T1840 - Revista de Seguros - setembro de 2007_2007

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Brasil vive melhor fase deseu perfil demogrdfico

Ha mais pessoas em idade de trabalhar, e bem menos velhos e crianqas,que dependem delas. A pressao pelo crescimento populacional tambem foi bastante atenuada

m popula9ao brasileira passa XI pelo melhor momento da M Ihistoria do Pais; nunca antes houve tantas pessoas em idade economicamente ativa. No futuro, e claro,isto nao sera tao bom,porque entao a popu]a9ao tera enveIhecido. Atualmente, o Brasil ostenta as menores taxas de dependencias demograficas: ha mais pessoas em idade de trabalhar, e bem menos velhos e crian9as, que dependem delas. A economia crescia, nos periodos em que crescia, 7% ao ano entre 1940 e 2000,mas a popula9ao aumentava muito. Hoje, com o crescimento popula cional em queda,basta a economia chegar a 5% ao ano para oferecer a mesma renda per capita que tinha na epoca de ouro do crescimento economico".

Estas afirma9oes sao de Jose Eustaquio Diniz Alves,pesquisador titular do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) e coordenador de p6sgradua9ao da Escola Nacional de Ciencias Estatisticas,que abriu o painel sobre "As mudan9as De mograficas e OS Seguros para a Terceira Idade". Detalhou por-

que,hoje,as condi96es demogra ficas sao favoraveis. Nos temos uma popula9ao com menor taxa de dependentes, maior escolaridade,idade mediana maior (metade da popula9ao tem menos de 27 anos,a outra metade mais de 27 anos), conseqiientemente mais produtiva. Temos uma popula9ao com maior taxa de alfabetiza9ao, menor mortalidade infantil, maior esperan9a de vida, maior participa9ao das mulheres no mercado de trabalho e menor taxa de fecundidade".

No futuro, disse Jose Eusta quio Alves, vamos ter uma popula9ao envelhecida, da qual o setor publico nao tera condi96es de cuidar sozinho, sem o apoio das farrulias e da iniciativa privada.

"Se a fecundidade continuar caindo, em 2035 ja vamos ter mais pessoas idosas (65 anos ou mais), do que crian9as de zero a 14 anos". Essas pessoas vao ter de depender do mercado de seguros, publico ou privado.

Em termos relativos, os idosos vao passar de 6% da popula9ao, ern 2000, para cerca de 24%,em 2050. Ou seja, se a fecundidade

continuar baixando,para cada quatro brasileiros um vai ter 65 anos ou mais.As pessoas de 80 ou mais anos de idade, que no ano 2000 representavam 1% , vao a quase 7% em 2050. Ou seja, em cada 100 brasileiros, sete vao ter 80 anos ou mais.

Em aspectos como esse, a situa9ao do Brasil se assemelha a dos EUA,como explicou Edward Johns, tambem palestrante da 4® Conseguro. Johns e diretor da American Association Retirement People (AARP), uma associa9ao, sem fins lucrativos, fundada em 1947 para cuidar de idosos, que hoje tem 39 milhoes de associados -42 mil fora dos Estados Unidos.

A associa9ao come90U a ven der seguros (vida, saude, dentista, previdencia, carro e moto) em 1958. No primeiro ano,o numeio de apolices vendidas subiu de 5 mil para 15 mil.Hoje,mais de sete milhoes de americanos, todos socios da AARP,tem apolices da entidade. O numero, disse Johns, subira pai'a 14 milhoes ate 2014. No ano passado, a AARP teve uma renda de US$ 1,01 bilhao. Deste, US$ 350 milhoes(35% da renda) representaram royalties das seguradoras aliadas. E US$ 240 milhoes(24%),a mensalidade dos socios."Usamos a renda dos segu ros para ajudar os idosos".

Edward Johns disse que os americanos com mais de 50 anos gastam mais de US$ 400 bilhoes em seguros.E 67% usam renda de reserva de hipoteca (reserve mort gages)para pagar gastos hospitalares ou com saude. Contou que a AARP e a maior organiza9ao de lobby (la, uma atividade regulamentada) dos EUA. "Vinte por cento do eleitorado do Pai's sao

nossos SOCIOS

Uniram-se a outros sindicatos e entidades para pressionar candida tes a Presidencia em 2008. Querem saude e medicamentos nao so para velhos, mas para todos, e mais incentivos de economia para pagar aposentadorias."E impossivel para o americano idoso sobreviver so com a previdencia social".

Depois de Edward Johns, o foco do painel na 4". Conseguro voltou-se para o Brasil, quando Osvaldo do Nascimento, diretor superintendente da Itaii Seguros e coordenador de mesa do evento, disse que o Pais gasta em or9amento mais com idosos do que com jovens. E isso se reflete na educa9ao das crian9as e na falta de empregos para os jovens. Diz que, com o envelhecimento da popula9ao, uma porcentagem maior de idosos vai influenciar politicamente as decisoes do Pais,o que levara a uma situa9ao contraditoria;

"De um lado, vamos brigar paia melhorar o beneficio dos aposentados, do outro teremos pres-

soes para reduzir impostos (ja ha projetos no Congresso isentando aposentados de impostos)".

E na medida em que nao aumenta a massa de pessoas na economia ativa, nao ha gera9ao de receita para sustentar os apo sentados. Esse quadro, diz Osvaldo do Nascimento, remete para a importancia de uma reforma previdenciaria. O que, para ele, ocorrera de qualquer jeito.

"Ela acontecera politicamente, de maneira estruturada ou por falta de recursos".

Osvaldo Nascimento disse tambem que tanto no regime de repaiti9ao, quanto no de capitaliza9ao,leva-se em conta a expectativa de vida da decada de 50,60 e uma taxa de juros que era de no minimo 6%. Mas o cenaiao futuro mostra um aumento de expectativa de vida,decorrente da melhoria da infra-estrutura e das condi96es medico-hospitalares.

"Obseiwamos, tambem, a estabilidade da economia e a coiTe9ao da taxa de juros, o que leva a necessidade de reseiwas adicionais para fazer frente as aposentadorias futuras que serao pagas". A

Demogrdficas
Mudangas
' Valdir Sanches D iose Eustaquio Diniz Alves
O Painei-"As Mudancas Demogrdficas e osSeguros para a Terceira idadeOiZlves.KE;O E«/...daM«P-Coorde-
Kevlsta deSeguros- Edl0o Extra - 4'Cortseguro 54 Revista de Seguros - Edifdo Extra - 4'Conseguro - 55

Explosao populacionale coisa do passado

Daquia 47anos,o Brasil tera sepultado completamente a imagem da explosao populacionale o numero de habitantes comegard a diminuir

Valdir Sanches

Jl yfM T P°bre,com uma penca de filhos... # yf nao ter percebido, mas este perfil miiihpm h P"PS. Em 1960, as 4 4 hI rf"' 6,3filhos. Em 1980, fil'hns nara raria ^'^°P'^'4Qao parou de crescer. Dels filhos para cada casal, significam apenas a reposicao- duaq pessoas deixam outras duas em seu lugar.

Ate 2050,0 numero caira para menosdedois filhos para cada oasal -0,ue signilica ,ue „a„ h^era nem mesmo a reposigao. 0 Brasil deixara definitivamente para tras a ima gem de pai's de explosao demografica: a populagao comeca ra a diminuir. Sao estas as projegoes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica(IBGE). Os censos de 1991-2000 ja revelaram urn dado significativo: a populagao que menos

cresceu foi a do Nordeste. Como, afinal, isso aconteceu?

A resposta vem dos anos de 1950 a 1980. Nesses 30 anos,0 Pais passou de uma sociedade rural e agraria, para urbana e industrial. A economia cresceu a uma media de 7%:foi 0 melhor perfodo de crescimento da historia brasileira. Os refiexos na populagao logo se mostraram: a mortalidade infantil caiu e a natalidade cresceu - mas a primeira ocorreu com muito mais velocidade do que a segunda Menos mortes, mais nascimentos, resultaram em explo sao demografica. A populagao crescia a uma media de 2,8% ao ano. Mas a mortalidade infantil acabou por desacelerar seu ritmo de queda, enquanto a natalidade continuava caindo-e nao saiu mais desse curso. Com cada vez menos nas cimentos, 0 crescimento da populagao comegou a ser progressivamente menor.

A nova realidade economica melhorou as condigoes de educagao e de renda da populagao. "As mulheres ficaram mais esclarecidas, entenderam que, com menos filhos, teriam mais qualidade de vida", diz a pesquisadora Lucia Maria Pereira da Cunha, do IBGE.

C Operfildapopulagao

Ibrasileira mudou muito nas ultimas decadas: mulheres tem menos filhos, estudam mais e ganham importancia economica nas famflias. A migragao de nordestinos para Sao Paulo tambem ficoupara trds: a cidade e hoje camped deperda de populagao.

Um fator preponderante e que eias entraram para o mercado de trabalho. 0 que os demografos chamam de taxa de atividade total das mulheres, com mais de 10 anos era de 13,6% em 1950, subiu para 26,9% em 1980 e chegou nos 44,1% em 2000. As mulheres com idade entre 20 e 50 anos tem taxas ainda mais expressivas, 60%. A previsao do IBGE e de que, nas proximas tres decadas, esse numero suba ain da mais. Hoje, entre os que concluiram o curso universitario, 60% sao mulheres.

Um outro pesquisador do IBGE, Ennio Leite de Meilo, acrescenta como fator de queda da taxa de natalidade o surgimento da pilula anticoncepcional, na decada de 60. A mulher aumentou sua tendencia de emancipagao e ingressou no mercado de trabalho". E Lucia Maria destaca que a sociedade e a midia tambem fazem pressao. "Nas novelas, ha um conceito disseminado de que se deve ter poucos filhos".

A realidade de quanto mais pobreza, mais filho pode ser medida por este dado do ultimo Censo (2000): no Piaui, mulheres de 15 a 49 anos com renda familiar de ate 1/4 do

MudanqasDemogrdficas > Informe Adicional
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Mudanqas Demograficas > Informe Adidonal

salario mi'nimo tinham 5,2 filhos. Com mais de cinco mi'nimos,1,41. Em Sao Paulo,a proporgao e de 5,3 salarios mmimos para 1,01 fiiho.

E sobre outro fato, quanto menos escoiaridade mais filhos, 0 Censo de 2000 mostra a reaiidade do Pai's: muiheres sem instrugao, ou com menos de um ano de escoiarida de, tiveram 4,1 filhos. E com mais de 11 anos de escoia, 1,5 (no Censo de 1991, os numeros eram 5 e 1,7). Lim dado do IBGE, de 2004, reveia o seguinte; muiheres com oito anos ou mais de estudos, que ja tinham dois filhos e queriam ter um terceiro, eram pouco mais de 50%. Mas, com ate tres anos de estudos, chegavam a 90%.

Nos proximos 30 anos, as taxas de mortaiidade vao ficar estaveis, enquanto as de nataiidade continuarao caindo. As estimativas do IBGE sao de que o crescimento medio entre 2000 e 2030 seja de 0,8%. E no final desse pen'odo esteja em 0,4%.

Com tudo isso, as grandes capitals do Pais vao parar de crescer? "Vao continuar crescendo, mas nao como antes", diz Jose Eustaquio Diniz Aives, pesquisador titular do IBGE.' Eie expiica que o caicuio do crescimento dessas cidades e difi'cii, devido a migragao. "Mas a tendencia e de que, no futuro, a popuiagao dessas cidades se reduza".

0 IBGE fez um trabaiho com dados dos dois uitimos Cen-

.SOS (1991-2000),sobre cidades que perderam popuiagao, e nao deixou de considerar a migragao. Entre estas cidades estao seis capitais; Sao Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Porto Aiegre e Vitoria, que cresceram pouco - de 0% a 1,5% ao ano. No Sudeste, a unica capital com cresci mento medio foi Curitiba (1,5% a 3%).

Uma Pesquisa Nacionai por Amostra de Domicfiio (PNAD), do IBGE, divuigada recentemente, reveiou uma rea iidade surpreendente para Sao Paulo. A cidade que mais atraia gente de todo o Pafs e hoje campea em perda de popuiagao. So no ano passado sairam 207.098 pessoas a mais do que as que chegaram.0 Estado que mais atrai pes soas, agora, e Santa Catarina.

As regioes do Pais que tiveram maior queda no cresci mento da popuiagao foram Sudeste e Nordeste.A pubiicagao "Estudos e Pesquisas", do IBGE, constata que essas duas regioes sempre apresentaram os maiores percentuais do crescimento populacionai. "Mas os percentuais observados em 2000 sao os mais baixos registrados em todo o pen'odo do estudo". 0 Sudeste cresceu 35,80% entre 1950-1960 e chegou a 1991-2000 com 15,23%. 0 Nordeste comegou com 23,30% e chegou a 12,23%. As expiicagoes para as quedas no Nordeste sao intensificagao da redugao da fecundidade (o que tambem vale para o Sudeste) e migragao.

As mudangas ocorridas no Pais entre os periodos de 1950-1980 6 previstas para 2000-2030 foram avaiiadas por Jose Eustaquio Aives, do IBGE, que tambem e coordenador da Escoia Nacionai de Ciencias Estatisticas. Eie diz que, em media,50% das pessoas viviam nas cidades-e esse numero passara para mais de 87% .

"A porcentagem de anaifabetos, que era superior a 40%, vai ficar abaixo de 10%.Teremos, portanto, nas tres primeiras decadas do secuio 21, uma popuiagao mais urbanizada e com maiores niveis educacionais. Aiem disso, o cresci mento da popuiagao, que ficou em 2,8% ao ano entre 1950 e 1980,em media, vai cair para 0,8% entre 2000 e 2030. A taxa de mortaiidade infantii de 100 mortes para cada mil nascidos vivos no primeiro periodo, em media, vai ficar no maximo em 25 por mil, nas primeiras decadas do secuio 21. Ao mesmo tempo,a esperanga de vida apresentara uma elevagao significativa, de 57 para 72 anos".

A conciusao do estudo e de que a popuiagao sera mais urbanizada, mais educada,com melhores condigoes de saude e crescimento desacelerado.0 pesquisador avaiiou tam bem a autonomia das muiheres, que aumentou muito. Constatou que so as com mais de 30 anos exerciam trabaihos especificos."Ao iongo do tempo, nao so os niveis de atividade, mas tambem o padrao de insergao das muiheres no

mercado de trabaiho, foram bastante aiterados". Um maior numero de muiheres (geraimente casadas) comegou a trabaihar, impuisionadas peio aumento dos niveis educacio nais, que praticamente quadrupiicaram nos dois periodos, e peia redugao do nivei medio de filhos.

A queda da fecundidade, diz o pesquisador do IBGE, representa tambem uma menor carga de trabaiho domestico para as muiheres que, com maiores niveis de educagao e participagao no mercado de trabaiho "sao uma riqueza para as famiiias e o Pais".0 pesquisador acrescenta que "a maior oferta de trabaiho feminino, se bem aproveitada, podera ser um fator decisive para o avango das condigoes economicas e sociais do Brasii no secuio 21".

