T1745 - Revista de Seguros - fev/mar de 1986_1986

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a ORGAO OFICIAL DE DIVULGAQAO DA FENASEG - ANO 66 • 768 • FEV/MAR 86

TODOS OS RISCOS

DO trAnsito agora

NUM SEGURO SO

Quem lem carro, corre tres tipos de riscos.

0 risco do carro ser roubado, incendiado ou acidenlado.

0 risco pessoal dos passageiros, em caso de acidente. Pbr fim, o risco deprejuizos a terceiros.

Ale hoje, a unica forma de se proteger destas eventualidades era fazer virios segiiros diferentes, isso sfgnificava varias apdlices, varios vencimentos, vdrias notas de seguro, mpita burocracia.

Agora ficou mais Kcil. Com un; unjco seguro simplificado. voce resolve os Ires problpmas de uma vez.

E ganha mais tranquilida^^ para viver sd-os prazeres qee

REVISTA de SEGUROS* - OrgSo O&cial da Fedeia^So Nacion^ Empiesas de Sesuios Privados e de CapitalizafSo ^enaseg). Rua ScMdor Dantas. 74/12? andai. Tel.: 210-12(>4. ^dereco Telegrafiw: Fenaseg.Telex: 34505FNESBR.CEF20031.

ADIRETORU

"eddente: Victor Arthur Renault; 19 V^e-pieddente: Luiz de ^pos SaUes; 29 Vice-presiden- tt: Alberto Oswaldo C. Araujo; ^ c^etario: Hamilcar Fizzatto; V becietaiio: Ruy Bernaides L. Br^; 19 Tesouretio: Jose Maria J. Costa; 29 Tesouieiro: Delio wi-Sussan Dias. SuiJentes: Ivan ^i:^^ves Passes; Mdrio Jos^ G. "trelli: NUo Pedreira FUho; Octi"9 C. do Nascimento; Pedro Peleira de Freitas; Roberto B. P. de Si^ida F?, ConseUio FiscalJiel^os: Augusto Godoy; Jorge Mwo Passes. Supientes: Adol- glj^noche Filho;Alfredo Dias

6 A repercussSo da refoima economica € analisada pelo meicado segurador, em entrevistas excluslvas i Revista de S^foros.

l^lor Responsivd: Victor Ar'"W Renault. Editor Executivo: Lopes. Redagdo - Secre^o- Alberto Salino. Colaboranumero: Adriane Goncan. Josd Bezerta Caval' ^'Il3s-B6as Conea, Rubens AlhPM Jaguar, Luis Lobo, Lopes, Francisco da Sllva )j_ , "^os, Luiz Mendonca, Marci'Moreira, Maria C^lia Ed^ Salino, Luis de Carvalho e Silva, Jo">MPereiradaSilva.

fedWo Editorial e Grifica: g,t^SOR Comunicasao Social wttoda Ltda. Editor Gml: Man.® Editors Executhn: Ro^ ^^itas, Reda9«o eColaboraCulos Franco, Elisabete SoaAugusto Nunes (reviriav^™® Was Vielra {secreti- nf-• Deptrtamento de Arte: Hyr- Losta (diagrama9So e prograWilson Braga, Jorge fg,^. ''ose e Robson de Almeida Audifax Ayres de Albue Josd Dantas (compos!Ai^' ^'®*3Jdo Vieira (fotografia); p^^o PortanovH (laboratdrio). V^Uffo Gidfica: Eraldo Bastos w.^ot, Trifego: Victoria Galante ^wone. Assessor Rio: Rua SenaDantas. 7-A-PABX 262-8755. '««x: (021) 31769. Sao l^ulo: ^lameda Jau, 1742 - 39e40anfees.Tel.: 280-3199. Telex:(011) £^397. BrasOia: SRTS - Quadra — Conj. E — Bloco 1 — Salas ^7 a 512 e 514. Tel,; 226-2966. ^Itrapress Grtiflca e Editora Ltda. ^Rua Sao Janudfio, 840 - SSo Ljistdvao, RJ. Distribui^fo: PerJ^do Chinaglia.

Pundador: Jos6 Veloso Borba Revista de Seguros - filiada a ABERJE.

LJa art^os usinados s£o deiesppoBabflidade dnka eexduslva de teus totores.

11 Os Sindicatos das Empresas de Seguros Privados e de ___Capitali2a$5o e dos Corretores de Seguros, do Rio de Janeiro, esclarecem a posifSo do mercado face a interpreta^des equivocadas quanto i adapta^So das seguradoras i nova realidade economica.

A sociedade brasileira e o 16 setor de segurosjd comefaram Ia debater as principais questOes que envolvetn a reda^So de uma Constitui^So. Sobre o assunto, a Revista de Segurt>s ouviu o Ministro daPrevidSncia Social, Raphael de Almeida Magaihfcs, o jurista AfFonso Arinos de M^o Franco, o empresdiio Sd^o Quinteba e o presidente da Sul Amdrica, Rony Lyric.

EDITORIAL

4 Victor Reiuult

Um soldo de conflartfo

REGISTRQ

5 Alberto Lopes

Contagem regresslva

perspectiva economica

12 Rubens Penha Cysne

Opiano cruzado e os saldrtos

bastidores

14 Villas-Boas Conea

Samey zerou a campanha

34 Vinte e cinco anos apos sua morte, Hemingway ainda provoca discussoes apaixonadas. O seu livro pdstumo Jardiin do Eden", tido per alguns como autobiografico, reveiaria aspectos insuspeitados de sua personalidade. Veja se hi motives para uma "revisSo do mito", como }i se fala.

internacional

22 Enfrew'sffl coletiva com a presidente da UAP

capitaliza(;;ao

24 Jose Bezctia Cavalcante Retomada do crescimento

cultura & lazer

26 Luis Lobo

As trombetas do apocalipse

28 Maria Cdlia Negreiros Livros, ones pldsticas, teairo e miisica

CONTOS DE RfilS

38 Spectator

A memdria do seguro

QUATRO VENTOS

42 Atualidades

SEM FRONTEIRAS

44 Alberto Lopes

A nova remlucao chinesa

grafite

48 Quem nSo tem cdo capa com goto

HUMOR

50 Ja^ar

A velha repiiblica.

A de Platao

Capa: Willy

0 carro Ihe da.
corretor. , , " .1, fysrfiSsr-l' ".■ " i- •- !■ I IB< ltd mian ^ 'iHm fcia :a,., S-'RI.-.m. .WBlBHfe®! Nm m. *.i.? • «ia -af; " ^
Prqfure seu
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Revist.A
DE SEGUROS

Contagem regressiva

Um saldo de confianca

Deixo agora a Presidencia da Fenaseg, cumpridos os tres anos do hooroso mandate que me foi conferido.

N3oforam poucos nem faceis os problemas do mercado de seguros em tal pen'odo, aumentando a carga de responsabilidades do drgao de classe e a ele impondo outro ritmo de atuacao.

E inegavel e dbvio que o mercado segurador teve comportamento reflexo, altamente condicionado pelo desempenho desfavoravel da prbpria economia do Pai's. Mas a essa origem nSo se limitaram seus problemas, varios deles re.sultando do bloqueio institucional criado pelo excesso de regu!ac5o da atividade seguradora.

Essa acumulacao de pontos de estrangulamento levou ao imperative da formulacao de uma nova politica de se guros. Certa e consciente disso, a Fenaseg produzlu e encamlnhou documento basico, cujas proposigdes eram validas e pertinentes no advento da Nova Republica. e ainda agora o s3o,com o

programa de estabilidade economica que o Governo executa com 0 aval e apoio de toda a sociedade.

Estou convencldo de que em todas as ocaslSes a Fenaseg esteve a altura de suas responsabilidades,aglndo come Ihe cabia, no estrito e indeclinavel desempenho do seu papel ins titucional, De outra parte tambem es tou convencldo de que,no trienio agora encerrado, toda a atividade desenvolvida pela Fenaseg foi produto e resultado da colaboracdo ampla da prbpria classe seguradora,do apoio e eficiencia dofuncionalismo da entidade, bem comodo fertii e compreensivo dialogo com as autoridades governamentals do setor.

A todos,o meu reconhecido agradecimento.

l^'om a presente edigSo, a Re„ vista de Seguros completa jum ano de vida! NSo seria, Elites, mais um ano de vida? Perguntarao, incradulos, os que a conhecem de •nuito mais tempo, pois, na realidade, ela estard comemorando, muito breve - em julho, para sermos exatos sesseiita e seis primaveras bem contadas, Jd que foi fundada e comeqou a circu lar em 1920.

Mas d fdcil explicar a aparente contradiqao. que, apesar de ter mantido ° titulo original, hd um ano nascia nova Revista de Seguros, total"^ente reformulada no seu aspecto 9rdfico e na sua filosofia editorial.

Embora a operaqao de rejuvenes•^niento tenha-lhe emprestado outra fisioiiomia, a publicaqao, ao inaugurar nova fase, longe de renunciar a um Psssado de pioneirismo e tradiqSo, souao contrario, valoriza-lo, reciclantio-o e tirando partido do seu inestimdvel acervo.

No decorrer de sua longa trajetoria, ® revista jamais faltou ao compromisso ^ssumido em seu primeiro numero,em lue declarava textualmente:"A Revisde Seguros", do Rio de Janeiro, que l^oje inicia a sua publicaqSo destina-se, Unicamente, a tratar de todas as questSes relativas a industria de seguros no Erasil e de quaesquer assumptos ecoriomicos, financeiros ou juridicos, que djgam tespeito a mesma industria. Uma secqSo especial serd reservada para noti'cias do estrangeiro que interessem ao nosso meio segurador,"

Ao reconhecimento pela acolhida que Ihe foi dispensada soma-se a satisfaqao de seus responsaveis, ao constatar que, a despeito das muitas modifi-

de Jetftre Ae/e a fiM' lratae»te fottat ot re/jrirwj ti iaduun4 de te^wa e de 4teee*^9er

caqCes introduzidas, a Revista de Se guros - que passou a ser o drgdo oficial de divulgaqSo da Fenaseg - nSo se afastou da meta a que se propunham' OS seus fundadores, ha mais de meio sdculo.

Se d verdade que deixou de tratar apenas de assuntos que dizem respeito a industria de seguros, ao faze-lo, abrindo o leque para permitir maior abrangencia aos temas abordados, um s<5 propdsito nos animou: colocar a discuss5o da problematica do seguio dentro de um novo contexto, mais dinamico, mais ecldtico, conferindo, assim, maior dimensdo e alcance as suas teses.

Sem alimentar ambigoes descabidas, fora da realidade imposta pelas limitaqdes de um trade magazine, que nao pretende outra coisa senSo ser criativo, inovador, avesso ao tecnicismo arido e cansativo, queremos, tSo-somente, fazer da revista um veiculo de comunicaqao atuante, verdadeiro forum de de bates na defesa permanente dos interesses do seguro enquanto instituigdo.

Decorrido este primeiro ano de consolidagao e miUtiplos ajustes, atingimos a segunda fase do projeto edito rial, que tern como prioridade numero um conquistar maior respaldo publidtdrio - inclusive fora do ambito do mercado segurador -,apoio que se faz indispensavel para permitir o aumento da tiragem e maior expressividade da revista em termos de penetragao.

Quando a atual administragSo da Fenaseg - cujo mandato esta prestes a 'expirar e que se caracterizou per tantas iniciativas meritbrias -, decide criar uma comissao especial de marketing, e o presidente do IRB, dr, Jorge Hxlario Gouvea Vieira, indaga, ao focalizar a questJo do desconhecimento do se guro por parte do piiblico em geral:

"por que nao enfrentd-la com campanhas expressivas de divulgagao do se guro, este grande ausente dos meios de comunlcagao de massa?" - nSo ha duvida que algo de muito importante esta por acontecer. E acreditamos ter boas razoes para pensar que a Revista de Se guros esta reservado relevante papel na divulgagSo da atividade seguradora, a que se refere o presidente do IRB com enfase e a autoridade que Ihe confere a condigSo de representante do Governo. Saudemos, portanto, o primeiro aniversario da nova Revista de Seguros, que coincide, auspiciosamente, com o ini'cio de uma nova era para os destinosdaNagao. O Editor k

REVISTA DE SEGUROS
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Cruzada da esperanca

MERCADO APOIA MEDTOAS

Excelentissimo Senhor Presidente

Jose Sarney -Paldcio do Plamlto

Na qualidade de presidente da Ferujseg - Federafdo Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalizagao - tenho a honra de me dirigir a Vossa Excelencia para hipotecar-lhe, e a todo a seu Ministerio, o incondicional apoio e levar o caloroso aphuso da entidade que dirijo, na certeza de interpreter a sentimento undnime do mercado segurador, pelas medidas oportunas e corajosas que Vossa Excelencia acaba de tomar, numa decisao histdrica impregnada do mats legitimo patriotismo.

Superado o impacto causado pela divul^gao das primeiras providencias, que visam a restaurar a nossa combalida. economia, a Nagdo saberd reencontrar os sens caminhos e reconhecer que o flagelo injlaciondrio so poderia ser combatido com o desassombro e civismo de urn autintico estadista.

Queira receber, Excelentissimo Se nhor Presidente, a nossa emocionada homenagern.

Victor Renault

A RESPOSTA DO PRESIDENTE

Victor Arthur Renault

Presidente da Fenaseg

0 apoio de todos os brasileiros assegura a cunstni93o de uma nova e mais justs ordem social e economlca pt Obrigado pelas suas palavras dc confian^a pt cds

iosd Samey

jem mesmo durante a campanha das diretas-jd a popula^ao brasileira revelou tanta capacidade de mobiiiza^do e de apoio a um projeto de transfoniia96es como o da reforma econbmica implantada pelo Presidente Josd Samey no liltimo dia de fevereiro, sexta-feira 28. Logo na manhd seguinte ilcou evidenciada a convic^do de que uma simples assinatuia grafada sobre um punhado de foihas datiiografadas seria capaz de mudar 0 Brasil, e, quern diria, atravds da des^tada (igura do decreto-iei. Nao importa.O fato i que a sociedade abra90U o pacote na esperan9a de que seu conteddo a leve d alvorada de uma no va era. E i,sem ddvida,imbufdo dessa espeian9a que o Pais assiste a um movimento popular, varando centros urbanos e o interior, sem registro na histdria.

Sem precedente d tamb^m o conjunto de medidas contido no piano de estabiliza9ao economica. Numa s6 tacada 0 Govemo Uquidou a corre9ao monetdria, elimlnou os reajustes cambiais didrios, implantou 0 segurodesemprego, criou a escala m6yel de aumentos salariais, congelou saSdrios e pre90s, enterrou o cruzeiro e ressuscitou 0 cruzado. Tudo elaborado dentro do major compromisso de sigilo Jamais visto no Pafs, ao menos em um programa dessa envergadura, que foi capaz, inclusive, de anular o faro da imprensa atd 0 bltimo minuto do dia D.

£ claro que a mobi]iza9ao do povo em tomo do piano antiinflaciondrio prende^, muito mais, a um item espectfico nele embutido:o tabelamento de pre9os. Mas d inegdvel que desse

processo, estimulado pelas prdprias autoridades, emergiu de cada brasiletro algo hd muito tempo reprimido: a consciencia dos seus direitos e deveres.

A resposta ao apelo foi imediata, para a alegria especial do Presidente Samey; afinal, sem a nscaliza9ao dos pre90S, sem a marcagdo em cima, a reforma malograria antes mesmo de termlnar 0 primeiro tempo da primeira partida.

0 pacote do Govemo tem,antes de mais nada, um elemento louvdvel de coragem do "Presidente Samey. Ningudm descrmhece que nessa luta cada segmento da sociedade, cada cidaddo brasileiro, carrega uma cota de sacriffcios, como nao poderia ser diferente, pois nao hd outra forma de se demibar a infla9ao. Os meses de janeiro e feve reiro jd anunciavam que 0 fndice saltaria para a casa dos 500% ao final deste ano. Alem disso, a cartada de Samey d artiscada porque atrelou 0 seu futuro, assim como o das for9as polfticas que o apoiam, em especial o PMDB, ao sucesso do programa,em um ano que d eminentemente eleitoral.

A curto prazo, entretanto, pode-se afirmar que ele acertou no alvo, mes mo tomando decisdes de cima para baixo: ganhou popularidade, acuou seus adversdrios polfticos, arrefeceu os animos dos movimentos traballiistas, obteve apoio quase unanime do empresariado e, de quebra, p&s pano quente na rebeldia do PMDB. Sao conquistas que (Uficilmente colecionaria num pacto social negodado. Mas os passos de Samey nao foram dados is escuras, pois ele implantou um programa organico consistente, arquitetado por econoroistas respeitdveis, de competencia reconhecida, para desencanto dos REVISTA DE SEGUROS

Enttevistas de: Josd Alberto Lopes e Katia Labourd tecnocratas que serviram aos govemos snteriores.

Isto nao significa, entretanto, que 0 piano de inf]a9ao zero seja infenso a possfveis retoques ou desvios ao longo de sua caminhada. Nesse cendrio, as autoridades nao podem ficar insensiao foco inflaciondrio que ainda nSo foi debelado: 0 ddficit phblico e a delicada situa9ao financeira das empreestatais, que podem comprometer.

a medio prazo, a estrategia tra9ada na reforma monetaria, que nao permite ilusionismos. 0 mmo escolhido e litenlmente diverse e oposto ao que existia anteriormente.0seu exito significa um grande passo a frente na dire9ao de dias melhores, com conseqiiencias economicas e polCticas: enfraquece os conservadores e fdrtalece setores mais novos, atentos aos problemas sociais sem chegar ao radicalismo.

EFEITOS REFLEXOS DO ADEUS A INFLACAO

: e, de um lado, a erradica9So ^ do processo inflaciondrio que empurrava 0 Pais para o abisa uma velocidade mddia de 15% ao *hds acabou com as distorqoes provocadas por uma moeda fraca, de outro ^fouxe para todos os segmentos da ®tJonomia a urgente necessidade de ®daptar-se a nova realizade.

No setor de seguros, 0 impacto medidas de recuperagdo economica foi significativo, exigindo muitos esfor90S na administraqSo da atual fase de ^fansigso, e, principalmente, para diridiividas no que diz respeito a apli039S0 do decreto a situagoes anterioa 28 de fevereiro. Apesar disso, cotto avalia Felice Foglietti, vice-presi^ente da Sul Amdrica Seguros, ao fa^6r um balango da situagao, os efeitos 'leverSo ser sauddveis para a atividade Seguradora, que se tornard "mais transParente", ao mesmo tempo que verd feincorporados o equililirio e a clareza Ras relagdes entre segurador e segurado, antes desgastadas sob os efeitos da inflagSo. REVISTA DE SEGUROS

"As freqiientes surpresas do cliente que descobria, assustado, que no meio do contrato a inflagao havia desgastado em 100% seu capital para assegurar um determinado bem, pertencem ao passado", lembra Foglietti, argumentando que os mecanismos criados pelo sistema segurador para atualizar OS valores segurados durante a vigencia do contrato implicavam custos administrativos muito elevados.

"Sem inflagao entramos num "Novo Mundo": hoje posso afirmar que vendo um produto que vale real e exatamente aquilo que estou dizendo", acrescenta.

Mas, aWm de lembrangas, o "Velho Mundo" deixou tamb^m uma heranga para administrar, 0 que, num contexto como o de seguros, com compromissos com um ano de vigencia, ganha' papel relevante na atividade diaria.

Para o vice-presidente da Sul Ame rica, nSo hd duvidas quanto ao tratamento que sera dado aos contratos em vigor antes do liltimo dia de fevereiro

Foglietti: setor "mais transparente" no que se referir a atualizagao da importancia segurada. "Para aqueles que incluiam clausulas de corregao prefixada, essa corregdo automatica continuara vigorando, uma vez que sSo con tratos em cruzeiros e serao regidos pela tabela de conversao para cruzados", explica 0 executive.

