T1810 revista de seguros abr/mai/jun de 2000 ocr

Page 1

,

-·--RADORAS JA TRAÇAM UM PERFIL DETALHADO DE CADA CLIENTE.



FENASEG Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização Diretoria Presidente: João Elísio Ferraz de Campos Vice-Presidentes: Júlio de Souza Avellar Neto, Luiz Tavares Pereira Filho, Olavo Egydio Setubal Junior, Renato Campos Martins Filho, Rubens dos Santos Dias. Diretores: Brian John Guest, Cesar Jorge Saad , Nilton Molina, Sérgio Timm , Valdery Frota de Albuquerque. Conselho Fiscal Membros Efetivos: Antônio Carlos Ferraro, Mauricio Accioly Neves, Orlando Vicente Pereira. Suplentes: Aparecida Lopes, Jorge Carvalho, José Maria Souza Teixeira Costa, Lúcio Antônio Marques. Conselho Consultivo Presidente: João Elísio Ferraz de Campos Membros Efetivos: Acácio Rosa de Queiroz, Alfredo Fernandez de Larrea, Eduardo Baptista Vianna, Emilson Alonso, Francisco Caiuby Vidigal , Jayme Brasil Garfinkel, José Américo Peón de Sá, José Castro de Araújo Rudge, Júlio Albuquerque Bierrenbach, Luiz de Campos Salles, Luiz Henrique S. L. de Vasconcellos, Mário José Gonzaga Petrelli , Mário Santiago Salgado B. Costa Duarte, Mário Teixeira Almeida Rossi , Patrick Larragoit, Pedro Pereira de Freitas, Sérgio Sylvio Baumgarten Jr. Membros Natos: Alberto O. Continentino de Araújo, Antônio Tavares Cãmara, Eugênio Oliveira Mello, João Gilberto Possiede, Minas Alphonse Roelof Mardirossian, Miguel Junqueira Pereira, Paulo Miguel Marraccini, Sérgio Passold.

REVISTA DE SEGUROS Órgão Informativo da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização - Fenaseg. PUBLICAÇÃO INTEGRANTE DO CONVÊNIO DE IMPRENSA DO MERCOSUL - COPREME. Em conjunto com SIDEMA (Serviço Informativo do Mercado Segurador da República Argentina) , EL PRODUCTOR (Publicação da Associação de Agentes e Produtores de Seguro da República Oriental do Uruguai) e Jornal dos Seguros (Publicação do Sindicato dos Corretores de Seguros e de Capitalização do Estado de São Paulo). Editor: Geraldo Solda Editora Executiva: Ângela Cunha (MTb. 12.555) Coordenação Editorial: ~~~ :tutc. Tel./fax: (021) 262.5215 e 262.4736 Jornalista Resp.: Vania Mezzonato (MTb. 14.850) Programação Visual: Mariza Good (Tel.: 275.5307) Colaboradores: André Machado, Cecilia Guedes, Heloisa Daddario, Mônica Pereira, Nice de Paula, Jorge Clapp, Patricia Stanzione e Rodrigo Carro. Equipe ASCOM: Adriana Beltrão e Valéria Machado. Escritório Fenaseg/Brasilia - SCN/Quadra 1/Bioco C - Ed. Brasília - Trade Center- sala 1607 Fotografia: Arquivo Fenaseg e Arquivo Porto Seguro Ilustração: Janey Capa: Scalla Assessoria e Design Fotolitos: Dressa Color Gráfica: Zit Gráfica e Editora Distribuição: Serviços Gerais/Fenaseg Redação e Correspondência: Assessoria de Comunicação e Imprensa - Fenaseg (Rua Senador Dantas, 74/122 andar, Centro - Rio de Janeiro (RJ) - CEP. 20.031-201 -Telex: {021) 34505- DFNES Fax: (021) 240.9558- Tel.: (021) 524.1204- Ramais 140/158 Periodicidade: Trimestral Circulação: 5 mil exemplares As matérias e artigos assinados são de responsabilidade dos autores. As matérias publicadas nesta edição podem ser reproduzidas se identificada a fonte. Distribuição Gratuita.

SUMÁRIO

5

ENTREVISTA

Luiz Almeida Marins Filho, presidente da Anthropos Consulting, fala sobre o comércio eletrônico e o funrro da tecnologia

8

18

CAPA

VI SIAS vai discutir o papel do marketing no novo milênio

20

CONSEGURO

O fururo do setor em pauta na Conferência que acontece em setembro

INTERNET

Rio de Janeiro tem delegacia virtual para tratar dos cibercrimes

22

FRAUDE

O crime que custa R$ 2,5 bilhões por ano às seguradoras tem prevenção

28

PREVIDÊNCIA

Jovens investem cada vez mais cedo para assegurar uma renda funrra

EDITORIAL. .... ........... 4 ARTIG0 ................... 24 AUTOMÓVEL. ............ 26

ANÁLISE .................. 30 OPINIÃ0 .......... .. ...... 36 NOMES & NOTAS ...... 38

FUNENSEG .. .......... ... 28

LIVROS .................... 38

3

REVISTA DE SEGUROS


~

<RE~t~TA > SEGlJROS

v

EDITORIAL

no se

m

a história da evolução tecnológica nada se compara à informática, em matéria de velocidade no progresso e de magnitude nas aplicações. Mais ainda: ao longo da história da civilização, nada se compara ao poderio do casamento da informática com as telecomunicações, em termos de abertura de horizontes econômicos. Numa malha global , que se estende por todos os seus meridianos e latitudes, a Terra inteira está hoje interligada por uma rede mundial de computadores, possibilitando o intercâmbio científico, cultural , econômico e de tudo em que haja interesse humano, individual , coletivo, comunitário, nacional e internacional ; intercâmbio capaz de ser instantâneo, em muitos casos. Como há várias décadas predisse Mcluhan, o mundo virou uma aldeia global. Cedo, a Fenaseg se deu conta da importância extraordinária do emprego da informática no mercado de seguros. Daí a sua iniciativa de realizar, há dez anos, o primeiro simpósio internacional dedicado ao assunto, evento cujo êxito inicial acabou por institucionalizar a realização bienal de encontros dessa natureza. Foram sem dúvida surpreendentes, com extremo proveito para a crescente melhoria das relações de segurados com seguradoras, os avanços não apenas quantitativos mas sobretudo qualitativos, ocorridos na informatização do seguro. Pôde o mercado ampliar de maneira considerável o espectro de serviços e de formas de atendimento à comunidade

segurada. Não obstante, o fato é que ainda há muito por fazer, tanto assim que a programação do VI SIAS, este ano, foi toda orientada para um tema central : "A tecnologia no marketing de atendimento". Claro que a revolução da informática não poderia isentar-se de riscos e distorções. Os "hackers" já deram vários e freqüentes exemplos de mau uso das portas abertas pela Internet à navegação dos infonautas. Muitos escaparam impunes, por ainda faltar em escala internacional , e não raro em âmbito até mesmo nacional, uma legislação sobre os chamados crimes cibernéticos. Não tardará, essa lacuna vai sem dúvida desaparecer. Ainda bem que, para obstar saques e invasões desses modernos piratas, já existem sistemas e recursos de eficiente proteção tecnológica; e outros continuarão surgindo, com eficácia cada vez maior. Por sua relevância e oportunidade, esse foi um dos temas incluídos no simpósio deste ano, aqui o Rio de Janeiro. O prestígio e a força da informática no seguro são testemunhados, entre outras coisas, pelo número cada vez maior dos portais com amplo conteúdo de matérias dedicadas à essa instituição e à atividade seguradora. O portal da Fenaseg, por exemplo, reformulado em novembro último, nos 6 meses desde então transcorridos já registrou mais de 40.000 visitas. E muito mais irá registrar com a melhoria contínua do seu conteúdo informativo, sem dúvida alguma.

João-EliJ,io-F~detc~ Presidente da Fenaseg

REVISTA DE SEGUROS

4

ABRI U MAIO/JUNHO DE 2000


LUI.Z ALMEIDA MARINS FILHO Presidente da Anthropos Consulting - pioneira na utilização da antropologia no desenvolvimento empresarial e com filiais em Nova York, Londres e Buenos Aires -, o Professor Luiz Almeida Marins Filho é autor de oito livros sobre motivação empresarial com vendas expressivas, no Brasil e no exterior, e de mais de 30 v í deos sobre gestão empresarial, marketing e motivação Comentarista empresarial e de negócios no programa "Conta Corrente", do canal a cabo GloboNews, e apresentador do programa "Motivação & Sucesso", na Rede Vida de Televisão - em que dá dicas de como enfrentar os desafios do século 21 - o Professor Luiz Marins afirma, nesta entrevista à Revista de Seguros , que com a disseminação da tecnologia não haverá mais 'interior', pois de qualquer lugar poderá se ter o mesmo acesso às informações. "Quem mora em uma cidade no sertão nordestino brasileiro terá a mesma disponibilidade de informação que uma pessoa

ABRILJMAIO/JUNHO DE 2000

conectada em Hong Kong ", diz. Conheça um pouco mais sobre o que o especialista - PhD em Antropologia na Austrália, formado também em História, Direito e Contabilidade, além de ter estudado Ciências Políticas na Universidade de Brasília e Negociação Internacional na New York University, nos Estados Unidos - pensa do futuro da tecnologia.

empresa, as forças que podem levá-la em direção ao futuro e as que impedem o crescimento. Não há um 'pacote pronto'. Todo o programa é adaptado de acordo com o tamanho e a especialidade da companhia. É dada importância à cultura da empresa e são realizadas pesquisas de mercado, com os funcionários e com os clientes.

O O que é a Antropologia Em-

O Com a rapidez de informa-

presarial? - É uma aplicação da Antropologia convencional só que voltada para as empresas. Através desta análise podemos identificar, dentro de uma

ções, devido ao avanço da tecnologia, como fazer previsão do crescimento de uma empresa? - Recentemente surgiu uma nova metodolog ia de

5

planejamento estratégico que se chama "Visioning , Focusing and Targeting ". Não trabalha-se mais com "missão" e, sim, com o foco da empresa. Fazemos uma projeção do que o cliente e a tecnologia oferecem hoje e o que pedirão daqui a dez anos. Identificamos onde a empresa deve despender recursos nos próximos anos. A empresa tem de se preparar para o futuro e não para os dias de hoje. Mas é importante frisar que o sucesso de hoje não garante o sucesso do amanhã. O Então é preciso definir o foco? - Existe uma história muito famosa para ilustrar este

REVISTA DE SEGUROS


quadro. Um diretor de uma fábrica de sapatos convocou um gerente para uma viagem à África. O gerente argumentou que não tinha o que fazer por lá, já que era um País onde as pessoas andavam descalças. Quando esta idéia foi parar em uma empresa concorrente, eles identificaram um mercado em potencial para ser explorado. É tudo uma questão de foco. O Como a Internet poderá se tomar a grande aliada no caminho em direção ao futuro? - O mundo irá trabalhar no Protocolo IP, que é utilizado pela Internet. Mas não é a Internet que vemos hoje. Haverá uma convergência muito maior entre computador, televisão e telefone. A Internet via cabo já é uma realidade no Brasil. Em Sorocaba, interior de São Paulo, já existe há mais de dois anos. Com a disseminação da tecnologia neste ponto, não haverá mais esta idéia de 'interior'. De qualquer lugar poderá se ter o mesmo acesso às informações. Quem mora em uma cidade no sertão do Nordeste brasileiro não se sentirá mais excluído. Terá a mesma disponibilidade de informação 1que uma pessoa conectada em Hong Kong.

O As empresas estão se preparando para esta nova realidade? - É uma questão de sobrevivência para as empresas. Em um futuro bem próximo só existirão dois tipos de empresas: as que estarão na Internet e as que não existirão. E isto mudará todo o sistema competitivo.

11

0itenta por cento das vendas através da Internet são realizadas entre empresas. Os outros 20% são entre empresa e consumidor final. E as projeções de volume de venda para o ano 2000 são de US$ 3,2 trilhões!"

O Como isto modificaria o mercada de vendas de seguros? - Dificilmente um corretor de seguros será fiel a uma única seguradora. Os corretores passarão a ser "solution provide", ou seja, um solucionador de problemas. Eles precisarão conhecer profundamente seus clientes para oferecerem produtos que se encaixem perfeitamente em sua necessidade. Os seguros precisarão ser personalizados e o corretor deverá ser como um alfaiate. Hoje em dia ninguém sabe vender seguro.

desconhecia o seguro Residência. Hoje, além de ela ter este tipo de segurança, já divulgou no bairro em que ela mora e quase todo mundo está fazendo o seguro. O Como ficarão as estratégias

de marketing depois da implantação total do comércio eletrônico? - As empresas deverão ser grandes fornecedoras de serviços. O preço e a qualidade, na hora da compra, não farão mais diferença. Pois todos os produtos tendem a um mesmo perfil. Se alguma empresa quiser apostar em um diferencial, amanhã ele será copiado por outra, tamanha a rapidez das informações.

o senhor se baseia para fazer esta afirmação? - Existem 32 milhões de famílias, consideradas emergentes com potencial para compra. As carteiras de seguros populares como o Residencial , por exemplo, custam uma mixaria, inclusive 11 0 mundo irá trabalhar para classes mais baixas. Uma no Protocolo IP, que é funcionária de utilizado pela Internet. minha empresa, ao Mas não é a Internet adquirir sua casa que vemos hoje. Haverá própria, tinha medo de perder tudo em uma convergência muito um incêndio ou que maior entre computador, alguém roubasse sua televisão. Ela televisão e telefone" REVISTA DE SEGUROS

O Em que

O O Brasil está mais atrasado

do que outros países na comercialização eletrônica? - Muito pelo contrário. O Brasil é o terceiro país a desenvolver Internet no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e Canadá. É o 13° em número de criação de sites. Há seis meses, éramos o 17° colocado. É uma boa colocação, levando-se em conta que existem 188 países

6

para a Organização das Nações Unidas (ONU) .

