quanto a atendimen tos durante a madrugada. "Não temos como avaliar o comportamento dos clientes". A expectativa é de que o movimento seja peque no durante a madrugada, porém pode haver quem escolha telefonar nessas horas, aprovei tando sua disponibilidade naquele momento. É improvável, mas possível".

As novas regras

O decreto define como SAC o serviço de atendimento telefônico que tenha a finalida de de resolver as demandas dos consumido res sobre informação, dúvida, reclamação, suspensão ou cancelamento de contratos e de serviços, desde que tenham sido fechados por telefone. Pela nova regra, o consumidor deverá ser atendido em 60 segundos e sem pre terá a opção de falar com um atendente. Reclamações deverão ser solucionadas em, no máximo, cinco dias úteis. Todas as liga ções serão gravadas e estarão à disposição do cliente por 90 dias. O consumidor tem direi to de acesso ao conteúdo do histórico de suas demandas, que lhe será enviado, quando solicitado, em até 72 horas. O decreto reco menda ainda que se evite a transferência do cliente para diferentes interlocutores, exceto para serviços diferenciados, e determina também que haja atendimento a pessoas com deficiência auditiva e de fala.

Entre outras medidas, os atendentes do SAC de seguradoras deverão estar prepara dos para dar informações gerais sobre cober turas, riscos excluídos, a abrangência dos planos, respectivos públicos-alvo, limites, prazos,forma de pagamento e contratação de carências, inclusive dos seguros obrigatórios (por exemplo: DPVAT),endereços e telefones de sucursais, corretores e prestadores de ser viços vinculados ao negócio, horários de funcionamento das sucursais e canais de atendimento, endereços de sites da empresa ou do grupo. A

•Cláudia IVorfon:

"As seguradoras praticamente não serão afetadas por cancelamentos telefônicos,pois nossos contratos são fechados através do corretof

* Guilherme Callado:

"O atendimento, normalmente, tende a ser maior no inicio do ano, pois, em dezembro, entra a época de festas e em janeiro férias, diminuindo assim a solicitação de informações sobre os serviços"

ATENDIMENTO
Olga de Mello CD Fotos: Arquivo Pessoal
Em vigor desde 1° de dezembro,
\
16 Outubro-Novembro - Dezembro 2008 - Revista de Segtiros-n°867

Crise não deve afetar seguro agrícola

Nem a crise financeira internacionai deve atrapaihar os planos de crescimento do segmento. Mas crédito mais caro e limitado pode provocar uma diminuição da área plantada

Acrise financeira internacional, que se alastrou pelas economias de todo o planeta, não deve atrapalhar, pelo menos no curto prazo, os planos de crescimento do seguro agrícola do País. Essa pelo menos é a avaliação do pre sidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais(FenSeg)e diretor técnico da Companhia de Seguros Aliança, Wady Cury. Para ele, em tempos de financia mento limitado, a tendência é de que os produtores rurais bus quem instrumentos que dêem maior segurança em casos de frustração de colheita. "Hoje o crédito rural, necessário para o custeio total da safra, é escasso e de certa forma caro. Por isso ele exige garantias, sendo que o seguro agrícola é uma delas. Essa é, por incrível que pareça, uma oportunidade gera da pelos efeitos da crise"

Ele admite, no entanto, que a falta de crédito, não só no Brasil como no mundo, pode provocar uma diminuição da área plantada no próximo ano - o que não deve influenciar na contratação de seguros, que ainda atinge uiíia parcela muito pequena da área plantada no País. O que ela, a falta de crédi to, não pode gerar é diminuição dos investimentos necessários para manutenção da técnica consolidada na cadeia de produ tividade das diversas culturas. Caso isso ocorra, poderá se potencializar os riscos inerentes à atividade. O Ministério da Agricultura já prevê uma redução de safra de pelo menos 1% em 2009. Mas Wady Cury é otimista. Na avaliação dele, o receio de perder colheita, principalmente em momento de cri se, pode levar o produtor a buscar proteção dos seus riscos cli máticos no seguro rural e bem como em outros instrumentos financeiros, como por exemplo: a proteção de preço. O segu ro é um dos instrumentos da política agrícola dos governos federal e estaduais, que promove a estabilidade econômica e alavanca o limite de crédito para os agricultores, além de diminuir os riscos incidentes na produção agrícola e promo ver e manter a criação de postos de trabalho no campo.

Nos últimos três anos, a contratação do seguro agrícola

- Wady Cury:"Hoje o crédito rural, necessário para o custeio total da safra, é escasso e de certa forma caro.Por isso ele exige garantias,sendo o seguro agrícola uma delas. Essa é,por incrível que pareça, uma oportunidade gerada pelos efeitos da crise"

foi puxada pela considerável elevação das subvenções conce didas pelos governos para pagamento dos prêmios. Segundo dados da Comissão de Seguro Rural, de 2005 para 2008, somente as liberações da União saltaram de R$ 25 milhões para R$ 160 milhões. A estimativa para 2009 é de que sejam disponibilizados R$ 270 milhões. O valor depende, porém,da aprovação do orçamento para 2009, pelo Congresso Nacional, o que deve acontecer até o final de dezembro. Com a perspec tiva de que a economia cresça menos que os 4% esperados pela equipe econômica por conta da crise, existe a possibili dade de o governo federal apertar o cinto e reduzir ou blo quear os investimentos era algumas áreas.

Wady Cury disse ainda que o aumento da subvenção e a mudança na postura dos agricultores trouxeram rápidos resul tados na demanda por seguro agrícola. O aumento da área segurada em relação à plantada está apresentando ritmo de crescimento semelhante à liberação dos prêmios. Em 2005, era inferior a 1%. Nesse ano, estima-se que 6 milhões de hec tares ou o equivalente a 10% da área cultivada estejam cober tos por seguro. Para 2009, a estimativa é que área segurada fique em tomo de 10 milhões de hectares, ou seja, algo em tor no de 16% da área plantada. Para isso, o volume de prêmio previsto para 2008 é da ordem de R$ 300 milhões. Em 2007, foi de R$ 125 milhões. Para o próximo ano, a expectativa é de que esse valor atinja R$ 550 milhões - quase o dobro da esti mativa para esse ano.

Fundo de Catástrofe

O presidente da comissão ressalta que a tão aguardada e festejada expansão do seguro agrícola vem acompanhada por um grande desafio. Como instrumento de consolidação deste crescimento, toraa-se imperativo que as seguradoras, desen volvam avançados sistemas de gestão dos riscos agrícolas, entre os quais destacamos: desenvolvimento e implantação de um banco de dados para o seguro rural; programas de desen volvimento e de capacitação dos profissionais que prestarão serviços; programas de monitoramento dos riscos agrícolas -

A idéia é que o Fundo de Catástrofe permita que as. seguradoras ampliem sua cobertura para segmentos onde o risco é um forte obstáculo à iniciativa privada

remoto ou não e outros projetos.

Estes projetosforam recorrentes na pauta das reuniões da comissão de seguro rural e, com o apoio que temos recebido da FenSeg e da Confederação Nacional das Empresas de Segu ros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg), continuarão sendo discutidos e já desenvolvidos e implantados ao longo de 2009. Outro ponto a ser fortemente considerado é a necessário ampliar a capacidade de resseguro no País, que chegou a R$ 7 bilhões em 2008. Segundo Wady Cury, para que haja a cobertura de prêmios no valor de R$ 550 milhões em 2009,as empresas de resseguros necessitam de algo em tomo de R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões de capacidade. Hoje, principalmente devido à crise financeira intemacional, essas companhias podem ter restrições para cobrir as operações ou até mesmo fezer mais exigências.

Como proteção e consolidação do programa de seguro agrícola que vem sendo desenvolvido pelo governo federal deverá ser aprovação do Fundo de Catástrofe, que em maio/08 foi enviado ao Congresso Nacional. A FenSeg, em conjunto com os resseguradores, tem tido diversas reuniões com o mapa, Ministério de Fazenda, CNA e também com o Con gresso Nacional com o objetivo de discutir e aprimorar este importante instrumento de proteção a pohtica agrícola.

Ele será utilizado para fazer frente a catástrofes naturais, doenças e pragas e substituirá o Fundo de Estabilidade do Seguro Rural,criado em 1973. A idéia é que o Fundo de Catás trofe permita que as seguradoras ampliem sua cobertura para segmentos onde o risco constitui forte obstáculo à atuação da iniciativa privada, além de adequar a oferta do seguro rural à crescente demanda incentivada pela subvenção ao prêmio do produtor. O presidente da Comissão de Seguro rural da Fense^ tem dito que o risco de catástrofe ainda é um dos limitadores para o incremento da oferta do seguro rural no País. Por enquanto, no Brasil, as seguradoras nacionais, para atender à crescente demanda dos agricultores, recor rem a gerenciamento do risco climático. Um dos casos que têm tirado o sonho dos administradores públicos é a catás trofe em Santa Catarina, onde as enchentes praticamente destruíram uma cidade inteira. "Esses fenômenos são cada vez mais freqüentes no Brasil", ressalta Wady Cury, acres centando que se os agricultores rurais não aderirem ao seguro agrícola correm o risco de perdei' a safra, o que comprometerá a sua capacidade financeira e por conse qüência a realização de novos investimentos.