Os antigos compromissos firmados, incluindo corregao p6s-fixada, serao corrigidos ate 0 ultimo dia de fevereiro e convertidos em cruzados pela paridade 1 mil por um.

E se o recdm-nascido cruzado nao conservar a mesma robustez e a inflagao pisar novamente no palco econo mico? Nesse caso nao existiriam dificuldades, pelo mehos para reajustar OS valores segurados, o que poderia ser feito via endosso no momento em que houvesse uma variagao significativa do IPG e o cliente julgasse necessario, opina Foglietti.

A solugSo nSo e tSo evidente para outro problems que surge no tratamento da "hevanga": como os segura dos que mantem um contrato em cru zeiros at6 o vencimento, pagando 0 prlmio em cruzeiros desvalorizados pela tabela de conversSo, poderao

MateriQ de GapQ/ReforiTiQ Economico

transformar esses compromissos sujei;^ tos a desvalorizaijSes constantes?

Segundo o vice-presidents da Sul America, essa indagai^o foi ja feita por muitos segurados que assinaram contratos com valores elevados. E as consultas deverao intensificar-se na medida que mais pessoas forem identificando o problema. Mas a resposta ainda nao esta definida. "0 assunto tern sido alvo de estudos cuidadosos, para que a transigao seja feita da forma mais correta possi'vel, informando o segurado e scm acarretar-lhe prejui'zos", garante Foglietti.

Mas se 6 certo que ao sair de cena a inflagao levou consigo, sob aplausos, a ardua e onerosa tarefa de administr^-la, tamb^m ^ verdade que na sua ausencia deixarao de existir alguns de seus efeitos que contribui'am para enfeitar os resultados financeiros dos balangos, "Sem a receita advinda do lucro inflacionario nas apIicagOes financeiras, tudo se tomara mais transparente nos balangos", avalia Foglietti, acreditando que a nova situagao devera ser absorvida sem problemas pelo setor segurador.

"Antes o lucro inflacionario representava cruzeiros que de uma forma ou de outra eram distribuidos no sistema segurador", afirma o executivo, para quern esse foi um dos fatores que permitiram que as comissdes de intermediag^o fossem liberadas, atingindo patamares bastante elevados.

Para Foglietti, as margens de ganhos geradas pelas aplicagbes financeiras relegavam a um piano secundario a essencia da atividade seguradora, que 4 de aceitar o risco e administrd-lo convenientemente. "Hoje, a obtengSo

de resultados industrials se toma fun damental e obrigatdria novamente, e quem for profissional vai adaptar-se com facilidade", prediz.

O vice-presidente da Sul America entende que a nova realidade vai trazer de volta a valorizagSo do profissional de seguros, "aquele que conhece qual 4 0 risco bom e o risco ruim e a diferenga entre o que pode ser aceito ou nso".

E daro que isso nSo deverd significar a perda da importanda da gestSo financeira, mas essa atividade nSo serd mais 0 ponto central e sim a decorrenda. "A partir de agora haverd gestao financeira na medida que houver uma gestdo industrial adequada", flnaliza Foglietti.

NA BRADESCO SEGUROS, O CLIMA e DE EXPECTATIVA

Armando Erick de Carvalho, vicepresidente da Bradesco Seguros, chamou a atengdo para a expectativa da Susep e das empresas seguradoras no que diz respeito a conscientizagSo de medidas reguladoras para o set^or. A dedsdo mais aguardada d o estabeledmento do coefidente para a taxa de juros, que a Susep fixard para que as companhias possam, a partir dela, fradonar o recolhimento dos premios, de acordo com os seus pianos de oferta.

Aldm disso, segundo Armando Erick, a drea de seguros aguarda uma avaliagdo mais definida dos efeitos que as medidas causardo no setor. No seu entender, a curto e a mddio prazos, os reflexos do decreto devem ser temporariamente negatives quanto a rentabilidade.

"A carteira deautom6veis,considerada o carrd-chefe do faturamento das companhias," explicou Armando / Erick, "dispunha da cldusula de atualizagdo automatica, cobrada em fungdo da expectativa da inflagdo, em forma de um adicional no premio. Na medida em que ndo haja recomposigdo do mesmo, devera oconer uma deterioragdo da importanda desta carteira especi'fica. As taxagOes, sendo mantidas no mesmo nivel anterior, promoverSo uma perda de expressdo na relagao premio/sinistro em moeda constante."

Nesse sentido, as despesas relativas ao eventual sinistro serSo maiores que o recolhimento dos premios. Daf a necessidade de uma deflnigao flexivel, por parte da Susep (Superintenddnda de Seguros Privados), mantendo para a carteira um nivel operadonal plausivel quanto a rentabilidade das operagdes.

"Por outro lado", comentou o vicepresidente da Bradesco, "o grande de safio que resultou das novas medidas econdmicas 6 fazer o rio da inldativa empresarial voltar a fluir em seu curso normal. O antigo projeto de indexagSo para o setor, flnalmente, cumpre-se atravds de outros canones." A partir de agora, com um sistema de tarifas mais

exposto a seus prbprios critdrios de oferta, as empresas de seguros serao levadas a exerdtar suas tdticas de co'nercializagSo dos produtos.

"No que conceme aos chamados lucros patrimoniais das empresas, em contraposigao aos resultados operado"^ais, sempre houve uma certa faldda has verdadeiras atribuigSes. Com o deoreto regulando as operagSes financeitera lugar uma clarificagSo dos resultados reais. Eliminando a inflagSo e 0 desgaste das ^dsticas financeiras P®ra compensd-la, as avaliagdes acerca

•^0 que 6 ou nSo rentdvel ficam mais •^efiniveis. As seguradoras ganharSo

®om OS seguros propriamente - o que, ja ocorria."

Como exemplo, Armando Erick hiendonou as modalidades de seguro vida e sadde. Segundo ele, "havia 9*andes diflculdades para programar

Um orgamento nas respectivas cartei'3s, levando-se em conta as prdprias

•^Sspesas administrativas, comoalimen^39So, material mddico etc. Com a PossibUidade de programar, que passa 3 existir, as modalidades das ofertas ®o consumidor podem ser bastante 3perfeigoadas, o que aumentara sua seSuranga para a escolha."

Os critdrios de vendas, assim, se torharSo mais t6cnicos. E o servigo extrehJamente importante. "Atd pouco '«mpo atras, num regime de dranda fi nanceira e no fim da apresentagSo de Um programa pelo corretor, a dedsSo final de uma empress, quanto ao pro grama a adotar, terminava, invariavelmente, num leilao de taxas. Este era o quadro enfrentado pelo mercado, an tes das medidas."

OTIMISMO NA SUL AMERICA

Jdlio Bierrenbach, vice-presidente da Sul Amdrica, tambdm manifestou seu apoio as medidas: "Sempre nos caracterizamos como uma empresa dedicada e especializada em seguros, com OS nossos projetos de investimentos paralelos voltados para a produtividade de alguns setoies, como agricultura, agropecuaria, informatica etc. Desarmada a inseguranga provocada pela inflag^o, passamos a contar com a possibilidade de projetar com muito maior predsSo OS nossos pianos de desenvolvimento. E estamos certos de que o de creto facilita em muito a vida dos investidores na area produtiva," disse ele.

Satisfeito com as medidas, Bier renbach observou que,"embora o pia no nadonal possa diminuir a rentabi lidade das companhias a curto prazo, 0 mercado segurador deve se colocar como uma base de apoio para a consolidaglo do piano economico do Govemo. "Devemos dar o exemplo e resistir a todas as ameagas contra a estabilizagao do cruzado. Na situagSo an terior, embora houvesse m^todos de compensag£o e muitas recompodgoes dos resultados finals, a verdade 4 que o mercado especifico dos seguros quase nSo crescia. Nos pianos de contas, a corregfo monetdria se confundia com OS resultados financeiros. A par tir do decreto, apenas a conta de juros surgira como resultado financeiro real."

"Por outro lado," prosseguiu Julio Bierrenbach, "o quadro dos investi-

Bierrenbach: aumento de sinistralidade mentos institucionais daS empresas de vera buscar um alongamento dos pra zos, princi'pio que alUs sempre orientou a Sul America; partidpando em programas desenvolvimentistas e oferecendo aos adonistas maiores garantias, com aplicagoes mraios especulativas, como pap^is de longo prazo amplamente estdveis."

As reservas de riscos n3o expirados s6 aparecerSo nos pianos das segurado ras como resultados finals, lembra. Em nivel t^cnico, havera um aumento de sinistralidade na medida em que os limites de perda, que anteriormente permanedam nominalmente os mesmos atS o fim da vigenda dos contratos, passam a ser claramente previsiveis e negocidveis. "Isto quer dizer que se o contrato for de 10 mil cruzados em risco, OS mesmos Cz$ 10.000,00 serSo perdidos, caso ocorra o sinistro."

Quanto a controversia que vem se estabelecendo sobre a carteira de automoveis. o vice-presidente da Sul America ponderou: "Um dos prindpais componentes do seguro de automoveis era a clausula de atualizagSo automatica. Essas cliusulas de corregSo prefixadas equivaliam a uma previsSo de variagao do prego comerdal.

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Uma acomodacao sem maiores abaios

LOPES

S6 que o m^todo de obtenqao da taxa final considerava urn percentual razoavelmente grande sobie a clausula. Julgo que, a partir das medidas, rigorosamente dentro do espi'rito do DecretoLei,se o piiblico pagava CrS 8.500.000 para fazer cobertura de urn Monza no valor de Cr$ 100.000.000, com clau sula de atualizaqao de 240%, continuea pagar Cz$ 8.500,00 pela cobertura do mesmo vei'culo, num regime de inflaqao zero. Parece-me claro que qualquer interpretagao diferente foge ao espi'rito do Decreto-Lei."

AJAX: ATRAS DE RESULTADOS OPERACIONAIS

Para o diretor superintendente da Ajax Seguros, Adolpho Bertoche FiIho, as conseqiiendas do Decreto-Lei

2.284 para o mercado segurador "s5o dbvias". Em sua opiniao, havera substancial redugSo do rendimento financeiro das seguradoras e, como conseqiienda, tera que se buscar resultado operadonal atrav^s de:aprimoramento das normas de aceitagSo de risco; maior cuidado na gerlnda de riscos, com enfase nos aspectos de prevengSo e redugSo dos riscos;e maior racionalizaqSo dos custos comerdais e operacionais, incluindo ai os custos administrativos.

Na opiniSo de Adolpho Bertoche Filho, apds as medidas de estabilizagio economica, os resultados das segurado ras serao fundamentalmente conseqiienda da boa operagSo, sem mais o "mascaramento" dos elevados ganhos financeiros que ocorriam anteriormente. Nesse sentido, o mercado se gurador vera, a partir do Decreto, a

realidade de seguros subtaxados, ou mal administrados, com componentes de custos fora dos modelos permitidos.

O diretor superintendente da Ajax nao acredita em medida, "qualquer que seja ela", que contenha somente aspectos positivos ou negatives. Entretanto, no caso especifico do DecretoLei 2.284, ve com otimismo "um gran de saldo positivo". E enfatiza: "Nao era mais possivel a NagSo conviver com nivcis de inflagao tSo altos quanto o que estavamos atingindo. Antes das novas medidas econdmicas adotadas pelo Govemo,os maiores penalizados eram os que nao possuiam defesas (aplicagdes), como os trabalhadores, assalariados e aposentados."

No caso da atividade seguradpraque por imposigSo legal tinha grande parte de seus ativos em titulos com corregSo monetaria — a eliminagao dessas corregdes se refletird no merca do de seguros. Mas por outro lado esclarece -, "e evidente que o merca do podera ter grande compensagao na expansSo do seguro como um todo."

No que se refere ao ano de 86, Ber toche preve que este deverd ser um periodo de ajustamento das medidas.

"Mas, passada essa fase, ou seja, ja no prdximo ano, o mercado segurador ird se beneficiar dos reflexos de uma

economia estavel." Assim, a assimilagao e compreensao da^ novas medidas implicarao que-tanto piessoas fisicas quanto juri'dicas tomem conscidncia efetiva do valor de seu patrimonio e contratem os seus seguros por valores reals, agora em uma moeda forte.

Para o completo exito da aplicagao das novas medidas economicas - acrescenta - sera necessario a uniao de Coverno e sociedade "para que o piano ndo se esvazie e se tome uma realidade."

O diretor superintendente da Ajax Seguradora acredita no Pacote Econdmico, embora ressalte que o mercado segurador recebeu o Decreto-Lei 2.284 com um "misto de apreensSo e confianga." A apreensao, segundo ele, devese ao fato de que ha consdencia de que "muita coisa predsa ser implementada no setor, para alinha-lo dentro de novas diretrizes."

No entanto, existe a confianga de que a atividade seguradora faz parte de um segmento da economia "bem estruturado e capitalizado." "Trabalhamos com executives do maior nivel professional, o que certamente acarretara uma perfeita adaptagao as mudangas, fazendo com que o mercado segurador se benefide dessas diretrizes fundamentals e altamente bendficas paraoPai's." ★

1am nas liltimas semanas com respeito a adaptagao do merca do segurador a nova realidade econo mica, OS Sindicatos das Empresas de Seguros Privados e de CapitalizagSo e dos Corretores de Seguros, do Rio de Janeiro, atravds de seus presidentes Cli'nio Silva e Paulo Gomes Ribeiro, '®spectivamente -, convocaram a imPtensa para dirimir ddvidas e transmidr uma palavra de tranqiiilidade aos profissionais do setor e ao piiblico em geral.

comissOes

Tradidonalmente, as comissSes de ®orretagem sSo pagas pelos seus ni'veis maximos. Assim tem sido desde a epo® em que as tarifas de seguros eram dxadas em limites minimos,o que vale dizer: quando a economia do Pais era ®stdvel e os resultados operadonais podtivos, isto e, no ini'do dos anos 70.

Ocorre que, com a impIantagSo do Piano de EstabilizagSo Economica, douve empresas que,temerosas de uma ^tieda acentuada de receita,aliada,em ^ffuns ramos, as altas taxas de sinistralidade — como d o caso do seguro de automdveis -, resolveram adotar me didas acauteladoras. Com esse espi'rito, 3lgumas seguradoras admitiram, efeti^amente, a hipdtese de voltar aos ni' veis ofidais de comissOes. adequando Sous custos de comercializagao a atual realidade, jd que antes esuvam dimensionhdas num context© de inflagSo eleVada. Prevaleceu,entretanto,a prudencia, capadtando-se a maioria de que seria aconselhdvel promover uma andlise em profimdidade dos reflexos das novas medidas, decorrido algum tem po da vigSncia do i^ano de inflagso

zero, antes de se pensar em modificagdes precipitadas.

Com a firmeza e a serenidade que Ihe sSo peculiares, Clinio Silva assegurou que os casos isolados estao sendo revistos, tendo as companhias e os cor retores chegado ao consenso de que as comissoes continuem sendo as que se praticam tradicionalmente no mer cado.

opera^Ao acoplada

Na opiniao de Gomes Ribeiro, a operagSo que se convendonou chamar de "acoplada"6 a consubstandagao do exercido de "uma pressdo economica impropria, inadequada e inconveniente a atividade seguradora." Entenda-se por "operagao acoplada" a venda de determinados seguros condidonada a aceitagSo de outros.

Ja Clinic Silva acha que, numa eco nomia de mercado,livre - que o paco te inviabilizou a prdtica ^ valida. No momento atual, de transigSo e ajuste. d que, obviamente, toma-se de todo inoportuna.

RECUSA DE SEGUROS

Quanto aos rumores de que algumas seguradoras estariam recusando certos tlpos de seguros, de alto risco, Cli'nio nega a sua procedenda, Reconhece, pordm, assim como os corretores, que o mercado passard a atuar com maior rigor tdcnico, tendo em vista que nao contara mais com as benesses da apli cagao financeira."As companhias aceitam, hoje, todos os seguros que aceita-

vam antes de 28 de fevereiro," enfatizou 0 presidente do Sindicato das Em presas de Seguros Privados e de Capitalizagao do Rio de Janeiro.

Maior rigor tecnico significa, por exemplo, que urn carro em mau estado de conservagao podera ter o seu seguro recusado, uma vez que aumenta consideravelmente a margem de risco para as companhias,

RECEITA OPERACIONAL

Em que pese a tirada de um observador sarcastic©, ao lembrar que, em sismografia, a acomodagao das camadas geologicas nao raro provoca grandes terremotos, Cli'nio Silva esta convencido de que a "acomodagSo" das seguradoras as novas regras do jogo economico ocorrera sem maiores aba ios, bastando acionar quatro dispositivos de simples execugSo:

1 - eliminar o componente inflacionario embutido nos pregos de fornecedores e de servigos;

2 — racionalizar os custos administrativos;

3 - diminuir os custos de comercializagSo, mantendo o pagamento de comissOes a ni'veis tradicionais;

4 — aumentar a massa segurada, dinamizando a economia de escala.

O presidente do SERJ encerrou a entrevista com uma frase de efeito, que, na verdade, sintetiza o pensamento do mercado:

O premio de seguro esta recuperando a sua dignidade de acobertador de riscos e perdendo a caracteri'stica de matdria-prima da especulagSo fi nanceira."

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Bertoche preve o fim do "mascaramento" dos elevados ganhos financeiros
REVISTA DE SEGUROS
ALBERTO
Sm face de noti'das que drcu-
Da esquerda para a direlta, Paulo Comes Ribeiro e Qmio Silva
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O piano cruzado e os salarios

uma entrevista em um progra^ ma de televisSd,- um dos partidpantes traduziu bem, com uma pergimta a um econcmista defensor do recente piano de choque contra a infla^So, o sentimento de boa parte dos assalariados sujeitos a nova poh'tica de rendas: por que o decreto-lei, ao inv^s de baseax o reajuste salarial no poder aquisitivo existente logo apds o ultimo reajuste, repondo o salirio real vigente nessa data, insiste em estipular como referenda! a m^dia de po der aquisitivo vigente ao longo dos ultimos seis meses? Em outras palavras, se um indivfduo seria reajustado, no mis vindouro, com base em uma aliquota de x%, como se pode aflrmar que a nova metodologia, estipulando uma nova aliquota y, sendo y bem in ferior a X, nSo impUque uma perda para os trabalhadores?

A resposta, diversas vezes ensaiada pelas aparigOes dos membros da equipe do Govemo no video, se baseia na protegSo dada aos novos saldrios asdm calculados pela ausinda de inflagSo no pen'odo posterior ao reajuste. Trata-se de lembrar ao assalariado a importanda secunddria do valor nominal de seu centra-cheque na determinagdo de seu nivei de vida: quando se acorda o saldtio, a cada semestre, fica estipulado a quantas unidades monetdrias o assala riado terd direito ao final de cada mis, mas ndo o prego da feira pelos prdximos seis meses. Neste sentido, saldrios nominais mais baixos com ausinda de inflagdo seria perfeitamente equivalente a saldrios nominais mais elevados com pregos em conti'nua ascensdo. Qualquer falha na previsdo de inflagdo zero encontraria ainda, como mecanis-

mo reparador, a corregao automdtica de rendimentos sempre que a inflagdo acumulada chegasse a 20%.

0 grafico a seguir, onde se expde a evolugao do saldrio real (isto d, expresso em termos de seu poder de compra) de uma determinada categoria proKssional ao longo do tempo, tenta ilustrar o raciocfnio em questao:

tivo mddio vigente anteriormente, que d 0 que realmente interessa a empregados e empregadores. Como a inflagdo prevista a partir da data t^ d igual a zero, a nova evolugdo do saldrio real segue uma trajetdria constante no tem po (ao invds daquela decrescente exposta atd a data tj), permanecendo o seu poder de compra no nivel mddio do pen'odo anterior.