O De que forma a Internet está contribuindo para a concretização dos negócios? - Nos Estados Unidos, 75% das pessoas que chegam a uma concessionária já fizeram uma pesquisa prévia através da Internet comparando preço, marca, modelo, desempenho e formas de financiamento. Isto está fazendo com que haja uma mudança na qualidade do atendimento. A tendência é de que o consumidor não precise mais 'pegar' o produto que ter certeza da compra. Com isto as lojas se transformarão em grandes centros de entretenimentos, verdadeiros showrooms. O E esta realidade está longe de chegar ao Brasil? - Não. O Brasil , por mais que ninguém acredite, é um país empreendedor. Basta observar a nossa história. As Capitanias Hereditárias já eram um processo de terceirização . A exploração do Pau Brasil foi privatizada. Estes são exemplos do porquê que programas de Recursos Humanos desenvolvidos por especialistas estrangeiros como, por exemplo, Reengenharia, não se adaptaram à realidade das empresas brasileiras. O E este passado empreendedor garante nosso sucesso no futuro?

ABRIUMAIO/JUNHO DE 2000


- Faz parte de nossa cultura. Por que, então, empresas como a Ericsson estariam triplicando sua fábrica de celulares aqui? No dia 1O de dezembro do ano passado, a ATL vendeu 100 mil aparelhos celulares. Apenas neste dia. Outro exemplo de nosso espírito empreendedor é que o Brasil possui 2 mil empresas que receberam o certificado internacional de ISO 9000. Estamos em primeiro lugar, seguidos do México que possui apenas 200 certificados emitidos.

O Ecomo estão as vendas pela Internet no Brasil? - Infelizmente, não temos números oficiais. E isto é um hábito desde a época do descobrimento. Veja, por exemplo, os números divulgados para as comemorações dos 500 anos de Descobrimento. Os dados divulgados davam conta de 5 milhões de índios, quando os portugueses aqui chegaram. E hoje só restam 300 mil. Quem, em 1500, ficou contando os 5 milhões de índios? Este número é um chute. Temos um exemplo

bem moderno. A imprensa divulgou que haviam 120 mil desabrigados nas ruas de São Paulo. Seria um estádio de futebol , como o Maracanã inteiro, só de desabrigados. Quando a Comissão de Justiça e Paz foi verificar este número, só acharam 6,2 mil desabrigados. O Eas vendas de seguros, au-

mentaram depois que algumas seguradoras disponibilizaram em sua home page simulações de vendas? - É o mesmo caso das vendas de carros nos Estados Unidos. Um consumidor pode entrar em um site de alguma seguradora, por exemplo, e verificar preço e as características do produto antes da compra. Pode inclusive comparar com outras seguradoras que também disponibilizam este serviço, via Internet. Quando o consumidor quer efetivar a compra, aí sim, chama o corretor. Há uma otimização no tempo das pessoas.

minutos depois. Será que ele também não pode clonar ou fraudar nosso cartão? Tempo para isto ele teve. Mas não faz. A única diferença é que Internet está em evidência, portanto, sujeita a estas especulações. O Qual o volume de vendas negociado na Internet no mundo? - Oitenta por cento das vendas através da Internet são realizadas entre empresas. Algumas vezes, a primeira pessoa a ver a mensagem é o carregador do caminhão. Os outros 20% são entre empresa e consumidor final. Mas este tipo de comércio deu um salto estratosférico nos últimos três anos. Em 1997, movimentavam-se US$ 9 bilhões. No ano seguinte, as vendas alcançaram a cifra de US$ 80 bilhões. Fechamos o ano de 1999 com um volume de US$ 250 bilhões negociados. E as projeções para o ano 2000 são muito mais otimistas. Segundo a Forrester Research, as vendas realizadas pelo comércio eletrônico devem chegar a US$ 3,2 trilhões!

O Como fica a questão da segurança em compras pela Internet já que os ataques de hackers têm sido constante? "Os corretores passarão - Diria que a a ser ''solution provide" segurança é a mesma de quando - um solucionador de vamos a um problemas. Precisarão restaurante e conhecer profundamente pagamos a conta com cartão de seus clientes, pois os crédito. O garçom seguros serão leva o cartão para personalizados. O longe de nossas corretor deverá ser como vistas e volta pelo menos cinco

um alfaiate"

ABRILJMAIO/JUNHO DE 2000

o A informatização das empresas está modificando o relacionamento pessoal entre funcionários? - De forma alguma. Isto é um conceito muito antigo. Com toda esta tecnologia disponível perdemos a privacidade. Podemos ser achados em qualquer lugar, a todo momento. Se acontece este comportamento em alguma empresa, é porque os funcionários devem estar encantados com as novas ferramentas. É a mesma história dos trotes, quando surgiu o telefone no Brasil. Era trote o tempo todo. Hoje em dia, ninguém passa mais trote.

"Nos Estados Unidos, 75°/o das pessoas que chegam a uma concessionária já fizeram uma pesquisa prévia através da Internet comparando preço, marca, modelo, desempenho e formas de financiamento"

7

o OCódigo de Defesa do Consumidor está preparado para amparar as compras virtuais? - O Código de Defesa do Consumidor brasileiro foi tão bem elaborado que até a França copiou o modelo. O Os preços dos produtos podem sofrer variações para entregas a domicílio? - Por que não encarar isto como um novo filão de mercado? Algumas empresas já oferecem o frete gratuitamente e arcam com as despesas de envio pelo correio. Mas para o produto chegar mais rápido ao consumidor, podem surgir novas formas de entrega, como os motoboys. E criamse novos empregos. Por Patricia Stanzione

REVISTA DE SEGUROS


~ VI SIAS

. do novo mz'l"enzo

Buscar um relacionamento mais personalizado com seus clientes é um dos objetivos da maioria das seguradoras/ que não medem esforços para aperfeiçoar o marketing de atendimento. E a investida passa necessariamente pela utilização de novas tecnologias/ que permitem conhecer melhor o perfil do público alvo/ através de bancos de dados/ além de garantir maior agilidade nos negócios/ ligando clientes/ corretores e empresas via rede.

REVISTA DE SEGUROS

Para debater estas questões e apresentar resultados de suas experiências, profissionais do setor estarão reunidos no Rio, de 5 a 7 de junho, participando do VI Simpósio Internacional de Automação de Seguros (SIAS), com painéis, palestras e área de exposição. O encontro, que este ano está em sua sexta edição, acontece no Hotel InterContinental Rio. A expectativa é de que mais de 50 empresas estejam presentes ao evento, discutindo o tema "A tecnologia no marketing de atendimento no novo milênio". Haverá 12 palestras nacio-

8

nais e quatro internacionais, em que serão apontadas, entre outras coisas, as tendências do e-business no ramo de seguros e apresentadas questões Iigadas à competitividade, segurança na Internet e resseguro. Além disso, o evento contará com nove painéi s, que abordarão temas como troca de informações entre seguradoras e corretoras e ferramentas de produtividade e tecnologia em assistência 24hs. Condições tecnológicas Oencontro é também uma oportunidade de se apresentar os resultados de uma pesquisa sobre as condições tecnológicas das companhias de seguro do país O conceito de busca do aperfeiçoamento do relacionamento com cliente éantigo, mas não havia estrutura que permitisse fazer isto de forma tão ampla e rápida quanto agora, que se dispõe de novas tecnologias a cada dia. Hoje, é mais fácil para a seguradora conhecer seu público-alvo , criando um banco de dados abrangente , de modo a segmentar sua clientela. Para isso, é possível buscar no mercado informações sócioeconômicas que a con,·~anhia não tem , facilitando a venda de produtos a quem realmente interessa, àqueles que se encaixam num perfil de consumidor a quem a companhia quer chamar a atenção.

ABRIUMAIO/JUNHO DE 2000


"Temos condições de saber quantos carros tem um cliente, qual seu capital e quantas vidas tem segurados. E ainda contamos com cadastros externos e com informações sócio-econômicas que podemos comprar de terceiros, para descobrir as preferências de um determinado segmento - e assim, lançar campanhas direcionadas ", diz Osmar Marchini, diretor de Tecnologia da ltaú Seguros e presidente da Comissão de Informática da Fenaseg. A ltaú fez a experiência em 1988 com bons resultados. Segundo ele, trabalhando com um público dirigido, investiese menos com resultados mais satisfatórios, pois atinge quem tem mais propensão à compra. Business to business A ltaú Seguros ainda não investiu numa home page que permita ao cliente interagir com a empresa, pois, segundo Marchini, a empresa está hoje mais voltados para o business to business. "Trabalhamos mais com o corretor do que com o cliente e todos os 1.500 corretores têm acesso à rede mundial de computadores . Segundo a lnfo-Exame , no ano passado conquistamos a 123 posição no ranking de empresas nacionais, movimentando R$ 301 milhões via Internet. Ficamos atrás apenas dos grandes bancos", compara. A empresa pretende investir este ano R$ 31 milhões em tecnologia (contra R$ 20 milhões de 99) em bancos de dados e novos computadores. Investe também em Datawarehouse. "Quer!lmos informações mais rápidas e acessíveis para quem toma as decisões na empresa. Será uma base de dados para sustentar o gerenciamento do atendimento ao cliente ", afirma Marchini, que também é mem-

ABRILJMAIO/JUNHO DE 2000

CYBER POINT: SEU PONTO DE ENCONTRO NO SIAS Durante VI SIAS, expositores, congressistas e participantes do evento em geral terão à disposição um ponto de encontro chamado Cyber Point, qu~ permitirá o acesso à Internet. Nos moldes dos cyber cafés espalhados pelo mundo, o espaço, dotado de quatro computadores (no ano passado eram apenas dois), permitirá navegar pela rede mundial de computadores e trocar mensagens eletrônicas. "O lugar terá muito mais um caráter lúdico, do que prestação de serviço, embora também funcione com este intuito", diz Ricardo Romeiro, gerente de produto da Fenaseg. O Cyber Point estará à disposição de todos os participantes do simpósio - que este ano promete reunir mil pessoas ligadas às seguradoras, corretoras e prestadoras de serviços. O horário de funcionamento é das 9h às 18h. "Não haverá limite de uso, mas há um coordenador para administrar o tempo de acesso"adianta Romeiro. O Cyber Point será um motivo a mais para as pessoas participarem das discussões sobre automação.

bro da Comissão Organizadora do VI SIAS. Na corrida por inovações tecnológicas, a Sul América Seguros abriu mais um canal de comunicação participando do portal Globo.com, que funciona como uma ponte para o home page da companhia, que já existe há dois anos. Ao acessá-lo , o internauta pode calcular ou comprar uma apólice, indicar um corretor através de uma lista que lhe é fornecida e manter um diálogo com o profissional. "Estamos possibilitando ao corretor vender para uma pessoa que possivelmente nem iria procurá-lo", diz Roberto Oliveira, diretor de Sistemas da Sul América e membro da Comissão Organizadora do VI SIAS. "Registramos em torno de 200 acessos diários, com uma semana de campanha", ressalta. Atualmente são 25 mil corretores fazendo negócio com a Sul América. Destes, 4.500 já

estão utilizando o NAC (Núcleo de Atendimento ao Corretor) e 25% das propostas de seguro para automóveis chegam via novos meios. Das 60 mil propostas recebidas por mês, 16% chegam via online e outros 9%, via cal! center. Mais tempo na rede Os números atestam o sucesso dos negócios via grande rede. Uma pesquisa feita nos Estados Unidos e divulgada recentemente revela que os brasileiros estão cada vez gastando mais tempo na Internet, passando em média 12,3 horas por semana conectados, contra 8,3 horas, em 1998. Um número cada vez maior de brasileiros já faz compras via computador. O Laredo Group, instituto de pesquisas dos Estados Unidos que fez a pesquisa, ouviu 22.500 internautas de nove países - 6.088 eram brasileiros - entre dezembro de 1999 e janeiro deste ano. No Brasil , a pesquisa mos-

9

trou que para ficar mais tempo na rede, outros hábitos dos usuários vão sendo paulatinamente substituídos: 57%dos entrevistados disseram que ultimamente têm assistindo menos à TV em 1998 esse percentual era de 44%. Ainda de acordo com este levantamento, 54%das pessoas pesquisadas disseram ter feito pelo menos uma compra bnline em 1999. No ano anterior, eram 35% das pessoas ouvidas. Outro dado curioso é que a adesão dos brasileiros ao comércio eletrônico está acima da média, que é de 42%, considerando os nove países latinos que a Starmedia tem como área de atuação. Vale lembrar que entre estas nações estão os Estados Unidos e Porto Rico . Outro levantamento significativo é a Pesquisa Cadê?/lbope, divulgada em fevereiro deste ano , também apontando para mudanças no perfil e nos hábitos dos internautas brasileiros. Os homens continuam sendo maioria, mas as mulheres estão cada vez maiS descobrindo a rede. Em 1998, elas representavam 29% dos usuários no Brasil. Hoje, são 37%. Vinte e cinco mil usuários responderam a questionários online entre os meses de novembro e dezembro do ano passado. Foi possível perceber que os internautas ainda estão bastante concentrados nas classes A e B. Do total de entrevistados, 59% declaram ter uma renda familiar entre 1O e 50 salários mínimos. O estudo mostra ainda que 68% dos brasileiros que navegam na Internet têm entre 15 e 29 anos. Do total de pesquisados, 35% buscam na rede informações sobre produtos e serviços. Por Mônica Pereira

REVISTA DE SEGUROS


VI SIAS

reduzir p os

m

venda de seguros pela Internet deve provocar uma redução no preço das apólices e nos custos administrativos das companhias do setor nos próximos anos. Longe de ser apenas uma hipótese, o cenário traçado por German Marcano, vice-presidente executivo da Consis lnternational, está fundamentada na análise do mercado americano. Nos Estados Unidos, onde a maioria das seguradoras passou a oferecer seus serviços pela Web, em 1998 as vendas virtuais foram responsáveis por 2% 1do faturamento global no ano passado. Para 2003 , a expectativa é de que esse percentual atinja a faixa entre 25% e 30%. No Brasil , o processo ten de a se repetir A médio prazo, adverte ele, as seguradoras terão de ocupar um espaço na Internet se quiserem ampliar suas possibilidades no mercado. Além de auxiliarem na pesquisa de preços, os sites poderão funcionar como bal cões virtuais, tanto para for-

REVISTA DE SEGUROS

necer informações como para fechar contratos. "Apólices mais simples, principalmente nos ramos de Automóveis , Vida e Saúde, serão fechadas diretamente via Internet, sem a necessidade de intermediários e com rapidez ", prevê German Marcano, que faz palestra no VI SIAS sobre a "teconologia de Seguros na rede Internet" Nova mídia - Dentro de alguns anos, todas as seguradoras brasileiras estarão na Rede. As possibilidades oferecidas pela nova mídia vão muito além das vantagens citadas pelo vice-presidente executivo da Consis. Em vez de preencher um formulário de papel ou falar com uma telefonista para descrever um sinistro, os clientes terão a opção de notificar um sinistro à seguradora utilizando o ciberespaço . Outra facilidade seria o envio por e.mail de informações solicitadas pelo segurado. "O e.mail pode servir para informar ao consumidor quais os documentos necessários para dar entrada no seguro , por exemplo ", diz Marcano.