Um estudo feito peio IBGE com o Fundo de Popuiagao da Organizagao das Nagoes Unidas (ONU) projeta a espe ranga de vida do brasiieiro ao nascer, em 2030, para uma media de 78,33 anos. Nos Estados mais pobres, a perspectiva e menor: 75,70, no Maranhao, e 75,16, em Alagoas. Nos mais ricos, maior: 79,76, em Santa Catarina, 79,63, no Distrito Federal, e 79,59, no Rio Grande do Sul. 0 trabaiho traz um alerta. "Se nao forem tomadas medidas eficazes de redugao da vioiencia e dos acidentes de transito, a mor taiidade mascuiina podera se tornar cinco vezes maior que a feminina, no Sudeste". ▲

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'51 Florianopolis: 406 milhabitantes, capita!de Santa Catarina o F^tnrir. ^ quemats atraipessoas hoje no Pafs

A antiga e baixa fecundidade do Rio de Janeiro

O indice do crescimento da populagao so nao e manor porque a taxa de nataiidade nas favelas e maior qua a das areas urbanizadas,revela pesquisa recente

jm cidade que ja foi capital federal sempre teve a taxa de /I fecundidade mais baixa do Pals. Ja antes de 1970, as #■ mulheres do Rio de Janeiro tinham em media quatro filhos. No restante do Brasil, eram seis.Apenasem 2003 o Pais chegou a media de dois filhos por mulheres, mas no Rio de Janeiro esse numero era uma realidade desde a decada passada. Com ele, a cidade havia parado de crescer. Doisfilhos so repoem o lugar de seus pais. As taxas de fecundidade cario-

cas, medidas pelo Institute Brasileiro de Geografia e Estatfstica (IBGE), estao na verdade abaixo da media brasileira.

Um trabalho da pesquisadora da Universidade de Campi nas (Unicamp) Suzana Cavenaghi, com o pesquisador do IBGE Jose Eustaquio Diniz Alves, mostra a realidade demografica nas areas com infra-estrutura e na favela. 0 ultimo censo (de 2000) mostra que os nascimentos no municipio representavam 1,9 filhos por mulher - mas as moradoras das areas urbanizadastinham em media 1,7, enquanto as da favela, 2,6, 0 grau de instrugao das maes tambem mostrava seu peso nas estati'sticas. Nas regioes com infra-estrutura, as mulheres com apenas o ensino fundamental tinham 2,8 filhos. Na favela, com mesmo grau de instrugao, 3 filhos. Mas as maes com mais de nove anos de estudos tinham a mesma situagao na area u.rbanizada e na favela: apenas 1,6 filho e ja estavam abaixo do nivel de reposigao (em que duas pessoas, pai e mae, deixam dois filhos). A tradigao de baixa fecundidade do Rio se confirmava.

0 nivel de renda, como e historico nas pesquisas, apresentou diferengas. As mulheres que moravam nas areas urbaniza das,com renda menordo que meiosalario mfnimo,tiveram 3,4 filhos.As da favela, com a mesma situagao, 4,2 filhos. E, para as que tinham entre meio e um salario mfnimo, o numero de filhos era o mesmo nas regioes urbanizadas ou na favela: 2 7

filhos. Acima de um salario mfnimo, diz a pesquisa, todas as mulheres cariocas ja tinham fecundidade abaixo do nfvel de reposigao (2,1 filhos), sem distingao do local de moradia. Um grafico do estudo mostra 1,7 filhos para moradoras das areas com infra-estrutura, contra 2,6 para as da favela. "A diferenga media de quase um filho a mais na fecundida de da favela, comparada com a das outras regioes, nao se deve as preferencias reprodutivas muito distintas, mas sim ao percentual de mulheres com baixos nfveis de instrugao e renda residentes na favela".

0 estudo mostra que o maior numero de filhos decorre principalmente das carencias de educagao e emprego, acrescidas das dificuldades de acesso aos servigos publicos de saude sexual reprodutiva". Os autores citam outrostrabalhos, para afirmarque tanto as mulheres das areas urbanizadas, como as da favela querem ter menos filhos. "Mas freqiientemente acabam por ter gravidez nao-planejada, decorrentes da falta de meios anticoncepcionais".

"Nao existe uma 'cidade partida' pela fecundidade dizem Jose Eustaquio e Suzana Cavenaghi. Para eles, nao se pode "querer justificar as fnjustigas sociais e a violencia, usando o alibi dos diferenciais de fecundidade". Ou seja, problemas com filhos jovens e adolescentes ocorrem, "sem depender do tamanho das famflias". A

O Com 6.130, habitandes, a cidade do Rio deJaneiro sempre apresentou um indice de nataiidade inferior a media do restante do Brasil

Mudanqas Demogrdficas > InformeAdidonal
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Brasilna rota do crescimento sustentado"

Em palestra na 4°Conseguro,o presidente do Banco Central,Henrique Meirelles,mostrou planilhas com todos OS indicadores da economla para demonstrar que o Pals pegou o caminho da evolugao segura

OBrasil esta de fato ,numa

fase de crescimento sustentado e de previsibilidade. A afirmafao foi feita peio presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles,em palestra durante a 4" Conseguro, com mesa composta pelo presidente do IRB-Brasil Re, Eduardo Nakao, e pelo presidente da Federa9ao Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitaliza^ao (Fenaseg), Joao Elisio Ferraz de Campos.

Ao falar pouco antes da pales tra de Henrique Meirelles, Eduar

do Nakao disse que cabe ao mercado de seguros fazer todo o possivel para melhorar a subscri9ao de riscos e criar produtos para a inclusao social."Nesse novo cenario do Brasil, onde os grandes ganhos financeiros deixam de existir, sera vital atrair esses novos consumidores para o setor".

Na avalia9ao do presidente da Fenaseg,Joao Elisio,a atua9ao do Banco Central e fundamental para transmitir seguranga ao mercado.

As seguradoras sao investidoras institucionais, donas de um volu-

me de investimentos (R$ 175 bilboes) que deve dobrar num prazo de tres anos".

Henrique Meirelles - que esta no comando do BC desde o primeiro govemo do presidente Lula — exibiu a evolu9ao de todos os indices responsaveis pelo cresci mento medio de 4,2% da economia do Pais entre 2004 e 2007.Um mdice muito acima dos 1,9% registrado entre 1999 e 2003. "A economia brasileira e puxada pela demanda interna, o que faz a expansao ser menos dependente do mercado extemo",disse Henri que Meirelles,que e goiano,nascido em Anapolis.

CO Centi-al nao tem uma meta para a taxa de juros e sim para a infla9ao". E assim tem sido. A Selic saiu do patamar de 25% em 2003 para chegar a 11,5% em setembro deste ano. A previsao e de uma taxa de juro nominal de 11% em dezembro. A taxa media de juro real deixou o patamar de 15% em 2003 para 7,3% no mes de setem bro deste ano.

bilboes para US$ 29,9 bilboes no mesmo periodo. As proje95es do mercado para os investimentos estrangeiros diretos b'quidos sao de US$ 28 bilboes para 2007 - US$ 10 bilboes a mais do que em 2006, segundo os dados apresentados por Henrique Meirelles.

O Recepgao:

Desde o im'cio de sua gestao, cm 2003, Henrique Aleirelles defende que o crescimento do Bra sil so podera ser sustentado pela amplia9ao da capacidade produtiva. Por esse caminho, explica, e possivel crescer sem bolhas tao faceis de estourar como dificeis de administrar. "O aumento da de manda interna gera emprego, inclusao social e possibilita a distribui9ao de renda".

Para conseguir atingir os objetivos, a prioridade de sua gestao a

O Henrique Meirelles,do BC: "0credito no Brasil representa cerca de40% do PIB,enquanto na Maldsia se aproxima de 140%"

frente do BC tem sido dominar a infla9ao, reduzir a taxa de juros para que os investimentos sejam direcionados ao aumento da produ9ao industrial, alem da politica de dolar flutuante, vital para equilibrar as contas extemas.

A infla9ao, que tantos traumas trouxe ao Pais no passado, foi o primeiro item da lista exibida por Henrique Meirelles. Tambein o mais vigiado pela autoridade monetaria. Segundo as proje95es apresentadas, a previsao e de queda do Indice de Pre90 ao Consu midor (IPC), saindo dos 4,18% em agosto deste ano para 3,72% em setembro de 2008. A meta e de 4,5% para o final deste ano.Caso a infla9ao de sinais de alta, a mais forte alternativa e retardar a redu9ao da taxa Selic, o que ajuda a ffear a demanda pelo credito e reduz o consumo.

Ele defendeu-se das criticas pela "falta de ousadia" da autori dade monetana em reduzir osjuros de forma mais acentuada:"O Ban-

A trajetoria descrente dos juros fez o credito crescer em ritmo acelerado, porem ainda muito aquem de seu potencial."O credi to em rela9ao ao PIB, especialmente no setor habitacional,ainda e baixo, o que significa grande potencial de expansao". O credito no Brasil representa cerca de 40% do PIB, enquanto na Malasia se aproxima de 140%.

Ele destacou a melhoria das comas extemas e justificou com ela 0 fato de o Brasil, ate agora,ter sido pouco afetado pela volatilidade dos mercados financeiros mundiais,desencadeada em julho deste ano pela inadimplencia no setor de credito imobiliario nos EUA, conhecida como subprime.

Um ambiente de baixa volatilidade cambial e vital para estimular as exporta9oes e a entrada de recursos extemos.O saldo em conta corrente come90u a ficar positivo em 2003, apos varios anos negativos, e manteve um ciclo crescente. O saldo projetado para 2007 e de US$ 10,7 bilboes. Ja o superavit primaiio, com as exporta9oes em US$ 151,9 bilboes e as importa96es em US$ 107,6 bilboes,ficou em US$ 44,2 bilboes em 12 meses ate agosto.

As reservas internacionais saltaram de US$ 15,9 bilboes em 2003 para US$ 161,97 bilboes em setembro de 2007. A dtvida externa b'quida recuou de US$ 165.2

O risco Brasil — que indica o grau de confian9a dos investidores nacionais e estrangeiros - esta no menor nivel da bistoria do Pais, abaixo de 200 pontos. Em 1995, com a crise no Mexico, o risco Brasil cbegou a atingir 1.689. Um sinal claro de que os investidores globais desconfiavam de que o Brasil nao saldaria os pagamentos regulares de sua divida extema. A queda do risco provoca a redu9ao no custo do fmanciamento,estimulo ao investimento.A cada 100 pontos expressos pelo risco-Brasil,os titulos do Pais pagam uma sobretaxa de 1% sobre os papeis dos EUA. Um risco baixo traz grandes beneflcios as empresas que buscam financiamento no mercado de capitais. Somente no mercado de seguros,b'es empresas anunciaram Oferta Publica de A96es (IPO, sigla em ingles), em agosto; SulAmerica Seguros, Maritima Seguros e Minas Brasil. Juntas, elas projetam captar cerca de R$ 2 bilboes.

Segundo Henrique Meirelles, esses indicadores mosti'am que o Brasil esta bem preparado para manter o crescimento em meio ao atual cenario de volatilidade externa. Apesai- de o Brasil nao ter sido foitemente afetado pela crise internacional, ele mantem cautela.

"Temos de olbar com aten9ao os movimentos externos, principalmente os bancos centrals, porque uma crise, especialmente em uma economia grande como a americana,nao e boa paia ninguem . A

Banco Central //
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Solu0o estd no diagnostico precoce dasriscos

0Brasilcomega agora a discutir urn assunto que OS Estados Unidosjd colocaram em prdtica hd uma decada:e preciso invertero foco da saude suplementar para priorizar a prevengdo em vezdo tratamento

OsetordeSaudeSuplementar

passa por urn momento importante e dele saira certamente algo bem diferente do que foi ate aqui. Algumas mudangas ja come^aram a ser implementadas e testadas, mas, na verdade, as discussoes em tome do assuntoocorridas nos debates da 4" Conseguro entre os principals representantes do setor - demonstram que esses novos tempos estao apenas comegando.

Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidenteda Bradesco Seguros e revidencia e da Federagao Nacional de Saude Suplementar (Fenasaude) diz que, neste segundo semestre,hapelomenostreseventos importantes que contribuirao para aquecer o debate no Brasil Pnmeiro, o lan^amento do livro

"RepensandoaSaude",dosameri

canos Michael Porter e Elizabeth Teisberg. Segundo, um amplo estudo sobre como estara o setor da Saude em 2015,em processo de flnalizafao.Terceiro,a exibi9ao no Pais do filme "Sicko",de Michael Moore, onde o diretor mostra a situa^ao da saude publica e priva-

da em varios paises, com uma visao muito critica em relafao a saude suplementar, obviamente, com enfase nos efeitos que o esfor90 para reduzir e transferir custos tem tido nos Estados Unidos. No Brasil, essa discussao esta apenas no im'cio, mas o fato e que nos EUA ha dez anos Richard Smith ja alertava para a necessidade de se inverter o enfoque do sistema de assisteneia medica do tra tamento para a preven9ao, segun do destaca Antonio Jorge Kropf, diretor tecnieo da Amil. E o argumento, afirma, por sua vez, Luiz Trabuco,e simples: dados estatfsticos revelam que em dez anos o numero de pessoas com mais de 80 anos passara de 1,4 milhao para 2,9 milhoes. "Isso aumenta, ligeiramente, os problemas com doen9as degenerativas". Ou seja, estamos mudando de paradigma: ha redu9ao das doen9as infecciosas e aumento das doen9as degenerativas".

proposta dos autores de Repensando a Saude" e clara: as atuais dificuldades do sistema de sadde suplementar so serao vend-

das com a cria9ao de valor pela cadeia envolvida no sistema. Kjopf concorda e destaca que esse processo exigira uma mudan9a forte na forma como os pianos de saude atuam hoje. O modelo de nega9ao de beneficio tera de ser substituido pelo de agrega9ao de valor.E para isso sera preciso uma forma mais eficiente de medir e de recompensar resultados.

O relacionamento entre os varios atores do sistema - empresas, prestadores de servi9o, fornecedores e usuarios - tera especial importancia e devera ser redefinido. Sera importante estar focado no gerenciamento de riscos e for-

OPalnel:"0Desafio do Seguro daSaudeSuplementar -PalestrantesrJEl Antonio

Jorge Kropf,diretor tecnico da AMIL; Qj Mauricio Ceschin -superintendente corporativo do HospitalSirio Libanes; Q Alfredo Cardoso-diretor da ANSDebatedore:Q LuizKaufmann,presidente da MedialSaude-Coordenador: Q

LuizCarlos Trabuco Cappi,presidente da Bradesco Segurose Previdencia usar a tecnologia de ponta, mesmo porque ela e muito bem-vinda, mas fazer o melhor uso dela em proveito de todos".

necer ao paciente a possibilidade de fazer escolhas.E preciso identificar precocemente os riscos e educar o usuario para fazer com que aumente a adesao aos programas de preven9ao, o que talvez seja a parte mais dificil. Tudo isso paia recuperar a confian9a na relagao com OS clientes.

Mauncio Ceschin, superinten dente corporativo do Hospital Sfrio Libanes, e representante da Associa9ao Brasileira dos Hospi tals Privados, considera que o grande desafio do sistema privado e conseguir equilibrar a equa9ao custo versus idade. Hoje, diz, 0 desperdfcio na saiide e imenso,0 que eleva custos sem elevar a qualidade. Um exemplo e a hiper-utiliza9ao na area de tecnologia, que passou a ser fonte de receita.