Atualmente, o seguro agiicola é comercializado em qua se todo o Brasil, nas diversas culturas pelas seguradoras Mapfre, SBR, Porto, Nobre, AlUanz e Aliança do Brasil. O Paraná foi o hder deste segmento chegando a representar mais de 70% do seguro contratado. Em 2007, o Estado participou com 51% de todas as operações contratadas e, em 2008, continua rá sendo hder com cerca de 45%. 4

SEGURO RURAL
18 Outubro Novembro - Dezembro 2008 ■ Revista de Seguros ■ n"867 hro-Novem
mbro 2008 •Revista de Seguros - it"867

Um dia para refletir sobre as mortes no trânsito

Manifestações em memória das vítimas de acidentes mobilizaram diversas cidades brasileiras em torno do debate e da reflexão sobre o problema do trânsito

Márcia Alves

No ensolarado terceiro domingo de novembro, dia 16, com a praia e o calçadão da orla de Copacabana lotados, Fernando Diniz atingiu seu objeti vo. Do alto de um carro de som e com o microfone em punho, ele chamou a atenção de uma pequena multidão de mais de 300 pessoas para o grave problema dos aciden tes de trânsito no País. Como ele, que per deu o filho em 2003 em um acidente de automóvel, outras centenas de pessoas se reuniram em manifestações semelhantes, na mesma data e em 39 cidades brasileiras, para lembrar seus parentes mortos nesse tipo de tragédia.

MORTES DIMINUEM,MAS ACIDENTES AUMENTAM

em 6,1% no primeiro trimestre após a vigência da lei seca

HíB:

acidentes de trânsito com CRIANÇAS

187.

O Dia Mundial em Memória das Viti mas de Trânsito, instituído pela Organiza ção das Nações Unidas (ONU), em 2005, para mobilizar países no combate à violên cia do trânsito, foi inicialmente celebrado no Brasil no ano passado. Neste ano, a ade são de cidades mais que dobrou e os even tos, em algumas localidades, não se restrin giram apenas à data. Em Belo Horizonte, por exemplo, durante toda uma semana, as vítimas de trânsito foram lembradas em cultos, palestras, exposições e blitzes edu cativas, com a participação de quase 9 mil pessoas. Em Florianópolis (SC), mesmo sob chuva intermitente, que depois viria a pro vocar grandes tragédias, a data foi marcada por espetáculos e passeata em carro de som pela orla marítima.

Letaiidade

*Fonte:Falida Rodoviária Federai

•Mais de 300 pessoas participaram da manifestação em memória das vítimas de acidentes de trânsito no Rio de Janeiro

Vítimas

179.571

Feridos Vítimas fatais

O De acordo com

o Ministeno da Saúde,a vioiência no trânsito nrovocou a morte de 35 mii pessoas em 2006,a maioria poratropelamento(27.9%),seguida por ocupantes de automóveis 121%)e por acidentes com motociclistas(19,8%)crianças, o trânsito é a pnmeira causa de morte,conforme pesquisa do Departamento Nacional de Trânsito realizada entre 2000 e 2007. Nesse período, 180 mil cnan^s sofreram acidentes, das quais mais de 8 mil morreram. Nao por acaso, o órgão elegeu "a criança no trânsito" como tema de campanha neste ano. á.

Na cidade do Rio de Janeiro, a npanifestação foi direcionada à coleta de assina turas do público para a aprovação do Proje to de Lei 798/07, que instituiu penas alter nativas para os condenados por delitos de trânsito, e também para a manutenção de Lei 11.705/08, a conhecida Lei Seca, que está sob o risco de ser considerada incons titucional pela Justiça. Mas essa não é a única ameaça à lei. Por falta de fiscalização eficiente, a chamada Lei Seca vem perden do força. Dados divulgados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) revelam que a queda no número de óbitos em acidentes nas estradas atingiu 15% no mês julho, 30 dias após a vigência da lei. Mas, entre julho e agosto, baixou para 8%, fechando o tri mestre com redução de 6,1%. Para piorar, o número de acidentes com vítimas aumen tou 10% nesse período.

Para Fernando Diniz, que preside a ONG Trânsito Amigo, a lei pode até repri mir por um tempo o consumo de bebidas, mas apenas a conscientização é que fará com que seja respeitada e cumprida. Ele acredita que a aplicação de penas alternati vas poderia ser mais eficaz do que senten ças brandas, como a que obriga o pagamen to de cestas básicas, inclusive para crimes de trânsito com vítima fatal. "Presenciar a dor da família no local do acidente ou ter contato com os mutilados nos centros de reabilitação poderá torná-los mais conscien tes", avalia. 4

TRÂNSITO
O Queda no número de óbtos nas estradas reduziu
2007 2008 Variação
40.991 45.080 T 9,98%
24.934 25.392 T 1,84% Mortos 2.372 2.254 i 4,97%
mortos 1.925 1.819 i 5,51%
socorridas 5.492 5.047 i 8,10%
386.066 639.948
Acidentes
Feridos
Acidentes com
Pessoas
Autuações
165,76%
(por acidentes com morte) 21,29 24,78 4 1,81%
V
4
d Fotos: Soft Produções
20 Outubro Novembro - Dezembro 2008 - Rév/ífo de Seguros n"867

Seguradora Líder entra na luta contra acidentes

o A Seguradora Líder-DPVAT, que administra os recursos do seguro obrigatório de veículos, representando um consórcio de seguradoras, participou das manifestações no Dia Mundial em Memória das Vitimas de Trânsito, com a oferta de material de apoio e distribuição da cartilha "10 Mandamentos do Trânsito Seguro". O presidente da empresa, Ricardo Xavier, disse que "a data foi uma oportunidade excepcional de transformar o luto das famílias em símbolo de conscientização da sociedade".

Em agosto, a seguradora também deu apoio à Lei Seca por meio da doação de 108 etilômetros aos departamentos de trânsito estaduais. "Sabemos que a falta de equipamentos às vezes inviabiliza a fiscalização", explicou Ricardo Xavier.

cs Fotos: Divulgação

Juntamente com a Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg), a Líder colabora com a Frente Parlamentar Trânsito Seguro, agremiação criada no âmbito do Parlamento, e com organizações não-governamentais, No primeiro semestre do ano, o DPVAT pagou R$ 773,6 milhões em Indenizações para mais de 134 mil vítimas de acidentes de trânsito ou a seus beneficiários. O número representou um aumento de 15% em comparação com 2007. Para Ricardo Xavier, o aumento dos acidentes e da frota de veículos influenciou esse resultado, mas não tanto quanto a maior conscientização da sociedade em relação a seus direitos. "O mercado segurador tem trabalhado para isso", afirmou. ▲

ARTIGO TRÂNSITO DIZA GONZAGA Lei da vida

Manifestações nos estados

O ALAGOAS - Em Maceió, as vítimas foram lembradas em evento na sede do govemo estadual, com a participação de agentes de frânsito e representantes das escolas públicas. Na ocasião, a assistente social do Detran-AL,Audjane Medeiros Peixoto, disse que o número de indenizações pagas pelo DPVAT no estado ainda é pequeno,se comparado aos acidentes, porque boa parte da população desconhece seus direitos,

O ESPÍRTTO SANTO - Em Vitória, os motoristas que trafegaram pela Terceira Ponte, no dia 18 de novembro, receberam uma cartilha informativa sobre o seguro DPVAT, entregue pelos policiais de trânsito do estado e por funcionários do SIncor-ES."Como profissionais de uma categoria que vende a Idéia de segurança e tranqüilidade,temos consciência de nossa responsabilidade perante a sociedade", disse o presidente da entidade, José Rômulo da Silva.

O MINAS GERAIS - O Departamento de Estrada de Rodagem (DER) conseguiu reunir na capital Belo Horizonte quase 9 mil pessoas entre 10 e 17 de novembro, ern eventos dedicados à memória das vítimas de trânsito. Além de blitzes educativas nas ruas, uma exposição de fotos contou com 2 mil visitantes. Na Igreja Batista Getsêmani,650 jovens assistiram palestras e mais 3,5 mil pessoas participaram de um culto para a família. Em três missas na Igreja Católica de São Cristóvão, 2 mil folhetos foram distribuídos aos fiéis, Segundo Rosely Fantoni, coordenadora de educação, as rodovias mineiras são recordistas em acidentes: 2,5 mil com vítimas neste ano.

PARANÁ - No primeiro semestre deste ano, o Paraná registrou 22.265 vítimas de acidentes de trânsito -839 fatais. Durante a missa na Catedral Basílica de Curitiba, o diretor-geral do Detran-PR, Cel. David Antonio Pancottl, estimou que para cada morte no trânsito, quatro pessoas fiquem com seqüelas e duas Inválidas, Presente na celebração, a advogada Camila Gaeskl contou que fundou uma ONG depois de ter perdido a irmã em um acidente de trânsito,

O PIAUÍ - "Este é um momento para conscientizar as pessoas sobre educação de trânsito", disse o diretor do Detran-Pi, Jesus Rodrigues Alves, durante a missa realizada no dia 13 de novembro na Catedral Nossa Senhora das Dores, em Teresina, O vice-govemador Wilson Martins disse que a prudência no trânsito é necessária porque a preservação da vida é o bem maior do ser humano.A deputada estadual Lílian Martins destacou que as ieis de trânsito são essenciais para evitar os acidentes.