Para uina~inflagdo uniformemente distribuida no-tempo,o poder de com pra mddio dos saldrios(M)se reladona ao ni'vel de pico(P)pela expressdo:

M = (1-tjr) In(Htt) (1)

Devido d inflagdo, o saldrio real cai ao longo do tempo, passando do valor de pico (P), vigente logo ap6s o reajus te, ao valor de vale(V), relativo a data imediatamente anterior d nova variagdo do valor nominal do salario.

O reajuste efetuado no tempo t^, deixa clara a sistemdtica anteri,or, de reposigdo pelo pico. Se o saldrio de pico fosse igual a P, o saldrio de vale V (na linha dos vales) era igual ao P/ (1 + tt), onde it representa a inflagao acumulada desde o dltimo reajuste (data t.i). Para a recomposigdo pelo pico, multiplicava-se entdo este saldrio por (1 + ff), obtendo-se novamente o poder aquisitivo inidal P.

Na nova sistemdtica, representada na data t,, o reajuste nSo leva o sald rio real d linha dos picos como ooorreu na data tg. Ao invds disso, estabelecese uma recomposigao do poder aquisi

Se calcularmos esta relagao utilizando a taxa de inflagdo semestral de 105,7%, acumulada atd fevereiro de 1986,temos;

M = 0,712 P (2)

0 que a expressdo adma nos informa d que, ao longo do semestre, o po der aquisitivo mddio dos assalariados equivale a apenas 71,2% daquela obtido logo ap6s o seu reajuste. Neste me mento, seu saldrio real atingiu o ponto de pico P. Mas ao final de seis meses, este valor cai para 48,6% do total (V = 1 + 1 057 como valor mddio 71,2% do saldrio de pico.

Pode-se imaginar a dificuldade da programagdo de caixa de um assalaria do cujo poder de compra vai a menos da metade ao longo de seis meses.

A tentativa de se corrigir essa distorgdo atravds da implantagSo da tri-

•hestralidade, contudo, ndo teria trazido qualquer benefi'cio, mas apenas wma aceleragSo da inflagffo.

Como, no curto prazo, a mddia deve equivaler a 71,2% do pico,a fdrmu^(1) nos informa que, no estado estaciondno, apds os ajustes inidais, a inflagdo semestral se tomaria inflagdo tnmestral. Isso representaria uma infla?^o anualizada de 1.690%.

Uma evolugdo nesse sentido explica a mudanga de patamar do ritmo de alevagdo dos pregos entre 1976-78 e 1980-82. Para uma taxa anual da ordem de 40% no primeiro pen'odo,conriap6s-se, ap6s a passagem da anualidade i semestralidade na corregSo de sa laries em novembro de 1979, uma inda ordem de 100% entre 1980 e 1982. Ou seja,a inflagdo anual de 40% ^oniou-se semestral.

A relagdo (2) deixa tamb^m claro o 9ue ocorreria caso os saldrios,ao invds de congelados pela mddia,fossem congelados pelo pico:haveira uma inflagdo sdidonal de 40%, nos meses iniciais,

^^712 ~ ^ trazer os sald rios de volta a mddia.

Ainda com relagdo ao piano cruza do, pode-se mostrar, utilizando a rela?do (1), que 0 abono de 8% concedido aos saldrios nada mais faz do que compatibilizar o mecanismo de escala mdvel com a manutengdo deste saldrio feal mddio (M). no caso da inflagdo apds a data t,, contrariamente a hipdtese assumida no grdfico anterior, ser diferente de zero. Neste caso, que dificUmente deixard de ocorrer dentro de dois ou tres meses, ndo terd havido qualquer abono, mas apenas o adiantaREVISTA DE SEGUROS

mento de uma perda de poder aquisi tivo a ocorrer no futuro.

Deve-se ressaltar que a sistemdtica de reajuste pelas mddias, que compoem a base do piano, perfeitamente defensdvel e coerente com um piano sdrio e radical de combate a inflagdo, nada tem de original.

A menos do artiffcio de recomposigdo salarial sempre que a inflagdo acu mulada desde a dltima data de reajuste alcance 20% (iddia jd utilizada, com menores ali'quotas, na Itdlla e na Bdlgica), este foi exatamente o mecanis mo utilizado entre 1964 e 1967 para reduzir a inflagdo da ordem de 90 para 30 pontos percentuais. A primazia da mddia sobre o pico como referenda! mais adequado a reposigdo salarial num contexto de estabilizagdo d claramente apresentada no PAEG (Piano de Agdo Economica do Govemo Castelo Branco), conduzido sob a diregdo de Roberto Campos e Otavio Bulhdes.

Nesse sentido, pode-se classificar como no mi'nimo predpitada a declaragSo do atual ministro do Trabalho, logo ap6s a introdugdo do piano,apresentando-o como um rompimento com o passado, e dtando nominalmente, como fiel representante dessa era, o ministro do Planejamento do primeiro govemo p6s-reyoludonario.

Na verdade, nem mesmo o PAEG foi o primeiro a lembrar que reajustes pelo pico prdvio de poder aquisitivo s5o incompati'veis com uma inflagSo em queda. Jd em 1955, a iddia de rea juste pelas mddias foi utilizada no Chile num programa de combate a inflagdo.

Aqueles que advogam que o con-

RUBENS PENHA CYSNE

gelamento salarial deveria ter-se dado ap6s um reajuste pr6-rata de todos os saldrios, recompondo o pico de poder aquisitivo, tal como um dos entievistados apresentados na discussdo descrita ao ini'do deste texto, cabe uma pergunta: por que ndo um reajuste ainda maior, recompondo duas ou quern sabe tris vezes o pico prdvio? Ao ser obrigado a substituir o arroubo distributivista pelo pragmatismo, na respos ta a essa questdo,lembrando que isso ndo seria suportdvel pela economia (o que significa dizer, como vimos ante riormente, que a inflagdo teria nova mente que resurgir para tomar suficientemente baixo o poder aquisitivo associado aos novos saldrios nominais assim corrigidos), ele teria respondido d sua prbpria pergunta:

A economia ndo se curve ao poder aquisitivo justo, merecido, politicamente preferfvel ou eleitoralmente defendido, mas sim ao factfvel.

O povo parece estar se conscientizando desse fato, ao negar apoio a algumas radicalizagOes de oposigdo ao piano do Govemo, surgidas logo apds a sua divulgagSo.

Na ausencia de cheques de oferta e erros na condugdo da poh'tica monetdria fiscal (o que significa ndo expandir a moeda aldm dos limites ditados pelo aumento da demanda por liquidez real decorrente da queda das expectativas de inflagdo), o piano deverd vlngar, teduzindo a taxa de aumento de pre gos em 1986 a um ni'yel abaixo dos 20% vigentes entre 1968 e 1973.

- O autor 4 da Escola de P6s-Graduagao em Economia da Fundagao Getiiiio Vargas.

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Bostidores Sarney zerou a campanha

At6amanha de>28 defevereiro,.

^ em que o Presiden.te Jose Sar-ney deu o famoso murro na mesa, virando-a de pernas para o ar e atirando sobre a surpresa emodonada do Pajs o pacote economico, a banda mais sedutora no tabuleiro politico era a da oposi^ao.

Roido na base pela infla9ao galopante, o Governo despencava. Curiosamente, mas com uma fadl explicagao, ningudm se propunha a derrubar o Presidente Josd Samey.

Li 4 verdade que o Govemador Leonel Brizola, a frente do cordSo da Frente Progressista (e^que, como crianga pobre do Nordeste, morreu de inanigSo ainda no colo), sonhava em antedpar para este ano, coinddente com a eleig^o geral para a Constituinte,a eleigSo presidendal direta, Mas se nSo era o projeto de um s6, como no bloco do Eu Sozinho,as diretas ji nao pareda uma bandeira de muitas sedug&es, salvo para a hipdtese nada d^cartavel do Govemo piorar tanto que se tornasse insustentdvel.

0 Presidente Samey transmitia a penosa impressdo de uma tSo transparente fragilidade, que a sua anemia intimidava os adversdrios. Depois, na linha do horizonte, bailava o fantasma.

Derrubar Sarney para botar o que, quem, em seu lugar? ^ bom lembrar sempre que o Presidente Samey nSo tern sucessor constitudonal. Se ele pedir as contas e deixar o estabeledmento antes da hora, o dr. Ulysses assume para convocar eleigOes diretas em 60 dias. O que nfo pode atravessar a cogitagSo-de uma pessoa sensata.

Se rareavam os pretendentes a encurtar o mandato de Samey — que

mandato? de seis, de quatro anos?sobravam os candidatos a catarem os votos de um povo insatisfeito, agasaIhado debaixo do guarda-chuva da oposiijan.

A oposigao encorpava. Um terreno que nao , conheceu moradores, nem proprietarios e nem inquilinos; por tanto tempo, entrou em processo de valorizagdo de causar inveja a Avenida Vieira Souto. Visto assim do alto, como no samba que exalta a Mangueira, pareda Copacabana em manha de domingo de sol a pino.

SEM OPOSICAO

Ora, 0 Presidente Samey assumiu a 15 de margo do ano passado a cadeira que era do Presidente Tancredo Neves, virtualmente sem oposigSo. E sem oposigdo atravessou o ano, atd que as eleig5es para prefeito das capitais, a 15 de novembro, agulou os candidatos, empurrando-os para o baldio. Oposigdo tradidonal, conservadora, centrista acabara com o triste fim do tresloucado PDS, vitimado pelo desastre fatal do dclo revolucionirio. Na terra fofa, nos canteiros da horta adubada pelas regas da inflagSo, brotou a ideol6gica, propondo um racha inddito na histbria republicana. O jogo a todo o risco do confronto entre centro e oposigSo.

Este ano, com os estimulos dos bons resultados setoriais alcangados pelo PT de Lula e o PDT de Brizola nas eleigdes das capitais, a oposiglo de esquerda comegou a inchar como bochecha ferroada por marimbondo. O PMDB, rasgando a roupa num acesso

VILLAS-BOAS C0RR£A de desespero, afastava-se do Govemo, atirando pedras no prato em que comera, na ansia de reencontrar o discurso oposicionista em que se especializara na brava luta travada contra o arbitrio.

O pacote inverteu os sinais. Um gesto competente, de auddcia celebrada, emocionou o povo, transformando Sar ney numa lideranga que exige a comparagdo com Tancredo Neves do pique da reviravolta das mudangas.

Nao hd regime democratico sem oposigao. Irnpossi'vel uma campanha sem 0 contraditbrio, o lado de Id e o de cd.

UM DADO NOVO

Samey zerou o jogo, passou uma esponja no quadro, apagando os riscos do oportunismo, os tragos da ambigdo pessoal.

E evldente que uma nova oposigdo reestruturada estard presente a campa nha deste ano. Ideolbgica, muito provavelmente, ou talvez inspirando-se no esperto modelo do confronto conservador.

Hd, pordm, um dado novo. O povo foi para a rua em mobilizagdo permanente nSo apenas para a fugaz e enganosa participagdo em comicio e passeatas.

O tipo novo, inddito, de mobilizagSo popular, inaugurado por Samey, vai redesenhar a campanha para a Constituinte. Resgatando-a do esvaziamento e do desinteresse. O que o povo ganhou terd que ser reconhecido na Constituigao que vai ser escrita em S7.

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IMoteriQ de eapo

A hora e a vez da democracia

assado o impact© da derrota das diretas, em abiil de 1984, BiS e da morte do idealizador de uma Nova Repdblica, Tancredo Neves, em abril de 1985, a Na^ao investe mais uma vez na esperan<^, com a convocagSo de uma Assembl^ia Constituinte. Mais amadurecida e consdente da importanda de sua partidpai^ao efetiva nos centros de dedsfo politico-sodais, a sodedade brasileira ja inidou o de bate em torno das prindpais questSes que envolvem a redagSo de uma Constitui^ao.

Per outro lado,a ComissSo Provisdria de Estudos Constitudonais, nomeada pelo Presidente Josd Sarney - com nomes previamente escolhidos por Tancredo,.como o jurista Affonso Arinos de Mello Franco, o pianista Arthur Moreira Lima, o advoqado e Ministro da Previdenda Social, Raphael de Al meida Maqalhaes, e o empresario Ser gio Quintella - encontra-se, no momento, em fase de conclusao de seus trabalhos. E tern no debate do regime de govemo o seu ponto mais pol^mico.

Na opiniSo do jurista Affonso Arinos, por exemplo, o parlamentarismo 6 0 linico regime de governo capaz de propidar a estabilidade entre os poderes - Executive, Legislative e Judiriario - e, conseqiientemente, assegutar i NagSo, atravds dos diferentes partidos politicos, sua real partidpagao nas dedsdes, nSo s6 do Legislativo como, prindpalmente, do Execudvo.

Jd 0 diretor presidente da Companhia Sul America de Seguros, Rony Castro de Oliveira Lyrio, defende a tese de que o parlamentarismo, embora mais equilibrado e representative, 16

CARLOS FRANCO devido ao leque de forgas polidcas que 0 cqmpdem, difidlmente sera assimilado pela populagSo. Ele justifica:

"O Brasil, a exem^do dos demais pai'ses da America Ladna, tem uma tradigSo presidencialista. Nesse senddo, considero a proposta parlamentarista ainda muito utopica, porque,embora mais amaduredda,n£o estd incorporada a nossa cultura.Por outro lado, nossos parddos poh'dcos sao instituigSes muito frdgeis, em parte devido a aus€ncia de vida parddaria fora dos periodos eleitorais. E, o que d mais lamentdvel, existem apenas em tomo de suas liderangas e nao como um conjunto de iddias e pessoas."

Por essas razoes d que o Ministro Raphael de Almeida Magalhaes, menibro da ComissSo Provis6ria de Estudos Consdtuintes, considera de ftuidamental importanda o debate permanente em tomo da questao. E afirma;

"O debate que se vem realizando, nos varios segmentos de nossa sodeda de, d extremamente relevante, por duas raz3es; primeiro, porque possibilita a comunidade o real conhedmento da ordem juridica a set implantada e, segundo, evidenda a importante responsabilidade que serd atribuida aos parlamentares constituintes."

Uma opiniSo que vai ao encontro, salvo uma oportuna observagdo, a visao de Rony Lyrio:"Que d importante 0 debate em torno dos principals ques tSes que envolvem um processo cons tituinte, ndo resta diivida. No entanto, ele me parece, ainda, indpiente. Acredito que isto se deva, em parte, ao profundo descrddito que a populagSo tem em relagdo as leis, jd que nos ultimos

anos o Executivo, atravds de decretosleis, portarias e drculares, as multiplicou com sensi'vel veloddade, Dai a im portanda de estimularmos a partidpagdo de todos - empresdrios, trabalhadores, mulheres, profissionais liberals e militares - ii'a formagdo de uma base jun'dica para o'BrasU do presente e do futuro."

0 presidente da Sul Amdrioa con sidera tambdm que a partidpagdo dos empresdrios do setor neste processo i imprescindivel. E enfatiza;"E necessario que todos tenham consdencia do papel que estao atribuindo aos parla mentares, e se eles realmente irao representa-los no Congresso Nadonal. Atd porque este sera o momento de um confront© livre de iddias, que terd como resultante uma Constituigao, que se espera seja permanente."

0 empresario Sergio Quintella, pre sidente do PFL — Partido da Frente Liberal, no Estado do Rio de Janeiro, de opinido semelhante, destaca a importancia deste processo para a iniciativa privada:

"Nosso desejo e que a Constituinte faga uma opgdo, absolutamente clara, de primazia ao setor privado, sem ignorar, 6 evidente, que o Estado tem que estar presente na sodedade, em alguns casos, como agente economic© direto.

Isto porque considero que a sode dade brasileira esta dividida em dois setores; o primeiro, dinamico, moderno e produtivo; e o segundo, atrasado,de

Enquanto Arinos (a esq.) defende o parlamentarismo como forma de equilibrar poderes, Rony Lyrio (acima) acredita que "difidlmente ele serd assi•nilado pela populagao'

baixos indices produtivos. Somente a liberdade poh'tica e economica serd cade aproximar essas extremidades. Isto d; trazer para o setor moderno da ®conomia as.grandes massas que dele se encontram afastadas."

Na sua opiniSo, esse 4 um desafio ^ue OS constituintes terao que soludoapontando uma diregSo que seja °apaz de oferecer a populagao maior ttumero de empregos e, conseqiiente''^®nte, melhores condigOes de vida; ainda, as indiistrias, a possibUidade <^6 se modernizarem.

Como se ve, sSo por esses motivos 9«e o debate comega a esquentar os termometros de nossa sodedade. Poh' dcos mais hdbeis, atravds de posturas 'nesperadas como a do Ministro da Indiistria e do Comdrcio, Roberto Gus**150, ao demitir-se da pasta, jd inidafam suas campanhas utilizando-se de Um discurso critico em relagSo aos al^os indices de nossa inflagSo.

No entanto, d sempre conveniente lembrar que o Pais ja passou, em ape nas 163 anos de vida soberana, por seis ConstituigOes: a primeira em 1824,outorgada pelo Imperador Pedro I; a segunda em 1891, promulgada, apds a Proclamagdo da Republica, pelo Con gresso Constituinte; a terceira em 1934, promulgada pelo Congresso Constituinte; a quarta em 1937,outorgada pelo Estado Novo com o apoio express© das Forgas Armadas; a quinta em 1946, promulgada por uma Assembldia Constituinte que contou, in clusive, com a partidpagSo do PCBPartido Comunista Brasileiro; e a sexta em 1967, promulgada, em regime de excegfo, pelo Congresso Nacional.

E tem agora, neste exato momen to, a oportunidade de promulgar uma ConstituigSo que se quer definitiva e que, passando a limpo a historia recente, possa garantir aos ddaddos sua cidadania e ao Estado uma base juridica

Magalhaes (a esq.); "A Constituinte sera o coroamento da transigao do autoritarismo para a democracia". Quin tella (acima): "A Constituinte e o instrumento jun'dico que ltd reger o Le gislativo, Executivo e Judiciario"

•capaz de assegurar-lhe a estabilidade, como afirma o Ministro Raphael de Almeida Magalhaes:

"Na minha opiniSo, a Constituinte serJ 0 coroamento do processo de transigao de uma ordem autoritaria para uma ordem democratica e tambem, o que 4 mais significative, o verdadeiro inido de uma Nova Repiiblica."

Nesse sentido, 4 justificavel a preocupagao da Comissao Provisoria de Es tudos Constituintes em abreviar a conctusSo de seus trabalhos porque, como lembra Sergio Quintella, "4 impresdndivel que a jiopulagao tenha conhed mento de que a Constituigdo 4 o instrumento juridico que ira reger o Le gislativo, Executivo e Judidario. Portanto OS direitos dos cidadaos, oslimites do Estado e das Forgas Armadas,a economia, os beneficios sodais, a distribuigSo dos tributos, enfim, a vida da Nagaoedo Pais."

O futuro e mulher

este segundo verao de uma

uma onda suave e esbelta, nem por isso rnenos disposta a invadir as orlas de Brasilia, esti banhando de noti'cias nossos ridios, jomais e emissoras de teievisdo, numa demonstragao de que eeus atributospoh'ticos, culturais e empresariais sSo tao fortes quanto os fisicos. Seu nome, e nio poderia set

REVISTA DE SEGUROS

outro, 4 mulher. fsso mesmo. Com a criagSo, pelo

Presidente Jos4 Barney, do Conselho

Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), a eleifSo de Maria Luiza

Fontenelle para a prefeitura de Fortaleza e o sucesso de Regina Marcondes

Ferraz na Bolsa de Vaiores do Rio de Janeiro, entre diversos outros fatores, as mulheres provaram que tem capaci-

dade, ate mesmo fs'sica, para, no corpo a corpo, dj'.gjutarem um expressive espago na Constituinte.