"Como a previsao e de que estes custos aumentem ainda mais com OS avan90s tecnologicos,a solu9ao nao e simplesmente impedir de

Sera necessario tambem se buscar caminhos para aumentar a base de clientes, 0 que nao tem acontecido no Brasil,em decorrencia basicamente do custo. Outro aspeeto desse mesmo problema, afirma Alfredo Cardoso,diretor da Agenda Nacional de Saiide Suple mentar(ANS),esta na dificuldade de que o jovem aceite o pacto mutualista pelo qual ele pagaria mais para que os mais velhos possam pagar menos. Alfredo Cardo so sugere ainda a cria9ao de um indicador de performance,que ajude 0 usuario a fazer escolhas melhores; um aumento da concorrencia; maior responsabilidade de todos OS participantes; racionaliza9ao e otimiza9ao dos tratamentos; cria9ao de novos produtos e a volta dos pianos individuals.

Mauncio Ceschin aponta ainda a importancia de se compartilhar informa9oes."E impressionante a quantidade de informa96es que se joga todo dia no lixo em vez de se utiliza-las para melhorar a qualidade e o custo do atendimento".

Ele diz que o setor deve passar a comparar resultados, o que hoje e considerado quase um pecado mortal, e ter uma visao de longo prazo. "Solugoes imediatistas, para tentar sobreviver, em geral costumam ter conseqiiencias nefastas". Na sua opiniao, o setor precisa, principalmente, ter visao de cadeia produtiva, buscando-se um alinhado dos interesses de todos OS integrantes. "Estamos todos na mesma canoa, buscamos OS mesmos objetivos."

Luiz Kauffmann, presidente da Medial Saiide, tambem bate na tecla do realinhamento de interesses no setor e acrescenta: e preciso investir em gestao, em tecnologia da infoima9ao e em eficiencia. "Apesar de as empresas do setor terem avan9ado em varios desses aspectos, ainda ha muito a ser feito". A.

Saude Suplementar
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Antonio Jorge Kropf
Revista de Seguros - Edicdo Extra'Conseguro - 64 Revista de Seguros - Edi^ao Extra 4'Conseguro - 65

Competlgao na criaqdo de valor para pacientes

Novo livro de Michael E.Porter mostra porque a competiqdo na Saude foiincapaz de produzir resultados desoma positiva para a cadeia envolvida

Sandro Leal Alves,qerente-tecnico da Fenasaude

epensando a Saude - eis o ti'tuio do mais novo livro do professor da Harvard f 1 Business School, Michael Porter, escrito a quatro maos com Elisabeth Teisberg.0 conhecido autor de Estrategia Competitiva, dentre outros sucessos na area de analise da concorrencia, iangou-se a um novo desafio: redefinir as bases competitivas do setor de saude. Em "Redefining Health Care", Porter e Teilsberg analisam as razoes pelas quais a competigao de mercado foi incapaz de produzir um resultado de soma positiva,o ganha-ganha,onde todos os players obtivessem ganhos liquidos nas suas relagoes comerciais.

Os autores embasam as suas preocupagoes utilizando uma rica e bem organizada base de dados do sistema americano onde apesar das cifras bilionarias gastas no sistema(16% do PIB), os seryigos de saude nao tern se mostrado satisfatorios a ponto de me orar as condigoes de saude dos americanos. No Pais,tamem 0 numero dos 'sem seguro-saude' ja ultrapassa os 40 milhoes e tende a crescer.

Convivem nosistema americano asub-utiizagao de servigos (ffmcipalmente os preeentleos), a sobre-utilizagao (de sen/lgos on e ex,Slam grandes concentragoes de especiallstas e tecnologja), OS emos medras(,95 mii modes estimadas em 2004),a alte eanabilidade da qualidade, a falta de intormagao sobre a qualidade e sote os pregos dos semigos.a medicina defensiva (para escapar de possiveis processos judiclais os medicos de mandam todos os tpos de testes diagnOsticos, muitos dos ouais redundantes e desnecessarlos), custos administrate crescentes(1/3 do tempo de um medico e gasto com burocracia)

A conjungao destes fatores produz um crescimento dos cus-

tos do setor acima da infiagao media e do crescimento dos salarios.A General Motors, por exempio,adiciona cerca de US$ 1.500 ao prego final de cada vefculo produzido nos EUA apenas para cobrir o custo da saude dos empregados, num indi'cio claro que a competitividade das empresas tambem esta em jogo. Grande parte das insatisfagoes por parte dos consumidores (pacientes)em relagao aos pianos de saude, hospitals, medicos e reguladores deve-se a forma equivocada pela qual a competi gao neste mercado se estabeleceu. Entre as causas identificadas para a situagao atual, os autores centram fogo nos competitivos vigentes que buscam a transferencia de custos(dos pianos para consumidores, dos consumidores para os pianos, das empresas para os pianos, do governo para os pianos, dos pianos para o governo, dos hospitals para pianos e assim por diante), no aumento do poder de barganha(tanto de pianos quanto de medi cos e consumidores mediante concentragoes horizontals e verti cals sem as necessarias economias de escaia que as justifiquem), no aumento do numero de segurados em iugar da competigao pela qualidade dos servigos.

Para os autores, desde que se viabilize uma competigao baseada em valor, o mercado sera capaz de lidar com as grandes questbes do setor; envelhecimento populacional, incorporagao tecnologica e custos crescentes.0 desequilibrio do sistema afeta a todos.

A competigao baseada em valor deve, segundo os autores, incentivar os pianos de sau de e OS prestadores de servigos medicos a tratar dos pacientes ao longo de todo.o 'cicio de cuidados'. Isto e,a competigao deve focar em entregar b melhor resultado possfvel para cada paciente, produzindo um cicIo de tratamento eficaz do inicio (diagnbstico) ao fim (desfecho). 0 cicIo deve comegar pelo monitoramento e pela prevengao de doengas, passando pelo diagnbstico, pela preparagao para a intervengao, pela intervengao medica propriamente dita, pela recuperagao e reabilitagao da saude e, finalmente, pelo monitoramento e gerenciamento do estado de saude das pessoas.

A partir deste conceito (criagao de valor e nao redugao de custos), as empresas deveriam construir, segundo os autores, metricas adequadas para monitorar e medir o nivel de eficiencia de seus prestadores, premiando os mais eficientes. Os prestado res medicos, por sua vez, deveriam reorganizar os seus negbcios em torno da solugao e do acompanhamento das condigoes clfnicas dos pacientes.

Para os autores, a competigao baseada na criagao de valor para o paciente exigira enormes mudangas de paradigmas, mas criara os incentivos corretos para a necessaria reformulagao do setor saude onde todos os participantes ganhem com a melhoria da saude das pessoas. Este e o grande desafio. A

A forqa da prevenqao na modernldade

Estudos comprovam a eficiencia da medicina preventiva:e possivel evitar mais de60% da mortalidade mundiaicom uma simples mudanqa de hdbito de vida

Silvia Penteado

mm medicina preventiva viveu varias fases aureas na histbria XI da humanidade e seu auge ocorreu no inicio do seculo 19, Xlcom 0 aparecimento da bacteriologia, das vacinas,soros e antitoxinas. Durante o seculo 20, porem,ela acabou relegada a um segundo piano. Cedeu espago a medicina curativa que reinou,quase absoluta,ate hoje,quando o toco no doente,no remedio e na tecnologia de ponta, e cada vez mais questionado pela sociedade, em todo o mundo pelos excesses cometidos. Resultado: a saude da pessoa e nao apenas a doenga voltou a ser prioridade, tanto na saude publica quanto na medicina suplementar.

E nao era sem tempo.Ja esta mais do que comprovado que nao ha melhor remedio que a prevengao. Menos invasiva e agressiva, a medici na preventiva traz resultados comprovadamente positives e os exemplos sao muitos. Estudos internacionais apontam que mais de 60% da morta lidade mundiai e resultante de causas preveniveis, causas que podem desaparecer com uma simples mudanga de habito de vida.

Uma pesquisa, realizada pela European Hetthing Aging Study, com homens e mulheres acima de 70 anos e abaixo de 90, demonstrou que uma dieta "mediterranea", naofumar, praticar atividades fisicas e consumir aicool com moderagao, possibilita uma redu

gao de 60% nas mortes por cancer e outras causas. Para se ter uma medida do impacto de uma redugao come essa, um recente trabalho do Fbrum Econbmico Mundiai e da Price WaterhouseCoopers concluiu que o peso econbmico das doengas crbnicas no ambiente de trabalho, come problemas cardfacos, males respiratbrios e cancer,chega a 3% do PIB mondial.Em 10 anos,o nume ro de bbitos por doengas crbnicas, que vitimam anualmente 35 milhoes de pessoas em todo o mundo, deve crescer 17%.

EFEITOS SIGNIFICATIVOS

No Brasil, os efeitos das medidas de prevengao tambem sao significativos. Melhores estradas, campanhas contra o alcoolismo, uma legislagao que pune de forma mais rfgida o motorista, radares, uso do cinto de seguranga, conseguiu reduzir a morte em acidentes de transito no Brasil nos ultimos anos, como lembra 0 professor Gastao Wagner, da Universidade de Campinas (Unicamp). Sem contar os resultados obtidos pelo programa da AIDS (Sindrome da Imunodeficiencia Adquirida) e de controle de bancos de sangue, que viraram modelo internacional. As informagbes, contudo, ainda sao preocupantes. Se o novo Cbdigo de Transito, que complete 10 anos,conseguiu reduzir em 32% 0 numero de mortes em acidentes, o Brasil ainda ostenta um indice de letalidade dos mais altos do mundo nesse setor. Na media, morrem por ano 35 mil pessoas em acidentes de transito sxc

Saude Suplementar > Informe Adicional
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Michael E Porter
REPENSANDO A SAUDE A QUAuOAOl I RISWIlt C J&IOS
Elizabeth Olmstad Teisberg
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() Bancos de sangu
ReWito de Seguros - Edi0o Extra -4"Conseguro 66 ReWsfa de Seguros - Edii^ao Extra -4"Conseguro -67
e: Programa brasileiro de controle virou modelo internacional

C Marcos Ferraz, da Unifesp:

'Iransferir mais dinheiro para a saude, sem repensar OS problemas estruturais, sem estabelecer prioridades que efetivamentesejam prioritdrias,so serviria para apagarincendios"

no Brasil. Mais da metade desses acidentes, segundo apurou o MInisterio da Saude, decorre da ingestao de bebidas alcoolicas. A campanha de combate a AIDS, per outro lado, e exemplar em varies sentidos,como afirma o professor Jose Ricardo Ayres, que ensina medicina preventiva na Faculdade de Medicina da Universidade de Sao Paulo (USP). Em primeiro lugar, mostrou como e possi'vel articular agoes estatais com iniciativas da sociedade civil organizada, as ONGs. Segundo,em nenhum memento polarizou prevengao e tratamento, mas, ao contrario, sempre apostou em que para uma ir bem a outra tambem tem de ir.

Em terceiro lugar,disse Jose Ricardo Ayres,a campanha con tra a sindrome associou alta qualidade tecnica, atraiu a participagao dos melhores profissionais e pesquisadores para assessorar o programa, com um firme compromisso com os Direitos

Humanos e a participagao social como orientadores de sua polltica. Quarto, fez da interdisciplinaridade e da intersetorialidade nao um discurso apenas bonito, mas uma pratica efetiva.

Em quinto lugar,continua Ricardo Ayres,o programa tem traalhado com planejamento e realismo no uso dos recursos disponiv^s, mas com um forte inconformismo diante da escassez e ve as,brigando inclusive contra poderosas corporagoes economicas e industriais para garantir o compromisso com o bem

^pmnin^H ^ ^ Publica. Existe, segundo ele, um sexto turn Hp ° °

boa Dolitira ^ umversalidade, essencial para uma boa politica de saude, que e o Sistema Unico de Saude fSIIS^ ■uma conqua quewm sandofetepe|„

tfistoria:se eucertocomaAIDS,podedarcortoparaocanc paraoalcooiismo,paraasdoontascardiovascularKetc

Essesexemplosdaeletividadedaprcencaoepromocaode

saude, porem, poem em evidtela um ponioimportanfe A ore vengao nao e apenas uma agao medica, e multidisciplinar Ha algunsanos, ogrande problemadesaude publicano mundoera

afaita de saneamento basico, que dependia de investimentos em agua tratada, esgotos, responsabilidade da area de saneamento dos governos. Hoje, embora no Brasil e nos pafses mais pobres esse ainda seja um problema serio, o foco mudou muito: violencia, acidentes de transito, doengas coronarianas matam muito mais, pelo menos nas grandes cidades, tanto de paises ricos quanto dos pafses pobres.

IMPACTOS NA ECONOMIA

Existem dados, por exempio, que comprovam hoje, no Brasil, queaviolenciaja pode serconsiderada um dos principals proble mas de saude publica. Pelos calculos do Instituto de Pesquisa EconomicaAplicada (Ipea), o Pals deixa de produzir cerca de R$ 20 bilboes porano per conta das mortes de causas violentas que interrompem a contribuigao dessas pessoas para a economla. E as consequencias da violencia sobre o sistema de saude, publico e privado, sao devastadoras.

0 problema e que a sociedade brasileira e tambem as autoridades do Pals nao demonstram ter se dado conta disso. "No Brasil, nao estamos acostumados a pensar com a logica da sau de publica em questoes como violencia urbana, alcooiismo e outros riscos da vida moderna", diz Paulo Jorge Rascao Cardoso, daAmil. Em outros pafses essa conscienciaja existe e resuitaram em polfticas que podem parecer extremamente ousadas, mas que deram resultados significativos para a sociedade.

Este e um dos motivos porque o professor Marcos Ferraz, professor da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Fede ral de Sao Paulo (Unifesp) e diretor do Centro Paulista de Econo mla da Saude, argumenta que e precise tomar muito cuidado quando se fala, de forma simplista, em transferir mais recursos, que sempre foram e serao escassos, para a saude. Sejam os 7% ou 7,5% do Produto Inferno Bruto (PIB) que sao investidos no Bra sil, pelo setor publico e privado, sejam os 15,3% do PIB - ou fabulosos US$ 1,7 trilhao -, investidos pelo governo americano. Escassos e finitos. "E precise saber que area vai ceder esses recursos. Se eles significarem redugao da verba de saneamento, transportes, seguranga e, principalmente, educagao, poderao acabar inocuos, ou resultar em mais deficit", diz Marcos Ferraz. E claro que isso nao significa aceitar a situagao atual. Mas, segundo o professor, transferir mais dinheiro para a saude, sem repensar os problemas estruturais, sem estabelecer prioridades que efetivamente sejam prioritarias, so serviria para apagar incendios, como recentemente ocorreu com os R$ 2 bithoes liberados para Estados do Nordeste. "Nao que eles naotivessem queserliberados, masnaoresolveuo problemade ninguem". E preciseassumirarestrigaoorgamentariaecriarprioridades,que sejam tratadas efetivamente como prioridades. Hoje, por exem pio, diz Ferraz, elas existem, como o Programa Saude da Famflia, mas nao sao assumidas como tal. "As agoes do dia-a-dia mostram isso". A

Investiragora e colherresultados no longoprazo

Trabalharsob a otica da prevengao nao e bem uma novidadepara a medicina suplementar.Eiaestd,contudo,cadadia

maisativa nagestao deriscos desaude

Otemadaprevengaoedapromogaodesaudeganha

mais forga a cada dia tambem no setor de medicina suplementar. Eia comega a tomar parte mais ativa no arsenal de gestao de riscos de saude,ferramentafundamental na administragao dos sistemas privados atualmente. Mas nao chega a ser uma novidade. NaAmil, por exempio, ferramentas de prevengao primaria, secundaria ou terciaria, sao utilizadas ha pelo menos 10 anos. Eja comprovaram que, paraterresul tados palpaveis - tanto em termos de redugao de gastos quan ta em qualidade devida paraos usuarios - e preciso um investimento prolongado, uma atuagao consistente e uma base medica solida, coriforme ressalta Paulo Cardoso, responsavel nacional do Programa Amil de Qualidade de Vida. Paulo Cardoso alerta que fazer uma avaliagao exclusivamente financeira dos resultados dessas ferramentas e um equlvoco ainda cometido por muitas operadoras. Prevengao nao e sempre barata. Fazer prevengao implica investimento, compromisso, sustentabilidade, poisvoce investe hoje mente odobro para muitasvezesobterresultadosdaqui a 30 anos. "E precisoterem mente que a prevengao esta onge de ser uma ferramenta indiscriminada de redugao de cus os em relagao a todas as doengas cronicas". Isso porque as agoes de prevengao tambem tem custos altos e por isso necessitam de uma abordagem competente por parte as empresas. Cadaagaopropostatem umarelagaocusto-bene cio mais adequada e por isso a area tecnica das opera eras tem de se desenvolver, estar preparada, para saber avalar corretamente essas questoes.