O SANTA CATARINA - As conseqüências positivas da Lei 11.705 foram o tema das manifestações em Florianópolis, Além de uma palestra sobre os perigos de beber e dirigir, uma missa foi realizada na Igreja do bairro Agronômica. Na data, o instituto de Certificação e Estudos de Trânsito e Transporte (Icetran) organizou espetáculos musicais e distribuiu panfletos na Beira-Mar Norte, Segundo a coordenadora, Munyck de Oliveira, motoristas e pedestres receberam velas, representando as vidas perdidas em acidentes.A

Todos os dias, nós abrimos os jornais e ^ repercussão da implantação da lei apelida a e "tolerância zero". Acredito que nem a vigor do Código de Trânsito Brasileiro (CTB|, em 1998, causou tamanho impacto. Na época, a Fundação lago de Moraes Gonzaga dava os seus primeiros passos, nasce mos em 1996 - dois anos antes, e acompanhamos de per to a "grande revolução" que foi a obrigatoriedade do u^so do cinto de segurança, por exemplo. Em 1998 uma lei como essa era quase impossível de ser criada, a sociedad não estava preparada para recebê-la. Quando começamos o Vida f/r^eníe, tínhamos a esperança de conquistar, de forma pacffica e democrática avanços na questão da preservação da vida n» ® pensei muitas vezes se poderia ver as coisas mu are - da em vida. Nunca pensei em tem po, pois temos consciência de que mudanças culturais se constróem a médio e longo prazos.

Gostaria de confessar que hoje me sinto um pouco mais con fortável, pois se essa lei foi possível e tem a aprovação da sociedade, é por que construímos isso. Eu, voce, os voluntários do Vida Urgente de todo o País, os médicos, os poli ciais, a sociedade em geral, nós, que viemos de forma muito frater- «orHaHpira na chamando a atenção da população "guerra do trânsito" que é travada todos os dias nas das e estradas brasileiras.

Se os deputados federais e o Govern sesen^^ encorajados a implantar uma lei de ama porque sentiram que nos corações de ^ "nopulia havia esse clamor, pois eles não laridade" e enfrentariam os múltiplos in e sem que seriam duramente criticados.

As reações são as mais variadas, parece^u^

uma hora para outra, todo mundo só bebe um cálice de vinho ou come um bombom de licor, aquele consumo abusivo de álcool que vemos todas as noites, quando fazemos a Madrugada Viva ou participamos de festas e eventos, não passou de pura ilusão de ótica, fruto de nossa imaginação.

Para aqueles que ainda duvidam da importância desta lei, destaco o que U em um jornal da capital, quando uma equipe de reportagem acompanhou a trajetória de um jovem de 22 anos autuado por dirigir uma moto, com limi te de alcoolemia acima de 0,6 (esse era o limite permitido anteriormente, ele estaria em desacordo de qualquer for ma). Talvez se não tivesse sido abordado, ele estaria nas manchetes daquele dia, porém por outro motivo, pois os técnicos sempre afirmam que quando há combinação de mais de três fatores, o risco de aci dente é iminente. Então vejamos; grupo de amigos, à noite, conduzindo motos, um dos veículos com maior risco de acidentes, após consumirem bebidas alcoólicas. O pavio da bom• ba estava aceso, porém foi apagado "a tempo e o final da história; o pai, abraçado ao filho indo para casa, após pagar uma fiança de R$ 400. Um final feliz, eles poderão refletir juntos sobre tudo isso!

Quantos pais, assim como eu, pagariam bem mais do que isto, para irem buscar seus filhos vivos, após uma noite de festa? Ah, se existisse uma "Lei da Vida" como essa em 1995, talvez o meu Thiago, que embarcou em uma carona furada, estivesse aqui para ver essa "revolução". Minha mensagem aos policias rodoviários, agentes de trânsito, Brigada Militar, aos pais e sociedade em geral, vamos valorizar essa con quista pela vida. O Congresso Nacional fez a sua parte, agora é a nossa vez de lutarmos pelo direito de abraçar nossos filhos.

j ciinHar-nnThlaqo de Moraes Gonzaga DIZA GONZAGA - é presidente da Fundação n g

TRÂNSITO
O
"Quantos pais, assim como eu, pagariam bem mais do gue isto, para irem buscar seus filhos vivos,após uma noite de festa?"
22 Outubro Novembro - Dezembro 2008 - Revista de Seguros n"867

Uso off-labelcausa polêmica entre especialistas

Apesar de ser utilizado cada vez mais pelos médicos,a Anvisa reprova o emprego desta prática sem estudos científicos comprovados

Aindicação de remédios para uso dife

rente daquele para o qual foram ini cialmente aprovados e que consta na bula - conhecida como uso off-label - é cada vez mais freqüente pelos médicos. A justificativa é de que eles são eficientes também para tratamentos não-previstos na aprovação do medicamento e que, em mui tos casos, faltam alternativas de tratamento.

psiquiátricos, como o transtorno bipolar. Também é constante o recurso a medica mentos off-label em tratamento de doentes com câncer. Nesses casos, os remédios são usados para tratar sintomas comuns a outras doenças.

•Fábio Freire: "Há doenças semelhantes e o médico pode indicar o uso de uma droga que ele sabe que será eficiente"

A questão é controversa e o uso, repro vado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De um modo geral, os hospitais ligados ao Sistema Único de Saú de (SUS) e as empresas de seguro-saúde não cobrem o custo de uso de medicamen tos, aparelhos ou material que não sejam não-aprovados.

O médico afirma que em certas espe cialidades o uso off-label é hoje o mais indi cado para alguns tratamentos porque nem sempre há remédios aprovados. Além disso, falta interesse da indústria farmacêutica de investir em drogas para certas doenças ou mesmo ampliar a liberação para uso. Em casos de doenças raras ou comuns à popu lação carente, que não darão retorno finan ceiro, explica, os laboratórios não aplicam em estudos, que custam muito caro, mesmo que sejam para ampliar o uso.

* Jorge Samaha:

"A Anvisa só pode aprovar medicamentos e tratamentos após estudos científicos aprofundados"

O reumatologista Fábio Freire, diretor da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, explica que, no Brasil e no exterior, o uso offlabel é uma prática comum. Ele explica que isso acontece porque há um grande número de drogas com eficácia comprovada para tra tamentos que não estão previstos na bula. Segundo ele, estes medicamentos são indica dos pelos médicos com base em estudos e pesquisas ou após a avaliação dos resultados em doenças com características parecidas. "Há doenças semelhantes em seu desenvolvi mento e o médico pode indicar o uso de uma droga que ele sabe, por sua experiência e conhecimento, que será eficiente".

Entre os exemplos de off-label está o uso para crianças de remédios indicados para adultos, em frações da dose original ou diluídos. Outro caso citado como rotineiro é a indicação de gabapentina, uma droga prescrita para epilepsia, em tratamentos

Entre os exemplos de doenças que não interessam economicamente aos laborató rios, ele cita a hanseníase, a leishmaniose, a doença de Chagas e outras doenças tropi cais. São doenças que atingem geralmente a população pobre de países pobres e, por isso, a possibilidade de retorno é pequena.

O coordenador de Pesquisas e Ensaios Clínicos da Anvisa, Jorge Samaha, admite que existe a questão do interesse econômi co e que os remédios podem ser eficientes mesmo para usos não-aprovados. Mas infor ma que a Agência não pode admitir nenhu ma prescrição se não for baseada em estu dos científicos que comprovem a eficácia. Segundo ele, os médicos indicam com base em seus conhecimentos, em artigos e estu dos a que tiveram acesso e na experiência de colegas. "A Anvisa só pode aprovar medicamentos e tratamentos após estudos científicos aprofundados", ressalta.

Jorge Samaha explica que a aprovação

de um novo medicamento ou de uma nova indicação para aqueles que já foram aprova dos leva de 12 a 15 meses. Por isso, a deci são fica nas mãos dos médicos, que sao livres para indicar o tratamento que consi derarem mais conveniente. Ele alerta, no entanto, para a importância de os serem informados de que o uso e ott- a

Concordância do ^.

Posição semelhante tem o car ^ Manoel Antônio Peres, diretor de e Médica da Bradesco Seguros. Ele a ega q , apesar de estudos e artigos mostran o a e cácia dos remédios, como não há pesqui mais aprofundada, ela não pode ser com provada. "Por isso, o médico precisa d concordância do paciente", diz e e,^ q alerta ainda que o profissional deve in

mar também que o tratamento não será coberto pelo seguro de saúde.

O diretor da Bradesco Seguros explica que há possibilidade de cobertura para remédios e material não-aprovados, quando eles já tiverem sido regulamentados em outros países e não estiverem disponíveis no mercado brasileiro. "Há produtos que são cobertos mesmo sem regulamentação no Brasil quando aprovados por agências con fiáveis, como a Food and Drug Adminislration (FDA), americana".