"Apólices mars simples, principalmente nos ramos de Automóveis, Vida e Saúde, serão fechadas diretamente via Internet, sem a necessidade de intermediários e com rapidez" German Marcano (Consis)

10

Com tantos serviços ao alcance do mouse , ele garante que haverá um aumento da competição entre as empresas do setor. Em contrapartida, as .. seguradoras vão ganhar mais visibilidade , já que estão numa rede de alcance mundial. A exposição significa que haverá um leque muito maior de clientes potenciais ao alcance da companhia. Para fazer frente à competitividade crescente, a solução seria cortar custos. Segundo Marcano, a comissão dos corretores devem cair 50% nos próximos quatro anos. Apesar de apostar na redução das comissões e no desaparecimento dos intermediários em al guns ramos de seguros , ele sustenta que a automação trazida pela Web não significará necessariamente menos emprego para os corretores. "A Internet vai ampliar possibilidades ", afirma. Se o modelo americano prevalecer no Brasil , o internauta poderá escolher no site se deseja fazer seu seguro sem intermediários ou com a ajuda

ABRIUMAIO/JUNHO DE 2000


de um corretor, que poderá ser o que ele está acostumado a trabalhar ou alguém indicado pela companhia. A vantagem de contar com a assessoria de um profissional da área de seguros fica mais evidente em casos que envolvem apólices mais complicadas. Marcano lembra que ramos nos quais são necessárias análises técnicas vão continuar a exigir a intervenção de corre!ores. Como exemplo, ele cita as apólices corporativas em que é preciso avaliar um risco complexo, especialmente as possibilidades de incêndio ou quebra de máquinas. "Nesses casos, são necessárias inspeções e avaliações que não podem ser feitas pela Internet", explica o executivo.

Os custos de implantação de um site especializado dependem dos tipos e variedades de serviços que serão oferecidos Como em alguns casos a comunicação entre a seguradora e o seu cliente envolve a troca de dados sigilosos , os sites destas empresas geralmente têm uma infra-estrutura tecnológica semelhante à das páginas de instituições bancárias.

O firewa/1 e outros sistemas de proteção são essenciais para manter informações de usuários a salvo da curiosidade dos hackers. Mas o executivo adianta que os custos na implantação de um site especializado na ven da de seguros dependem principa/mente dos tipos e variedades de serviços a serem oferecidos ao consumidor. Por isso, é difícil precisar um valor para o investimento inicial. América Latina - A escassez de dados sobre o me rcado potencial na América Latina para os serviços de venda de seguros via Web não parece incomodar a Consis International. Com 25 anos de experiência no desenvolvimento de softwares para o setor de se-

guros, a empresa - criada na Venezuela mas baseada nos Eslados Unidos - pretende investir na região US$ 4 milhões, a serem repartidos entre Brasi/, México e Argentina. Além de escolher os programas mais adequados ao seu projeto virtual , a seguradora precisa também analisar se é mais interessante comprar ou alugar a infra-estrutura necessária para pôr seu site na Rede. Segundo Marcano, a tendência mundial que vem se consolidando nos últimos anos é o hosting - hospedagem da página no servidor de uma empresa terceirizada. Na opi nião dele, esta é a alternativa mais barata e prática na maioria dos casos. Por Rod.rigo Carro


~ VI SIAS

APOLICE

-...---. um futuro bem próximo, fazer qualquer tipo de apólice de seguro será uma realid~a""!"" de...- virtual. Isso mesmo proteger sua casa, seu automóvel e sua própria vida contra eventos inesperados será possível dentro da Internet, atra-

REVISTA DE SEGUROS

vês das seguradoras virtuais. E é de uma proposta pioneira nesse campo - a Virtual lnsurance Broker - que Antero Braga, gerente de Programas na Área de Seguradoras da Unisys, fala dia 7 de junho no VI SIAS (Simpósio Internacional de Automação de Seguros),

no Hotel Inter-Continental Rio, no Rio de Janeiro. "Há dois grandes movimentos no mercado de seguros . Num deles, a seguradora quer aumentar seu alcance, sua capilaridade , ganhar mais corretores, ir mais para o interior e chegar às regiões agrícolas.

12

Noutro, do pónto de vista da atração do cliente, as empresas querem se expor mais, mostrando suas características, detalhando como é cada produto, explicando os preços fi nais. Ea Internet é o meio ideal para os dois objetivos ", explica Antero Braga.

ABRILJMAIO/JUNHO DE 2000


a análise e posterior classifi de, o mesmo corretor é avisacação de novos tipos de sedo via Web e vai conversar com guro", completa Antero Braga. ele. O mais interessante, de Tudo isso promove uma reacordo com o executivo, é que dução de custos considerável as seguradoras terão relativana operação geral , dependenmente pouco trabalho neste do da estrutura de cada seguprocesso. Seguindo o conceito radora. De acordo com o exede ASP (Application Service cutivo, as empresas de pequeno Provider) , o portal Unisys proe médio portes se beneficiam porcionaria a seus parceiros na mais do ASP residente no site área de seguros o site e seus da Uhisys. Nesse caso, a proserviços, e bastaria a eles pavedora Uninet é o "front-end" gar por isso. do processo. A seguradora se "E você perguntará pagar hospeda no site e é tarifada. de que forma? Isso funciona Mas empresas maiores, se como uma conta de telefone preferirem , podem optar pelo comum. Seriam computados os " outsourcing ", gerenciando acessos ao site da seguradora, seus próprios sistemas - nae nossos serviços seriam tari turalmente, uma solução mais fados em termos de clientes ou cara. Antero Braga explica que corretores afiliados em poteno portal , com uma interface cial ", explica ele. Enão há custo de instalação para as empresas: a Unisys já tem o O portal oferece ainda site e as segura~serviço de doras simpleshetp-desk, que dará mente passariam a usar os serviços suBorte remoto e agregados. Entre corrigirá eventuais as inúmeras posproblemas sibilidades de agilização dos negócios via Rede, está, por exemplo, a utiamigável e intuitiva, tem duas lização de fotos digitalizadas. bases de dados: uma para a Seria lícito uma imagem de um chamada "aceitação do risco " carro acidentado, com o res(históricos de seguros, produpectivo laudo em anexo , e ção de apólices etc.) e outra remetê-los para a pasta do sevoltada para CRM (Ciient Regurado e a de seu corretor. lationship Management} , com Processos antecedentes estruturas de apoio à decisão - Também o chamado "undo cliente, perfis por região, e derwriting" fica bem mais ráassim por diante. "Os sites são pido . Ele reúne os seguros totalmente customizáveis de cujas características já foram acordo com os produtos de definidas por processos antecada empresa. E o portal ofecedentes. Esses seguros são , rece ainda um serviço de helpentão, alinhados automaticadesk, que dará suporte remoto mente dentro do site , facilitando e corrigirá eventuais problea categorização e o atendimento mas", conclui ele. ao cliente. "E também podem deixar os corretores livres para Por André Machado

o impossibilite de trabalhar. " Mais rapidez - O portal incluiria todo o ciclo de venda da seguradora, garantindo uma distribuição mais Antero Braga eficiente de seus (Unisys) corretores. Estes se beneficiariam E como funciona o projeto tanto quanto o cliente propriada Unisys para o setor? Tratamente dito, uma vez que o prose de um portal com diversos cesso de filiação à empresa será módulos espalhados por suas mais rápido e transparente e URLS, como informações da se tornará possível conhecer própria empresa, simulador de mais rapidamente sua capaci negócios, listas de corretores, dade de atuação. hospedagem de processos e "Através da Internet, a venda outros serviços. "Através desda apólice e seu acompanhasa gama de serviços , a emmento ficam mais integrados, presa terá a oportunidade de tornando mais fácil a gestão aferir os desejos da clientela e do seguro" , argumenta Braga. oferecer opções de acordo com Ele acrescenta que, primeiro, cada cliente" , adianta. Por o cliente fecha o negócio virexemplo, a venda cruzada de tualmente e em seguida a seseguros. "A um cliente, digaguradora envia o processo onmos que seja um taxista que line para os corretores mais prófaz um seguro para seu autoximos dele, através do gerenmóvel , pode ser oferecida uma ciamento de códigos de endeapólice de lucro cessante, isto reçamento postal. é, que prevê o recebimento do Depois , continua Antero seguro por determinado períoBraga, se por algum motivo o do em caso de acidente que cliente não pagar a mensalida-

"Através da Internet, a venda da apólice e seu acompanhamento ficam mais integrados, tornando mais fácil a gestão do seguro"

I

o

negocto almente e em seguida a seguradora envia o processo on-line p a os corretores mats proxunos, a avés do gerenciamento de códigos de endereçamento postal. o

ABRILJMAIO/JUNHO DE 2000

I

o

13

REVISTA DE SEGUROS


VI SIAS

fard gestão de seg uros ainda é um negócio conservador: o conhecimento técnico baseia-se mais nas próprias pessoas, quando deveria estar disponível numa solução tecnológica, mais democrática. Epara Guilherme de Alencar Lima, diretor de Informática da Delphos, tal solução já existe e atende pela sigla VIC (Virtual lnsurance Company) . Trata-se de um modelo voltado justamente para flexibilizar operação e custos desse mercado, que vai ser abordado dia 7 de. junho na palestra "Um Conceito de Full Outsourcing", que o especialista faz no VI SIAS. "Na vefdade, é a combinação de um modelo antigo com ferramentas modernas", diz ele, explicando que só nos últimos anos foi possível a criação de uma seguradora totalmente virtual. Fica a cargo do segurador a gerência do risco, o desenvolvimento de produtos e o relacionamento com o cliente . E compete à operadora as fun ções de retaguarda, com critérios rígidos de segurança e de acordo com o modelo de cada seguradora.

nal

C

REVISTA DE SEGUROS

" Com a solução virtual, não há n ovos custos em contratação de p essoal, nem em treinamento. A economia estimada é da ordem de 50% dos custos fixos" Guilherme Lima (Delphos)

14

Esforços concentrados Segundo o diretor de informática, a solução pode ser utilizada de várias formas pelas empresas: pode rodar em redes LAN e WAN , em ambiente Web, ou ser instalada a partir de um modelo completamente terceirizado. "Dessa maneira, a empresa pode tocar seu

ABRIUMAIO/JUNHO DE 2000


negócio voltando-se para a satisfação do cliente e concentrar esforços na criatividade. A operadora entra com uma eficiente plataforma de "underwriting " (aceitação de risco) que transforma os custos fixos em variáveis" , afirma Lima. Segundo o especialista, 90% das operações de retaguarda de uma seguradora têm custos fixos. Com o uso da Virtual lnsurance Company, o segurador passa a ter esses custos de retaguarda baseados na porcentagem de volume de prêmios. "Hoje a empresa tem , por exemplo, funcionários fixos independentemente de custo. Com a solução virtual, não há novos custos em contratação de pessoal, nem em treinamento . Sem falar da tecnologia propriamente dita". Segundo acrescenta, a economia estimada é da ordem de 50% dos custos fixos. "Hoje, as seguradoras despendem muito tempo com o que se pode chamar de fardo operacional : a dificuldade de formar técnicos, os salários e seus encargos, e a falta de concentração de esforços direcionada para o próprio negócio. O VIC retira delas esse fardo operacional ", destaca o diretor.