Essa tendencia da medicina suplementar de priorizar a prevengao e a promogao de saude nao cresce por acaso. Segundo o professor Jose Ricardo Ayres, da USP, em ora se possa identificar um certo imediatismo na busca e re uzir custos, esse e apenas um aspecto. 0fato e que ate em pou CO tempo havia uma carencia de tecnologias e prevengao

"Em alguns cases, vale mais apena dar descontos nopiano do que delxarque o usudrlo acabe num hospital,precisando de cuidados mais sofisticados"

mais independentes de agoes estatais. Hoje, ja existe um arse nal bastante "vendavel" de bens de consume iigados a prevengao. Alem disso, o ambiente do mercado mudou. "Temos consumidores mais crfticos, mais informados e exigentes quanto aos beneffcios da prevengao, mais apoiados em estruturas publicas de protegao do consumidor que pressionam os prestadores de servigos nessa diregao".

0 fato, porem, e que a redugao de custos e efetiva. Calcu los feitos pela SuIAmerica Seguros apontam que mesmo com a prevengao exigindo investimentos iniciais, o resultado financeiro compensa. Apesar do seu Programa Saude Ativa ter ape nas tres anos, pesquisas ja constataram que ele pode significar uma redugao entre 26% e 27% no custo da despesa medi ca para o usuario. Isso, ja descontado o custo da equipe mul tidisciplinar de acompanhamento.

Pesquisa reaiizada pela Universidade Federal de Sao Paulo (Unifesp) comprova esse dado. Um dos pianos analisados chegou a conseguir 50% de redugao bruta no custo. Ou seja, ga nha 0 usuario, que consegue uma melhor qualidade de vida e custo menor da despesa medica, ganha o piano, que tera esse paciente demandando recursos de ponta apenas quando realmente precisar, alem de melhorar sua imagem e seu objetivo de atrair e reter clientes. E ganha a empresa empregadora que vai pagar menos pelos pianos de saude de seus funcionarios.

COM FUNGIONA?

Um piano de prevengao e divldido, basicamente, em tres fases. Tomemos como exempio o Saude Ativa, da SuIAmeri ca. Na primeira fase, a empresa trabaiha com pessoas saudaveis, levanta os fatores de risco de cada um; cancer, dia betes, doengas coronarianas, obesidade, vida sedentaria, tabagismo, alcooiismo. Traga entao um perfil de risco e comega a trabalhar, primeiro, alertando o usuario sobre os riscos que corre caso nao mude seu estilo de vida. Ele e

Saude Suplementar > Informe Adicional
DIVULGACAO
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DIVULGACAO
nevistadeSeguros-Edi0oExtra-4'Conseguro68 Revista de Seguros - Edifao Extra - 4' Conseguro - 69

entao convidado a participar de urn grupo de mudanga de habito, que e acompanhado por uma equipe multidisciplinar, com medicos, psicoiogos, nutricionistas.

Dm levantamento feito pela SulAmerica, a partir de 23 mil avaliagoes entre os segurados de 110 empresas,apontou que 75% dessa populagao tem entre 18 e 39 anos e, em meio aqueles que ainda nao estao consumindo consultas, cirurgias, exames,o risco coronariano e de 5,5%. Ou seja, de 23 mil pessoas, 160 estao propensas a ter um infarto. Uma informagao importante para o piano de saude pois, levando o usuario a se cuidar, ele podera reduzir o custo de internagao, do stent e de exames sofisticados, ressalta Roberto Gaifi, da SulAmerica.

Alem disso, a empresa agrega valor ao produto que vende, um diferencial em relagao a concorrencia, e torna mais proxima a relagao plano-medico-paciente. Tudo isso e importante tambem para o usuario, pois ajudara que ele evite um infarto, que pode leva-lo a morte ou a uma vida limitada, e para a empresa em que ele trabaiha, pois reduz o afastamento e evita uma deterioragao do clima organizacionai. "E produz benefi'cios ate para o diretor financeiro, que vai reduzir custos".

A segunda fase e dirigida ao usuario que ja esta doente e ja utiliza recursos de saude. As vezes, o aierta para o piano pode vir pela quantidade de exames que o usuario faz por ano.

Nao e normal alguem fazer seis glicemias em doze meses.0

programa poe em campo uma equipe multidisciplinar, com atendimento domiciliar ou na empresa,que da orientagoes em relagao a doenga, diaria ou mensalmente. No caso de o usua rio precisar tomar uma medicagao e nao ter recursos suficientes,0 que o levaria a deixar de toma-la, alguns pianos oferecem descontos, ou ate nao cobram nada. "Em alguns casos, isso vale mais a pena do que deixar que o usuario acabe num hospital, precisando de cuidados mais sofisticados", diz Galfi. Ja a terceira fase inclui casos mais complexos, como pacientes que ja tiveram um infarto, um acidente vascular cerebral, as vezes estao acamados, nao tem mais capacidade produtiva. Ai entra o servigo de homecare, hospitaler ou domi ciliar. "Desenvolvemos isso ha mais de dez anos e temos notado que esses casos estao diminuindo", afirma Galfi, destacando, para provar o acerto dessa politica, que a SulAmerica tem feito com alguns usuarios, alguns acompanhamentos retroativos. "As vezes nos aparece uma conta medica de R$ 300 mil para pagan Investigamos cinco anos para tras e descobrimos que 0 paciente ja havia dado sinais de que alguma coisa nao estava bem. Recuamos mais um pouco e vemos que ou ele era obeso, ou fumava, ou bebia. Nao fazia atividades fisicas. Ou seja, ha 10 anos, esse usuario entrou no piano saudavel. Se tivessemos feito um trabalho preventivo, hoje nao estan'amos pagando a conta de 300 mil reals".

Monitoramento:

Estarprdximo do cUente desde0 nascimentoi n no - . competencia. Isso trare va estrategia da Saude Suplementar para toda a populagao".

IEsse despertar da medicina suplementar para a prevengao e promogao de saude reflete-se diretamente no sistema publico, da mesma forma que campanhas de vacinagao, anti-tabagismo, controle de AIDS, feitos pelo setor publico, refletem no sistema privado. Por isso, uma maior cooperagao entre OS sistemas publico e privado so traria beneficios para o Pafs. 0 problema, segundo Paulo Cardoso, e que hoje ainda existe uma grande dificuldade de se compreender qual 0 papel de cada um,o que acarreta em grande superposigao de responsabilidades e investimentos."E pre cise haver definigoes mais Claras de deveres e plena consciencia da iimitagao dos recursos disponiveis para a saude. So assim poderemos Iragar politicas de saude realistas, buscando nos dels sistemas o melhor em termos de eficiencia e competencia. Isso trara beneficios

O Painel-"A Estrategia doIRB aposa Abertura do Mercado"-Palestrante:M Otdvio Ribeiro Damaso,presidente Conselho de AdministracaolRB-BrasilRe-Debatedores:aPauloRobertoFleuryAraujo(Susep);mLuizOtdvioParentedeMelloJunior (Petrobrasm Carlos Alberto Protdsio,Assoc.Brasileira de Corrtoresde Resseguro(Abecorm Poulo CesarPereira Reis,Assoc. Brasileira deEmp de Resseguro(ABER)- Coordenador:M JoseAmericoPeon deSd,presidente do Conselho da Aurea SegurosS/A

IRB muda gestao para enfrentar concorrencia

A percepgao de que perderd participagdo relativa de mercado com a abertura do resseguro motiva o Instituto a mudarsua politica operacional e redesenharseu piano de negocios

Oprojetodeum novo modelo

para a administragao do IRB-Brasil Re contempla modificagoes na politica operacio nal, nas estrategias de subscrigao de riscos e agoes no campo de

Vaqner Ricardo

recursos humanos, entre outros pontos considerados esti-ategicos.

A avaliagao do presidente do Con selho de Administragao do IRB, Otavio Ribeiro Damaso, e de que um redesenho dos negocios sera

fundamental para a empresa suportar a forte conconencia que se avizinha.

A perspectiva de que o merca do de seguros ira dobrar de tamanho no prazo de quatro anos e o fato de 0 pafs nao ter um historico de catastrofes sao fatores que reforgam a projegao de que muitas resseguradoras vao se instalar no Brasil. Se confirmadas as estimativas, de 10 a 15 empresas deverao entiar na disputa desse

Saiide Suplementar > Informe Adidonal Resseguro
fiewsta de Seguros - Hd/fdo Extra -4"Conseguro - 70 Hevista de Seguros Edi^ao Extra - 4" Conseguro - 71 .r, - 'i,,.

Resseguro

mercado a partir do proximo ano, depois de quase 70 anos de mer cado fechado.

O quadro macroeconomico positivo tambem e um ingrediente para forte expansao prevista para o setor. Damaso, que tambem e secretario adjunto de PoKtica Economica do Ministerio da Fazenda, disse que o IRB vai perder participagao relativa em um quadro de abertura plena - "um processo inevitavel" - mas vai ganhar em volume de negocios, porque o mercado vai crescer.

Nesta nova etapa do mercado, a inten^ao e que o IRB mantenhase como um importante participante do setor. Otavio Damaso diz que a abertura tambem vai ser boa para o IRB, que se libertara de algumas amarras e da responsabilidade de proteger o mercado, para atuar como uma empresa competitiva."Sem deixar de lado o compromisso com o desenvolvimento do setor."

Na sua avalia9ao, a abertura representara um desafio para o IRB, mas tambem para as seguradoras, que sempre estiveram sob o guarda-chuva da resseguradora estatal. "As companhias terao de desenhar, implementar, admmistrar seu programa de resseguros e interagir com as ressepradoras que hastearem suas bandeiras no Pai's".

O IRB tern muitas iniciativas a adotar antes da abertura integralmodemiza^ao financeira, governan9a corporativa,aperfei^oamento dos controles intemos,otimiza9ao dos recursos ou venda de ativos nao-operacionais sao expressoes agora incorporadas ao dia-adia do Instituto. A provavel abertu ra de seu capital na Bolsa de Valores de Sao Paulo (Bovespa) tam bem esta entre as possibilidades.

Para garantir uma estrutura financeira mais sdlida,o IRB-Brasil Re arruma os armarios para identificar os esqueletos esquecidos das ultimas decadas. Um dos mais importantes e o ruti-off do escritdrio de Londres. O piano e levantar os compromissos fmanceiros assumidos no passado pela empresa e atualizar sens valores. Com este propdsito, a empresa de consultoria atuarial Millimann faz 0 levantamento das provisoes que serao necessarios para saldar eventuais sinistros nao-comunicados ou nao-liquidados. Estas a96es servirao para que o IRBBrasil Re seja avaliado por uma

Resseguro > InformeAdicionol

ros, porque nao sao necessarios na fase de acumula9ao, mas, iniciados OS desembolsos,tomam-se um aliado importante para o equilfbrio atuarial das seguradoras.

Otavio Damaso acha que a area da constru9ao civil tambem vai gerar mais negdcios de seguros e de resseguros. E a area de habita930, depois de uma fase de estagna9ao, da sinais de revitaliza9ao, diz ele, porque as construtoras recorreram ao mercado de capitais, respondendo por quase 30% das emissdes primarias de a96es; e os bancos voltaram a ter interesse em fmanciar as empresas. A reboque desta expansao, abrem-se muitas janelas de negdcios para o merca do de seguros e de resseguros, com a oferta de coberturas do come9o da constru9ao ate o termino da quita9ao do fmanciamento imobili^io. "Existem varios produtos que cobrem do inlcio da obra a conclusao, e o IRB aposta nisso para sua expansao".

Aberturajd beneficia populaqdo

Cresce a demando por apdlices de apareihos celulares e os seguros financeiros transformaram-se em vedete das vendas ocorridas em 2006 e 2007

JB 0 contrario da area bancaria, onde as vantagens da ^1^ redugao da taxa basica de juros chegam de forma ir itlmida ao consumidor, que ainda paga caro para financiar bens, a pre-abertura do resseguro no Brasil ja traz sinais de ganho para populagao. Pelo menos tres exemplos podem ser citados.

IDe janeiro para ca, todas as atengoes se voltaram no prepare das empresas para atuarem em um mercado aberto, no langamento de produtos em niches inexplorados, como OS citados, e para a regulamentagao da Lei, a cargo da Superintendencia de Seguros Privados (Susep). A Lei preve a criagao de tres tipos de resseguradores: locais, admitidos e eventuais. Tambem preve a preferencia de 60% dos negocios para os locais nos tres primeiros anos e 40% nos anos subsequentes.

"A Lei salu em janeiro e tudo indicava que a regulamen tagao final seria publicada ate julho. Estamos em setembro e ate agora temos apenas a provisoria", disse Marcus Cle mentine. A Susep divulgou apenas uma norma provisoria. A Resolugao 164, do Conseiho Nacional de Seguros Privados (CNSP), e a Circular 350, da Superintendencia de Seguros Privados (Susep), servem para contornar o vacuo entre a Lei e a regulamentagao. Elas autorizam e definem parametros para a compra de resseguros no exterior pelas seguradoras DIVULGACAO

empresa de classifica9ao de riscos e, pela primeira vez na sua histdria, passe a ter rating. Uma outra consultoria sera contratada, por licita9ao, para desenvolver o pia no de negdcios do instituto, sua execu9ao e esquadrinhar os cenarios do mercado mundial.

A ideia do IRB e reunir pianos diversos e sob medida para os setores que prometem crescimento. Os ramos de vida e previdencia privada complementar sao,portanto,candidates naturais a puxar os negdcios das resseguradoras. Os pianos de previdencia ate agora nao produzem prdmios de ressegu-

A medida que a cultura do seguro avance, avalia Otavio Damaso, outras apdlices poderao dai" saltos. Na lista, seguros industriais, a apdlice rural, e um elenco de seguros e de pianos de ressegu ros para o setor de petrdleo.