Para Manoel Antônio Peres, mesmo sendo prática cada vez mais freqüente, o uso off-label pode envolver riscos aos doen tes e, por isso, deve haver cautela em seu uso. Ele sugere como ideal que o uso só seja decidido, num hospital, por exemplo, após ser submetido a uma comissão de ética

• Maria Inés

"Há pesquisas lá fora que precisam ser analisadas pela Anvisa"

SAÚDE
CS Fotos: Arquivo Pessoal Nelson Moreira
, \ r •
24 Outubro Novembro Dezembro 2008 ■ Revista de Seguros n'^867
25 Outubio Novembro ■ Dezembro 2008 ■ Revista deSeguros ti-867
Dolci:

médica e à direção técnica, e sempre com a concordância do paciente.

A coordenadora institucional do Pro Teste, entidade que tra balha na defesa do consumi dor, Maria Inês Dolci, é defensora do uso off-label, desde que seguidas regras de segurança para o pacien te. Ela diz que, na maioria dos casos, os médicos recorrem a esses medicamentos amparados em estudos e pensando na melhor opção para paciente. Ela afirma que a Anvisa deveria ser mais pró-ativa e mais rápida na análise dos remédios e materiais, pois muitos estão sendo usados regularmente, independentemente de aprovação. E cita produtosjá aprovados no exte rior e que ainda esperam liberação no Brasil como exemplos dos que merecem atenção espe cial. "Há pesquisas lá fora que precisam ser analisadas pela Anvisa", propõe.

Maria Inês sugere que, a p^ir dessa aná lise, seja feita uma lista de remédios que, den-

Mortalidade no País

o o relatório Brasil Saúde 2007 revelou que as doenças do aparelho circulatório, como derrames e infartos do miocárdio, os diabetes e os assassinatos são as principais causas de morte entre a população brasileira. Quando considerados apenas os homens, os homicídios passaram ao terceiro lugar e os acidentes de trânsito apareceram em quarto.

O estudo teve com base as informações recolhidas pelo Sistema de Informação de Mortalidade (SIM)em 2006, o Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e o Sistema de Vigilância e Acidentes (Viva). Os resultados foram divulgados em novembro pela Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde. Eles registraram 1 milhão de mortes em 2005 e 2006 e 11 milhões de internações em 2006.

O relatório mostrou que a taxa de mortalidade varia de acordo com o sexo, a raça e a localização. Os homens têm 40% mais chances de morrer prematuramente que as mulheres, porque são as principais vítimas da violência, principalmente a urbana. As mortes por assassinato são 11,6 maiores entre eles e chegam a 47,5 para cada 100 mil habitantes. Entre as mulheres, o índice foi de 4,1 por 100 mil.

As maiores vítimas de assassinatos são homens adolescentes e adultos jovens, negros e moradores de centros urbanos. Entre os mortos em acidente de trânsito, o perfil mais registrado éi de homens adultos jovens, residentes em cidades pequenas. O maior crescimento no índice de mortes em

tro de regras estabelecidas pelas autoridades de saúde e por profissionais do setor, poderiam ser adotados no Brasil, inclusive na rede pública.

"Isso beneficiaria os pacientes até em relação a preços", argumenta.

Segundo Jorge Samaha, da Avisa, já existe trabalho para levar adiante a proposta de Maria Inês. Ele explica que a Agência, o Minis-.tério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina estão trabalhando em conjunto para estabelecer diretrizes sobre o uso off-label.

O objetivo é tornar mais segura uma prática que já é roti neira. Mas, até que as regras sejam estabelecidas, para a Anvisa, o uso dos medica mentos com prescrições não-previstas na bula é considerado inde sejável - e é res ponsabilidade exclusiva dos médicos. ▲

iComo se ajustar à crise com soluções eficientes

Dentre as definições para o termo crise no (ücionário Michaelis, está: ... situa ção aflitiva, conjuntura perigosa, situa ção anormal e grave; momento grave e decisi vo". O mundo passa por uma grande crise financeira que tem levado os governos a se ajus tarem para solucioná-la da forma mais eficien te possível. Também as pessoas, as empresa^, os governos vivem suas crises e, quando estão nesta situação, procuram soluções eficmntes para equacioná-las no menor tempo possive.

de todos para debelar a crise no menor espa- WêSSBBSBSS^ ço de tempo.

AS CRISES

Como Reconhecer uma Crise é o tópico tratado no Estágio 3, cuja mensagem principal é "preste atenção em sua voz inferior, que diz: opa, bá algo erradoP. Não ignorar informações corriqueiras é um ponto importante e ressalta a necessidade de saber filtrar as informações recebidas no decorrer do dia para identificar uma possível indicação de crise.

RESENHA:

acidentes de trânsito ficou com os motociclistas, saltando de 300 registros, em 1990, para 7 mil, em 2006.

O estudo revelou ainda que as mulheres morrem principalmente de doenças cardiovasculares e de câncer. Na faixa considerada fértil, de 10 a 49 anos, a ordem se inverteu: o câncer foi o responsável por 23% das mortes, enquanto as doenças ligadas ao aparelho circulatório mataram 21,1%. As causas externas apareceram em terceiro lugar na população feminina,com 19,2%. Mas na Região Centro-Oeste, elas foram a principal razão de morte de mulheres em idade fértil.

Na divisão por raça, o estudo revelou que 36,1% dos negros morreram antes de completar 70 anos. enquanto entre os brancos esse índice subiu para 48,9%. Por região, a Sul apareceu em primeiro lugar em longevidade, com 62,9% das mortes registradas após os 60 anos,seguida da Sudeste, com 60,6%, da Nordeste, com 57,2%, da Centro-Oeste, com 42,2%, e, em último, da Norte, com 46,4%,

Na outra ponta, dos mortos com até 1 ano,o Norte liderou com 11,3%: em segundo ficou o Nordeste,com 7,3%: e em terceiro o Centro-Oeste, com 6,1%. O Sudeste, quarto colocado, teve 3,7% de mortes nessa faixa etária, e o Sul, 3.1%. A

O autor, Norman R. Augustine, que e chairman" do Comitê Executivo da Lockheed Martin, escreveu o livro "Como Lidar com as Crises - Os Segredos para Prevenir e Solucio nar Situações Críticas", em que apresenta as mais diversas situações que podem levar uma empresa à crise, que varia desde uma ques a ambiental, ao desligamento de um funcionariochave na empresa. Saber identificar e melhor solução para a crise surgi a e o qu Norman Augustine procura eficazmente nar e demonstrar nesta obra. r^v t-

O üvro é composto por estágios. O Estagio é denominado - Como Evitar as Crises, apre senta as habilidades, como liderança, visao, planejamento, compartilhamento das ideias com a equipe e relacionamento, que os g tes e os executivos necessitam ter para as crises e administrá-las de forma e icien e sua solução definitiva.

O Estágio 2 indica: Como se para Lidar com as Crises. Augustine m decisões a serem tomadas antes que a ocorra, minimizando os riscos e eus os, e outros pontos. Enfatiza, também, a re ev da comunicação com a equipe e o empe

Autor: Norman R.Augustine

Editora: Campus Bsevier2008

O Estágio 4 foca no ponto de Como Con ter uma Crise. Tomar decisões rapidamente, estar presente no local são fatores primordiais para conter uma crise, sem se esquecer da comunicação com a equipe e da ética. Escla recer os boatos e falsas informações também é fundamental para minimizar o clima de ten são estabelecido.

Como Solucionar uma Crise é o ponto cen tral do Estágio 5, que ensina a gerenciar as emoções, a entender o papel do líder e a entrar em ação para solucionar a crise. Um dos pon tos positivos é analisar como a crise foi geren ciada, demonstrado no Estágio 6 O que se Pode Aprender com as Crises. Ter um planejamento para uma próxima crise e acompanhar os resul tados é muito importante.

Além disso, o autor apresenta algumas fer ramentas para prever, detectar e conter crises, e a diferença entre crise repentina e gradual, indi cando uma série de artigos publicados em revis tas internacionais e livros importantes sobre o assunto. É um livro de leitura simples, que per mite àqueles que atuam em empresas prever e solucionar crises quando instaladas através de soluções que precisam ser buscadas imediata mente, de forma estudada e planejada.

SAÚDE
-1"'"*
EDUARDO DE FREITAS LEITE
"Esclarecer os boatos e falsas informações também é fundamental para mininnizar o clima de tensão estabelecido
COMO LIDAR COM
SOLUCIONAR SITUAÇÕES CRÍTICAS
COMO LIDAR COM AS CRISES - OS SEGREDOS PARA PREVENIR E
26 Outubro - Novembro Deyembro ?00H Revista de Seguros w Há, 27 Outubro-Novembro-Dezembro2008-BevlstadeSeguros-rt'867
na área de Regulação de Sinistros RCG, D&O e Garantia, EDUARDO DE FREITAS LEITE - EcoSEmpresarial pela UCAM

Estudos para minimizar efeitos do clima sobre o mercado

Comissão prepara mapa das áreas mais afetadas no País, para propor às prefeituras estados a realização de obras que reduzam os riscos de sinistros

CS Arquivo RS

Daniella Clark

OSventosdas mudanças climáticastra

•Ney Ferraz Dias:

"Temos impactos que tendem a se agravar com as mudanças climáticas. O mercado tem que se antecipar,ou terá sua atuação restringida"

cs Arquivo pessoal

zem novos desafios para o mercado de seguros no Brasil, diante dos impactos iminentes do aquecimento global. Enquanto a indústria mundial estima perdas de US$ 41 bilhões anuais com as transforma ções do clima nos próximos 15 anos, segun do informações da Allianz Seguros, as empresas brasileiras se debruçam sobre o tema na tentativa de se antecipar às mudan ças e minimizar seus efeitos.