E vao lutarporisso, garante a presi dente do CNDM, a atriz, empresiria e deputada estadualporSaoPaulo, Ruth Escobar. Ela afirma: "A mulher brasi leira de hoje ji tomou conscidncia de que sua participagio direta nos proces ses decisdrios 4 fator indispensivel

I ...-ILi,-. '.iLj..: ..*.0. . liiL.
REVISTA DE SEGUROS 7^
^I^^Nova Repiibh'ca,
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para que seus diieitos se^m respeitados."

Uma afirmagio gue a campanha "A Mulher na Constituinte", desenvolvida poT este Conselho, parece confimiar. Veiculada nacionalmente - atrav4s da ridio, televisao e jomais - sua repercussao, na opiniao da socioldga Jagueline Pitangay, memfaro do CNDM, cumpriu plenamente o objetjVo. "Esta campanha," diz ela, "veio estimular e articular o que ji era um dosprincipais objetivos das mulheres: a sua contribuipio mais direta nos destines do Pai's. Por isso acredito que agora, a partir do Conselho, o movim&ito esti mais forte e articulado, e, tambim, o que 6 melhor, capaz de assegurar is mulheres a sua real participagio nos centros de decisio."

Compartilhando da mesma visao de Jaqueline Pitanguy, a presidente do CNDM destaca gue caberi is mulhe res, atravis da Constituinte, promover alteragdes nos cbdigos ^n'dicos que discriminam a muiher. EJa expiica: "A nossa histbria raveia uma indiscut/cei exclusSo is mulheres, no que se refere aos centros de decisao. Daf o porquS da legislagSo brastleira center diVersos tocos de discnmmagao, seja a n/veJ do direito ch/ii, trabalhista ou penal. Por isso, o Cons^o esti desenvolvendo um trabalho permanente de discussao, debate e conscientizagSo da sociedade brasileira sobre a impwtSncia da parUcipagao das mulheres na redagio da nova Constituipao, de forma que as alteragbes ^iddicas necessiri^ sejam, finalmente, executadas."

Uma constatagSo que, aem diivida,

Forte e articu]ado, o movimento assegura ds mulheres participar das decisdes, garante Jaqueline Pitanguy (foto acima). "Partidpa^ao fundamental pa ra que seus direitos sejam respeitados." completa Ruth Escobar (a direita). quando anaii^amos a nossa histdria, 4 procedente. Ati porque apenas 15 mu lheres, ap6s a aprovagao do voto feminino em 1932, pelo entao Presidente Gettlli'o Vargas, conseguiiam chegar ao Congresso. A primeira delas, a dra.

Cailota Pereira de Queirbs, se elegeu constituinte, em 2934, pelo Estado de Sao Paulo, eproferiu em sua estriia na CSmara Federal um discurso que, sal vo as alteragOes gramaticais, permanece absolutamente atual:

"Alim de representante feminina, unica nesta .Assemblda, sou, como todos OB que aqui se encontram, uma brasileira, integrada nos destinos de seus paiz e identificada para sempre com OS seus problemas. (...) Num momento como este, em que se trata de refazer o arcabougo das nossas leis, era justo, pOTtanto, que ella tambem fosse chamada a coUaborar. (. .) Quern observer a evolugao da mulher na vida, nSo deixari por certo de comprehender estaconquista, resultante da grande evolugio industrial que se operou no mundo e que ji repertmtiu no nosso paiz. (. .) Essa nova situagao despertou-lhes o interesse pelas questdes poIftJcas, administrativas, pelas questdes sociaes. 0 logar que occupo neste momento nada mais significa, portanto, do que o fructo desta evolugio."

Mas, apesar do empenho da deputada Carlota Queirds - segundo a classe poftica da dpoca, a re^onsivel direta

pelos artj'gos da Constitufpfo de 34 que w'riam beneficiar as mulheres -, muito ainda hi por fazer. E se ainda nio 0 foi, na opiniao de Ruth Escobar, i porque a representagao feminina no Congresso 4, 'ainda, pouco expressiva. Portanto;"nio 4 i toa que oCNDM, as deputadas federais e estaduais, vereadoras e prefeitas de diversos municfpios do Pais estao empenhados em eleger, a 15 de novembro deste ano, um nilmero e^qjressivo de representantes no Congresso, queiriredigir anossa nova ConstituigSo, Mas mesmo que este objetivo prioritirio nao seja atingido, OS parlamentares estarao de antemSo comprometidos com o encaminhamento das ceivindi'cagdes femininas, atravis da Carta das Mulheres. Ruth Escobar expiica esta proposta: "O CNDM pretende ser a voz das mulheres no piano govemamental e, para cumprir seu objisuVo, definido pela lei que o criou, est^ percorrendo 0 Brasil - de ponta a ponta — para langar sua campanha pela participagao da mulher na Constituinte. Ao final deste verdadeiro plebiscite nacional, teremos entao formulada a 'Carta das Mulheres' que, apontando seus leais anseios, seri encaminhada aos constituintes eleitos neste ano."

Ji para aqueles que viem nesta luta das mulheres por novos espagos um confronto direto com os homens, Ruth Escobar adverte: "Quern pensar

<jue estamos querendo comprar briga com OS homens esti, no mj'nimo, en9anado. Nosso objetiVo 4 demonstrar 9ue, numa sociedade que se renova e 9ue tern, cada vez mais, na mulher, um Instrumento produtivo e de transfor'^agio, 4 primordial que haj'a a contrihuig5o direta de todos os cidadaos, mdependente de sexo, cor, ideologia Ou religiao."

Como se v§, uma linha de pensa"^cnto, apesar do tempo, muito semeWiante i de nossa primeira representanfeminina na politica, Carlota Queif^s, e que comprova a importSncia e a luase absoluta ausencia das mulheres has decisbespoh'ticas.

Uma realidade que, na opiniao de ^l^ra Ramos, Cerente de Marketing ^3 Ajax Companhia Nacional deSegu-

Carlota de Queiros, na foto acima, foi a 1? mulher a chegar ao Congresso. em 1935. Oara Ramos, a esq., quer tornar realidade o titulo do ultimo filme de Ferreri: "O Futuro e Mulher"

ros, est5 mudando; "Na Idade Media se questionava se a mulher tinha ou nao alma; hoje se questiona a sua capacidade de trabalho em relagao ao homem. Uma mudanga que, embora sutil, pode ser comprovada pela presenga de duas mulheres na Comissao de Estudos Constitucionais, nomeada pelo Presidente Jose Sarney, para a elaboragio do esbogo do anteprojeto da ConstituigSo."

Filha do nosso VeJho Graga, Jeia-se Graciiiano Ramos, ela enfatiza que, "apesar de o artigo 153 de nossa Cons tituigSo assegurar fgualdade de direitos a todos OS cidadaos, independente de sexo, ideoiogi'a, raga e religiao, a verdade 4 que o Estatuto conserve aberragOes na sociedade conjugal, como o pStrio poder e administragao dos bens

Escoiha o seu time

da mulher pelo marido. Isso sem mencionannos as existentes nas relagoes de trabalho, ja que o saJSrio feminine no Brasil e 42% menor do que o mas culine."

Quanto a maternidade - questao que, segundo relatbrio de diversas entidades de classe, tern funcionado como fator de entrave ao acesso das mulheres no mercado de trabalhoClara Ramos, como nao poderia deixar de ser, tern uma clara posigao; "A maternidade tern que ser encarada como uma fuiigao social, sem a gual a especie se extingiiiria, e nio como um onus para a mulher.

Acalentando, como as demais mu lheres brasjJeiras, o sonho de uma maior participagao nos destinos da nagao e do Pai's, Clara acredita que ji 4 tempo dessa maioria votante dar mostras de sua capacidade de produgao, articuJagao politica, poder de decisao e, ate mesmo, quern sabe, tornar realida de o tj'tulo do ultimo filme, entre nOs, do polemico diretor italiano Marco Ferreri: "0 futuroS mulher."

Diferentemente dojogo de xadrez,onde as pedrasmudam de casas mas nao de time, os polfticos brasileirossao moveis »sto 4, sojogam em times que detem o poder central ou estao prestes a assumi-lo. Foressa razao, vale conferir criticamente quais sSo os partldos que concorrerao ao pleito de 15 de novembro e tambem suas chances nas umas

0 PMDB, partido quedurante osliltimos20anosabrigou asdiversascorrentes de oposigio ao regime militar, vive, hoje, no memento em que assumiu, atrav4s de Tancredo Meves, a condugJo do processo de transigao, uma fase de grandes indeffnigoes. Nio que elas nio existissem anteriormente, mas os moderados liderados por Tancredo Neves nao chegavam sequer ao embate com osprogressistas, autenticose esquerdistasrepresentados por Ulisses Guimara'es, prevalecendo o consenso entre aspartes. E por falar em consen-

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REVISTA DE SEGUROS
PMDB Partido do Movimento Democratico Brasileiro
(segue) 19

PUT

Partido

Democratico

Trabalhista

so, 4 justamente a faha dele que encaminha o PMDB para uma situa^ao eada vez mais embaragosa, uma vez que diversas correntes nao se sentem contempladaspelopoder cen tral e aJgumas tSm feito severas cn'ticas a decisdes poli'tfcas tomadas peJo Presidente Jos4 Sarney, circunstancialmente fiiiado ao partido. No entanto, sua sigJa dispde, segundo di versas pesquisas de opiniao reaiizadas peJo Ibope e GaJiup, de grande credibiJidade^nto ^ populagao,0 que deveri assegurar-lhe uma expressiVa participafao na Constituinte.

Coma diz o ditado, "quern avisa, amigo 4";compete ao PMDB definir ciaramente suas posigbes em relagao ao seu programa, para que os discursos possam ser coerentes com as atitudes e tamb4m para que os desgastes, como a votagao da anistia aos miiitares cassados, sejam, no mi'mmo, atenuados.

Agremiagao formada, basicamente, pelas alas liberais do quase extinto PDS e pelos governadores do Nordeste, o PFL vem, devido 4 sua expressiva representagao nos Minist4rios, se fortalecendo dia a di'a. Defensores da fniciativa privada e do JiVre mercado, seus representantes contam com o apoio e a simpatia dos setores empresariais e de alta renda.

Fator que, aliSs, muito tern preocupado seus dirigentes,que buscam hoje na interiorizagSo de seus diretdrios e nas coligagoes partiddrias uma aiternatiVa eieitoraJ. Sem diivida, e se depender do poder aquisitivo, terao uma significativa representagSo na Constituinte.

Partido que foi criado para assegurar em 1982a candidatura de Leonel Brizola ao Govemo do Estado do Rio de Janeiro, o PDT vem crescendo de forma assustadora nos Oltimos dois anos. Dirigido e comandado por Brizola, com todas as suas contradigdes e por isso mesmo, 4 uma agremiagao que nao tern preocupagdes com uma definigao ideoJdgica — sociaiismo moreno foi apenas uma mensagem passageira de verao — ou sequer com uma maior coerencia entre seus quadros.-Talvez, por isso mesmo,4 um partido que estd de portas abertas a novas adesoes e que espera, m^iito em breve, ascender 4 rampa do Pal4cio do Planalto. E aqui vale alertar que o Covernador do Rio tern capacidade poh'tica ejogo de cintura suficientes para atingir seus objetivos. Entaonao estranhe se diversos deputados e senadores de outros Estados aderirem a Brizola; ele est4 trabalhando para issoepromete assegurar na Constituinte uma bancada depeso.

PDS

Partido

Democratico Social

PTB

Partido Trabalhista Brasileiro

PT

Partido dos Trabalhadores

PSB Partido Socialista Brasileiro

estado autorit4rio dos iiltimos 20 anos. E bom Jembrar, ainda, que nem mesmo os conservadores v4em o PDS como seu legi'timo representante; preferem, atualmente, depositar sua confianga no PTB de JSnio Quadros.

0PTB, desde sua atuai/undagaopeiafaJecida deputadalvete Vargas, pretendia interagir como uma aitemativa para os dissidentes do PDS. Id^ia que nSo chegou a vingar de todo, j4 que o PFL, em grande estilo, abiscoitou este elenco de poii'ticos. Hoje, no en tente, com a vitdria de JSnio Quadros 4 Prefeitura de Sao Pauio e adesao do Govemador do Mato Grosso, Juiio Campos,este partido respira, ainda que com dificuidade, mais uma vez. Com uma proposta nitidamente conservadora, distante do trabalhismo que caractenzou em outras dteadas a sigia, suas chances neste pieito sao poucas. Mas como do "histri^o" Jam'o tudo se eqjera, 4 verpara crer.

Partj'do que nasceu do sindicalismo, o PT tern no movunento estudantil e na CUT Centra] Um'ca dos Trabaihadores seus mais eficazes instrumentos de divuigagSo. Sob a orientag^o de Lula,figura de destaque no quadro poh'tico nacional, oPT apresentou um surpreendente desempenho nas eieigoes de 1985, ganhou a Prefeitura de Fortaleza e quase por um tiiz a de GoiSnia. Promete esquentar seus musculos para este pieito e, se nSo conseguir eieger uma expressiva bancada, uma coisa 4 certa:far4 muito barulho.

Criado recentemente, o PSB 4 o que podemos classificar de aitemativa para os progressistas do PMDB, haja vista a eleigio de Jarbas Vasconcelos no Recite e o expressive de sempenho de Marcelo Cerqueira no Rio. Sem contar, ainda, com bases mais expressivas, 0 PSB esquenta suas baferias na expectativa, mais uma vez, de que os derrotados nas convengdes do PMDB o vejam como aitemativa. Seu presidente, o escritor Antonio Houaiss tern realizado um trabalho continue de aglutinagao das forgas mais 4 esquerda do parti do e espera que o PSB, que ji tern um senador no Congresso, possa ampliar sua repre sentagao.

0 PDS, quern diria, acabou, a exemplo de uma pega de teatro, no Iraj4. Outrora maior partido politico da Am4rica Latina, ele 4 boje uma agremiagio em estado de coma.Perdeu para o PFL a maioria de seus governadores, deputados federal's e estaduais, prefeitos e vereadores e det4m, no momento, apenas dois cargos executivos de expressao — o Es tado de Santa Catarina e a Prefeitura de Sao Luiz do Maranhao. Nao conta com o apoio da Nagao e aparece nas pesquisas de opiniSo como um "partido execrado pela comunidade", que o considera, sem pestanejar, um dos respons4veis diretospela manutengao do

PCB Partido Comunista Brasileiro

Partido com definigio ideolbgica cJara, o sexagenirio PCB tern procurado, no rejuvenescimento de suas bases, encontrar o seu destine. Contando com o apoio aberto de grandes estrelas de nossa inteiectualidade, eie retomou em I9S5, atrav^s de sua iegaiidade, com pique para disputar as eleigdes. Pretende repetir o Sxito de J946, eiegendo uma^ sena-o num^rica, expressiva bancada. Seus dissidentes,como oPCdoB e o'ex-senador Lut Carlos Prestes, hoje noPDT. tamb4m nSo fazem por menos e prometem na'o poupar esforgos pam que, mais uma vez. as bandeiras comunistas sejam defendidas numa Constituinte. ate bem provdvei que para aicangarem este objetivo, oPCB e o PCdoB,em aJguns Estas, vistam a camisa doPMDB,partido que at4 um ano atris os abrigava. ★

PMDB
front.]
PFL Partido da Frente Liberal
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Presidente da UAPanuncia maior participacao no Brasil

Quem desembarcdu recente-

mente em nossas terras foi Yvette Chassagne, presidente da UAP (Union des Assurances de Pa ris), primeiro grupo de seguros da Franga, cuja arrecadagao de premios anual 6 de dez bilhdes de francos.

De passagem pelo Rio, enquanto aguardava a confirmagao dos seus encontros, em Brasilia, com o Ministro da Fazenda Dilson Funaro e o Minis tro Marco Maciel, Mme. Chassagne" concedeu entrevista coletiva onde ex pos alguns dos projetos da holding UAP International, empresa que reiine todas as sodedades filiadas ao gru po UAP original, atualmente espalhadas per 60 paises.

No Brasil, a UAP visa a aumentar sua participag^o na UniSo Continental de Seguros para 50% do capital total e 33% do capital votante.

Para se ter uma id^ia do porte da empresa, vale mendonar que, apenas na Franga, ela emprega 32.000 fundonarios e dispde de um banco prbprio e de uma sodedade de assistencia mddica, denominada UAP Assistance.

.Atualmente, o grupo situa-se entre as grandes companhias internadonais do mundo dos seguros e resseguros e um quarto do volume dos seus negddos prov^m do estrangeiro.

As atividades da UAP Internatio nal apresentam uma grande diversificagao nas modalidades de aplicagSo e a dfra dos seus negbdos aproxima-se dos 10 milhdes de francos, considerando-se as operagdes de 50 companhias associadas e de 42 investimentos diretos, mais o conjunto de operagdes de transporte e de resseguros. O grupo i

composto por filiais controladas majoritariamente, ou a 100%, e de participagdes em companhias assodadas, como, no caso brasileiro, a Uniao Conti nental de Seguros e o Grupo Financeiro Losango.S/A.

No piano fundonal, a UAP pretende orientar as escolhas de todas as entidades fUiadas e assisti-las em termos de planificagSo, de concepgao de produtos, de politica financeira, de pessoal e de comunicagSo.

Yvette Chassagne revelou em sua entrevista que, paralelamente as ativi dades seguradoras, a UAP investe prioritariamente, na Franga, no setor imobiliario, dispondo atualmente de 1 miIhSo de metros quadrados de escritorios construidos. E tamWm o primeiro investidor em termos de preservagSo florestal e det^m o titulo de li'der na area da informdtica.

PREOCUPAQAO SOCIAL

Especificamente em relagao aos seguros, em se tratando de uma empre sa estatal, a UAP desenvolve uma linha de atuagSo entremeada de intengQes didaticas para a populagSo, garantindo certos direitos aos cidadaos que, vistos do aspecto da concorrencia empresarial capitalista, parecem atender a pianos mais amplos de desenvolvimento social, apoiados numa politica estrat^gica global. E o caso da garantia contra a inadimplencia junto aos contratantes de empr^stimos para compra de imdveis que, se desempregados, e portanto incapacitados de saldarem suas prestagoes, nao perdem o contrato.

Jd OS motoristas estreantes, com habilitagbes recdm-autorizadas, pagardo uma sobretaxa de 125% sobre o va lor do premio, em seu primeiro ano de prdtica . automobilistica. Caso nao ocorram acidentes neste periodo, a so bretaxa d automaticamente reembolsada, e 0 valor.pago para o segundo ano de seguro contra acidentes diminuido de 15%. O mesmo procedimento se repetird atd o terceiro ano, quando serao pagos apenas 74% do valor total da apblice, revelou Yvette Chassagne. A medida constitui certamente um parametro educativo, com seus premios e punigbes garantidos.

Embora a UAP seja uma companhia estatal, o grupo obedece as leis normals da economia de mercado francesa. E, para atestar que a gestdo sodal da empresa d economicamente boa, suas agdes atingiram uma valorizagdo de 2.000% na Bolsa de Paris.

"Em nossa recente mobilizagdo nacional contra a inflagao, restringindo as aplicagbes financeiras no mercado de capitals, ha uma necessidade real de absorgdo de modelos administrativos efetivamente especializados em cada area. No setor de seguros, todo aconselhamento que resulte de experiencias particulares bem sucedidas se ra bem-vindo, e a Companhia UniSo Continental, contando com os beneficios da assodagSo com a UAP, devera apresentar, em breve, novidades no mercado," concluiu a presidente do grupo segurador frances. it

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Chassagne;linha de atuagao diddtica
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Gerais

A retomada do crescimento

pesar de o mercado de capi*. • taliza^o haver-se^reduzido a apenas cinco empresas atuantes (a Alian^a da Bahia suspendeu suas vendas em janeiro/83, passando a operar somente sua carteira de ti'tulos), foi deveras impressionante o impulse verificado em 1985 nesse segmento do sistema financeiro. Para tanto, contribuiu, indubitavelmente, a entrada do Bradesco em janeiro/85, seguido pelo Bamerindus em julho do mesmo ana.