A condi9ao de ressegurador local (uma das tres modalidades em que as empresas poderao atuar) cria uma reserva de mercado no inicio do mercado livre, mas o IRB-Brasil Re nao pretende se acomodar. Pelas regras de flexibiliza9ao, o ressegurador local tera pieferencia de 60% dos negdcios nos tres primeiros anos. Mas a meta do IRB, afirma Otavio Damaso, e ignorar a vantagem desde o inicio. O outro beneficio de ser ressegurador local e ter direito a oferta exclusiva nas areas de vida e previdencia.A

Em dois meses,a ACE Seguradora informou que vendeu 37 mil apolices de celulares, Ifder das estatfstlcas de roubo no Brasil, superando carros, dinheiro e casas. A venda de seguros financeiros, como o de responsabilldade civil para executives e profissionais liberais, estagnada ate 2005 mesmo com as exigencias do Codigo Civil e do Codigo do Consumidor, e a vedete de crescimento de vendas em 2006 e 2007."E temos tambem o prego do seguro rural despencou e as vendas duplicaram", citou Marcus Clementine, presidents da Comissao de Resseguros da Fenaseg.

0 ponto comum entre esses exemplos e a possibilida e de negociar o resseguro, que nada mais e do que o seguro contratado pela seguradora para diluir os riscos de um con trato. Esse mecanlsmo e vital para manter a solvencia das seguradoras quando ocorre um acidente de grandes proporgoes. No Brasil, a flexibilidade de negociar o resseguro comegou a acontecer neste ano, quando o governo sancionou a Lei Complementar 126, que abriu o setor, trazendo novos concorrentes ao IRB-Brasil Re,que deteve o monopolio por quase 70 anos.

"A abertura aumentara a competigao, gerando ganhos de eficiencia. Os pregos cairiam e a receita de premios subiria com a oferta de novos produtos. Alem disse, sera um incentive a entrada de capital estrangeiro", revela o consultor e economista Lauro Vieira de Faria em seu estudo sobre o setor.

"A Leisalu emjaneiro e tudo indicava que a regulamentagao final seria publicada ate julho.Estamos em setembro e ate agora temos apenas a provisoria"

para os contratos nos quais o IRB nao tem interesse. Sao exigidas copias dos balangos dos ultimos tres exerclcios, patrimonio liquido ajustado equivalents a pelo menos US$ 100 milhbes e rating emitido por agencia classificadora com OS niveis minimos Standard&Poor's, Fitch Moody"s e AM Best, de, respectivamente, BBB BBB Baal A-. A Susep tambem colocou em audiencia publica a minuta de resolugao que dispoe sobre a atividade de corretagem de resseguros. Segundo as normas, as corretoras de resse guros terao de ser iegalmente constituida e domiciliada no Pais, terao de contratar aqui um seguro de responsabillda de civil profissional, com importancia segurada minima de R$ 10 milhoes.

Para garantir a especializagao, a corretora tera de indi-

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Otavio Ribeiro Damaso
neWsfa de Seguros- M/foo Extra - 4- Conseguro72
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Revista de Seguros - Edifdo Extra -4"Conseguro -73

Resseguro > Informe Adidonal

car urn corretor habilitado como diretor tecnico ou socio gerente para responder pelos atos de corretagem de resseguros. Por fim, a corretora nao podera ser acionista, coligada ou controlada por seguradoras ou resseguradoras, alem de atuar unica e exclusivamente como intermediaria na contratagao de resseguro e retrocessao.

Segundo Marcus Clementine, a regulagao definitiva e um grande desafio."Elatem de serflexivel o suficiente para abrlr o mercado, mas nao pode deixa-lo tao aberto para evitar uma bagunga.Tem de ter normas balanceadas para proteger o mercado local e os consumidores". Os criterios da preferencia que sera dada aos resseguradores locals e um dos pontos chaves da regulamentagao.

A troca de titular na Susep trouxe apreensao. Em agosto, Rene Garcia, que vinha conduzlndo todo o processo de abertura, delxou a Susep. Em seu lugar, assumlu Armando Vergillo, presidents da Fenacor e Secretarlo de Assuntos Instltuclonals de Golas. Armando Vergi'llo procura acalmar OS proflsslonals do setor. "A regulamentagao sera moderna e tera como base a pratica Internaclonal", disse Vergillo, que manteve o prazo de final de outubro para colocar em audlencia publlca a regulamentagao definitiva.

0 principal foco dos reguladores Internaclonals quanto ao resseguro e a protegao da solvencia das seguradoras e como conseqiiencla a protegao do segurado. Sao baslcamente dols modelos. Um que exige que os resseguradores se Instalem e sigam a mesma regulamentagao das seguradoras e outro com foco na qualldade do resseguro celebrado pelas seguradoras, assim como o risco de credlto do ressegurador estrangelro.0 Brasll devera adotar um modelo hibrldo.

0 Brasll, como membro da Assoclagao Internaclonal de Supervlsores de Seguros(lAIS, na sigia em ingles), que reiine 130 palses, tera que seguir as recomendagoes da entldade ao deflnir a regulamentagao da abertura do mercado e resseguros. As regras Internaclonals de seguros sao equiva entes as determlnadas para bancos, por melo do hanl ° ^ P^silela, um tratado Internaclonal em que os f^embros se comprometem a aMmpnta?a "ormas e padroes com o objetlvo de orlnrlninq rip^f ^ eficacia do sistema financelro. Os do governo. A Susep se dedica as regras^L^^'^'^f

Ja 0- limite de cessao e estudado pelo Minlsterio da Fazen' da e devera ser regulamentado por decreto presldencTarA

tributagao do resseguro tambem esta a cargo da FazJnria

0 Conselho Monetarlo Naclonal (CmN) regulamentara os atlvos necessarios e como as resseguradoras deverao

apllcar esses recursos.

"A Assoclagao Braslleira das Empresas de Resseguro (ABER), criada neste ano, tera um papel Importante, pels as resseguradoras assocladas atuam em diversos palses e podem trazer as experlencias de todas as areas, inclu sive sobre questoes regulatorlas e contratuals", dIsse Paulo Cesar Pereira Rels, presidents da ABER e da Tran satlantic Re.

Enquanto aguardam a minuta da regulamentagao,segu radoras, corretoras e resseguradoras correm atras do prejulzo de anos de monopollo. Desde o Inlcio do ano, o tema resseguro e o principal entre os cursos promovldos pela Fenaseg e pela Funenseg, para atender a sollcltagao das seguradoras.

Em agosto, a Funenseg langou o Curso Avangado de Resseguro, que sera minlstrado na nova unldade regional em Sao Paulo, na avenlda Paulista. Walter Polldo, diretor Tecnico e Jurldico da Munich Re, e o coordenador do curso.

DIVULGAC

O Joaquim Levy: "Alem do IRB,que e um patrlmdnio do Rio,e da presenga da Susep,o fato de alguns dos grandessegurados terem a sede no Rio e mals um atratlvo para as empresas de resseguros"

Osecretarlo de Fazenda do

Pereira:

"A Associagao Braslleira das Empresas de Resseguro(ABER), criada neste ano,tera um papelimportante, pois as resseguradoras assocladas atuam em diversos paises e podem trazer as experlencias de todas as areas"

Walter Polldo preparou um conteudo abrangente e ao mesmo tempo pratico para atender as necessldades dos jovens proflsslonals de seguradoras, com pouco tempo para organlzar um departamento especlfico na companhla onde trabalham.

Outro foco das seguradoras e a tecnologla. "Esta todo mundo correndo atras deste assunto. A maiorla Invests em trelnamento e na compra de programas de resseguros", dIsse Marcus Clementine. Estlma-se que elas Investlrao mals de R$ 1 bllhao neste ano para adapter sous sistemas ao resseguro e poder ter os melhores pregos aos seus cllentes. Quanto menos Informagoes os resseguradores tlverem, malor sera o prego cobrado para compensar o nivel de ris co estabelecldo pelo subscrltor. A

Governo do Rio de Janeiro

Ospianos do Rio de Janeiro para a Cidade do Seguro

0Governo do Estado querimplantar na capitalo Centro internaclonal de Resseguros e conta com a tradiqdo da cidade em sediar as principals entidades e companhias do mercado como trunfo para atrair os players internacionais

Estado do Rio de Janeiro, Joaquim Levy, anunciou durante palestra na 4" Conseguro 0 langamento do projeto "Cidade do Seguro". O piano mira todas as resseguradoras estrangeiras que tenham intengao de hastear as bandeiras no mercado brasileiro apos a aber tura do setor. Ou seja,a exemplo do Lloyd's de Londres,o Estado do Rio de Janeiro planeja ser um polo de resseguros internaclonal importante.

Joaquim Levy nao faz, inicialmente, nenhuma mengao a incentivos fiscais para garantir a fixagao dos players de resse guros. Mas e consenso no mer cado que o Governo do Estado tera de fazer concessoes para receber as empresas e tentar neutralizar a concorrencia de Sao Paulo, por exemplo. "Alem do IRB, que e um patrimonio do Rio,e da presenga da Susep, o fato de alguns dos grandes segurados terem a sede no Rio e mais um atrativo para as empresas de resseguros".

O secretario informou que

fara um apanhado entre segura doras, resseguradoras e corretores de seguros para identificar OS principals problemas ao desenvolvimento do setor. Nesse sentido, existe tambem uma negociagao com a Prefeitura do Rio de Janeiro para apoiar o projeto de criagao de um Centro Internaclonal de Ressegurosque sera sancionado em breve, segundo afirmou o govemador Sergio Cabral Filho na solenidade de abertura do evento.

Joaquim Levy acredita que a infra-estrutura do Rio de Janei ro,incluindo-se af a beleza natu ral da cidade, e um importante aliado para garantir o desembarque dos players internacionais. Na conta das vantagens competitivas, o secretMo de Fazenda destaca a maior qualificagao de sua mao-de-obra e a presenga de escolas de atuarias da Fundagao Getulio Vargas (FGV), do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitals (Ibmec) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por exemplo.

Grandes corporagoes com sede no Estado, como a Petro-

bras; as principals entidades do mercado de seguros, como a Superintendencia de Seguros Privados (Susep), e empresas, como o proprio IRB-Brasil Re, sao outros trunfos na disputa do Estado para abrigar o polo de resseguros.

O secretario, que fez sua . palestra-almogo no ultimo dia do evento, explicou que o interesse do govemador Sergio Cabral em criar um polo devese a sua percepgao de que o setor, que alia solidez e empregos mais sofisticados, mantem o vies de crescimento contmuo, beneficiado pela demanda crescente dos servigos, a partir da estabilidade economica. Para comegar a alinhavar o projeto da "Cidade do Seguro", o governo ja faz vistorias em imoveis que poderao ser sua sede. Urn dos mais cotados, ate agora, e o ediffcio em que funcionava a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, na Praga XV. A futura sede tambem pode ficar proxima da Prefeitura do Rio, na Cidade Nova, onde estao sendo feitas obras de revitalizagao. A

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ReWitodeSeguros- Edl^o Extra - 4- Cottseguro 74 Revista de Seguros - Edifdo Extra -4'Conseguro - 75

Oquehdpor trds dosucesso da Visanet

Formada atraves de parcerias com bancos e a Visa, empresa vaifechar o ana com faturamento de R$2,5 bilhdes.Houve ainda redugoo dos prejufzos com fraudes

Empresas concorrentes viram parceiras

Uma nova onda comega a mudar a relagao entre empresas concorrentes: a formagao de parcerias para reduzir custos e melhorar a quaiidade dos servigos

Gilse Guedes

gra 43 instituigoes bancarias, entre elas, o Bradesco e o BB. Com a cobranga de tarifas, cada banco ainda consegue retorno pelos investimentos na implementagao dos servigos integrados.

Desde margo deste ano, o BB e o Bradesco compartilham 200 caixas eletronicos que estao espalhados por Sao Paulo e Brasilia em areas como shoppings e aeroportos. Com a ampliagao, que devera ser conclulda em dezembro,serao 7,5 mil terminais, dos quais 5 mil do BB e 2,5 mil do Bradesco.

0 gerente-executivo da Area de Compartilhamento e Correspondentes do BB, Edson Correa, diz que os acordos vao ajudar a instltuigao a aumentar de 25 milhdes para 30 mllhoes o numero de correntistas em 2008, quando o banco completara 200 anos. 0 BB tem contratos no setor de autoatendimento com a Caixa Economica Federal (CEP), com o Banco do Nordeste e o Banco Popular do Brasil (BPB), alem da parceria com a TecBan, administradora do Banco24Horas.

Essa foi a filosofia que norteou a criafao da Visanet, em 1996,numa parceria entre bancos e a empresa Visa. Passados 11 anos,a Visanet e um dos melhores modelos de gestao de compartilhamento de custos e servigos.Vai fechar este ano com um fatura mento de R$ 2,5 bilboes.

Na avaiiagao do presidente da Federagao Naciona! de Capitaliza9ao (Fenacap), Jose Ismar Alves Torres,que atuou como coordenador da mesa do painel sobre Servi90s Compartilhados, a Visanet e um dos modelos de administra9ao compartilhada de maior sucesso.

Fssa experiencia, segundo Ismar

Torres, deve servir de estfmulo para que outras empresas,de diferentes setores - inclusive de seguros -,adotem a mesma filosofia

O presidente da Visanet,Anto nio Luiz Rios, participou da discussao sobre as vantagens do sistema de compaitilhamento. Fie disSe que o modelo de gestao da Visanet tem sido copiado por diferentes setores e a empresa caminha para fazer v^ias parcerias com outros segmentos da econo-

mia,entre elas a de seguro-saude.

O que motivou a cria9ao da empresa foi a necessidade de um sistema que buscasse novos clientes,com mais eficiencia. A Visanet tem a tarefa de fazer o que os bancos faziam separadamente ate 1996: buscar novas adesoes de estabelecimentos a bandeira Visa e investir em tecnologia.

Fm 1996,a Visa estava presente em 280 mil estabelecimentos comereiais, concentrava 90% do volume de transa96es em 80 cidades,tinha nos estabelecimentos 45 mil maquinas usadas para valida930 da opera9ao de cartao de credito,e realizava 50% das transa96es por vias eletronicas. Dez anos depois, a rede Visa conquistou outro patamar: um milhao de esta belecimentos credenciados, 90% do volume de transaqoes em 1^2 mil municfpios,900 mil maquinas instaladas pelo Pais e 99% das transa9oes eletronicas.

O sistema compartilhado permitiu que os bancos e a Visa reduzissem os prejufzos com fraudes nas opera9oes de cartoes de credito. Antonio Rios disse que, antes da cria9ao da empresa,o fndice de

O Painel:"Compartilhamento de Custos e Servigos - Case Visanet"

Palestrante:Antonio Luiz Rios da Silva,presidente Visanet(acima)-

Coordenador:Jose Ismar Alves Torres, presidente da Brasilcap(abaixo)

OBanco do Brasil(BB)e o Bradesco se uniram para expandir ate o fim do ano sua rede compartilhada de caixas eletronicos. 0 acordo de dels dos maiores bancos do Pals sinaliza para o mercado que o sistema de compartilhamento de servigos continue a ser uma boa opgao para reduzir custos e ampliar a oferta de servigos.

0 BB acumula contratos com quatro bancos para compartilhar terminais em areas de acesso publico. Gragas a ajustes nos sotfwares, os clientes das instituigoes parceiras podem fazer saques e consultas de saido de poupanga e conta-corrente num mesmo terminal - e pagam pelo servigo taxas que variam de R$ 0,60 a R$ 1,50 por cada movlmentagao. Esse e o modelo de cobranga de tarifa ja adotado pela rede do Banco24Horas, criada em 1982, que inte

Para o superintendente das Assessorias Tecnicas da Federagao Brasileira dos Bancos (Febraban), Wilson Salmeron Gutierrez, o servigo de transporte de malotes e um dos melhores exemplos de compartilhamento, porque Integra os 159 bancos do Pals com um custo anual de R$ 250 mllhoes - dinheiro que e partilhado pelas instituigoes conforme o volume de movimentagao de cada banco, "Se cada banco tivesse seu servigo de malote, o custo seria absurdo."