"É muito importante reduzir os riscos. O Brasil nunca foi uma região de catástrofes, mas temos impactos que tendem a se agravar com as mudanças climáticas. O mercado segurador tem que se antecipar, ou terá sua atuação restringida", prevê Ney Ferraz Dias, coordenador da Comissão de Estudos sobre Efeitos Climáticos, criada em março de 2008, após um seminário sobre mudanças climáticas realizado pela Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).

Ao redor do mundo

Z Os estragos provocados por desastres naturais no exterior custem bilhões de dólares a cada ano-e as seguradoras investem em pesquisas próprias sobre o aquecimento do planeta. Ainda em 2005, o Grupo Allianz firmou uma parceria com a Organização Não-Govemamentai WWF Intemacional, para realizar estudos sobre as causas e conseqüências do aquecimento global, além de firmar o compromisso de reduzir suas emissões de dióxido de carbono(CO2)até 2012. O grupo também anuncia Investimentos de 500 milhões de euros em projetos de energia renovável até 2010. Em julho deste ano, a empresa realizou no Brasil um fórum para jomaíistas, em que foram discutidos os reflexos do aquecimento global na indústria do seguro mundial. Já a Swiss Re. uma das companhias engajadas em lançar ações para enfrentar as mudanças climáticas, estabeleceu metas internas de redução nas emissões de carbono, baixando-as em mais de 25% entre 2003 e 2007.

A alemã Munich Re é outra que promove uma série de estudos e seminários sobre o tema, além de estabelecer metes para reduzir emissões de carbono e cortar o consumo de energia e' água em seus escritórios. A empresa - que montou em 1974 seu histórico de catástrofes,o NatCatServIcre- calculou que os prejuízos provocados por desastres naterais somaram US$ 75 bilhões em 2007. um crescimento de 50% sobre o registrado no ano anterior. A

trução de edifícios, na adaptação de portos e em barragens.

A proposta é incentivar municípios e estados a adotar uma legislação que contem ple, nas construções civis, técnicas ou mate riais resistentes a vendavais e alagamentos. "Proporíamos novas normas para a constru ção civil, por exemplo, com prédios mais seguros e adaptados a possíveis alterações climáticas, como vendavais. O objetivo é reduzir os riscos", explica Marcela Cotrim.

'Carlos Nobre: "O aquecimento global já pode estar atuando com mais intensidade no Sul do Brasil, gerando tragédias como a de Santa Catarina"

Durante o seminário, foi reconhecido o impacto das mudanças climáticas sobre a atividade seguradora e o mercado elaborou uma lista de compromissos, que incluem o apoio a estudos e pesquisas científicas sobre os reflexos das alterações do clima no País, bem como o incentivo a medidas para redu ção da emissão de gases de efeito estufa. Hoje, um dos principais objetivos da comissão, que conta com 15 representantes de 12 empresas, é mapear as regiões de maior penetração de seguros e os possíveis impactos ligados a mudanças climáticas. Essa meta inclui a construção de um históri-

có desses riscos e a definição de medidas de prevenção a acidentes.

"Em regiões que sejam muito afetadas por ventos ou chuvas, o objetivo é fazer um trabalho junto à prefeitura e ao Estado para que sejam feitas obras que reduzam os ris cos. Assim, seria possível ter cobertura securitária nesses lugares. Se isso não for feito, a tendência é que as seguradoras deixem de atuar nessas regiões. Nos Estados Unidos, os estados da Flórida e Califórnia, por exemplo, têm sérias restrições de seguradoras", expli ca Ney Ferraz Dias.

Mapa de riscos

Em novembro de 2008, o climatologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

(INPE), Carlos Nobre, afirmou que o aumen to de chuvas intensas no Sul do País é um retrato de que "o aquecimento global já pode estar atuando com mais intensidade nessa região do Brasil, gerando tragédias como a que ocorreu em Santa Catarina". Nobre é um dos especialistas que foram convidados pela Comissão para dividir suas experiências e Informações sobre o tema, auxiliando na ela boração de um mapa de riscos.

Responsável na comissão por esse Mapeamento, a engenheira ambiental da Unibanco Seguros, Marcela Cotrim, explica que outro objetivo é o estudo de novas norMas que seriam sugeridas ao poder público ^ ao setor empresarial para minimizar os sinistros, como mudanças na forma de cons-

Outro compromisso firmado abrange não só o dia-a-dia dentro das empresas, como envolve ainda seus fornecedores, incentivando práticas que beneficiem o meio ambiente, como otimização do uso do papel e a utilização de tintas e materiais recicláveis e biodegradáveis.

O grupo também estuda uma forma de privilegiar investimentos em empresas com índice de Susteníabilidade Empresarial (ISE). Segundo Ney Ferraz Dias, hoje 50% dos inves timentos em ações das seguradoras estão em companhias que estão nesse cadastro."Quere mos aumentar esse número para 80%, incen tivando que outras empresas procurem certifi car seus processos", explica.

Os frutos das reuniões mensais da comis são serão apresentados num seminário, em 2009, sobre os impactos das mudanças climá ticas no mercado segurador, quando serão dis cutidas novas ações a serem colocadas em prá tica para ajudar não só as empresas, mas prin cipalmente o Planeta. A

f•Marcela Cotrim: "Proporíamos novas normas para a construção civil, com prédios adaptados a po5s/Veís a/terações climáticas, para reduzir os riscos'

MUDANÇAS CLIMÁTICAS
28 Outubro ■ Novembro Dezembro 2008 ■ Revista dw Seguros - n»867
cs Arquivo Unibatrco
29 Outubro•Novembro•Dezembro 2008 - Revista deSeguros n°867

Produtos ajudam o desenvolvimento sustentável de um país

Sucesso da quarta edição do evento Microinsurance Conference 2008 demonstra maior interesse mundial em debater o tema microsseguro

Nuncahouvetanta genteinte

ressada em debater o microsse guro no mundo. Esta foi a impressão dos participantes brasileiros da quarta edição do principal evento mundial sobre o tema, o Microinsurance Conference 2008, que este ano aconteceu em Cartagena, na Colômbia, de 5 a 7 de novembro."O evento cresceu não ape nas em número de participantes - que saltou de 300, em 2007, na índia, para 450, em 2008 - mas também em qualidade e prestígio", ava lia a coordenadora de Relações Internacionais da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Regina Simões, integrante da comitiva de 23 brasileiros que esteve da conferência.

• Antônio Cássia:

"Os trabalhos tiveram excelente qualidade técnica, com freqüência superior à verificada na edição anterior. Outro ponto forte foi a presença de congressistas de todos os continentes"

variados. Do mais básico, como "Introdução ao Microsseguro", a assuntos de maior comple xidade, como "O papel do Resseguro na Pro moção do Microsseguro" e "Empresas de Uti lidade Pública: Canais Massivos e Eficientes para a Distribuição de Produtos de Microsse guro". Foram também apresentados cases sobre o desenvolvimento dos microsseguros em mercados como Áfnca do Sul, Índia, Paquistão, México, Colômbia, Nicarágua, Philipinas, Uruguai e Peru, entre outros.

Para Regina Simões, foi importante conhecer tantas experiências distintas no seg mento do microsseguro, embora não haja nenhum modelo que possa ser integral mente adotado no Brasü. "A principal lição é que cada país precisa criar seu pró prio modelo, com base nas suas caracte rísticas educacionais, culturais etc. O que se aplica num país não necessariamente e replicável em outro", avalia.

Trocas de experiências e pontos de vista

O A mesa

Regina Simões conta que, pela primeira vez, um chefe de estado abriu os trabalhos, no caso o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe. "Em seu discurso, Álvaro Uribe demonstrou conhecimento sólido sobre o tema e causou ótima impressão. Ele abordou a importância da proteção social oferecida pelas microfinanças, em geral, e os microsseguros, em particu lar, para o desenvolvimento sustentável de um país", acrescenta.

Formado por representantes de segurado ras, do Governo e de organismos representati vos do setor - como a Escola Nacional de Segu ros (Funenseg), a Federação Nacional dos Cor retores de Seguros (Fenacor) e a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplemen tar e de Capitalização (CNSeg)- o grupo brasi-

leiro que participou da conferência internacio nal foi liderado pelo presidente eleito da CNSeg, João Elisio Ferraz de Campos.

O presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi], Antô nio Cássio dos Santos, que está à frente tam bém do Comitê de Microsseguros da Fenaseg e da seguradora Mapfre, voltou da Colômbia satisfeito: "Os trabalhos tiveram excelente qua lidade técnica, com freqüência superior à veri ficada na edição anterior. Outro ponto forte foi a presença de congressistas de todos os conti nentes", diz.

Ao todo, participaram dos debates repre sentantes de 46 países. "Havia tanto represen tantes de órgãos reguladores, como de empre sas, consultores e outras partes interessadas. Esse foi um dos motivos da alta qualidade das discussões", complementa Regina Simões, que representou o presidente da Susep, Armando Vergílio, na conferência. No último dia, ela fez uma apresentação sobre "Regulação, Supervi são e Políticas na América Latina", enfatizando o esforço que vem sendo realizado no Brasil pela regulamentação do setor.