Esses dois acontecimentos reacenderam os animos das demais empresas, que reviram suas metas e adotaram uma estrat^gia de vendas mais incisiva e abrangente. Novos pianos foram langados — Lideranga (piano a prazo) e Sul America (piano a vista) —,enquanto outros eram preparados para lancamento no ini'do deste ano (Nacional).

Campanhas publicitarias e promocionais divulgaram as diversas variantes de pianos de capitalizagao, intensamente e em todos os quadrantes do Par's.

CRIATIVIDADE

Com maior ou menor enfase,os no vos pianos tern introduzido inovagSes, tanto conceituals quanto no que se refere i comercializagSo do produto.

Com efeito, o piano a prazo langado pela Bradesco Capitalizagdo no inicio de 1985 alterou sobremaneira alguns fundamentos conceituals e mercadologicos da capltalizagdo, que logo comegaram a ser assimilados pelo mercado.

Foi de tal magnitude e alcance a contribuigSo dada pela Bradesco CapitalizagSo, que podemos afirmar,sem sombra de dtivida, nso haver registro de outro acontecimento que tenha mar-

cado mais profundamente a histbria da capitalizagSo desde 1929, data em que se constituiu a primeira sociedade dease genero no Pai's.

Some-se a contribuigSo do Brades co a,criatividade permitida no setor e zelosamente utilizada pelas empresas na confecgSo de novos pianos, bem como a oportuna e eficicaz redefinigSo de parametros normativos, introduzida pela Circular Susep n9 012, de 14/02/85, e teremos a exata dimensSo da contextura t^cnica e mercadolbgica que tanto favoreceu a espetacular re tomada do crescimento da capitalizagSo em 1985.

REORDENAgAO DINAMICA

Toda a ebulig£o causada pelos acon tecimentos acima analisados conduziu a uma recomposigSo acelerada do mer cado de capitalizagdo, em que o fato mais marcante foi, sem duvida, a rapida ascensSo das duas companhias rec4m-integradas ao mercado: Bradesco e Bamerindus. Isso nSo quer absolutamente dizer " que nSo tenha havido avangos notdveis. por parte das demais empresas. A receita de premios da Sul America, por exemplo, superou consideravelmente o I'ndice de inflagao e

suas vendas de titulos ultrapassaram em quase 10% os niimeros de 1984. em termos reais. Progresses ainda mais significativos foram alcangados pela Nacional, cujas receitas de premios cresceram 477% e as vendas de titulos simplesmente duplicaram (vide tabela). Em suma, o que se verificou foi um revigoramento geral do mercado de capitalizagSo, com algumas mudangas estruturais, o que 4 natural em decorrencia de processo de crescimento tso ace•erado.

PROJEgOES PARA 1986

Mercado nacional de capitaiizacao (^*erci'cio de 1985)

Era realmente ingrata a tarefa de projetar o desenvolvimento de um se tor da atividade financeira num pai's como o nosso, em que a inflagdo persistia em patamares t3o altos, e em que a imprevisibilidade normativa e institucional tendia a se perpetuar. Com o cruzado, excetuada a hipotese de no vos langamentos espetaculares e de ingresso de novas companhias ou reingresso de antigas, admitimos como razoavel que as vendas de titulos de capi talizagao no decorrer desse exercicio atinjam a marca recorde de 2 milhoes de unidades.

Quanto a receita de premios. po-

dem-se esperar cifras proximas ou atb superiores a CzS 2 bilhbes em valores correntes. Estimamos ainda que, ate o final do exercicio, a carteira de titulos de todo o mercado de capitalizagao alcangara os 4,5 milhdes de unidades e que OS pr€mios de sorteios pagos ou creditados possam chegaraosCzS 120 milhoes.

A estrutura do mercado de capitali zagao tendera a evoluir com acentuado dinamismo. consolidando esse segmen to que, depois dos reveseS sofridosem 1983 e 1984, parece ter-se consolidado, tomando um rumo seguro e derenovagSo abalizada. ^

Inclusive espolio da Ex-Letra Capitalizagao

Exclusive espblio da Ex-Resid6ncia Capitalizagao Aherado crit^rio de apuragSo da Carteira em Vigor, impossibilitando comparagao com a informagao pertinente, fornecida para dezembro/84.

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JOSE BEZERRA CAVALCANTE
SOCIEDADE Infdo das Atividades Comerciais DADOSrfJJlJ^ADE DADOS EM VALOR(Cz$ milhoes) Tftulos Vendidos Variaf^ •>, Percefltf emRelflP ^^Vqs Varia9ao Percentual em Rela9ao a 1984 Premios de Sorteios Pagos ou Creditados Variafao Percentual em Rela9ao a 1984 Receita de Premie Varia9ao Percentual em Rela9ao a 1984 Provisoes T^cnicas Varia9ao Percentual em Rela9ac a 1984 Alianga da Bahia 10/1933 ->^281 -25,4 0,001 -38,5 0,006 -64,9 0,050 -29,3 Bamerindus* 06/1985 263.676 3,312 32,055 22,450 Bradesco** 01/1985 687.055 -yi^oss 9,381 128,418 108,303 Lideranga 06/1975 217.317 -11,3^^334 1,1 0,808 106,0 38,203 136,8 31,416 137,9 Nacional 07/1979 287.424 102,^i^.l27 56,0 2,459 358,5 43,812 477,0 147,254 270,8 Sul America 08/1929 269.213 9,5y^.310 *** 4.274 204,6 37,506 241,6 153,102 225,1 TOTAL 1.724.685 94,^"<^.321 7.7 20,235 541,2 280,000 528,7 462,575 252,2 REVISTA DE SEGUROS REVISTA DE SEGUROS 25 mm

As trombetas do apocalipse

igora que comegamos a nos assustar com a chamada imIpotlncia eletrica, talvez seja hoia de prestar muita atengSo no engenheiro de sistemas Roberto Vacca e na sua previsSo de que a atual dvilizagSo esta condenada a degradagSo dos grandes sistemas, a uma esp^de de apocalipse tecnologico que conduzira o mimdo a uma nova idade m^dia.

Os sinais sSo cada vez mais evidentes, embora nSo tenham o som das trombetas que devem anundar o fim do mundo. E s6 ler os jomais com intento nao consumista das notidas.

Vejamos: a temperatura no Pdlo Sul esta aumentando muito e, como conseqiienda, as massas frias ja nao se formam com tanta freqiienda. Como nao sao taos mas como antes, tern menos veloddade e desfazem-se com mais fadlidade. Resultado imediato: cenas de seca do semi-arido numa regiao absolutamente distante do Nordeste. E qua] e o motive aparente? Poluigao, que ja atinge os mares gelados do Sul.

Vejamos mais: pelas fotografias dos satdlites espides o desmatamento as margens dos rios e nas nascentes esta provocando, ano a ano, uma diminuigio no volume dos rios brasileiros, espedalmente na regiao Sul. Mas, quando chove, haja enchenie, porque as barrancas, desprotegidas, ja nSosuportarn 0 rio.

E mais: a camada de ozonio que pro tege a Terra estc! sendo reduzida a uma velocidade absolutamente espantosa, que em 1985 passou de 4% ao ano.

Os motivos s^o muitos, mas o mais gra ve, outra vez, e a poluiglo provocada pelos gases emitidos pelos aparentemente inocentes sprays. Pode?

pois de sair do descrddito absoluto e ganhar a condigSo maior de credibilidade junto ao publico brasileiro, volta a apresentar intranqtlilos sinais de cansago e lentidSo, mesmo levando em conta que apenas Sao Paulo emitiu, no ano passado, 5 milhSes e 200 mil cartas, telegramas e encomendas. Assim como, volta e meia, cai o sistema, e OS computadores eletronicos recusam-se a soltar o precioso dinheirinho que nos habituamos a buscar nas prdticas caixas autpmaticas.

riolares. Outra pequena lampada esta queimada sem que se perceba e faz com que haja centenas de feridos no desastre do metro de Londres.

flagdo do mis estoure a boca do baldo.

Especialistas em transito no Rio e em Sao Paulo fazem previsOes absolu tamente pessimistas de congestionamentos quase permanentes para o comego do proximo sdculo. O transporte coletivo e mal planejado, nSo recebe prioridade suficiente e o'numero de carros circulando para transportar apenas uma pessoa aumenta quase geometricamente.

Ate a agua que o Presidente da Republica bebe esta contaminada, Olixo aumenta desprof>orcionalmente aosrecursos envolvidos na sua coleta, e os projetos inteligentes de industrializagao e reaproveitamenio s£o olhados com ironica suspeita.

Todos OS grandes sistemas mostram sinais de crise: os telefones parecem ter verdadeiros ataques histericos que, nas boras mais improprias, fazem com que emudegam. O servigo postal, de-

Isso sem contar que jovens conseguem penetrar em drcuitos aparentemente bem defendidos para cometer um novo tipo de crime: o crime eletronico. Aqui a coisa ainda nao acontece como nos Estados Unidos, mas por la ha jovens sacando dinheiro da conta dos outros por telefone, gastando em cartao de crddito que nao d 0 seu e atd colocando em inseguranga 0 prdprio mundo, enlouquecendo o jd lunatico sistema de seguranga. Um sis tema que, com um simples apertar de botdo, tem capacidade destrutiva para acabar com a vida na Terra pelo menos 45 vezes, Como diz Vacca,"estd-se agravando continuamente o tragic© problema de congestionamento dos grandes siste mas nos eixos proximos aos maiores centros uibanos." E gente demais, veiculos demais, Hxo demais, comunicagdo demais, residuos demais, violencia demais, e tudo parece estar fugindo ao controle.

Uma pequenina lampada de prego insignificante que nSo se acende em um painel provoca o adiamento do langamento de uma nave especial. E o prejuizo e calculado em milhdes de

^ crescente a instabilidade dos gran ges sistemas e eles estao-se tomando aparentemente ingovemdveis, ao mestempo em que pequenas agSes de sabotagem sSo sufldentes para provoincnVeis reagSes em cadeia. Uma simples greve de oaminhoneiros, duran ce 48 boras, nSo s6 deixa uma ddade Como 0 Rio de Janeiro em crise de abastedmento como faz com que a in-

N6s sd nos damos conta do desconforto provocado pelos estalos do siste ma. Mas nSo nos consdentizamos do perigo que se esconde por trds da degradagdo da tecnologia.

As conquistas da dinda e da tecno logia ji nSo suportam a qualidade de dda na metrdpole inchada e que ameaga transformar-se em megaldpole.

As grandes ddades est£o monendo, e nossa cultura parece ser pouca para evitar o dbito que ocorrer^ quando os grandes sistemas se tomarem excessi-

V0CEE8TA SEGURO SOBREO

vamente complicados, ctesceitdo desordenadamente, atl atingirem dimensbes cri'dcas e instdveis. A crise simultlnea de muitos sistemas,em uma mesma drea, pode provocar o panico, a crise,o comego do fim.

Quem imagina que isso I terrorismo. intelectual que procure ler Roberto Vacca, A Prdxima idade MIdia. Depois, pare para pensar no destino dos grandes sistemas na mSo de pessoas que est£o entrando para a universidade com nota 2,3 em Fi'sica, Qui'mica e Matematica.

Se nSo esti,I bom ficar. A qualquer memento, voci pode perder tudo que conquistou.

Um acidente de carro, um incSndio, roubo,explosSo, paralizagSo de sua empresa, queda de aviSo ou qualquer coisa assim, vai mudar a sua vida Os Imprevistos esi&o al.

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LUIS LOBO
AMANHA? ne 9v>e 1^^Grupo Segurador merindus Seguro vocS vive methor. 26 REVISTA DE SEGUROS i

ucas Procdpio - De volta Autran Dourado — inventor do veIJS^^lho Lucas Procdpio que o fez nascer em "6pera dos Mortos" e que o faz retomar agora. Do seu pai's natal, Minas Gerais.comooautorachama,em pleno s^culo XIX, vem a histdria do Coronel Procdpio,em diferen^tes versSes, at^ que o leitor construa, no fim, a verdadeira face deste surpreendente homem, num desfecho jamais imaginado. EdigSo da Record.

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Com carta de eiogio da escritora Stella Leonardos e os aplausos de Lau ra C. Sandroni. do Instituto Nadonal do Livro lnfanto-Juvenil,esta indo para todo o Brasil, via vdrias editoras, urn dos maiores e mais novos talentos das letras brasileiras - Guiomar Paiva Brandao. Premio de Literatura InfantU - Joao de Barro - 83/84 com o li vro "Gira-Mundo", edigSo da Comunicagdo de Belo Horizonte.

A Josd Olfmpio 6 responsdvel por "Despertar do Sol" e estd editando da autora urn livro-poema que nos levard a todos em busca da infancia que, se nio foi perdida, permanece esquecida DOS desvSos das lutas que nos traz o coddiano. Aguardem, n&o percam

"Casa de V6"! Com livros e contos ainda indditos, Guiomar Paiva Brand5o esta surgindo no cenario literario com a destinagao de ter um nome tSo forte como 0 de Cecilia Meireles, embora seu estilo seja outro, muito puro, pessoal, mas rico,Ii'rico, solido e transbordante de sensibilidade. Na arte do conto e da poesia infantil Guiomar sera outra Maria Clara Machado. Convites chegam para essa mineira de Caxambu de todas as editoras e de gravadoras que querem musicar seus poemas de adulto e infantis. Formada em pedagogia, mSe de tres filhos, bem casada, a autora de outro livro premiado, "Pegadas do Infinito", escreveu e leu para mim, em primeira mSo,"A Festa dos Espantalhos" e "O Regime da Lua".

Nunca vi tanta criatividade, beleza, verdade e pureza reunidas em um sd poeta-escritor. Guiomar 6 um fenomeno. E vem ao Rio logo para um cha, na Academia Brasileira de Letras, Ela 6 uma jovem-mulher-menina. Seus livros podem ser pedidos a ela, no enderego - Av. Antonio Junqueira de Souza, 321, em SSo Lourengo, quando nSo forem encontrados nas boas livrarias.

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Em alta - pasmem - Madame Delly! Pseudonimo dos irmSos Marie Hen rietta e Frederic Petit-Jean de La Rosi^re, campeOes,no seu tempo,do "roman rose", consumido avidamente pelas "jeunes filles" de antes da guerra. Responsdvel pela reedigSo: Editora Nacional. Ao que parece, a juventude de hoje, cansada da liberagSo dos cos tumes, anda em busca da inocencia perdida...

"A Soliddo da Mulher Bem Casada" — de Belkis Morgado. A autora traga um painel da mulher contemporanea para quem, apesar da oportunidade de estudar e trabalhar, o casamento sinda e um fim em si mesmo. E o desapontamento desta mulher quando, entrando na idade madura, descobre

que, para o marido, ela pode ser substitui'da por toda uma tecnologia ou uma boa empregada domestica. Que, simplesmente, ela nao fara falta. Um livro simples, muito claro, ate sobre OS enganos provocados pelo feminismo quando prega uma liberdade esteriotipada. EdigSo Jos6 Olimpio. •••

"0 Saba das Feiticeiras" - de John Updike, Editora Rocco. Langado nos EUA em 1984, imediatamente passou a lista dos best-sellers. Trata-se da histdria de trSs mulheres liberadas, modemas, que dirigem seus prdprios cartos, jogam t^nis, fazem regime para emagrecer e esperam "algu^m" que

preencha o vazio que ainda resta em suas vidas. Isto acontece quando chega a cidade um solteirao de 42 anos, um tremendo boa-pinta. Em tudo,"o bom partido" — que passa a ser disputado pelas tres bruxas. E ai que a cidade se assusta. Nao sabia que as beldades tinham poderes sobrenaturais!

"O Observador do Escritorio" - de Carlos Drummond de Andrade. Imagi ne o funcionario publico, Carlos Drum mond de Andrade, monumento vivo da melhor poesia, escrevendo um diario no escritdrio, ou melhor, na repartigSo! Pois ele registrou encontros e impressOes que ficaram desse pen'odo de sua vida, bem como fatos poh'ticos e literdrios, falando de Manuel Bandeira, Luiz Carlos Prestes, Getiilio Vargas, Portinari e muitos outros.

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Continuam fazendo sucesso,la fora, OS livros de Simone Signoret - que se revelou tao competente escritora quanto era atriz. NSo me perguntem por que, mas "La Nostalgie N'est Plus Ce Qu'EUe Etait" e "Le Lendemain Elle fitait Souriante" ndo foram traduzidos no Brasil. t uma pena. Em compensagao a Guanabara estd langando "Adeus Volodia".

Marina Colassanti esta acabando de escrever "Contos de Amor Rasgado" que saira pela Ndrdica. Mas, enquanto este nao vem, voce podera encontrar

a autora lendo "Zooilogicos", tambem da Ndrdica. Marina arrisca o drible da palavra seguindo o exeinplo que tern em casa.

MARIA CELIA NEGREIROS

Alberto Moravia, consagrado como um dos melhores escritores da atualidade, casou-se no dia 27 de Janeiro com a espanhola Carmem Llera, O noivo tern 78 anos e a noiva 32. A cerimonia civil foi na prefeitura de Roma,assistida apenas por amigos intimos. Eles ja viviam juntos ha tres anos. Terminada a cerimonia, Carmem voltou a Edi tora Bompiani, onde trabalha, e Mora via foi para casa para terminar uma novela.

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Herberto Salles, que durante tantos anos esteve a frente do Instituto Na cional do Livro, vai divulgar o livro brasileiro em Paris, onde estara em" breve como adido cultural da Embaixada do Brasil. Herberto ainda nao partiu porque esta fazendo um "mobral" intensivo de frances, lingua que nSo domina. Desejo-lhe o maior suces so. E sei que a torcida tern gente da melhor agua, Comega com o Presidente, que o nomeou, passa pela ABL e termina em Ilheus — onde esta um amigo inseparavel: Adonias Filho.

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28 o J] o U O IS s IL
Carlos Drummond de Andrade
REVISTA DE SEGUROS
Herberto Salles Marina Colasanti REVISTA DE SEGUROS

Artes Plasticas

ARTENOSANOSSO

.^nquanto aSo surge uma frase [definitiva para celebrar os novos tempos,ji que o slogan "Tern que dai certo" soa antes como vun anseio do que uma convicgSo, o brasileiro volta-se para o passado como que buscando alicerces para a sua esperanqa.

De fato, sSo freqiientes as alusOes aos bons tempos e as evocagdes de uma ^poca recente,que se caracterizou por um otimismo n£o destitui'do de uma certa irresponsabilidade. Se o Pais nao chegou a crescer cinqUenta anos em dnco,6 inegctvel que aqueles foram anos de euforia e liberdade marcados por intensa atividade criadora.

E o cUma dessa dpoca que a exposigao "JK e OS Anos 50 - Uma Visao da Cultura e do Cotidiano", recentemente inaugurada na Galeria Investiarte, no Rio, e que se estende ata 5 de abril, pretende reconstituir atrav^s de um curioso flashback em que, ao tado.de exemplares de O Cruzeiro e da Revista do Rifdio, fotografias da selegao campea mundial, posters das chanchadas da Atlantida, lambretas, mdveis de pd palito e maids de misses, veem-se obras

dos mais consagrados artistas plisticos - tudo isso tendo como fundo musi cal sucessos de Cauby Pelxoto, Angela Maria e Orlando SUva.

Qucmto aos projetos dearquitetura, paisagismo, quadros e esculturas, a apresentagdo de Ferreira GuUar,no catdlogo da exposigdo, 6 irretocdvel, Na impossibilidade de reproduzi-la na I'ntegra, por falta de espago, permitimonos reproduzir alguns trechos;

..Os anos 50 foram,no piano ar-

Capacabana Palace,um marco

tistico, inquietos, polemicos e fecundos, mas, alSm disso, assinalaram um ntovimento de maturagSo e aprofundantento da experiencia est^tica."