Na area de comunicagao, a Rede de Telecomunicagoes para o Mercado,a RTM,tem acordo com varios bancos e ins tituigoes financeiras num servigo compartilhado de acesso a Swift, a maior rede mondial de transferencia de ordens finan ceiras. Os socios sao a Associagao Nacional das Instituigoes do Mercado FInanceiro (Andima) e a Camara e Custodia e Liquidagao (Cetip). ▲

fraudes representava 1,4% do volume das transa96es. Atualmente,0 fndice e de 0,16%.

Fie avalia que os acionistas da Visanet,entre eles 0 Banco do Brasil, o Bradesco e o ABN Ami-o, transformaram a eficiencia no principal valor agregado. A

Compartilhados
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Servi^os Compartilhados > Informe Adicional
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Revista de Seguros - Edifdo Extra-4'Conseguro -77
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que estao espalhadosporSaoPaulo e Brasilia em areascomoshoppingseaeroportos

Longevidade pode trazernovos negodosdeseguro

A tendencio e do crescimento das areas deseguros de vida e de longevidade,preve MarySwanson,especialista dos Estados Unidos, da Limra Internacional

Motive de preociipafao

para a indiistria mundial de seguros, em razao do fenomeno da longevidade, o segmento de rendas vitalfcias devera ser impulsionado no Pafs pelo fim do monopolio do resseguro. A previsao e da especialista americana Mary Swanson, da Limra Interna tional,que fez a palestra do painel "Rendas Vitalfcias - O Desafio de Equilibrar os Interesses do Segurado e do Segurador".

Para Mary Swanson, a maior expectativa de vida leva as pessoas a planejarem melhor seu future fmanceiro,criando o desejo de dispor de uma renda extra para cobrir gastos pessoais. Com isso, a tendencia e do crescimento dos negocios nas areas de seguros de vida e de longevidade. Neste aspecto, Maiy Swanson avalia que a abertura do mercado de resseguro vai melhorar o processo de venda,visto que a maior transparencia (aliada aos ganhos de eficiencia,qualidade e seguran§a) aumentara a confianga do consumidor.

Ela argumenta que as pessoas em idade de aposentadoria vivem mais exatamente porque se man-

tem ocupadas,ganhando uma ren da extra com atividades ffsicas e mentais. Com base em pesquisas, Mary informa que no Brasil existem tres pessoas entre 15 e 59 anos para cada indivfduo acima de 60 anos."Em 2050,essa rela9ao sera de duas pessoas para cada uma aci ma de 60 anos, o que certamente ira pressionar a previdencia e as aposentadorias".

Ela refere-se aos impactos que a longevidade causa a previdencia social,com a manuten^ao das ren das vitalfcias por perfodos mais longos. Principalmente em razao de as regras para a concessao dos beneffcios nao estarem adaptadas a nova realidade do Pafs, poster-

gando-se as idades de entrada em aposentadoria. O modelo previdenciario publico em uso atualmente no Brasil e baseado nas decadas de 1960 e 1970, quando a expectativa de vida era menor - a pessoa trabalhava durante 30 anos, se aposentava e morria poucos anos depois.

Com o aumento da expectativa de vida, ocorre uma importante mudan9a de compdrtamento no que diz respeito ao consumo e a poupan9a. Mary Swanson destaca que as pessoas envelhecem e mudam os habitos de consumo.

"Muitos ja encaram um trabalho apenas como mais uma parte de sua vida, e nao como a principal. Eles querem ter mais saude, qualidade de vida, passar mais tempo com a famflia". Ela destaca ainda a migra9ao de gastos com o consu mo de bens de propriedade paraos bens intangfveis, como lazer, cultura e vida familiar.

Mary afirma que as mudan9as serao de grande impacto na indiis tria de seguros, porque ha hoje uma tendencia de aumento da procura por fontes de renda garantidas para o final da vida — e cabera ao

setor responder a seguinte questao antes de partir para a venda de produtos: qual o nfvel de renda desejado pelas pessoas para financiar sens gastos futuros? Os produtos de segurosja existentes deverao ser reformulados com a ado9ao de novos atrativos.

Coordenadora de mesa, Maria Silvia Bastos Marques, presidente da Icatu Hartford, concorda que o setorteradesafios,mas nao dificuldades. Para ela, os produtos de seguros ja existentes deverao pas sar por avalia9ao pai'a possfveis modifica96es. A

Expectativa de vida do brasileiro e maior que a media mundial

Com a consoildaQao do aumento da expectativa de vida, fazer 100 anos muito em breve deixara de ser um gran de desafio. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) dao conta que a longevidade do brasileiro chegou aos 71,9 anos em 2005 e a previsao e de 76,1 anos em 2020. A espe cialista americana Mary Swanson, da Limra International, garante que a expectativa de vida no Pals e mais elevada que a media mundial. Com base em pesquisas realizadas pelo organismo intemacional, Mary Swan son afirma que a taxa de menor longevidade pertence hoje a Bolivia. Ja paises como El Salvador.

Colombia, Venezuela, Ar gentina e Mexico tem ta xes mais proximas das do Brasil. Na America do Norte, a taxa mais baixa e a

dos Estados Unidos. E cabe a Australia e ao Japao as expectativas de vida mais elevadas, especialmente para as pes soas nascidas apos 1980. 0 estudo demonstra que a expectativa mundial de vida estimada para as pes soas nascidas no periodo 1950-1955 era de 46 anos - a taxa inclui muitos paisesem desenvolvimento,dizMary.A previsao e de um significative aumento desta media ate 2050. Mary Swanson preve que as pessoas nascidas entre os anos de 2045 a 2050 terao uma expec tativa de vida estimada de 75 anos. No Brasil o aumento de longevidade tem side constants, como demonstram OS ultimos censos demograficos. A expectativa de vida dos brasileiros ao nascer era de 33,4 anos em 1910; subindo para 42,7 anos em 1930/1940; 45,9 anos (1940/1950); 52,4 anos (1950/1960); 52,7 anos (1960/1970); 60,1 anos (1970/1980); e 62,3 anos em 1990. (F.T.) A

Rendas Vitalfcias
'f" .4,^ (>■.
■■vvA-k-w ^ MarySwanson O Painel: "Rendas Vitah'cias- 0Desafio deEquilibraros Interesses doSegurado edoSegurador"-Palestrante:Mary SwansonLimra International- Coordenadora:MariaSilvia BastosMarques -presidenteda icatu Hartford
BevistadeSeguros-EdigaoExtra-4'Conseguro 78 Revista de Seguros - Edi<;ao Extra 4' Conseguro - 79

Novaeconomia exigeintegraqao de ativose passives

As empresas de seguros de vido e previdencidrias precisam reformularseus modelos de odministragdo para integrar as areas que controlam suas fontes de receita e apiicaqoes financeiras

Gilse Guedes m dministrar ativos e passiXI vos de mode integrado e # 1 hoje uma exigencia as empresas que trabalham com seguros de vida e previdencia diante do novo cenario da economia, marcado por taxas de juros mais baixas e estabilidade economica. A medida pode livrar varias companhias de apresentar resultados operacionais abaixo do esperado - alem de ser uma forma eficiente de aproveitamento do contexto em que a demanda por produtos de seguro tende a crescer.

O diretor da Ipanema Gestora de Recursos, Theodoro Arthur da Costa Messa, defendeu a mudan9a em palestra no painel Riscos e Oportunidades na Gestao de Ativos e Passivos" e sugeriu que os ativos e os passi vos das seguradoras devem ser geridos de maneira integrada para evitar desequilibrios. Para o executivo, no atual ambiente economico as empresas que mantiverem os departamentos de ativos e passivos atuando separadamente podem ter surpresas desagradaveis.

As reservas das seguradoras estao em torno de R$ 170 bilboes. Isso quer dizer que qualquer 1% na varia^ao das taxas de juros da uma oscila9ao de R$ 1,70 bilhao na receita glo bal do setor. A taxa Selic caiu cerca de oito pontos nos ultimos dois anos: estava em 19,75% ao ano e chegou a 11,25%. Essa varia9ao trouxe uma redu9ao de quase R$ 15 bilboes nas receitas das seguradoras, considerando o patamar de reservas de R$ 170 bilboes. A taxa Selic e o piso de remunera9ao dos investimentos no Brasil e e determinada mes a mes pelo Banco Central, nas reunioes do Comite de Polftica Monetaria(Copom).

Num modelo integrado, as empresas tem melbores condi96es de fazer simula96es consi derando todos seus compromissos e ativos para, entao, vender mais produtos, lan9ar outros e fazer suas aplica96es num mercado financeiro que passa a valorizar investimentos de pra?o mais longo.

Theodoro Messa explicou que, no passado, a integra9ao na

gestao de ativos e passivos nao era tao necessaria, porque, com as altas taxas de Juros, a empresa tinba uma boa rentabilidade e podia pagar seus clientes. Agora isso nao e mais assim. "Hoje, o modelo de rentabilidade,em fun9ao da queda nas taxas de juros, e outro. E isso impoe uma nova mentalidade de administra9ao, que considere todos os riscos e oportunidades conjuntamente."

Na sua avalia9ao, o modelo de gestao integrado e importante, porque as oportunidades no cenario de estabilidade econo mica serao cada vez maiores. Ele preve que a demanda por produtos de seguro sera crescen-

O Painel:"RiscoseOportunidadesnaGestaodeAtivosePassivos"

Palestrante:Q TheodoroArthurdaCostaMessa,diretordaIpanemaGestorade Recursos;^RicardoFrisctak,professordeAtudriadaUFRJ-Coordenador:^ WilliamAlan Yates,presidentedaPrudentialdoBrasilSegurosdeVida

te com uma renda per capita maior, um acentuado crescimento economico e uma infla9ao mais baixa.

O empresario lembrou que, nos tempos de infla9ao alta, quem fazia previdencia no Brasil era um numero muito pequeno de brasileiros. A maioria, sem saber o que aconteceria num perfodo curto de tempo, desistia de fazer pianos para o futuro.

"Agora, todo mundo toma dinbeiro emprestado por 10 anos, compra carros financiados por 10 anos. E pode fazer mais seguros e pianos de previdencia".

Nesse novo modelo de ges tao, uma empresa que vender seguro de vida deve fazer simulagoes e considerar a tabua de mortalidade, que mostra a probabilidade de morte do cliente que comprou o produto e os diferentes cenarios de taxas de juros.

Numa simula9ao, a empresa

analisa, por exemplo, cenarios em que a probabilidade de a pessoa morrer passa de 50% para 100%. E, numa analise conjunta, os departamentos de passivos e ativos avaliam quais aplica96es devem ser feitas em caso de a taxa de juros subir ou cair. A empresa tera dinbeiro para pagar ou nao? Se a administra9ao de todos esses fatores ocorrer num modelo integrado, aquela empresa podera adotar as medidas de uma maneira mais agil. Messa disse que as empre sas j^ se adequam a este formato, porque nesta area e preciso alcan9ar uma boa margem de previsibilidade. "Ninguem pode trabalbar de improviso".

0 diretor tecnico da Cia. de Seguros Alianga do Brasil e pre sidente da Comissao de Seguro Rural da Federa9ao Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), Wady Cury, disse que essa visao de gestao e adequada ao atual con-

texto, porque e preciso uma boa equa9ao considerando as obriga9oes das empresas e os bens garantidores dessas obriga96es.

"As seguradoras nao podem olbar so para o presente". Com a redu9ao nas taxas de juros e com OS compromissos de medio e lon go prazos, afirmou ele, as empre sas tem de saber exatamente quais serao seus compromissos.

"No caso das empresas que tra balham com produtos previdenciarios, e preciso muita atengao na adniinistraQao dos ativos e passivos. Afinal, e preciso ter garantias financeiras e atuariais".

Wady Cury acredita que o piano de negocios exigido pela

Superintendencia de Seguros Privados (Susep) pode ser o ponto de partida para uma ges tao integrada. Anualmente, as seguradoras tem de produzir seus pianos, que analisam, por exemplo, os riscos no mercado de seguros, os produtos que apresentam rentabilidade e os produtos que devem ser lan9ados. Desde 2003, a Alian9a do Brasil administra, de forma unificada, seus ativos e passivos. A

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O Theodoro Arthur da Costa Messa
RevittadeSeguros-EdigaoExtra-4'Conseguro ao
Revista de Seguros - Edi(do Extra - 4' Conseguro - 8T

Impactosdo aquecimento globalno Brasil

Pesquisadoresjd falam com grande convicgao da ocorrencia de fenomenos climaticos extremos como furacoes e trombas

d'dgua.0aquecimentojd

encurta o cicio da incidencia de tempestades tropicais

m Mm furacao nas costas brasif #leiras, como o Catarina, que em 2004 causou mortes e destrui9ao no sul, foi uma novidade - mas nao exatamente uma surpresa. O que os cientistas chamam de fenomenos climaticos extremes sao uma conseqiiencia previsivel diante do aquecimento global. Neste rol estao incluidas as inunda9des que, em 2002, assolaram a Europa e tambem a seca nos Estados Unidos.

O professor Tercio Ambrizzi, da Universidade de Sao Paulo (USP), citou estes exemplos ao abnr as palestras do painel "Ris cos Ambientais no BrasilMudangas Ciimaticas que Afetam a Industna do Seguro". Coordenador do Grupo de Estudos Cli maticos do Departamento de Ciencias Atrnosfericas da USP ele disse que nao ha a menor diivida; o que aquece a atmosfera sao OS gases produzidos pela atividade humana - especialmente o didxido de carbono (CO^), resultante da queima de combustfveis fdsseis, como petrdleo e carvao.

"Ao longo dos ultimos anos, o aumento da concentra9ao desses

' VaidirSonches gases,em fun9ao da industrializa930, tem causado o aumento da temperatura".

Tercio Ambrizzi diz que os fenomenos extremos, como fura coes e secas,sao uma resposta da atmosfera a este aumento da tem peratura. Tambem o globo todo esta mais quente — a temperatura media pode variar de 1° a 2° em uma regiao,e de 6° a 8° em outra.

No Brasil, ja foram registrados dias e madrugadas mais quentes. A distribui9ao das chuvas passou a ser mais irregular: demora para chover e, quando chove, acontece uma precipita9ao forte, concentrada.

O tecnologista e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) Marcos Sanches,que falou depois de Ter

cio Ambrizzi, acrescentou outro dado: a estiagem se estende pela primavera,e os invernos sao mais curtos. Com isso, cresce o numero de queimadas -o que traz problemas para a agricultura. Em areas do Nordeste pode ocorrer a desertifica9ao de terras. No Sudeste, a lavoura do cafe pode lornar-se impraticavel. Ele de-

monstrou preocupa9ao com a possibilidade de culturas expulsas pela seca,como a soja, mudarem-se para o Norte e aumentarem o desmatamento da Amazo nia. Falou da complexidade do sistema climatico.

O ambientalista, ex-secretario de Meio Ambiente do Estado de Sao Paulo e ex-deputado federal (PSDB)Fabio Feldmann disse, na seqtiencia, que a cohfirma9ao dos problemas ambientais surgiu na decada de 1980."Ate entao, falava-se do planeta como poesia". Naqueles anos,as fotos de satelite mostraram que algo estava en-ado na camada de ozonio. Mas a Humanidade,informou.