Iixemplos internacionais

As palestras abordaram temas bastante

* Regina Simões:

"A principal lição é que cada país precisa criar seu próprio modelo, com base nas suas características educacionais, culturais etc. O que se aplica num país não necessariamente é replicávelem outro'

Na opinião de Antônio Cássio dos Santos há, contudo, exemplos internacionais que podem inspirar soluções no Brasil, a partir de algumas adequações. Um deles e o uso de companhias de utilidade pública, de eletrici dade ou telefonia, por exemplo, como canais de venda de seguros de baixo valor. Na Colômbia, essa foi uma forma bem-sucedida de fazer o microsseguro chegar a popu açao de baixa renda a um custo razoável ,relata. Em mercados europeus, como o de Portu gal e Espanha, Antônio Cássio dos Santos con ta que algumas das principais baireiras de entrada do microsseguro são semelhantes as encontradas no Brasü,entre elas,a ausência de Ia regulação aderente às necessidades do público de baixa renda, o alto custo tributário e a falta de uma curva de aprendizado no se„- "ento E há dificuldades adicionai, como escala mais reduzida - o que atrapalha na hora

Microinsurance Jííl„er

Seguradores Colombianos(Fasecolda), a Fe^ ração Interamericana das Empresas de Seguros (Fides) e a Superintendência Fmanceitd da Colômbia. A

redonda de abertura do Microinsurance Conference 2008 teve a participação de um brasileiro: Antônio Cássio dos Santos, presidente da T FenaPrevi e do \^l Comitê de Microsseguro da CNSeg."O Supervisor do Setor Bancário e Financeiro da Colômbia, responsável também pela área de Seguros, fez perguntas aos participantes com o objetivo de estimular a troca de experiências e pontos de vista", contó.

Carbigena, y COLOMBIA /

"Tive a oportunidade de falar sobre os avanços promovidos no Brasil, recentemente, a partir da criação do Grupo Muitilateral definido pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)", acrescenta o executivo. Criado em meados de 2008, o grupo trabalha na criação de normas específicas para o microsseguro no País.

Um tópico posto em debate, na ocasião,foi a validade ou não da criação de seguradoras especializadas em microsseguros. "Nesse caso, defendo a posição de que só vale a pena criar empresas com foco no segmento se houver tratamento tributário distinto das seguradoras tradicionais", afirma.

Outra posição marcada por Antônio Cássio dos Santos diz respeito à necessidade do estabelecimento de um controle de solvência dos operadores, uma vez que os microsseguros são destinados a um público que compra produtos com prêmios de baixo valor, porém, de potencial freqüência.

Além de Antônio Cássio dos Santos, compuseram a mesa Roberto Junguito, da Federação de Seguradores Colombianos (Fasecolda); MarkWenner, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e Jorge Claude, da Federação interamericana das Empresas de Seguros (Fides), aiém do mediador César Prado, Supervisor do Setor Bancário e Financeiro da Colômbia.

MICROSSEGURO
CB Arquivo Mapfre C5 Arquivo Pessoal
30 Otiliibro Novembro Dcycnhro 2000 Revista de Stguros D"Sry/
''^tlTnt:t;^nUal
foiP—
31 Outubro Novembro - Dezembro2008 - Revista deSeguros n-86/

Crédito interno ganha espaço com a crise

Segmento de risco comercial movimentou cerca de R$ 200 mi até setembro deste ano

Oaumento do riscofinanceiro,o cresci mento dos índices de inadimplência e flutuações das moedas decorrentes da crise financeira que atinge a economia em âmbito mundial está trazendo benefícios para alguns setores específicos. Este é o caso do segmento de Seguro de Crédito Interno, cuja carteira vem crescendo de forma acelerada. De acordo com os números da Superinten dência de Seguros Privados (Susep|, relativos ao acumulado de janeiro a setembro, o mer cado de seguros de crédito interno, risco comercial, movimentou quase R$ 200 milhões, 8% a mais do que em igual período de 2007. Nas indenizações pagas, o valor che gou a R$ 110,6 milhões, alta de 46,8% ante os nove primeiros meses do ano passado.

A avaliação,é do presidente da Comis são Técnica de Riscos de Crédito e Garantia da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg], João Gilberto Possiede, para quem o seguro de crédito comercial doméstico deverá aumentar de forma significativa sua participação no volume global movimentado pelo setor de seguros em geral ~ hoje essa participação oscila entre 3% e 5%. "Este é um produto ainda pouco comercializado, mas a tendência é de um crescimento expressivo, tendo em vista que, com o segu ro de crédito, o risco da inadimplência pode rá ter um menos impacto nas operações das empresas, oferecendo maior segurança nas vendas a prazo."

Pré-requisitos

João Gilberto Possiede adverte, no entan to, que apesar dos excelentes índices de cres-

FUNENSEG Sucesso de MBA leva à abertura de novas turmas

Bonn desempenho do curso provocou ainda a antecipação de seu lançamento em

São Paulo

"Este é um produto ainda pouco comercializado, mas a tendência é de um crescimento expressivo"

cimento nesse segmento do mercado segura dor, o volume de prêmio arrecadado ainda é bako. "Por este motivo, a sinistralidade varia muito", analisa ele. "Pelo aspecto da aceitação de risco, as perdas sofridas em 2007 fizeram as seguradoras agravarem as taxas nas renova ções de apólice e serem mais restritivas na concessão de limites de crédito."

Segundo o executivo, o movimento de variação da sinistralidade deve se manter por alguns anos até que se tenha um volume maior de prêmios. No período de janeiro a setembro deste ano, a sinistralidade no seg mento foi de 35%, o que representa uma con siderável queda em relação ao índice regis trado no ano de 2007: 121% {veja tabela).

Ele lembra que em países nos quais o produto seguro de crédito está consolidado, a sinistralidade varia entre 50% e 60%, apresentando um comportamento mais estável, embora atualmente já se constate uma certa elevação em decorrência da cri se mundial. ▲

VARIAÇÃO DA SÍNISTRALIDADE

Osucessodo MBAEi^cutivoemSegurose

Resseguro no Rio de Janeiro surpreendeu a Escola Nacional de Seguros(Funenseg). A primeira turma,lançada no se^^do semestre deste ano, teve uma procura tão granae que, além dos 42 alunos que iniciaram o curso ern setembro,uma outra foiformada com mais de m matriculados, para mício em 14 de janeiro de 2009. E está em estudos a possibilidade de abnr uma nova turma em julho. O excelente desempe nho do curso no Rio de Janeiro também levou a Escola a antecipar, para o primeiro semesti-e do próximo ano, o lançamento na capital paulista Segundo o diretor de Ensino e Produtos da instituição, Nelson Le Cocq, a decisão de l^çar o MBA foi tomada após anáhse das necessidades mais prementes do mercado,em função da aber tura do resseguro e do conjunto de normas e exi gências de capital introduzido pela Supenn en dência de Seguros Privados (Susep).

Nelson Le Cocq explica que estes fatores.

aliados à crescente atenção de investidores externos, estão conduzindo o mercado a uma nova dinâmica, onde a concorrência se acen tua, o grau de consolidação aumenta e o apri moramento contínuo dos profissionais do setor passa a ser um aspecto fundamental para o desempenho eficaz das empresas. "O MBA é fruto de um intenso diálogo da Escola cora os diferentes segmentos do mercado, que nos per mite identificar suas necessidades, desenvolver produtos adequados e suprir as demandas que surgem a partir da nova conjuntura que esta mos vivendo", explica.

O diretor acredita que o êxito do curso se deve ao fato de as disciplinas estarem todas vincu ladas aos aspectos técnicos e ao processo decisono vivenciados pelos profissionais que atuam no mer cado "Exploramos de forma aprofundada a lógica característica das operações de seguros e ressegu ros para fornecer domínio técmco.e capacitar o gestor a analisar de maneira crítica a inserção das operações de seguros no cenário econonuco e taceiro do qual fazemos parte , conclui.A

CONHEÇA A ESTRUTURA DO CURSO DE MBA

O Módulo 1 - Nivelamento

Ambientação / Matemática Financeira / Estatística Instrumental / Gestão de Talentos

O Módulo 2 - Mercado de Seguros

Introdução ao Mercado de Seguros / Contabilidade em Seguros / Administração / Estratégica em Seguros Cenários Econômicos e Tendências / Ambiente Lega! em Seguros / Ambiente Regulatório ern Seguros / Ambiente

Regulatórioem Saúde/Governançae controles Internos/Mercado Fmanceiro/ impactos da Abertura de Capital/Ética e Responsabilidade Social em Seguros

O Módulo 3-Gestão de Seguros Gerência de Riscos/Gestão de Seguros de RISCOS de Propriedade/Gestão de seguros de Transportes/Seguros de Riscos de Responsabilidade Civil. Gestão de Riscos de Pessoas/Gestão de saúde Suplementar/Previdência Privada/

Gestão de Seguros MassifícadosAuto e RE

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O Módulo 4 - Gestão de Resseguro introdução ao Resseguro / Ambiente Regulatório de Resseguro / Resseguro de' Property e Casualty / Resseguro Mercado internacional