11

As seguradoras despendem muito tempo com o que se pode chamar de fardo operacional: a dificuldade de formar técnicos"

ABRILJMAIO/JU NHO DE 2000

O relacionamento das empresas de seguros com a Delphos poderá assumir duas formas . A primeira , parcial , prevê que a ferramenta seja instalada no próprio ambiente tecnológico da seguradora . Neste caso, o próprio cliente daria acompanhamento ao desenvolvimento da solução, mas a retaguarda continuaria com a operadora. A segunda, fu ll, teria o gerenciamento da tecnologia e a retaguarda englobados pela operadora. "Nos dois casos, os requisitos de segurança e criação de produtos deverão seguir os modelos da empresa cliente" , esclarece Guilherme Lima. Desejo de inovação O executivo, que tem 20 anos de experiência na área de seguros, conta que a idéia do VIC surgiu do desejo de inovação presente na Delphos e da própria falta de flexibilidade das ferramentas de apoio . Além disso, o projeto visa acabar com o mito do conhecimento técnico , concentrando na operadora a sinergia de vários técnicos do mercado como define Lima. "A informação não pode estar na pessoa, mas sim no modelo de gestão ", entatiza. Para ele, as pessoas são indispensáveis para gerir o negócio, mas o conhecimento técnico tem de estar num banco de informação. "Por isso, nossa ferramenta de apoio não se baseia em itens específicos, ou num usuário específico, mas sim num modelo conceitual, sistêmico, de gestão de seguros", explica Lima. Segundo o diretor da Delphos, as seguradoras devem tomar cuidado ao buscar sua operadora. Além de grande capacitação técnica e do-

11

As pessoas são indispensáveis para gerrr o negocto, mas o conhecimento técnico tem de estar num banco de informação" I

o

mínio completo de sistemas integrados , a operadora deverá ter solidez e credibilidade no mercado. "Ela precisa ser financeiramente sólida e estável para dar segurança à empresa cliente. A seguradora deve procurar uma operadora que não

15

se torne um novo risco para gerenciar." Ferramenta Acsei/X Após profunda pesquisa no mercado internacional , a Delphos optou pela ferramenta Acsei/X, da Consis Internacional , para criar conjuntamente a solução da Virtual lnsurance Company. "A ferramenta foi originalmente desenvolvida para o mercado da América Latina, mas nós, em parceria com a Consis, investimos um ano em recursos tecnológicos e humanos para a customização de aspectos mercadológicos e legais do Brasil ", diz. Com a Virtual lnsurance Company, você hoje pode estar na China e monitorar um sinistro no Brasil . Por André Machado

REVISTA DE SEGUROS


~ VI SIAS

ma nova ferramenta para operacionalizar a atividade de resseguros e modernizar um mercado em transformação: assim é o Sistema Resseguro , software para ambientes clienteservidor desenvolvido pela Adjoin Consultoria e Sistemas e que será apresentado pelas sócias Beatrix Moura e Cláudia C. S. Miranda na palestra " A importância da informática na operacionalização do Ressegu ro em um mercado livre", no VI SIAS, em 6 de junho. Há ce rca de dois anos , as sócias da Adjoin , em parceria com o consultor Sérgio Viola, da SV Consultoria de Seguros e Resseguros, investem na criação do produto. Osubsistema voltado para a cessão do resseguro tem, entre suas características, o cálculo automático do resseguro (cessões, recuperações , reservas, comissões) eo suporte ae-business - por exemplo, na negociação de propostas através da Internet e na apresentação online de contas. "Além disso, proporciona simulação de programa de resseguros com base no histórico dos riscos e permite ainda identifi~ar riscos sem cobertura de resseguro, já que o software está ligado ao sistema de emissão da seguradora", esclarece Beatrix. Acima dos limites - Segundo Cláudia, caso a seguradora queira emitir uma apólice com valor acima de seus limites automáticos, o sistema detecta excesso e alerta para a necessidade de um contrato de resseguro. As sócias chamam a atenção para o fato de que osoftware fornece operações estatísticas

[!]

REVISTA DE SEGUROS

para que ajudam na avaliação dos produtos de seguro e subscrição de riscos. "Ele oferece confiabilidade e rapidez nos cálculos de operações complexas, levan-

do em consideração o grande volume de informações processadas pela emissão de uma seguradora", diz Beatrix. O Sistema Resseguro trabalha com base de dados Oracle - empresa de cujo programa de parcerias a Adjoin participa. A opção inicial pelo subsistema de cesem são deve-se a uma aposta no mercado deração o grande de seguros: há cerca de informações de cem empresas adas pela atuando no mercado hoje, com perspectide uma vas de crescimento, na avaliação das Beatrix Moura (Adjoin) sócias da Adjoin . O

16

módulo de aceitação , voltado para as resseguradoras, deverá estar pronto no próximo ano. Na palestra do SIAS, também será apresentada a experiência da CGU Seguros, que já utiliza esta tecnologia . Foi implantado na empresa, há cerca de dois anos, um modelo específico para o IRB. Paulo César Kurpan Nogueira, diretor da CGU , e Therezinha Vollú da Silva Filho , gerente de informática, explicarão como foi o processo de informatização da seguradora e detalharão a importância de se preparar a base de dados de seguro para permitir a interligação com os sistemas de resseguro .. Por André Machado

ABRILJMAIO/JUNHO DE 2000



~

CONSEGURO

CONSEGURO

h

m

Tempo bom, mas sujeito a mudanças ... para melhor, naturalmente! Essa é a previsão para o mercado de seguros brasileiro, a partir de setembro, quando será realizada, de 10 a 13, no Hotel Inter-Continental, a Conferência Brasileira de Seguros, Resseguros, Previdência Privada e Capitalização. Profissionais desses mercados vão debater, num fórum, o presente de suas atividades e identificar caminhos para futuro. Veja, a seguir, a expectativa de alguns executivos sobre o encontro

Carlos Frederico Lopes da Mona Membro do Conselho de Administração da Bradesco e Presidente da Comissão Acadêmica da Conseguro "Primeiro, temos que reconhecer a importância de se voltar a Conferência, depois de 12 anos. Depois,I considerar que o momento não poderia ser niais oportuno, quando o mercado tem tantos desafios pela frente, como a privatização do IRB-Brasil Re, a volta do seguro de Acidentes do Trabalho, a vinda de capital estrangeiro para investimento nos variados setores da economia. A Conferência será, sem dúvida, um dos maiores e mais importantes fóruns de debate da atualidade."

luiz Campos Salles

l

Presidente da ltáu Seguros

"Uma ótima oportunidade para troca de idéias e experiências." REVISTA DE SEGUROS

I Hélio Novaes

Javme Brasil Gartinkel

Vice-presidente da Sul América

"Será uma ótima chance para fazermos uma análise de como o mercado segurador comportou-se nestes últimos anos marcados pela estabilidade econômica. Teremos a oportunidade de refletir sobre os avanços e entraves que interferem no setor, ouvindo depoimentos de empresas, além de trocar experiências sobre o que está sendo feito de mais inovador no mercado segurador no Brasil e no mundo. É fundamental também que se abra espaço para debater as novas tecnologias ea importância da Internet nos dias de hoje. Assuntos como a mudança do resseguro e tendências mundiais também devem fazer parte da pauta de discussões. Acredito que o evento será uma grande chance para debatermos o mercado de seguros, previdência e capitalização e, no final , teremos o planejamento do futuro de nosso mercado."

18

I

Vice-presidente executivo da Porto Seguro Cia. de Seguros Gerais

"Há muito tempo não temos uma conferência como esta. Éuma oportunidade que urge com ela para o mercado discutir de forma aberta novas idéias que andam esparsas nas cabeças de muita gente e que poderão ser as balizas para novos rumos do nosso setor. Além disso, a Conferência Brasileira de Seguros será um mecanismo de divulgação e repercussão do posicionamento das seguradoras em matérias polêmicas e importantes para nós, como por exemplo, a forma como os órgãos de comunicação e os de defesa do consumidor nos vêem, como a sociedade deve compreender os problemas do seguro-saúde, sem esquecer as conseqüências das fraudes e os problemas da falta de segurança do nosso País. "

ABRIUMAIO/JUNHO DE 2000


IMAGEM DO MERCADO Opresidente da Fenaseg, João Elísio Ferraz de Campos, exortou o mercado a participar da Conseguro, que, acredita, será um grande fórum para se debater as perspectivas do mercado com as muitas mudanças que o setor vêm passando nos últimos anos, como o fim do monopólio do resseguro, eaprivatização da carteira de acidentes do trabalho - estatizada há mais de 30 anos. O pedido de apoio foi feito durante o lançamento oficial do evento (foto) , transcorrido no dia 18 de maio, no auditório da Fenaseg. "Queremos trocar idéias e ver para onde vamos e de que forma vamos. A Conferência é a imagem que o mercado vai passar para toda a sociedade", afirmou João Elísio, lembrando que aConferência não éda Fenaseg, mas de todo omercado. Entre os presentes à solenidade estavam o presidente do IRB Brasil Re, Demósthenes Madure ira de Pinho Filho, opresidente do Sindicato das Seguradoras do Rio Grande do Sul , Miguel Junqueira Pereira, o vice-presidente do Sindicato das Seguradoras do Rio de Janeiro, Lúcio Antônio Marques, o presidente da lcatu Hartford Capitalização, Nilton Molina, e o membro do Conselho de Administração da Bradesco Seguros, Carlos Motta, entre outros.

I

Henrique Abreu de Oliveira

Diretor da Swisse Re

"Além de possibilitar ao mercado de seguros expressar sua força na economia, por reunir segmentos tão distintos como seguro, resseguro, previdência privada e capitalização, a Conferência, por tudo que nela irá acontecer, deve apontar perspectivas para esses setores. No caso do resseguro, essa expressão de força torna-se muito mais forte, sobretudo se até a realização do evento esse mercado já estiver aberto, o que seria a grande novidade do ano."

Eugênio de Mello

I

Diretor da AGF Brasil e Presidente do Sindicato das Seguradoras de Pernambuco

"Espero que os resultados da Conferência venham incrementar as operações do mercado de seguros e que também pense no Norte eNordeste. Oevento tem nosso apoio integral."

ABRIL/MAIO/JUNHO DE 2000

I

José Márcio Barbosa Nonon Diretor da Real Previdência e Seguros

"Uma boa iniciativa, principalmente na época em que vai ser realizada, de abertura internacional. O evento chama atenção pela abrangência de assuntos, e, pela preocupação em tratar temas tão diversos como Seguro, Capitalização, Previdência Privada e Resseguro. Me pacere que, pela primeira vez, o setor de Capitalização foi incluído no processo de troca de informação e de know how, que acontece na Conferência. Esta é uma atividade importante, de investimento de longo prazo, que está em crescimento no Brasil , devendo ter um desempenho ainda melhor nos próximos anos, principalmente num regime de estabilidade econômica. Suponho que haverá muita troca de informação e isso é que é importante para o nosso mercado."

19

Sergio Passold

I

Diretor da America Latina e Presidente do Sindicato das Seguradoras de Santa Catarina

"Creio que uma das principais questões do evento seja o Resseguro, em função da privatização do IRB-Brasil Re. Todo osetor de seguros busca respostas para indagações do tipo como será esse mercado, seus clientes. A própria indefinição do IRB tem feito com que os resseguradores estrangeiros já não sintam absoluta firmeza em relação ao Brasil. Há uma grande interrogação. Gostaria que até o momento de realização da Conferência surgissem informações mais precisas aesse respeito. Não acredito que, no atual momento sóciopolítico-econômico do País, aabertura do Resseguro, como ado seguro de Acidentes do Trabalho, flua com tanta rapidez, por interesse do próprio Governo. Esse processo vai caminhar lentamente até que algum fato novo faça com seja acelerado. Creio, porém, que isso não ocorre este ano."

REVISTA DE SEGUROS


INTERNET

Isnard Martins, coordenador do projeto da Delegacia Virtual

ocasião faz o ladrão. O velho ditado ajuda a explicar uma nova modalidade criminosa, os delitos virtuais, que avançam na mesma velocidade das tecnologias, assustando autoridades e empresas. Até mesmo o poderoso G8 , o grupo que reúne as sete nações mais industrializadas da Terra e a Rússia, dedicou uma reunião especial de três dias ao debate do assunto. "Se os sites usarem a proteção adequada, os criminosos virtuais estarão usando espadas de papel contra escudos

REVISTA DE SEGUROS

20

ABRI UMAIO/JUNHO DE 2000


de aço ", diz o engenheiro lsnard Martins, coordenador do projeto da Delegacia Virtual que foi inaugurada no Rio de Janeiro no final de abril (www.delegaciavirtual.rj.gov.br). Usuário contumaz de frases de efeito, o professor da PUC-RJ tem 25 anos de experiência em informática e participou do processo de automação do sistema bancário brasileiro . "Roubar banco via Internet não é diferente do que roubar à mão armada. Os bandidos vão ser pegos na entrada ou na saída", afirma. Tal e qual os assaltos a mão armada - que, na maioria dos casos, têm a cumplicidade de alguém que já trabalhou na empresa ou que ainda trabalha -, para que a criatividade internacionalmente reconhecida do brasileiro se materialize num cibercrime , uma ajuda que nada tem de virtual é necessária. "O crimi noso precisa saber a senha de acesso ao sistema ou o número do cartão de crédito da vítima, e para obtê-las não precisa ser um gênio da informática", garante o professor Martins. Ajuda de hacker - Embora a estatística confirme a tese - nos crimes mais freqüentes os correntistas usam senhas fáceis , como datas de aniversário; os este Iionatários abordam pessoas idosas nas ãgências bancárias, num cri me já fartamente documentado por câmeras escondidas , tomando-lhes cartão e senha; internautas desinformados oferecem número do cartão de crédito para supostamente provar a maioridade e acessar sites de sexo, liberando a informação para bandidos contar com o auxílio de ai -