..Pode-se dizer que nos anos 50 as artes plasticas brasileiras se tornam 'contemporaneas' da arte oddental niodema, do mesmo modo que ja se haviam tornado a arquitetura e a literatura. Oscar Niemeyer, ao projetar o conjunto de Pampuiha, supera o fundonalismo arquitetonico e inaugura uma nova podtica para a arquitetura modema. Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Carlos Drummond, Murilo Mendes e Jorge de Lima ja tinham levado a poesia brasileira a nivel de contemporaneidade, como linguagem e como tematica. O romance, depois de Jorge Amado, Jose Lins do Rego e Graciliano Ramos, ganha uma nova complexidade, nos anos 50,com Clari ce Lispector e JoSo Guimaraes Rosa. Nesse pen'odo, o teatro tamb^m busca a atualizagSo com o Teatro Brasileiro de Com^dia e, no final da d^cada, com 0 Teatro de Arena de Sao Paulo."

Passado o impact© da Primeira Guerra Mundial, a Europe recuperava-se e reconstruia das cinzas sua ar quitetura, sua arte, seus sonhos; e jamais poderia prever que a apenas duas d^cadas mergulharia novamente na escuridSo das guerras, desta vez de tal forma que os sulcos permanecem ainda hoje indel^veis. Foram anos duros, de morte, destruigfio e medo. Mas tamMm,obedecendo a fisica, de agao cul tural e politica intensas, O Brasil, atrav^s dos que aqui se refugiaram do ter ror nazista, presenciou e, de certa for ma. participou deste process© de produgao, que a Galeria de Arte Banerj pretende agora reviver com a ExposiqSo Tempos de Guerra, dividida em duas mostras; Hotel Intemacional e Pensao Maua.

cie

Exposigdo reunindo o que houve de mais expressive nos anos 50, realizada no Rio, revelou bons momentos em fotos (JK, acima) e Telas de Milton da Costa,aesquerda

.Mas 0 grande acontecimento da d^cada 4 o inicio da construgSo de Brasilia, que desloca para o territdrio brasileiro o centro criativo da arquite tura mundial."

Portanto, esta ser^ a oportunidade de entrarmos em contato com o uni verse calido de cerca de 20 artistas, entre europeus, japoneses e norte-americanos, que vieram para o Rio de Janei ro, nos anos 40,como consequencia da II Guerra Mundial. E tambem de muitos brasiieiros que com eles conviveram, como alunos ou amigos, no mes mo pen'odo, Coincidentemente, a maior parte desses artistas estrangeiros residiu no bucolico bairro de Santa Tereza, espd-

tagem de possuir uma das mais belas e completas vistas da cidade, onde a Zona Norte delineada pelo reldgio da Central do Brasil se aproxima das aguas calmas da Baia de Guanabara e as luzes da Zona Sul disputam com as da Norte o brilho da noite. Os enderegos tambdm nSo poderiam ser mais sujestivos, o que justifica serem utilizados como subtitulos da exposigao. Ho tel Intemacional e Pensao Maui. A primeira das duas mostras — Ho tel intemacional - reiine trabalhos de Maria Helena Vieira da Silva (Portugal) e seu marido Arpad Szenes (Hungria), ambos depois naturalizados franceses, Jacques van de Beuque (Franga), Pol ly McDonell (Estados Unidos), Jan Zach (Thecoslovaquia), Laszlo Meitner (Hungria), al^m dos brasiieiros lone Saldanha, Heloi'sa de Faria, Carlos Scliar, Eros Martim Gongalves, Athos Eulc5o e Djanira. Ha ainda referendas aos poetas Murilo Mendes e Cecilia Meireles e ao critico Rubem Navarra. Todos residiram ou freqiientaram o Hotel Intemacional, transformado num ponto de conversagOes intelectuais sobre arte, miisica e poesia. Esta mostra, significativa para os que viveram este tempo e para aqueles que veem na arte algo mais que a matdria. podera set vista atd o dia 19 de margo, data em que se inida a segunda mostra, Pens§o Maui.

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0grande acontedmento:a constnigao de Brasilia "Natureza Morta",do hiingaro Laszlo Meitner(1952),uma das obras reunldas na primeira mostia de 'Tempos de Guerra"
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de Montmartre carioca, coma vanTEMPOS DE GUERRA
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I•■Auto-retrat«)". d<i tclieco Jan Zath. em exp(>si9U(> na Galeria de Arte Haiieri

O segmento relative a participagao do Brasil na guerra fa^ parte desta primeira exposigao. Em 1944, na Burling ton House, de Londres. foi reallzada a mais ampla exposigao de arte brasileira ate entSo levada ao exterior, Foram 168 obras de meia centena de artistas, incluindo todos os nomes de primeiro piano Portinari, Segall, Guignard. As obras foram vendidas e o dinheiro entregue a Royal Air Force (RAF) como apoio simboHco do Brasil ao esforgo de guerra britanico. Recenteniente, a Crucirica^ao de Marcier, levada a Londres, foi reaquirida por urn colecionador brasileiro e esta na mostra da Galeria de Arte Banerj.

SerSo expostos tamb6m oito desenfios realizados por Scliar em diversas localidades italianas, quando ele era, all, integrante da Forga Expedicionaria Brasileira (FEB). Na retaguarda, a Liga de Defesa Nacional realizava exposigdes de arte em varias capitals brasileiras,'e a Livraria-galeria Askanazy promovia em 1945 uma importante exposigSo reunindo trabalhos de 33 ar tistas europeus, sobretudo da Europe Central que foram inclui'dos, oito

anos antes, na famigerada exposigao de arte" deqenerada.

De Paris veio para a exposiggo um auto-retrato de Vieira da Silva, dstado do 1944, e tambem um depoimento que ela concedeu a Carlos Scliar, falanHo de seu periodo brasileiro. Integram ainda a mostra duas telas realizadas por Jacques van de Beuque, no campo de deportagao nazista de Kiel, no Norte da Alemanha, e o cavalete usado por Arpad Szenes nos -tem pos do Hotel Intemacional.

Ja a mostra Pensao Maud traz a tona a produgSo dos que, no espago daquele imenso casarao na Rua Maua, 73, coloriram com sobriedade e uma visi'vel melancolia suas realidades e sentimentos. Dela participarao varies ar tistas que residiram, em dpocas diferentes, ao iongo da ddcada de 40, na Pensao Maud, nos arredores ou mesmo em outros bairros prdximos ou distantes, mas ligados por varias razOes ao grupo de estrangeiros de Santa Tereza. So para se ter uma iddia da importancia deste enderego, basta recordarmos o nome de alguns de seus moraddres: Emeric Marcier (Romenia), Jose Boadela (Espanha), Djanira e Milton Dacosta, entdo vivendo juntos, osjaponeses Tadashi Kaminagai, Fldvio-Shiro e Tikashi Fukushima - o primeiro dono de uma molduraria famosa, os dois outros e Inima de Paula, seus empregados. 0 belga Roger van Rogger era um dos freqiientadores habituais da mol duraria, Participam ainda desta mostra France Dupaty (Franga), Milton Goldring (Estados Unidos), August Zamoyski (Polonia), Tiziana Bonazzola (Italia), Takaoka (Japdo), Jean-Pierre

Chabloz (Suiga) e Henrique Boese (Alemanha).

A exposigdo Tempos de Guerra, organizada sob a curadoria do cn'tico Frederico de Morais, contard com um linico catalogo, redigido por ele, com iniimeros depoimentos e ilustragOes.

Trata-se de uma mostra cuja qualidade dos trabalhos e seu valor historico sdo por si' so um convite a todos os que encontram nas expressoes da arte os motives dos sonhos e da vida.

PICASSO: UMA GRAVURA GENIAL

Sonhador, tragou com cores firmes as linhas do horizonte e das demoisel les d'Avignon;'destemido, deu um grito de guerra contra a ditadura franquista, retratando a dor de Guernica; ludico, criou pierros e arlequins; poli'tico, deu asias a liberdade e grifou para sempre o seu' simbolo: uma suave - simplesmente suave - pomba da paz; profano, retirou da marginalidade OS tragos fortes da vida e do amor, perenizando-os em suas telas e gravuras. Seu nome: Pablo Ruiz, eternamente, Picasso.

Eterno porque sua obra guarda nJo s6 um sentido de vida como a alma de um tempo que, embora passado, sera sempre conjugado no presente. Prova disso e a exposigSo de suas gravuras, inddita na Amdrica Latina, que esti ocupando dois mil melros quadrados do moderno Museu de Arte de SSo Paulo (MASP). Com final previsto para o dia 27 de abril, esta mostra, patrocinada pela Camara de Comdrcio Franco-Brasileira, d uma rara oportunidade do piiblico tomar contato com o uni-

Picasso no seu atelie, em Vallauris Verso das 360 gravuras de Picasso, que compreendem tres importantes fases *16 seu trabalho; Suite Vollard (193037), Linoleogravuras (1958-66) e as 156 Oltimas Gravuras (1970-72).

Acompanhando este acervo, vieram Para o Brasil o filho do mestre espaihol, Claude Picasso, e o co-proprietdda galeria parisiense que cedeu as obras, Maurice Jardot, numa demonsfragso da importancia que tdm estas gravuras. Alias, elas s6 deixaram Paris 6m diregSo a SSo Paulo apbs a realiza9^0 de um seguro de 10 milhSes de dolares, per parte da Galeria Louise Leiris, proprietdria das obras.

Na verdade, sffo gravuras simples e sensuais, bem diferentes dos primeiros trabalhos daquele menino que nos idos do sdculo passado, em Mdlaga, imitava 0 pai, professor de desenho na Escola de Belas Artes de SSo Telmo, e que no ini'cio deste sdculo realizava sua primeira exposigdo na cervejaria Els Quatro Cats, em Barcelona. Mas que tern a forga e a vitalidade desse gdnio renovador das artes pUsticas.

Cinema

■}omo regente de uma impecavel lorquestra de atores, o diretor argentine, brasileiro por opgao. Hector Babenco, imprlme a cada fotograma de 0 Beijo da Mulher Aranha uma musicalidade propria, carregada de paixdo pelo cinema e pela novela homonima do escritor, tambem argentine, Manuel Puig. Pelo cinema, porque o utiliza co mo objeto de materializagSo dos so nhos do homossexual Molina (William Hurt) e da dura e sdrdidr. realidade de uma cela que dividde com o militante guerrilheiro Valentin Arriga (Raul Ju lia); e plea instigante obra de Puig por que a transforma, atrav^s de luz, came ra e agSo, em objeto visual de uma rea lidade latina - enquanto contexto po litico - e universal - enquanto narrativa de uma exasperante paixSo pela li berdade.

Alias, o roteiro seguro de Leonard Schrader, a expressiva sonoridade da trilha composta por John Neschling e 0 glamouroso figurino criado per Patricio Bisso - que nos bisa com uma modesta, nem por isso menos signifjcativa, participagSo no papel de Greta, amigo de Milina — contribuem decisivamente para a alta qualidade do filme de Babenco, apontado por muitos co mo um dos mais exigentes e competen-

tes diretores de elenco. Nesse sentido, n£o sera noyidade se William Hurt, que ja recebeu o Palma de Ouio do Festival de Cannes, arrebatar tambem o Oscar de melhor ator. 0 seu desempenho supera as expectativas.

Per sua vez S&nia Braga, interpretando ties pap^s chave na trama — a cantora do filme nazi, Leni Lamaison; Marta, a namorada de Valentin e a pr6pria mulher aranha - del mostras de sua matundade prorissional e apresenta-se como uma verdadeira musa de nitiato de prata, da mesma cor e intensidade da suave lagrima da mulher ara nha. Isto sem mencionarmos as expressivas participagSes de Jose Lewgoy, Milton Gongalves, Miriam Pires, Nuno Leal Maia, Wilson Grey, Denise Dumont, Fernando Torres e Herson Capri que, como aranhas, nos envoivem numa apaixonante teia de emogfies. c. F.

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Hemingway — o homem e o mito

A masculinidade exacerbada marcou a vida de Ernest Hemingway.'Jardim do Eden", seu ultimo romance, lancado ha pouco nos Estados Unidos, provoca apaixonada polemica, constitulndo-se em autentico "sucesso de escandalo" ao revelar supostos conflitos I'ntimos do autor, numa narrativa em que alguns apontam nitida infiuencia autobiografica

i onze anos, ,numa segundafeira qualquer, chegava a BiSblioteca John F. Kennedy, de Massachusetts, em sacolas de supermercado, a doagSo dos ultimos manuscritos do escritor Ernest Miller Heming way, autor de sucessos como O Sol Tamb^m se Levanta, For Quem os Si nes Dobram, Adeus ^ Armas, Verdes Colinas da Africa, O Velho e o Mar e mais de uma centena de contos, artigos e reportagens que fez como correspondente de diversos jomais e revistas e como um dos maiores narradores de aventuras do seu tempo. Hollywood encanregou-se de adaptar para a tela muitas de suas obras, transformandoas em filmes que alcangaram recordes de bUheteria.

Ao morrer, em 1961,o escritor deixou alguns contos e um livro indditos, que o seu editor preferiu ndo publicar na dpoca com receio de que a imagem de Hemingway pudesse ser arranhada, prejudicando a venda de outros livros na lista de best^ers.

Um jomalista do New York Times, que teve acesso ao material inddito, re-

solveu resumir o entrecho de Jardim do Eden para scus leitores. Langada no fim do ano passado nos Estados Uni dos, a histdria chega atd n6s neste inido de ano.

E predso ndo esquecer que, em determinado momento, Hemingway foi o escritor mais lido no Continente Ame ricano e na Europa.Sua forte personalidade, sua beleza mdscula, num fi'sico de gala de cinema,sua maneira de ser e viver ditaram a moda e o comportamento para uma juventude que, ao imita-lo, procurava identificar-se com ele. Integrante da geragao perdida, que, ap6s a Primeira Guerra Mundial, exilou-se voluntariamente em Paris e de que tambdm faziam parte nomes como Scott Fitzgerald, James Joyce, Henry Miller, Ezra Pound, Gertrude Stein - todos eles soberbamente evocados em Paris d uma Festa Hemin gway,com seu estiio vigoroso,condso, mas nSo destitui'do de sensibilidade, era a prdpria imagem de uma ^poca:os trepidantes anos vinte, marcados pela ansia de viver que caracteriza os pen'odos de p6s-guerra. Nos meados da

d^cada, todos passaram a ver nele o homem que enfrentava o perigo com destemor, matando leSes e rinocerontes, como descreve em Verdes Colinas da Africa. Mais que um homem de agSo, ele era um macho. E admirado por isso. N3o sem uma ponta de vaidade, o jovem Ernest aceitava esses r6tulos, longe de serem pejorativos, co mo uma homenagem ao escritor que, al^m de pensar, sabia ousar.

Jardim do Eden comega com um casal que mora num hotelzinho da cidade de Aigues-Mortes, na Camarga, na realidade uma pequena aldeia de Pescadores do sul da Franga, onde o escritor e sua segunda mulher, Patiline, passaram a lua-de-mel, em 1927.

O casal, Catherine e David, depois de um almogo entrecortado de didlogos, faz amor de uma maneira muito estranha. Psicologicamente andrbgina. Entre espasmos e gxtases.ela se porta como David e ele como Catherine. Andam boras, sob o sol, completamente nus. A David, que i um escritor jovem e bem-suoedido, preocupa a facUidade com que Catherine passa de mulher a

_homem, Acha que a esposa sente prazer em corrompe-Io. Tambdm se espanta com a facilidade com que d corrompido. Mais tarde, o casal encontra Nick eBarbara, quemoram emParis,naRue du Cardinal Lemoine, o mesmo enderego onde moraram Hemingway e sua primeira mulher, Hadley, em 1922. Barbara i dona de uma bela cabeleira ruiva, como a de Hadley. Barbara e Nick nao medem esforgos para se parecerem um com o outro, Nick leva meses deixando o cabelo crescer atd que fique do tamanho do de Barbara e esta possa dar-Ihe o mesmo corte e movimento'do seu.

O contraste entre os casais estd nos cabelos. Catherine e David tdm cabelos ourtos; Barbara e Nick, compridos. Mas, David, de cabelos curtos, tem um case com Barbara, de cabelos compridos. E Catherine, de cabelos curtos, comega a desmoronar. REVISTA

Como Hemingway, os personagens nSo param. Viajam a todo instante. Ora estao na Africa, ora em Madri ou noutros lugares. No final, Catherine pede a David que faga amor com ela como fez com Barbara. David concorda. O romance termina com uma pergunta: "Agora, vamos dar uma boa nadada?"

Nao ha resposta, nem para outras perguntas que continuam intrigando o leitor e tornando o livro ainda mais fascinante. Entretanto, d impossivel ignorar fragmentos que sugerem um conteiido acentuadamente biografico, subjacente a ficgfo de Jardim do Eden. Fica-se. imaginando se Hemingway e Hadley n5o experimentaram a mesma troca de papdis enquanto durou o primeiro casamento do autor, E a expeti^ncia (se de fato existiu) pode ter continuado durante o segundo, Cabe observar que essa androginia

Em 1954,durante um safari, na Africa(foto a esq.). Acima,em convalescenga,setembro de 1918

psiquica esta evidenciada no fascinio que Hemingway demonstrava por ca belos. Seus biografos contam ainda que o escritor iniciou sua vida vestido de menina, tal como Lord Byron, As descrigOes dessa dpoca podem ser comprovadas no Album do Bebe de Hemingway, arrolado entre os escritos e a iconografia doados a Biblioteca John Kennedy, Ali, a mse do escritor escreveu embaixo de um retrato dele e da irm5 (ele tinha, entSo, tres anos); "As duas criangas maiores vestiam-se sempre iguais, como duas menininhas." Mais adiante,Hemingway e a irm5 aparecem brincando e a legenda in formal "Duas velhinhas tomam cha." Em outro trecho, a mSe escreve: "Er nest, aos tres anos e meio, teve um Natal adoravel, embora, a principio, estivesse com medo que Papai Noel nao soubesse que ele era menino porque usava as mesmas roujias da irma."

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Literotufo
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MARIA CELIA NEGREIROS • .,1
REVISTA DE SEGUR06 I*t~*TT7T-
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E ainda: "Quando faz alguma coisa errada, ele mesmo se bate' com uma vara. Assim, a niamfe nao predsa. puni-lo."

Per ai se ve que o menino teve uma infanda no mi'nimo traumatizante. Que tinha consdencia, desde pequenino, da maneira como era vestido. E, ao que parece, horror de contrariar a m^e, um edipianismo que ficou latente. A serpente morde a cauda e fecha o circulo quando, no fim, as brincadeiras dos chds infantis com a irm4 d^o lugar aos jogos amorosos com a inversSo dos papds sexuais, e as roupinhas de menina sSo substituidas pelos cabelos longos do personagem masculino. A clara necessidade varonil, entretanto, aparece quando David tem um caso com Barbara, o conflito nSo resolvido.

Contam igualmente seus bibgrafos que, certa noite, em 1929, Scott Fitz gerald, bSbado, conflou ao amigo Er nest que algubm insinuara que ele era homossexual e sua mulher, Pauline, Idsbica... Em 1933, Max Eastman, que tambdm era seu amigo, esoreveu no The New York Republic: "Falta a He mingway conflanga em si como um homem inteiro e por isto ele se compensa desenvolvendo um estilo literdrio de falsos cabelos no peito." Anos mats tarde, em 1937, a diatribe renderia uma cena de pugilato entre os dois escritores, em que, segundo as mis luiguas, Hemingway, apesar de lutador de boxe amador, levou a pior. Embora tenha declarado que deixara o outro veneer, o episbdio empanou de certa forma a sua imagem, mesmo porque levara muito tempo para exigir satisfagfles. Deddiu entio ir a guerra, o que

Hemingway e sua quarta esposa, Mary Welsh guranga. A Guerra do VietnS acabaria de demolir o mito dos guerreiros. Surgiram os movlmentos feministas. 0 he-

nio fazia pela primeira vez, ji que, aos 18 anos, servira no primeiro conflito mundial como motorista de ambulancia. Foi fetido na ocasilo, e, durante a convalescenga num hospital italiano, apaixona-se pela-enfermeira - a condessa Agnes von Kurowsky. O idflio e as lembrangas da guerra sio relatados em Adeus is Armas, romance escrito em 1929 sob o impacto emocional do nasdmento do segundo fUho e do suicidio do pai, em Oak Park. Partidpa da Guerra Civil na Espanha e, pouco depots, da Segunda Guerra Mundial. Em arobas foi correspondente, tendo sido novamente ferido e condecorido. Da primeira experiincia, nasceria o seu grande amor pela Espanha e o celebrado For Quern os Sinos Dobram.