O Painel:"Riscos Ambientais no Brasil- Mudanqas ciimaticas que afetam a industria do seguro"- Palestrantes:Q Tercio Ambrizzi,USP, Qj Marcos Sanches, INPE;^ Fabio Feldmann,ambientalista - Debatedores:^ Antonio Penteado Mendon^a,jornaHsta;Q Walter Polido,diretor da Munchenerdo BrasilCoordenador:Q Acdcio Rosa QueirozFllho,presidente da Chubb do Brasil

so tomou conhecimento do aquecimento global em 1990, quando o Painel Intergovernamental de Mudan9as Ciimaticas (IPCC,da sigla em ingles)divulgou sen primeiro relatorio. Para mostrar a gravidade da situa9ao, comparou o estudo com as metas estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto, assinado por 84 paises, em 1997, que preve a redu9ao, entre 2008 e 2012, de 5,2% da emissao de poluentes na atmos fera. "O IPCC estabelece que a redu9ao dos poluentes seja de 60% em todo o mundo".

Outro fato marcante, disse Fabio Feldmann, ocorreu no ano passado. O economista britanico Nicholas Stem, ex-chefe do Ban co Mundial,divulgou um relatorio sobre os custos para a economia global,se nao forem tomadas providencias: poderiam chegar a US$ 7 trilhoes. "Desta vez, nao eram ambientalistas falando, mas o exchefe do Banco Mundial .

Fabio Feldman acha que os Estados Unidos vao assumir compromissos para a redu9ao dos poluentes, mas nao assinando o Protocolo de Kyoto,do qual ainda nao sao signatarios, mas por leis que tramitam no Congresso Nacional. E diz que o Brasil ha de ter capacidade para promover uma alian9a polftica pela redu9ao do desmatamento na Amazonia.

O jornalista Antonio Pentea do Mendon9a, debatedor no evento, contou que ha alguns anos uma opera9ao de emergencia colocou sacos de areia sobre a barragem da Represa de Guarapiranga, na Regiao Metropolitana de Sao Paulo, por que as chuvas amea9avam com o extravasamento da barragem e isto poderia ter consequencias terriveis. "Se houver uma chuva muito forte, a barragem pode nao agiientar. Se isso acontecer, a cidade de Sao Paulo ficara inundada".

Walter Polido, diretor da Mun chener do Brasil, contou que sua empresa e outros resseguradores promoveram um encontro para incentivar a ado9ao de novas tecnologias sustentaveis."O mercado europeu de seguro e resseguro, onde estao concentradas as maiores resseguradoras do mundo, ja amarga valores extremamente elevados com as catastrofes naturals".

Principalmente na Inglaterra, disse ele, essas empresas percebem que tem de investir em preven9ao,ajudar os govemos e adotar novas tecnologias como medida de preven9ao para a saiide financeira delas proprias. No Bra sil, afirmou Walter Polido, algumas seguradorasja procuram produtos ou projetos de energia sustentavel para incentivar.

Ao encetTar a palestra,o coor denador da mesa, Acacio Rosa Queiroz Filho, presidente da Chubb do Brasil,falou da importancia da conscientiza9ao da sociedade diante da gravidade dos acontecimentos. E propos a cria9ao de uma comissao para aprofundar os estudos sobre o tema relacionados ao seguro. A

Riscos Ambientais
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O Fabio Feldmann
Kevhta de Segoros Edi0o Extra - 4- Conseguro -82 Revista de Seguros - Edifdo Extra - 4'Conseguro -83

Pesquisas comegam a

veneer atraso

O aquecimento global e objeto de estudos no Brasil hd muitas decadas,massomente no inicio deste ano foi iniciado um trabalho de maior amplitude sobre o tema

Valdir Sanches

Se0 aquecimento global .

afetar agrlcultura e populagoes, fizer o mar subir e invadir cidades, provocar tempestades mais intensas e frequentes, certamente o Brasil nao escapara disso. Mas em que proporgoes, ainda nao se sabe. 0 professor Tercio Ambrizzi, coordenador do Grupo de Estudos Cllmaticos do Departamento de Ciencias Atmosfericas (OCA), da Universidade de Sao Paulo (LISP), afirma Que 0 Brasil realmente esta no inicio de suas pesquisas basicas para compreender como 0 nosso clima mudaria dentro dos cenarios futures propostos, e definir o que fazer para mitigar os efeitos."0 overno so despertou recentemente para a importancia das mu angas climaticas, principalmente em termos de investimento para pesquisas".

0 primeiro trabalho de maior amplitude no Pafs so surgiu no Por encomenda do Ministerio do Meio AmDiente(MMA) o Centra de Pesquisas do Tempo e Estudos

CItmaticos(CPTEC),do Institute de Pesquisas Espaciais(INPE), produziu um relatono, em colaboraqao com o OCA da USP 0 estudo foi coordenado pelo pesquisador e meteorologista Josd Marengo, do CPTEC, um dos representantes braslleiros do Painel Intergovernamental sobre Mudanga de Clima(IPGC) que reune tudo o que a ciencia produz no mundo sobre aque cimento global.

0 pesquisador diz que desde o inicio do seculo passado a tendencia de aquecimento no Pals e objeto de estudo. Estimase que o aumento medio da temperatura, na Amazonia, por exempio, podera ser, no melhor cenario, de 1,5° a 6° em 2100, ou de 3° a 8°, no pior cenario.0 calor e a diminuigao da chuva em vastas areas da regiao poderao conduzir"ao colapso da floresta". Isto levaria "a uma savanizagao (referencia a savanas) da Amazonia", que teria um clima mais parecido com o do Cerrado, em 2050.

As queimadas da Amazonia, acrescenta Jose Marengo, contribuem para os problemas do clima. Os aerossois, partlculas liberadas pelos incendios, podem diminuir a quantidade de chuvas e alterar as estagoes, com impactos nao so no cli ma amazonico, mas tambem em todo o Planeta - afetando cidades como Sao Paulo e Buenos Aires.

biemas em representar realmente os processos fislcos que acontecem na natureza".

Os pesqulsadores fazem suas projegoes com base em "modelos climaticos". Sao codigos de computador (mais de 100 mil linhas de instrugao), que realizam complexes calculos matematicos e envolvem as leis da Fisica (as quais, por sua vez, governam os movimentos na atmosfera e nos oceanos e as interagoes com a superficie). Esses modelos, rodados em supercomputadores, simulam o comportamento future da atmosfera.

ses como Portugal, Inglaterra e Holanda tern registros de mais de 200 anos. Os do Brasil comegaram ha 60 anos. De la para ca, o nivel medido na costa brasileira subiu 10 cm.

As projegoes do IPCC, baseadas nos modelos atmosfericos,sao de que na costa brasileira o nivel do mar subira ate 0,5 cm por ano, nos proximos 100 anos. Paulo Rosman dIz que 0 derretimento de geleiras (previsto pelo IPCC) nao vai interferir no aumento do nivel da aguas do mar, mas sim no seu aquecimento.

0 relatorio nao faz projegoes sobre o mar, mas sugere a realizagao de estudos de impacto para a temperatura e o nivel dessas aguas. Na Universidade Federal do Rio de Janei ro (UFRJ),0 professor Paulo Cesar Rosman, do Programa de Engenharia Costeira e Oceanica do Instituto Alberto Luiz Coimbra (Coppe), esta atento aos registros dos maregrafosOS instrumentos que medem as mudangas no nivel do mar. A ciencia sabe como o mar se comportou ate hoje, porque pai-

0 que acontecera, por exempio, com a praia de Copacabana? Continuara bela, mesmo que o mar avance sobre ela. A solugao para praias em areas habitadas e simples; aumen tar 0 volume de areia, trazida de outro lugar."0 drama esta nas regioes de baixada, areas no geral habitadas por pessoas pobres e onde as enchentes sao frequentes. Nestes locals, OS problemas se agravarao. E um problema dificilimo de resolver", diz Paulo Rosman. Nesses lugares, o solo esta em acomodagao e a terra passa por afundamento. A DIVULGAgAO

C Terdo Ambrizzi, da USP:

Na Regiao Nordeste, a temperatura pode aumentar entre 2° e 5°, ate o fim do seculo."A caatinga sera substituida por uma vegetagao mais arida", preve o estudo. 0 clima mais quente e seco podera levar a populagao a migrar com mais intensidade para as grandes cidades e provocar "ondas de refugiados ambientais". Jose Marengo estima que o aumento do nivel do mar, provocado pelo aquecimento, destruira portos e construgoes, e obrigara o remanejamento das populagoes.

"0 Governo so despertou recentemente para a importancia das mudangas climaticas, principalmente em termos de investimento para pesquisas."

No Sudeste e na Bacia do Prata, onde flea o rio Para na, as altas temperaturas poderao comprometer a disponibilidade de agua para agrlcultura, consume ou geragao de energia, devido ao aumento da evaporagao. No Sul, calor, secas mais frequen tes e chuvas muito fortes e rapidas, deverao afetar a produgao de graos. "As chuvas cada vez mais intensas poderao castigar as cidades, com grande impacto social nos bairros mais pobres". As regioes metropolitanas no Pais ficariam ainda mais quentes,com inundagoes, enchentes e desmoronamentos.

Essas previsoes baseiam-se em tendencias ja observadas no Pais, em estudos a partir de projegoes climaticas do IPCC e em outros mais recentes, inclusive um elaborado pela Organizagao Nao-Governamental (ONG) Greenpeace no ano passado. Em varias partes de seu relatorio, o pesquisador faz ressalvas quanto a inteira confiabilidade das projegoes em que se baseia."E certo que muitos dos cenarios cllmati cos sao produzidos por modelos que ainda podem ter pro-

IArvores e chuvas

Para saber como eram as chuvas em outras epocas,os especialistas fatLrtroncos de arvores-e ainda existem muitas com 300,400 anos. Essas fatias se compoem de aneis, que se formaram a medida em que a arvore crescia, em diversos periodos. A densidade dos aneis mostra se choveu muito ou nao em cada periodo. A

w"..r * ^ Itevista deSeguros- Edigao Extra ■ 4'Corrseguro -84 , "7'
Revista de Seguros - Edi'fdo Extra - 4- Consegiiro -85

Governos devem investir em estudos do solo

Prevengao das consequencias das inundagdes precisa partir do poder publico Solugoes existem. Os Governos, a partir dos munici'pios, tern de elaborar urn piano de ocupagao do solo e criar "regioes preferenciais para Inundagao". Moradias, comercio, entre outros ficariam em areas livres das aguas. Nas inundaveis, bosques, pragas, campo de futebol. Tambem e precise uma rede de monitores de cota de terre ne, para acompanhar o movimento do solo, e medidores de m'vel do mar. A existencia desses instrumentos no Pais "e esporadica".

0 que faz o mar crescer nao e so o aquecimento. Esperam-se tempestades mais oivuLGAgAo fortes, e isso provocaria a 7 "sobrelevagao meteorologica do mar". E uma mare que se sobrepoe a mare cotidiana. So que essa sobe durante quatro, cinco dias, e demora outre tanto para descer - 0 que encorpa as aguas.

0 professor e meteorologista Gilvan Sampaio, do CPTEC/IMPE, tem entre suas preocupagdes os rios. As projegoes feitas no orgao dizem que as chuvas serao mais fortes e mais freqiientes no Sul. E havera maior estiagem no Nordeste."Sera precise todo urn planejamento para os rios, inclusive de barragens", diz. Com muito mais agua, as barragens das hidreletricas resistirao? Ou com menos, havera 0 suficiente para produzir energia?

0 ordeste, 0 aquecimento transformaria de vez p° sertao) em deserto. "Algumas tai iprin Rp^" ®®sa cara",informa 0 engenheiro flores- tal Bezerra Sa, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaria ( mbrapa), em Petrolina, no sertao de Pernambuco. Sao lugares no sul do Piaul, oeste de Pernambu-

• "Nesses lugares, as populagoes ja estao sem condigoes de se manter", diz ledo Sa. 0 aquecimento afetaria direta mente tambem todo 0"miolo" do semi-arido,a area chama

, da depressao sertaneja. E um lugar onde chove pouco, e os solos sao rases e pedregosos. Por fim, um aquecimento elevado, de mais de 4°, teria consequencias desastrosas em todo 0 semi-arido e provocaria migragao maciga para as capitais.

0 engenheiro ledo Sa tem estudos para tentar minorar a situagao - onde isso for posslvel. Primeiro, nao se plantar graos come mllho e feljao, porque sao culturas que preclsam de muita agua - aconselhavels sao mandloca, sorgo e as frutas nativas, como oitlcica e umbu. Depois, fazer bar ragens subterraneas das aguas de rios nao perenes, para evitar a evaporagao sob 0 sol. Tambem evitar ao maximo a retirada da cobertura vegetal. 0 cuidado inclui nao manter mais do que cinco criagoes(como bodes) por hectare, por que eias comem ate mesmo os brotos das piantas. Mesmo em situagoes nao tao extremas,0 futuro da agrlcultura no Pais, diante do aquecimento global, sofreria gra ves consequencias. Cafe,arroz,feijao, milho e soja poderiam ter sua area de cuitivo reduzida quase pela metade. E 0 que indica um trabalho de dois pesquisadores paulistas: Hilton Silveira Pinto, do Cen tra de Pesquisas Meteorologicas e Climaticas Apiicadas a Agricultura (Cepagri) da Universidade de Campinas (Unicamp), e Eduardo Assad, da Empresa Brasileira de Pesqui sa Agropecuaria (Embrapa).

C Carlos Nobre; "O drama estd nas regioes de baixada, areas no geral habitadas por pessoas pobres e onde as enchentes sao frequentes.Nestes locals,OS problemas se agravarao"'

Os dois iniciaram em 2001 um zoneamento de risco para a agricultura do Pais. Baseia-se em outro zonea mento,feito por eles mesmos, em 1996. Este levantou 0 que e melhor plantar em cada um dos municipios brasllelros - menos a Amazonia.0 Banco do Brasil baseia-se nesse trabalho para a concessao de emprestimos. "Com a temperatura 3° mais quente do que hoje, 0 cafe some", diz Silveira Pinto. Desapareceria de Sao Paulo, Minas Gerais, e Goias. Teria de ir para regioes mais frias, como 0 sul do Parana, Santa Catarlna, Rio Grande do Sul e, eventuaimente, para 0 norte da Argentina ou 0 Paraguai.

0 trabalho dos pesquisadores avaiia duas possibilidades. Com aumento de 1° na temperatura, a area cultivada do Pais encolheria de 4,8 milhoes de quilometros quadrados para 4,6 milhoes. Com aquecimento de 5,8°, a redugao chegaria a 3 milhoes de metros quadrados. A soja, estrategica como matriz energetica, teria redugao de mais da metade da area plantada. ▲

Cendrio impoe uma corrida contra o tempo

Brasil ainda nao feza sua ligao de casa:a construgao do mapa da vulnerabilidade

Paisesdetodo0mundo,incluindo0Brasil,estao muito ati-

vos na tentativa de reduzir os riscos futuros do aquecimen to global- mas atrasados no estudo de medldas de adaptagao as inevitaveis consequencias do aquecimento. E nao ha mais como evitar que a temperatura continue a subir e aumente mais 2° ate 0fim do seculo.As afirmagoes sao do climatologista

Carlos Nobre,do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais(INPE).