ABRILJMAIO/JUNHO DE 2000

FALTA DE SEGURANÇA: SUSTO GLOBALIZADO Meganúmeros explicam a preocupação de governos e empresários com a segurança na rede mundial de computadores. Estima-se que são 80 milhões de usuários da Internet apenas nos Estados Unidos, e quase 200 milhões em todo o mundo. Especialistas afirmam que esses números podem dobrar em dois anos. As vendas de produtos de consumo pela rede movimentam cerca de US$ 20 bilhões por ano, e as transações entre empresas já chegam a mais de cinco vezes esse valor. Assim, um problema de segurança pode virar um susto globalizado, como no caso do vírus I LOVE YOU, que atacou 45 milhões de micros e causou prejuízos de quase US$ 7 bilhões. No encontro do G8 , em Paris, outros

guém que conhece os sistemas de segurança é meio caminho andado. Ou então com a colaboração de um "hacker" que se dedique a decifrar os intrincados algoritmos de cartões e senhas criptografadas dos sistemas . A Delegacia Virtual do Rio é a única do gênero no Brasil. A que existe em São Paulo é um departamento, não tem a estrutura da carioca, que conta com 30 agentes especializados em informática coordenados por um delegado. Um dos objetivos da nova delegacia, além de combater os crimes cibernéti-

números justificam a preocupação dos governos. A Internet está revolucionando o mercado europeu de telefonia celular. Somente com o leilão de cinco bandas de um novo sistema, que entra em operação em 2002, o governo britânico arrecadou mais de US$ 35 bilhões. Nas projeções sobre o número de pessoas que vão se conectar à Internet usandô celular, a Ericsson trabalha com a perspectiva de 1,5 bilhão de usuários em 2005. O Fórum WAP, que reúne empresas do setor de todo o planeta, afirma que o número de usuários de acesso remoto daqui a cinco anos será maior do que o das linhas convencionais. Sem a confiabili dade do usuário no sistema, as projeções otimistas podem não se confirmar.

cos, é contribuir para acabar com a subnotificação. Em 14 dias no ar, a delegacia registrou 3.500 visitantes, com 60 denúncias , 26 registros de ocorrência e 249 registros de extravio ou roubo de documento, o que não se faz mais nas delegacias tradicionais e provoca grandes dores de cabeça em quem sofre assaltos. Crimes virtuais - Mas na lista dos chamados crimes virtuais não estão apenas os ataques aos correntistas de bancos e usuários de cartão de crédito , que configuram estelionato. Invadir computador para destruir programas e ar"Roubar banco via Internet quivos é crime não é diferente do que de dano, e se for para pegar roubar à mão armada. Os dados ou arquibandidos vão ser pegos na vos pessoais, é entrada ou na saída" furto ; divulgar lsnard Martins crimes é fazer (coordenador do projeto) apologia deles;

21

divulgar fotos de pornografia infantil, até mesmo em e-mail , é pedofilia; invadir um site e mudar o que está circulando na rede é pichação eletrônica. Até mesmo grosserias como fotomontagens e ofensas, em e-mail ou páginas pessoais , pode ser enquadrado: é crime contra a honra. Na lista elaborada pelo deputado Renan Calheiros (PMDB-AL) , no projeto de lei que define e tipifica os delitos de informática e ainda não foi votado, estão 20 tipos de cri mes e as punições vão de multa a prisão de seis meses a quatro anos. Além de facilitar a vida de quem tem acesso a um micro conectado , a Delegacia Virtual tem outro grande mérito: está empregando policiais que foram baleados em serviço e se tornaram incapacitados para as ruas . Por Cecília Guedes

REVISTA DE SEGUROS


' FRAUDE

que tem prevenção Se a fraude vem se tornando rotina em todas as atividades da economia e da vida brasileira/ não há como imaginar uma realidade diferente no mercado de seguros. Uma realidade que custa às seguradoras R$ 25 bilhões ao ano. se não for controlada/ pode trazer ônus bem maiores/ sempre com prejuízos para o consumidor

.e

Fraude é crime previsto por lei e seu controle só é possível quando existe um trabalho de prevenção , que começa quando a própria seguradora desconfia do sinistro . A partir daí, inicia-se um processo que requer bastante técnica e informação que, aliadas a uma minuciosa investigação e à tecnologia, permite a descoberta do fraudad.or Tarefa digna de Sherlock Holmes. Perdas e danos - Para explicar às companhias de seguros como isso é possível, a Cadastro Nacional de Informações e Serviços (CNIS) reali zou o 8° Curso de Noções Básicas de Direito Penal , Direito Processual Penal e Fraudes Contra Seguro no auditório da Fenaseg , no Rio de Janeiro, no dia 10 de maio. O curso permite que após tantas perdas e danos, o mercado descruze os REVISTA DE SEGUROS

levar estas informações ao Ministério Público. "A fraude é geral e não existe só no mercado de seguros. Há fraude contra o INSS, contra os cartões de crédito, no Orçamento Geral da República. A fraude contra o seguro é preciso criar está dentro deste contexto", diz s que Pedro Paulo a fraude. As Negrini, diretor da CNIS. Mas ele alerta para um fato : a fraude vem aumentando e os situações o fraudados não dador deixa rastros" vêm tomando medidas contra ela. E o que é pior : quem paga por isso é o consua empresa é contratada pelos midor. Ao calcular o prêmio, a Sindicatos das Seguradoras do seguradora considera o número Rio de Janeiro e do Rio Grande de pessoas a pagar, a expectado Sul e pela Fenaseg para intiva da sinistralidade e o valor vestigar a ação das quadri lhas, organizar um banco de dados e médio das indenizações. A se-

braços e comece a se organizar no combate à fraude . Atuando há 20 anos no mercado, a CNIS forma uma parceria com a Negrini Advogados Associados. No momento,

22

guradora leva em conta, ainda, se houve sinistro anterior. Opreço do seguro aumenta e, se o sinistro foi artificial, quem paga pela fraude é o consumidor porque vai pagar mais pelo seguro. Quando não é possível aumentar o preço , estabelece-se a franquia, o que permite que a seguradora gerencie melhor o risco. E quando nem a franquia resolve, a seguradora não faz o seguro. Campanha - A prevenção da fraude ainda não é uma norma do mercado brasileiro. Nos EUA , o Bureau Nacional de Combate ao Crime gerencia um banco de dados, atua na modificação da legislação, treina profissionais e tem um disquedenúncia para que a população comunique as suspeitas de fraude, o que ocorre graças a uma permanente campanha de conscientização direcionada ao consumidor. A mensagem é

ABRIUMAIO/JUNHO DE 2000


simples: "se não houvesse fraude, você pagaria menos US$ 500 por cada ano de seguro". Funciona. Fraude é crime e, neste sentido, a prevenção é a melhor arma. Para quem ainda tem dúvidas, Pedro Paulo Negrini explica de que modo a CNIS

ABRILJMAIO/JUNHO DE 2000

vem atuando no mercado de seguros brasileiro. "Primeiro, é preciso criar mecanismos que comprovem a fraude. As suspeitas começam dentro da própria seguradora. E em algumas situações o fraudador deixa rastros. Se a fraude for comprovada, checamos nosso banco de

dados para ver quantas vezes a pessoa aparece em outros sinistros. Em seguida, é preciso verificar a veracidade. Não basta que o fato decorra de uma esperteza. Tem que haver uma descrição legal que o enquadre como crime, para que o pro-

23

cesso seja encaminhado ao Ministério Público. " O banco de dados se to rnau peça fundamental na identificação de quadrilhas e fraudadores que atuam isoladamente. E uma vez identificada não basta que a pessoa assine documento abrindo mão da indenização. Seu nome vai para o bancq de dados e o caso é encaminhado ao Ministério Público, não importa se a fraude se caracteriza como estelionato ou como crime de falsidade ideológica, pois ambos são crimes. Estelionato - Segundo o diretor da Cadastro, é possível traçar um perfil, por meio do banco de dados, de um futuro estelionatário. Isso por que a pessoa vem cometendo pequenos crimes até chegar ao estelionato. Este rastreamento envolve as duas empresas: a Negrini Advogados Associados sinaliza a Cadastro e então iniciase um processo que requer bastante técnica e conhecimento jurídico para não incriminar um inocente. Uma vez no banco de dados e uma vez identificado em outros sinistros, chega-se ao fraudador ou à quadrilha. Cabe então à Negrini Advogados Associados encaminhar o caso ao Ministério Público. "As quadrilhas atuam mais no mercado de automóvel , recordista de fraudes, e em seguida na área da saúde . Hoje estima-se que 20% de todos os sinistros ocorridos nestas duas áreas sejam falsos. E muitas vezes o fraudador tem curso universitário," acrescenta Negrini. O que leva a uma simples conclusão: para vencer o inimigo, é preciso conhecê-lo e, no mínimo, estar tão bem preparado quanto ele. Por Heloísa Daddario

REVISTA DE SEGUROS


A abertura e o ANI6NIO PINI~ MINDONÇA .Advogado

or mais traumática que a não privatização do IRB Brasil Re vá se tornando para o governo federal , ela não pode servir de base para a manutenção anacrônica do monopólio do Resseguro. A questão transcende em muito a preservação ou não de uma companhia que cumpriu um papel da maior importância na história do seguro nacional, mas cuja utilidade para o país deixou de ser primordial. Se no passado o IRB foi o grande re'Sponsável pelo desenvolvimento e consolidação do mercado segurador brasileiro, atualmente seu monopólio deixou de ter razão de ser. Aliás, são as próprias regras baixadas pela SUSEP que não deixam dúvidas a esse respeito. Ao permitir que as seguradoras contratem diretamente no exterior

~

REVISTA DE SEGUROS

futuro da pequenas novo cenário de mercado aberto, este sim da maior importância para todos os participantes da atividade seguradora brasileira. Caso o IRB não tenha compradores, não há qualquer razão para que ele não continue nas mãos do governo, como uma empresa estatal disputando o mercado de resseguros com outras empresas privadas, todas jogando dentro das regras definidas para o setor. Inclusive, mesmo ficando nas mãos do governo, o IRB continuará levando uma grande vantagem, por conta da forte ligação entre ele e as seguradoras menores, pouco afeitas com a atividade resseguradora e que preferirão permanecer com seu antigo parceiro, a correr o risco de ter que negociar contratos que

resseguros avulsos, a autarquia está reconhecendo uma situação de fato, qual seja, a perda de competitividade do agente ressegurador nacional em comparação com os grandes resseguradores internacionais. Só isto deveria ser suficiente para justificar o fim do monopólio e a imediata abertura do setor para a concorrência sadia que, com certeza, trará vantagens importantes para a sociedade brasileira como um todo. O IRB Brasil Re continuar existindo não é o ponto importante desta discussão, como também não o é o fato de ele vir a ser privatizado ou não. É possível que o IRB, no momento que for a leilão, não tenha compradores interessados. Esta situação pode realmente acontecer e não pode servir de pá de cal para enterrar o

lhes são completamente desconhecidos, com companhias também desconhecidas. É também por conta disto que o governo deve colocar em prática imediatamente as novas regras para a contratação de resseguros - sem monopólio - pelas seguradoras em operação no Brasil. Quanto mais rápido isso ocorrer, maiores serão as vantagens para todos, mas principalmente para as seguradoras menores, que atualmente não têm mais condições de competitividade por não terem escala, nem capacidade de retenção de riscos, que as permita competir. Só esta capacidade extra, representada pelos contratos de resseguros, lhes permitirá continuarem existindo e atuando num mercado altamente concentrado.

é

5 24

ABRI LJMAIO/JUNHO DE 2000

\


O SEGURO DA ,.., INFORMAÇAO

eccelera

eCommerce traz nova versão do sistema ao SIAS em parceria com o catalisador de negócios Eccelera A eCommerce, empresa especializada no desenvolvimento de soluções corporativas, uniu-se à Eccelera, uma Meta Network catalisadora de negócios e desenvolvedora de grupos de interesse no comércio eletrônico, capitalizada pelo Grupo Cisneros, um dos principais conglomerados internacionais de comunicação e entretenimento, para desenvolver um novo modelo de negócio na América Latina. "A informação segura, que garanta a redução de custos, gestão contínua do relacionamento com clientes, eliminação de problemas de fraudes, aumento de velocidade e qualidade no atendimento ao cliente exige tecnologias de ponta", diz Aurimar S. Cerqueira, diretor da eCommerce. "E isto só é possível com fortes parcerias". Para Mordejai Goldenberg, sócio da Eccelera, a evolução da informatização do seguro no Brasil definirá a concorrência das seguradoras com as empresas virtuais. "Por isso é preciso investir e desenvolver, num curto espaço de tempo, estágios mais avançados de informatização". Com a nova união, a eCommerce está lançando no VI SIAS (Simpósio Internacional de Automação de Seguros) uma nova versão do eSeg, voltado para a administração e controle de seguros dos ramos de Vida e Previdência Privada Aberta. O sistema

é 100% baseado na Web, facilitando sua instalação e utilização em Intranets. Além disso permite a rápida integração e compatibilidade com as plataformas tecnológicas já em uso pelas grandes instituições.

eSeg: atendendo o mercado segurador

"Foram dois anos de testes e aprimoramentos que estarão sendo apresentados agora no simpósio", diz Cerqueira. "O sistema poderá ser facilmente adequado às exigências de cada cliente e, com o apoio estratégico, tecnológico e financeiro da Eccelera, poderemos ter uma grande alavancagem dos negócios do eSeg e construção de novas oportunidades no mercado". Atualmente a eCommerce já atende clientes como a AGF Brasil Seguros, Santos Seguradora, Metropolitan Life, Alfa Seguradora, Zurich e NationWide. eSeg - Montado sobre a plataforma Microsoft (Windows

NT 4. 0/ 2000 Internet Information Server/ ASP I SQL Server 7.0), o eSeg contém módulos de cadastros gerais (administradoras, produtos, ramos, filiais, corretores, participantes, beneficiários, faixas de IRRF, entre outros), regras e condições atuariais, coberturas, certificados, propostas, geração de faturas e parcelas, aportes, cobranças, resgates, geração de informes e transações contábeis, geração de informes para a SUSEP, reajustes, controle de sinistros e pagamentos. Além do eSeg, a Ecommerce vem se consolidando como uma das mais importantes empresas de desenvolvimento e implantação de soluções completas para a Internet, como B2B (Business to Business), Intranet, Extranet, integração com sistemas legados, B2C (Business to Consumer), comércio eletrônico, lojas virtuais, portais e soluções com tecnologia WAP (Wireless Application Protocol). A eCommerce ainda estará apresentando no estande 22 do SIAS diversas soluções voltadas para ambientes de Internet, Intranet e Extranet para mercado de seguros, Instituições Financeiras e empresas em geral.