O Módulo 5 - Tópicos Especiais Tópicos Especiais e Seminários 1 / Tópicos Especiais e Seminários 21 Metodologia Cientítica

SEGURO DE CREDITO
ca Arquivo Fenaseg
* João Gilberto Possiede:
Prêmios Sinistro Sinistralidade (R$) (R$) (%) 2008 (até set.) 70.563.142,60 24.452.838,32 35 2007 69.507.994,93 83.781,032.77 121 2006 62,057.111,95 33.618.432,90 54 2005 45.417.632,40 27.883.225,65 61 Histórica 247.545.881,88 169.735.529.64 69 *Fonte:Susep Obs: Os números acima referem-se à produção exclusivamente das empresas seguradoras(Áurea, Mapfre, Euler, Caface, Credito Y Cauclon e JMalucellI)
CB Daniela Meireles
• Nelson Le Cocq: "O MBA é fruto de um intenso diálogo da Escola com os diferentes' segmentos do mercado"
32 Outubro Novembro - Dexembro 2008 - Revista de Seguros - n"867 33 Outubro-Novembi■ç,-oezembm2003 - ReWrtfldeSeguros

Realizado em pleno ápice da crise internacional,evento atraiu mais de 200 participantes e deixou um saldo de boas notícias para os fornecedores de soluções na área de TI

Com os pés no presente e os olhos no futuro

Uma das principais conclusões do evento é que o setor vai continuar a desenvolver os projetos em ritmo acelerado, mantendo em alta os investimentos das empresas

Vagner Ricardo

Feche os olhos e tente imaginar o funcionamento de uma seguradora nas próximas décadas. É muito pro vável que, dando asas à imaginação, a companhia dos sonhos reunirá uma parafernália tecnológica sequer dispomvel hoje, mas a caminho de ser patenteada nos próximos anos, tendo em vista o ritmo frenético de descobertas na área de Tecnologia da Informação (TI). Uma revolução silenciosa já está em curso e alguns dos embriões de novas idéias colocam-se enfileirados nas prateleiras dos fornece dores de soluções, propondo-se a agilizar sinistros, comba ter fraudes, dispor de processos de gestão de ações judiciais mais eficientes, por exemplo.

Uma mostra disso foi apresentada durante o IVInsurance ITMeetíng, realizado de 7 a 9 de novembro, no Hotel do Frade, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, pela Comissão de Processos e Tecnologia da Informação da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Pri vada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg).

O.evento realizado em pleno ápice da crise financeira internacional atraiu mais de 200 participantes e deixou um saldo de boas notícias para os fornecedores de soluções às

A U.

áreas de Processos, Negócios, Controles Internos, Gestão de Riscos, Compliance e TI do mercado segurador: o setor vai continuar a desenvolver seus projetos - o que significa desen volver e adquirir soluções - em ritmo acelerado, mantendo em espiral de alta os investimentos das seguradoras, entida des de previdência privada e de capitalização.

Este ano, a previsão é de que os investimentos do mer cado de seguros em TI alcancem R$ 1,4 bilhão, mantendo o crescimento observado nos últimos anos. A opinião é do pre sidente da Comissão de Processos e Tecnologia da Informa ção(CPTI) da CNSeg, Sidney Dias da Silva. Ele informa que a taxa de desembolsos com TI neste setor, em média, repre senta 2% dos prêmios emitidos do mercado. Mas, na prática, os desembolsos do setor em tecnologia estão subsestimados pois não incluem as áreas de saúde e de capitalização e, tra tando-se de previdência, só contabilizam a carteira de VGBL. Os desembolsos com TI, acrescenta, podem superar a taxa média do mercado e atingir até 2,5% dos prêmios emitidos, dependendo do porte e perfil das seguradoras.

Novas exigências

A transição a ser iniciada no próximo ano, para adotar os padrões da Intemational Financial Reporting Stanâards (IFRS), obrigará as seguradoras a modificar processos, rever conceitos e a ajustar seus sisemas de informação para aten der às novas exigências de relatórios contábeis e financeiros definidas pela Superintendência de Seguros Privados(Susepj, para vigorar em 2010.

Outra exigência de aportes em processos e na área de tecnologia será a necessidade de procurar, nas gôndolas das empresas fornecedoras de soluções, produtos para adaptar seus processos e sistemas de informação aos dos resseguradores estrangeiros, que hastearam bandeiras no País desde abril, mês da estréia do mercado livre de resseguro.

E ainda tem o potencial de negócios gerados na inter nei que, mirando o chamado banking insurance, deve apressar investimentos do mercado na área de tecnologia,

para atender os clientes de forma mais adequada.

Aliás, uma pesquisa da Accenture e da Rating de Seguros Coiisultoria ratifica as projeções otimistas do presidente da CPTI. Indústria seguradora do Brasil: visão executi va da situação atual e perspectivas para ^Ciíinquiriu 25 executivos de seguradoras no País e concluiu que eles estão mais alinhados com a visão mundial em tomo da nece.ssidade de investimentos em eficiencia operacional. "A tecnologia e a busca de percebida como um importante mstrum p excelência operacional. O estudo* e investimentos em TI, os componentes e . „ [g. manutenção de produtos são considerados pnoritarios, ta o executivo Silas Devai Jr, da Aventure.

produtos oferecidos pela Central de Serviços, que hoje conta com 24 ban cos de dados e, em conseqüência, agrega valor aos serviços e apólices do mercado segurador brasileiro.

.Silas DevaiJr.: "A tecnologia é percebida como um importante instfürnento para a busca de excelência operacional'

Pelo estudo, 60% dos consuMados dizem que ^ da Tecnologia da Informação vai bene te, a eficiência operacional, a redução de custos |bU%| controles internos (44%).

.Sidney Dias; Este ano,a previsão é de que os investimentos do mercado de seguros em TI alcancem R$ 1,4 bilhão

Horácio Cata Preta enumera uma série de novos serviços recémimplementados ou previstos para o próximo ano, destacando seus benefí cios. Entre outros, ele cita o Sistema de Registro de Certificados de Segu rança Veicular(SISCSV), cujo alvo é a redução de fraudes com veículos transformados, recuperados e adulte rados, por meio de consultas ao banco de dados em janeiro de 2009; ou o chamado RNS - Riscos Patrimoniais (Registro Nacion^ de Seguros)- cujo projeto está finalizado, na fase de adesão das seguradoras e entrega de senhas.

Para 2009, acrescente-se à lista de novos produtos e ser viços o Siscor (Sistema de Controle de Ofertas Preferenciais de Resseguro): Silag (Sistema de Liquidação e Liberação Automática de Gravames de Veículos Indenizados Integral mente); e ainda Cesac/Celiseg (Central de Securitização de Apólices e Contratos de Seguros / Central de Liquidação de Operações de Seguros, Co-seguros e Resseguros).

empresas DE TI

yixiA

prnvider IT (C&V)..

Arregaçando as mangas orrecaAtentas ao cenário promissor,as empresas de TI arreg çam as mangas para criar produtos sob medida para as seguradoras. A começar da bem-sucedida expe riência de compartilhamento de dados do mercado segurador da Central de Serviços da CNSeg, relatada por seu diretor, Horácio Cata Preta.

Segundo ele, o compartilha mento de dados do mercado foi fundamental para a expansão de

Delphos, Serasa, 14Pro, Compuletra, Hyland.Audatex,

Também as empresas presentes ao IV Insurance IT Meetin^ (quadro abaixo) apresen taram uma gama de soluções, como sistemas de combate à frau de, tecnologia de pontuação para classificação de riscos associados aos clientes; soluções para otimi zação de processos de sinistros; gestão de ações judiciais integra das ao negócio; ou industrializa ção do processo de desenvolvimento de produtos. .4

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34 Outubro - Novembro - Dezembro 2008 - Revista de Seguros n'867 35
Ou,u,ro-No.,^t„o-D«e,.b,o2008 - «,,1=.-*^
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Stefanlni. Accenture, SAP. BRQ. Sterling Commerce, Borland,

O Brasil em sintonia com o mundo

Para melhorar a informação contábil, Susep,CVM e BC criaram uma série de regras com base nas novas leis e normas

tuai para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis.

3Arquivo CAF 1

•Haydewaido

Chamberlain: "A contabilidade não será definida por um enorme conjunto de regras e sim por princípios e objetivos"

ta de transparência nos investimentos feitos por grandes conglomerados mun do afora, entre outras razões, os órgãos regu ladores buscam novas fórmulas capazes de tornar mais eficiente o acompanhamento dos setores afins, No Brasil, antes da eclosão da crise financeira mundial, novas leis e normas da (Susep) Superintendência de Seguros Pri vados, Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Banco Central criaram uma série de regras, que têm o objetivo de melhorar a informação contábil.

Segundo a Chefe da Divisão de Mercado (Dimes) da Susep, Osiane do Nascimento Ariera, algumas regras foram discutidas na Comissão Contábil instituída pela autarquia, que contou com representantes do mercado e do Ibracon (Instituto dos Auditores Indepen dentes do Brasil). "Outras razões para as mudanças foram as alterações introduzidas pela Lei 11.538/07 e pela Medida Provisória 449. E novas alterações serão aprovadas antes da virada do ano", anuncia.