-0 Brasil esta muito atrasado porque nao fizemos ainda 0 que chamamos de 'mapa da vulnerabilidade' as mudangas cli maticas. Nao sabemos quais sao os pontos vulneraveis, onde as

mudangas climaticas vao causar maiores dificuldades para o desenvolvimento sustentavel do Pals.

0 mapa e na verdade uma serie de estudos que apontam,na zona litoranea, quais sao os pontos criticos em relagao ao aumento do m'vel do mar e seus reflexos nos ecossistemas natu rals.0 Brasil tem a maior diversidade biologica do planeta, quais sao OS riscos que a biodiversidade brasileira corre ? Na saude humana,os estudos devem indicar o que vai acontecer, o surgimento de novas doengas, a expansao de doengas conhecidas para areas em que hoje nao ocorrem. Como serao os desastres naturals, inundagdes e deslizamento de encostas, provocados por tempestades mais intensas? As respostas sao previsiveis. Carlos Nobre preocupa-se tambem com a agricultura, "extremamente vulneravel". E com a eletricidade, produzida em 90% por hidreletricas.

-0 desmatamento na Amazonia tem caido nos ultimos tres anos. Nessa area,o Brasil avangou mais, mas descuidou da retaguarda, que e como nos adaptar as mudangas climaticas. ▲

DIVULGAQAO NOVIOS C avioes

A temperatura do ar, pressao, vento e umidade sao medidos por estagdes meteoroldgicas existentes em todo o mundo.

Os registros vem dos anos 1800, quando as estagdes surgiram. Avides e navios sao obrigados a mandar informagoes meteoroldgicas e do mar, quando passam por determinado ponto.

Por satelite, tambem sao calculadas temperaturas do ar e do mar. As informagdes sao centralizadas em Washington e retransmitidas para 0 mundo ▲

Riscos Ambientais >
Informe Adicional
Revista de Seguros- Edlfdo Extra - 4'Conseguro -86
fffll
Revista de Seguros - Edit;do Erttrd -4° Conseguro -87

E a vozsoIitdria do fisico Luiz

Carlos Molion

Ele discorda num torn veemente da comunidade cientifica mundial:o mundo vive urn cicio de frio e nao de color.0sol e o oceano pacifico sao os responsdveis

Oaquecimento global jp"

, ^ , DIVULGA5A0

nao tira o sono do pro fessor Luiz CarlosMolion, como tern acontecido com milhares de cientistas de todo 0 mundo.0 motive e sim ples. Ele esta absolutamente convencido de que o fenomeno terminou ha nove anos, em 1998.0 que preocupa o profes sor Luiz Carlos Molion, na verdade, e o inverso: o frio. Sous estudos revelam que a temperatura media global vai diminuir nos proximos vinte anos. Em vez de tempestades e o transbordamento do oceano em pontos do literal brasileiro, teriamos menos chuva no Nordeste e mais geada no Sul.

0 professor tambem esta seguro de que essas mudangas do clima nada tern a ver com a falta de zelo do homem pelo ambiene. a contra-mao do que pensa a comunidade cientifica munla, ados Molion sustenta que os gases resultantes da queima de combustiveis fosseis,como petroleo e carvao, nao interferem na temperature do planeta.

ninhai'tZ'! o!o derretem por causa do aquecimento 9 e 8a1938houveumaumentodemaisdequar?■' ° naatmosfe- ra menosde 10/o de poluentesdoque hoie"

Luiz Carlos Moliontem credenciaisparasustentarsuasafir-masoes,6tofomiadopelaUni,e«adedeSaoPaulo doutor emmeteorologiaeprotegaoambientalpeiaUnheieidadedeWis consin (Estados Unldos), e pOs-doutorado em hidrolooia de do restas emWallingford (Inglaterra). Foi diretorde cienciassociais e atmosfericas no Institute Nacional de Pesquisas Espaciais

INPE, de Sao Jose dos Campos (SP). Hoje, esta na Universidade Federal deAlagoas, em Maceio, como diretor do Instituto de Cien cias Atmosfericas. E representante, na America do Sul, do Grupo Gestor da Comissao de Climatologia da Organizagao Metereologica Mundial.

Pergunta-se: se nao o homem, quem e o responsavel pelo que tem acontecido com o clima global? "0 sol, que e a nossa fonte primaria de energia", responde Luiz Carlos Molion. Acontece que o sol nao produz energia de forma constante. Tem ciclos de manchas soiares de onze anos (Luiz Carlos Molion explicando). 0 ultimo cicIo comegou em junho de 2006. "0 sol esta pratlcamente sem mancha nenhuma". 0 que quer dizer que esta menos ativo, produzindo menos energia. Pois quanto menos manchas tem, mais produz energia.

Superposto aos ciclos de onze anos, ha outro cicIo, o de Gleissberg, de cerca de 90 anos. Este esteve em sua fase minima em 1910, e chegou a m^ima em 1947.

C Luiz Carlos Molion:

"Dos anos 40 aos anos 50, aquecimento;dos anos 50 aos anos 70, esfriamento; e dos anos 70 aos anos 90, aquecimento;neste momento vivemos mais um cicio de esfriamento"

sa mundial especulava muito sobre o aquecimento do Planeta nos anos 40 do seculo passado. Fotos de 1938 ja mostravam navies alemaes atravessando o Oceano Artico sem necessidade de quebra-gelo.

Vale-se tambem de dados sobre a grande seca de 1877, que durou dois a tres anos e assolou grande numero de paises:

"Essa grande seca global matou mais de 5 mil chlneses. Euclides da Cunha, em 'Os Sertoes", cita a mesma seca, que matou 500 mii nordestinos e fez com que D. Pedro II visitasse a regiao. Anos depois, nos Estados Unidos, em agosto de 1896, uma grande onda de calor provocou 3 mil mortes em Nova York".

As 500 mil mortes no Nordeste podem parecer excessivas, mas elas sao confirmadas por historiadores. Citam que D. Pedro foi a regiao e prometeu "vender ate a ultima joia da coroa" para amenizar o sofrimento dos locais.

Depois de o mundo ferver em 1945, o globo, diz Luiz Carlos Molion, passou por um resfriamento. Durou de 1947 a 1976. Ainda em 1977, a revista Time dizia que o mundo estava a caminho

de uma nova era glacial, devido ao resfriamento e aos invemos rigorosos dos Estados Unidos e Europa. Entao, a temperatura comegou a subire iniciou-se o aquecimento global, este que Luiz Carlos Molion sustenta ter terminado em 1998.

Uma prova disso, diz eie, e que a contar de 1999 cruzeiros oceanograficos no mar da Tasmania, entre a Australia e a Nova Zelandia, mostraram que a temperatura do Pacifico fora dos tro picos estava aumentando (e, como se viu, quando isso acontece OS tropicos se esfriam).

"As variagoes de 1999 a 2006 mostram que a configuragao da temperatura na superficie do Pacifico esta comegando a ficar semelhante ao periodo de 1947 a 1976, periodo glacial que sucedeu a outro, de aquecimento, encerrado no final da decada de 40".

0 que nao e uma boa noticia para o Brasil. Com o clima glo bal esfriando, chove menos. Os resultados, previstos por Luiz Carlos Molion: na fronteira agricola de expansao da soja (e provavelmente da cana), norte do Tocantins, sudeste do Para, sul do Maranhao e parte do Piaui DIVULGACAO

"A tendencia agora e atingir um novo mfnimo, o que significa que o sol vai estar menos ativo por pelo menos dois ciclos de onze anos consecutivos".

Ou seja, pelas conclusoes de Luiz Carlos Molion vem muito frio nas proximas duas decadas.

Os humores do ciima, no entanto, defende o cientista, nao dependem apenas do comportamento do sol. Entra tambem o comportamento de uma massa de agua colossal, que cobre um tergo do planeta: o Ocea no Pacifico, com sous 176 milhoes de quilometros quadrados. Ora, explicara Luiz Carlos Molion, a atmosfera da Terra e aquecida da superficie para cima (tanto que um aviao a 12 quilome tros de altitude fica a 50 graus abaixo de zero). "Esta claro que quando ha variagao de temperature na superficie do Pacifico isso afetara o clima".

Essas mudangas de temperatura sao lentas, demoram em torno de 25 a 30 anos. E quando a superficie do Pacifico fica mais aquecida nos tropicos, fora deles torna-se mais fria. No periodo seguinte, a situagao se inverte. "0 Pacifico fica mais aquecido foradostropicos, e quando isso acontece, maiscalore transportado pelas correntes oceanicas em diregao aos polos. Isso leva entre outras coisas ao derretimento das gelelras".

Como prova de suas afirmagoes, Luiz Carlos Molion cita noticiario e literatura. 0jornal NewYorkTimes de 2 de novembro de 1922, ele conta, dizia que oArtico estava derretendo.A impren-

Gelo e Ciencia

A poluigao do are acompanhada porestagoes medidoras. Mas parasabercomo evolulu de 400 mil anos para ca, e preciso ir aos polos. Especialistas retiram amostras na forma de cilindros. Elas sao formadas por camadas de gelo que cairam umas sobre as outras ao Iongo dos anos. As que vieram por cima comprimiram as que estavam embaixo. Isso provocou aformagao de bolhinhas de ar. 0 ar dessas bolhinhas revela a quantidade de CO^ que havia na atmosfera no periodo em que caiu cada camada de gelo. A.

pode haver uma redugao de 20% a 30% das chuvas, dependendo da localidade. No esfriamento global de 1947 a 1976, diz, houve expressive redugao de chuvas nessa regiao (300 a 500 milimetros por ano).

No Sul e no Sudeste, no periodo do esfriamento, a freqiiencia de geadas aumentou. Agora, preve Luiz Carlos Molion, tam bem havera mais geada durante os invemos e chovera menos (10% a 15%).

"No inverno entra mais massa polar e produz, por ate tres dias, temperatures muito baixas. Neste inver no ja ocorreu isso. Em regioes do norte do Rio Grande do Sul e em Sao Joaquim (SC) houve tem peratures inferiores a cinco graus negatives."

E 0 Oceano Atlantico, nao interfere nas mudan gas do clima? "0 Atlanti co (10% da superficie global) responde tambem

Riscos Ambientais > Informe Adicional
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Pirn RevistadeSeguros -Edi(ao Extra-4' Conseguro - 89

Riscos Ambientais > Informe Adicional

as mudangas do Pacifico, mas leva alguns anos para isso".

Per exempio,a Corrente do Golfo esta mais ativa desde 1995.

Ela atravessa o Atlantico e vai banhar a Inglaterra, a costa oeste da Europa Ocidental e a Escandinavia e tem levado mais calor a essa regiao.

"Minha previsao e de qua a Europa Ocidental apresente nos proximos cinco anos uma frequencia maior de ondas de calor pelo fato de o Atlantico Norte estar mais aquecido. Essas ondas certamente serao atribuidas ao aquecimento global".

A proposito,como Luiz Carlos Molion explica qua os milhares de cientistas ligados ao Painel Intergovernamental sobre Mudangas Climaticas, o IPCG, pensem de forma tao diferente dele? Esses estudiosos afirmam qua o Planeta enfrenta um serio aque cimento global, e qua a queima de combustiveis fosseis, principalmente petroleo, e o responsavel por ale.

"A pergunta se resume a quem interessa o aquecimento glo bal?" Luiz Carlos Molion pergunta, Luiz Carlos Molion responde. Podem ser varias coisas, como a preocupagao com o petroleo.

qua esta acabando.A China aumenta o consume num ritimo bastante acelerado, superior a 10% ao ano, Quarenta por cento da energia qua se usa no mundo sao baseados no petroleo. Nao ha nenhuma outra reserva qua possa resolver nosso problema, e a populagao esta cresce. No inicio do seculo 20 eram estimadas 1,5 milhao, e fechou o seculo com 6,5 milhao.

Outra possibilidade, para Luiz Carlos Molion, e "a veiha teoria Malthesiana" - referencia ao economista e demografo ingles

"Em 1798, Malthus alertava o governo ingles para o fato de que 0 crescimento da populagao,com o aumento do consume de materias-primas e recursos naturals,colocaria em risco a economia dos paises rices. Pode ser que isso seja ressuscitado agora.

Nao saberia dizer quem tem interesse em espalhar esse terrorismo climatico. Ha esse aspecto de chamar a atengao da populagao e dos administradores para a conservagao ambiental do planeta. Mas ache isso um tanto quanto maquiavelico, porque usam meios errados para justificar um fim". ▲

^OMISSAOORGANIZADORA 4".CONSEGURO

ConvicgaoaposoEncontro:

O Em 1977,a noticia era:"0grande congelamento" (a esquerda);em 2006(a direito),a revista anuncia mais uma mudanga de dcio

Tese e documentos

0 documento que mais corrobora a tese de Luiz Carlos Molion e um artigo publicado pela Newsweek (a esquerda) na edigao de 28 de abril de 1975. Nele, a revista norte-americana informava sobre mudangas violentas na temperatura do Planeta (inicio de um novo cicio de aquecimento, segundo Luiz Carlos Molion) para mostrar as consequencias do fenomeno para a agricultura dos Estados Unidos. No mesmo artigo, a revista traz estampado um grMico (ampliado, a direita) com as variagoes da temperatura do Planeta no Seculo XX, onde aparece bem caracterizado o periodo de super-aquecimento que vai de 1940 aos anos 50.0 grafico caracteriza tambem que dos anos 50 aos anos 70 o cicIo foi de resfriamento. ▲

Logoapos0encerramentoda4

Conseguro, o presidente da Comissao Organizadora, Nilton

a ideia de ap Molina, fez uma avallagao dos ties dias de trabaiho pai'a constatar o que OS participantes ja haviam percebido. foi um enconti'o proveitoso, em que a estrategia adotada funcionou muito bem. Isto ficou comprovado, por exempio, na frequenciade publico nos saloes em que foram realizados os 11 paineis daConferencia. Os participan tes lotavam os anfiteatros e houve um caso (Painel sobre Microsseguros) em que cadeiras adicionais tiveram de sei providenciadas.

A 4". Conseguro mereceu, segundo Nilton Molina, uma estra tegia bem articulada para estabelecer perfeita sintonia com o momento de f,ran.sformagao pelo qual passa o Mercado Segurador. Surgiu assim

um

Onjiii,

resentar varios ca ses de sucesso, nacionais e internacionais, com objetivo de levar aos participantes informagoes ineditas e que oferecessem valor agregado ao mer cado, que comega a trabalhar sob influencia de nova realidade.

olina ml Segu nte da C izadom)

Exemplos de sucesso das areas de rendas vitalfcias, compartilhamento de servigos, seguro rm'al, microsseguro, gestao empresarial, resseguro foram cruzados com pai neis sobre temas que impactam o Mercado Segurador (inseguranga urbana, alteragoes do clima, longevidade, mudangas demograficas do

Pais) e palestras com significado es pecial para o atual momento do setor, como foram as conferencias do Ministro do Planejamento Paulo Bernardo Silva; do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles; do superintendente da Susep, Armando Vergflio e do secretiuio da Fazenda do governo do Rio de .laneiro, Joaquim Levy.

Nilton Molina, que e vice-presidente da Federagao Nacional das Empresas de Seguros Privados e Capitalizagao (Fenaseg), aprovou os resLiltados: "Falei com muitas pessoas que safram daqui satisfeitas. Creio que alcangamos nosso objetivo. E isso que compensa todo o trabaiho da Comissao Organizadora". ▲

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