.~

'~ ~ .::: '§ Cl

êj

.fl


AUTOMÓVEL

valor de mercado s relações de mercado ganharam um novo alento com a assinatura de convênio entre a Fenaseg e a Fundação Instituto de Pesquisas Econõmicas (Fipe), da Universidade de São Paulo - USP - visando a elaboração e divulgação mensal de tabela nacional com o valor médio de mercado de automóveis, motocicletas, veículos utilitários e caminhões. O lançamento oficial da tabela aconteceu no dia 3 de maio, em solenidade que reuniu vários executivos do mercado de seguros, entre eles, os presidentes da Fenaseg , João Elísio Ferraz de Campos; da Fenacor, Leoncio de Arruda; do Sincor-RJ, Henrique Brandão e da Fipe , Simão Silber; e o diretor da Susep, Neival Rodrigues. Antes da assinatura do convênio, o presidente da Fenaseg falou da importância da tabela da Fipe para o aprimoramento das relações de mercado e previu grande adesão ao novo modelo. Referência - Segundo o vice-presidente da Fenaseg , Júlio de Souza Avellar Neto, a principal utilidade da tabela é exatamente a de servir de referência para os consumido-

fl1

REVISTA DE SEGUROS

res e as seguradoras na hora da contratação do seguro e no momento da indenização, reduzindo sensivelmente a possibil idade de divergências. "O mais importante é tirar das mãos das seguradoras e dos clientes a responsabilidade pela aferição do real valor de mercado do veículo. A terceirização vai tornar menos desgastante o relacionamento entre as partes", assinalou. Segundo ele, a Fenaseg pretende dar

total transparência ao processo de elaboração das tabelas. Segmentos - Foram convidados a integrar o Conselho Técnico e Consultivo, que vai acompanhar o trabalho executado pela Fipe: os corretores de seguros, a Susep, os Procons e o Instituto Brasileiro de Atuária (lBA). "Acreditamos que todos esses segmentos poderão contribuir para o constante aprimoramento da tabela de valores médios dos veículos",

DIFERENÇA NOS PREÇOS O trabalho executado pela Fipe dividiu o país em sete regiões: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, Sul, Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Apenas no caso dos automóveis e utilitários leves foram apurados 50 mil preços em todo o Brasil. Como há grande heterogeneidade nas características dos veículos, ficou decidido que a tabela incluiria os valores médios das "famílias" de carros (veículos da mesma marca cujas características básicas são semelhantes). Ainda assim, foi registrada uma diferença de até 5% nos preços dos carros usados da mesma marca, modelo e ano, sendo que no Nordeste estes veículos estão cerca de 2,5% mais baratos que a média nacional e, no Sul, 2,5% mais caros. No caso dos veículos Zero km, a diferença chegou a 6%, com o Nordeste apresentando uma variação de 4% acima da média brasileira .

prevê Júlio Avellar. Ele acrescenta que a intenção da Federação é disponibilizar um instrumento público, o mais transparente e perfeito possível. A utilização da tabela pelas seguradoras não é obrigatória, apenas seu uso é recomendado pella Fenaseg. Mas Júlio Avellar acredita que todas as empresa do setor vão optar por essa alternativa , embora já existam outras tabelas disponíveis no mercado.

"O mais importante é tirar das mãos da seguradoras e os clientes a responsabilidade pe a aferição do re valor de m cado do

tomar menos de gastante o rel cionamento en e as partes" ,______. Júlio Avellar (Fenaseg)

26

ABRILJMAIO/JUNHO DE 2000


O pres. da Fenaseg, observado por Simão Silber (à esq.) e Júlio Avellar (à dir.), assina o convênio com a Fipe, no dia do lançamento oficial da nova tabela.

"Pelo gabarito técnico e o reconhecimento público da Fipe, não creio que esse trabalho terá opositores nem vícios do processo. Essa será a tabela de maior credibilidade ", acredita. O vice-presidente da Fenaseg não crê que o novo instrumento vá provocar uma unificação dos preços do seguro de automóveis, a partir da adoção da tabela por todas as empresas do setor. Ele lembrou que as seguradoras já trabalham há muito tempo com tarifas e custos totalmente distintos, o que gera grande competitividade no setor, cenário que inviabiliza a uniformidade de preços do seguro. Utilidade pública - Júlio Avellar destacou ainda as -múltiplas utilidades do trabalho desenvolvido pela Fipe. Avalia que a tabela será na prática um instrumento de utilidade pública, pois através dela qualquer cidadão interessado em adquirir ou vender um automóvel poderá ter noção mais

ABRILJMAIO/JUNHO DE 2000

"No final de julho, estarão di poníveis também os valores de m tocicletas e caminhoes. Basta es<rolher a marca, modelo e ano do veículo e o site informará o valor m 'dio do automóvel" Fernando Haddad (Fipe)

APOIO DOS CORRETORES Os corretores de seguros aceitam o convite da Fenaseg para integrar o Conselho Técnico que vai acompanhar o trabalho da Fipe e também estão prontos para contribuir no que for preciso, visando o aprimoramento da tabela, afirmou o presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo (Sincor-SP) , João Leopoldo Bracco de Lima. Ele considera esse novo instrumento como importante parâmetro para a definição de valores mais justos nos contratos de seguros. "Não tenho dúvidas de que os consumidores serão favorecidos pela adoção da tabela" , frisou. João Leopoldo destacou ainda a qualidade dos trabalhos executados pela Fipe, o que, na visão dele, dará maior credibilidade às tabelas confeccionadas pela entidade com os valores médios de mercado dos veículos.

27

exata do preço do veículo , ganhando maior poder de barganha na negociação. Além disso, a tabela será útil para quem desejar verificar se está correta a base de cálculo do IPVA utilizada pelos governos estaduais. Também as empresas com grande frota de veículos terão na tabela um importante mecanismo para calcular o valor real de seu patrimônio. Motos e caminhões Desde o início de maio, quando foi assinado o convênio, já estão sendo divulgados os valores de cerca de 1,7 mil modelos de automóveis e utilitários leves, fabricados a partir de 1985. Segundo o consultor da Fipe, Fernando Haddad, até o final de julho, estarão disponíveis também os valores de motocicletas e caminhões . A consulta é feita no site da Fipe (www fipe coml, que também pode ser acessado através de um link na home-page da Fenaseg (www fenaseg .org .br). "Basta escolher a marca, o modelo e o ano do veículo e o site informará o valor médio do automóvel ", explicou Fernando Haddad. Outra alternativa, principalmente para quem não dispõe de computadores ou não costuma navegar na Internet, é a Revista Quatro Rodas, da Editora Abril , que fechou acordo com a Fipe para a divulgação das tabelas em suas edições mensais. Por Jorge Clapp

REVISTA DE SEGUROS


FUNENSEG

Larry Brandon (AICPCU): "Para acompanhar o crescimento da indústria, é fundamental, além da prática profissional e do comportamento ético, uma boa formação"

no s conh cimentos stamos vivendo a Era do Conhecimento. Especialistas afirmam que abusca pela informação e o conhecimento é hoje o diferencial para o profissional que quer se destacar no mercado de trabalho. Na indústria de seguros a postura não deve ser diferente. Com a expansão da tecnologia, a entrada das empresas estrangeiras e o aumento da competitividade, a qualificação passou a ser pré-requisito para quem quiser sobreviver no mercado . REVISTA DE SEGUROS

Não faltam boas oportunidades para quem quer investir na carreira de seguros e ter acesso ao know-how do mercado internacional. Cada vez mais, tradicionais instituições estrangeiras de ensino de seguro aportam no Brasil , através de convênios com a Funenseg (Fundação Escola Nacional de Seguros) e com empresas brasileiras, como a Delphos Serviços Técnicos. O objetivo é oferecer programas de capacitação e aper-

feiçoamento em seguros e suprir a carência do profissional de um mercado que está passando por profundas transformações como a abertura do Resseguro, a reforma da Previdência e ainda a quebra do monopólio do seguro de Acidentes do Trabalho. "Para acompanhar o crescimento da indústria, é fundamental, além da prática profissional e do comportamento ético, uma boa formação" , afirma Larry Brandon , presidente do American lnstitute for Chartered

28

Property Casualty Underwriters (AICPCU) . Exames - O AICPCU e o lnsurance lnstitute of America (liA) são algumas das instituições que, através da Funenseg, atuam no país. Representante dessas instituições norte-americanas especializadas no ensino de Ramos Elementares, a Funenseg éa responsável pela distribuição e a aplicação dos exames no Brasil. Baseando sua metodologia no ensino à distância, os progra-

ABRILJMAIO/JUNHO DE 2000


mas do AICPCU/IIA são constituídos principalmente de manuais e cadernos de exercícios. Ao todo são 27 programas educacionais voltados para a formação e qualificação em seguros, resseguros e gerenciamento de ris• cos. A idéia é fazer com que o estudante cumpra sozinho as etapas de cada programa educacional. A Funenseg acaba de traduzir dois importantes títulos publicados pelo AICPCU : "Como funciona o mercado de seguros" e "Subscrição ", e até junho estará finalizando o conjunto "ARE 141 - Princípios do Resseguro ". A Fundação também oferece cursos preparatórios para os exames do AICPCU/IIA. "Fazemos um trabalho de cruzamento de informações, comparando a realidade do mercado americano com o brasileiro", explica Silvia Klein, Gerente de Pesquisas e Relações com Universidades e Entidades Estrangeiras da Funenseg. Nesses mesmos moldes de ensino à distância, a Fundação mantém também convênio com o College of lnsurance, de Nova York, o Chartered lnsurance lnstitute, de Londres, e a Fundação Mapfre, da Espanha. A Funenseg tem ainda uma parceria com o lnternational lnsurance Foundation - IIF para desenvolver o "Programa de Treinamento no Exterior -USA" , que acontece no College of lnsurance de Nova York e no Centro de Atendimento da American Re, em Princeton , Nova Jérsei. Oobjetivo é dar oportunidade para o conhecimento do mercado norte -americano , e promover a interação de profissionais de diferentes áreas de seguro. Desde 1996, quando foi assinado o convênio, cerca de 95 representantes de corretoras

ABRI[JMAIO/JUNHO DE 2000

O PERFIL DO PRORSSIONAL DE SEGUROS NO BRASIL O percentual de profissionais do mercado de seguros com nlvel superior completo é de 22%. A informaçao é do presidente da Comissão de Recursos Humanos da Fenaseg, Milton Abrunhosa. "A escolaridade média do profissional de seguros no pais está entre 2" grau completo e 3° grau incompleto, com dominio de micro-informática". Para melhorar este perfil, na sua opinião, funcionários e empresas devem priorizar a formação profissional. "O profissional deve escolher o caminho em que quer atuar e buscar a especializaçao", aconselha. Oexecutivo ressalta ainda que o conhecimento é pré-requisito para competir igualmente com as empresas estrangeiras que estio chegando no pafs. O diretor da Delphos, chama a atençao para uma prática comum no mercado que pode estar provocando deficiências nos novos pr~

e seguradoras já participaram do programa, cuja próxima edição será feita de 09 a 23 de setembro deste ano. Pessoas - Novas oportunidades estão surgindo também para quem quer atuar no ramo de pessoas que desponta como um dos mais promissores no início do século 21 . Para municiar o profissional de seguros nesta área está chegando ao Bras iI a Life Office Management Association (LOMA). A Delphos assinou em maio deste ano um convênio para ser a responsável no Brasil , eem outros países de lín-

fissionais. "Basear o treinamento apenas na transferência do conhecimento por colegas mais experientes tem provóêado àflciências. Oideal é unir a exPeriência ea tormaçao adequada", afirma. Na opiniAo de Silvia Klein, da Funenseg, este ideal ainda está lon(le de ser atingido porque hoje poucas empresas estio investindo na qualificação profissional do seu empregado. "A administração tradicional das empresas que atuam no mercado ainda nAo permitiu que elas alertem para a importancia da formaçAo da mio-de-obra do profissional de squros•, afirma. Nlo existem números que mostrem o quanto as companhias do mercado investiram nos 6Jtlrnos anos no treinamento de pessoal, ~ segundo Abrunhosa, a I9COí'llendaçlo 6 d8 que 2,51 do total da folha salarial seja deSiinado para ~'$te ftm.

gua portuguesa, pela distribuição do material didático e aplicação dos exames da instituição. Fundada em 1924, a LOMA é especializada na formação e treinamento na área de Vida, Saúde, Previdência Privada e Pensões. O carro chefe desses programas é o FLMI - Fellow, Life Management e lnstitute, um programa de formação na área de vida que desde 1932, quando foi lançado, já aplicou 3 milhões de exames no mundo todo. Por enquanto, quem quiser fazer os cursos da LOMA terá

um trabalho de to de informações, arando a realidade do mercado com o brasileiro" Silvia Klein (Funenseg)

29

que uti Iizar apostilas e prestar os exames em inglês, mas o projeto da Delphos é traduzir e adaptar, através de exemplos práticos do mercado brasileiro, todo o material dos programas de treinamento até o final do ano. A empresa também terá uma equipe de plantão para dar apoio aos alunos. Segundo explica o diretor da área de consultoria da Delphos, Antônio Carlos Silva, o objetivo do convênio foi o de complementar a capacitação do profissional de seguros , que hoje conta com know-how internacional apenas na área de Ramos Elementares. "A nossa expectativa é que haja um grande interesse do mercado que está carente de ensino no ramo de pessoas e benefícios. Este mercado se desenvolveu muito nos últimos anos e ainda é bastante promissor", avalia.