Entre as novidades, ela destaca a altera ção da contabilização pelo certificado em substituição à apólice, quando o risco de cobertura for definido no certificado; a exi gência de que o mercado comprove existência de resultado positivo em pelo menos três exercícios dos últimos cinco anos para consti tuir o crédito tributário sobre prejuízo fiscal; a antecipação para que as sociedades efetuem a verificação do valor recuperável de seus ati vos de acordo com a Lei U.638/07; e a apro vação dos pronunciamentos técnicos (Comi tês de Pronunciamentos Contábeis - CPCs 02, 04, 05,06, 07,08, 10, 12, 13 e 15), com vigên cia em 2008, e do CPC 11, com vigência em 2010, além da aprovação da Estrutura Concei

Osiane Ariera diz que as mudanças foram muito discutidas. Para ela, as empresas que reportam demonstrações contábeis para outros países entendem que essas mudanças são necessárias. Já as empresas locais talvez não tenham essa compreensão."É importante para o Brasil proceder a convergência às nor mas internacionais. É muito complicado ter critérios tão diversificados quando o obje tivo é a transparência", comen ta. E acrescenta que mui tas normas entraram em vigor ainda em 2008, enquanto a norma con tábil específi ca para a ope ração de segu ros vai vigorar em 2010.

Osiane Ariera admite que o prazo de adequação é exíguo. Mas esse não é um problema exclusivo das seguradoras.

Segundo ela, a Lei 11.638, aprovada em dezembro de 2007, produziu efeitos já para 2008 e ainda demanda uma regulamentação. "A situação ficou mais difícil com a edição da MP 449, que era necessária, mas infelizmen te só foi editada no último dia 04 de dezem bro. Puf isso, eliminamos a necessidade de ajustar as demonstrações contábeis referentes ao exercício de 2007 com os ajustes previstos para 2008. Essa medida é claramente uma demonstração de que entendemos que há

muitas mudanças em um curto espaço de tempo", comenta.

Audiência pública

A Susep discutiu com o setor privado as mudanças especfficas do mercado - mas com relação às mudanças decorrentes da edição da Lei U.638/07 não houve muitas discussões. Mesmo assim, todas as normas de regulamen tação da Lei estão sendo ou foram objeto de audiência pública pelo Comitê de Pronunciar-.

(IFRS) é fundamental em virtude das profun das transformações ocorridas no cenário eco nômico mundial. "Mais de 100 países já requerem ou têm política de convergência de suas práticas para o IFRS", frisa.

Segundo ele, a elaboração das demons trações financeiras foi referendada pelo Fórum de Estabilidade Financeira (Financial Stability Fórum - FSF), formada pelos minis térios de finanças e banco centrais dos países mais industrializados.

No Brasil, a Lei 11.638/2007 introduziu princípios da convergência na contabilidade. Antes, foram aprovados conceitos na contabi lidade das instituições financeiras e segurado ras, como a classificação por categoria da car teira de títulos e valores mobiliários e sua metodologia de contabilização.

Princípios e objetivos

As mudanças valorizam o profissional de contabilidade, que deverá estar cada vez mais tecnicamente preparado para julgar a forma mais adequada de registrar a operação e o modo de elaborar as demonstrações, apresentando uma quantidade mais detalha da de informações, agregando valor para a empresa, investidores e clientes. "A contabi lidade não será definida por um enorme con junto de regras e sim por princípios e objeti vos" define o presidente da CAF.

Chamberlain diz ainda que a convergên cia para normas internacionais demandará fortes investimentos na adequação de siste mas e treinamento de pessoal das áreas de contabilidade e atuarial. "Esses processos sao Lversíveis. O mercado enfrenta um grande desafio, mas os órgãos reguladores tem cons ciência disso. A Susep já se pronunciou nesse s ntido e não será necessária a comparabdiTL das demonstrações financeuas", afirma.

importante para o Brasil proceder a convergência às normas internacionais. É complicado ter critérios tão diversificados quando o objetivo é a transparência"

mentos Contábeis (CPC). sq ças decorrentes da edição da MP houve tempo hábil para discussões.

O presidente da Comissão detração e Finanças (CAF) da Confederaç Nacional das Empresas de Seguros ' Previdência Privada e Vida, Saúde , tar e de Capitalização (CNSeg), Haydewa Chamberlain, entende que a convergenc para as Normas Contábeis Internacional

Ele elogia a participação de represen tantes do setor privado no grupo de trabalho instituído pelo CPC, que conduz o proces se normalização contábU. Chamberlam libra Que foi ratificado, inclusive, nesse ' n ue os produtos VGBL e PGBL deve- Siser classificados como contratos de seguZ e não contratos financeiros. Quanto ao período da implementação, ele frisa que a Ceo acompanhou os prazos estipulados pela CVM e Banco Central. A

NORMAS CONTÁBEIS
Em tempos de crise ocasionada pela fal
36 Outubro Novembro - Dezembro 2008 ■ fíevista de Seguros m'867
Osiane Ariera

Tem nuvem negra no horizonte

Ao contrário das crises passadas,desta vez o Brasil não deve ser uma das nações mais atingidas pela catástrofe que se abateu sobre o mundo

Ninguém sabe o que vai acontecer em 2009. A úni

ca certeza - e essa é unânime - é que será um ano difícil, com barreiras e armadilhas a serem trans postas ao longo do caminho.

A crise chegou com força global, atingindo as prin cipais economias desenvolvidas, boa parte das quaisjá se encontra em recessão. Em três fases distintas, ela se aba teu primeiro sobre o crédito, quebrando ban cos, seguradoras e fundos de investi mentos. Depois, caiu sobre a econo mia real, e empresas de todos os setores sofrem pela falta de^ crédito, de mercado e de perspectivas para seus produtos e serviços.

Mas a terceira vertente é a mais cruel: junto com a desaceleração da economia vem o desemprego, a misé ria, a dependência da assistência social, a desagregação familiar, o aumento da crimina lidade e a insegurança.

Ao contrário das cri ses passadas, desta vez o Bra sil não deve ser uma das nações mais atingidas pela catástrofe que se abateu sobre o mundo. Isso não quer dizer que nosso futuro é radiante e que, depois da tormenta, o pote de ouro já é nosso. A verdade é que o País já sofre com o quadro internacional e seus reflexos na economia interna.

A disparada do dólar para patamares muito acima do que se encontrava em setembro, em princípio, ajudaria as exportações, não fosse um pequeno detalhe: a crise faz com.que os compradores se retraiam, reduzindo drastica

MONGERAL juntas no Brasil.

Solidez, Confiança, Credibilidade, Tradição e Experiência.

mente o mercado para nossos produtos. E a contrapartida é mais terrível ainda: empréstimos tomados em dólar subitamente tiveram um aumento, em reais, de 40%. E num momento em que não há faturamento suficiente, lá fora ou no mercado interno.

Os reflexosjá podem ser sentidos na queda da venda de imóveis e de veículos. Nas férias coletivas. No adiamento de projetos de expansão das atividades produtivas e dos investimentos de longo prazo. No desaquecimento de praticamente todos os setores econômicos.

Na medida em que seguro é atividade de suporte, não há como 2009 ser um ano fácil para o setor. Sem crescimento das ativida des de ponta, é inviável o desenvolvimento do mercado, tanto pela ausência de novos ris cos a serem segurados, como em função da retração econômica e do desemprego gerado por ela, que inibem a con tratação das apólices ou de planos de previdência e de saúde privados.

Como se não bastasse, as apli cações financeiras estão menos rentá veis, o que, em função da sinistraiidade média atual, apontaria para a necessidade de uma readequação dos prêmios, inimaginável no momento.

Neste cenário, 2009 será daqueles anos em que todo cuidado é pouco. Mas, como toda moeda tem dois lados, pode ser também, se bem trabalhado, um ano de boas oportunidades, principalmente para o planejamento estra tégico. Afinal, nenhuma crise dura para sempre. A

tecnologia deserviços.

Prestesacompletar174anosdeatuaçãojn—^

no mercado, a MONGERAL deu para reafirmar seu melhoressoluçõesemsegurod

Osacionistas da MONGERALestão

AEGON, um dos negóciosda mundo, quepactuou adquirir ° confiança, ipanhia. Juntas, oferecerão solidez, com^w.

Com sede em Haia, na Holanda, a AEGON está presente em mais de 20 países, com 40 milhões de clientes e ativos sob gestão de mais de US$ 500 bilhõesou R$ 900bilhões.

Toda a documentação exigida para a aprovação pela agência reguladora será encaminhada à Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). A aprovação deve ocorrer no primeiro trimestre de2009.

O objetivo da MONGERAL é continuar cuidando da segurançaedatranqüilidadedosnossosclientesedas suasfuturasgerações. É porissoqueconstruímosuma empresa sólida, alinhada com as melhores práticas internacionais.

credibilidade,tradiçãoeexperiência ^

OPINIÃO ANTONIO
PENTEADO MENDONÇA
ANTONIO
PENTEADO MENDONÇA - Jornalista e especialista em seguros e previdência
, •;< ;• \ I ;■ ; .'.l-
38 Outubro Novembro ■ Dezembro 2008 -Revista de Seguros - n°867
E,p.,l»nci. .
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