Na dicada de 40, os intelectuais do mundo inteiro invejavam a aura de bra vura de Hemingway - o escritor guerreiro por excelSncia, Suas cagadas, touradas, mulheres, porres e combates no front de trSs guerras fizeram-no um fdolo momentlneo do existendalismo.

Mas, ji na dioada de 60, um ntimero cada vez maior de pessoas comegava a questionar se tanto machismo nio era apenas uma forma de mascarar a inse-

fent )r5f^ 'emverdadeira pelas compai'iras ^8wos estran■^'^'^ntio-lhesmaior

<^0 que ^ nafiSo u. ^ ua .duvida que as leifjj'^'hpanhiasestranitjjil ftinccionamno

1 dignas de todo

® pcssuem re-

^ Se deve esquecer suas responsabili-

0 seguro e as companhias brasileiras

Apesar das especulagSes de que o seguro e viclima, nao se deve ter inquietagSo quanto a estabilidade do commerciobrasileiro de seguros.

0 progresso deve ser moderado para ser firme.

rbi existencial ficaria perdido nos des vSos de sua varonilidade, mostrara ter pis de barro.

No princi'pio, ele se vestia, ou vestiam-no de menina, pouco importa. No final, vestiu um de seus personagens masculinos com uma cabeleira feminina, enquanto o outro herbi tambim assumia comportamento feminino, Um menino e um velho nSo pertencem, necessariamente, a um ou outro sexo.

E aquele homem que fazia suspirar aS' mulheres e enchia de inveja os homens, que matava leOes para nSo se matar, afinal cansou de tanto provar a Papal Noel, ou a si mesmo, que era macho e se matou. Seu derradeiro gesto de ma chismo? Ou sua ultima tentativa de coerincia com uma vida de lances corajosos, ousados, inconformistas? Que ele nio podia permitir que definhasse melancoUcamente, arrastando um ve lho alcoblatra, impotente, vulnerivel; desfecho de que nio escaparia a novela que foi sua existlncia, tivesse ela terminado como um lugar-comum. Simjdesmente, ele nio era comum. ^

° mundo, e que o 30 paiz Klj^^'hente pequeno, ou mil centos

ues catastrophes S j^^'^orrer como a rancisco da Cali1906, que re^ Poderosamente financeiro de \ ^mpanhlas de sede previI'l.'^omo 0 de econoi muito desen"o brasileiro, nashieio de uma naj\^ leraz e variada, 'erra gentil e graPor isso, a indusde seguros, c ^I'ada por quarenP 0"^"^0 companhias sobre riscos ^os e terrestres e Shnias de vida nao

pode estar desenvolvida como acontcce nos veIhos paizes europeus ou na septentrional Ameri ca. Comtudo ji possuimos varias companhias que, pelos seus capitaes, reservas e negocios, garantem perfeitamente os riscos assumidos e satisfazem is necessidades da fortuna particular segurada e seguravel.

O negocio de seguros i extraordinariamente difficll de se dirigir e na epoca presente a margem dos lucres i notoriamente pequena.

Em todo o mundo, o anno de 1921 foi muito ruim para as companhias de seguros.

Apezar disto, muitas companhias brasileiras, depois dc terem feito pagamentos importantissimos, conseguiram augmentar as suas reservas offerecendo assim maiores garantias aos seus segurados.

Seu mode judicloso de administrar os fundos

sociaes, a promptidio e a liberalidade com que liquidam as reclamagSes, auctorisam ellas a merecer 0 respeito e a consideragio de todas as pes soas.

A "Revista de Segu ros" pediu a todas as Companhias, que Ihe fornecessem dados para ser apurada a sonuna das indemnisagSes pagas no ul timo anno e nem todas accudiram a este appello, desavlsadas dos seus proprios interesses!

Unica publicaglo do seu genero no Brasil, ha de ser com o auxilio da "Revista de Seguros" que se ha de fazer, no future, a historia dessa industria entre nos.

Dos poucos reiatorios que a Revista publicou, de Fevereiro a Abril, das Companhias nadonaes "Allianga da Bahia", "Anglo Sul Americana", "Lloyd Sul Americano", "Previdente", "Argos Flumlnense", "Varegistas" e "Interesse Publico

da Bahia", verifica-se que ellas possuem em capital e reservas quarenta mil centos de riis, tendo pago, no anno ultimo, dez mil e duzentos contos de indenmisagoes.

A somma paga pelas demais companhias naclones i, tambem, mui to importante, pois, so .a "Indemnisadora" do Rio de Janeiro, contribuio com cerca de dois mil contos.

Unica publica^ao do seu genero no Brasil, ha de ser. com 0 auxiiio da "Revista de Seguros" que se ha de iazer, no future, a historia dessa industria entre nos

O capital e as reservas dessas emprezas ficam no paiz, augmentando a for tuna publica.

NSo emigram, nfo v3o fecundar outras terras.

£ muito dificii augmentar a receita rapidamente se se quizer examinai cuidadosamente os riscos a garantir e escolher bem.

Aqui como em toda a parte, os premios tem cahido bastante e as reclamagOes estao muito acima do termo medio, por isso, algumas companhias nSo poderam apresentar lucros no anno passado.

De todos OS ramos de seguro 0 maritime e o mais perigoso, devido ao estado de indisciplina que reina nas empresas de navegagSo e ao desenvolvimento da ladroeira.

Geralmente se pensa, diz uma revista ingleza, ser a receita proveniente de premios o mals impor tante factor da riqueza de uma companhia de se guros, mas um momento de reflexSo mostrard que afinal a receita 6 simplesmente uma medida das obrigagSes, sendo que quanto maior ella for, maior predsa ser a importancia do risco assumido e consequentemen-

■"^'rn^TBllTir liMlBI [dos srmvos da Mate de SegurosI
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REVISTA DE SEGUROS n-fWWBii
\^j®'ussaes,algiimas,
38
REVISTA DE SEGUROS

QUEUEEin

maiores poderao ser os P'®juizos. fi de necessidade a companhia tenha receita de certo vulafim de satisfazer as ^^spezas da administramas pondo de parte factor unico nao a receita que imPorta que Pam

mas a propor^ao suas reservas occuem relafSo ds suas ^^^^889563.

' Uma companhia de ®5Utos tem uma posi9ao J^^slmente differente de empresa niercantil, ^ 6sta sempre obrigada ^finder um artigo, cujo nSo 6 conhecido

com exactidao. Quaudo encerra suas contas annuaes figuram como re ceita OS premios recebidos, pelos quaes foram acceitas certas obriga90es, mas taes obriga90es ainda nao estao vencidas ou s6 muito mais tarde se vencerao.

Era de costume e depois de lei reservar tantos por cento dos premios escripturados durante o an no, contra esta obriga92o ainda nSo vencida, que no correr normal das coisas devia ser mais que sufficiente. Mas os negocios de seguros estao sujeitos a extremas fluctua-

96es e catastrophes, na forma de grandes sinistros, que podem acontecer em qualquer inomento, sendo obvio que alguma reserva addicional, alem da legal, deve ser provida _por uma compa nhia prudente, contra taes eventualidades. Sobre que base deve ser calculada aquella reserva extraordinaria,e questao de opiniao individual, mas uma companhia que tem feito provisSo ampla, nos seus calculos, para reclama9oes apresentadas, mas nao liquidadas, e cujas obriga96es de reserva n2o vencidas,juntamente

com a reserva addicional. e mais o seu capital rcalisado, attingem a uma importancia igual a cento por cento de sua receita annual, estii conliecidainente em uma posi9ao incxpugnavcl. listainos tratando especialmente de seguros contra incendios; taes reservas gran des nao seriam piecisas em ncgocios dc accidentes, sendo que em negocios maritimos 55 ate 60 por cento era considerado amplo para occorrer a todas as obriga9oes, mas tendo em vista as recentes experiencias mas, uma margem niaior agora parece ser conveniente. Esta reserva maritima varia consideravelmente, de accordo com a propor9ao do negocio por carrega-mento, ou por viagem, e 0 negocio de casco.ou de prazo. Os nossos algarismos estao baseados na presump9ao de que a re ceita provem de ambas as fontes, em propor93es approximadamente iguaes."

A mais imporlante das companhias de seguros terrestres e maritimos e a "Allian9a da Bahia", que deve o seu desenvolvimento ao .Sr. Francisco J. Rodrigues Pedreira, que ha mais de vinte annos

e scu digiio prcsidenle. Elia icm tido o proccdimeiuo. nos ultimos an-^ nos de destinar parte dos S seas iucros liquidos a® uma conta cliamada ga-il rantia do dividends, tstai maneira solida e eonscrvadora dc proccder garante ao capital social um' lucro cetto. mcsmo na hypothcsc de ter um an-" no tao mao quo as in- ^ dcmnisa96es pagas e as' despezas gerac^ consumam o rendimento dos' premios, do capital e das reservas. Por isso, as suasi ac9ocs cinco vezcs valori- ^ sadas, nao apparcccm nas! Bolsas.

A aprecia9ao conscienciosa e intciligemc do que so passa no conintcv-' cio do seguro nacional e' de molde a despertar no bom patriolao sentimcn-l to da mais absoiuta conrian9a em muitas das nossas emprcsas.

Entre as que opcraan sobre a vida, a "Sul Ame rica" c a "Equitativa dos Estados Uiiidos do Brasil" sao imporiantissimas. As suas leservas reprcsentarn inilhares de contos e as reccitas em premios excedem, rcspectivamente, a dez e a seis mil con tos de r^is, aiinualmente. Outras, como a "Caixa Gcral das Familias". a

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Comrnissinnnniru BEAUI-IEU (CoRRfeze)
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S. Paulo", a "Vera ruz", a "Previsora" e a Previdencia do Sul", lais modestas ou mais ovas, tem conquistado I astante o credito publi^3 e se mostram bem aparelhadas para o benefiio commum.

0 brasileiro, que desre da capacidade das aas empresas seguradois, prova nao conhecer o ue ellas valem,nem a injnsidade do esforgo emlegado para conquistar situa9do actual, luctano contra a imprevidenia, a desconOan^a e randes companhias ceradas do prestigio que, ntre um povo novo, tem udo que vem do estran, ciro, reminiscencia talez dos primordios da coj3nisa9ao.

j As companhias de se'uros brasileiras tem istificado, durante muii>s annos de existencia, o ireito de serem conside-

radas fiihiemente estabelecidas em uma base, que n?o pode ser abalada pelos sinistros ordinaries.

Os ultimos annos tem sido ferteis em liquida96es pelo fogo, encobrindo furtos operados em armazens e depositos ou evitando grandes differen9as para os segurados, entre o pre90 da compra e 0 valor do mercado na occasiao, mas as compa nhias nacionaes tem resistido galhardamente, dando prova de solidez e se impondo d confian9a daquelles que veem no ins titute do seguro um meio de reparar prejuizos reaes e accidentaes e nSo recurso facil para o enriquecimento.

(setembro

1922)

(Este artigo foi publicado em hespanhol, no numerc especial de "Seguros" de Buenos Aires, de 7 de Setembro.)

Assoclacao de Companhias de Seguros

Com a amea9a feita ds iistitui9des de seguros a £990 prompta da novel ; Associa9a:o de Compa-

40

OS seus interesses, perante OS poderes publicos.

Todas as classes o tem.

A Republica Argenti na hd mais de trinta an nos possue essa institui930 e aqui mesmo as companhias estrangeiras estao associadas.

fi tao velho como 0 mundo 0 conhecimento desta verdade: "A uniSo faz a for9a", entretanto, foi precise veneer muitas resistencias para se conseguir 0 triumpho da idda da associa9tro, que estd viva e viverd, certamente.

Com certeza a "Associa99o" estudard as recommenda9oes feitas pe lo Congresso das Associa95es Commerciaes do Brasil e organisard um pessoal competente para 0 servi9o de consultas e informa90es para os seus associados e fard chegar aos tribunaes e juizes e a administra93o publica 0 seu orgSo official, cujas paginas espalharao o co nhecimento das leis e dos principios que regulam os contractos de seguros.

SEGURO OERIGATORIO DE FRODUTOG AGRICOLAS Uma iicao da Bulgaria

0 ministro da Agricultura e Dominios, da Bul garia designou, em novembro proximo passa-

do, uma commissao espe* cial encarregada de elabo* rar um projecto de lei sobre 0 seguro obrigatori"

productos agricolas e gado para consumo, °"de trato.

Mguldade do

seguro s de outras instltulgoes commerciaes

nhias de Seguros" veiu demonstrar a necessidade que ellas tinham de um orgSo, que reprcsentasse

Bem merecem aquelles que ha tanto tempo lutam per essa organisa9S0, cujos directores actuaes se mostram cheios de ft e boa vontade.

(Janeiro 1923)

0 nome de Rhodes d proveniente do perfume de suas rosas.

Os rhodios, nas suas leis commerciaes, tratavam do aluguel applicado aos transportes do mar, das avarias causadas por aba]roa93o, do empresti-

mo maritimo e do coO' tracto de risco ou caf'' bio maritimo.

Uma carta de attesta a existencia contracto de seguro entt® OS antigos.

Pelo que se ft em mosthenes e nos histo-

dade anonyma.

AMFLIANDO 0 IDEAL DE FRATERNIDADE

Iho

Logo que esse trabaesteja concluido o ''Unistro e a commissdo uma levisSo geral, ''Japtando-se a iddas, o '''ais possivel liberaes, no

que for concemente aos melhores principios da economia politica e, ao mesmo tempo, de accordo com OS systemas modemos de seguros, sobre o assumpto.

(Janeiro 1923)

Uma nova especie de seguros que soiuciona a

crise de habitacoes

A crise de habita9des baratas, assim na Capital da Republica como nas de diversos Estados e cidades importantes, continiia a set um problema impoitante e ainda por resolver.

Muito, e certo, ja se tem dito e escripto a este respeito. Porem, a questao permanece de pe,co mo uma interroga9§o imponente, a crescer, a se avivar cada vez mais.

quisitiva de casas modes tas e hygienicas e, sobretudo, baratas.

^®^ores gregos, na pra9a

® Athenas havia conhe^'biento do contracto do ^6uro, da letra de came da moeda fiducia-

A legislafSo sobre seem Portugal 6 antea D.Fernando 19.

Os venezianos, em congregados na de Santa Sophia, ^"^"riittiram para regimen

^ Seu commercio a com-

pila99o do Consolato del Mare.

Em 1310 foi creado em Bruges um Tribunal de Seguros Maritimos.

Um antigo documento datado de 10 de setem bro de 1436 diz que os navios portuguezes da expedi9ffo de Tanger estavam no seguro, ao passo que OS inglezes nao ti nham segurado os seus.

(fevereiro 1923)

Procurando contribuir para a solu93o do momentoso assumpto, aflm de beneficiar principalmente ds classes proletarias, que sSo, na realidade, as que mais soffrem as terriveis consequencias da crise de habita96es e, ao mesmo tempo, ampliar mais e mais o ideal da fratemidade humana, diversas companhias de seguros da Argentina cogitam, actualmente, de annexar is diversas modalidades Jd conhecidas da previsao, mais uma que proporcione aos se gurados a faculdade ac-

0 jomaleiro, como quasi todos os homens de trabalhos menos rendosos, n2o pode despender fundos para pagamentos de alugueres altos. E quando, com sacrificio,0 faz, experimenta logo em seguida sensivei desequilibrio nas suas finan9as domesticas, resultando dahi graves vexames para toda a familia.

Nestas condi9oes, nao pode deixar de ser sobremaneira benefica a medida social que ponha entrave a semelhante estado de cousas torturosas.

Os homens de largas iniciativas e vastos negocios da America do Norte, com o espirito pratico que OS caracterisa. Ja tem conseguido conjurar pia nos de companhias de se guros a de empresas constructoras e realisar, as sim, uma obra social de verdadeira benemerencia e inconfundivel solidarie-

E em virtude dess conjuga9ao de interess^ que se podem levantj bairros inteiros, de p6 quenas casas para obr^^ ros, em estylo modemo' simples, mas elegante salubre. Adoptando ui methodo uniforme no t; po das construc90es e ft zendo 0 aproveitamenti geral dos materiaes, coi*, seguem-se optimas com trucQSes, cm condi95a realmente economicas. Uma vez concluidaJ sao logo as casas entre gues, por escriptura cor determinadas clausult contractuaes, aos open rios, que passam assim ser legitimos propriet rios, tendo tecto e a commoda96es sufficiei tes para 0 estabelccimei to do seu lar e socego e sua familia. 0 novo proprietar obreiro, desde o dia e que toma posse da cha da casa come9a a pag por esta uma mensalid de razoavel, inferior m\ ta vez ao aluguel a qi estaria obrigado como i quilino de algum out senhorlo, cuja importa cia 6 considerada con amortisa93o para pa§ mento da prppriedad

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REVISTA DE SEGUROS
"•an REVISTA DE SEGUROS
(Janeiro 1923) 41

Acidentes continuam de trabalho a preocupar

sil, Cerca de 12 trabalhadores morrem por dia no Pais, enquanto 79 tornam-se invalidos. Ehante desses dados, Schnai der classifica a situagSo de "estarrecedora". A saida para se reverter esse quadro, segimdo ele, a medio prazo, esta na implantag^o de campanhas de esclarecimento a nivel nadonal,de for ma a "reaculturar a sodedade em matdria de acidentes de trabalho e tamb6m de trmsito, num trabalho sistematico que deve abranger desde a escola atd as empresas," No curto pra zo, sugere um aumento da fiscalizagSo.

Schnaider s6 espera a revisao das leis que disciplinam acidentes de trabalho

A questSo dos acidentes de trabalho continua a preocupar os diversos segmentos da sodedade. Se dependesse, por exemplo, dos engenheiros de seguranga toda a legisIagSo sobre o assunto seila mudada. E se dependesse das empresas seguradoras a sistemdtica do seguro de addentes do traba lho tambdm seria completamente modificada. Matheus Schnaider, presidente do Clube de Engenharia, solidtou, recentemente, ao Presidente Josd Sarney, atravds de carta, uma ampla revisSo das leis que disdplinani o setor, bem oomo pediu a contratagSo de quadros tdcnicos e denttficos para orientar ptogramas de prevengdo e aumentar a fiscalizagSo nas empresas. Tudo isso potque a taxa de addentes de trabalho permanece elevada no Bra-

mente, uma vez que o addente d uma responsabilidade dvil do empregador, pois 4 quern paga integralmente para obter as coberturas do seguro. A partidpagao das companhias seguradoras nesse mercado 4 um pleito, inclusive, reforgado pelo setor no documento encaminhado as autoridades governamentais, no comego do ano passado, sugerindo a reformulagdo da poh'tica nacional de segurqs, q que no momento esta sendo feitO pelos 6rgSos ofidais do Sistema Nadonal de Seguros Privados.