REVISTA DE SEGUROS


A privatização Advogado

nosso objetivo aqui é examinar, à luz das regras já definidas, o problema da privatização do Resseguro entre nós. Mister se faz, a título de introdução ao estudo em questão, examinar a natureza jurídica do Instituto de Resseguros do Brasil que se deve desfazer para se efetivar aquela privatização, pondo fim ao seu monopólio operacional e de regulamentação das atividades de resseguro e retrocessão. Sobre o assunto já tivemos anteriormente oportunidade de acentuar o nosso ponto de vi sta em trabalho publicado na Enciclopédia Saraiva do Direito, vai. 67, p. 415, intitulado Seguro e resseguro - Natureza Jurídica do IRB, em que enfatizamos: "A natureza jurídica do IRB, como sociedade comercial é realmente atípica, anômala, como só vi acontecer com diversas entidades públicas criadas em lei para exercer atividades comerciais". Oartigo 41 , do Decreto-lei no 73, de 1966, assim o define:

I

REVISTA DE SEGUROS

do IRB Brasil Re por excelência, da sociedade em face de outros contratos ou da comunhão, ou da participação, é a chamada atfectio societatis , isto é, a vontade de cooperação para assumir dei iberadamente os riscos da atividade social (cf. CLOVIS BEVILÁQUA, Comentários ao Código Civil, v. 5, art. 1.363; ESPÍNOLA, Dos contratos nominados no direito "A definição legal de civil brasileiro , 1953, p. sociedade de economia 373; AUBRY ET RAU , Cours de droit civil mista não atende à trançais , Paris, LGDJ , natureza do IRB, já 1920, t.6, p.6; PLANIOL ET RIPERTque este não é uma LEPARGNEUR, Traité sociedade anônima" privé de droit civil trançais, Paris, LGDJ , 1954, t.11 , Part 2, p.236, manifestação. no981 ; BAUFRY"Celebram contrato de LACANTINERIE, Précis de droit sociedade as pessoas que civil, Paris, Libr. Larrousse, mutuamente se obrigam a 1889, t.3, p.159, n°759; combinar seus esforços ou CUNHA GONÇALVES, recursos, para lograr fins Princípios de direito civil S. comuns" é o que dispõe o Paulo , Max Limonad, 19 bl art.1 .363, do Cód. Civil , v.2, p. 766, n°246) . constituindo tal disposição É certo haver divergências na pressuposto necessário do doutrina quanto à natureza C.Com ., quando regula as contratual da sociedade, sociedades comerciais. entretanto aquela que mais O elemento caracterizador,

"O IRB é sociedade de economia mista, dotada de personalidade jurídica própria de direito privado, e gozando de autonomia administrativa e financeira". Ora, o contrato que dá origem a uma sociedade é consensual , aperfeiçoando-se com o simples acordo de vontades, pressupondo livre

30

adeptos conta é ainda a que lhe empresta tal origem, distinguindo, porém , a sua origem contratual do efeito produzido pelo contrato com a formação de pessoa diversa daqueles que a criaram. A sociedade pode não ser um contrato, mas nasce de um contrato, constitui o produto de um contrato ainda que chamado de plurilateral , como pretende ASCARELLI (Saggi giuridici, Milano, Giufffrê, 1949, p.260). A distinção entre contrato e acordo, que tanta celeuma sempre causou aos doutrinadores, gerando tais divergências, não se contrapõe, mormente no que diz respeito à livre manifestação da vontade (cf, BRUNETII, Trattato dei diritto del/e società , 2' ed ., Milano, Giuffrê, 1948, t.1 , p.1O, n°4). Mesmo os maiores adversários desta doutrina, como o respeitável FRANCESCO MESSINEO, jamais negaram que para a formação da sociedade mister seja a livre manifestação das vontades dos que dela participam, ainda que por via ABRI LJMAIO/JUNHO DE 2000


indireta (cf. Studi di diritto del/e società , Milano, Giuffrê, 1949, 1.2, p.15 e s.) Ocorre que o IRB foi criado pelo Decreto-lei n°1.186, de 03.04.1939, dentro de suas atuais características com participação compulsória da União no capital social , no total de 70%, parcela esta dividida em ações denominadas da classe A e subscritas por institutos federais de Previdência Social, mediante determinação do então Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, ficando os restantes 30% divididos em ações denominadas da classe B, subscritas obrigatoriamente pelas sociedades seguradoras, na proporção do seu capital realizado (arts. ao e 9°). Essa participação foi alterada pelo Decreto-lei n°73, de 1966, dividindo o capital nas mesmas classes de ações, mas na proporção de 50% para cada classe. Desde sua, portanto, o IRB tinha, em termos de sociedade, uma natureza jurídica anômala, pela ausência da tipicidade legal das sociedades comerciais entre nós. Sustentamos que as operações de seguros privados, e por via de conseqüência, a de resseguros, constituem atividades necessariamente comerciais (cf. nossa tese Comercialidade dos Seguros Privados, in "Notas sobre direito dos seguros privados", Rio de Janeiro, IRB, 1973 e RF, 168, ps. 185/95). Exercendo tais atividades, o IRB é, sem dúvida, uma

ABRIL/MAIO/JUNHO DE 2000

sociedade comercial , consoante tivemos oportunidade de destacar, após amplo exame de nosso direito, em consonância também com o direito universal. Em conclusão: a nossa lei só admite que as atividades mercantis sirvam de objeto apenas às sociedades comerciais. É também a doutrina universalmente aceita. É certo ser possível a prática de atos comerciais por sociedades civis, sem perderem estas o seu caráter civil , mas tais atos constituem apenas atividade

Estado se submete às suas leis e adverte para os ditos controles particulares exercidos pelo Estado com a nomeação de administradores, (Sociedades y associaciones comerciales , trad. Sentis Melendo, B. Aires, Ediar, 1947, p. 408) (cf. nossa tese Comercialidade dos Seguros Privados, in "Notas sobre direito dos seguros privados ", Rio de Janeiro, IRB, 1973 e RF.168, ps.185/ 95). É o que RIPERT chama de "Sociétés de caractere public", que caracterizam a intervenção do Estado. Ora, o IRB, à luz do Decreto-lei no73, de "Não resta dúvida, 1966 (arts.41 a 54), e todavia, que o IRB do Decreto no60.460 exerce atividades de 13.03.67, que comerciais, o que lhe aprovou os seus confere a característica Estatutos, em nenhum momento de sua de sociedade mercantil constituição ou embora atípica" desenvolvimento está subordinado às regras das leis que regem as acessória. Se ela se tornar sociedades anônimas. em principal comercializará o Isto, por si só, contudo , não sujeito dessa atividade (cf. autoriza a sua classificação "Comercialidade dos seguros entre as sociedades privados" in Notas cit. p. anônimas. A confusão 14). legislativa, e daí a de alguns A necessidade de intervenção tratadistas reside na do Estado nas atividades paralisação no tempo, econômicas, nascida por remontando àqueles em que, razões várias, atingiu as formas sociais do direito aspectos eminentemente privado serviram aos comerciais, conduzindo a primeiros passos da fazer uso dos instrumentos intervenção econômica do legais criados para as Estado nas atividades atividades comerciais comerciais. privadas, sobrelevando o Agravando o quadro acima, instituto das sociedades a lei no6.404 de 1976 (Lei anônimas. das Sociedades por Ações) , ASCARELLI já destacava que no seu Cap. XIX, arts.235 a ao recorrer à anônima o 242, regulou as sociedades

31

de economia mista, mas como sociedades anônimas: Art.235 - As sociedades anônimas de economia mista estão sujeitas a essa lei, sem prejuízo das disposições especiais da lei federal. Note-se que em todos artigos reguladores das sociedades de economia mista há expressa referência e prévia às expressões "companhia" ou "sociedade anônima". Por isso mesmo, WILSON DE SOUZA CAMPOS BATALHA, invocando os ensinamentos de ESCARRA, destaca: "É forçar o sentido das palavras denominar sociedade anônima uma instituição à qual é impossível aplicar algumas das regras fundamentais desse tipo de sociedade. A fórmula jurídica atualmente utilizada para fazer funcionar as empresas nacionalizadas não é defensável . O erro do legislador, conclui ESCARRA, foi não ter sabido romper os quadros da sociedade anônima, que se bastam a si mesmos e formam um todo intangível , para procurar uma nova técnica que estivesse em condições de adaptar-se a essas instituições mistas de direito privado e de direito público que são as sociedades nacionalizadas" (comentários à Lei das Sociedades Anônimas, Rio de Janeiro, Forense, 1977, v.3, p. 1080). Conclui-se de todo o exposto que a lei rotulou o IRB de "sociedade de economia mista", expressão

REVISTA DE SEGUROS


I esta que, no direito positivo brasileiro, deve sempre obedecer à forma de sociedade anônima (Dec. Lei no 200 de 25.02.67, art. 5°, 111, e lei no 6.404, de 1976, art. 235). A propósito, cumpre assinalar que a expressão "sociedade de ec'onomia mista" parecenos consignar mais um conceito de natureza econômica do que jurídica. Embora seja a Alemanha apontada como o berço destas sociedades, ou pelo menos onde adquiriram elas maior expressão , a denominação é atribuída aos franceses por tradução do nome dado pelos alemães. E é de um grande mestre alemão, ou seja FRITZ FLEINER, a crítica àquela denominação: "La expresión no designa ningún concepto jurídico; enuncia unicamente que para explorar una empresa económica han asociado el capital privado y el público" (lnstituiciones de derecho administrativo, trad, 8' ed. alemã, Sabino Gendin, Barcelona, Labor, 1933, p. 102). O professor argentino HECTO~ CÂMARA, em excelente monografia, assinala bem as divergências que aquela denominação tem causado no mundo jurídico e conclui : "Por nuestra pàrte, non cremos que este nombre que implica la coexistencia en el capital y gestión de la administración pública y los intereses particulares - sea de una gran fuerza expresiva diferenciadora de este tipo

REVISTA DE SEGUROS

mercantil embora atípica, por não se enquadrar em nenhuma das formas típicas previstas no direito comercia. Daí preferirmos para ele a denominação "sociedade comercial pública", que caracteriza a sua natureza comercial pública, esta a indicar a participação do Estado no seu capital , bem como o interesse público que gerou sua criação. Dentro da nova sistemática, surgida em face da privatização do IRB, as suas atividades de natureza pública passam a ser exercidas pela SUSEP, Superintendência de "O IRB-Brasil Re, Seguros Privados, que privatizado, estará é uma entidade da obrigado a mudar sua administração pública indireta que é assim denominação social definida no art. 35, do que deverá ser a de Decreto-lei no73, de uma sociedade 1966: "art. 35 - Fica criada anônima, entidade de a Superintendência de direito privado" Seguros Privados (SUSEP) , entidade em face do nosso direito autárquica, jurisdicionada ao positivo, nenhuma destas Ministério da Indústria e denominações seria capaz de Comércio, dotada de retratar a natureza jurídica do personalidade jurídica de IRB. Direito Público, com autonomia administrativa e A definição legal de financeira". sociedade de economia mista não atende à natureza do IRB, Sua personalidade jurídica, já que este não é uma como autarquia, está definida sociedade anônima, da no art. 5°, item I, do mesma forma que as Decreto-lei no 200, de 25/ expressões preferidas pelos 02/67, verbis: italianos não lhe dariam "art. 5°, item I - Autarquia perfeita rotulação, exatamente o serviço autônomo, criado por falta do pressuposto de por lei com personalidade sociedade anônima. jurídica, patrimônio e receita Não resta dúvida, todavia, próprios, para executar que o IRB exerc.e atividades atividades típicas da comerciais, o que lhe confere Administração Pública, que a característica de sociedade requeiram, para seu melhor

social ; sin embargo lo aceptamos ante la falta de uno más preciso y por presentar la ventaja de su difusión" (Sociedades de economia mixta , B. Aires, ed. Arayú, 1954, p. 12). Efetivamente, aceitando-se que tais sociedades adotem sempre as regras das anônimas, melhor seria usar a expressão italiana tão do gosto de ASCARELLI , como "sociedade anônima de Estado" ou mesmo "sociedade anônima mista". Convenhamos, contudo, que,

32

funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada". Atendendo às disposições da Lei no 9.932, de 1999, que autorizou a privatização do IRB, o Conselho Nacional de ' Seguros Privados, através da SUSEP, já promulgou 5 (cinco) Resoluções, em 14 de Janeiro de 2000, dando regulamentação complementar às de resseguro e retrocessão, abrangendo essa nova fase que deverá passar o resseguro entre nós. Mas, de toda essa parafernália legislativa, o que resulta claro é a de que não mais haverá a atividade comercial pública de resseguro até aqui a cargo do IRB, cujo patrimônio, mas não as prerrogativas, passarão para uma sociedade comercial de natureza particular, com todas as conseqüências de sua nova figura de uma sociedade anônima regulada em nosso direito comercial. Vale dizer, o dito IRB-Brasil Re, privatizado, estará obrigado a mudar sua denominação social que deverá ser a de uma sociedade anônima, entidade de direito privado, já que suas atividades, ainda um pouco anômalas, durante os dois primeiros anos de sua privatização, acabará sendo a de uma sociedade que tenha como fim social as operações de resseguros, autorizada a operar no País, obedecendo às regras estabelecidas pela SUSEP para a área de seguros e resseguros.

ABRIUMAIO/JUNHO DE 2000


EmE-011rP ERCEB ER _ ~~-----· EEREDÇH-=EHlRE TER-·Um ESIHR-SfGURO..,______. -=-a.-------=-·

--~--

-

-

-

---t

J

CALEDONIA Vistoria de aceitação do seguro e Regulação/Liquidação de sinistros.

---=\ ___,___

• Qualidade e agilidade no atendimento ao cliente; • Profissionais com formação de alto nível técnico.

~------------

CALEDONIA

Matriz - R. da Alfândega, 90/5o andar- Centro - 20070 001 - Rio de Janeiro - RJ Tei./Fax (21) 852 0202 - matriz@caledonia.com.br

[

t I

l

t

J


PREVIDÊNCIA PRIVADA

maior responsável por essa expansão l que têm sido contínua nos últimos anos - é a Previdência Social, notadamente incapaz de garantir uma aposentadoria tranqüila aos seus segurados. Não bastasse fixação de um teto para o valor do benefício , hoje limitado a R$ 1.255,32, a Previdência atravessou um longo e debatido processo de reformas que propalaram a falência do sistema e enxugaram os benefí-

lJ

cios. A última dessas mudanças foi a criação do fator previdenciário , uma complicada fórmula de cálculo que resulta em perdas de rendimento para grande parte dos trabalhadores, sobretudo da classe média. Neste cenário está se desenhando gradativamente uma nova cultura previdenciária , assimilada mais rapidamente pelos trabalhadores com menor tempo de carreira. "O jovem percebe e aceita essas mudanças muito mais facilmente do que uma pessoa que tem mais de 50 anos que foi criada com a cultura de trabalhar a

A aposentadoria já não é mais uma preocupação exclusiva dos idosos. O número de jovens que estão investindo para assegurar uma renda futura não pára de crescer e explica/ pelo menos em parte/ o sucesso da previdência privada no Brasil. Só ano passado/ os planos abertos registraram um crescimento de 17% em relação a 1998. Nesse mesmo período/ o saldo das reservas desses planos deu um salto de 4fi3 %/ passando de R $ fi98 bilhões para R$ 1~22 bilhões.

Clarissa Cunha (estudante): Esse dinheiro não vai me fazer falta agora, mas poderá ser fundamental mais tarde, já que a aposentadoria do INSS não cobre praticamente nada"


contribuir. Isso gera uma mudança de mentalidade", afirma Carlos Trindade . A estudante de Administração e professora de Inglês Clarissa Gonçalves Couto da Cunha está entre aqueles que já assiGiampiero Prester (Sudameris Generali milaram essa nova cultura. Aos 21 anos de idade, já tem um vida inteira na mesma empreplano de previdência privada para garantir uma aposentadoria sa e esperar que o estado cuidaria dela depois", diz Carlos daqui a 30 anos. "Quem me Trindade, presidente da lcatu deu a sugestão e as orientaHartford. ções sobre a previdência foi A outra vantagem é que meu pai , mas a decisão de fazer quem começa a contribuir mais foi minha e quem paga sou

da relevante como opção de investimento de longo prazo", avalia Giampiero Prester. Perfil do cliente - No momento , o maior sucesso do mercado de previdência privada do País atende pela sigla PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) e corresponde ao tipo de plano em que nem a contribuição nem o valor da futura aposentadoria é definido. Tudo depende do rendi mento da aplicação, que pode variar do fundo mais conservador (maior investimento em renda fixa) ao arriscado (aplicações em renda variável) , escolhido de acordo com o perfil do cliente.

"A previdência privada é muito barata para quem começa cedo e muito cara para .quem se dá conta dessa necessidade muito tarde"

cedo pode pagar uma mensalidade muito menor, porque terá um período muito mais longo para acumular o valor necessário à aposentadoria. "A previdência privada é muito barata para quem começa cedo e muito cara para quem se dá conta dessa necessidade muito tarde ", ressalta Giampiero Prester, diretor da Sudameris General i. Plano para jovens - Não é sem motivo que a maioria dos jovens ainda chega às seguradoras pelas mãos dos pais, avós ou tios. São pessoas que, muitas vezes, não conseguiram planejar a própria aposentadoria e tentam evitar que o problema se repita. "A queda da renda do pai ou do avô, que só conta com o INSS, é o que convence o jovem a

ABRIUMAIO/JUNHO DE 2000

eu . Esse dinheiro não vai me fazer falta "O jovem percebe e agora, mas poderá ser aceita essas mudanças fundamental mais muito mais facilmente tarde , já que a aposentadoria do INSS do que uma pessoa não cobre praticaque tem mais de 50 mente nada", expli anos que foi criada ca. Apesar de imporcom a cultura de tante, a mudança cul trabalhar a vida tural não é a única responsável pelo inteira na mesma crescimento do setor. empresa e esperar que A isenção fiscal o estado cuidaria dela a possibilidade de deduzir as contribui depois" ções à previdência do Carlos Trindade (lcatu Hartford) Imposto de Renda (até o limite 12% da renda bruta) - também tem Em pouco mais de um ano ajudado a impulsionar o merde exi stência, o PGBL já acucado. "Essas vantagens fiscais mula reserva da ordem de R$ tornaram a previdência priva700 milhões e é considerado

35

a "vedete " do setor, sobretudo entre as empresas. "É um produto muito atrativo para as empresas que estão fazendo previdência privada para seus fun cionários. Isso porque permite direcionar os investimentos a perfis de aplicação diferenciados, com ganhos financeiros que as empresas estão muito mais acostumadas a contabilizar do que as pessoas físicas ", explica Prester. Passam também pelas empresas as expectativas de crescimento do mercado de previdência privada aberta, estimado em 30%este ano. É que o número de companhias que estudam a inclusão da previ dência na lista de benefícios sociais de seus empregados está crescendo e muitos estudos devem sair do papel depois que o Congresso aprovar o projeto de lei com as novas regras do setor. Trata-se o PL 1O que, entre outras coi sas, cria a portabilidade , isto é, a transferên cia do saldo das contribuições do patrão e empregado para outro fundo sempre que o trabalhador mudar de emprego. "A tend ência de crescimento da previdência privada se mantém por vários motivos. O fator previdenciário , por exemplo , será mais um incentivo para os planos. As pessoas ainda não en tenderam o quanto ele é forte e tende a reduzir as novas aposentador.ias . "Mas quando o corretor con segue demonstrar o impacto do fator previdenciário para o cliente, o índice de convencimento certamente é muito grande", completa Carlos Trindade. Por Nice de Paula

REVISTA DE SEGUROS


OPINIÃO

O Luiz Mendonça é jornalista e consultor técnico de seguros

Na cultura ocidental , o seguro atravessou séculos tendo por objeto, só ou com absoluta predominância, a cobertura dos chamados "Acts of God ", isto é, dos riscos inerentes a manifestações da natureza, entre essas as refletidas nas taxas da mortalidade humana. Outras culturas, porém, longamente mantiveram suas portas fechadas às práticas do seguro, por oposta cqncepção teológica: o acaso nada mais seria do que a mão de Deus, infligindo castigo ao pecador. Ir contra isso, propiciando compensação disfarçada em seguro, era afrontar a vontade divina. No Ocidente, a partir da Revolução Industrial iria ocorrer proliferação, veloz e sem-fim, dos chamados riscos de geração tecnológica. E o seguro, a REVISTA DE SEGUROS

Riscos da informática isso não podendo ficar alheio, teve que abrir de igual modo o seu leque de coberturas, aí incluindo atos do próprio homem: não só os indiretos, como os latentes nas inovações tecnológicas, mas por vezes até os diretos (como, por exemplo, os atropelamentos e os assassinatos). Agora, a Revolução da Informática, com a delivrance de riscos das suas próprias entranhas, está suscitando variada demanda de novos seguros, inclusive para a cobertura de atos dolosos do homem, como os praticados por "hackers" e "crackers". Quanto a esses atos ilícitos, o que se tem cogitado é de incluí-los, por exemplo, nos seguros de bancos, mais precisamente no chamado "blanket". A apólice desse tipo cobre diversos tipos de riscos, nesse rol entrando como principais: (1) roubo ou

furto de dinheiro, lingotes de ouro ou prata, metais preciosos; (2) falsificação, ou alteração fraudulenta, de certificados de depósito, obrigações financeiras, cheques de viagem, cheques comuns, notas de câmbio, cartas de crédito, notas promissórias, títulos e quaisquer outros papéis negociáveis. Pretende-se agora a cobertura, também, dos crimes via computador: (1) introdução fraudulenta de dados no sistema informático e modificação fraudulenta de dados nele armazenados; (2) transferências indevidas de ativos financeiros, feitas pelo banco em resultado de fraudes eletrônicas; (3) perda de dados eletrônicos pelo banco, em conseqüência de vírus ou de qualquer outra forma deliberada de destruição da memória eletrônica do sistema. 36

Houve, e ainda há, muita resistência de várias seguradoras a demandas de tais coberturas, não tanto por causa da origem ilícita dos atos propostos a objeto de seguro, mas principalmente por duas consideráveis razões: (1) a escassa experiência existente e a insuficiência de dados estatísticos, no tocante a esses novos riscos; (2) o potencial danoso desses mesmos riscos, resultante da globalização dos mercados financeiros e da alta velocidade de suas transações nas infovias. A absorção das demandas emergidas dos riscos da Revolução da Informática será uma questão de tempo, tal como aconteceu com as demandas que se multiplicaram no curso da Revolução Industrial. O seguro sempre teve extraordinária capacidade de adaptação. ABRIL/MAIO/JUNHO DE 2000


I


NOMES E NOTAS

LIV Conheça os quatro livros que a Revista de Seguros selecionou para esta edição. Os titulas podem ser encontrados na Biblioteca Luiz Mendonça. E-mail: lli1lliDleca@fenaseo oro br

Entre a solidariedade e orisco: \ história do Seguro Privado no Brasil. \ ALBERTI, Verena (coord.) . É uma abordagem histórica sobre seguro privado no Brasil , resu ltado da pesquisa entre 1996 e 1998. Utiliza farto material documental incluindo fontes inéditas, como entrevistas com profissionais que se destacaram no desenvolvimento do setor, membros dos organismos responsáveis pela gestão do seguro privado e integrantes de diversas instituições, além de publicações especializadas e dados estatísticos produzidos pelas entidades de seguro.

Direito de seguro no cotidiano BECHARA, RICARDO

Homenagem a Alberto Continentino Alberto Oswaldo Continentino de Araujo, diretor da Cia. de Seguros Minas-Brasil e presidente do Sindicato das Seguradoras de Minas Gerais, foi homenageado pela Fenaseg por seus 25 anos de serviços prestados à entidade mineira, completados em maio. Durante reunião de Diretoria da Federação, no dia 1Ode maio, o presidente da entidade, João Elisio Ferraz de Campos, presenteou-o com uma placa de granito.

Apresenta os diversos aspectos cobertos pelo seguro. O leitor encontrará algumas situações do seu dia-a-dia e também as soluções apresentadas de forma clara, permitindo ao leigo inteirar-se rapidamente dos temas tratados.

Conhecimento empresarial DAVENPORT, Thomas H. , PRUSAK, L. Discute o tema de forma estratégica, valorizando o conhecimento como elemento mais importante para o sucesso de uma empresa. É o resultado de um estudo feito com a colaboração de grandes corporações. Apresenta todas as etapas do processo do conhecimento empresarial.

• • • Leoncio Atruda preside Federação Mundial O presidente da Fenacor/Funenseg, Leoncio Arruda, é o novo presidente da Federação Mundial dos Corretores, que tem sede em Bruxelas. Sua nomeação se deu durante a 4a Reunião Mundial de Corretores e Agentes de Seguros, ocorrida de 21 a 24 de maio, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, Portugal. O evento reuniu corretores do mundo inteiro para debater, entre outros temas, perspectivas dos mediadores de seguros, a globalização e a liberalização dos mercados, canais de distribuição alternativos e a tecnologia da informação.

REVISTA DE SEGUROS

Oleitor tem diante de si um manual sobre aTécnica de Resseguro, além de abordar ahistória dessa atividade. AITALRE apresenta o know-how sobre o mercado internacional, bem como a tecnologia do trabalho e a experiência na solução de novas situações que estão aportando no Brasil. Errata - Por erro de edição, o último número da Revista de Seguros publicou que os livros poderiam ser encontrados na Biblioteca da Funenseg. O correto é na Biblioteca Luiz Mendonça, da Fenaseg.

38

ABRIUMAIO/JUNHO DE 2000


m evento tão importante quanto fazer um seguro.

s ma1ores rofissionais vão star reunidos a onse uro. isso inclui oce. .·

A..

De 1Oa 13 de setembro. Hotel Inter-Continental - Rio de Janeiro. Você está sen do esperado no maior evento do mercado segurador. Conseguro . Um encontro onde os melhores profissionais vão estar discutindo os rumos do mercado de seguro, resseguro, previdência privada e capitalização. Faça já a sua reserva . Re:alização

CONFERÊNCIA BRASILEIRA DE SEGUROS,

Apoio FEOERACION FI

DES

CONSEGURO

INTERAMERICANA DE EMPRESAS DE SEGUROS

Organização/Informações:

RESSEGUROS, PREVIDÊNCIA PRIVADA E CAPITALIZAÇÃO

Tel/fax: O(xx)21 544-8726 ou 532-6367 r. 225 e 226

www.fenaseg .org .br

I


Matriz e Fábrica Rio • Rua Peter Lund, 146 • São Cristóvão • CEP 20930-390 • Rio de Janeiro • RJ • Tel. : (21) 585-5118 • Fax: (21) 580-3096 Fábrica São Paulo· Estrada do lngaí, 200 • Barueri • CEP 06428-000 • São Paulo • SP • Tel.: (11) 79292033 • Fax: (11) 7929-5408 Escritório Comercial SP • Rua ltacema, 128/ 2' andar - Cj 22 • ltaim Bibi • CEP 04530-050 • São Paulo· SP • Tel.: (11) 3061-5368 · Fax: (11) 3064-2613

Fábrica Erechim • Rua Lenira Galli, 350 • Distrito Industrial · CEP 99700-000 • Erechim • RS • Tel.: (54) 519-4000 • Fax: (54) 522-3459


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.