Ji a luta pela reprivatizagSo do seguro de addentes do trabalho vem desde 1966, ocasiso em que o Govemo resolveu estatizj-lo. Para as empresas seguradoras, nao ha dtivida de que o Estado ocupa esse espago indevida-

Errata: Revista de Seguros registra valor correto de [aremios da Vera Cruz

Devido a erro tdcnico, a Revista de Seguros, na edigSo de dezembro passado (n9 766), publicou na segSo Termometro do Mercado o prdmio retido e 0 Ifquido da Vera Cruz Seguradora, langados na tabela "Desempenho do Mercado de Resseguro e RetrocessSo/1984", como sendo, respectivamente (em Cr$ bilhfles), 6 e -1.278. Os valores corretos sao (em Cr$ biIhOes): para prdmios retidos 6.370 e h'quido da companhia 5.085,ambas as quantias positivas.

Vfda em grupo segue o regime de llvre mercado

A Superintendlnda de Seguros Priwados (Susep) reuniu cerca de 240 fo-

lhas datilografadas com contribuigfies para o projeto da nova tegulamentagao do seguro de vida em grupo, que ficou cerca de um mes em "audiencia piiblica". As sugestOes vieram de toda parte, fomeddas por .pessoas fi'sicas, empresas seguradoras e de corretagem e por entidades de classe. A basear-se pelo projeto ofidal, que tem 50 artigos contidos em 25 folhas datilografadas, as contribuigOes da sodedade dariam para compOar dez novos projetos. As normas nessa irea preveem a implantagSo de um regime de livre concorrenda, ja que possibilitarSo a prdtica de liberdade tarifaria,seguindo conceitos atuariais. Em outras palavras, significa di2er que as companhias seguradoras poderSo fixar o prego do produto, responsabilizando-se pelo underwriting, 0 que atualmente ndo pode ser feito porque a tarifa, em suas bases mi'nimas, s4o determinadas pelos 6rgSos ofidais do sistema. A comissSo de cor retagem tambdm sera negociada abertamente, desatrelada de percentuais previamente estabeleddos pelo Governo, como ocorre nos demais ramos de seguros, embora recentemente a comissSo adicional tenha sido liberada pela Susep. Com o seguro de vida em gru po, na verdade, o mercado vai operar, pela primeira vez, sem as amarras da excessiva regulamentagao que o Esta do exerce sobre a atividade.

Receita de resseguro cresce

O Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) faturou em receita de ressegu

ro Cr$ 2,5 trilhOes em 1985, crescen do nominalmente 250%, em relagSo aos Cr$ 731,7 bilhoes de premios angariados no exercido anterior. A expansilo real, descontada a inflagSo, foi de 6%. Esses numeros nao consideram a receita gerada no exterior, que atingiu a pouco mais de Cr$ 22 bilhOes. O lucro bruto da empresa, na casa- dos Cr$ 549,1 bilhees, representou 21,5% da receita de resseguro efetivada, 18,7% do patrimonio h'quido (PL) e 10,8% da soma do ativo h'quido e pro visoes tdcnicas. Descontado olmposto de Renda e a consdtuigSo de outras reservas, o lucro posicionou-se em Cr$ 150 bilhOes. O PL consolidado da entidade cresceu 242%, ao situar-se em Cr$ 2,9 trilhSes, contra os Cr$... 860,4 bilhOes de um ano atrds. As pro•visoes tdcnicas quase alcangaram o mesmo valor do patrimonio h'quido; Cr$ 2,1 trilhoes, expandindo-se 403,5%,se comparadas com as reservas de CrS 421,7 bilhoes computadas em 1934. Ja as despesas administrativas somaram Cr$ 239,9 bilhoes, equivalendo apenas a 3% da receita de res seguro.

Comissao combate irregularidades na Prevldencia

Nos primeiros dias de abril, o Ministdrio da Previdencia e Assistdncia Socriou a ComissSo Nadonal de Combate a Fraude, como forma de dar continuidade ao combate de atos

que ha anos lesam os cofres da Previ dencia. O novo drg^o tera fungSo tdcnica e consultiva e ficara encarregado de acolher todas as denundas dolosas ao sistema, providendando as apuragaes preliminares. A CNCF ficara encarregada tamb^m de sugerir medidas para aprimorar a fiscalizagSo e propor, se necessario, mudangas na legislagSo para melhor reprimir as fraudes.

Logo depois de implantada aCNCF, 0 Ministro Raphael de Almeida MagaIhSes reimiu a imprensa, em Brasilia, e adiantou o aprofundamento do tra balho que sua pasta desenvolve na area da fraude. O pr6ximo passo, agora, 4 desvendar as razSes dos elevados in dices de segurados que se aposentam por invalidez permanente, causando enormes prejuizos tamb^m ao BNH e as empresas.seguradoras privadas, que operam o seguro habitadonal. R evidente que novos lances vSo surgir nes se novo capitulo do combate a fraude. Com base em pesquisa, Raphael de Almeida Magalhdes revelou que 50% das aposentadorias no Brasil sSo feitas com base na invalidez permanente,en quanto no resto do mundo a taxa oscila entre 8 e 10% A Previddnda Social gasta anualmente CzS 7 bilhaes com o pagaraento de benefidos a esses aposentados, que chegam a somar no Pais 1,8 milhffo. Embora ndo haja numeros, a drea habitadonal amarga outro pesado tributo em decorrenda da fraude, pois, ao se aposentar por invalidez per manente, o mutuario tem a garantia de que 0 saldo devedor de seu imovel sera pago pelo seguro habitadonal, o que envolve recursos do BNH e das segura doras privadas. ^

UQtfO
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Uma das poucas iniciativas isoladas
REVISTA DE SEGUROS
i.
6% em 85

tribuigSo de premios, introdugao de contratos de trabalho tempordrios.

A nova revolucao chinesa

j epois da morte de Mao Tse

'f^'Tung, em setembro de 1976, H^la Republica Popular da China conheceu, a partir de 1979,uma transformai^o radical em sua politica economica, atingindo inicialmente a agricultura e logo em seguida a indiistria.

Se, por um lado,6 verdade que o setor piiblico permanece submetido a um planejamento centralizado e autoritario; por outro, o Estado vem introduzindo, lenta e sistematicamente, a lei de mercado em todos os ni'veis da vida economica (trabalho, bens, capitals).

E no campo que as reformas empreendidas foram mais longe: a dissolugao paulatina das comunas populares, em beneficio da volta a explorag^o fa miliar, proporcionando a mais ampla autonomia de gestao, resultaria numa melhora acentuada do fornecimento de generos alimenticios e num aumento da taxa de poupanga nacional, criando condigdes favoraveis ao investimento.

CRESCIMENTOS - RECORDE

Os efeitos da descoletivizagao e da especializag^o (por oposig^o at principio autarquico da auto-sufioiIncia) foram espetaculares; o crescimento da produgSo agricola atingiu 46,5% em valor, entre 1978 e 1983, sem aumento das superficies cultivadas, e permitiu dividir por dez o ddficit exterior da China em produtos agroalimentidos. Para as culturas indus-

trials, as progressdes sSo ainda mais significativas (oleaginosos: + 102%, algodao:+ 114%).

Escondeu, entretanto, as altas do prego m^dio dos produtos agricolas, que oscilaram de 6,6% (agucar) a 10,7% anuais (carne de porco), entre 1978e1982.

A existencia de uma erosao monetaria dessa ordem, um tanto inesperada numa economia planificada, nSo se deve, exclusivamente, a fenomenos infladonarios: se, efetivamente, a possibilidade dada aos camponeses de vender uma parte de sua produgao a "pregos negodados", num conte^o de frdgil equihlirio alimentar e de espedaliza' gSo de culturas, provocou a alta de pregos, era desejo do govern© efetuar uma redistribuigao da riqueza nadonal em favor dos camponeses, por meio de um sistema de incentives de cotas de produgSo e de pregos garantidos.

Os camponeses puderam aumentar, sensivelmente, o seu consumo de pro dutos manufaturados; investiram na habitagao e construi'ram uma importante poupanga financeira, chegandoa reservar-lhe 7,5% de seus rendimentos em 1983.

A expansao do setor agricola refletiu-se no conjunto da economia chine sa, ajudada por medidas posteriores de desregulagSo, afetando todos ossetores da indiistria nSo-piiblica: liberagSodos pregos de certos bens artesanais, dis-

Os objetivos fixados pelo Piano 1981-85, em matdria de mveis de produgdo, foram atingidos a partir de 1983; em 1982 e 1983, a produgSo industrial chinesa aumentou de 7,7% a 10,5%, enquanto as previsSes eram de 4 a 5%.

A despeito de esforgos de invest!mento considerdveis, apoiados na progresslo da ta}Q de poupanga (em 1983, as despesas h'quidas de investimento representaram 12% do Produto Intemo Bruto contra 8,5% em 1978), a modemizagdo do sistema produtivo chines sofreu alguns estrangulamentos: entre 1978 e 1982, a indiistria leve se desenvolveu a tun ritmo de 13,5% anuais, em relagSo a um crescimento de apenas 5,1% da indiistria pesada, o que determinou importagdo em dobro de ago e ferro em 1983.

DEFIClENaAS GRAVES

Se a pratica da autarquia, tanto a ni'vel de empresas e localidades, quanto de provi'ncias ou do pais como um todo, permitiu assegurar a cada chines o seu "prato de arroz diirio", as poh'ticas de desenvolvimento adotadas desde os anos 50 construi'ram uma indiistria excessivamente consumidora de energia e de capital.

— O consumo energ4tico da China 4 equivalente ao do JapSo que,no entanto,tern um FIB tres vezes superior; - por outro lado, enquanto, nos anos 50,bastavam 1,68 yuans de investimento para produzir um yuan de PIB, vinte anos depois, eram predsos 3,76%;

- finalmente, a multiplicagSo das trocas intemas levou a uma rdplda saturagSo dos sistemas de transporte, tanto ferrovi^rios quanto rodoviarios. Mo decurso das liltimas trSs d4cadas, o frete cresceu tres vezes mais do que as redes de ccmunicagSo.

CAPITAUSMO ELABORADO

Os oferecimentos feitos pela Chi na a empresas estrangeiras para a exploragJo petrolffera off-shore no Mar da China, ou sua conciliagao quando das recentes negociagfies relativas a Hong Kong, testemunharam os seus esforgos para assegurar importantes fontes de divisas, sem ter que sofrer as agruras do endividamento bancdrio. E pelo raesmo motive que, em vez de adotar, como fizeram outros paises em desenvolvimento,uma estratdgia global de industrializagao orientada para a exportagdo e financiada pelcs banoos es-

Enzimas sob

O S debates realizados,em junho

trangeiros, o govemo chines preteriu criar Zonas Economicas Espedais e Cidades Abertas (uma espdde de econo mia dupla), a fim de atrair capitais e tecnologias estrangeiros, tendo em vista fabricar, em assodagSo, bens destina: dos a exportagdo:oito bilhOes de ddlares foram assim investidos na China atd junho de 1984.

As autoridades chinesas esperam, igualmente, submeter os investidores esuangeiros is emissCes de obrigagSes e p6r em prdtica,dessa forma,a modaiidado mais elaborada do capitalismo oddental; q mercado intemadonal de capitais. Toda a inteligfeda da estrat4gia de desenvolvimento da China ficaria, entSo, evidente: fazer os investi dores oddentais deterem uma carteira de tftulos emitidos por um pat's comunista, cujo PIB por habitante 4 um dos mais baixos do mundo.

do ano passado,como parte do programa da Bio Expo 85, consagraram a fabricagio de enzinias artifidais "sob medida" como uma das conquistas de ponta da biotecnologia. As fttunmas s^o catalisadores bioldgicos essenciais a vida, verdadeiras "mdquinas" moleculares. A14m das "enzimas ^utonas" (sic) dos detergentes, inilmeras outras enzimas sSo utilizadas na indiistria ou como pro dutos farmacSuticos e de pesqiiisa. As enzimas nSo sSo subst^cias "vivas", sdo moldculas de protei'nas, podendo ser sintetizadas por processes qufmicos. Por serem frdgeis e para tomi-las mais estdveis, os dentistas procuram mudar alguns elementos do programa gendtico que permite as cdlulas fabrica-las. t o que se convendonou chamar de "mutag§nese dirigida". Essas tdcnicas recoirem ao g€nio gendtico, a qufmica organica, a informatica (concepgdo com a assistencia do computador), a ffsica, (cristalografia por meio de raios-x). Outras procuram copiar o seu "si'tio ativo",a zona da moIdcula onde as reagfies se desenrolam com grande rapidez. Catalisadores inorganicos copiando a natureza foram assim fabricados. Uma equipe dirigida por William J. Rutter,da Universidade da Califdrnia, em SSo Francisco, acaba de modificar as propriedades da tripsina, enzima digestiva muito disseminada. Como se ve, a tendSncia e

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REVISTA DE SEGUROS
L'Exicutif
ALBERTO LOPES
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Munca e cedo demais...tarasersegurado da Inido Continental de Seguros.

cada vez mais acenti^da no sentido de^ uma engenharia de mdquinas moleculares.

Impacto: Cinquenta enzimas interessam a industria; 12 representam 90% do mercado mundial,avaliado em 400 milhoes de dolares, com um crescimento anual de 5 a 10%. A mais cara 4 um tipo de renina ja utilizado na fabricaqSo de queijos. A mais importante (40 milhSes de ddlares por ano),a glu cose imobilizada, serve para a produgao de frutos a partir de xaropes de milho. Os prindpais produtores de en zimas - Novo (Dinamarca, 50% do mercado mundial), Gist Brocades(Holanda, 25% do mercado) e MUes(Estados Unidos) - acompanham de perto 05 avangos da pesquisa no campo da biotecnologia.

L'Expansion

Mais falenclas nos

EUA do que na Europa

0 contrario do que ocorreu na jAmerica, as empresas da Europa ociflental registraram menos falen clas em 1985 do que em 1983(92.383, contra 93.092). Os sinais de uma real recuperagSo economica sSo claros nos Pai'ses Baixos, onde o niimero de bancarrotas diminuiu quase 20%,e na GrSBretanha (-16,7%), Mas a onda de fal^ndas ainda nSo se deteve na Itdlia (+11%), na Franga (+10%), nem na Alemanha Federal (+4,4%). Nos Estados Unidos, o oresdmento 4 muito mais acentuado:+67%.

"Viirtschattswoche"

Tecnoiogias de aritahha

Imagem,texto e som; a convergencia eletronica

inema, fotografia, video, microinform^tica. Uma revolugSo esta prestes a nascer da convergenda dessas t4cnicas, diferentes entre si, gragas sobretudo a utilizagSo de sistemas eletronicos para captagSo, transmissSo, estocagem, tratamento e restituigSo das informagOes. Para a capta gSo das imagens, por exemplo, apareIhos fotogrdficos e cameras de vi'deos aperfeigoadas em grande.parte pelos gigantes japoneses Sony, Canon e Mat sushita reglstram a tomada da imagem num disco ou cassete magn^tico; a informagao, numerada, pode ser transmitida por cabo, satdlite ou via hertziana, como foi o caso das ultimas Olimpiadas em Los Angeles. Mdquinas de fotocdpia permitem numerar os textos e transmiti-los d distanda ou estocd-los num computador. Os progresses mais espetaculares deverSo se verificar no campo da estocagem. Poder-se-d conservar 130.000 caracteres na mem6ria de um computador de 1 megabit, 500.000 num disquete,5 milhCes num

disco e o equivalente a 300 romances num videocassete de 8mm.Sem diivida, 0 future pertence ao disco otico (Megadoc da Philips, Gigadisc da Thomson) e ao disco dtico numdrico (500.000 paginas ap6s a compressdo do texto). Para a microinformdtica, a revolugSo acontecera com o disco dti co apagavel,desenvolvido por Matsushi ta, Sharp, PhUips, 3M e Sony, e a introdugao da tdcnica de som na microinformatica: o disco compacto com memoria de massa (CDROM), permitindo estocar o equivalente a 1.000 disquetes.

Impacto — A educagdo,o comercio (videocatcUogos), a imprensa,a edigdo, a burocratica estdo muito interessados nesse casamento do video, da microinformitica e dos sistemas de transmissSo de informagao memorizada, uma vez resolvidos os delicados problemas de compatibilidade de normas.

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L'Expansion it REVISTA DE SEGUROS n Unioo Continentcil Seguros AacoadaaPi«SBV!aice Fcncani eLUAP

Paradoxo ajaponesa

m quase toda parts, os robos s5o olhados com desconfianqa e acusados de constitui'rem s^ria ameaga ao agravamento do desemprego. Os japoneses, no entanto, mostram-se muito contentes por contarem com eles. E de tal ordem o desenvolvimento que prevlem para as suas industrias, que receiam, ao contrario, virem a ter problemas de pessoal a curto prazo, Tratam; por consegitinte, de robotizar a todo vapor, para liberar a mSo-de-obra e forma-la em novos empregos. Com apenas 24% de trabalhadores manuals, o Japao ja ingressou na era p6s-industrial. A meIhor prova: e a indiistria de lazer que cresce mais rapidamente.

"Actuel"

Tres mil paiavras

por hora

™ a velocidade de cruzeiro do tradutor automatico japonesingles. Foram predsos sete anos de trabalho continuo para que os cem funcionirios da Bravice International, de Toquio, pudessem dar por concluido esse computador, Vale 68.000 francos e traduz sem problema qualquer documentagao tbcnica. Para a literatura, a intervengdo humana ainda e indispensavel.

'Actuel"

A Fenaseg esta langando o Anuario de Seguros.Com uma analisedetudooque aconteceu nosetor,em 1984, mais informagdes completas sobre o mercado seguradore de capitalizagao, inciuindo faturamento, premies, balangos eposigaodasempresas no ranking. no ranxing.

0anuariotraz ainda OS nomese enderegos detodos os executives da area. Comovoceve.euma publicagaoimperdivel. Mas para nao perde-la,reserve logo oseu exemplar. Tudoindica que0Anuario de Seguros nao vai chegar pra quem quer. guoi guoi ,

"Quern nao tern cao

aspoliciais de Downey, na Ca-

lifbrnia, nSo dispunham de recursos para comprar um novo helicdptero, Foi quando dois de seus homens, em pleno v6o, perceberam imediatamente a aplicagSo profissional de seu passatempo favorito; o ultraleve. O chefe de poli'da logo concordou em criar uma brigada volante. Panico en-

Segureoseu antesque

tre OS delinqiientes locais, que ji haviam perdido o habito de olhar para 0 ar antes de aprontarem alguma. A nova tdcnica de patrulhamento esta conquistando adeptos em todos os Estados Unidos e atd mesmo em outros pai'ses.

"Actuel"

Oepois do estimulador cardi'aca..

urge o marca-passo cerebral, m||B|BUma pilha colocada sob a pele do abdomen, que alimenta dois eletrodos plantados no cerebelo, e era uma vez os loucos furiosos, assassinos, mutiladores etc. Com o aparelho do dr. Heath, mais da metade das "cobaias" testadas readquiriram um comportamento normal. Esse aprendiz de feiticeiro da Universidade de Tulane, em Nova Orleans, neuropsiquiatra de nomeada nos Estados Unidos e nos circulos dentificos internacionais, pos em evidenda certas conexQes entre o cerebelo e o sistema limbico, onde se

situa 0 centro do prazer. 0seu marcapasso exdta esse centro e inibe, ao mesmo tempo, as reagdes do centro da aversdo. O prof. Heath acredita ter encontrado o rem^dio para curar todos OS estranguladores e aspirantes a Jack o Estripador, mas nao esconde uma dose de frustragSo. NSo Ihe d permitido tratar da esquizofrenia com o seu aparelho. Por prudenda, depois de ter pregado a lobotomia, a psiquiatria americana hesita em tentar o controle elbtrico do c^rebro.

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"Actuel" * REVISTA DE SEGUROS
■.ujuweive UM FacaseuspedictosaRevisladeSeguros RuaSenaclorDanlas.74-12"aidar CEP20O31 -RiodoJaneiro-RJ Tels 210-t204-220 0046 .preco de lan^amento: Cz$ 50,00.
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